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Revista Eletrônica Lato Sensu – Ano 3, nº1, março de 2008. ISSN 1980-6116
http://www.unicentro.br - Ciências Exatas e da Terra
Edson Gardin1
Fábio Hernandes2
RESUMO ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
GARDIN,E.;HERNANES,F.
2
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recursos que devem ser gerenciados e as arestas, o grau de incompatibilidade entre estes
recursos. A única restrição para os problemas que são formulados, usando-se a teoria da
coloração de grafos clássica é que as cores dos vértices adjacentes sejam distintas. A solução
do problema é encontrar o menor número de cores que atenda a essa restrição.
A coloração de grafos clássica ou crisp3 consegue resolver problemas onde só existe
uma restrição, que é a atribuição de cores distintas para vértices adjacentes. Porém, essa
restrição, em muitos casos, é insuficiente para garantir a solução completa e satisfatória de
problemas reais e mais complexos, como por exemplo, problemas de gerenciamento e de
alocação de recursos. Dessa forma, Muñoz et al (2003, 2005,) e Ramirez (2001) propuseram
uma extensão ao problema de coloração de grafos, baseado no conceito de incompatibilidade
dos vértices que compõem o grafo. Essa extensão chamada de coloração (d,f)-estendida se
justifica, pois ,em muitas situações reais, a incompatibilidade entre os vértices não é crisp e
sim fuzzy (incertas), pois a incompatibilidade entre os vértices pode apresentar diferentes
graus de pertinência, que é representado através de um grau de incompatibilidade. Porém,
segundo Hernandes (2007), mesmo com esta extensão proposta por Muñoz, ainda existe uma
categoria de problemas que requerem a adição de mais uma restrição, que seria a limitação do
uso das cores, surgindo assim uma nova extensão à proposta de Munõz e Ramirez, chamada
de coloração (d,f,g)-estendida.
O objetivo principal deste trabalho é apresentar uma aplicação real da utilização da
coloração (d,f,g)-estendida para a solução de problemas de gerenciamento de recursos. Para
isso, será realizada uma revisão conceitual do que é a coloração clássica, a coloração (d,f)-
estendida e a coloração (d,f,g)-estendida.
Para entender a aplicação da coloração (d,f,g)-estendida deve-se primeiro estudar a
coloração clássica, em seguida a coloração (d,f)-estendida para, finalmente, abordar a
coloração (d,f,g)-estendida e sua aplicação. Sendo assim, este trabalho está organizado da
seguinte forma: a Seção 2 trata do problema da coloração de grafos clássica, sendo elencadas,
além da teoria, algumas de suas aplicações na área de otimização combinatória. A Seção 3
apresenta os conceitos da coloração de grafos fuzzy. Nas Seções 4 e 5 são apresentadas a
coloração (d,f)-estendida e a coloração (d,f,g)-estendida, respectivamente. Na Seção 6, é
apresentada uma aplicação real do problema. As conclusões e perspectivas futuras estão na
Seção 7.
Nesta seção, são apresentadas algumas definições utilizadas tanto para coloração crisp
quanto para a fuzzy.
3
O termo crisp é utilizado pela teoria fuzzy para se referir ao modelo tradicional, ao clássico (BARROS, 2006).
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Definição 2:
Uma k-coloração de G, C k é uma função de coloração com não mais do que k cores
distintas.
C k = V → {1,2, ...,k}
Definição 3:
O número cromático, denotado por X(G), de um grafo G é o menor número de cores k
tal que existe uma k-coloração para G (NONATO, 2007).
2 1 2
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grafo não orientado e em seguida determinando sua k-coloração. Exemplos de aplicações que
utilizam a teoria da coloração são:
Problemas de Programação de Horários (Timetabling Problems) onde, por exemplo,
se deseja determinar o número mínimo de dias para se realizar um período de provas
em determinada instituição de ensino, onde duas provas não podem ser realizadas na
mesma hora se for o mesmo professor que irá aplicá-las, ou se for aplicada na mesma
turma, ou se for aplicada na mesma sala.
