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CDD 610.28
2
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
RESUMO
Neste trabalho foi desenvolvida uma ferramenta videogramétrica, que permite quantificar
variáveis biomecânicas dos olhos com acurácia, baixo custo e reprodutibilidade das medidas. As
variáveis quantificáveis pela ferramenta são: Distância pupilar para a confecção de óculos (DP),
movimentação ocular em graus (°) levantado durante os testes de oclusão, versão e ducções
oculares realizados na clínica oftalmológica. A ferramenta desenvolvida que visa principalmente a
precisão na obtenção desses resultados é denominada optometric-lab e é constituído por uma
cúpula de madeira de 110cm de largura por 40cm de profundidade e 60cm de altura. O interior da
cúpula foi iluminada no topo, cuja função é controlar a intensidade da luz. A ferramenta também é
composta por três câmeras de vídeo analógicas sony daylight, que estão ligadas à placa de captura
GEOVISION gv800. Durante o monitoramento a posição dos olhos foi definida através do centro
geométrico da íris. A posição dos supercílios foi delimitada pela fixação de marcadores não
invasivos na face do sujeito experimental. A validação da instrumentação foi realizada em virtude
do comportamento de um pêndulo com freqüência de oscilação variável. A ferramenta
videogramétrica possui sincronismo de captação de imagens em relação à velocidade. A
correlação entre os dados reais e aqueles medidos pelo optometric-lab é igual a 0.99. O erro de
sincronismo (α=0.05) foi de 3,5%, o erro quanto à medida de distância equivale a 1,2%. Os
procedimentos experimentais consumiram 64±20s. A aplicação do optometric-lab na avaliação da
motilidade dos olhos mostra-se mais precisa do que a avaliação tradicional ortóptica. A aplicação
do optometric-lab possibilitará a melhora na conduta profissional ante a avaliação diagnóstica e
tratamento de estrabismos por realizar um maior número de avaliações por segundo, apresentar a
velocidade e aceleração do olho durante o exame em função do tempo.
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Corte medial do globo ocular o qual possibilita a visualização do sistema óptico
ocular. ....................................................................................................................................... 21
Figura 3: Representação gráfica da inserção orbital (O), inserção escleral (IE), inserção
fisiológica (IF) e arco de contato (AC). .................................................................................... 23
Figura 7: Versão. Na figura a, os olhos normais estão olhando para a seta a cima
(supraversão), na figura b ocorre o mesmo caso, no entanto apenas o olho direito realiza o
movimento, isso ocorre por causa da paralisia do músculo reto superior do olho esquerdo
(MRSOE). ................................................................................................................................. 28
Figura 9: Régua da RAF, na figura veja no porção superior esquerda um apoio onde o
examinador apoia o instrumento, na porção média da figura está o estímulo o qual o paciente
deve manter a fixação ocular, na porção inferior direita existe uma bifurcação com a
finalidade de apoiar a extremidade distal do aparelho sobre a face do paciente na porção
zigomática. ................................................................................................................................ 30
Figura 12: Eixos de Fick os quais representam os graus de liberdade do movimento dos olhos.
.................................................................................................................................................. 35
Figura 13: Desvios verticais e horizontais, simulação para o olho direito (figura composta por
uma simulação de alcon institute). ........................................................................................... 38
Figura 14: Representação gráfica de um scleral search coil (fonte busca internet). ................ 41
8
Figura 15: Pessoa realizando exame de video-oculografia, uma câmera visualiza a posiçãodos
olhos do sujeito experimental, esse sujeito está com a cabeça apoiada enquanto os olhos fixam
algum estímulo. ........................................................................................................................ 42
Figura 16: OPTOMETRIC-LAB desenvolvido nas dependências da UMC. (a) cameras ccd
infravermelhas SONY, (b) Apoio para cabeça, (c) Cúpula com iluminação, (d) Computador,
(e) mesa, (f) ajuste de altura. .................................................................................................... 50
Figura 18: enquadramento do volume de calibração (a) (armação de calibração) pelas três
câmeras (c), que constituem o sistema de captação de vídeo, observe que cada câmera é capaz
de visualizar todas as hastes (a) do ponto mais baixo ao ponto mais alto conferindo o
monitoramento do volume pelo sistema de captação de imagens. ........................................... 52
Figura 19: Imagem digital a qual o quadro a define as coordenadas de tela a que tem função
de plano comparador para a aquisição da trajetória do movimento ......................................... 53
Figura 20: A figura mostra o sistema de controle de iluminação no interior da capine, este
sistema tem por função controlar e conferir a incidência de luz durante o procedimento
instrumental. ............................................................................................................................. 55
Figura 21. Metrônomo, este instrumento é usualmente aplicado no ensino e treino de músicos,
veja o transferidor 180 graus alinhado ao centro de rotação do pêndulo (c). ........................... 56
Figura 22. Tela de trabalho do software VIDEO LOG; no centro é visualizado o vídeo; na
porção inferior do lado direito existe um relógio com mostrador digital; na porção infero-
central a barra de tempo, e botões de controle da visualização do vídeo; na porção direita veja
a barra de ferramentas e edição do vídeo; na janela anexa veja os vídeos disponíveis por data.
.................................................................................................................................................. 57
Figura 23. Grade inclinada sobre plano, veja os pontos simetricos sobre o plano da grade. ... 58
Figura 24. Phantom, na porção superior do prolongador estão as esferas com dimensões
próximas ao do olho humano; estes olhos são movimentados por um eixo de motor de passo;
os motores estão sendo suspensos por uma placa plástica comum. ......................................... 59
Figura 25: Esquema de montagem do motor de passo (a) ligado à porta paralela (b) do CPU
(c) que possui uma esfera (d) na estremidade do eixo (e) que translada 7.5º segundo a rotina
steppermotorzz (f) a qual ativa as bobinas 1 e 2, à freqüência e período determinados. ......... 60
Figura 26. Apoio Para cabeça, veja o apoio de cabeça onde o sujeito experimental deve
posicionar-se durante o procedimento experimental. ............................................................... 61
Figura 27. Esquema de correção das distorções radiais em vídeo, por meio dos programas a
MOVIEMAKER, b FREE VIDEO TO JPG, c GML UNDISTORTER e d PHOTOLAPSE.. 62
Figura 29: a Representação gráfica da reconstrução dos pontos medidos da grade inclinada b
em relação à referência 0, Psr é o ponto de referência na grade e Psn são os pontos que
constituem a grade. ................................................................................................................... 64
30: as linhas pontilhadas representam a norma dos pontos da grade em relação a Pcn, as linhas
contínuas representa o sistema de coordenadas adotado. ......................................................... 65
Figura 31: Modelo de determinação do ângulo de movimentação dos olhos de Zhu e Yang
(2002), O’ representa o centro de rotação do olho, theta é o ângulo de movimentação, r é o
vetor raio de rotação e l equivale ao vetor deslocamento, esta imagem representa um corte
sagital do olho para facilitar a visualização .............................................................................. 65
Figura 32: Representação gráfica da quantificação do ângulo de rotação θ do olho por meio da
obtenção da coordenada de dois pontos P1 e P2, sendo raio r dado......................................... 66
Figura 34: Avatar da movimentação ocular construído no V-Realm builder version 2.0 para a
reprodução dos resultados do procedimento experimental....................................................... 69
Figura 35. Modelo de fixação de marcadores não invasivos sob a pele, Ilustração de ADAM.
