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Coordenadoria de Saneamento Ambiental do Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo
Centro Federal de Educação Tecnológica do ES
Av, Vitória 1729, Jucutuquara, Vitória-ES, 29040-780
RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo de caso em uma empresa de beneficiamento de mármore e granito na Região Sul do
Estado do Espírito Santo, com o objetivo de identificar os aspectos ergonômicos envolvidos nos serviços de manutenção.
Utilizou como metodologia, visitas, observações e aplicação de questionários. Os resultados mostraram que os principais
aspectos ergonômicos envolvidos na manutenção estão relacionados às condições de trabalho, como postura inadequada
e ruídos, e também às condições organizacionais da empresa.
ABSTRACT
This work presents a case study in a company of marble and granite improvement in Southern Espírito Santo State, with
the aim of identifying the ergonomic aspects involved in the maintenance services. The used methodology was visits,
observations and application of questionnaires. The results showed that the main ergonomic aspects involved in the main-
tenance are related to work conditions such as inadequate attitude and noise, and also to the organizational conditions
of the company.
Para Vieira (1), a cultura do trabalho de uma Durante a I guerra mundial (1914-1917), com a
empresa deve ser focalizada na importância do homem, necessidade de aumentar a produção de armamentos, os fi-
cuidando de sua saúde, qualidade de vida e capacitação. siologistas e psicólogos são chamados para melhorar as con-
Trabalhadores valorizados e satisfeitos produzem melhor e dições de trabalho dos trabalhadores e, com o fim da guerra,
colaboram com prazer no crescimento da empresa. Segun- essa comissão foi transformada no Instituto de Pesquisa da
do Kardec, Nascif e Baroni (2), se a “saúde dos colabora- Fadiga Industrial.
dores não está bem, pode-se esperar que haverá perda grave Durante a II guerra mundial (1939 – 1945), com a
de competitividade”. expansão da velocidade de produção e o desenvolvimento
Segundo Barbosa (3), a satisfação no trabalho implica de projetos complexos de instrumentos bélicos, aconteceram
maior produtividade e melhor qualidade no trabalho prestado, inúmeros acidentes na área militar. Esses acidentes foram
mas isto somente será obtido quando houver se alastrado no atribuídos a falhas de projetos dos equipamentos que não
ambiente laboral os princípios da ergonomia. A prática da ergo- se adequavam aos operadores. Para tentar solucionar essas
nomia poderá criar ambiente e trabalhadores saudáveis e, con- falhas nos projetos, foram organizadas equipes de engenhei-
seqüentemente, produtos e serviços com qualidade. Para que o ros, médicos e psicólogos para adequarem os projetos sob o
ser humano produza com qualidade, é necessário que se tenha, ponto de vista anatômico, fisiológico e psicológico. Como
primeiramente, boas condições e uma boa ambiência do seu lo- conseqüências, muitos desses equipamentos foram redese-
cal de trabalho, e nisto inclui um bom relacionamento com os nhados para adaptarem-se melhor ao desempenho do orga-
companheiros e chefia. nismo humano.
As organizações, ao proporcionarem aos seus fun- Com o término da guerra, esses especialistas tornaram
cionários maior conforto e comodidade para o desenvolvi- a se unir em 12 de julho de 1949, na Inglaterra, com o intuito
mento de suas tarefas, estão investindo diretamente no bem- de discutir e formalizar a existência desse novo ramo da aplica-
estar humano e na melhoria da eficiência e na qualidade dos ção interdisciplinar da ciência, surgindo assim, oficialmente, a
serviços prestados. ergonomia como uma forma de melhorar as condições de traba-
Dessa forma, o objetivo deste trabalho é identificar lho e o bem estar do ser humano.
quais são os aspectos ergonômicos que estão envolvidos nos Segundo Iida (4), somente no início da década de 50
serviços de manutenção de uma empresa de beneficiamento de com a fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra,
mármores e granitos através de acompanhamento das ativida- é que a ergonomia se expandiu no mundo industrializado.
des dos funcionários, verificando assim se esses aspectos ergo- De acordo com Amado (5), no Brasil, a ergonomia co-
nômicos estão lhes causando alguma lesão. meçou a ser estudada nos anos 60. Com a criação da Associação
A empresa selecionada para a realização deste traba- Brasileira de Ergonomia em 1983, houve um desenvolvimento
lho está localizada às margens da BR 101, próximo à cidade mais rápido, principalmente no meio acadêmico. Em 23 de ou-
de Rio Novo do Sul, região Sul do Estado do Espírito Santo. tubro de 1990, foi instituída a Norma Regulamentadora nº. 17
Possui, hoje, aproximadamente 30 funcionários, apenas 02 per- pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, que visa a es-
tencentes ao setor de manutenção. tabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições
de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhado-
2 ERGONOMIA res, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança
e desempenho eficiente.