Alocação de faixas de freqüência para rádios FM, onde dois transmissores não
podem transmitir na mesma faixas de freqüência se estiverem próximos um do outro.
Alocação de registradores num processador, onde dado um conjunto de variáveis e
um conjunto de registradores disponíveis, deve-se alocar as variáveis de um
determinado escopo do programa aos registradores de modo a reduzir o número de
acessos à memória (AGUIAR, 2005).
Sistema de controle das fases de semáforo em um determinado cruzamento.
Definem-se quais fluxos de veículos não são permitidos simultaneamente e o objetivo
é planejar o controle dos semáforos com o menor número de fases possível.
Observando a Figura 2, nota-se que certas ruas são compatíveis umas com as outras.
Por exemplo, as pistas AD e CB admitem tráfego nas duas direções simultaneamente, porém,
entre as pistas AB e CD existe uma incompatibilidade que não pode ocorrer tráfego
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~
Este grafo fuzzy G = (V , µ ) está representado na Figura 4
AB
b b
a
DB AD
a
a
m
CD CB
Para se resolver essa incompatibilidade fuzzy é definida, na seção seguinte, uma função de
coloração fuzzy.
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~ ~
A Tabela 1 mostra o número cromático de G é X( G ) = {(1,t); (2,a); (3,m); (3,b);
(5,n)}.
Para se chegar a esses valores, resolvendo-se o problema de coloração fuzzy, pode-se
utilizar qualquer algoritmo para problemas de grafos crisp em cada um dos grafos que se
originam nos -cortes. Desta forma, o problema de coloração fuzzy se divide em vários
problemas de coloração de grafos clássica. Contudo, Muñoz e Ramirez propuseram uma
extensão do problema da coloração fuzzy baseado em um novo conceito chamado de (d,f)-
coloração.
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− b a n a m
b − m n n n
a m − b n m
µ =
n n b − b m
a n n b − n
m n m m n −
~
O grafo fuzzy G = (V , µ ) da Figura 5 representa esta situação, tal que V= {A, B, C, D,
E, F).
B
b m
A a
C
a
m
m b
m
F D
b
E
Figura 5. Representação do grafo para o exemplo 4.1
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Dias 1 2 3 4 5
Disciplinas de A, B F E C
Exame D
Tabela 2. Distribuição dos exames
4.2. A coloração (d,f)-estendida
Para modelar certos tipos de problemas como problemas de coloração fuzzy, é
necessário definir a medida de dissimilaridade e função escala. A dissimilaridade é o grau de
incompatibilidade entre os vértices do grafo. Quanto maior essa incompatibilidade maior
deverá ser a distância entre as cores destes vértices. A função escala é a função que será
utilizada para essa coloração. Esses conceitos serão definidos abaixo:
Definição 4:
Seja S o conjunto de cores possíveis, a medida de dissimilaridade d é definida por
d : SxS → [ 0, ∞ ] : com as seguintes propriedades:
d (r , s ) ≥ 0, ∀ r , s ∈ S ;
d (r , s ) = 0 ⇔ r = s, ∀ r , s ∈ S ;
d (r , s ) = d ( r , s ), ∀ r , s ∈ S ;
Definição 5:
~
Sejam dados um grafo fuzzy G = (V , µ ) , um conjunto S de cores, uma medida de
dissimilaridade d definida em S e uma função escala f (função para determinar o número
~
máximo de cores). Uma coloração (d,f)-estendida de G , denotada por C d , f (para simplificar
C), é uma aplicação C : V → S tal que:
d (C (i ), C ( j )) ≥ f ( µ ij ) ∀ i, j ∈ V sendo i ≠ j .
A dissimilaridade leva em consideração o grau de incompatibilidade entre dois nós.
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Definição 6:
~
Dado k ∈ S uma k-coloração (d,f)-estendida de G é uma função de coloração
(d,f)- estendida com no máximo k cores distintas.
