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Uma pesquisa do SindusCon-SP e do Ministério do Trabalho e Emprego, com base em

informações coletadas pela Fundacentro (Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de


Segurança e Medicina do Trabalho), estima em 4.098 o número de acidentes fatais na
construção civil brasileira em 1997, o que representa uma média de 342 ocorrências por
mês. Apenas para se ter uma idéia, esse número de óbitos, que foi analisado e avalizado
pelos trabalhadores, seria suficiente para dizimar toda a população residente no
balneário fluminense de Armação de Búzios em dois anos.

    Além de elevadas em termos absolutos, as estatísticas indicam que o setor possui uma
média de acidentes fatais - 0,259 por mil trabalhadores - superior à média internacional,
estimada em 0,201 mortes por mil empregados. Uma tragédia para milhares de famílias,
amigos e para as empresas das vítimas, visto que as construtoras são quase unânimes em
afirmar que o impacto psicológico de um óbito em um canteiro de obras é devastador.

   Os acidentes que causaram afastamento profissional durante o ano de 1997, segundo a


pesquisa, foram responsáveis por mais de 110 mil dias de trabalho jogados no lixo. Um
prejuízo econômico para as empresas equivalente à compra de cerca de 10,7 mil
toneladas de cimento. A maior parte dos acidentes - e não poderia ser diferente, até
mesmo pelas características da construção civil brasileira, fatiada por milhares de
pequenas empresas - ocorre em pequenas construtoras.

    Correção e prevenção é o que indicam a pesquisa do SindusCon-SP e do Ministério


do Trabalho e Emprego e também o estudo do engenheiro Marcelo Costella batizado
"Análise dos acidentes do trabalho e doenças profissionais ocorridas na atividade de
construção civil no Rio Grande do Sul em 1996 e 1997". Segundo Costella, cerca de
85% dos acidentes do Estado ocorreram em pequenas ou microempresas. O dado
coincide com a percepção de construtores, consultores e fornecedores de EPIs
(Equipamentos de Proteção Individual). "As empresas pequenas, que não possuem
profissionais de segurança, costumam se preocupar pouco com a prevenção de
acidentes", afirma Alain Clement Lesser Lévy, diretor da I. C. Leal, importadora
paulista de EPIs.

    De acordo com a NR-18 (Norma Regulamentadora nº 18 do Ministério do Trabalho),


os equipamentos de proteção individual devem ser fornecidos de forma gratuita para os
empregados sempre que as medidas de proteção coletiva não forem viáveis do ponto de
vista técnico ou não oferecerem completa proteção aos operários. Os EPIs costumam
ser, entretanto, um dos bons indicadores das condições de segurança de uma obra. Claro
que, se não houver o desenvolvimento de um programa de segurança do trabalho ou se a
empresa preferir, ao invés de eliminar os riscos na fonte geradora, apenas proteger os
operários com esse tipo de equipamento, os resultados práticos serão nulos. Dispensar
os EPIs, porém, seria impossível.

    Tanto que as construtoras têm demonstrado preocupação com a qualidade e a


manipulação correta dos equipamentos disponíveis no mercado. Sabe-se, por exemplo,
que uma grande construtora paulista chegou a se reunir e discutir com vários
fornecedores o ciclo de vida das botinas existentes no mercado. O objetivo era escolher
o produto com maior durabilidade. As empresas sabem que cabe ao empregador treinar
o operário para o uso apropriado e obrigatório desses equipamentos, responsabilizando-
se pela higienização e manutenção periódicas.
    Nem sempre a tarefa é fácil. De acordo com o diretor de construção da paulista lnpar,
Luiz Henrique Ceotto, a empresa vem sendo obrigada a dispensar alguns operários que
se recusam a utilizar os EPIs. "Alguns trabalhadores argumentam que os equipamentos
são desconfortáveis ou dificultam demais a execução do serviço", afirma o engenheiro.
Os fornecedores sabem disso. "Conforto é sinônimo de uso", afirma Lévy, da I. C. Leal.
"Se o equipamento incomodar, haverá resistência dos operários. Por isso, a qualidade do
EPI é tão importante".

    Para acabar com problemas relacionados à qualidade, não apenas no que se refere ao
conforto mas, em especial, à eficácia desses equipamentos, existem algumas propostas.
Ceotto, da lnpar, por exemplo, propõe que o SindusCon-SP encomende ensaios
periódicos para averiguar a qualidade dos EPIs disponíveis no mercado e crie um selo
de conformidade para esses equipamentos. "Nesse caso, os construtores só comprariam
dos fabricantes com o selo do SindusCon", afirma o diretor da construtora paulista.

    A tendência, porém, é que a tarefa seja delegada ao lnmetro (Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Os fornecedores vêm se
movimentando nesse sentido. A idéia é que, além dos testes referentes ao certificado de
aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego, os EPIs passem por auditorias de
rotina promovidas pelo lnmetro, criando um selo de conformidade semelhante ao
adotado para os extintores de incêndio, por exemplo.

    De acordo com Gulin júnior, diretor da Animaseg (Associação Nacional da Indústria
de Materiais de Segurança e Proteção ao Trabalho), a medida está prevista para tomar
forma no ano 2000 e deve promover uma verdadeira reviravolta no mercado. "Muitos
fabricantes obtêm a aprovação do Ministério do Trabalho e depois passam a produzir
equipamentos sem qualidade", afirma. A idéia parece encontrar ressonância entre as
construtoras. "Uma fiscalização por parte da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) ou do lnmetro seria bem-vinda, pois muitos equipamentos possuem uma
durabilidade menor do que a desejada ou não atendem à finalidade para a qual se
destinam", afirma Onerom Paraense, vice-presidente do Sinduscon-Rio.

