Psicologia da Educação II
Profa. Dra. Gizele G. Parreira Elias
Coleção Grandes Educadores
JEAN PIAGET
Texto e Apresentação:
YVES DE LA TAILLE
ATTA – Mídia e Educação – São Paulo, 2003.
CONTEÚDOS
►Histórico e epistemologia genética
►Inteligência
►Conceitos piagetianos
►Estágios de desenvolvimento
►Desenvolvimento moral
►Piaget e a educação
►Mitos
►O método de pesquisa
►Indicaçães de leitura
Piaget é considerado dentre os autores da
psicologia como um dos mais importantes. Ele já foi
até chamado de Eistein da psicologia.
Não é exagerado dizer que os dois maiores
e mais importantes autores da psicologia são Freud,
por um lado, e Piaget por outro. A importância da
obra de Piaget é decorrência de vários pontos,
primeiro, a influência desta obra durante o século
XX inteiro, notadamente na psicologia da
inteligência. Em segundo, o volume da sua obra.
São por volta de 70 livros, inúmeros artigos,
inúmeros temas relacionados a inteligência e que
foram abordados por ele, o que torna sua obra
extremamente importante em função de sua
consistência. E finalmente a obra de Piaget é
essencial porque sendo a inteligência um tema que
se reencontra em qualquer abordagem psicológica
e sendo sua teoria tão consistente em relação a
este tema, acaba-se utilisando-o não apenas na
perspectiva intrínseca da inteligência, mas também
em outras, como afetividade, moral e,
evidentemente, a educação.
(Bibliografia Complementar)
Epistemologia Genética
O que Piaget fez? Basicamente sua obra
trata do desenvolvimento da inteligência e da
construção do conhecimento. Inclusive, ele batizou
sua teoria de Epistemologia Genética. Por que
epistemologia? Porque epistemologia é a filosofia
da ciência, a arte que estuda o fenômeno da
ciência, do conhecimento. E genética significa uma
epistemologia da construção do conhecimento.
Genética aqui não deve ser entendida no sentido
habitual envolvendo os cromossomos, mas sim, de
gênese, de evolução. Então, a obra dele se chama
Epistemologia Genética e visa responder a uma
pergunta básica que é: como os homens constroem
o conhecimento? Ou seja, como eles passam de um
nível de conhecimento X para um nível de
conhecimento X + 1. Essa foi a grande pergunta
que Piaget tentou resolver durante toda sua vida.
Como a criança é o ser que mais
evidentemente constrói o conhecimento, ele fez
essencialmente, pesquisas com crianças. Mas sua
pergunta não é de psicologia da criança, é uma
pergunta epistemológica, ou seja, como os homens,
sozinhos ou em conjunto, constroem
conhecimento? Por que processos e etapas eles
conseguem fazer isso? Por isso que a obra de
Piaget é essencialmente baseada na inteligência e
na construção do conhecimento.
Inteligência
Para Piaget, a inteligência deve ser
definida enquanto função e enquanto estrutura.
Enquanto função, inteligência é uma adaptação. Os
processos da inteligência têm a finalidade do sujeito
sobreviver, adaptar-se ao meio, modificar o meio
para melhor adaptar-se a ele. Do ponto de vista
estrutural da descrição da inteligência, na verdade,
inteligência é uma organização. Uma organização
de processos que permitem, se a organização for
complexa, um nível de conhecimento mais
complexo, superior, e se for, evidentemente um
nível de organização menos complexa, um nível de
conhecimento inferior.
Então, a inteligência é uma organização e
o crescimento dela não se dá tanto por acúmulo de
informações, mas, sobretudo, por uma
reorganização dessa própria inteligência. Ou seja,
crescer é reorganizar a própria inteligência para se
ter mais possibilidades de assimilação.
Assimilação
A obra piagetiana cunhou um número
grande de conceitos. Alguns são centrais, sendo
importante destacá-los.
O primeiro deles é o conceito de
assimilação, que Piaget retira da biologia, e na sua
psicologia assimilação significa o seguinte: quando
alguma pessoa vai entrar em contato com o meio,
com o objeto de conhecimento, ela retira desse
objeto de conhecimento algumas informações, e
essas informações retidas, são essas e não outras,
porque existe uma organização mental, então, na
verdade, assimilação significa interpretação, ou
seja, ver o mundo não é simplesmente olhar o
mundo, mas é interpretá-lo, assimilá-lo, tornar seu
alguns elementos do mundo. Portanto isso implica
necessariamente em assimilar algumas informações
e deixar outras de lado.
Acomodação
Outro conceito central na obra de Piaget é
o conceito de acomodação. Este significa o
seguinte: as estruturas mentais, entenda-se por
estrutura mental, a organização que a pessoa tem
para conhecer o mundo é capaz de se modificar
para dar conta das singularidades do objeto.
Portanto, se juntarmos agora assimilação e

acomodação nós temos que conhecer o objeto é
assimilá-lo, mas, como esse objeto oferece certas
resistências ao conhecimento, a organização mental
se modifica e a essa modificação dá-se o nome de
acomodação. Por isso que o processo de
inteligência é um processo de assimilação com
acomodação.