.................................................................................................................................................. 71
Figura 36. Gráfico da trajetória angular do pêndulo não filtrado em função do tempo,
visualize o comportamento senoidal da função da trajetória do movimento da partícula de
interesse. ................................................................................................................................... 72
Figura 37: Gráfico da trajetória angular do pêndulo filtrado em função do tempo, em azul fina
a trajetória em relação ao valor dos ângulos não normalizados; em asteriscos vermelhos a
trajetória dos ângulos normalizados, a freqüência da onda foi calcula a em função do tempo
de cada período como visto na seta sobre os dois primeiros picos da onda filtrada e
normalizada. ............................................................................................................................. 73
Figura 38. Gráfico da barra de erro sobre o sincronismo entre câmeras. Veja a simetria de
resultados entre as medidas dadas pelo optometric-lab e o período do metrõnomo, de 20 à 80
ciclos por minuto com há grande correlação. ........................................................................... 75
Figura 39. Gráfico da análise e ajuste da calibração à 95% de confiança, alinha vermelha
mostra a regressão linear dos dados ajustados, os pontos em azul são os valores brutos do
optometric-lab, a linha vermelha fraturada mostra o intervalo de confiança. .......................... 76
Figura 41. Gráfico boxplot das medidas realizadas em 5 tentativas distintas, em vermelho
mostra a médiana dos pontos, a lina azul inferior mostra o primeiro quartil, a linha azul
superior mostra o terceiro quartil, as linhas pretas mostram os valores mínimos e máximos.. 78
Figura 42. Gráfico boxplot dos erros nas medidas da grade inclinada. .................................... 78
10
Figura 43. Gráfico boxplot dos erros experimentais na medida do comprimento do pêndulo
em fase dinâmica, observe a simetria de erros entre os dois procedimentos experimentais. ... 79
Figura 44: gráficos da translação do motor filtrada, os picos representam as posições do eixo
do motor em graus, o vale da onda representa a posição inicial do eixo do motor e o ápice
representa a posição final. ........................................................................................................ 80
Figura 45: Gráfico boxplot da movimentação da face durante os experimentos com seres
humanos, a mediana corresponde a mediana 0,12mm e a maioria dos dados estão no intervalo
de -0,3mm à 0,67mm. .............................................................................................................. 81
Figura 46: Sinal não filtrado da posição do olho em milímetros no eixo horizontal em função
dos quadros adquiridos a uma freqüência de 27 por segundo. ................................................. 82
Figura 47: Sinal filtrado da posição do olho em graus no eixo horizontal em função do tempo
.................................................................................................................................................. 82
Figura 52: Comparação dos resultados obtidos por meio de freqüências de aquisção diverentes
(25Hz e 75Hz). Em A foi medido a resposta acomodativa em função do tempo (s), A figura B
descreve a velocidade em °/s em função do tempo (s) e em C a aceleração em °/s2 em função
do tempo (s). ............................................................................................................................. 87
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 19
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................................ 19
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................................................... 19
1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 20
1.3 MÉTODO DE ESTUDO DO MOVIMENTO DOS OLHOS "EYE TRACKING" .... 40
2 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................ 42
2.1 AVALIAÇÃO DA MOTILIDADE OCULAR EM CIÊNCIAS DA VISÃO .............. 43
2.2 AVALIAÇÃO DA MOTILIDADE POR MEIO DA OCULOGRAFIA ..................... 47
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 49
3.1 MATEIRAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 49
3.1.1 Montagem do Optometric-lab ................................................................................................................... 49
3. 1.2 Definição do Volume de Calibração. ........................................................................................................ 50
3. 1. 3 Modo de calibração virtual...................................................................................................................... 52
3.1.4 Método de calibração ................................................................................................................................. 52
3. 1.5 Obtenção das coordenadas ....................................................................................................................... 53
3. 1.6 Reconstrução das coordenadas ................................................................................................................. 54
3.1.7 Controle da iluminação .............................................................................................................................. 55
3.1.8 Construção de calibrador aferidor............................................................................................................ 56
3. 1.9 Construção da grade inclinada ................................................................................................................. 57
3.1.10 Construção de Phantom ........................................................................................................................... 58
3.1.11 Sistema de captação de imagens .............................................................................................................. 60
3.1.12 Apoio para cabeça. ................................................................................................................................... 61
3.1.13 Correção das distorçoes radiais ............................................................................................................... 62
3.2 PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS ............................................................................ 63
3.2.1 Algoritimo de quantificação de variáveis mecânicas do calibrador. ...................................................... 63
3.2.3 Algoritimo de quantificação da posição dos pontos sobre a grade inclinada ........................................ 64
3.2.4 Algoritimo de quantificação de variáveis biomecânicas oculares. ......................................................... 65
3.2.5 Filtragem dos dados ................................................................................................................................... 67
3.3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS PARA VALIDAÇÃO. .............................. 68
3.5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL EM SERES HUMANOS .............................. 69
4 RESULTADOS .................................................................................................................... 72
4.1 VALIDAÇÃO QUANTO O SINCRONISMO TEMPORAL DA AQUISIÇÃO DAS
IMAGENS ................................................................................................................................ 72
4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA EM SERES HUMANOS.................................. 80
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 86
5.1 QUANTIFICAÇÃO POR MEIO DE INSTRUMENTOS OS MOVIMENTOS DOS
OLHOS NA PRÁTICA CLÍNICA........................................................................................ 86
15
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 95
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97
1 INTRODUÇÃO
A visão é um sentido muito importante para o ser humano. Segundo Aléxis Fedosseeff
(1998), “a palavra visão designa a capacidade mental consciente de transformar impulsos
luminosos incidentes sobre a retina em imagens tanto mais reais e evidentes quanto mais
sensível for o órgão da percepção”. É por isso que tal capacidade é muito importante ao
homem. A visualização de uma imagem requer um processamento neural, o qual deve possuir
o poder de captação e sensibilização na presença da luz, e o entendimento sobre forma dos
objetos.
A incidência da luz sobre a retina desencadeia processos corticais, gerando o
entendimento sobre volume, cor, contraste e esteriopsia, que são as possíveis nuances de
detalhes sobre a identificação existentes sobre a cena.
Os estrabismos são alterações sensórias e/ou motoras da visão binocular. A origem dos
estrabismos está associada a erros nos processamento da imagem visual e ao controle da
musculatura extra ocular por meio do sistema nervoso periférico. Os exames motores oculares
são as ferramentas diagnósticas mais empregadas para detecção de estrabismos. Quando
ocorre a detecção do estrabismo seu tratamento pode ser iniciado. Com o resultado do exame
realizado a propedêutica e prevenção da ambliopia, por exemplo, pode ser definido.
A avaliação da motilidade ocular e visão binocular têm papel de suma importância no
atendimento da população (VON NORDEM, 2002) e na preservação de sintomas associados a
essa causa na clínica oftalmológica, optométrica e ortóptica.
A investigação em ciências da visão requer a aplicação de um sistema de medidas das
variáveis biomecânicas visuais, como parte de grande importância para uma avaliação do
sistema visual, aplicada ao exame ocular e sua terapêutica (ADLER et al., 2007;
GROSVERNOR, 2002; RHEIN & LEME, 2009 ).
Segundo Bicas (2004), "Binocularidade, em seu sentido mais amplo é o termo que se
aplica à capacitação de apreender estímulos visuais com os dois olhos"; para que seja possível
a visualização de alvos e mundo com a visão binocular, o sistema que realiza a motilidade
ocular deve ser saudável.
As avaliações sonsório-motoras são metodologias que quantificam o estado sensório
motor da visão binocular com grande carga de subjetividade na clinica prática. Existem
instrumentos que realizam a oculografia. Eles são bastante precisos, no entanto, não estão à
disposição na aplicação clínica em virtude do preço, dificuldade de manuseio por parte do
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1.1 OBJETIVOS
O ser humano é capaz de adotar uma série de movimentos oculares, para a varredura
de localização de objetos no espaço. A movimentação ocular controlada pelo corpo requer
uma complexa interação entre os componentes do sistema neural, cortical e muscular
(GROSVERNONOR, 2002; MEYER 2002; NONAKA et al., 2007).
O sentido visual implica na captação da energia luminosa pelos olhos, na formação de
uma imagem pelo sistema óptico ocular sobre a retina, por meio dela ocorre a transdução da
energia fotóptica em sinal bioeletroquímico e a decodificação do sinal bioeletroquímico será
realizado a nível cortical e retiniano afim de formar uma cena visual e associá-la a rastros
mnemônicos, emoções e associar a visão a outros sentidos.
A visão do homem está organizada em relação a dois olhos que trabalham em
sincronismo, em outras palavras, trata-se da binocularidade. Este sincronismo se dá pela
inervação recíproca exercida pelo nervo óptico, que liga os dois olhos ao córtex visual, e pela
simetria dos movimentos, que leva os olhos a produzirem imagens passivas de fusão
(sobreposição de imagens) a níveis corticais (GROSVERNONOR, 2002; MEYER 2002;
RHEIN & LEME, 2009).
A imagem será projetada sobre a retina por meio do sistema óptico ocular. Observando
(figura 1) um corte do olho, pode-se identificar a córnea, o humor aquoso e o corpo vítreo,
que formam o aparelho óptico. (KAHLE e FROTSCHER, 2003 apud FIGUEIRA 2007).
21
Figura 1: Corte medial do globo ocular o qual possibilita a visualização do sistema óptico
ocular.