    Isso não retira dos empresários e dos profissionais de segurança que atuam nas
construtoras a responsabilidade de adquirir produtos de qualidade. "O profissional
precisa ser mais exigente e não pensar apenas no quesito preço", afirma Osny Ferreira
de Camargo, gerente técnico do departamento de soluções para saúde ocupacional e
segurança ambiental da 3M. "Um certificado de aprovação não constitui, em si, nenhum
diferencial de qualidade".

    Outro ponto fundamental é o treinamento. De nada adianta possuir os EPIs apenas
para cumprir a lei, sem garantir o uso da maneira adequada. "O treinamento inicial do
trabalhador, dentro das seis horas obrigatórias, deve incluir orientações sobre o uso
correto dos equipamentos", afirma o engenheiro de segurança do trabalho Bruno Bilbao
Adad, assessor do Sinduscon-PR. "Fora os treinamentos periódicos e os específicos para
atividades extraordinárias". O Sinduscon-PR desenvolveu, inclusive, um quadro com
pictogramas auto-adesivos que, conforme o trabalho a ser executado, indica com
desenhos o EPI a ser utilizado, facilitando o entendimento dos trabalhadores.

    "Se não houver treinamento com filmes e palestras, as chances de o operário deixar
de utilizar o equipamento aumentam", afirma o consultor paulista Salvador Benevides,
da NBS Tech. Pensando também na conscientização dos empresários, o SindusCon-SP
pretende promover, no início do ano 2000, um curso de doze meses para empresários e
profissionais da construção com cargos de chefia sobre gestão da segurança do trabalho.
"Nosso objetivo é oferecer aos associados orientações e caminhos que levem ao
desenvolvimento de uma política de segurança do trabalho", afirma Karla de Sá Fioretti,
coordenadora da área de relações capital-trabalho do SindusCon paulista.

    Não faltam opções para as construtoras interessadas na implementação de programas


de segurança. Tampouco existe qualquer limitação, nem mesmo financeira. De acordo
com o Sinduscon-PR, o custo da implantação de sistemas de saúde e segurança nos
canteiros costuma girar em torno de 1,5 a 2,5% sobre o valor total da obra. A questão
parece ser mais de iniciativa. O sindicato paranaense tem credenciais para falar sobre o
assunto: desenvolve, há mais de três anos, com grande sucesso, o PSS (Programa de
Segurança e Saúde), que reúne mais de cem empresas e perto de seis mil trabalhadores.
Uma saída coletiva que poderia servir de exemplo para todas as construtoras brasileiras.

    A relação abaixo (fonte: PCMat / José Carlos de Arruda Sampaio) mostra, para as
funções que os empregados executam na obra, quais os EPIs indicados:

 administração em geral - calçado de segurança;


 almoxarife - luva de raspa;
 armador - óculos de segurança contra impacto, avental de raspa, mangote de
raspa, luva de raspa, calçado de segurança;
 azulejista - óculos de segurança contra impacto, luva de PVC ou látex;
 carpinteiro - óculos de segurança contra impacto, protetor facial, avental de
raspa, luva de raspa, calçado de segurança;
 carpinteiro (serra) - máscara descartável, protetor facial, avental de raspa,
calçado de segurança;
 eletricista - óculos de segurança contra impacto, luva de borracha para
eletricista, calçado de segurança, cinturão de segurança para eletricista;
 encanador - óculos de segurança contra impacto, luva de PVC ou látex, calçado
de segurança;
 equipe de concretagem - luva de raspa, calçado de segurança;
 equipe de montagem (grua torre, guincho, montagens) - óculos de segurança -
ampla visão, máscara semifacial, protetor facial, avental de PVC, luva de PVC
ou látex, calçado de segurança;
 operador de betoneira - óculos de segurança - ampla visão, máscara semifacial,
protetor facial, avental de PVC, luva de PVC ou látex, calçado de segurança;
 operador de compactador - luva de raspa, calçado de segurança;
 operador de empilhadeira - calçado de segurança, colete refletivo;
 operador de guincho - luva de raspa, calçado de segurança;
 operador de máquinas móveis e equipamentos - luva de raspa, calçado de
segurança;
 operador de martelete - óculos de segurança contra impacto, máscara semifacial,
máscara descartável, avental de raspa, luva de raspa, calçado de segurança;
 operador de policorte - máscara semifacial, protetor facial, avental de raspa, luva
de raspa, calçado de segurança;
 pastilheiro - óculos de segurança - ampla visão, luva de PVC ou látex, calçado
de segurança;
 pedreiro - óculos de segurança contra impacto, luva de raspa, luva de PVC ou
látex, botas impermeáveis, calçado de segurança;
 pintor - óculos de segurança - ampla visão, máscara semifacial, máscara
descartável, avental de PVC, luva de PVC ou látex, calçado de segurança;
 poceiro - óculos de segurança - ampla visão, luva de raspa, luva de PVC ou
látex, botas impermeáveis, calçado de segurança;
 servente em geral - calçado de segurança (deve sempre utilizar os equipamentos
correspondentes aos da sua equipe de trabalho)
 soldador - óculos para serviços de soldagem, máscara para soldador, escudo para
soldador, máscara semifacial, protetor facial, avental de raspa, mangote de raspa,
luva de raspa, perneira de raspa, calçado de segurança;
 vigia - colete refletivo.

Nota: os EPI grifados são de uso eventual; os demais, de uso obrigatório.

