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1 Evolução Histórica da Produção e Administração da Produção

O fator produção é tido como a agregação de valor em um material diverso,


este terá maior utilidade ao homem e conseqüentemente maior valor comercial. A
humanidade procura desde os tempos primórdios a melhoria contínua em seus
processos produtivos com o intuito de obter maior conforto e facilidade. Desde
então, a humanidade adquiriu e desenvolveu diversas formas de se produzir
muitos produtos e também passaram a comercializá-los, conforme a afirmação de
Martins Laugeni:
“A função produção, entendida como um conjunto de atividades
que levam à transformação de um bem tangível em outro com maior
utilidade, acompanha o homem desde sua origem. Quando polia a pedra
a fim de transformá-la em utensílio mais eficaz, o homem pré-histórico
estava executando uma atividade de produção. Nesse primeiro estágio,
as ferramentas e os utensílios eram utilizados exclusivamente por quem
os produzia, ou seja, inexistia o comércio, mesmo que de troca ou
escambo.
Com o passar do tempo, muitas pessoas se revelaram
extremamente habilidosas na produção de certos bens, e passaram a
produzi-los conforme solicitação e especificações apresentadas por
terceiros. Surgiam então os primeiros artesãos e a primeira forma de
produção organizada, já que os artesãos estabeleciam prazos de
entrega, conseqüentemente estabelecendo prioridades e fixavam preços
para suas encomendas. A produção artesanal também evoluiu. Os
artesãos, em face do grande número de encomendas, começaram a
contratar ajudantes, que inicialmente faziam os trabalhos mais grosseiros
e de menor responsabilidade. À medida que aprendiam o ofício,
entretanto, esses ajudantes se tornavam novos artesãos”. (MARTINS e
LAUGENI, 2005, p. 2).
Nota-se que desde inícios de nossa era o homem está evoluindo
constantemente, cada evolução, muitas das vezes, exige uma necessidade que
até então não era vislumbrada e uma nova forma de geri-la tem de ser
desenvolvida.
A decadência da produção artesanal não encerrou seu ciclo de realidade
única com o afloramento da Revolução Industrial. A criação de máquinas a vapor
deu um ponta pé inicial no processo de substituição da força humana e animal,
antes aplicada em larga escala. Os artesãos que trabalhavam por conta passaram
a fazer parte dos quadros de colaboradores das industriais, como também é
descrito por Martins e Laugeni:
“A produção artesanal começou a entrar em decadência com o
advento da Revolução Industrial. Com a descoberta da máquina a vapor
em 1764 por James Watt, tem início o processo de substituição da força
humana pela força da máquina. Os artesãos, que até então trabalhavam
em suas próprias oficinas, começaram a ser agrupados nas primeiras
fábricas. Essa verdadeira revolução na maneira como os produtos eram
fabricados trouxe consigo algumas exigências. Por exemplo:
Padronização dos produtos, padronização dos processos de fabricação,
criação dos quadros gerenciais e de supervisão, desenvolvimento de
técnicas de planejamento e controla da produção, desenvolvimento de
técnicas de planejamento e controle financeiro, desenvolvimento de
técnicas de vendas”. (MARTINS e LAUGENI, 2005, p. 2).
A mecanização trouxe um grande avanço nos processos produtivos e pode-
se afirmar que até para a própria evolução da espécie. Descobertas da época
somam como base até em dias atuais para o desenvolvimento, seguindo a
abordagem de Chiavenato:
“Com a invenção da máquina a vapor [...] sua aplicação à
produção, surgiu a nova concepção de trabalho que modificou
completamente a estrutura social e comercial da época, provocando
profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social
que, em um lapso de século, foram maiores do que as mudanças
ocorridas em todo o milênio anterior [...].” (CHIAVENATO, 2000, p. 30).
No século XIX nos Estados Unidos, trabalhos de destaque se consolidaram
com os desenvolvimentos de Frederick W. Taylor, este considerado o pai da
Administração Científica. Ele elaborou o conceito de produtividade, treinamento de
operários, estabelecimentos de movimentos e tempos, entre outros. Conceitos de
administração que é hoje tão comum e obviou, naquela data era algo necessário e
que não se tinha conhecimento ou noção, até mesmo teórica, como é
demonstrado por Martins e Laugeni:
“[...] Frederick W. Taylor, considerado o pai da Administração Científica,
que é a combinação de ciência no lugar empirismo. Taylor elaborou o
conceito de produtividade, isto é, a procura incessante de se obter
melhoria de produtividade com o menor custo possível, medida
quantitativa do que foram produzidos, como quantidade e recursos de
manufatura, estabelecer padrões de tempos e movimentos, treinar
operários, entre outras. O fracasso ou sucesso das empresas pode ser
analisado por estes importantes indicadores”. (MARTINS e LAUGENI,
2005, p. 2).
No antigo continente europeu, surge Henri Fayol, este por sua vez pai da
Teoria Clássica que visa por bases científicas e organização maximizar a
eficiência das empresas. As funções administrativas referentes a Teoria Clássica
classificam-se no planejamento, organização, comando, coordenação e controle.
O comando é o destaque desta teoria, o sistema fechado, a obsessão pelo
comando e a manipulação de trabalhadores. Teorias desenvolvidas por ambos,
embora algumas opostas se mantiveram firmes até as quatro primeiras décadas
do século XX, como é afirmado por Chiavenato:
“O outro era Europeu, Henri Fayol, e desenvolveu a chamada
Teoria Clássica, preocupada em aumentar a eficiência da empresa por
meio de sua organização e da aplicação de princípios gerais da
administração em bases científicas. Muito embora ambos não tiver se
comunicado entre si e tenham partido de pontos de vistas diferentes e
mesmos opostos, o certo é que suas idéias constituem a base da chama
da Abordagem Clássica da Administração, cujos resultados dominaram
as quatro primeiras décadas do século XX no panorama administrativo
das organizações”. (CHIAVENATO, 2000, p. 30).
A linha de montagem seriada foi criada na década de 10 por Henry Ford,
revolucionando os métodos e processos produtivos até então inexistentes, tudo
que existia na época ficou para trás. Surge o conceito de produção em massa,
caracterizada por grandes volumes de produtos extremamente padronizados, isto
é, baixíssima variação de produtos finais. Essa busca da melhoria da
produtividade por meio de novas técnicas definiu o que se denominou engenharia
industrial. Novos conceitos foram introduzidos, como a linha de montagem, posto
de trabalho, estoques Intermediários, monotonia do trabalho, arranjo físico,
balanceamento de linha, produtos em processos, motivação, sindicatos,
manutenção preventiva, controle estatístico da qualidade, fluxograma de
processos. A produção em massa aumentou de maneira fantástica e a qualidade,
e foram obtidos produtos bem mais uniformes, em razão da padronização e da
aplicação de técnicas de controle estatístico da qualidade. A título de ilustração,
em fins de 1996 já tínhamos no Brasil fábricas que montavam 1.800 veículos em
um dia, ou seja, uma media de 1,25 automóveis por minuto, se tratando de um
bem tão complexo e de alto valor agregado é relativamente rápido. (MARTINS e
LAUGENI, 2005, p. 2).
A produção em série foi permitida atreves da linha de montagem de Ford.
Esta proporciona um produto, mão-de-obra, desenho e maquinário padronizado,
esta é a chamada produção em massa que além de tudo o custo vai ao mínimo,
como aborda Chiavenato:
“A racionalização da produção proporcionou a linha de
montagem, que permite a produção em série. Na produção em série ou
em massa, o produto é padronizado, bem como o maquinário, material,
mão-de-obra e o desenho também, o que proporciona um custo mínimo.
Daí, a produção em grandes quantidades, cuja condição presente é a
capacidade de consumo em massa, seja real ou potencial, na outra
ponta. O esquema se caracteriza pela aceleração da produção por meio
de um trabalho ritmado, coordenado e econômico”. (CHIAVENATO, 2000,
p. 67).
Predominaram nas empresas até meados da década de 60 o conceito de
produção em massa e as técnicas produtivas deles decorrentes, quando surgiram
novas técnicas produtivas, que vieram a caracterizar a denominada produção
enxuta. Entre outros a produção enxuta introduziu os seguintes conceitos: just-in-
time, engenharia simultânea, tecnologia de grupo, consórcio modular, células de
produção, desdobramento da função qualidade, Comakership, Sistemas flexíveis
de manufatura, manufatura integrada por computador e Benchmarking. Ao longo
desse processo de mudança na produção, cresce em importância a figura dos
consumidores, em nome do qual tudo se tem feito. Pode-se dizer que a procura da
satisfação do consumidor é que tem levado as empresas a se atualizarem com
novas técnicas de produção, cada vez mais eficazes, eficientes e de alta
produtividade. A flexibilidade abarca o assunto de tal forma que o consumidor, em
muitos casos, já especifica em detalhes o seu produto, sem que isso atrapalhe o
processo de produção do fornecedor. Moderníssimas corporações passam a
produzir bens customizados, que certa forma é um “retorno ao artesanato”, só que
sem a figura do artesão. (MARTINS e LAUGENI, 2005, p. 3).

