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Pecuária de corte

Definição

Trata-se de uma atividade que está dividida em duas linhas, podendo ser executadas juntas ou
não. Uma é a criação de gado comercial e a outra de gado elite, sendo que a primeira tem com
principal objetivo a produção de carne bovina de qualidade para a alimentação humana, além
de fornecer matéria-prima para a industria farmacêutica, de cosmético, de calçado, de roupas,
de rações, entre outras. Já a criação de gado elite tem como foco central à produção de
matrizes e reprodutores para a criação de gado comercial e elite.

A produção da pecuária de corte pode ser dividida em três fases:

Cria: compreende o período de cobertura até a desmama;


Recria: compreende a período entre o desmama até a fase de terminação;
Engorda: última fase, pode ser feita a pasto ou no confinamento.

Estatísticas

Rebanho

Produção/Abate
Consumo Interno
Exportações
Importações
Preço ao Produtor

População Brasileira
Tabela 1

Rebanho Bovino Brasileiro, por Região (*)


Região 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Norte 14,973 15,335 15,968 16,888 17,292 17,430 17,858 18,382 19,017 19,774
Nordeste 26,977 25,380 23,244 22,880 23,107 23,346 23,493 23,411 23,387 23,513
Sudeste 38,374 37,785 36,603 36,118 36,100 35,171 34,898 35,024 36,052 35,787
Sul 26,402 26,273 26,325 26,402 26,233 25,709 25,650 25,997 26,317 26,188
C.Oeste 48,535 49,082 49,993 50,551 50,701 49,318 49,661 50,774 52,214 52,252
BRASIL 155,261153,855152,133152,839153,434150,974151,560153,588156,986 157,513
(*) Quantidades em milhões de cabeças (valores aproximados)

Como se pode observar na tabela 1 o rebanho brasileiro vem crescendo nos últimos anos,
dando destaque para as regiões Norte e Centro-Oeste, pois são estas que mais tem
contribuído para o crescimento do rebanho nacional, devido principalmente ao preço da terra
mais acessível que nas regiões Sul e Sudeste, na qual o rebanho tem diminuído. Já a região
Nordeste tem se mantido constante.

Tabela 2

Produção de Carne Bovina no Brasil (*)


Região 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Norte 396,6 413,8 399,3 405,2 463,4 498,3 491,0 512,4 587,2 666,8
Nordeste 1033,11171,71066,21017,91028,21016,41077,01147,91141,3 1132,3
Sudeste 1847,91911,21877,91803,01943,42073,71838,01832,51743,6 1964,5
Sul 1111,91139,51114,91098,11225,01276,91204,11188,31234,6 1320,9
C.Oeste 1422,21560,11552,41696,91806,91997,21800,81819,51815,7 2237,4
BRASIL 5811,76196,26010,76021,06466,96862,56411,06500,66522,3 7321,8
(*) Quantidade em milhares de tonelada, equivalente-carcaça

Como já analisado na tabela 1, a 2 mostra a mesma situação, podendo concluir que a pecuária
de corte nacional tem se deslocado para as novas fronteiras, isso é, tem migrado para as
regiões Norte e Centro-Oeste.

Tabela 3
Balanço das Exportações e Importações de Carne Bovina
(Em equivalente-carcaça)
Exportações Importações
Industrializada In natura Total Total
Ano Qtd1 US$/ Ton2 US$3 Qtd1 US$/Ton2 US$3 Qtd1 US$3 Qtd1 US$3
1990 149 946 141,0 100 930 93,0 249 234,0 255 176,2
1991 214 1027 219,8 121 1759 212,8 335 432,6 108 117,6
1992 318 885 281,4 124 2289 283,3 442 564,6 114 103,5
1993 322 937 301,5 129 2103 271,4 451 572,9 48 44,0
1994 274 1051 287,5 102 2620 268,1 376 555,6 86 111,7
1995 238 1230 292,8 49 3708 180,8 287 473,7 121 169,6
1996 219 1078 236,3 61 3204 194,3 280 430,6 139 175,7
1997 219 1059 231,8 68 2879 196,3 287 428,1 112 196,6
1998 265 1117 296,2 105 2632 276,6 370 572,8 79 156,4
1999 345 922 318,1 196 2266 443,8 541 761,9 42 71,1
1
Quantidades em milhares de toneladas de equivalente-carcaça
2
US$/Ton de equivalente-carcaça FOB
3
Valores totais em milhões de dólares (US$)

Manejo de Bovinos de Corte

Para que uma empresa agropecuária, uma fazenda, tenha sucesso na sua atividade pecuária
ele deve adotar manejos correto capazes de aumentar a produtividade da fazenda e diminuir
perdas, tais como, índices reprodutivos baixos, número de mortes elevadas, lesões corporais
nos transporte dos animais, entre outros.

Neste contesto de adotar manejos adequados para a criação de bovinos valoriza-se


primeiramente a separação dos animais por categorias, isso é, por sexo, idade, tipo e função
na propriedade, pois com isso proporciona uma diminuição no estresse dos animais que é dado
pela competição pelo alimento do coxo ou do pasto, pela água, pelo sal, além de proporcionar
um maior controle do número animais na fazenda e dos índices zootécnicos.

