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PerCeBer Informes da Revolução

No PerCeBer 200, uma


edição especial com a
análise da realidade
cascavelense e um
Partido Comunista Brasileiro www.pcb.org.br presente ao leitor
. N° 200 – 17.03.2011

Os grupos que controlam a polí-


Dos incêndios ao Calçadão de ouro tica e a economia em Cascavel,
como é de seu hábito, vão moldar
Gestores de ontem e de hoje a eleição de 2012, ainda em tur-
no único, para que ela seja deci-
repartem o palco para seus dida entre dois candidatos da
jogos de cena e propaganda mesma classe.
No poder, com exceção do nosso
PCB e dos novos partidos de es-
querda (Psol, PSTU e PCO), que
jamais participaram de qualquer
governo municipal, todos eles
fracassaram, seguindo o mesmo
figurino administrativo que favo-
rece o mandonismo e a corrup-
ção.
Sua tática é se ocultar por trás de to-
neladas de propaganda para parecer
gestores capazes. Enquanto isso, os
escândalos se acumulam e os prejuí-
zos também.
São “revitalizações” caríssimas, o
É a velha estratégia burguesa de sempre: eles se agridem
descuido com o meio ambiente, gastos
e simulam uma disputa com o propósito de criar uma
polarização e ocupar todo o espaço político. No poder, suspeitos, contratos estranhos, obras
fazem maquiagem urbana para esconder os graves problemas supérfluas, valores superdimensiona-
sociais que se estendem da periferia ao centro e no interior dos e carências periféricas intocadas.

O mandonismo é a regra. O prefeito or- repleta de carências tem jovens


dena e a máquina toda obedece, mesmo morrendo ou pela drogas ou nas execu-
sendo ordens injustas, como no caso da ções de dívidas de consumo e vício.
autorização absurda para a construção Claro que para quem está no po-
de um shopping em área essencial para der, tudo anda no melhor dos
preservação e educação ambiental.
mundos. Seu esquema é se man-
Multiplicam-se os atritos com os
ter no mando a qualquer custo.
movimentos populares, como a O cenário que mais interessa ao prefeito
questão incompreensível surgida entre o Edgar Bueno (Plano A) seria disputar a
Movimento dos Sem Teto e a Procura- reeleição contra ex-prefeitos, especial-
doria Jurídica da Prefeitura, quando se mente Barreiros e Tomé, porque nesse
criou um antagonismo. A PJ é do povo. caso poderá abrir a caixa de denúncias
Deveria sempre estar a serviço do mo- assacadas contra eles, que igualmente o
vimento popular, jamais contra ele. atacarão por um enorme elenco de deci-
Os contratos lesivos aos interesses sões negativas ou danosas aos interesses
municipais e o Calçadão milionário municipais. Com isso, criariam um ce-
(agora, mais um Calçadão na frente da nário de polarização, excluindo as
capela mortuária) geram custos que se chances de alguma candidatura progres-
acumulam e prejudicam a população, ao sista ou de esquerda.
mesmo tempo em que uma periferia
A criminalidade denunciar as limitações das eleições
aumenta dia a burguesas. Entretanto, nenhum dos
dia: deficiências
gravíssimas na
prefeitos eleitos depois de José Neves
estrutura social Formighieri, em 1952, correspondeu
Estimulando o “voto útil”, que é o do aos interesses populares. Até o advo-
rancor contra um inimigo, os adversá- gado Odilon Reinhardt, que havia de-
rios de Barreiros ou Tomé seriam ins- fendido os posseiros (os sem-terra da
truídos pela propaganda a votar em Bu- época), foi cooptado pela direita em tro-
eno para evitar o retorno ao passado. ca de um mandato de deputado.
Barreiros/Tomé insistiriam junto aos Coerente com sua linha política nacio-
adversários figadais de Bueno que são nal, de unir as forças revolucionárias e
os únicos capazes de enfrentar a máqui- progressistas , o PCB defende desde já a
na buenista e “salvar” Cascavel de Bue- única opção sensata para furar o blo-
no e seu grupo, do qual fazem parte vá- queio dos grandes grupos que repartem
rios partidos submissos, cuja obediência Cascavel entre si: uma ampla unidade
se dá em troca de cargos e sinecuras. da esquerda para que as seis novas
Assim, Cascavel ficaria mais quatro cadeiras da Câmara de Cascavel não
anos nas mãos de Bueno ou dos grupos caiam nas mãos dos mesmos grupos
igualmente oportunistas que elegeram elitistas e “laranjas” que hoje contro-
anteriormente Barreiros, em nome de lam o Legislativo e dominam a admi-
uma probidade questionada, e Tomé, nistração municipal.
que se fingiu de esquerda e depois, co- Defendemos também uma candidatura
mo Pedro Muffato no passado, tirou a à Prefeitura, de caráter anticapitalis-
máscara e recaiu no polo direitista. ta e anti-imperialista, para denunciar
O cenário para o Plano A se completaria os esquemas de poder e dominação,
com uma terceira e até quarta candi- desde a cena internacional conflitada
daturas, duas “Marinas Silvas” lo- até o interior do Município e as peri-
cais. Uma para bater em Bueno e assim ferias abandonadas.
capturar os votos dos descontentes com Precisamos concentrar esforços na elei-
o atual prefeito e outra para bater em ção de uma bancada progressista na
algum ex-prefeito, mas todas as quatro Câmara de Cascavel para não dispersar
candidaturas igualmente comprome- votos e isso apenas será possível se a
tidas com a direita. candidatura a prefeito for de uma li-
O Plano B, caso nenhum ex-prefeito derança capaz de tecer um entendi-
concorra, é o atual grupo no poder mento respeitoso e compromissado de
lançar duas candidaturas para pro- representar as correntes revolucioná-
mover uma propaganda maciça de rias e progressistas, sem estrelismo,
um contra o outro, como Partido Re- partidarismo ou sectarismo.
publicano X Democrata e PSDB X Para o PCB, o valor supremo é a união
PT, para polarizar e excluir a possibi- de forças, segundo a convocação de
lidade de “um aventureiro” chegar à Marx e como é de nossa tradição desde
Prefeitura. É a volta do esquema que 1922. Somos o Partido de Luiz Carlos
impediu Tio Zaca de chegar à Prefei- Prestes, de Durval Hoff, de João Baia-
tura em 1968, desta vez sem incêndio no, de Tarquínio Santos. A candidatura
no Fórum e sem oposição unida. do PCB à Prefeitura é para unir a es-
O que cabe à esquerda, neste caso? querda contra os planos A e B da
Apenas a união. O PCB, depois de burguesia local.
Tarquínio Santos, nos tempos da clan- Pela Frente Anticapitalista!
destinidade, nunca teve candidato a pre- Pela unidade nas lutas!
feito. Procurou sempre apoiar uma can- Pelos trabalhadores, Uni-vos!
didatura progressista, “menos ruim” ou
Boletim 200
Um marco para o PCB:
200 semanas do boletim
PerCeBer e um presente
No mês do 89º aniversário do PCB,
o boletim PerCeBer chega ao
número 200 com um presente para
o leitor: um clássico da literatura
brasileira:
O Cavaleiro da Esperança,
livro de Jorge Amado que trata
da vida e das lutas do camarada
Luiz Carlos Prestes.
Hoje, a luta de Prestes é a nossa
luta. E quem a escreverá somos
nós mesmos, no dia a dia.