Na retina existem células que transformam imagens em energia química, essas células
são denominadas fotorreceptoras. Existem dois tipos de células fotorreceptoras as células
cones e bastonetes as quais trabalham com a visão de estímulos específicos, na tabela 1 estão
descritas as características dessas células (KANDEL, 2003).
Na porção nasal à 15° (figura 2) se encontra o disco óptico, o qual possibilita a ligação
do olho com o SNC por meio de nervo óptico. Do centro do nervo óptico emergem vasos que
contribuem para a vascularização da retina conhecidos como veias e artérias centrais da
retina. Existe uma porção onde não existem esses vasos, nesta área se encontra a mácula e a
fóvea. A região da macula e fovea é mais sensíveis a estímulos visuais fotópticos. (DANTAS
2002)
22
Circulação
central da retina
Fóvea
Figura 2: Foto da retina do olho esquerdo em vivo a qual possibilita a visualização do disco
óptico, vascularização central da retina, região macular e fóvea em um olhos saudável.
(ilustração de Kandel)
Figura 3: Representação gráfica da inserção orbital (O), inserção escleral (IE), inserção
fisiológica (IF) e arco de contato (AC) (fonte: Alcom Institute).
Os movimentos oculares são realizados pelos músculos extras oculares, reto lateral,
reto medial, reto superior, reto inferior, obliquo inferior e obliquo superior (figura 4). Assim,
podem-se descrever os seguintes pontos;
Reto lateral (RL): posiciona na porção lateral do olho com origem no anel de
Zinn, sua inervação é realizada pelo VI par de nervos cranianos.
Reto medial (RM): posiciona na porção medial do olho com origem no anel de
Zinn, sua inervação é realizada pelo III par de nervos cranianos.
Reto superior (RS): posiciona na porção superior do olho com origem no anel
de Zinn, sua inervação é realizada pelo III par de nervos cranianos.
Reto inferior (RI): posiciona na porção medial do olho com origem no anel de
Zinn, sua inervação é realizada pelo III par de nervos cranianos.
Obliquo inferior (OI): posiciona na porção medial do olho com origem no
assoalho nasal da orbita, sua inervação é realizada pelo III par de nervos
cranianos.
Obliquo superior (OS): posiciona na porção medial do olho com origem no
anel de Zinn passando pela tróclea e inserido no globo a um ângulo de 51°, sua
inervação é realizada pelo VI par de nervos cranianos.
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Figura 4: Visão da musculatura extrínseca ocular no interior da orbita. (fonte alcon institute)
Quanto à ação dos músculos extra-oculares – isto é, o reto lateral, reto medial, reto
superior e obliquo superior – sabe-se que eles realizam abdução, adução, elevação e
abaixamento como ação primária. Assim como os músculos obliquo superior e inferior
realizarão como ação primária a rotação interna e externa.
O sistema motor ocular é constituído por: musculatura extrínseca ocular, musculatura
da íris e musculatura ciliar.
Para uma boa visão o controle da intensidade luminosa das imagens formadas intra-
oculares é obrigatória. Esse controle é realizado pela íris que muda seu formato aumentando
ou diminuindo o diâmetro da pupila (a pupila refere-se ao orifício formado pela íris), seu
controle é ligado diretamente a processamentos corticais. Anormalidades destes movimentos
ditos, ditos como reflexos pupilares, estão ligados a doenças neurológicas sérias, portanto,
alterações dos reflexos pupilares são sinais de doenças neurais (GROSVERNONOR 2002).
Assim, tem-se que o reflexo pupilar e a acomodação ocular são ligados, pois possuem
controle neural associado, de forma que problemas de acomodação ocular podem indicar
estrabismos, e doenças neurológicas (VON NORDEN, 2002).
25
O sistema motor ocular trabalha como um sistema com muitas engrenagens, em que
cada uma possui sua particularidade para o trabalho com os outros constituintes. Desta forma,
para o estudo da visão é necessário um conjunto de métodos e protocolos, que têm a função
de avaliar a motricidade ocular e a função sensorial dos olhos (avaliação ortóptica). São
analisadas as características de fixação, tipo e qualidade de fusão, magnitude do desvio,
presença de incomitância e restrições mecânicas.
A semiologia motora na ortóptica pode ser entendida como uma série de exames que
têm por finalidade adquirir informações sobre o estado da motilidade ocular e as condições
sensoriais do olho (NONAKA et al., 2007; RHEIN & LEME, 2009; SCHEIMAN et al.
2003).
Nas ciências médicas, muitas vezes, a experiência e habilidade, do examinador são
suas principais ferramentas. Neste caso, no entanto, a validação destes predicados leva em
conta aspectos próprios e subjetivos do indivíduo. Por isso a evolução das ciências médicas
requer a aplicação de metodologias mais confiáveis de avaliação e quantificações de variáveis
ligadas a um sistema, por exemplo, o sistema visual.
A confecção de óculos, por exemplo, requer primordialmente a definição de medidas
das posições dos olhos de frente aos óculos. Desta forma, para a confecção de óculos são
feitas duas medidas, para cada olho respectivamente: Medida do DNP (distância naso-pupilar)
e a altura. DNP é a sigla que denomina a medida das distâncias naso-pupilares. Sendo assim é
descrito um par de valores chamado de DNPOD (Distância Naso-Pupilar para o Olho Direito)
e DNPOE (Distância Naso-Pupilar par o Olho esquerdo), a soma dos DNP’s de ambos os
olhos será a DP (Distancia Pupilar). No entanto a manutenção do termo, é justificado apenas
por força da tradição histórica, já que a confecção de ortoses oftálmicas (óculos) depende da
distância entre os centros ópticos oculares - que no passado acreditava ser o centro pupilar –
sendo compreendido, mais atualmente como referente à posição do reflexo de uma fonte
luminosa frontal sobre a córnea. A altura, por sua vez, é a medida vertical do reflexo
corneano, até a borda inferior da armação.
A medida da altura requer que a pessoa olhe ao horizonte e o examinador meça com
escala milimétrica a posição relativa aos reflexos à porção média da ponte dos óculos, (figura
5), bem como a distância de cada reflexo às bordas verticais da armação.
26
Para quantificações das posições dos olhos, a videogrametria pode oferecer grande
contribuição quanto à reprodutibilidade e à acurácia ligada à realização das medidas
(reportadas na figura 5, por exemplo) nas ópticas.
Outra metodologia de suma importância na avaliação da motilidade, para as carreiras
profissionais que estudam a visão é a oclusão unilateral ocular, que é utilizada na pesquisa da
presença de estrabismos (GURLU e ERDA, 2008; RHEIN e LEME 2009).
Quando os dois olhos fixam um determinado objeto (figura 6-a) e, de repente, um
deles é ocluído (6-b), o fluxo de informação do mesmo olho em direção ao cérebro é
interrompido. Quando ocorre a desoclusão, o fluxo de informações é restabelecido, porém
nem sempre a posição dos olhos é mantida, sendo assim é confirmada, nesse caso, a
existência de um estrabismo, pela posição de fixação dos olhos.
A quantificação do desvio pode ser realizada pela medida do ângulo do movimento
ocular, ou pela neutralização do desvio com o uso de um prisma de fases não paralelas, com
base em direção ao movimento (figura 6-c). O valor do ângulo corresponde ao valor do desvio
da luz provocado pelo prisma.
Para Bicas (2003), “por definição, dioptria-prismática (Δ) é o nome dado à relação de
duas dimensões métricas, significando um ângulo”. Uma dioptria-prismática é a dimensão do
ângulo formado pela separação de 1 cm entre dois pontos, a um metro de distância. O valor de
uma dioptria prismática em graus é 0,57º.
27
a b
a b
.
Figura 7: Versão. Na figura a, os olhos normais estão olhando para a seta a cima
(supraversão), na figura b ocorre o mesmo caso, no entanto apenas o olho direito realiza o
movimento, isso ocorre por causa da paralisia do músculo reto superior do olho esquerdo
(MRSOE).
Essa metodologia é muito aplicada na pesquisa de estrabismos, por ela é possível aplicar
os testes versões e ducções, assim podem ser avaliados o comportamento do movimento dos
olhos na avaliação clínica, os resultados deste exame, são fundamentais para o diagnóstico
diferencial de alguns tipos de estrabismos, e suas classificações.