2.1 Histórico
2.2 Definições e objetivos da ergonomia
A palavra ergonomia deriva dos termos gregos er-
gon, que significa trabalho e nomos, que significa regras ou Para a Ergonomics Research Society, ergonomia é
leis. Surgiu, em 1857, com a publicação de um artigo pelo o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho,
Polonês Victor Jastrzebowski com o título “Ensaios de ergo- equipamento e ambiente, e, particularmente, a aplicação dos
nomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução
ciência sobre a natureza”. (4) dos problemas surgidos desse relacionamento.
O ambiente térmico nos setores de trabalho foi consi- lificados e treinados para desenvolver as suas atividades e tam-
derado satisfatório pelos funcionários. Isto porque o galpão da bém não participam das decisões.
empresa possui um pé direito alto (aproximadamente 8 metros) Investimentos em qualificação profissional poderia
e o local onde a empresa está instalada é favorável à circulação contribuir no desempenho dos serviços executados, bem como
de ar, minimizando, assim, os efeitos da temperatura. na motivação profissional dos funcionários.
Os níveis de ruídos no galpão são elevados por causa
do funcionamento dos teares durante o processo de serragem, 7 REFERÊNCIAS
sendo considerado pelos funcionários como um fator que gera
incômodo e que prejudica a realização das tarefas. (1) VIEIRA, S. D. G. Estudo de caso: análise ergonômica do
A iluminação é considerada satisfatória, não prejudi- trabalho em uma empresa de fabricação de móveis tubulares.
cando os serviços de manutenção. Florianópolis: UFSC, 1997. ( Dissertação de Mestrado).
Observou-se também que a quantidade de partículas
(2) KARDEC, A., NASCIF, J., BARONI, T. Gestão da ma-
em suspensão é muito grande, devido ao fato de ser utilizado
nutenção e técnicas preditivas. Rio de Janeiro: Quali-
marteletes pneumáticos para separar partes de blocos que estão
tymark, 2002.
com uma dimensão acima da permitida para o corte nos teares.
O poder de decisão da equipe de manutenção e a in- (3) BARBOSA, M. A. P. Análise dos serviços de manu-
tegração entre o pessoal da administração e da manutenção são tenção de máquinas e equipamentos a partir de uma
considerados muito ruins pelos funcionários. Por outro lado, os abordagem ergonômica. Florianópolis: UFSC, 2000.
funcionários afirmam ter liberdade para executar suas tarefas (Dissertação de Mestrado).
de forma criativa. Eles almejam por mais treinamento e aper- (4) IIDA, I. Ergonomia e produção. São Paulo: Edgard
feiçoamento pois, a empresa está investindo em equipamentos Blücher, 1995.
tecnologicamente mais modernos.
(5) AMADO, F. V. Recomendações para uma gestão par-
ticipativa no setor metalmecânico, a partir da abor-
6 CONCLUSÃO
dagem ergonômica: um estudo de caso. Florianópolis:
UFSC, 2002. ( Dissertação de Mestrado).
Os resultados obtidos revelaram que os principais
aspectos ergonômicos que estão envolvidos na manutenção da (6) WISNER, A. Por dentro do trabalho, ergonomia: mé-
empresa analisada estão relacionados às condições de trabalho, todos e técnicas. São Paulo: FTD,1987.
como: (i) ruídos em níveis elevados; (ii) grandes quantidades de (7) PALMER, C. Ergonomia. Rio de Janeiro: FGV, 1976.
partículas em suspensão e (iii) posturas inadequadas, uma vez
(8) RIO, R. P. ; PIRES, L. Fundamentos da prática ergonô-
que a maior parte das atividades é executada em pé ou agacha-
mica. 3. ed. São Paulo: LTR, 2001.
da, causando fadiga aos funcionários no final de cada jornada
de trabalho. (9) GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o
A organização do trabalho dificulta e cria barreiras trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes médicas,1998.
para melhorias no desempenho da empresa, dificultando o au-
(10) TAVARES, L. A. Administração moderna da manuten-
mento efetivo da produtividade. Os funcionários não são qua-
ção. Rio de Janeiro: Novo Pólo, 1999.