Observações:

 o capacete é obrigatório para todas as funções;


 a máscara panorâmica deve ser utilizada pelos trabalhadores cuja função
apresentar necessidade de proteção facial e respiratória, em atividades especiais;
 o protetor auricular é obrigatório a qualquer função quando exposta a níveis de
ruído acima dos limites de tolerância da NR 15;
 a capa impermeável deve ser utilizada pelos trabalhadores cuja função requeira
exposição a garoas e chuvas;
 o cinturão de segurança tipo pára-quedista deve ser utilizado pelos trabalhadores
cuja função obrigue a trabalhos acima de 2m de altura;
 o cinto de segurança limitador de espaço deve ser utilizado pelos trabalhadores
cuja função exigir trabalho em beiradas de lajes, valas etc.
1 INTRODUÇÃO

Com o objetivo de mostrar como uma empresa lida com os acidentes dentro do respeito
às leis de segurança no trabalho, realizou-se esta pesquisa.  Foi feito um levantamento
dos acidentes de trabalho ocorridos na empresa do ramo da construção civil CLIP
EMPREENDIMENTOS E CONSTRUÇÃO LTDA ocorridos num período de dois
anos. Com isso, foram identificadas as ocorrências com precisão de tipo, quantidade,
causa, atividades atingidas, além de um estudo direcionado aos Equipamentos de
Proteção Individual (EPI). Também se avaliou a política de segurança no trabalho e os
procedimentos adotados para os casos de acidentes pela empresa.

A escolha deste tema se deve a ele estar diretamente relacionado à parte humana das
empresas com o foco na segurança das pessoas, considerando que os recursos humanos
representam os principais recursos empresariais.

Além disso, os acidentes de trabalho são freqüentes nas organizações e muitos deles não
são formalizados com a CAT – Comunicação de acidente de trabalho.

Outro fator determinante foi o desconhecimento dos integrantes do grupo em relação às


normas regulamentadoras que regem as atividades trabalhistas. Neste contexto,
procuramos analisar as causas das ocorrências na empresa, as ações corretivas e
preventivas, formas de controle, e demais considerações que oferecem impactos à área
da empresa que se responsabiliza pelas condições de trabalho.

2 ACIDENTES DE TRABALHO

O acidente de trabalho é caracterizado por lesão corporal, perturbação funcional ou


doença no local e durante o trabalho, ou durante o trajeto do empregado ao trabalho ou
em seu retorno ou durante o intervalo para refeição e descanso, bem como em viagens
de trabalho. Estas situações garantem à vítima direitos como pagamento de auxílio,
indenizações, pensões ou estabilidade no emprego (PINHEIRO, 2009).

Segundo a Lei nº. 8.213, de 24.7.1991, artigo 19, in verbis: “O acidente do trabalho é o
que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho
dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho” (BRASIL, 1991).

Anualmente, aproximadamente 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo morrem em


decorrência de acidentes de trabalho e doenças de origem ocupacional, de acordo com a
Organização Internacional do Trabalho (MORAES; PILATTI; KOVALESKI, 2005).

Acidentes de trabalho podem ocorrer em qualquer tipo de instituição, setor e profissão.


Entretanto, alguns trabalhadores são mais passíveis de sofrerem acidentes do que outros.
Entre os ramos de atividade que têm as piores condições de trabalho está a Indústria da
Construção Civil, apresentando altos índices de ocorrência em acidentes de trabalho
(SILVEIRA et al, 2005; SANTANA, NOBRE, WALDVOGEL, 2005).

As causas dos acidentes de trabalho podem ser classificadas em causas humanas, causas
materiais e causas fortuitas. As ações perigosas tomadas pelo próprio homem (causas
humanas) têm origem em fatores como incapacidade física ou mental, falta de
conhecimento, de experiência ou motivação, stress, não cumprimento das normas e
dificuldade em lidar com a figura de autoridade. As causas materiais, por sua vez, estão
ligadas a questões técnicas perigosas presentes no ambiente, ou ainda defeitos de
equipamentos. As causas chamadas de fortuitas são aquelas que não estão ligadas nem à
fatores humanos ou técnicos, são eventos raros, relacionados ao acaso e a fatalidades
(MORAES; PILATTI; KOVALESKI, 2005).

Pesquisa realizada em Hospital de Ribeirão Preto apresentou uma análise criteriosa de


prontuários médicos, a fim de levantar informações mais precisas sobre acidentes de
trabalho na construção civil. Concluiu-se que os fatores que motivam os acidentes são
vários, dentre eles: falta de critério ao recrutar empregados sem preparação e
informações sobre seus direitos que, em casos de acidentes acabam por assumir a
responsabilidade, más condições no acesso da obra, acúmulo e desorganização de
materiais pontiagudos nos canteiros de obra, baixa remuneração, baixa ingestão de
alimentos, trabalhos sob pressão em ritmo acelerado (SILVEIRA et al., 2005).

Quando ocorrem acidentes de trabalho o foco principal é a vida humana, no entanto, os


investimentos na função exercida pelo colaborador devem ser analisados, pois são
vários os fatores que causam prejuízos às empresas, como, falta de investimento em
capacitação e maquinário (RIBEIRO, 2009).

Ainda de acordo com Ribeiro (2009, “o cumprimento das normas de segurança é uma
responsabilidade das empresas”, ou seja, tem que haver uma política que atue na
fiscalização quanto ao cumprimento dessas normas uma vez que as empresas tendem a
obter resultados positivos desde que haja respeito à vida humana e planejamento
preventivo de acidentes. Pinto Filho (2008) define muito bem a importância da
prevenção quando diz que “a prevenção aos acidentes é a ferramenta mais importante
para evitar a incapacitação de milhares de trabalhadores”.

O procedimento correto que deve ser tomado pela empresa quando ocorre um AT é
registrar junto ao INSS a Comunicação de Acidente de Trabalho, conhecido pela sigla
CAT, independente se houve ou não o afastamento do empregado, porque, caso esse
procedimento não seja realizado, implicará o pagamento de multa (BIBLIOMED,
2006).

