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SOJA – CAPÍTULO 6

6. ALTERNATIVAS DE COMERCIALIZAÇÃO ..................................................................................106


6.1 VENDA À VISTA NA ÉPOCA DA COLHEITA........................................................................106
6.2 – ESTOCAGEM ...........................................................................................................................113
6.3 VENDA ANTECIPADA ..............................................................................................................119
6.3.1 – PARA FINANCIAMENTO DA LAVOURA ................................................................119
6.3.2 – PARA DEFINIR PREÇO ...............................................................................................120

TABELA 6.1 – COMPARAÇÃO DO CUSTO FINANCEIRO DE TRÊS ALTERNATIVAS


HIPOTÉTICAS DE VENDA ANTECIPADA DE SOJA ASSOCIADAS AO
FINANCIAMENTO DA SAFRA. .....................................................................................119
FIGURA 6.1 – EVOLUÇÃO DAS AQUISIÇÕES DE SOJA EM GRÃO PELAS INDÚSTRIAS
NO BRASIL AO LONGO DO ANO COMERCIAL (FEV A JAN), SAFRAS
02/03 A 08/09.....................................................................................................................106
FIGURA 6.2 – EVOLUÇÃO DAS AQUISIÇÕES DE SOJA EM GRÃO PELAS INDÚSTRIAS
NO BRASIL ACUMULADAS AO LONGO DO ANO COMERCIAL, SAFRAS
02/03 A 08/09.....................................................................................................................107
FIGURA 6.3 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, SAFRA 01/02. .........................108
FIGURA 6.4 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, SAFRA 02/03. .........................108
FIGURA 6.5 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, SAFRA 03/04. .........................109
FIGURA 6.6 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, SAFRA 04/05. .........................109
FIGURA 6.7 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, SAFRA 05/06. .........................110
FIGURA 6.8 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, SAFRA 06/07. .........................110
FIGURA 6.9 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, SAFRA 07/08. .........................111
FIGURA 6.10 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS E ESTOQUE DE
SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES DO PARANÁ, ATÉ INÍCIO DE
JUNHO, SAFRA 08/09......................................................................................................112
FIGURA 6.10 – FÓRMULA PARA O CÁLCULO DA RENTABILIDADE DA ESTOCAGEM
COM RECURSOS PRÓPRIOS OU DE TERCEIROS......................................................113
FIGURA 6.11 – FÓRMULA PARA O CÁLCULO DA RENTABILIDADE DA ESTOCAGEM
COM RECURSOS PRÓPRIOS E DE TERCEIROS.........................................................114
FIGURA 6.12 – RENTABILIDADE % ACUMULADA DA ESTOCAGEM DA SOJA EM
GRÃO PELOS PRODUTORES DO PARANÁ, COM JUROS DE 1% AO MÊS,
SAFRAS 01/02 A 07/08.....................................................................................................115
FIGURA 6.13 – RENTABILIDADE % ACUMULADA DA ESTOCAGEM DA SOJA EM
GRÃO PELOS PRODUTORES DO PARANÁ, COM JUROS DE 1%, 3%, 5% E
7% AO MÊS, SAFRA 04/05..............................................................................................117
FIGURA 6.14 – RENTABILIDADE % ACUMULADA DA ESTOCAGEM DA SOJA EM
GRÃO PELOS PRODUTORES DO PARANÁ, COM JUROS DE 1%, 3%, 5% E
7% AO MÊS, SAFRA 05/06..............................................................................................118
FIGURA 6.15 – FÓRMULA PARA O CÁLCULO DO CUSTO FINANCEIRO DA VENDA
ANTECIPADA ..................................................................................................................119

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 x


6. ALTERNATIVAS DE COMERCIALIZAÇÃO

Esse capítulo aborda as alternativas de comercialização da soja mais


comumente utilizadas pelos produtores brasileiros. São elas: (1) venda à vista
na época da colheita; (2) estocagem para especulação; e (3) venda antecipada.

Além de dados estatísticos sobre o ritmo das vendas da soja pelos


produtores, apresentam-se, neste capítulo, algumas fórmulas matemáticas
úteis para a identificação da melhor alternativa de comercialização em um dado
momento.

De início, cabe ressaltar: (1) que uma dada forma de comercialização


nem sempre é melhor ou pior que outra; (2) que uma dada forma de
comercialização, em um determinado momento, sendo a melhor para um
produtor pode não ser a melhor para outro produtor; e (3) além do preço, o
custo de oportunidade do capital vinculado aos estoques é uma variável
fundamental para a identificação da melhor alternativa de comercialização em
um dado momento.