Sem as mulheres, trabalhista, a reforma da Seja dentro dos sindica-


Previdência e os cortes tos ou grupos políticos,
não há revolução nos orçamentos dos ser- seja dentro dos coletivos
viços sociais (saúde, e- feministas ou com a luta
ducação etc) afetam du- diária de trabalhar e
plamente a mulher, que chegar ao fim do mês,
já está em uma posição temos um papel ativo
de precariedade em rela- essencial na transforma-
ção a do homem. Encar- ção social.
regadas dos cuidados das Nas últimas semanas
crianças e anciãos e o- temos visto em repetidas
Angie Gago* brigadas a trabalhar por ocasiões imagens de mu-
menos salário, as mulhe- lheres durante as revolu-
Neste mês volta a cele- res sofrem uma dupla ções árabes: Tunísia, E-
brar-se um novo 8 de cadeia dentro do sistema gito, Argélia etc. Na
março, Dia Internacional capitalista: a exploração primeira frente de bata-
da Mulher Trabalhadora. e a opressão. lha, na Praça Tahir ou na
Durante esta jornada de Mas nós também temos Praça Primeiro de Maio,
protesto, milhões de mu- aparecido, ao longo da as mulheres comparece-
lheres em todo o mundo história, a frente das lu- ram em massa aos pro-
sairão às ruas para rei- tas sociais e democráti- testos para derrubar os
vindicar seus direitos. cas. O dia 8 de março é regimes autoritários que
Nestes momentos de cri- um dia de visibilidade da têm dominado seus paí-
se econômica, nós mu- luta pela libertação das ses nas últimas décadas.
lheres estamos sofrendo mulheres. Mas cada dia, Elas são destes países
os efeitos dos cortes so- de maneira “invisível”, que o mundo ocidental
ciais mais profundos em nós lutamos para conse- quer invadir para libertá-
muitos anos. A reforma guir nossa emancipação. las.
O tema já clássico “sem mento profundo dos pa-
as mulheres não haverá peis atribuídos às mulhe-
revolução” foi se repe- res e uma ruptura dos
tindo em diferentes oca- mesmos. Contamos com
siões nas quais a luta pe- vários exemplos históri-
los direitos sociais da cos nos quais temos vis-
classe trabalhadora an- to que, quando as mulhe-
dou de mãos dadas com res participam nas revo-
Mas não se cansam de a luta pela libertação da luções, a luta lado a lado
dizer que só serão liber- mulher. Durante a II Re- com nossos companhei-
tadas por elas mesmas. pública, as mulheres ros de classe faz crescer
Mesmo havendo infini- também conseguiram a consciência. Mas esse
tos exemplos nos quais uma série de direitos que não é um processo au-
as mulheres lutaram nas situavam a democracia tomático. Por esta razão,
revoluções democráticas do Estado espanhol co- nossa participação nas
e sociais, sua imagem é mo uma das mais inclu- revoltas é fundamental
sempre silenciada e sua sivas da época. E, duran- para conseguir nossa li-
história eliminada, a ser- te a Revolução Espanho- bertação.
viço do pensamento se- la, as mulheres tiveram
xista e de um sistema um papel chave na con- Recentemente, temos
econômico que necessita quista dos direitos soci- visto também como mi-
deixar as mulheres em ais. lhões de mulheres saí-
um segundo plano. Ain- ram às ruas na Itália para
da assim, ao longo da Nos momentos nos quais protestar contra a cultura
história, as mulheres se os povos se levantaram machista promovida por
levantaram uma e outra contra a tirania e o capi- Berlusconi. “Se não é
vez para gritar que elas talismo, nós temos sido agora, quando será?”,
não são o segundo sexo. protagonistas dos movi- gritavam as companhei-
mentos de emancipação. ras italianas. Aqui, no
Isso aconteceu na Revo- No entanto, em nossa Estado espanhol, tam-
lução Russa de 1917, sociedade segue domi- bém temos milhares de
quando milhares de mu- nando a imagem da mu- razões para sair às ruas.
lheres participaram na lher passiva. Quantas
luta pela liberdade e o revoluções mais faltam Cada ataque do governo
socialismo. Os avanços para eliminar este este- aos direitos conquistados
nos direitos foram rápi- reótipo? pela classe trabalhadora
dos e os mais avançados é um ataque a nossos di-
da época: direito ao di- Agora, com as revolu- reitos como mulheres.
vórcio, anticonceptivos, ções árabes, volta à tona E se a isso somamos o
salário igual, socializa- a participação das mu- genocídio contra as mu-
ção dos cuidados etc. lheres nas revoluções. lheres pela violência
Nós também queremos machista, a pergunta das
Embora a experiência igualdade, liberdade e companheiras italianas é
tenha sido curta devido não temos medo. Duran- nossa também.
ao isolamento da revolu- te uma revolta social _______________
ção e à contra-revolução nossa participação é *Angie Gago é militante
levada a cabo pela buro- fundamental para que os do movimento comunis-
cracia stalinista, a expe- avanços não fiquem só ta Em Luta (Espanha)
riência criou um prece- no plano formal e para Tradução: Katarina Pei-
dente. que haja um questiona- xoto
Peça teatral

Grupo de Teatro
Arquétipos
Sombras Centro
Apresenta: de um Cultural Gilberto
Mayer

Coquetel
Passado 25 de março
20h
Garapa
Moda de
Viola
Ingressos:
R$ 10

Em abril estará no:


Crise nos EUA: enviou a George W. Bush alguma com o povo que as
em 2005-2006 três informes salva uma e outra vez. Pelo
“O que estamos que documentavam clara- contrário, elas se apressam
esperando para mente suas violações da em abandonar o país no qual
Constituição que jurou de- se estabeleceram e prospera-
reagir?” fender. ram. Estas corporações que
Em nosso país, o sistema foram construídas com o
político é uma ditadura bi- esforço dos trabalhadores
partidária cujas falsifica- estadunidenses estão envi-
ções manipulatórias con- ando milhões de empregos e
vertem a maioria dos distri- indústrias inteiras para o
tos eleitorais em feudos de exterior.
um partido único. Mais de 70% dos estaduni-
Os dois partidos impedem denses disseram em uma
outros partidos e candidatos pesquisa realizada pela re-
Ralph Nader* independentes de competir vista Business Week, em
em igualdade de condições setembro de 2000, que as
nas eleições e nos debates. corporações tinham “dema-
Os 18 dias de protestos não
Outra barreira para a reali- siado controle sobre suas
violentos dos egípcios colo-
zação de eleições democrá- vidas”. Na última década,
cam a questão: o próximo
ticas e competitivas é o com a onda de corrupção e
levante popular se dará nos
grande capital, principal- de crimes corporativos, a
Estados Unidos? Se Thomas
mente comercial na origem, situação só piorou.
Jefferson e Thomas Paine
que envolve de covardia e
estivessem aqui, seguramen-
sinecuras a maioria dos A Wal-Mart importa mais
te diriam: “O que estamos
políticos. de 20 bilhões de dólares/ano
esperando?” Estariam cons-
Nossos poderes legislativos em produtos fabricados em
ternados pela concentração
e executivos em nível fede- regime de exploração nas
de poder político e econô-
ral e estatal podem muito oficinas da China. Cerca de
mico em tão poucas mãos.
bem ser chamados de regi- um milhão de trabalhadores
Recordemos o quanto fre-
mes corporativos. Quando o da Wal-Mart ganham menos
quentemente estes dois ho-
governo é controlado pelo do que US$ 10,50 por hora,
mens alertaram contra a
poder econômico privado se sem descontar os impostos,
concentração de poder.
trata de corporativismo. O o que faz com que muitos
Nossa Declaração de Inde-
presidente Franklin Delano deles recebam cerca de US$
pendência (1776) enumera-
Roosevelt, em uma mensa- 8,00 por hora. Enquanto is-
va as queixas contra o rei
gem formal ao Congresso, so, os altos executivos da
George III. Grande parte
em 1938, chamou isso de empresa ganham cerca de
delas poderia ser dirigida
“fascismo”. O corporativis- US$ 11.000,00 por hora,
contra o “rei” George W.
mo fecha as portas à popu- sem contar outros benefícios
Bush, que não somente eli-
lação e oferece a generosi- e gratificações.
minou a autoridade decisó-
dade governamental, paga Este cenário se alastrou pela
ria do Congresso em matéria
pelos contribuintes às insa- economia como um proces-
de guerras, conforme prevê
ciáveis corporações. so de metástase. Um de cada
a Constituição, como por
Notemos que, década após três trabalhadores nos EUA
meio de mentiras mergulhou
década, os resgates, subsí- tem o mesmo nível de salá-
o país em várias guerras ile-
dios, doações, benefícios e rios da Wal-Mart. Cerca de
gais que levou a cabo vio-
isenções fiscais para os 50 milhões de pessoas não
lando as leis internacionais.
grandes negócios vêm cres- têm seguro médico e, a cada
Inclusive conservadores le-
cendo. A palavra “trilhões” ano, morrem aproximada-
trados como os republicanos
é utilizada cada vez mais, mente 45 mil porque não
Bruce Fein e o ex-juiz An-
por exemplo, na magnitude conseguem um diagnóstico
drew Napolitano acreditam
do resgate, por Washington, ou um tratamento. A pobre-