Estudo realizado na cidade de Salvador identificou que cerca de 31% dos atendidos em
pronto-socorro sofreram acidentes de trabalho. Destes, 37% tinham carteira assinada,
mas apenas 45% tiveram seu acidente notificado para a Previdência. Isso indica que há
um alto nível de sub-registro dos acidentes de trabalho, mesmo entre os trabalhadores
do setor formal (CONCEIÇÃO et. al., 2003).

De acordo com os dados do Ministério da Previdência Social (2007), durante o ano de


2008, foram registrados no INSS aproximadamente 747,7 mil acidentes do trabalho. Em
comparação com os dados de 2007, houve um aumento de 13,4% no número de
acidentes. Os trabalhadores do sexo masculino somam 78,8% das vítimas de acidentes
considerados típicos, e as pessoas do sexo feminino 21,2%. Em relação aos acidentes
típicos e nos de trajeto, a faixa etária que mais sofre acidentes é a de pessoas jovens, de
20 a 29 anos com, respectivamente, 39,8% e 42,7% do total de acidentes registrados.

As leis existem, porém não se aplicam à boa parte dos acidentes pois “eles matam oito
brasileiros por dia e esta conta pode ser muito maior, já que não inclui os 40 milhões de
brasileiros da economia informal” PINTO FILHO (2008). O trabalho informal é um
problema não só no setor civil como em outros setores, e isso faz com que muitos casos
não recebam a tratativa adequada.

Mesmo com o número elevado de acidentes as empresas não comentam, pois além de
diminuir a sua boa imagem, acidentes significam responsabilidade, danos materiais e
morais. Tão grave quanto à informalidade das relações contratuais é a prática por meio
de conflitos judiciais para fazer com que os operários reconheçam a culpa dos próprios
acidentes, amparando, assim, alguns casos de negligência e de descaso do empregador,
que tem o dever de “se antecipar às possíveis negligências do trabalhador, às suas
omissões” (GUEDES, 2008).

3 METODOLOGIA

A pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada na empresa CLIP


EMPREENDIMENTOS E CONSTRUÇÃO LTDA, situada em Belo Horizonte, Minas
Gerais. A empresa está no mercado há 8 anos e o seu foco é gerir empreendimentos e
elaborar projetos inteligentes. A escolha da empresa se deve ao seu bom conceito e
crescimento.

Foi realizada uma entrevista, previamente agendada, com a responsável do setor de


Recursos Humanos. As informações do roteiro elaborado foram voltadas para a gestão
preventiva de acidentes, histórico da empresa, formas de controle, estrutura do setor de
Recursos Humanos e sua atuação.
Durante a entrevista foram obtidas informações sobre as ocorrências de acidentes no
período de 2 anos, o que motivou cada acidente, as consequências, os cargos atingidos e
os procedimentos tomados, a importância do RH, a composição da CIPA, frequência
dos treinamentos para atender a NR 18, e os equipamentos de proteção individual
utilizados na empresa.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A empresa CLIP Engenharia tem sede em Belo Horizonte, onde foi realizado o estudo,
foi fundada em 2001 e possui um quadro de 500 funcionários. O foco desta empresa é
elaborar projetos inteligentes para atender uma demanda crescente de personalização,
buscando o equilíbrio ideal da equação entre custos e soluções de engenharia.

A empresa possui um setor de Recursos Humanos que visa promover a ascensão e


qualidade de vida dos profissionais: “Trabalhamos para manter as equipes sempre
motivadas, no sentido de proporcionarmos realização pessoal e profissional para todos
os colaboradores”, afirma Albergaria (2009).

A empresa não possui uma política de segurança do trabalho formalizada, somente


política da qualidade, que por sua vez, foi elaborada recentemente devido à auditoria
para certificação da ISSO 9001:2008 em janeiro de 2010.

A empresa possui CIPA formada e, todo o processo é realizado na própria empresa.


Porém, somente a filial de Barbacena possui CIPA, pois, nesta obra há mais de 70
funcionários.

É feito um treinamento inicial da parte de segurança para atender a NR 18 e depois são


realizados treinamentos periódicos (seis em seis meses) para fortalecer a consciência da
importância do uso correto dos equipamentos de proteção individual e coletivo. Existe
um técnico de segurança do trabalho em cada obra, que monitora e orienta os
funcionários, diariamente, quanto à utilização dos EPIs.

Os equipamentos de segurança nessa empresa são: botina, capacete, protetores


auriculares, luvas (armação e látex), cinto e óculos.

Quando há acidentes de trabalho, o administrador da obra encaminha o funcionário para


atendimento (HOSPITAL JOÃO XXIII), emite a CAT, que é entregue no hospital e
devolvida com assinatura médica e atestado do mesmo, para ser encaminhada para o
INSS.

Durante o período de dois anos foram registrados apenas três acidentes. Em fevereiro de
2007 um pedreiro perfurou o pé ao pisar em um prego no canteiro de obras. Esse
acidente ocorreu mesmo com o uso de equipamento de segurança. O acidente foi
causado devido à desorganização da obra, pois todos os materiais devem ser retirados
do local assim que terminarem o uso. Esse funcionário foi encaminhado para o
atendimento no hospital João XXIII.

A CLIP Engenharia emitiu a CAT, que foi entregue ao hospital no momento da entrada
do paciente. Após diagnóstico do médico responsável pelo atendimento, constatou-se a
necessidade de afastamento das atividades normais de trabalho por 30 dias, a partir da
data do acidente, consequentemente o empregado foi encaminhado ao INSS, com o
atestado e o comunicado assinado pelo médico.            O episódio não foi mais grave,
pois o funcionário utilizava os equipamentos de proteção individual, no entanto, o uso
de materiais não evitou a perfuração do corpo do empregado.