Uma k-coloração (d,f)-estendida de um grafo pode ser considerada como uma
generalização de uma k-coloração de um grafo crisp G=(V,A), fazendo I={0,1}, d=d0 e
f(0)=0, f(1)=1, tal que:
1, se r ≠ s
d 0 (r , s ) = ∀ r ,s ∈ S
0, se r = s
~
G torna-se um grafo crisp se a matriz µ for definida da seguinte forma:
1, se (i , j ) ∈ A
µ ij = ∀ i, j ∈ V
0, caso contrário
Embora uma k-coloração (d,f)-estendida de um grafo pode ser considerada como uma
generalização de uma k-coloração de um grafo crisp G=(V,A), existe diferenças:
nem sempre haverá uma solução para (d,f)-estendida;
pode haver cores que não sejam usadas.
5. O PROBLEMA DA (d,f,g)-COLORAÇÃO
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− m b n m n n 12
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m − b b b n n
b b http://www.unicentro.br
− b m n n
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µ = n b b − b b n
m b m b − m n
n n n b m − b
n n n n n b −
B b
m m E
A
b m
b
b
C b m
b D
b
F
D b
Figura 6. Grafo representando o problema de alocação de horários
Resolvendo esse problema por meio do algoritmo proposto por Muñoz e adaptado por
Hernandes, para suportar a extensão (d,f,g)-coloração, obtém-se que são necessários quatro
dias para ministrar todas as disciplinas, com a seguinte distribuição de aulas:
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Definição 7:
~
Dado um grafo fuzzy G = (V , µ ) , um conjunto S de cores, uma medida de
dissimilaridade d definida em S, uma função escala f e um valor g representando o número
máximo de vezes que cada cor poderá ser atribuída, então uma função de coloração (d,f,g)-
~
estendida de G , denotada por Cd,f,g (para simplificar C), é uma aplicação C : V → S tal que :
d (C (i ), C ( j )) ≥ f ( µ ij ) ∀ i, j ∈ V sendo i ≠ j ;
card ( A j ) ≤ g, ∀ j = {1,2,..., k } A j = {i ∈ V tal que C ( i ) = s j ; s j ∈ S}
sendo
Definição 8:
Dado k ∈ S , uma k-coloração (d,f,g)-estendida de G~ é uma função de coloração
(d,f,g)-estendida de no máximo k cores distintas;
Definição 9:
~
O (d,f,g)-número cromático de G é definido da seguinte forma:
X d ,f ,g ( )
~
{ ~
G = mín k ∈ S | G admite a lg uma k − coloração (d , f , g ) − estendida . }
Dessa forma, o problema da coloração (d,f,g)-estendida consiste em determinar o
(d,f,g)-número cromático de um grafo fuzzy e uma função de coloração (d,f,g)-estendida
associada. Portanto, o (d,f,g)-número cromático do exemplo da Seção 5.1. é
~
X d , f ,g G = 4
,
( )
com a distribuição ótima representada na Tabela 3.
5.3 Passo para solução do problema da coloração (d,f,g)-estendida
Para a solução computacional dos problemas de coloração (d,f,g)-estendida,
Hernandes (2005) propôs um algoritmo baseado no algoritmo da coloração (d,f)-estendida.
Nesta seção, são apresentados os passos do algoritmo adaptado.
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Passo 3: Verifica restrição do número máximo de vezes que cada cor é utilizada
Após verificada a incompatibilidade da matriz µ para o vértice que está sendo
analisado, é verificada a restrição do número máximo de vezes que a cor do vértice, atribuída
no passo anterior, foi utilizada. Esse número não pode ultrapassar o valor definido na variável
g de entrada.
Os Passos 2 e 3 devem ser executados para todos os vértices do grafo, com exceção de
quando não existir solução possível.
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Variáveis de
Entrada Não existe uma k-coloração ou todos os
vértices foram analisados?