Para Rhein (2006), o método de versões também conhecido com rotações oculares
prima-se por avaliar a limitação ou aumento da excursão ocular devido a hiper ou hipofunção
muscular. Permite também, detectar incomitâncias, nistagmos de posição extrema, alterações
das fendas palpebrais e determinadas paresias ou restrições musculares.
Este teste é realizado com a movimentação de um alvo luminoso diante das posições
diagnósticas do olhar (figura 8).
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avaliar o PPC e com o auxílio de uma escala é quantificado a distância entre o objeto e os
olhos do paciente.
Figura 9: Régua da RAF, na figura veja no porção superior esquerda um apoio onde o
examinador apoia o instrumento. Na porção média da figura está o estímulo o qual o paciente
deve manter a fixação ocular. Na porção inferior direita existe uma bifurcação com a
finalidade de apoiar a extremidade distal do aparelho sobre a face do paciente na porção
zigomática. (Google images)
Todos os processos orgânicos citados acima são controlados pelo sistema nervoso, caso
algum constituinte das áreas específicas de processamento ou controle venham ter algum tipo
de dano, a movimentação normal dos olhos será afetada.
A principal ligação do olho ao cérebro (figura 10) é realizada por meio do nervo óptico
(segundo par de nervos cranianos), as células ganglionares da retina na verdade são os corpos
células dos axônios que formaram o nervo óptico. Esses axônios estão dispostos segundo uma
organização das fibras nervosas, essas percorrem ate o quiasma óptico onde ocorre a semi-
decussação (cruzamento) parcial das fibras nasais de ambos os olhos. Após a passagem dessas
fibras pelo quiasma óptico existe a formação do trato-óptico o qual contem fibras nasais e
temporais da retina. A maior parte dos axônios do nervo óptico terminam no corpo geniculado
lateral (CGL), o qual serve de uma estação de recepção, filtragem, amplificação e condução
do sinal do nervo. Do CGL existem conexões que terminam no núcleo pré-tectal, outros
axônios terminam no núcleo supraquiasmático. Do CGL a maior comunicação será com o
31
córtex visual primário (V1) no lobo occipital do cérebro, por meio da radiação óptica
(GROSVERNONOR, 2002; KANDEL, 2002;RHEIN & LEME, 2009).
Outra ligação entre o olho e o cérebro ocorre por meio do trato retino-hipotalâmico, o
qual trabalha como via da informação para o núcleo supraquiasmático. Esse núcleo é
composto por um pequeno grupo de células que controlam o relógio biológico (ciclos
circadianos) o qual controla o ritmo como: comer, beber, dormir e o controle hormonal
(BARRAGAM 2003).
Colículos superiores recebem aferências neuronais da retina, eles são responsáveis por
direcionar respostas comportamentais para estímulos no espaço. Em suas camadas existem
coordenações com a retina. Nos primatas ele atua principalmente na movimentação dos olhos
como os controles dos movimentos sacádicos oculares.
O núcleo pré-tectal atua no controle dos reflexos pupilares e acomodação, sua ligação
com os olhos ocorre por meio de axônios da retina. Essa estrutura sob estimulação elétrica
pode agir na movimentação horizontal, em adição existe contribuição na fixação em
nistagmos optocinéticos.
Outra área de recepção dos sinais da retina é o sistema pulvinar. Esses sistemas
enviam projeções entre o córtex estriado e extra-estriado.
Para a visão, como em outras operações mentais vários atributos como movimento,
profundidade, forma e cor são coordenados em uma percepção única. Essa entidade é formada
por um sistema neural hierárquico composto por múltiplas áreas que são alimentadas por
imformações provenientes da retina por meio das vias visuais (tabela )
A maior parte das informações visuais é processada no córtex estriado (v1) e córtex
extra-estriado (V2, V3, V4). No córtex estriado a maior parte de suas células responde apenas
a pontos de luz e linhas de orientação específicas. Na área extra-estriada há grande
comunicação com o córtex estriado para que a informação seja processada nessa porção
ocorre uma correção por meio de uma resposta seletiva à cor, contraste, resolução espacial,
sensibilidade ao movimento, direção e esteriopsia (Barragan 2003).
Os estudos em vivo do funcionamento do cérebro em vivos, por meio da ressonância
magnética funcional (RMF), auxiliou na compreensão do papel das áreas corticais dos
movimentos oculares (PIERROT-DESEILLIGN et al 2004).
No lobo frontal estão as principais áreas envolvidas no controle dos movimentos dos
olhos, como o campo ocular frontal (FEF), o campo ocular suplementar (SEF) e o complexo
pré-frontal dorsolateral.
33
occipital (área temporal medial superior e área temporal média), mas apenas o FEF, o papel
específico no tempo de perseguição ocular (PEM) é claro.
Alem das áreas descritas anteriormente para Figueira (2007), as aferências dos canais
semicirculares terminam nos núcleos vestibulares onde o sinal é processado. A informação
dos núcleos vestibulares chega aos núcleos óculo-motores, gerando o reflexo vestíbuloocular.
A finalidade deste reflexo é manter constante o campo visual durante a rotação da cabeça
mediante movimentos compensatórios dos olhos, denominados movimentos de perseguição
lenta. Se o movimento se estender até o limite orbital, é iniciado um movimento rápido no
sentido da rotação da cabeça denominado movimento sacádico (HOUSSAY e CINGOLANI,
2004 apud FIGUEIRA 2007).
O reflexo vestíbulo-ocular é de fundamental importância para este trabalho, pois este
relaciona os movimentos dos olhos com a detecção da rotação da cabeça pelo sistema
vestibular.
Para Leingh e Zee (1999). O estudo dos movimentos oculares é uma fonte valiosa de
informação para clínicos e cientistas básicos. Para neurologistas e oftalmologistas,
anormalidades da motilidade ocular são pistas em processos patológicos. Para o neurologista
em especial, o estudo do controle dos movimentos oculares pode ser uma oportunidade única
para o entendimento do cérebro. Alem disso, as conseqüências perceptivas dos movimentos
oculares são importantes para ambos clínicos e cientistas básicos, a informação desses estudos
podem contribuir para o conhecimento controle motor em geral.
Basicamente os movimentos oculares são descritos em 3 graus de liberdade
denominados eixos de Fick (figura 12). Estes são considerados o centro de rotação dos olhos,
localizado aproximadamente a 13mm atrás do centro corneano. A rotação realizada no eixo
horizontal (X) resulta na elevação ou depressão. A rotação no eixo anteroposterior (Y) produz
movimentos toriconais. As abduções e aduções representarão a rotação horizonal, no eixo (Z).
Figura 12: Eixos de Fick os quais representam os graus de liberdade do movimento dos
olhos.
Um dos fatos mais básicos sobre a visão, no que tange a maquinaria da visão do ser
humano é que as imagens são produzidas por projeções perspectivas.
Muitas pistas disponíveis para tornar o estímulo visual possível incluem o movimento,
esteriopsia binocular, textura, sombras e contorno. Cada uma dessas atua como base para
sobreposições sobre a sena física (Marr 1982 apud, Wilson e Keil ,1999).
As pista esteriopsia e movimento dependem da presença de múltiplas visões, cada uma
adquirida simultaneamente formando uma única imagem durante a relativa movimentação de
objetos. A projeção de pontos significantes do mundo é observada em imagens múltiplas,
sendo que isso é teoricamente possível na dedução de localizações 3D.
O sistema nervoso central (SNC), num processo contínuo e dinâmico, é responsável
por integrar as informações sensoriais, que serão as bases para a coordenação dos movimentos
dos olhos no espaço.
Para Wilson e Keil (1999), a análise da imagem visual produz um rico entendimento
sobre o mundo, tal como possibilita a localização de objetos e sua mudança em função do
tempo, auxiliando o sistema biológico e cortical no reconhecimento e manipulação de objetos,
e, no limiet, torna possível até a interação física com o ambiente. Nesse ínterim, a abordagem
computacional no estudo da visão explora o processamento do mecanismo da informação na
extração da informação de interesse.
37
O mecanismo da visão inicia uma grande matriz de medidas da luz refletida pelas
superfícies de objetos para os olhos. Analises ocorrem em múltiplos estágios, os quais cada
um produz representação aumentada da informação na cena.
Estudos computacionais sugerem principalmente teorias sobre a representação da
imagem. A Representação incipiente pode capturar informações como localização, contraste e
forma de mudanças significantes de intensidade e bordas da imagem. Essas mudanças
correspondem a aspectos físicos como limites dos objetos, textura dos contornos e marcas nas
superfícies dos objetos, limite das sombras e mechas. Nesse caso mudanças dinâmicas na cena
e representação incipiente podem descrever a direção e velocidade dos movimentos das trocas
da intensidade da imagem.