Equilibração
Um terceiro conceito é o de equilibração
que vem como seu nome indica, a idéia de
equilíbrio, ou seja, o sujeito que entra em contato
com o objeto novo pode ficar em conflito com esse
objeto novo, no sentido de desequilibrado, na
verdade, o conceito equilibração serve aqui de
metáfora, quer dizer, o objeto não se deixa
conhecer facilmente porque tem algumas coisas
diferentes, singulares, então o sujeito fica em
conflito, desequilibrado, digamos assim. Para
conhecer esse objeto ele tem que acomodar-se a
esse objeto, ou seja, modificar-se para dar conta
desse objeto. Esse processo é a busca do
equilíbrio. Então, equilíbrio é na verdade,
estabilidade da organização mental que dá conta do
conhecimento. Daí inclusive o fato do conceito de
equilibração ser central, pois o crescimento da
inteligência se dá pelos constantes processos de
desequilíbrio, reequilibração, equilibração.
Trata-se um processo dinâmico, por isso
inclusive, que Piaget gosta da palavra equilibração
e não equilíbrio. Equilíbrio dá-nos a idéia de algo
estável e equilibração de algo móvel, dinâmico.
Abstração Empírica e Abstração Reflexiva
Mais dois conceitos de Piaget, embora não
tão conhecidos, porém essenciais são os conceitos
de abstração empírica e abstração reflexiva.
Abstrações empíricas são as informações
que eu retiro do meu objeto do conhecimento. Por
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exemplo, eu olho um quadro e abstraio desse
quadro algumas informações, é empírico porque
estou tirando informações do objeto do
conhecimento, porém nesse processo de retirada
de informações do meu objeto de conhecimento, eu
também posso pensar sobre minha maneira de me
relacionar com esse objeto, ou seja, com as ações
que eu estabeleço sobre o mesmo.
As abstrações reflexivas são justamente as
informações que eu retiro não do objeto, mas da
minha ação sobre o objeto. Por exemplo, se eu
pego um livro e sopeso esse livro com uma das
mãos e comparo esse livro com um outro, sobre
outra mão, verificando se é menos pesado ou mais
pesado, eu tenho uma abstração empírica que é o
peso dos livros, mas eu tenho também uma
abstração reflexiva que está no fato de comparar os
pesos, ou seja, pensar sobre meu agir. E para
Piaget, a construção do conhecimento se dá por
abstração empírica e também por abstração
reflexiva, ou seja, o desenvolvimento da inteligência
se dá muito a partir do processo da criança pensar
sobre o mundo e pensar sobre sua ação sobre o
mundo, é o que se chama abstração reflexiva.
Estágios
Mais um conceito extremamente
importante em Piaget, que por sinal é o conceito
mais famoso é o de estágio.
Tal conceito remete em Piaget, à seguinte
idéia: o desenvolvimento da inteligência não é um
desenvolvimento linear, ou seja, simplesmente por
acúmulo de informações, mas é um
desenvolvimento que se dá por saltos, por rupturas
e os estágios representam justamente uma lógica
da inteligência que será superada radicalmente por
um estágio superior, apresentando uma outra lógica
do conhecimento. Dessa forma, os estágios
significam que, por um lado, a inteligência dá saltos,
isto é, a inteligência muda de qualidade, onde cada
estágio representa uma qualidade dessa
inteligência.
Os estágios significam também que a
seqüência do desenvolvimento da inteligência
necessariamente passa por esses estágios e
nenhum deles pode ser pulado. Dessa maneira,
eles podem ser divididos a rigor de várias formas,
dependendo da complexidade que queremos dar à
questão. Piaget definiu três grandes estágios do
desenvolvimento cognitivo:
• Sensório-motor (0 a 24 meses);
• Pré-operatório (02 a 07 anos);
• Operatório (07 anos em diante):
- operatório-concreto (07 a 12 anos):
- operatório-formal (12 anos em diante).
Estágio Sensório-motor: antigamente pensava-se
que o bebê, ou seja, a criança de 0 a 2 anos não
apresentava nada de muito interessante do ponto
de vista da inteligência e que na verdade, a
inteligência começava apenas com a linguagem. O
que Piaget demonstrou com muita clareza, é que a
fase de desenvolvimento que vai de 0 a 2 anos de
idade é extremamente rica e que, portanto, a
inteligência começa a se estruturar e a mostrar seu
valor muito antes da linguagem. Nesta época, uma
série de conquistas, praticamente cotidianas, são
feitas e uma série de pequenos passos são dados.