que tanto ele como Dick
dos especuladores que sa- za infantil está subindo a
Cheney deveriam ser julga-
quearam as pensões e as e- medida que baixam as recei-
dos por crimes de guerra e
conomias da população. tas familiares. O desempre-
outros delitos relacionados.
Mas não parece que estas go e o subemprego estão
O conservador Colégio de
gigantescas companhias perto de 20%.
Advogados Estadunidenses
demonstrem gratidão
do passar no Congresso os Só se manifesta a metade da
acordos NAFTA e OMC democracia. É desesperador
(Organização Mundial do que não haja muitos estadu-
Comércio), que subordina- nidenses participando nas
ram nossa soberania e sujei- eleições, nos encontros, nas
taram os trabalhadores ao manifestações de rua, em
governo local das corpora- salas de tribunais ou em re-
ções empresariais. uniões municipais.
O salário federal mínimo, Tudo isso vem somar-se ao Se “nós, o povo” queremos
ajustado segundo a inflação crescente sentimento de im- reafirmar nossa própria so-
desde 1968, seria agora de potência experimentado pela berania constitucional sobre
US$ 10,00/hora, mas é de cidadania. A cada ano ocor- nosso país, temos que poder
US$ 7,25. rem centenas de milhares de começar a nos reunir massi-
mortes que poderiam ser vamente nas praças públicas
A riqueza financeira do 1% evitadas e muitas outras e diante dos gigantescos edi-
dos estadunidenses mais desgraças nos postos de tra- fícios de nossos governan-
ricos equivale à de 95% da balho, no meio ambiente e tes.
população não rica. Os lu- no mercado. Os grandes or-
cros empresariais e as grati- çamentos e as tecnologias Em um país que tem tantos
ficações pagas aos chefes não se dedicam a reduzir problemas injustos e tantas
corporativos atingiram um esses danos custosos. Ao soluções que não são apli-
nível recorde. Ao mesmo invés disso, vão para os cadas, tudo é possível
tempo, as empresas, exceto grandes negócios das exage- quando as pessoas come-
as financeiras, têm por volta radas ameaças à segurança. çam a considerar-se como
de dois bilhões de dólares portadoras do poder neces-
em cash. Enquanto as guerras de O- sário para gerar uma soci-
bama/Bush no Afeganistão e edade justa.
No dia 7 de fevereiro, o pre- no Iraque, financiadas com ____
sidente Obama nos mostrou o déficit, vão destruindo es- *Ralph Nader – Defensor
onde reside o poder ao andar tas nações, nossas obras pú- dos direitos dos consumido-
por LaFayette Park desde a blicas aqui, como o trans- res, promoveu a discussão
Casa Branca até a sede da porte público, as escolas e de temas como o feminismo,
Câmara de Comércio dos os hospitais são sucateadas o humanismo, a ecologia e a
EUA. Ante uma ampla au- por falta de manutenção. E governação democrática.
diência de altos executivos, as execuções de hipotecas Criticou duramente a políti-
defendeu que investissem seguem crescendo. ca internacional exercida
mais em empregos nos Es- pelos Estados Unidos nas
tados Unidos. Imaginem A condição de escravidão últimas décadas, que vê co-
altos executivos de mega- dos consumidores por cau- mo corporativista, imperia-
companhias mimadas, privi- sa de seu endividamento lista, contrária aos valores
legiadas, frequentemente está privando-os do contro- fundamentais da democracia
subvencionadas e com pro- le sobre seu próprio dinhei- e dos direitos huma-
blemas legais, ali sentados ro, já que a letra pequena nos.Publicado originalmente
enquanto o presidente lhes dos contratos, as qualifica- na revista hispano-
rende homenagens. ções e as garantias credití- americana Sin Permiso.
Nos anos 90, com Bill Clin- cias arrocham os orçamen- Tradução: Marco Aurélio
ton, os lobbies empresariais tos familiares. Weissheimer
apertaram nosso país fazen-