As Representações intermediárias descrevem a informação sobre a forma
tridimensional (3D) das superfícies dos objetos da perspectiva do sujeito, como a orientação
de pequenas regiões de superfície ou distâncias dos pontos da superfície aos olhos. Tal
representação pode descrever o movimento dos traços da superfície em terceira dimensão. O
processamento visual pode continuar em altos níveis de representação de objetos que
descrevem a superfície 3D, forma e orientação relativa ao quadro de coordenação beseados
nos objetos e a fixação da localização com o mundo. Tarefas como o reconhecimento de
objetos, manipulação de objetos e a navegação pode operar de níveis de representação
intermediária e altos dos traçados dos objetos no mundo.
Muitas fontes de informação são usadas na computação da superfície 3D dos objetos. A
esteriopsia usa a localização relativa ao traço em imagens vistas pelos olhos direito e esquerdo
para deduzir a distância à superfície dos objetos. Mudanças abruptas no movimento entre
regiões de imagens adjacentes indicam as fronteiras dos objetos, em conjunto com variações
sutis na direção, forma e movimento. A formação de sombras na imagem - que referem-se a
sutis variações de incidência de luz, que ocorre nas superfícies em direção ou longe de fontes
luminosas - perspectiva as quais podem gerar distorção nos contornos dos objetos que são
resultados das projeções perspectivas da cena 3D vinda de duas imagens 2D.
Figura 13: Desvios verticais e horizontais, simulação para o olho direito (figura composta por
uma simulação de alcon institute).
Figura 15: Pessoa realizando exame de video-oculografia, uma câmera visualiza a posição
dos olhos do sujeito experimental, esse sujeito está com a cabeça apoiada enquanto os olhos
fixam algum estímulo.
2 ESTADO DA ARTE
O estudo das posições dos olhos e suas movimentações são comuns aos profissionais
da saúde como optometristas, oftalmologistas, ortoptistas, neurologiastas, psicólogos e
profissionais da computação. Cada área utiliza metodologias próprias na abordagem do
problema. Este trabalho foi desenvolvido para o aprimoramento das metodologias de pesquisa
dos movimentos oculares, aplicadas na clínica da visão. Utilizando conceitos e adaptações de
métodos já consagrados em outras aplicações. A formulação dessa pesquisa foi realizada em
dois blocos de áreas do conhecimento: avaliação da motilidade ocular por profissionais da
visão; avaliação da motilidade por meio da oculografia.
43
Nas ciências da visão Fogt et al. (2000), Siderov et al. (2001), Scheiman et al. (2003),
Johns et al. (2004), Adler et al. (2007), Gurlu e Erda (2008) e Holmes et al. (2008) realizaram
avaliações da motilidade ocular usando testes tradicionais (como citado no item 1.2)
aplicados na avaliação clínica.
Com base nos trabalhos citados sobre a aplicação de metodologias de medidas clínicas
da posição dos olhos e seus movimentos foi possível visualizar a subjetividade na obtenção de
dados sobre os aspectos sensórios motores nas avaliações clínicas. Quanto aos resultados dos
testes há questionamentos quanto à repetitividade e reprodutibilidade na aplicação clínica
dessas metodologias.
Fogt et al. (2000) realizaram um estudo para determinar a influência da experiência do
especialista na detecção de pequenas rotações oculares na ordem de 0.5pd à 5pd, em
condições ideais. Participaram do estudo três grupos de especialistas com nível variado de
experiência na detecção de movimentos do olho durante teste de oclusão, sendo oito
estudantes do primeiro ano de optometria, seis do quarto ano e seis optometristas experientes.
A direção e extensão de cada movimento foram selecionadas aleatoriamente.
A média horizontal necessária para a obtenção de um julgamento correto à 99% foi de
2,65pd para os alunos do primeiro ano de optometria, 2,47pd para o grupo do quarto ano e
2,4pd para os optometristas experientes. O resultado indica que em condições ideais, a
eficiência na detecção de movimentos oculares esta associada à experiência que contribui na
obtenção de resultados mais corretos.
Siderov et al. (2001) realizaram um teste com a finalidade de avaliar o efeito, em
medidas do PPC, da avaliação subjetiva por parte do examinador como no estudo de Fogt
(2000), variando a metodologia quanto ao tipo de estímulo visual. Classicamente o PPC é
aferido com uso dos estímulos da régua da RAF. Nesse trabalho, foi utilizado também o palito
acomodativo e a ponta do dedo do examinador como fonte de estimulação. Todas as medidas
foram executadas sob as mesmas condições experimentais, sendo assim dois grupos
continham pacientes com ausência de astenopia. O primeiro grupo foi formado por sujeitos
jovens e o segundo grupo continha pacientes presbitas. O controle da acomodação foi
realizado com o uso de correção óptica. Para o grupo formado por pacientes presbitas não
houve diferença quanto ao tipo de estímulo; entretanto, para o grupo de jovens ocorrem
diferenças na quebra da convergência. Os dados comparativos do grupo formado por jovens
mostraram que o ponto de quebra da acomodação foi mais afastado no uso da régua da RAF
44
anteriores, neste caso, foi avaliada a variação do teste de PPC com vários tipos de estímulos e
um grupo experimental com idades variadas. No entanto, o método de avaliação de todo
processo ainda está baseado na subjetividade de avaliação por parte do examinador, seguindo
a mesma fonte de erro associada aos trabalhos descritos anteriormente.
Gürlü e Erda (2008) procuraram o período de tempo ideal no teste diagnóstico de
oclusão em pacientes com exotropia intermitente. No teste foram avaliados 82 (oitenta e dois)
pacientes com exotropia intermitente. Após a avaliação, o teste de oclusão foi repetido com
um período de 1, 3 e 24 horas de intervalo. A distância média dos desvios à visão de perto foi
obtida pela comparação das medidas. Os períodos de estabilização foram determinados, o
teste Pos Hoc de Tukey foi usado para a análise estatística.
Após a oclusão, a exotropia média foi de 28±14.5pd e a exotropia média para a visão
de perto foi de 30±14.8 (p=0.023) e 31.2 ± 14 (p=0.000), respectivamente. Entre os testes
após 3 e 24 horas, não foram encontradas diferenças clínicas ou estatísticas de grande
significância. Embora o desvio se estabilize após uma hora e o desvio para a visão de perto se
estabilize após três horas na exotropia intermitente, as mudanças da média entre os dois
períodos são desprezíveis na avaliação clínica. No que tange à repetição do teste, caso ele seja
realizado em um intervalo de repetição inferior à uma hora, os dados de oclusão podem ser
instáveis.
Holmes et al (2008) propuseram a descrição da variabilidade das medidas de desvios
oculares entre observadores pelo teste de oclusão com prisma e teste de oclusão alternada com
prisma em desvios horizontais. Os testes foram realizado com vinte e três pacientes com
paralisia do nervo abducente e três pacientes, que formam o grupo controle, foram
examinados independentemente por dois médicos oftalmologistas. O teste e a repetitividade
do teste foram avaliadas usando o gráfico de Bland-Altam e o limite de conformidade usado
foi de 95%.
Para os testes de oclusão com prisma a um limite de 95% a variação foi de 6.3pd para
a visão de longe e 6.9pd para a visão de perto. Os dados para o teste de oclusão alternado foi
de 10.2pd para visão de longe e 9.2 para a visão de perto. Baseado nos dados estatísticos, o
limite à 95% de confiança entre os dois examinadores foi próximo à 10pd.
Diante do exposto acima, verifica-se que em relação aos testes de avaliação da
motilidade ocular e quantificação do desvio ocular em estrabismos existe descenso quanto à
margem de erro nos testes visuais. Por outro lado, a variação da estimulação ante testes
motores oculares não é bem definida na literatura, sendo comum nos artigos a associação de
diferenças estatísticas com a tolerância clinica na obtenção dos resultados.
47
3 METODOLOGIA
c d
a a
b
a
e
a
f a
a
. a
Figura 16: OPTOMETRIC-LAB desenvolvido nas dependências da UMC. (a) cameras ccd
infravermelhas SONY, (b) Apoio para cabeça, (c) Cúpula com iluminação, (d) Computador,
(e) mesa, (f) ajuste de altura.
horizontais e verticais definem os pontos de calibração com distância de 2cm em 2cm, este
aparato tem a finalidade de garantir a ortogonalidade entre a base e a posição dos marcadores
verticais posicionados por uma haste, o conjunto de marcadores vão configurar um volume,
neste caso o volume de calibração.