6.1 VENDA À VISTA NA ÉPOCA DA COLHEITA

FIGURA 6.1 – EVOLUÇÃO DAS AQUISIÇÕES DE SOJA EM GRÃO


PELAS INDÚSTRIAS NO BRASIL AO LONGO DO ANO
COMERCIAL (FEV A JAN), SAFRAS 02/03 A 08/09.
35

a 30
fr
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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN

08/09 07/08 06/07 05/06 04/05 03/04 02/03

FONTE: Abiove (www.abiove.com.br)

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 106


FIGURA 6.2 – EVOLUÇÃO DAS AQUISIÇÕES DE SOJA EM GRÃO
PELAS INDÚSTRIAS NO BRASIL ACUMULADAS AO
LONGO DO ANO COMERCIAL, SAFRAS 02/03 A 08/09.
100
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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN

08/09 07/08 06/07 05/06 04/05 03/04 02/03

FONTE: Abiove (www.abiove.com.br)

Comentários sobre as figuras 6.1 e 6.2

Os dados sobre a aquisição da soja em grão pelas indústrias no Brasil,


divulgados pela ABIOVE, consideram o fluxo da entrega física da
mercadoria pelos produtores.
Os dados se referem ao ano comercial (para a indústria), que se inicia
em fevereiro e encerra em janeiro. Assim, o ano comercial 08/09
(fevereiro de 2009 a janeiro de 2009) corresponde à soja safra agrícola
07/08 adquirida de produtores, cerealistas, cooperativas, entre outros.
Há uma forte concentração das aquisições de soja nos meses de março
e abril.
Até o final do mês de maio, as aquisições do grão pela indústria
normalmente correspondem à cerca de dois terços do total adquirido no
ano comercial.

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 107


FIGURA 6.3 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS
E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, SAFRA 01/02.

7.000

6.000

5.000

4.000
Em mil toneladas

3.000

2.000

1.000

-1.000

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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN

Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado

FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

FIGURA 6.4 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS


E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, SAFRA 02/03.
7.000

6.000

5.000

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Em mil toneladas

3.000

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1.000

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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN

Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado

FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 108


FIGURA 6.5 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS
E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, SAFRA 03/04.
7.000

6.000

5.000

4.000
Em mil toneladas

3.000

2.000

1.000

-1.000

-2.000

-3.000
FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN

Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado

FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

FIGURA 6.6 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS


E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, SAFRA 04/05.
7.000

6.000

5.000

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Em mil toneladas

3.000

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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN

Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado


FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 109


FIGURA 6.7 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS
E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, SAFRA 05/06.
7.000

6.000

5.000

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-3.000
FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN
Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado

FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

FIGURA 6.8 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS


E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, SAFRA 06/07.
7.000

6.000

5.000

4.000
s
a
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la
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n
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-1.000

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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN
Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado

FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 110


FIGURA 6.9 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS
E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, SAFRA 07/08.
7.000

6.000

5.000

4.000
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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN
Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado

FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 111


FIGURA 6.10 – VOLUMES MENSAIS COLHIDOS, COMERCIALIZADOS
E ESTOQUE DE SOJA EM MÃOS DOS PRODUTORES
DO PARANÁ, ATÉ INÍCIO DE JUNHO, SAFRA 08/09.
8.000

7.000

6.000

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E

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FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN
Volume Colhido Volume Comercializado Estoque acumulado

FONTE: SEAB/DERAL (www.pr.gov.br/seab)

Comentário sobre as figuras 6.3 a 6.6

Os dados sobre a venda da soja em grão pelos produtores paranaenses,


divulgados pela SEAB/DERAL, consideram tanto o fluxo da entrega
física da mercadoria pelos produtores quanto às vendas antecipadas.
Os dados são divulgados segundo a safra. Observe que em algumas
safras (02/03, 03/04, 07/08 e 08/09) o estoque do grão em mãos dos
produtores paranaenses é negativo em fevereiro porque o volume
colhido é inferior ao comercializado em função deste último levar em
conta a parcela da produção vendida antecipadamente pelos produtores
do estado.
As vendas pelos produtores são distribuídas ao longo do ano, mas há
uma maior concentração de vendas entre março e julho.
Até o final do mês de junho, cerca de 60% da produção já havia sido
comercializada pelos produtores nas safras 01/02 e 02/03.
Na safra 02/03 o volume de soja em grão em estoque com os produtores
rurais paranaenses ao final do mês de agosto foi de 3,28 milhões de
toneladas, três vezes maior do que o estoque em agosto de 2002.
Na safra 03/04 o volume de soja em grão em estoque com os produtores
rurais no Paraná ao final do mês de janeiro de 2005 era superior a 1
milhão de toneladas.