Conquistas e passos estes que justamente
preparam a possibilidade da criança falar. Piaget
afirma que por volta dos 2 anos de idade, quando a
criança começa a falar, ela só tem sobre o que falar
porque ela construiu esse mundo antes. Se ela
começasse a falar sem absolutamente ter
construído esse universo ela não teria sobre o que
falar, pois ela não teria essa organização. Portanto
é uma fase sobremaneira importante e complexa, e
quem se der ao trabalho de observar um bebê vai
ver a olhos vistos esse desenvolvimento fenomenal

e também a afirmação evidentemente importante
que é decorrência de tudo o que foi mostrado até
aqui, de que existe uma inteligência prévia, não é
uma inteligência em representação, é uma
inteligência sem linguagem, sem comunicação
verbal com o outro, portanto é uma fase suigêneris
da inteligência, é um dos pontos essenciais da
teoria de Piaget, essa contribuição para a
compreensão do ser humano.
O período sensório-motor é o primeiro
estágio do desenvolvimento cognitivo e também é
chamado de inteligência prática, porque é uma fase
onde a criança não emprega a linguagem, mas
apenas suas ações (motor) e percepções
(sensório). A inteligência prática é uma inteligência
em ação, ou seja, ainda não verbal, ainda não
representativa.
Para Piaget, esses dois primeiros anos de
vida são absolutamente essenciais porque a criança
percorre uma complexidade de evolução
absolutamente inimaginável.
Para dar conta dessa idéia, alguns
conceitos são essenciais, notadamente o conceito
de objeto. Tudo leva a crer que quando a criança
nasce, ela não tem clareza de que no universo no
qual ela se encontra há objetos e que ela inclusive é
um objeto entre esses objetos, por isso ela precisa
construir a noção de objeto. E nessa construção há
uma fase essencial que se chama a fase do objeto
permanente, o qual é aquele objeto que embora eu
não veja, sei que ele ainda existe, isto é, a
atribuição de existência do objeto apesar dele estar
fora do meu campo perceptivo. Isso a criança
constrói por volta de nove meses de idade.
Há um salto de qualidade da inteligência,
pois no primeiro momento é como se a criança
acreditasse que só existem as coisas que ela vê, ou
seja, que ela é o centro do universo de uma certa
forma, e que o mundo só existe em função de sua
percepção e ela vai pouco a pouco entendendo que
o universo tem uma objetividade própria e que
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independe da sua percepção, daí a compreensão
que ela tem de que embora não seja visto esse
objeto ainda existe e, portanto eu posso procurá-lo.
Outro conceito essencial para se entender
essa fase sensório-motora é o conceito de
causalidade.
Causalidade é entender que os objetos do
mundo, e a criança também como um objeto,
interagem entre si causando efeito entre si. A
tendência até um ano e pouco de idade é imaginar
que o objeto se move dependendo das suas
próprias ações ou dos seus desejos. Fato este,
também reparado por Freud e chamado de
onipotência infantil. A criança imagina no primeiro
momento que ela tem as rédeas do mundo e pouco
a pouco ela vai entendendo que não, pois existem
leis de causalidade, isto é, o universo tem leis, o
universo tem algumas regras que são seguidas e
essas regras evidentemente se aplicam a própria
criança. Então, a construção da idéia de
causalidade, a construção do objeto e também do
tempo e do espaço que se dá nesses dois anos de
vida faz com que a criança consiga num primeiro
momento, ter uma objetividade do universo, essa
objetividade depois será reconstruída no nível da
linguagem, mas o período sensório-motor é
essencialmente a construção do universo,
construção do real, lidando com esse real apenas
por intermédio das percepções e das ações.
Uma das conquistas importantes por volta
de nove meses, na mesma época da construção do
objeto permanente é a diferenciação entre meios e
fins. Imagina-se a seguinte situação, você mostra
uma bola para a criança, ela quer pegar essa bola,
mas você coloca a bola atrás de um anteparo,
portanto ela não pode pegar essa bola diretamente.
A criança de seis, sete meses sabe muito bem
pegar uma almofada, pensemos que o anteparo
seja a almofada, e evidentemente pegar a bola, mas
não lhe ocorre a seguinte seqüência que qualquer
um de nós faria e que ela fará quando tiver nove,
dez meses de idade: tirar almofada da frente para
pegar a bola que está atrás. Isto é, o que se
chamamos de diferenciação entre meios e fins, ou
seja, ela retirar a almofada é um meio cujo fim é
pegar a bola.
Na verdade, o que falta a criança de 5 ou 6
meses não é saber pegar a almofada, isso ela já
sabe, não é saber pegar a bola, ela já sabe, mas
sim, hierarquizar essas duas condutas, associar
essas duas condutas, por isso que o tempo todo
falamos que inteligência é organização, na verdade,
a conquista da criança quando ela vai descobrir a
possibilidade de meios e fins vai ser justamente
uma nova organização da inteligência, é como se
ela dissesse, ‘eu posso pegar isso para depois
pegar aquilo’, não era habilidade que faltava, mas
sim a compreensão de que uma ação pode servir
de meio para outra que então é o fim. Essa é uma
passagem importante do desenvolvimento da
inteligência.