Eu sou contra as que os poderes constitu-


ciclovias, ou quase A afirmação é polêmica e ídos ao construir ciclovi-
conclamo o leitor ler a- as, jogam nas costas dos
tentamente antes de emi- ciclistas todo e qualquer
tir um juízo. Vamos lá, eu acidente que os mesmos
Benildo tenho um monte de ar- venham se envolver, fora
Delai* gumentos, entre eles, delas.
co quinze dias sem usá-lo. Claro que cada ca-
so é um caso, eu não tenho filhos, não pago
aluguel, como igual a um passarinho, sou sol-
teiro, tenho poucas roupas, dois pares de tê-
nis, moro em lugar (cômodo) estratégico da
cidade. Mas eu sei também que desculpas pa-
ra não abdicar do carro são muitas.
E dizem mais, que a tendência é essa mesmo,
andar mais de carro, que a bicicleta é coisa do
passado, que a nossa cidade cresceu muito,
ficou tudo muito distante, o transito é violen-
to, chove muito, (ou) tem muito pó... Eu me
agarro a idéia de que uma tomada de atitude,
por mínima que seja, das autoridades em
Mas é muito mais que isso, a ciclovia não fa- manter nas ruas de nossa cidade os “poucos”
vorece em nenhum momento o ciclista, ape- ciclistas que restaram já é exitosa.
nas o descrimina, se tem uma ciclovia no lado
norte da cidade e por algum motivo o ciclista
estiver trafegando no lado sul, coitada da mãe
dele, vai ouvir que o seu lugar é na ciclovia.

Defendo ainda, que o ciclista tem prioridade


sobre os automóveis, ou seja, se tiver uma
bicicleta na rua que se abram alas! Por inúme-
ros motivos: a bicicleta não polui, não con-
gestiona, é saudável, econômica... O leitor
que complete. Além da fragilidade bicicle-
ta/ciclista se comparado carro/motorista, que
implica obrigatoriamente num tratamento di-
ferenciado para esse meio de locomoção.