Com isso, fica nítido que os funcionários devem receber treinamentos de capacitação e
orientação profissional para otimizar o ambiente de trabalho e conceder aos
colaboradores a segurança necessária para as atividades. Estes devem ocorrer
periodicamente para prevenir a ocorrência de não conformidades como a de fevereiro de
2007.

Em março de 2008, outra ocorrência marcou a história da empresa, dessa vez, havia na
CLIP Engenharia uma obra para reforma de um escritório. A equipe era constituída por
5 pessoas que trabalhavam sem equipamento de proteção individual. Nessas condições,
um pedreiro, distraído, durante uma análise da laje do escritório caiu do primeiro andar
do prédio. A empresa adotou o mesmo procedimento em relação ao acidente de 2007,
encaminhou o funcionário para o hospital João XXIII junto ao comunicado de acidente
de trabalho. Após análise do médico não foram constatados lesões graves, somente
escoriações nos braços e pernas, consequentemente, o funcionário recebeu uma licença
de 15 dias.

Ficou claro que as características do empregado qualificado para função vão além das
capacidades técnicas (execução das atividades com eficácia), é necessário o
desenvolvimento de habilidades intelectuais, imprescindíveis para a execução das
tarefas. Um bom exemplo é o índice de criticidade e atenção dos colaboradores que
poderia evitar a ocorrência do acidente na laje do escritório. As escoriações nos braços e
pernas do colaborador poderiam ser evitadas ou minimizadas caso o funcionário no
momento do acidente estivesse com os equipamentos de proteção individual.

O terceiro acidente registrado pela CLIP Engenharia despertou a atenção dos gestores
da empresa. Dessa vez, um serralheiro, serrou três dedos durante uma tarefa de rotina. O
curioso é que não havia negligência ou imprudência no processo. Segundo informações
do Departamento Humano, a possível causa do acidente seria a distração ou falha
humana, uma vez que esse processo é rotineiro. É importante ressaltar que o funcionário
usava equipamentos de proteção individual, que não minimizaram os efeitos do grau do
acidente.

A ocorrência foi a mais grave da empresa, e conforme os registros anteriores, o


colaborador foi encaminhado ao Hospital João XXIII, para avaliação médica. Após
avaliação o colaborador recebeu 15 dias de licença, com prorrogação de mais 30 dias
para recuperação do ferimento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise dos dados apresentados, ficou clara a importância da discussão deste
assunto e da implantação de métodos preventivos e de controle como a CIPA,
treinamentos, monitoria, equipamentos e respeito às leis para proporcionar a segurança
dos trabalhadores nas organizações.
Foi visto que as perdas, quando ocorrem acidentes de trabalho, são financeiras,
materiais e humanas, sendo esta última a mais grave de todas.

Constatamos que a CLIP Engenharia e Construções Ltda, se preocupa com o bem estar
dos seus colaboradores, por meio de ferramentas de melhoria contínua, como por
exemplo: a composição da CIPA e a política da qualidade.

O maior diferencial competitivo que uma empresa possui são as pessoas, os seus
talentos, a CLIP dá um bom exemplo a ser seguido, pois é de conhecimento que as
condições de trabalho são de muita importância em todo o contexto organizacional

RERERÊNCIAS

ALBERGARIA, Priscila. Acidente de Trabalho. Belo Horizonte: CLIP


Empreendimentos e Construção Ltda. 09 set 2009. Entrevista a Jérsica Franciele
Miranda.

BIBLIOMED. Acidentes de Trabalho. Boa Saúde, 27 Jul 2007. Disponível em . Acesso


em: 12 set 2009.

BRASIL, Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 20 Nov 2009.

CONCEIÇÃO, Paulo Sérgio de Andrade et al. Acidentes de Trabalho Atendidos em


Serviços de Emergência. Cadernos de Saúde Pública (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, v. 19,
n. 1, 2003, p. 111-117.

GUEDES, Márcia Novaes. Acidente de trabalho: protegendo a imprudência. Pastoral do


Migrante, 23 Mai 2008. Disponível em: . Acesso em: 03 Out 2009.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Anuário Estatístico da Previdência Social


– AEPS 2008. Disponível em: . Acesso em: 12 Out 2009.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO. Anuário Estatístico de Acidentes


de Trabalho: AEAT 2007. v. 1., 718p. Disponível em: . Acesso em: 12 Out 2009.

MORAES, Gláucia Therezinha Bardi de; PILATTI, Luiz Alberto; KOVALESKI, João
Luiz . Acidentes de trabalho: fatores e influências comportamentais. Tecnologia &
Humanismo, v. 20, 2006, p. 155-166.

PINHEIRO, Adriano Martins. Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais, 22 Jul


2009. Disponível em: <HTTP://www.artigonal.com/direito-artigos/acidente-de-
trabalho-e-doencas-ocupacionais-1061178.html>. Acesso em: 04 Set 2009.

PINTO FILHO, João Carlos. Acidente de trabalho: O Quadro Brasil, 2008. Disponível
em: < HTTP://www.segurancanotrabalho.eng.br/artigos/acid_brasil.html>. Acesso em:
04 Set 2009.

RIBEIRO, Valdeci T. O acidente de trabalho e as perdas materiais. Disponível em: <


HTTP://www.liveseg.com/artigos_acid_trab_perd_mat.html>. Acesso em: 04 Set 2009.
SANTANA, Vilma; NOBRE, Letícia; WALDVOGEL, Bernadette Cunha. Acidentes de
trabalho no Brasil entre 1994 e 2004: uma revisão. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de
Janeiro,  v. 10,  n. 4, Dec.  2005, p. 841-855.

SILVEIRA, Cristiane Aparecida et al. Acidentes de trabalho na construção civil


identificados através de prontuários hospitalares. Rem: Rev. Esc. Minas,  Ouro Preto,  v.
58,  n. 1, Mar 2005, p. 39-44.

Belo Horizonte, 02 de março, 2010.