Outro exemplo agora ligado a espaço, à
configuração espacial, é quando a criança percebe
que um determinado objeto tem três dimensões, por
exemplo, quando a criança é bem pequena, pó volta
dos 2 ou 3 meses ela sabe já reconhecer uma
mamadeira, mas se apresentarmos a mamadeira
com o bico ao lado contrário, ou seja oferecer a
mamadeira do lado do fundo, não lhe ocorre virar
essa mamadeira, é como se ela não a
reconhecesse e já por volta de um ano de idade
veremos a criança que embora veja a mamadeira
apresentada pelo avesso, ela reconhece a
mamadeira e com um gesto ela vira essa
mamadeira do lado certo para colocar na boca, ou
seja ela conseguiu situar o objeto agora dentro do
espaço, ou seja ela vê que dependendo da posição
o que está na frente pode estar atrás e vice-versa.
Um último exemplo do ponto de vista da
causalidade é justamente a idéia da mágica. Isto é,
às vezes a criança pequenininha no seu berço, com
3 ou 4 meses mexe alguma coisa e por acaso se

acende a luz. Ela tende a achar que foi a sua ação
que fez com que a luz se acendesse. Então, ela vai
repetir essa ação até se cansar, porque a criança
pequena tende a achar que são as suas ações que
causam as transformações no universo. Pouco a
pouco ela vai entendendo que não, mas sim que
esse universo é regido por leis objetivas e ela vai
situar-se objetivamente naquilo que realmente ela
causa e aquilo que ela simplesmente não causa.
Estágio Pré-Operatório – com 2 anos de idade há
mudança de estágio, o que significa que a
qualidade da inteligência se modifica. Piaget chama
de estágio pré-operatório ou estágio da
representação. Representação é a capacidade de
pensar um objeto através de outro objeto.
Por exemplo, se eu falo a palavra casa
estou utilizando este som – casa para remeter algo
que não é este som, mas, na verdade, é o objeto
casa. Isso é o que chamamos: representação.
Apresentar de novo um determinado objeto através
de um substituto deste objeto.
Outro exemplo que aparece por volta de
1ano e meio a dois de idade, que não foi
pesquisado por Piaget, mas que é totalmente
coerente com a teoria piagetiana é o
reconhecimento no espelho. Uma criança por volta
de um ano gosta de olhar no espelho, fica em frente
a ele, mas o seu comportamento nos leva a crer
que ela não se reconhece, ela olha a imagem que
ela vê, que é a sua, como se fosse a imagem de
uma outra criança, não uma imagem que diz
respeito a ela mesma. Tanto que se você fizer uma
manchinha na testa da criança, não lhe ocorre
passar a mão para tirar a mancha.
Por volta de um ano e meio a dois,
justamente na passagem do sensório-motor para o
próximo estágio, o pré-operatório, a criança se
reconhece no espelho. Se reconhecer no espelho é
um comportamento relativamente complexo, implica
pensar que esta imagem que eu vejo sou eu,
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porque estou aqui e não lá. Na verdade estou
duplificado, eu estou aqui e em imagem.
Isto que é a representação, conseguir
pensar o mundo através de imagens deste mundo.
E a criança nesse período entra neste mundo da
representação, cujos comportamentos são, por
exemplo: o desenho, o brincar de fazer de conta,
reconhecimento do espelho, a imitação que se
chama imitação diferido, vê algo e imita este algo 24
horas depois; o que mostra que a imagem ficou, e a
prova mais elaborada disto é a capacidade de
empregar a linguagem.
A inteligência antes limitada às ações,
agora vai ser ainda uma inteligência em ação, mas
também de representação. A isto Piaget deu o
nome de pré-operatório, o que significa que a
criança trabalha com representações, mas terá todo
um trabalho de assimilação, acomodação e
equilibração, de organizar estas representações em
um todo coerente. E as operações significam
exatamente a capacidade de organizar estas
representações de uma maneira coerente e estável,
isto só acontecerá no período operatório que
começa por volta de 6 a 7 anos de idade.
Piaget dá o nome de pré-operatório a esta
fase, por insistir, sobretudo na obra dele sobre as
lacunas e as dificuldades desta fase, que serão
superadas na fase operatória, do que nas
características positivas desta fase. Em termos de
pontos essenciais que ilustram bem esta fase são:
1- a introdução à linguagem, a criança entra no
mundo da linguagem e concebe uma competência
discursiva bastante grande durante esta fase, um
dos pontos mais importantes que permitem a
socialização da inteligência. Piaget atribui á
socialização pouca eficiência no período sensório-
motor, mas agora a linguagem é uma socialização
da inteligência, porque a linguagem permite a
socialização.
2- Outro tema é a entrada da criança no mundo
da moralidade é nesta fase que a criança entra no
mundo dos valores, das regras, das virtudes. Do
certo e do errado. Não se pode falar em moral com
uma criança de 0 a 3 anos, mas por volta de 4 anos
a criança penetra no mundo da moralidade, isto é
uma decorrência extremamente rica e séria desta
fase.
Um terceiro conceito, que é bem perigoso
e que Piaget arrependeu-se de ter usado, é o
conceito de egocentrismo. Não significa que a
criança é totalmente autista ou que esta centrada
nela, mas significa que a criança tem dificuldade de
perceber o ponto de vista do outro. Vê o ponto de
vista do outro centrada no seu próprio ponto de
vista.