O consenso vai dizer: eu não tenho nada a ver


com isso, “te vira aí ‘bicicleteiro’, pega um Voltando as ciclovias, se dependesse de mim
ônibus, compra um carro usado, tem uns bem elas viravam canteiros de flores, as pessoas
baratinhos, meu amigo comprou um por mil necessitam de educação geral e irrestrita no
reais...”. Considero-me um teimoso incorrigí- trânsito, e todos, motoristas, pedestres, ciclis-
vel quando o assunto é esse. A minha “cacha- tas etc. tem que conviver em harmonia. E no
ça” é andar de bicicleta e eu quero meus direi- fracasso desse expediente, que se façam valer
tos e eles existem, a nova lei (nem tão nova as leis. Ultimamente tem diminuído as mortes
assim, em todo caso a última) de trânsito con- de ciclistas em Cascavel, pudera eles sumiram
templa o ciclista, mas não é respeitada, pior das ruas, melhor, foram expulsos!
não é divulgada. O grosso da população nem Posso até ser incompreendido, mas pra mim,
sabe do melhor da “festa”. construir ciclovias é jogar dinheiro fora, ainda
se fosse empregado em campanhas educativas
E eu sei de alguns dos itens descritos lá, o seria melhor aproveitado. Chega a ser contra-
mais importante deles e que pouca gente sabe ditório, com a profusão de ruas que as cidades
é que os automóveis devem obrigatoriamente possuem construir mais vias e específicas,
manter uma distância de 1,5 m da bicicleta. visando descriminar uma parcela da socieda-
Se os simpáticos as bicicletas dominassem as de. A bicicleta é ágil, versátil, esguia, se con-
leis que existem a respeito, teriam um incen- tenta com qualquer brecha, é burrice o que
tivo muito grande para ir e vir e se inserir estão fazendo...
mais vigorosamente nessa “guerra”, que con- ____________
venhamos não é tão desigual assim...
O gaiato vai dizer que ser for obedecida essa *Benildo Delai – Agricultor, desportista, ex-
lei não vai sobrar lugar para os carros na rua. presidente da Liga de Ciclismo de Cascavel.
E daí, os carros que fiquem na garagem, o Como ciclista foi campeão dos Jogos Abertos
meu fica, quem quiser a comprovação estou a de 1982. É ativo participante dos movimentos
disposição e com o maior prazer, as vezes fi- comunitários.bendelay@gmail.com
Especuladores da tação e subsidiar forte- fazendo bilhões em lucro
fome fazem preço dos mente os alimentos bási- da especulação sobre a
alimentos aumentar cos. A explicação apre- comida e causando misé-
sentada por especialistas ria ao redor do mundo.
da ONU em alimentos
era de que uma “perfei- Conforme os preços so-
ta” conjunção de fatores bem além dos níveis de
naturais e humanos tinha 2008, fica claro que to-
se combinado para inflar dos estão agora sendo
os preços. Produtores afetados. Os preços da
dos EUA, diziam as a- comida estão subindo até
gências da ONU, tinham 10%por ano no Reino
disponibilizado milhões Unido e na Europa. Mais
John Vidal*
de acres de terra para a ainda, diz a ONU, os
produção de biocombus- preços deverão subir pe-
Há pouco menos de três
tíveis; preços de petróleo lo menos 40% na próxi-
anos, as pessoas da vila
e fertilizantes tinham su- ma década. Sempre hou-
de Gumbi, no oeste de
bido intensamente; os ve uma modesta, mesmo
Malawi, passaram por
chineses estavam mu- bem-vinda, especulação
uma fome inesperada.
dando de uma dieta ve- nos preços dos alimentos
Não como a de euro-
getariana para uma base- e tradicionalmente fun-
peus,que pulam uma ou
ada em carne; secas cri- cionava assim.
duas refeições, mas a-
adas por mudanças no
quela profunda e persis-
clima estavam afetando O produtor X se protegia
tente fome que impede o
grandes áreas de produ- contra o clima e outros
sono e embaralha os sen-
ção. riscos vendendo sua
tidos e que acontece
produção antes da co-
quando não se tem co-
A ONU disse que 75 mi- lheita para o investidor
mida por semanas. Es-
lhões de pessoas se tor- Y. Isso lhe garantia um
tranhamente, não houve
naram subnutridas em preço e o permitia plane-
seca, a causa tradicional
função do aumento de jar o futuro e investir
da má nutrição e fome
preços. Mas uma nova mais, e dava ao investi-
no sul da África, e havia
teoria está surgindo entre dor Y um lucro também.
bastante comida nos
economistas e mercado- Num ano ruim, o fazen-
mercados. Por uma ra-
res. Os mesmos bancos, deiro X tinha um bom
zão não óbvia o preço de
fundos de investimento retorno. Mas num ano
alimentos básicos como
de risco e investidores bom, o investidor Y se
milho e arroz havia qua-
cuja especulação nos saía melhor.
se dobrado em poucos
mercados financeiros
meses. Não havia tam-
globais causaram a cri- Quando esse processo
bém evidências de que
se das hipotecas de alto era controlado e regula-
os donos de mercados
risco (sub-prime) são do, funcionava bem. O
estivessem estocando