Para este sistema foi escolhida uma origem, a partir daí, foi definido um sistema de
coordenadas com três eixos ortogonais entre si (sistema cartesiano), em que por definição, a
vertical foi definida como sendo o sentido Z a direção lateral foi definida com X e a direção
da profundidade foi definida como Y (figura 17).
A medição foi garantida pela medida das marcas do plano fornecidas pela folha
milimetrada e a definição dos pontos sobre o calibrador vertical, Esta definição foi realizada
por metodologia metrológica, por meio de traçador de alturas, assim foi possível definir a
posição das marcações com máxima precisão garantida pelo traçador de altura Mitutoyo.
Com os valores obtidos pela definição da posição dos marcadores foi possível gerar
um arquivo de calibração com as coordenadas tridimensionais dos pontos conhecidos.
52
Figura 18: enquadramento do volume de calibração (a) (armação de calibração) pelas três
câmeras (c), que constituem o sistema de captação de vídeo, observe que cada câmera é capaz
de visualizar todas as hastes (a) do ponto mais baixo ao ponto mais alto conferindo o
monitoramento do volume pelo sistema de captação de imagens.
(n1k n3k xik ) X i (n4k n6k xik )Yi (n7k n9k xik )Z i n10
k
xik 0 (1)
53
(n2k n3k yik ) X i (n5k n6k yik )Yi (n8k n9k yik )Zi n11
k
yik 0 (2)
ponto de referência e nhk (h=1,11) são os parâmetros da transformação para a k-ésima câmera,
a serem determinados.
Figura 19: Imagem digital a qual o quadro a define as coordenadas de tela a que tem função
de plano comparador para a aquisição da trajetória do movimento
54
Por meio desta comparação é possível realizar medições, para cada imagem, é definida
uma matriz de pontos (pixels). De posse desses pontos torna-se possível extrair as
coordenadas x e y da imagem em função do tempo e, neste trabalho foi utilizado o processo
manual de medição e o reconhecimento de imagem pelo software Dvideow.
Cada ponto de interesse deve ser visto simultaneamente por pelo menos duas câmeras,
portanto, o posicionamento das câmeras deve levar em conta a visualização de cada ponto por
mais de uma câmera. Todavia, a obtenção das coordenadas como exposto anteriormente pode
ser obtida de modo manual ou automático.
A obtenção manual da posição de tela de cada ponto deve ser realizada quando o
padrão da imagem for inadequado para os processos de rastreamento automático e
reconhecimento de imagens. O rastreamento automático da posição dos marcadores é
realizado por métodos de processamento de imagens, em conjunto à estruturação de
algoritmos, que realizam a detecção das marcas. Muitas vezes a obtenção destes pontos de
modo automático foi irregular, em virtude de alterações no padrão das imagens causado por
mudanças da iluminação e perda de foco.
Durante o procedimento experimental, a interrupção na obtenção dos dados pode
ocorrer, por exemplo, quando o olho está fechado, quando pisca ou quando o sujeito
colaborador realiza algum tipo de movimento para o qual o sistema de captação das imagens
seja incapaz de visualizar o objeto de interesse, neste caso devemos registrar a posição
anterior que é uma estimativa da localização da partícula em especial.
(n1k n3k xik ) X i (n4k n6k xik )Yi (n7k n9k xik )Z i n10
k
xik 0 (1)
(n2k n3k yik ) X i (n5k n6k yik )Yi (n8k n9k yik )Zi n11
k
yik 0 (2)
55
Placa de
polipropileno
leitoso.
Para a melhor definição da acurácia das medidas realizadas pelo sistema, faz-se
necessária a quantificação de um fenômeno real, que possa ser controlado
O calibrador é um metrônomo de pêndulo simples (figura 21) que é um instrumento
com período constante, sua freqüência varia de 19 oscilações por minuto a 110 oscilações por
minuto.
.
meio do vídeo, visualizado no software VIDEO LOG (figura 22) que possibilita quantificar o
tempo de amostragem das imagens com precisão milesimal de segundo com taxa de
amostragem de 0.0370 ms.
Figura 22. Tela de trabalho do software VIDEO LOG; no centro é visualizado o vídeo; na
porção inferior do lado direito existe um relógio com mostrador digital; na porção infero-
central a barra de tempo, e botões de controle da visualização do vídeo; na porção direita veja
a barra de ferramentas e edição do vídeo; na janela anexa veja os vídeos disponíveis por data.
Uma grade inclinada foi composta por pontos, que foram desenhados sobre um plano,
de tal modo que cada ponto estivesse à distância de 40mm de outro. A definição da
localização de cada um deles foi possível em virtude de uma folha milimetrada, que servira de
marcador. Cada ponto possuía diâmetro de 3mm, a inclinação não foi calculada, para que
conferisse ao experimento caráter aleatório, quanto à inclinação e posição do conjunto de
pontos. A figura 23 mostra a aplicação deste aparato em um procedimento experimental.
58
Figura 23. Grade inclinada sobre plano, veja os pontos simetricos sobre o plano da grade.
Para a melhor definição da acurácia das medidas realizadas pelo sistema, faz-se
necessário a quantificação de um fenômeno real, que possa ser controlado, ou conhecido
profundamente. Para isso, a implementação de um Phantom ocular (modelo de olho), que
descreve um movimento tendo em comum certas virtudes em relação às seguintes
características oculares (ver figura 24):
Tamanho próximo de um olho real.
Eixo de rotação fixa.
Velocidade de movimentação constante e controlável
Passivo de variação da posição do eixo de rotação.
De posse desse instrumento, é possível quantificar a acurácia da ferramenta
videogramétrica para quantificações biomecânicas dos olhos, pelo registro do vídeo e
processamento das imagens do phantom.
59
Figura 24. Phantom, na porção superior do prolongador estão as esferas com dimensões
próximas ao do olho humano; estes olhos são movimentados por um eixo de motor de passo;
os motores estão sendo suspensos por uma placa plástica comum.
Este instrumento foi concebido com a fixação de dois motores de passo com
alimentação com tenção de 5,0V e passo de 7,5°, em que um ciclo possui exatamente 48
passos. Este aparato foi montado sobre um braço móvel, que permite a mudança da posição
do eixo do motor. Sobre o eixo do motor foi acoplado um prolongador e neste foi colocado
uma esfera de 20mm de diâmetro de cor preta e um alvo branco em seu equador.
O controle da rotação do motor é controlado por meio da porta paralela do
computador, sob rotina matlab denominada stepmotorzz, a qual realiza a movimentação do
motor em meio passo (passos de 7,5 graus). A rotina stepmotorzz possibilita o controle do
tempo de ativação das bobinas, e fornece uma matriz que calcula o tempo de processamento e
ativação de cada passo (figura 25).
60
d
e b
a
f
Figura 25: Esquema de montagem do motor de passo (a) ligado à porta paralela (b) do CPU
(c) que possui uma esfera (d) na estremidade do eixo (e) que translada 7.5º segundo a rotina
steppermotorzz (f) a qual ativa as bobinas 1 e 2, à freqüência e período determinados.
GEOVISION, a aferição do sincronismo entre as imagens foi obtida por meio de um relógio
que quantifica o tempo de amostragem das câmeras com precisão milesimal de segundo com
taxa de amostragem de 0.0370s.
Figura 26. Apoio Para cabeça, veja o apoio de cabeça onde o sujeito experimental deve
posicionar-se durante o procedimento experimental.
62
a c
d
b
Figura 27. Esquema de correção das distorções radiais em vídeo, por meio dos programas a
MOVIEMAKER, b FREE VIDEO TO JPG, c GML UNDISTORTER e d PHOTOLAPSE.
63
ulo
pênd
x
centro de rotação
A posição tridimensional dos pontos gerou uma matriz, que representa a localização
em função da referência do optometric-lab (figura 29), a fim de definir a mudança referencial
para algum ponto da grade foi utilizada a equação abaixo:
Pcn Ps n Psr (7)
Onde Pcn refere à posição do ponto no sistema da grade, Psn o ponto bruto
reconstruído pelo optometric-lab e Psr o ponto de referência contido na grade .
a b
Psr
y
0
x
Psn
Figura 29: a Representação gráfica da reconstrução dos pontos medidos da grade inclinada b
em relação à referência 0, Psr é o ponto de referência na grade e Psn são os pontos que
constituem a grade.