Exemplo: quando pedimos a uma criança
de 5 anos para quem você acabou de contar uma
história nova, que ela conte esta história para outra
criança, você vai verificar que a criança conta, no
fundo, como se a outra já soubesse a história. Outro
exemplo tem caseiro: é freqüente você ver uma
criança de 3 a 4 anos chegar para o pai ou a mãe e
dizer – “Onde está meu carrinho?” Ela tem vários
carrinhos, mas ela diz – “Onde está meu carrinho?”
Para ela está claro de que carrinho está falando,
como ela sabe de que carrinho está falando,
imagina que o outro também saiba. Enquanto que
uma criança um pouco mais velha não dirá – “Onde
está o carrinho?” Mas – “Onde está meu carrinho
amarelo, ou, estou procurando aquele carrinho que
você me deu no natal”.
São exemplos de egocentrismo, a
dificuldade de sair do próprio ponto de vista e
colocar-se em um outro ponto de vista, de uma
outra pessoa. Este será um ganho do período
operatório concreto.
Estágio Operatório – Piaget chama determinada
fase de pré-operatória e a sucessiva de operatória,
assim a questão da operação é central. Ele vai ver

na fase pré-operatória o que falta para a criança ser
operatória.
O conceito de operação tecnicamente é
uma ação interiorizada reversível. Ação significa
manipular o mundo, trabalhar, agir sobre o mundo,
a ação existe desde o nascimento. Mas é uma ação
interiorizada, ou seja, uma ação através da
representação deste mundo.
Uma coisa é pegar a câmara e colocar em
outro lugar, é ação. Ação interiorizada seria
imaginar colocar a câmara em outro lugar, mas não
colocar, imagina-se que estou fazendo através da
imagem que tenho da câmara. No sensório-motor a
criança tem ação, no pré-operatório tem ação
interiorizada e no operatório tem ação interiorizada
reversível. Que significa a possibilidade de em
imaginação, na cabeça, de forma interiorizada, se
pensar a ação e a anulação desta mesma ação.
Reversível significa que eu posso pensar o que fiz e
voltar exatamente ao ponto de partida. Sem
cometer contradições.
Uma criança pré-operatória, de 5 anos, por
exemplo, consegue responder se você pergunta –
“Daqui até Campinas tem quantos quilômetros?”
Vamos dizer que ela saiba a resposta e diz – “100
quilômetros”. Ela não está indo até Campinas, está
parada pensando, de São Paulo a Campinas há
100 quilômetros. Então você pergunta a
reversibilidade, você pergunta de Campinas a São
Paulo, evidentemente em boa lógica se de São
Paulo a Campinas são 100 quilômetros de
Campinas a São Paulo também serão 100
quilômetros. Nada mais do que fazer a volta, só que
a criança de 5 anos dirá – “Eu não sei”.
Outro exemplo prático da teoria de Piaget é
a questão da parte do todo. Uma criança pequena
poderá entender que ela mora em um determinado
bairro, Butantã, ela sabe também que mora em uma
cidade chamada São Paulo, mas terá muita
dificuldade em entender que Butantã é dentro de
São Paulo. Quando está pensando em Butantã é
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Butantã e quando está pensando em São Paulo é
São Paulo.
Nesta mesma linha se você pergunta para
uma criança têm mais rosas ou mais margaridas.
Imaginemos que estas flores estão diante dela. Se
tem mais rosas, ela dirá que tem mais rosas do que
margaridas. Mas se você fizer outra pergunta – “O
que tem mais, flores (que é o conjunto das rosas e
margaridas) ou mais rosas?” Então você está
pedindo para que ela compare o todo, margaridas e
rosas, com a parte, que separar margaridas e ficar
apenas com as rosas. A criança não saberá
responder ou então responde, freqüentemente, que
tem mais rosas.
O pré-operatório é acão interiorizada, mas
ainda não reversível, não com a organização lógica
destas representações. O período operatório seria
justamente a conquista desta organização lógica,
que permite chegar à verdade sem contradições.
Um aspecto importante da passagem do
pré-operatório para o operatório é o sentimento de
necessidade. Por exemplo, uma criança pode até
aprender, decorar que se de São Paulo a Campinas
são 100 quilômetros, de Campinas a São Paulo
também são 100 quilômetros. Só que no pré-
operatório este conhecimento é apenas provável.
Se alguém disser que não são 100 quilômetros, ela
tem e pensa a resposta corretamente, mas ainda
não é uma certeza. Mas esta mesma criança
quando estiver na fase operatório, a partir dos 7
anos aquilo será necessário para ela. Uma das
dicas do pensar operatório em relação ao pré-
operatório é que no pré-operatório as coisas são
prováveis e no operatório serão necessárias, se
deduzidas a partir de um raciocínio. Você pode até
‘enrolar’ uma criança sobre coisas lógicas quando
tem 5 a 6 anos , mas não o fará quando tiver 7 a 8
anos.