responsáveis por causar preço da comida que
comida. A mesma histó-
as alterações e a infla- chegava ao prato e do
ria se repetiu em mais de
ção no preço dos ali- mercado de alimentos
100 países em desenvol-
mentos. A acusação con- mundial ainda era defi-
vimento.
tra eles é que, ao se a- nido por reais forças de
proveitar da desregula- oferta e demanda. Mas
Houve revolta por causa
mentação dos preços dos tudo mudou no meio dos
de comida em mais de
mercados de commoditi- anos 1990.
20 países e governos ti-
es globais, eles estão
veram que banir a expor-
confirmaram o que está a- negociantes reagindo a in-
contecendo. A maior parte formações e especulações
do negócio agora é especu- do mercado”, ele diz. “As
lação – eu diria 70 a 80%.” pessoas estão morrendo de
Masters diz que o mercado fome enquanto os bancos
agora está muito distorcido estão se matando para inves-
pelos bancos de investimen- tir em comida”, diz Deborah
tos. “Digamos que apareçam Doane, diretora do Movi-
notícias sobre colheitas ru- mento Global de Desenvol-
ins e chuvas em algum lu- vimento de Londres.
Na época, após um pesado gar. Normalmente os preços
lobby de bancos, fundos de vão subir algo em torno de 1 A FAO, órgão da ONU para
investimento de risco e de- dólar (por bushel). Quando agricultura, se mantém di-
fensores do "mercado li- se tem 70-80% de mercado plomaticamente evasiva,
vre" nos EUA e no Reino especulativo, sobe 2 a 3 dó- dizendo, em junho, que:
Unido, as regulamentações lares para levar em conta os “Fora mudanças reais em
no mercado de commodities custos extras. Cria volatili- oferta e procura em alguns
foram abolidas. Contratos dade. Vai acabar mal como commodities, o aumento dos
para comprar e vender ali- todas as bolhas de Wall S- preços pode também ter sido
mentos foram transformados treet. Vai estourar.” amplificado pela especula-
em “derivativos” que pode- ção no mercado de futuros”.
riam ser comprados e ven- O mercado especulativo é A [visão da] ONU tem o
didos por negociantes que realmente vasto, concorda apoio de Ann Berg, uma das
não tinham relação alguma Hilda Ochoa-Brillembourg, mais experientes negocian-
com a agricultura. Como presidente do Strategic In- tes do mercado de futuros.
resultado, nascia um novo e vestment Group de Nova
irreal mercado de “especu- York. Ela estima que a de- Ela argumenta que diferen-
lação de alimentos”. manda especulativa para o ciar commodities dos mer-
mercado agrícola de futuros cados de futuro e os relacio-
Cacau, sucos de fruta, açú- tenha aumentado entre 40 e nados com investimento
car, alimentos básicos e café 80% desde 2008. Mas a es- sem agricultura é impossí-
agora são commodities glo- peculação não está apenas vel. “Não existe maneira de
bais, assim como petróleo, em alimentos básicos. No saber exatamente [o que está
ouro e metais. Então, em ano passado, o fundo Arma- acontecendo]. Tivemos a
2006, veio o desastre das jaro, de Londres, comprou bolha das casas e o não-
hipotecas podres e bancos e 240 mil toneladas – mais de pagamento dos créditos. O
especuladores correram para 7% do mercado mundial de mercado de commodities é
jogar os seus bilhões de dó- cacau – ajudando a elevar o outro campo lucrativo onde
lares em negócios seguros, preço do chocolate ao seu os mercados investem. É
alimentos em especial. “Nós mais alto valor em 33 anos. uma questão sensível. Al-
notamos isso [especulação Enquanto isso, o preço do guns países compram direto
de alimentos] pela primeira café pulou 20% em apenas dos mercados. Como diz um
vez em 2006. Não parecia três dias, resultado direto de amigo meu. “O que para um
algo importante então. Mas aposta de especuladores na homem pobre é um proble-
em 2007, 2008 aumentou quebra do preço do café. ma, para o rico é um inves-
rapidamente”, disse Mike timento livre de riscos”.
Masters, gerente de um fun- Olivier de Schutter, Relator
do no Masters Capital Ma- da ONU para o Direito à ___________
nagement, que confirmou Alimentação, não tem dúvi- *John Vidal – Jornalista
em testemunho ao Senado das que especuladores estão britânico, editor de Meio
dos EUA em 2008 que a por trás do aumento de pre- Ambiente do jornal The
especulação estava inflando ços. “Os preços do trigo, do Guardian, Texto publicado
o preço mundial dos alimen- milho e do arroz tem au- no jornal The Observer.
tos. “Quando você olha para mentado de modo signifi- Tradução de Wilson Sobri-
os fluxos, se tem uma evi- cante, mas isso não está nho
dência forte. Eu conheço ligado a estoques ou colhei-
muitos especuladores e eles tas ruins, mas sim a
Cidade, emprego, ambiente, juventude:
por um programa revolucionário
Nenhum direito a menos,
só direitos a mais
Ajude um desempregado: reduza a
jornada de trabalho para 40 horas