A partir da matriz convertida foi calculada a norma do vetor dos pontos pela equação:
Npn Pc n (8)
Pcn
30: as linhas pontilhadas representam a norma dos pontos da grade em relação a Pcn, as linhas
contínuas representa o sistema de coordenadas adotado.
O movimento dos olhos pode ser quantificado em ângulos (figura 31), estes podem ser
calculados por uma equação trigonométrica que relaciona o raio de rotação dos olhos e o
deslocamento do mesmo. O raio de rotação dos olhos é igual à aproximadamente 13mm, e o
seu deslocamento é calculável por métodos de eye traking.
rotação do olho
Figura 31: Modelo de determinação do ângulo de movimentação dos olhos de Zhu e Yang
(2002), O’ representa o centro de rotação do olho, theta é o ângulo de movimentação, r é o
vetor raio de rotação e l equivale ao vetor deslocamento, esta imagem representa um corte
sagital do olho para facilitar a visualização
66
l ( x1 x2 ) 2 ( y1 y 2 ) 2 ( z1 z 2 ) 2 (10)
O valor da movimentação dos olhos será descrito em função de um par de
informações, θx ângulo na horizontal, θy ângulo na vertical.
Figura 32: Representação gráfica da quantificação do ângulo de rotação θ do olho por meio
da obtenção da coordenada de dois pontos P1 e P2, sendo raio r dado.
( x1 x2 ) 2 ( y1 y2 ) 2 ( z1 z 2 ) 2
ou r (11)
t t
2.5
2
|Theta(t)|
1.5
X: 10.76
1 Y: 0.801
0.5
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Frequência em Hz
Com a obtenção dos dados filtrados foi aplicado uma função spline interpolate para
definição mais aproximada dos pontos perdidos durante os testes.
A visualização dos resultados pode ser feita por meio de uma animação gráfica
denominada “Avatar da Movimentação Ocular” (figura 34). Esse recurso foi construído no
software V-Realm Builder version 2.0, que possibilita a construção de modelos para animação
3d compatíveis com o Matlab simulink 2008a. O modelo consiste em dois olhos que se
movimentam segundo os eixos de Fick, os dados dos ângulos de que foram adquiridos nos
procedimentos experimentais foram estocados em um arquivo de extenção txt, a rotina em
matlab lê estas coordenadas e gera a animação.
A criação dessa interface de animação foi feita com o desenho de duas esferas sem
suas calotas, nesse espaço foi colocado um plano circular com uma textura de íris azul. Cada
esfera foi denominada uma variável a qual a rotina matlab usa para controlar os movimentos
do modelo nos graus de liberdade x e y de Fick.
69
Figura 34: Avatar da movimentação ocular construído no V-Realm builder version 2.0 para a
reprodução dos resultados do procedimento experimental.
Marcadores
Figura 35. Modelo de fixação de marcadores não invasivos sob a pele, Ilustração de ADAM.
4 RESULTADOS
2.5
2
angulos (rad)
1.5
0.5
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
tempo (s)
Figura 36. Gráfico da trajetória angular do pêndulo não filtrado em função do tempo,
visualize o comportamento senoidal da função da trajetória do movimento da partícula de
interesse.
2.5
1.5
ângulos (rad)
0.5
-0.5
-1
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
tempo (s)
Figura 37: Gráfico da trajetória angular do pêndulo filtrado em função do tempo, em azul
fina a trajetória em relação ao valor dos ângulos não normalizados; em asteriscos vermelhos a
trajetória dos ângulos normalizados, a freqüência da onda foi calcula a em função do tempo
de cada período como visto na seta sobre os dois primeiros picos da onda filtrada e
normalizada.
A filtragem dos dados tem o objetivo de limpar o ruído na obtenção do sinal, a onda
filtrada possibilita a definição automática dos picos da onda, com maior precisão.
74
Com base nos dados propostos, é possível visualizar que existe um desvio padrão
mínimo de 1,52x10-14 cpm, e desvio padrão máximo de 4,46 cpm. Os menores desvios
ocorreram em frequências menores, mostrando que há maior uniformidade entre as medidas
temporais em oscilações onde o pêndulo movimenta-se mais lentamente. A figura 38 mostra
esta relação pelo gráfico de barras de erro.
75
Resultados
70
Correlação=0,99
Correlação = 0,9
Período do metrônomo medido pelo optometric-lab (cpm)
60
50
Medida pela optometric-lab
40
30
20
10
10 20 30 40 50 60 70
Período do metrônomo
Período do metrônomo (cpm)
Figura 38. Gráfico da barra de erro sobre o sincronismo entre câmeras. Veja a simetria de
resultados entre as medidas dadas pelo optometric-lab e o período do metrõnomo, de 20 à 80
ciclos por minuto(cpm).
3
Período do metrônomo medido pelo optometric-lab (cpm)
Dados ajustados à 95% de confiânça
2.5
1.5
f(x)= 0.99*x
0.5
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
Período doCalibrador
metrônomo (cpm)
Figura 39. Gráfico da análise e ajuste da calibração à 95% de confiança, a linha vermelha
mostra a regressão linear dos dados ajustados, os pontos em azul são os valores brutos do
optometric-lab, a linha vermelha fraturada mostra o intervalo de confiança.
O modelo de regressão linear simples descrito no gráfico afirma que a relação entre as
situações real e aferida pelo sistema de medida possui simetria quanto o sincronismo entre os
registros. Assim, o dado calculado possui 3,5% de erro calculado a partir da regressão linear.
77
z
100
90
80
70
180 x
60
160
50 140
40 120
100
80
60
130
120 40
y
A norma entre cada ponto foi quantificada em 5 tentativas, a análise da variância das
matrizes formadas para cada tentativa foi igual a 1 (f=0.5). Na figura 41 é possível visualizar
a reprodutibilidade dos resultados mesmo mudando a posição do objeto.
78
180
Medidas da grade inclinada (mm)
160
140
milímetros
120
100
Valores
Medidas em
80
60
40
20
1 2 3 4 5
número de tentativas
Figura 41. Gráfico boxplot das medidas realizadas em 5 tentativas distintas, em vermelho
mostra a médiana dos pontos, a lina azul inferior mostra o primeiro quartil, a linha azul
superior mostra o terceiro quartil, as linhas pretas mostram os valores mínimos e máximos.
A visualização dos erros em relação a medida real mostrou a acurácia e a faixa dos
erros experimentais na reconstrução das coordenadas. A figura 42 mostra essa relação pelo
gráfico boxplot.
Boxplot dos erros
2.5
Erros instrumentais das medidas da
2
valores(mm)
1.5
grade inclinada
0.5
1 2 3 4 5
número de tentativas
Figura 42. Gráfico boxplot dos erros nas medidas da grade inclinada.
79
A média do erro da medidas dos pontos sobre a tela em 5 posições diferentes foi de
0.46mm ± 0.43mm..
Diante de uma tarefa cinética a medida do comprimento do pêndulo do calibrador
aferidor, em duas tentativas, cada uma com 99 medidas dentro de um período de 3,66s, a
figura 43 mostra o gráfico boxplot dos erros experimentais.
5
Medidas (mm)
4
Valores
-1
1 2
Tentativas
Figura 43. Gráfico boxplot dos erros experimentais na medida do comprimento do pêndulo
em fase dinâmica, observe a simetria de erros entre os dois procedimentos experimentais.
6
Graus em °
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
tempo
Figura 44: gráficos da rotação do motor filtrada, os picos representam as posições do eixo do
motor em graus, o vale da onda representa a posição inicial do eixo do motor e o ápice
representa a posição final.
1.5
Medidas em milímetros (mm)
0.5
Values
-0.5
-1
-1.5
1
Deslocamento
Movimentaçãoda
Column daface
Numberface
Figura 45: Gráfico boxplot do deslocamento da face durante os experimentos com seres
humanos, a mediana corresponde a mediana 0,12mm e a maioria dos dados estão no intervalo
de -0,3mm à 0,67mm.
102
100
98
96
94
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Quadros
Figura 46: Sinal não filtrado da posição do olho em milímetros no eixo horizontal em função
dos quadros adquiridos a uma freqüência de 27 por segundo.
Os pontos que foram perdidos são respectivos à oclusão ocular ou quando o sujeito
experimental fechou os olhos.