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 112


Na safra 04/05 o ritmo de vendas foi mais lento por parte dos produtores
paranaenses. Em julho/05, o estoque da safra em mãos dos produtores
era de quase 4 milhões de toneladas, um volume bem superior ao
observado no mesmo período de anos anteriores.
Na safra 05/06 os maiores volumes de vendas por parte dos produtores
paranaenses ocorreram em junho e julho. Em agosto/06, o estoque da
safra em mãos dos produtores era de aproximadamente 2 milhões de
toneladas, um volume bem menor do que o observado na safra anterior.
Na safra 06/07 os maiores volumes de vendas ocorreram em abril e
maio. Nesta safra, o estoque no mês de agosto era de aproximadamente
2,5 milhões de toneladas.
Na safra 07/08 houve relativa antecipação de vendas, sendo que o
maior volume foi negociado em abril/08. Em janeiro/09, o estoque em
mãos dos produtores rurais foi estimado em menos de 500 mil
toneladas.
Na safra 08/09 (até início de junho/09) o maior volume foi negociado em
abril/09, em boa parte referindo-se à entrega de produto contratado
antecipadamente. Em início de junho/09, o estoque em mãos dos
produtores rurais é estimado em cerca de 2 milhões de toneladas.

6.2 – ESTOCAGEM

FIGURA 6.10 – FÓRMULA PARA O CÁLCULO DA RENTABILIDADE DA


ESTOCAGEM COM RECURSOS PRÓPRIOS OU DE
TERCEIROS.

Pt1 = Pto x (1 + taxa de juros)período + custo de armazenagem

ou

Pt1 = Pt0 x (1 + i)n + CA

Pto é o preço atual;


Pt1 é o preço futuro;

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 113


FIGURA 6.11 – FÓRMULA PARA O CÁLCULO DA RENTABILIDADE DA
ESTOCAGEM COM RECURSOS PRÓPRIOS E DE
TERCEIROS.

Pt1 = Pt0 x (1 + CMPC)n + CA

Onde:

CMPC = Custo médio ponderado do capital (%)

−α) + Ct(α)
CMPC = Cp(1−

Cp = Custo do capital próprio (%)


Ct = Custo do capital de terceiros (%)
α = proporção do capital total proveniente de terceiros (%)

Comentários sobre as figuras 6.10 e 6.11

Para a comparação de dois preços nominais vigentes em dois


momentos diferentes no tempo, faz-se necessário considerar uma taxa
de juros (ou custo de oportunidade do capital) no respectivo período.
Para se estimar a rentabilidade da estocagem (que compara a venda do
produto no período da colheita com a venda na entressafra), faz-se
necessário considerar além da taxa de juros o custo de armazenamento
do produto.
Se a fonte de recursos que vai bancar a estocagem é única pode-se
utilizar as fórmulas da figura 6.6 para analisar a rentabilidade da
estocagem. Se a fonte não é única, faz-se necessário calcular antes o
custo médio ponderado do capital das diversas fontes financiadoras.

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 114


FIGURA 6.12 – RENTABILIDADE % ACUMULADA DA ESTOCAGEM DA
SOJA EM GRÃO PELOS PRODUTORES DO PARANÁ,
COM JUROS DE 1% AO MÊS, SAFRAS 01/02 A 07/08.
110

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MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09

Comentários sobre a figura 6.12

Considerando uma taxa de juros de 1% ao mês e um custo de


armazenagem de R$ 0,07/saca/mês, conclui-se que:
o Safra 01/02:
a rentabilidade percentual acumulada da estocagem da
soja atingiu quase 100% no período março/dezembro.
os produtores que venderam a soja logo após a colheita
(março e abril) obtiveram os piores resultados do ano.
a rentabilidade acumulada da estocagem da soja se
mostrou positiva a partir de maio, sendo que o melhor
momento de venda ocorreu em dezembro.
o Safra 02/03:
a rentabilidade percentual acumulada da estocagem da
soja atingiu pouco menos de 10% no período
março/novembro.
os produtores que venderam a soja entre abril e setembro
obtiveram os piores resultados do ano.
a rentabilidade acumulada da estocagem da soja se
mostrou levemente positiva apenas entre outubro e
dezembro.
o Safra 03/04:

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 115


a rentabilidade percentual acumulada da estocagem da
soja atingiu um prejuízo superior a 40% até o mês de
dezembro, um recorde no período analisado.
os produtores que venderam a soja logo após a colheita
(março a maio) obtiveram os melhores resultados do ano
nesta safra.
a rentabilidade acumulada da estocagem da soja não foi
positiva em nenhum momento entre os meses de março e
dezembro.
o Safra 04/05:
a rentabilidade percentual acumulada da estocagem da
soja até novembro foi negativa em aproximadamente 30%.
os produtores que venderam a soja logo após a colheita
(março a maio) obtiveram os melhores resultados do ano
nesta safra.
a rentabilidade acumulada da estocagem da soja não foi
positiva em nenhum momento entre os meses de março e
dezembro.
o Safra 05/06:
A estocagem da soja resultou em uma rentabilidade
acumulada próximo de zero de abril a setembro, indicando
que os aumentos dos preços nominais foram equivalentes
aos custos financeiros e de armazenagem no período.
entre outubro e dezembro a rentabilidade acumulada da
estocagem da soja se mostrou levemente positiva nesta
safra.
o Safra 06/07:
nesta safra a rentabilidade acumulada da soja foi negativa
de abril a julho, próxima de zero em agosto, e positiva a
partir de setembro.
os produtores que puderam armazenar a soja colhida até
dezembro obtiveram os melhores resultados, com
rentabilidade superior a 30% no período.
o Safra 07/08:
nesta safra a rentabilidade acumulada da soja foi
levemente negativa até julho e mais negativa até
dezembro, acumulando perda superior a 10%.
o Safra 08/09 (até junho/09):
nesta safra a rentabilidade acumulada da soja foi
levemente positiva em maio e próxima de zero em junho.
Considerando, então, um custo de oportunidade de 1% ao mês e custo
mensal de estocagem de 7 centavos por saca têm-se que: armazenar
soja no período de março até julho resultou em prejuízos significativos
para o produtor em 3 dos últimos 8 anos safra. Em uma safra a
rentabilidade acumulada da armazenagem de março a julho foi próxima
de zero; em duas foi positiva mas inferior a 10% e em apenas uma safra
(01/02) a armazenagem foi bastante rentável de março a julho.
Por outro lado, considerando um custo de oportunidade de 1% ao mês e
custo mensal de estocagem de 7 centavos por saca têm-se que:
armazenar soja no período de março até novembro resultou em

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 116


prejuízos para o produtor em 2 dos últimos 6 e em lucro nos outros 4
anos safra.

FIGURA 6.13 – RENTABILIDADE % ACUMULADA DA ESTOCAGEM DA


SOJA EM GRÃO PELOS PRODUTORES DO PARANÁ, COM
JUROS DE 1%, 3%, 5% E 7% AO MÊS, SAFRA 04/05.
10

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MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

1% 3% 5% 7%

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 117


FIGURA 6.14 – RENTABILIDADE % ACUMULADA DA ESTOCAGEM DA
SOJA EM GRÃO PELOS PRODUTORES DO PARANÁ, COM
JUROS DE 1%, 3%, 5% E 7% AO MÊS, SAFRA 05/06.
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10

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-25
MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

1% 3% 5% 7%

Comentários sobre as figura 6.9 e 6.10

A rentabilidade da estocagem da soja da safra 04/05 pelos produtores


paranaenses no período março/dezembro apresentou os seguintes
resultados, conforme o custo de oportunidade do capital investido nos
estoques.
o Juros de 1% ao mês: prejuízo de quase 30%.
o Juros de 3% ao mês: prejuízo de quase 40%.
o Juros de 5% ao mês: prejuízo de quase 50%.
o Juros de 7% ao mês: prejuízo de quase 60%.
A rentabilidade da estocagem da soja da safra 05/06 pelos produtores
paranaenses no período março/dezembro apresentou os seguintes
resultados, conforme o custo de oportunidade do capital investido nos
estoques.
o Juros de 1% ao mês: lucro superior a 15%.
o Juros de 3% ao mês: lucro de aproximadamente 10%.
o Juros de 5% ao mês: lucro inferior a 5%.
o Juros de 7% ao mês: prejuízo de quase 10%.
Quanto maior o custo de oportunidade do capital investido nos estoques
menor é a rentabilidade da estocagem da safra.

