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LOGÍSTICA NÃO É SÓ TRANSPORTE

Daniel G. Gasnie

Muitos profissionais ainda confundem o conceito de logística com o de transportes.


Você também se pergunta porque alguns “especialistas” e mídias confundem – ainda hoje – a
abrangência da logística empresarial, restringindo-a apenas às atividades de transporte? Por que isto
acontece?

Com todo o respeito que a área de transportes merece, pois temos muito clara a importância desta
atividade na economia (todos sabemos que sem os transportes o Brasil – e o mundo – param), nosso
papel é de transmitir e ampliar os conhecimentos da sociedade, esclarecendo dúvidas e polêmicas, e
não podemos permanecer indiferentes a esta falácia.

Desde sua concepção na aplicação militar, o escopo da logística envolve todos os processos de
abastecimento nos bastidores do “teatro” das operações. Não é diferente na realidade empresarial.
Portanto, é fácil perceber que a mesma abrange tanto as atividades de suprimentos e de distribuição,
quanto os processos da logística interna, seja em uma indústria, em um centro de distribuição ou no
varejo (força motriz responsável pela dinâmica das cadeias de abastecimento).

O alerta aqui é de que não podemos menosprezar a importância da logística interna, por todo o
mérito que esta também detém. Basta observar que antes de embarcar uma mercadoria, qualquer
empresa precisa processar informações, desenvolver fornecedores, acionar compras, receber e
verificar materiais, embalar e movimentar produtos, estocando-os apropriadamente para preservar
sua integridade. É preciso, ainda, planejar e controlar estoques e produção, movimentar e estocar
mercadorias, otimizar layouts e fluxos de materiais e pessoas, qualificar colaboradores e parceiros,
medir e gerenciar custos, avaliar e auditar a qualidade, entre outros.

Todas essas atividades estão inclusas na logística empresarial, aliás, nos transportes também. E
todos esses processos têm uma importância vital para o negócio, implicando sua viabilidade
econômica e em vantagens competitivas.

Sem a gestão de suprimentos, também designada de logística inbound, deixaríamos de prover os


materiais requeridos à operação da empresa. Os processos da logística interna, por sua vez, são os
responsáveis pela movimentação e armazenagem dos materiais (MAM) dentro da empresa. Sem
essas atividades, não haveria o fluxo e, portanto, as transformações que agregam valor aos produtos.
Onde a logística interna está comprometida, os custos podem até inviabilizar processos produtivos,
deteriorando uma vantagem competitiva conquistada nos demais processos. Por fim, naturalmente,
sem a distribuição física ou logística outbound, os produtos não seriam encaminhados para onde está
a demanda, e assim a comercialização não seria concretizada.

Concluindo, podemos afirmar que sem uma logística integrada, interna e externamente, os fluxos
seriam interrompidos, ocasionando rupturas no atendimento das demandas. A duras penas,
aprendemos que é preciso sincronizar e harmonizar com sabedoria todos os elementos que
compõem a logística.

Onde haja oportunidade, temos procurado comunicar esta mensagem há muito tempo, mas
aparentemente ainda não alcançamos todos os envolvidos, como demonstra o freqüente engano que
atrela o termo logística apenas às atividades de transportes.

Falta conhecimento ou então a causa do problema é outra: talvez alguns prefiram continuar surdos,
cegos e mudos, distorcendo a realidade devido a algum interesse oculto, mas aí já seria outra
história, não é mesmo?

(*)Daniel Gasnier é gerente e instrutor da IMAM Consultoria Ltda, empresa especializada na solução de
problemas relacionados à logística e engenharia industrial, movimentação e armazenagem de materiais, técnicas
modernas de administração da manufatura e estratégias de produtividade.

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