Estágio Operatório concreto e formal: A
partir dos 7 a 8 anos de idade a criança entra no
estágio operatório, ela consegue organizar seu
pensamento através da lógica, e diz que este
estágio é dividido em dois: operatório concreto e
operatório formal.
A diferença entre operatório concreto e o
operatório formal é que os dois são operatórios, os
dois tem ação interiorizada reversível, só que no
operatório concreto a criança faz uso desta
capacidade operatória apenas em cima de objetos
que ela posa manipular ou de situações que ela
possa vivenciar ou lembrar a vivência. Enquanto
que no operatório formal ela vai trabalhar com puras
hipóteses, vai ser capaz de aplicar a sua lógica a
objetos contextos que sejam puramente hipotéticos,
por exemplo: um foguete na lua, outro em marte são
totalmente estranhos a sua vivência. A diferença é o
grau de abstração.
Uma criança do ponto de vista operatório
concreto chegará facilmente a conclusão de que
todos os planetas são redondos, a terra é um
planeta, logo, é redonda. Mas se você coloca, todos
os planetas são quadrados, a terra é um planeta,
logo, em pura hipótese a terra é quadrada. Mas
como ela sabe que a terra não é quadrada ela tem
muita dificuldade de aceitar, por ainda estar
relacionada ao concreto, a sua vivência.
O operatório formal é conseguir pensar de
maneira lógica, reversível, operatório em cima de
puras preposições, puras frases, puras hipóteses.
No colégio tem uma tradução clara, que são os
problemas em matemática que são colocados para
as crianças de 1ª a 4ª série que costumam ser
complexas, mas sempre concretas. É alguém que
compra algumas bananas, vende a metade por um
preço x ou y. É sempre a matemática aplicada em
cima de objetos.
Mas é preciso esperara até a 5ª série em
geral, por volta de 11 a 12 anos, para que se
introduza álgebra, a idéia de variável, a pura
fórmula, o X e o Y são pura fórmula. Isto é típico do
operatório formal.

O operatório formal é o último estágio
daqueles identificados por Piaget no
desenvolvimento da inteligência, portanto, uma
criança por volta de 12 a 13 anos ascende, constrói
este pensamento operatório formal que é o
pensamento do adulto. Claro que mais elaborado,
com mais conteúdos, mas, a criança nesta idade,
ela é capaz de pensar sem cometer contradições
através de hipóteses, com hipóteses.
Desenvolvimento Moral na Criança
Embora Piaget tenha escrito só um livro a respeito
da moral, chamado “O Juízo Moral na Criança”, ele
fez uma obra fundamental, ou seja, as pesquisas e
teorias deste livro são até hoje atuais e deram base
par uma série de pesquisas, um livro fonte para
pesquisas e teorias.
Neste livro Piaget diz uma coisa nova,
assim como a inteligência e o conhecimento
evoluem, a moral também evolui. Existe um
desenvolvimento moral na criança. Antes se
pensava a moral como uma mera interiorização dos
valores e regras que estavam colocados fora. Os
pais diziam façam isso, e aquilo. Os valores são
esses e as crianças pouco a pouco interiorizava
esses valores pura e simplesmente, o que estava
fora ficava dentro e acabava a conversa.
O que Piaget demonstra com pesquisas e
mais pesquisas é que na verdade há um
desenvolvimento moral na criança, estágios.
Primeiro estágio é a anomia, a criança está fora do
universo moral. O segundo estágio é justamente a
entrada da criança no mundo moral, chamado de
heteronomia, que significa basicamente que a
moral é baseada no respeito pela autoridade e pela
obediência. E esta fase de heteronomia é superada
por uma fase chamada autonomia, onde a
legitimidação da moral não se dá pelo contrato,
mas, pelo respeito mútuo, pelas relações e
reciprocidades. A importância deste livro é mostrar
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que a moral também evolui e existe uma
participação ativa da criança na construção de sua
própria moral.
Por exemplo, você pergunta a uma criança
de 5 a 6 anos quem é mais culpado alguém que
quebrou dez copos sem querer ou alguém que
quebrou um copo querendo. O que está em jogo
aqui é o tamanho do dano moral, dez copos, um
copo e a intencionalidade, quem quebrou dez sem
intenção e quem quebrou e quem quebrou um
porque quis quebrar. Pergunta-se: “Os dois são
culpados?” A criança heterônoma dirá sim, já que
houve um dano moral cometido. Depois se
pergunta: “Qual foi o mais culpado?” A criança
heterônoma opta pelo que quebrou dez copos,
porque dez copos são mais que um copo. Ela se
baseia no tamanho do estrago e não na
intencionalidade.
Outro exemplo deste tipo é quanto a
mentira, quanto maior a mentira, pior é. Não é a
intenção da mentira, mas a distância entre a
verdade e o que foi dito.
Como sempre para Piaget o estágio
posterior será uma superação do anterior, a criança
autônoma dirá no exemplo dos copos, só quem teve
a intenção de quebrar. O fato de ter quebrado dez
sem intenção não conta. Quanto a mentira o que
conta não é o tamanho da mentira, mas a intenção
de enganar.