RESUMO

O setor de construção civil apresenta um dos maiores índices de acidentes de trabalho, muitos
deles, fatais. Em virtude disso, foi realizado um estudo de caso numa empresa do ramo da
construção civil e constataram-se as ocorrências de acidentes de trabalho no período de dois
anos consecutivos e a tratativa para os mesmos. Após o término da pesquisa foi constatado
que, a Clip Engenharia preocupa-se com as condições de trabalho por meio de ferramentas de
controle e prevenção de acidentes.

Palavras-chave: acidente de trabalho, construção civil, estudo de caso.

1 INTRODUÇÃO

Com o objetivo de mostrar como uma empresa lida com os acidentes dentro do respeito às leis
de segurança no trabalho, realizou-se esta pesquisa. Foi feito um levantamento dos acidentes
de trabalho ocorridos na empresa do ramo da construção civil CLIP EMPREENDIMENTOS E
CONSTRUÇÃO LTDA ocorridos num período de dois anos. Com isso, foram identificadas as
ocorrências com precisão de tipo, quantidade, causa, atividades atingidas, além de um estudo
direcionado aos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Também se avaliou a política de
segurança no trabalho e os procedimentos adotados para os casos de acidentes pela empresa.

A escolha deste tema se deve a ele estar diretamente relacionado à parte humana das
empresas com o foco na segurança das pessoas, considerando que os recursos humanos
representam os principais recursos empresariais.

Além disso, os acidentes de trabalho são freqüentes nas organizações e muitos deles não são
formalizados com a CAT – Comunicação de acidente de trabalho.
Outro fator determinante foi o desconhecimento dos integrantes do grupo em relação às
normas regulamentadoras que regem as atividades trabalhistas.
Neste contexto, procuramos analisar as causas das ocorrências na empresa, as ações
corretivas e preventivas, formas de controle, e demais considerações que oferecem impactos à
área da empresa que se responsabiliza pelas condições de trabalho.
2 ACIDENTES DE TRABALHO

O acidente de trabalho é caracterizado por lesão corporal, perturbação funcional ou doença no


local e durante o trabalho, ou durante o trajeto do empregado ao trabalho ou em seu retorno
ou durante o intervalo para refeição e descanso, bem como em viagens de trabalho. Estas
situações garantem à vítima direitos como pagamento de auxílio, indenizações, pensões ou
estabilidade no emprego (PINHEIRO, 2009).

Segundo a Lei nº. 8.213, de 24.7.1991, artigo 19, in verbis: "O acidente do trabalho é o que
ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho" (BRASIL, 1991).

Anualmente, aproximadamente 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo morrem em


decorrência de acidentes de trabalho e doenças de origem ocupacional, de acordo com a
Organização Internacional do Trabalho (MORAES; PILATTI; KOVALESKI, 2005).

Acidentes de trabalho podem ocorrer em qualquer tipo de instituição, setor e profissão.


Entretanto, alguns trabalhadores são mais passíveis de sofrerem acidentes do que outros.
Entre os ramos de atividade que têm as piores condições de trabalho está a Indústria da
Construção Civil, apresentando altos índices de ocorrência em acidentes de trabalho (SILVEIRA
et al, 2005; SANTANA, NOBRE, WALDVOGEL, 2005).

As causas dos acidentes de trabalho podem ser classificadas em causas humanas, causas
materiais e causas fortuitas. As ações perigosas tomadas pelo próprio homem (causas
humanas) têm origem em fatores como incapacidade física ou mental, falta de conhecimento,
de experiência ou motivação, stress, não cumprimento das normas e dificuldade em lidar com
a figura de autoridade. As causas materiais, por sua vez, estão ligadas a questões técnicas
perigosas presentes no ambiente, ou ainda defeitos de equipamentos.

As causas chamadas de fortuitas são aquelas que não estão ligadas nem à fatores humanos ou
técnicos, são eventos raros, relacionados ao acaso e a fatalidades (MORAES; PILATTI;
KOVALESKI, 2005).

Pesquisa realizada em Hospital de Ribeirão Preto apresentou uma análise criteriosa de


prontuários médicos, a fim de levantar informações mais precisas sobre acidentes de trabalho
na construção civil. Concluiu-se que os fatores que motivam os acidentes são vários, dentre
eles: falta de critério ao recrutar empregados sem preparação e informações sobre seus
direitos que, em casos de acidentes acabam por assumir a responsabilidade, más condições no
acesso da obra, acúmulo e desorganização de materiais pontiagudos nos canteiros de obra,
baixa remuneração, baixa ingestão de alimentos, trabalhos sob pressão em ritmo acelerado
(SILVEIRA et al., 2005).

Quando ocorrem acidentes de trabalho o foco principal é a vida humana, no entanto, os


investimentos na função exercida pelo colaborador devem ser analisados, pois são vários os
fatores que causam prejuízos às empresas, como, falta de investimento em capacitação e
maquinário (RIBEIRO, 2009).

Ainda de acordo com Ribeiro (2009, "o cumprimento das normas de segurança é uma
responsabilidade das empresas", ou seja, tem que haver uma política que atue na fiscalização
quanto ao cumprimento dessas normas uma vez que as empresas tendem a obter resultados
positivos desde que haja respeito à vida humana e planejamento preventivo de acidentes.
Pinto Filho (2008) define muito bem a importância da prevenção quando diz que "a prevenção
aos acidentes é a ferramenta mais importante para evitar a incapacitação de milhares de
trabalhadores".

O procedimento correto que deve ser tomado pela empresa quando ocorre um AT é registrar
junto ao INSS a Comunicação de Acidente de Trabalho, conhecido pela sigla CAT,
independente se houve ou não o afastamento do empregado, porque, caso esse procedimento
não seja realizado, implicará o pagamento de multa (BIBLIOMED, 2006).