Não
Sim
Passo 1
Passo 2
Passo 3
6. APLICAÇÃO COMPUTACIONAL
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algumas disciplinas, devido ao grau de dificuldade, devem ter suas aulas alocadas
com um intervalo de dias letivos. Conforme a dificuldade esse intervalo pode ser de 0,
1 ou 2 dias;
as disciplinas são ministradas de segunda a sexta-feira.
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PP EE
RC 1
1 2
2
TEI 1 ESII
1 2 1 2
1
2 BDII
IH 2
1
1 1 1 2 C
RC 1 1
1 TEI ESII
21 1
2 1 1
2 1
1
1 1 1
1
1 2
IA IA
1 2 1 1
BDII TC
1
2 1 1
2
TC
2
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0 0 0 1 1 0 2 0 0 0 0 1 1 1 1
0 0 0 1 1 2 0 0 0 0 0 1 1 1 1
µ = 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
2 2 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0
1 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 2 1 1
0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 2 0 1 1
0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 2
0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 2 0
aplicadas no algoritmo da coloração (d,f,g)-estendida:
conjunto dos vértices: V={BDII1, BDII2, E, ESII1, ESII2, IA1, IA2, IHC, PP, RC1,
RC2, TC1, TC2, TEI1, TEI2};
matriz de incompatibilidade µ : os elementos dessa matriz possuem os valores: 0, 1
ou 2, que representam os dias de intervalo entre cada grupo de 2 horas/aula.
variável f (número máximo de cores que podem ser utilizadas para colorir o grafo):
como os dias disponíveis da semana representam as cores possíveis para serem
utilizadas na coloração, tem-se que o número máximo de cores que podem ser
utilizadas é 5;
variável g (número de vezes que cada cor pode ser usada): o número de disciplinas
que podem ser alocadas num mesmo dia representa o número de vezes que cada cor
pode ser usada, assim sendo a variável g receberá o valor 4.
6.2. Resultados computacionais
Após submeter às variáveis de entrada da Seção 6.1 ao algoritmo de coloração (d,f,g)-
estendida foram obtidos os resultados listados na Tabela 6, sendo o (d,f,g)-número cromático
igual a 5, com a seguinte distribuição:
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Realizando uma análise comparativa dos resultados obtidos com as regras enunciadas
na Seção 6, verifica-se que o resultado está de acordo com todas as proposições. Se os
critérios de incompatibilidade sofressem alterações devido a mudanças nas grades curriculares
ou devido a algum outro fator, era necessário somente alterar a matriz de incompatibilidade
µ e executar novamente o algoritmo para se obter a nova distribuição de horários.
7. CONCLUSÕES
Neste trabalho, foi abordado o conceito de coloração de grafos fuzzy. Inicialmente, foi
apresentada a extensão do conceito de incompatibilidade entre os vértices de um grafo, para
assim, incluir o conceito de incertezas e imprecisões (Muñoz et al (2005)). Para esta nova
situação, foi detalhada uma extensão proposta por Muñoz et al (2003, 2005), sendo
exemplificada com o problema dos semáforos. Com base nestas extensões, Hernandes (2007)
introduziu uma outra extensão chamada coloração (d,f,g)-estendida, sendo que esta considera
um grau de incompatibilidade relacionado ao valor da função de pertinência de cada aresta e
atribui uma restrição quanto ao número de vezes que uma determinada cor é associada,
limitando superiormente.
Com base nos conceitos abordados, neste trabalho foi implementada uma aplicação ao
problema da coloração fuzzy, mais especificamente ao problema da (d,f,g)-coloração. A
aplicação implementada foi o problema da distribuição de aulas, onde as regras a serem
seguidas para esta distribuição podem ser modeladas como uma (d,f,g)-coloração.
Como proposta futura pretende-se estudar a viabilidade de algoritmos aproximados
(algoritmos genéticos e evolutivos) para este problema, visto que o algoritmo proposto pode
ser lento quando aplicado em redes de grande porte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARDIN,E.;HERNANES,F.
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KERRE, E E. Introduction to the Basic Principles of Fuzzy Set Theory and Some of its
Applications, edition 2, 1993. p 57-70.
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