Piaget e a Educação
Às vezes acontece uma confusão, pensar
que Piaget foi um educador ou que sua obra é
pedagógica. Esta é uma confusão muito grave
porque pode fazer as pessoas pensarem que vão
encontrar em Piaget, propostas pedagógicas ou
preocupações pedagógicas.
Sejamos claros, Piaget se preocupou com
a pedagogia como qualquer pensador, mas a obra
dele não é de pedagogia, é sobre a pergunta:
“Como os homens constroem o conhecimento e
especificamente como uma criança constrói
conhecimento?”.
Ele escreveu um texto ou outro sobre
pedagogia, dizendo claramente para os
professores: “Meu texto sobre pedagogia vai ser
na verdade apresentar minha teoria sobre o
desenvolvimento infantil. Vocês educadores que
façam uma tradução pedagógica desta minha
teoria”.
Piaget é tão lido e estudado na educação
por duas razões. Primeira razão é clássica, assim
como a medicina que é uma técnica, lê biologia
para saber e encontrar novas técnicas. A
pedagogia lê as teorias que tratam do seu aluno,
portanto, todas as teorias que falam de criança,
desenvolvimento da inteligência, conhecimento,
interessa a pedagogia. Assim, como Piaget tem
uma obra muito consistente e vasta sobre o
desenvolvimento da criança, é natural que a
pedagogia se interesse por estes dados e traduzam
estes dados na sua pedagogia.
Segunda razão é de outro nível, Piaget
acaba sendo o autor em psicologia que dá base
teórica para movimentos pedagógicos que foram
inclusive anteriores a ele. Por exemplo, a renovação
pedagógica, e isto você pode colocar Escola Nova,
Montessori, René. Os educadores encontram em
Piaget uma teoria que no fundo lhe dá razão. A
teoria piagetiana, é a teoria que se adapta a uma
certa corrente pedagógica, notadamente aquela que
se opôs ao formalismo, ao verbalismo, ao ensino
tradicional.
Estas são as duas razões, o fato de
estudar a criança e de ter idéias sobre a criança,
que são coerentes com uma certa pedagogia
renovada.

Construtivismo
Piaget utiliza a palavra construção, e um
de seus livros se chama “Construção do Real”. E
ele diz que sua psicologia e epistemologia são
construtivistas, ele se cunha e se considera
construtivista. Mas evidentemente, construtivista
com todos os conceitos piagetianos.
Só que a palavra construção também é
uma metáfora, a palavra construção tem uma
definição clara, mas também pode ser utilizada
como metáfora. Tanto é verdade que hoje há muitas
perspectivas construtivistas que não são muito
claramente construtivistas por um lado e por outro
lado não são necessariamente piagetiana.
Construtivismo tem uma perspectiva mais ampla do
que especificamente a teoria piagetiana.
Hoje você tem dentro da Educação
perspectivas construtivistas que utiliza Piaget, mas
pode utilizar Walon, Vygotsky ou sub-áreas, Emília
Ferreira. Embora a palavra construtivista tenha sido
cunhada por Piaget, não é necessariamente esta
mesma definição de construtivismo que você vai
encontrar nas escolas hoje.
Mitos
Como toda teoria complexa, algumas
incompreensões acontecem, só que algumas
infelizmente acabam se tornando dominantes, o que
poderíamos chamar de mitos.
Temos basicamente dois mitos na teoria de
Piaget:
O primeiro mito é a do maturacionismo.
Como Piaget diz, e a sua definição de
construtivismo é que existe construção endógena,
algumas pessoas dizem que Piaget é um
maturicionista, que é aquele que acredita que na
verdade as coisas se dão de maneira interna sem
absolutamente nenhuma relação com o contexto,
nenhuma relação com atividade. Isto é um erro
Psicologia da Educação II
Profa. Dra. Gizele G. Parreira Elias
(Bibliografia Complementar)
grave, Piaget diz textualmente, as construções
internas endógenas se dão em primeiro lugar
desencadeadas por demandas do meio, portanto
não se dão de maneira puramente isolada e sobre
as demandas do meio, objetos do meio. A teoria de
Piaget não é absolutamente maturicionista, mas
uma teoria interacionista, construtivista.
O Segundo mito, que é uma decorrência
do primeiro – o maturicionismo, é que Piaget
negaria a importância do social no desenvolvimento
da inteligência da criança. É um mito porque é falso.
Podemos dizer, sim é verdade que Piaget não fez
estudos, não aprofundou esta questão,
encontramos poucas referencias em relação ao
social no desenvolvimento. Mas, não aprofundar,
não fazer pesquisas não quer dizer negar esta
importância.
Então, na verdade, na teoria de Piaget a
interação social tem um lugar bem claro, embora
não aprofundado, não pesquisado. Este lugar diz
claramente o seguinte, se não houver interação
social, se não houver demanda do meio social, se
não houver comunicação, não há desenvolvimento
cognitivo. É mito pensar que Piaget não acreditava
na interação social, como é, pensar que a
maturação por si só explicava o desenvolvimento.