Estudo realizado na cidade de Salvador identificou que cerca de 31% dos atendidos em pronto-
socorro sofreram acidentes de trabalho. Destes, 37% tinham carteira assinada, mas apenas
45% tiveram seu acidente notificado para a Previdência. Isso indica que há um alto nível de
sub-registro dos acidentes de trabalho, mesmo entre os trabalhadores do setor formal
(CONCEIÇÃO et. al., 2003).

De acordo com os dados do Ministério da Previdência Social (2007), durante o ano de 2008,
foram registrados no INSS aproximadamente 747,7 mil acidentes do trabalho. Em comparação
com os dados de 2007, houve um aumento de 13,4% no número de acidentes. Os
trabalhadores do sexo masculino somam 78,8% das vítimas de acidentes considerados típicos,
e as pessoas do sexo feminino 21,2%. Em relação aos acidentes típicos e nos de trajeto, a faixa
etária que mais sofre acidentes é a de pessoas jovens, de 20 a 29 anos com, respectivamente,
39,8% e 42,7% do total de acidentes registrados.

As leis existem, porém não se aplicam à boa parte dos acidentes pois "eles matam oito
brasileiros por dia e esta conta pode ser muito maior, já que não inclui os 40 milhões de
brasileiros da economia informal" PINTO FILHO (2008). O trabalho informal é um problema
não só no setor civil como em outros setores, e isso faz com que muitos casos não recebam a
tratativa adequada.

Mesmo com o número elevado de acidentes as empresas não comentam, pois além de
diminuir a sua boa imagem, acidentes significam responsabilidade, danos materiais e morais.
Tão grave quanto à informalidade das relações contratuais é a prática por meio de conflitos
judiciais para fazer com que os operários reconheçam a culpa dos próprios acidentes,
amparando, assim, alguns casos de negligência e de descaso do empregador, que tem o dever
de "se antecipar às possíveis negligências do trabalhador, às suas omissões" (GUEDES, 2008).

3 METODOLOGIA

A pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada na empresa CLIP EMPREENDIMENTOS E


CONSTRUÇÃO LTDA, situada em Belo Horizonte, Minas Gerais. A empresa está no mercado há
8 anos e o seu foco é gerir empreendimentos e elaborar projetos inteligentes. A escolha da
empresa se deve ao seu bom conceito e crescimento.

Foi realizada uma entrevista, previamente agendada, com a responsável do setor de Recursos
Humanos. As informações do roteiro elaborado foram voltadas para a gestão preventiva de
acidentes, histórico da empresa, formas de controle, estrutura do setor de Recursos Humanos
e sua atuação.

Durante a entrevista foram obtidas informações sobre as ocorrências de acidentes no período


de 2 anos, o que motivou cada acidente, as consequências, os cargos atingidos e os
procedimentos tomados, a importância do RH, a composição da CIPA, frequência dos
treinamentos para atender a NR 18, e os equipamentos de proteção individual utilizados na
empresa.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A empresa CLIP Engenharia tem sede em Belo Horizonte, onde foi realizado o estudo, foi
fundada em 2001 e possui um quadro de 500 funcionários. O foco desta empresa é elaborar
projetos inteligentes para atender uma demanda crescente de personalização, buscando o
equilíbrio ideal da equação entre custos e soluções de engenharia.

A empresa possui um setor de Recursos Humanos que visa promover a ascensão e qualidade
de vida dos profissionais: "Trabalhamos para manter as equipes sempre motivadas, no sentido
de proporcionarmos realização pessoal e profissional para todos os colaboradores", afirma
Albergaria (2009).

A empresa não possui uma política de segurança do trabalho formalizada, somente política da
qualidade, que por sua vez, foi elaborada recentemente devido à auditoria para certificação da
ISSO 9001:2008 em janeiro de 2010.

A empresa possui CIPA formada e, todo o processo é realizado na própria empresa. Porém,
somente a filial de Barbacena possui CIPA, pois, nesta obra há mais de 70 funcionários.

É feito um treinamento inicial da parte de segurança para atender a NR 18 e depois são


realizados treinamentos periódicos (seis em seis meses) para fortalecer a consciência da
importância do uso correto dos equipamentos de proteção individual e coletivo. Existe um
técnico de segurança do trabalho em cada obra, que monitora e orienta os funcionários,
diariamente, quanto à utilização dos EPIs.

Os equipamentos de segurança nessa empresa são: botina, capacete, protetores auriculares,


luvas (armação e látex), cinto e óculos.
Quando há acidentes de trabalho, o administrador da obra encaminha o funcionário para
atendimento (HOSPITAL JOÃO XXIII), emite a CAT, que é entregue no hospital e devolvida com
assinatura médica e atestado do mesmo, para ser encaminhada para o INSS.

Durante o período de dois anos foram registrados apenas três acidentes. Em fevereiro de 2007
um pedreiro perfurou o pé ao pisar em um prego no canteiro de obras. Esse acidente ocorreu
mesmo com o uso de equipamento de segurança. O acidente foi causado devido à
desorganização da obra, pois todos os materiais devem ser retirados do local assim que
terminarem o uso. Esse funcionário foi encaminhado para o atendimento no hospital João
XXIII.

A CLIP Engenharia emitiu a CAT, que foi entregue ao hospital no momento da entrada do
paciente. Após diagnóstico do médico responsável pelo atendimento, constatou-se a
necessidade de afastamento das atividades normais de trabalho por 30 dias, a partir da data
do acidente, consequentemente o empregado foi encaminhado ao INSS, com o atestado e o
comunicado assinado pelo médico.

O episódio não foi mais grave, pois o funcionário utilizava os equipamentos de proteção
individual, no entanto, o uso de materiais não evitou a perfuração do corpo do empregado.