No decorrer da maior parte do século XX as técnicas de administração


tornaram-se populares. Elas nasceram ou se desenvolveram nos Estados Unidos.
O século XIX a grande hegemonia foi da Inglaterra e no XX quem foi
predominante industrialmente, na política e economia foi os Estados Unidos que
até pouco tempo dominou um quarto do comércio mundial de produtos
manufaturados. No entanto, tal posição está ameaçada há duas décadas pela
Alemanha, Japão, França e outros países em menor grau.
“As técnicas de Administração que se tornaram populares durante a
maior parte do século XX, entretanto, nasceram ou se desenvolveram
nos Estados Unidos. Se a Inglaterra foi a hegemônica do século XIX, o
XX marcou a predominância industrial, política e econômica dos Estados
Unidos que eram até algum tempo atrás responsável por 25% do
comércio mundial, de produtos manufaturados. Embora essa posição de
destaque venha sendo ameaçada há cerca de 20 anos Japão, Alemanha,
pela França e outros países em menor grau, a maior parte do século
marca a era norte-americana”. (MOREIRA, 2008, p. 4).
Administração da produção é desafiadora. Promover a criatividade que
permite às empresas responderem tantas mudanças está se tornando a tarefa
principal dos gestores fabris. São eles que precisam encontrar soluções para os
desafios tecnológicos e ambientais, para as pressões por responsabilidade de
definição de áreas da gestão do conhecimento. (SLACK, CHAMBERS e
JOHNSTON, 2009, p. 17).

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