O Método de Pesquisa
O método é basicamente um só. Ele cria
situações problemas, situações que devem se
resolvidas, ele coloca estas situações problemas a
crianças de várias faixas etárias, em geral de 6 a 13
anos de idade, e verifica se as crianças conseguem
resolver o problema e por outro e mais importante
ainda, quais são as dificuldades que elas encontram
para resolver este problema.
Noventa por cento da obra de Piaget foi
feita deste tipo de experimento.
Também fez alguns estudos com seus
próprios filhos, mas apenas quando estavam com 0
a 2 anos de idade, com observação. Portanto, é
erro pensar que Piaget baseou toda sua teoria na
observação de seus próprios filhos. Na verdade ele
fez estas observações, mas todo o resto de sua
obra, 90% com soluções a procura de como as
crianças resolveram problemas que ele coloca para
estas crianças.
A obra de Piaget é hegemônica?
Hoje vinte anos após a sua morte, isto já
não é verdade. Ela continua sendo extremamente
importante, mas não hegemônica.
Primeiro houve o descobrimento de
Vygotsky, que em geral não era um autor conhecido
na época em que Piaget trabalhava, também um
certo reviver da teoria de Walon, ele também existe
nas ciências cognitivas. Eu diria hoje a psicologia do
desenvolvimento viveu mais uma fase de difusão
das idéias, de não concentração, vive um momento
de turbulência, nenhuma visão pode ser
considerada hegemônica, tão pouco a de Piaget,
mas também não se sabe muito bem em que
direção esta área vai.
Ele foi dominante sim, hoje em dia não, há
contestadores desta teoria. Aqueles que dizem que
Piaget errou, ou seja, que o que disse não é
verdade. E aqueles de um tipo um pouco diferente,
que reconhecem que o que Piaget disse foi muito
bom, mas está errado, há tantas coisas para dizer,
até mais importante, então a rigor não é preciso ler
o que Piaget escreveu.
Uns podem contestar Piaget porque errou
e outros porque falou coisas certas, mas não
essenciais, o essencial estaria em outro lugar.
Hegemonia, hoje não há mais, o que é
bom é, pois, hegemonia nunca é saudável sobre
tudo que se diz ser.
 Psicologia da Educação II
Profa. Dra. Gizele G. Parreira Elias
(Bibliografia Complementar)

Indicação de Leitura Sobre livros de resumo: “Psicologia da

criança”, que Piaget escreveu com Welda e outro
Piaget tem uma teoria extremamente rica livro simples que em geral é um livro de iniciação a
e importante, que inclusive nos permite entender Piaget: “Seis estudos de Psicologia”.
melhor filhos e alunos em geral, portanto o A teoria de Piaget para quem lida com
professor tem muito a ganhar estudando Piaget. criança pode ser pai, mãe ou professor, ajuda muito
Não apenas ele, mas evidentemente estudando a entender os comportamentos da criança. Às
Piaget. vezes vemos coisas que poderiam passar
Sua obra é enorme, com 70 livros. Que despercebido, desprezado, mas tendo o livro de
livros ler é uma opção pessoal. Para ler Piaget é Piaget, nos faz observar momentos importantes e
preciso ir com paciência, não é texto que vai se interessantes do desenvolvimento.
entregar facilmente. Ele instrumentaliza para entender a
Primeiro livro a ler – “O nascimento da criança, não apenas o desenvolvimento da sua
inteligência na criança”, que fala do período inteligência, mas também do ponto de vista das
sensório-motor, mas mesmo para alguém que não decorrências do desenvolvimento da sua
se interessa, porque seu trabalho não é com inteligência, sua moral, sua personalidade, é
crianças desta faixa etária, é um livro onde Piaget realmente uma teoria que instrumentaliza para
explicita muito claramente o seu construtivismo. entender e lidar com a criança.
Após este, dois outros formam a trilogia do
sensório-motor: “A construção do real na criança”,
entende a construção do conhecimento nesta faixa
etária e as idéias básicas de Piaget estão lá. E “A BIBLIOGRAFIA
formação do símbolo na criança”, que é justamente
o estudo da passagem para a representação.
“O nascimento da inteligência na criança”, LA TAILLE, Yves de. Lev Vygotsky. Coleção
“A construção do real na criança” e “A formação do Grandes Educadores. São Paulo : Atta Mídia e
símbolo na criança” são três clássicos Educação, 2003. 1 DVD son., color.
extremamente necessários para entender Piaget.
Outro livro importantíssimo sobre a teoria
de piagetiana: “Da lógica da criança à lógica do
adolescente”, texto de pesquisa, vai justamente ver
como as crianças a partir de 5 anos aos 13 anos,
resolvem ou deixam de resolver os mesmos
problemas. Explicita muito bem o que é operatório
formal.
Não poderia de deixar de aconselhar “O
juízo moral na criança”, um livro extremamente rico
e único na obre de Piaget, porque a moral não é o
seu tema, mas é produtivo em termos de
pensamento nesta área durante o século XX.