Mediante a aplicação do procedimento de filtragem e quantificação dos ângulos de
rotação foi possível suavizar a o sinal e visualizar melhor o resultado (figura 47).
10
Posição (°)
-10
-20
-30
-40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (s)
Figura 47: Sinal filtrado da posição do olho em graus no eixo horizontal em função do tempo
83
20
15
10
-5
-10
-15
-20
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (s)
60
20
-20
-40
-60
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (s)
Figura 49: A figura mostra a aceleração angular (°/s2) de todo o procedimento experimental
em função do tempo.
Tempo (s)
Dentre os sujeitos experimentais as medidas dos dp’s foi de 60,57± 2,96mm com valor
mínimo de 56,75mm e máximo de 67,47mm. A figura 51 representa a variação do dp em seis
sujeitos distintos.
85
30
30
30
30
30
30
25
25
25
25
25
25
20
20
20
20
20
20
Tempo em segundos (s)
15
15
15
15
15
15
10
10
10
10
10
10
5
5
0
0
68
66
64
60
58
56
64
62
60
58
57
56
60
58
56
64
62
60
Posição (mm)
5 DISCUSSÃO
Figura 52: Comparação dos resultados obtidos por meio de freqüências de aquisção
diverentes (25Hz e 75Hz). Em A foi medido a resposta acomodativa em função do tempo (s),
A figura B descreve a velocidade em °/s em função do tempo (s) e em C a aceleração em °/s2
em função do tempo (s).
88
entanto, mas a inspeção metrológica de equipamentos com finalidades médicas não ocorre em
virtude de falta de regulamentação ou custos associados à aferição de equipamentos.
No trabalho de validação, as metodologias desenvolvidas possuíam caráter de
quantificação metrológica, sua finalidade era definir as fontes de erros do sistema de
quantificação (figura 53). Esse trabalho inicialmente precedeu o desenvolvimento de um
modelo que representasse as possíveis fontes de erro associadas ao processo como um todo. O
processo de quantificação pelo optometric-lab inicia-se na definição do método de
reconstrução tridimensional da posição dos olhos por meio de imagens bidimensionais,
calibração do espaço onde ocorrerá o evento, sincronismo entre as câmeras que realizam a
captação das imagens, correção das distorções das imagens captadas pelas câmeras e, por fim,
o processamento de dados.
Método de Método de
reconstrução calibração
tridimencional
Fontes de
erros
análise da variância entre as medidas reais, e cinco medidas aleatórias não apresentou
significância estatística, portanto a aplicação de câmeras com distorção radial significante
torna-se viável.
A definição da posição dos olhos em virtude da quantidade de pixels visualizáveis em
grupos de o 20X20 pixels possibilita uma margem de erro por volta de 3.3º. Para Zhu, e Yang
(2002), essa marca pode ser minimizada em virtude da resolução das câmeras aplicadas nesta
situação experimental. No entanto, outra possível alternativa é a aproximação da câmera
diante do objeto, desde que não ocorra a perda de campo. Neste trabalho, grande parte do
esforço foi na definição de um posicionamento ótimo que melhorase a resolução da imagem, e
que, também, possibilitasse um melhor aproveitamento do campo visual de cada câmera.
O optometric-lab mostrou possuir boa performance na aquisição de dados dos
movimentos oculares diante dos testes da posição dos olhos e movimentação ocular.
Erros aleatórios neste caso são em sua maioria oriundos da definição do alvo em cada
câmera. O erro mínimo na definição do ponto em cada câmera, pode gerar a quantificação
equivocada da posição dos alvos. Como quanto maior a quantidade de câmeras maior será
este erro, com o intuito de minimizar esta fonte, é bom que as câmeras estejam em pares. O
rastreamento automático também pode contribuir na acurácia do equipamento, sendo que os
erros associados às medidas automáticas podem estar relacionados ao controle da iluminação
e padrão de fundo da imagem. Em relação ao olhos a iluminação pode ser facilmente
corrigida, no entanto, o controle da iluminação do fundo não pode ser corrida em
experimentos não invasivos.
Monteiro e Leça (2005) enfatizam em seu trabalho a importância da metrologia na
saúde, em especial na aplicação de equipamentos eletromédicos. O procedimento de
calibração em muitos aparelhos não é obrigatório para sua aplicação, portanto, o usuário
depende exclusivamente da calibração original. Com o uso e envelhecimento natural do
aparelho, essa calibração fica prejudicada, o procedimento de calibração para a aplicação da
metodologia de quantificação dos movimentos oculares pelo optometric-lab deve ser realizada
constantemente, assim a acurácia será assegurada.
Em saúde a regulamentação metrológica está a cargo de entidades como ANVISA e
IMETRO. Toda via os processos regulamentários demandam muito tempo, passando por
várias etapas, como estudos prévios, elaboração de pareceres técnicos, elaboração de portarias
e por fim a aplicação das normas. Talvez pó isso não haja ainda a popularização da
acreditação de métodos e equipamentos. Essa disseminação normativa deveria ser realizada
com esforços dos órgãos de classe e nesse sentido, a regulamentação das profissões seria um
92
bom começo, pois os conselhos de classe têm força para orientar seus membros e exigir o
respeito à normas metrológicas por exemplo.
Dentre as ciências da saúde que trabalham diretamente com a visão, apenas a medicina
como profissão possui regulamentação. Os profissionais de óptica, ortóptica e optometria não
possuem entidades expressivas que lhes defendam ou regulamente normas metrológicas.
Mesmo a oftalmologia, uma especialidade médica não possui normas metrológicas
específicas.
Assim, a aplicação de qualquer metodologia de quantificação dos erros associados à
medidas dos movimentos oculares, ou a definição da posição de montagem das lentes em
óculos, fica a cargo da consciência do profissional. Daí, outro benefício em regulamentar as
normas metrológicas nas aplicações médicas, está ligado aos investimentos em pesquisa e
tecnologia. Sabe-se que, quando existe alguma demanda para serviços especializados ou
melhora dos equipamentos existentes, os investimentos por parte das iniciativas públicas ou
privadas serão maiores, contribuindo para o crescimento da nação e capacitação da sociedade.
6 CONCLUSÃO
O presente trabalho mostrou que a aplicação do optometric lab é uma alternativa para
a quantificação do movimento e posição dos olhos diante dos testes de avaliação sensório
motora ocular. Sua aplicação na clínica no futuro possibilitará a obtenção de resultados mais
confiáveis alem de possibilitar a visualização dos dados via gráficos e animações.
Através da visualização dos resultados, averiguou-se que durante os exames da
movimentação ocular, enquanto alguns aspectos não são visualizados pelo examinador, a
quantificação computacional possibilita uma visão global. Desta forma, com o uso do
optometric-lab espera-se diminuir a subjetividade de examinadores durante experimentos e
ampliar as possibilidades de variáveis analisadas durante a examinação motora ocular.
96
7 TRABALHOS FUTUROS
REFERÊNCIAS
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105
ANEXOS
106
107
APENDICES
108
1) Introdução
Esta pesquisa propõe medir o movimento de seus olhos e das sobrancelhas, por
meio de um aparelho composto de uma cabine, um computador e uma cadeira; na
cabine estão instaladas três câmeras de vídeo, um sistema de iluminação e um
suporte para sua cabeça; um computador que permite visualizar os resultados, e a
cadeira para acomodar-se. Este aparelho será uma ferramenta de apoio diagnóstico
em disfunções da movimentações dos olhos.
2) Procedimento de Estudo
4) Riscos e desconfortos
A pesquisa oferece baixos risco para você, porque os marcadores serão fixados
com fita adesiva não tóxica, a cadeira e a cabine estão bem apoiadas no chão.
Pode-se apresentar um pequeno desconforto durante o procedimento experimental
ao retirar os marcadores, ou no local que estiver em contato com o apoio de cabeça,
para evitar a contaminação, todas as superfícies do aparelho que entram em contato
com sua pele serão limpas com álcool.
109
5) Benefícios
A pesquisa não confere benefício para você, porque não se trata de tratamento,
ou procedimento diagnóstico.
6) Custos/ Reembolso
Os sujeitos não terão nenhum gasto com a sua participação na pesquisa, pelas
avaliações e intervenções, e também não receberá pagamento pela participação. Os
sujeitos não receberão cobrança por nenhum tratamento, instrumento de avaliação,
e exame adicional, ou qualquer outro procedimento feito durante a pesquisa.
7) Responsabilidade
9) Participação