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A seguir, um dos capítulos da cartilha de Marxismo


e uma página colecionável de O Capital em quadrinhos
1

Curso Básico de Marxismo


O trabalho no comunismo primitivo
5

O marxismo é o sucessor
legítimo do que de melhor
criou a humanidade no
século XIX: a filosofia
alemã, a economia política
inglesa e o socialismo
francês – Lênin

Trabalho rural

A soma dos meios de produção com os produtores de bens compõe as


forças produtivas da sociedade. O grau de desenvolvimento delas indica o
grau em que o homem conseguiu dominar a natureza.
Os meios de trabalho, a experiência de produção e o produto do trabalho
são o resultado da atividade conjunta dos homens, no decurso do qual eles
contraem relações de produção.
Na Antiguidade, a relação de produção era a obtenção dos meios
imprescindíveis para a subsistência da comunidade: todos se ajudavam
mutuamente, produziam e consumiam em conjunto.
Era o comunismo primitivo.
Nas sociedades que vieram depois, a escravagista, a feudal e a capitalista,
as relações de produção são bens diferentes: muitos trabalham e alguns
poucos exploram.
É o que ainda hoje ocorre no mundo, submetido ao capitalismo.
Mas ao passar para o Socialismo, o quadro das relações entre os homens
voltará a se modificar: vão se estabelecer entre eles relações de colaboração e
os bens materiais são distribuídos de acordo com o trabalho realizado.
Isto será assim porque, no Socialismo, os meios de produção pertencem à
sociedade.
2
Nota-se que as relações de produção dependem de em que mãos estão as
propriedades. Por isso, as relações de produção também são relações de
propriedade.
Os homens não podem viver sem se apropriarem de bens materiais por eles
criados. Ao fazê-lo, estabelecem entre si relações de propriedade.
A produção é impossível sem uma ou outra forma de propriedade como
forma historicamente determinada de apropriação dos bens.
A propriedade privada sobre os meios de produção gera relações de
exploração. A propriedade social determina relações de colaboração no
trabalho.

Do sistema primitivo à exploração


No princípio, a produção era muito baixa. Os instrumentos de trabalho
principais eram o machado de pedra, a lança e mais tarde o arco-e-flecha.
Agindo associadamente, conseguia-se satisfazer um mínimo de
necessidades. O produto do trabalho pertencia a todos.
Era o Comunismo Primitivo, que, ao contrário do novo Comunismo
proposto por Marx, baseava-se na escassez: no futuro, o Comunismo se
implantará pela abundância da produção altamente desenvolvida.
O Comunismo Primitivo (antiguidade) desapareceu justamente devido à
sua base nas privações. Logo os instrumentos de produção se aperfeiçoariam,
surgindo as ferramentas metálicas.
Dá-se, então, a divisão social do trabalho: uns cultivam a terra, outros
cuidam de animais ou se dedicam ao artesanato.
Com a divisão do trabalho, dá-se a necessidade da troca de produtos.
O lavrador precisa de carne, o pecuarista precisa de artigos manufaturados,
o artesão precisa de produtos agrícolas e assim por diante.
Só a troca é capaz de satisfazer essas necessidades.
Com o desenvolvimento dessas relações de produção e as trocas, surge a
propriedade privada, que vai gerar a desigualdade econômica. Essa
desigualdade permite que os anciãos e chefes das tribos enriqueçam.
Com a evolução dos instrumentos de trabalho, portanto, o homem começa
a produzir mais do que precisa para sobreviver.
Com o aparecimento de produção excedente – sobra – aparece pela
primeira a exploração do homem: os ricos subjugam os pobres e fazem
escravos os prisioneiros de guerra (a guerra é uma forma de obter
propriedade privada).
A seguir: Surge o Escravismo
Lições de Comunismo
número 5

A cada edição do PerCeBer você terá uma nova


página colecionável de O Capital em quadrinhos

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