Com isso, fica nítido que os funcionários devem receber treinamentos de capacitação e
orientação profissional para otimizar o ambiente de trabalho e conceder aos colaboradores a
segurança necessária para as atividades. Estes devem ocorrer periodicamente para prevenir a
ocorrência de não conformidades como a de fevereiro de 2007.

Em março de 2008, outra ocorrência marcou a história da empresa, dessa vez, havia na CLIP
Engenharia uma obra para reforma de um escritório. A equipe era constituída por 5 pessoas
que trabalhavam sem equipamento de proteção individual. Nessas condições, um pedreiro,
distraído, durante uma análise da laje do escritório caiu do primeiro andar do prédio. A
empresa adotou o mesmo procedimento em relação ao acidente de 2007, encaminhou o
funcionário para o hospital João XXIII junto ao comunicado de acidente de trabalho. Após
análise do médico não foram constatados lesões graves, somente escoriações nos braços e
pernas, consequentemente, o funcionário recebeu uma licença de 15 dias.

Ficou claro que as características do empregado qualificado para função vão além das
capacidades técnicas (execução das atividades com eficácia), é necessário o desenvolvimento
de habilidades intelectuais, imprescindíveis para a execução das tarefas. Um bom exemplo é o
índice de criticidade e atenção dos colaboradores que poderia evitar a ocorrência do acidente
na laje do escritório.
As escoriações nos braços e pernas do colaborador poderiam ser evitadas ou minimizadas caso
o funcionário no momento do acidente estivesse com os equipamentos de proteção individual.

O terceiro acidente registrado pela CLIP Engenharia despertou a atenção dos gestores da
empresa. Dessa vez, um serralheiro, serrou três dedos durante uma tarefa de rotina. O curioso
é que não havia negligência ou imprudência no processo. Segundo informações do
Departamento Humano, a possível causa do acidente seria a distração ou falha humana, uma
vez que esse processo é rotineiro. É importante ressaltar que o funcionário usava
equipamentos de proteção individual, que não minimizaram os efeitos do grau do acidente.

A ocorrência foi a mais grave da empresa, e conforme os registros anteriores, o colaborador foi
encaminhado ao Hospital João XXIII, para avaliação médica. Após avaliação o colaborador
recebeu 15 dias de licença, com prorrogação de mais 30 dias para recuperação do ferimento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise dos dados apresentados, ficou clara a importância da discussão deste assunto e
da implantação de métodos preventivos e de controle como a CIPA, treinamentos, monitoria,
equipamentos e respeito às leis para proporcionar a segurança dos trabalhadores nas
organizações.

Foi visto que as perdas, quando ocorrem acidentes de trabalho, são financeiras, materiais e
humanas, sendo esta última a mais grave de todas.
Constatamos que a CLIP Engenharia e Construções Ltda, se preocupa com o bem estar dos
seus colaboradores, por meio de ferramentas de melhoria contínua, como por exemplo: a
composição da CIPA e a política da qualidade.

O maior diferencial competitivo que uma empresa possui são as pessoas, os seus talentos, a
CLIP dá um bom exemplo a ser seguido, pois é de conhecimento que as condições de trabalho
são de muita importância em todo o contexto organizacional.

RERERÊNCIAS

ALBERGARIA, Priscila. Acidente de Trabalho. Belo Horizonte: CLIP Empreendimentos e


Construção Ltda. 09 set 2009. Entrevista a Jérsica Franciele Miranda.

BIBLIOMED. Acidentes de Trabalho. Boa Saúde, 27 Jul 2007. Disponível em . Acesso em: 12 set
2009.
BRASIL, Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: . Acesso em: 20 Nov 2009.

CONCEIÇÃO, Paulo Sérgio de Andrade et al. Acidentes de Trabalho Atendidos em Serviços de


Emergência. Cadernos de Saúde Pública (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, 2003, p. 111-
117.

GUEDES, Márcia Novaes. Acidente de trabalho: protegendo a imprudência. Pastoral do


Migrante, 23 Mai 2008. Disponível em: . Acesso em: 03 Out 2009.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Anuário Estatístico da Previdência Social - AEPS 2008.


Disponível em: . Acesso em: 12 Out 2009.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO. Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho:


AEAT 2007. v. 1., 718p. Disponível em: . Acesso em: 12 Out 2009.

MORAES, Gláucia Therezinha Bardi de; PILATTI, Luiz Alberto; KOVALESKI, João Luiz . Acidentes
de trabalho: fatores e influências comportamentais. Tecnologia & Humanismo, v. 20, 2006, p.
155-166.

PINHEIRO, Adriano Martins. Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais, 22 Jul 2009.


Disponível em:
. Acesso em: 04 Set 2009.

PINTO FILHO, João Carlos. Acidente de trabalho: O Quadro Brasil, 2008. Disponível em: .
Acesso em: 04 Set 2009.

RIBEIRO, Valdeci T. O acidente de trabalho e as perdas materiais. Disponível em: <


HTTP://www.liveseg.com/artigos_acid_trab_perd_mat.html>. Acesso em: 04 Set 2009.

SANTANA, Vilma; NOBRE, Letícia; WALDVOGEL, Bernadette Cunha. Acidentes de trabalho no


Brasil entre 1994 e 2004: uma revisão. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, Dec.
2005, p. 841-855.

SILVEIRA, Cristiane Aparecida et al. Acidentes de trabalho na construção civil identificados


através de prontuários hospitalares. Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto, v. 58, n. 1, Mar 2005, p.
39-44.

Autores: Janaína Rodrigues, Jérsica Franciele Miranda, Laura Coelho Frutuoso,


Naiara Gabriela dos Anjos e Paulo Ricardo Gomes.

Belo Horizonte, 02 de março, 2010.


Autor: Jérsica Franciele Miranda

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