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 118


6.3 VENDA ANTECIPADA

6.3.1 – PARA FINANCIAMENTO DA LAVOURA

FIGURA 6.15 – FÓRMULA PARA O CÁLCULO DO CUSTO FINANCEIRO


DA VENDA ANTECIPADA

P1 = P0 x (1 + i)n

P1/ P0 = (1 + i)n

(P1/ P0)1/n = (1 + i)

i = ((P1/ P0)1/n) – 1

Onde:

P1 = Preço para entrega futura e recebimento futuro


P0 = Preço para entrega futura e recebimento à vista

TABELA 6.1 – COMPARAÇÃO DO CUSTO FINANCEIRO DE TRÊS


ALTERNATIVAS HIPOTÉTICAS DE VENDA ANTECIPADA
DE SOJA ASSOCIADAS AO FINANCIAMENTO DA SAFRA.
CPR COM CONTRATO COM
VARIÁVEIS ESCAMBO
ENTREGA FÍSICA ADIANTAMENTO
Período: de 1º de outubro a 1º de maio. 7 meses 7 meses 7 meses
P0a = Preço para recebimento à vista e
R$ 34,00/sc R$ 34,00/sc
entrega futura
P0b = Preço para escambo R$ 39,00/sc
P1 = Preço para recebimento e entrega
R$ 41,00/sc R$ 41,00/sc R$ 41,00
futura
Custo do aval bancário (% a.m.) 0,55%
C0 = Custo dos insumos à vista (R$) R$ 1.420,00/ha
C0 = Custo dos insumos para escambo
R$ 1.610,00
(R$)
Custo efetivo ao produtor 3,42% a.m. 2,71% a.m. 2,53% a.m.

Comentários sobre a tabela 6.1 e figura 6.11

A venda antecipada de soja quando voltada ao financiamento da lavoura


é conhecida como venda de “soja verde”.
Na venda antecipada sempre há um deságio de preços, se comparados,
naquela data, o valor dos contratos para entrega futura e recebimento a
vista e o valor dos contratos para entrega futura e recebimento futuro.
Esse deságio entre preços deve compor o cálculo do custo financeiro da
venda antecipada.

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 119


Quando a venda da soja verde está associada à compra de insumos, um
possível deságio de preços entre o valor dos insumos adquiridos “em
dinheiro” e “em produto” deve ser considerado no custo financeiro da
venda antecipada.
Quanto menor o risco da transação para o comprador da soja, menor
tende a ser o juro incidente na operação. O aval bancário, se presente
nas vendas de soja com CPR, reduz o risco para o comprador. A “venda
casada” de insumos (escambo) também reduz o risco para o comprador,
pois há uma realização antecipada de lucros na venda dos insumos.
Os dados da tabela 6.1 são hipotéticos. As taxas de juros resultante, no
exemplo, mostram valores decrescentes para a CPR, adiantamento e
escambo.
Os baixos limites de financiamento para a soja com recursos do crédito
rural (juros de 8,75% ao ano ou 0,70% ao mês, mais as “reciprocidades”
bancárias) induzem o mercado da soja no Brasil à busca de formas
alternativas de financiamento da produção, notadamente para os
grandes produtores.

6.3.2 – PARA DEFINIR PREÇO

Quando estão capitalizados os produtores rurais evitam a venda


antecipada da soja pelos custos apresentados acima. No entanto a
venda antecipada sem adiantamento é uma alternativa, muitas vezes
interessante. São negócios em que o preço e a data de entrega são
definidos entre o produtor e seu comprador através de um contrato.
Considere o resultado da seguinte venda antecipada feita por um
produtor rural da região de Ponta Grossa. Em setembro de 2002, por
exemplo, o preço do grão na região no mercado físico era de R$
39,80/sc ou US$ 12,59/sc pelo câmbio médio do mês de R$ 3,16/US$. O
preço da soja para entrega e recebimento em abril de 2003 nesta época
era de US$ 11,00/sc ou R$ 34,76/sc ao mesmo câmbio do mês de R$
3,16/sc. O produtor fez o negócio comercializando 30% da sua
produção.
Em abril, quando teve de honrar o contrato e entregar a soja, o preço do
grão na região de Ponta Grossa era de R$ 37,00/sc ou US$ 12,01/sc ao
câmbio do dia da entrega, de R$ 3,08/R$. Neste ano a venda
antecipada não foi bom negócio pois, na data da entrega o preço do
grão no mercado era superior ao preço pelo qual ele entregou o produto
ao comprador.
Há outros anos em que a venda antecipada faz o produtor receber mais
do que o mercado está pagando. A venda antecipada determina um
preço ao produtor, mas não elimina o risco. Neste caso o risco que o
produtor corre é de alta nos preços na data da entrega. Uma forma de
contornar este risco seria fazer um hedge, comprando na bolsa quando
fechar a venda antecipada.

AGRONEGÓCIOS – UFPR – JUNHO/2009 – SOJA – CAPÍTULO 6 120

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