As categorias animais mais comuns são:

• Vacas solteiras;
• Vacas amojadas;
• Vacas descarte;
• Vacas com cria;
• Bezerros mamando;
• Bezerros desmamados;
• Novilhas;
• Novilhas em reprodução;
• Primíparas;
• Garotes;
• Touros e Rufiões;
• Aleijados e Guaxos;

Na ultima categoria os aleijados devem ter um tratamento diferenciado, visto que são animais
problemáticos na fazenda, devendo ficar em pastos pertos da sede, para que o peão veja
diariamente com eles estão, além de terem aguada e coxo de sal de fácil acesso. Já para os
guaxos, deve-se tentar colocá-lo em uma outra vaca (guaxeiras) e observar diariamente se
tanto o filho legitimo quanto o guaxo estão mamando corretamente e em igual proporção,
podendo ele ser desmamado mais cedo, ao redor de 5 a 6 meses de idade.

A Identificação

Deve ser feita a identificação dos animais (a fogo, tatuagem, brincos, correntes, nitrogênio
líquido, eletronicamente ou outro método qualquer) para que se possa ter controle de
repetições de cio, data da prenhez, provável data do parto, observações quando da
Inseminação Artificial, etc., tudo muito bem anotado em fichas.
Estas fichas constituem excelente instrumento de seleção, pois através delas identificaremos
os animais produtivos e improdutivos.

Vacas Amojadas

As vacas "amojadas" (próximas ao parto) deverão ficar em piquetes denominados maternidade


com a finalidade de proporcionar assistência adequada tanto às fêmeas quanto aos bezerros,
quando da parição, até que estes estejam em perfeitas condições (sadio e forte).

O estado nutricional da vaca no terço final da gestação é de suma importância, pois desta
condição, vai depender um parto de forma sadia e fácil, com bastante leite ao bezerro, e uma
rápida recuperação uterina, reduzindo, conseqüentemente o tempo de retorno ao primeiro cio
fértil no pós-parto.

A reposição da condição corporal de animais mal nutridos, por ocasião do parto, além de ser
onerosa, aumenta o intervalo entre partos, diminuindo a taxa de prenhes do rebanho.

Assim que nasce o bezerro deve-se observar se ele mama o colostro da vaca nas primeiras 6
horas de vida, pois este colostro e essencial para a vida futura do animal, caso isso não ocorra
ou pela vaca ter o teto grande ou pelo bezerro ser muito fraco deve-se conter a vaca e ajudar a
beber o colostro. Vacas com tetos grandes devem ser descartadas do plantel.

Tipos de Desmana

Desmama precoce (90 - 120 dias)

Essa prática é recomendada para períodos de escassez de forragem. Sua finalidade é reduzir
o estresse da amamentação e os requerimentos nutricionais da fêmea (principalmente de
novilhas), permitindo que estas recuperem seu estado corporal e manifestem o cio. Entretanto,
é necessário que esta prática ocorra dentro da estação de monta, possibilitando a reconcepção
imediata. Assim sendo, para a estação de monta de novembro a janeiro, ocorreriam duas
desmamas: em novembro e em janeiro.

Apesar da reduzida influência do leite sobre o ganho de peso de bezerros, após o terceiro mês
de lactação, quando estes já estão pastando e ruminando consideravelmente, a desmama
precoce pode prejudicar o desenvolvimento da cria e até causar mortes. Para que não ocorram
problemas dessa natureza, a EMBRAPA -Gado de Corte recomenda:

• desmama de bezerros com peso superior a 90 Kg;


• desmama em época adequada (para o Brasil Central: novembro a janeiro);
• pastos diferenciados (com alto valor nutritivo, pequeno porte e alta densidade);
• suplementação com ração concentrada até 5 - 6 meses de idade;
• uso de "creep-feeding" na fase pré-desmama.

Desmama temporária ou interrompida

A remoção temporária do bezerro é uma técnica de fácil adoção e empregada para se melhorar
a fertilidade de rebanhos de corte. Consiste em separar o bezerro da vaca, por um período de
48 a 72 horas, a partir de 40 dias após o parto.

O efeito da interrupção temporária da amamentação promove o aparecimento do cio, podendo


aumentar a taxa de concepção das vacas em até 30%. Entretanto, sua eficácia dependerá da
condição corporal da fêmea, por ocasião de sua utilização. Seu maior efeito existe quando a
condição corporal é regular, com fêmeas em regime de ganho de peso.

Desmama Tradicional
Em gado de corte deve ser feito entre 6 e 8 meses. Em ocasiões muito especiais, este pode ser
feito mais tardiamente ou antecipado (aconselhável com o uso de suplementação alimentar ao
bezerro), sem causar prejuízo ao seu desenvolvimento.

A idade de desmama vai depender, portanto, da disponibilidade de forragens e suplementação


e da condição corporal da vaca.

O início da lactação (onde há maior exigência nutricional) deve coincidir com épocas de
pastagens de boa qualidade. A desmama deve acontecer no início do período seco, onde
ocorre a redução das exigências nutricionais das vacas.

Quando do desmame, devemos fazer uma avaliação das vacas no sentido de descartar
aquelas que desmamaram os bezerros mais leves e que estão vazias (ou não), liberando
pastagens para outras categorias de animais, mantendo aquelas que possuem maior
"habilidade materna", ou seja, desmamam bezerros mais pesados.

Deve-se dar preferência ao desmame no final da estação das chuvas, início da estação seca,
quando as pastagens são de melhor qualidade. Desta forma com estação de monta de
Outubro/Novembro a Janeiro, a desmama aconteceria entre Janeiro/Fevereiro a Abril/Maio
(geralmente início da seca) do ano seguinte.

Pode não parecer esta ser a melhor época, mas com a utilização de pastos reservados e/ou
suplementação alimentar aos bezerros, pode ocorrer a manutenção de peso e até mesmo
algum ganho durante o período seco.

A permanência de algumas vacas chamadas "madrinhas", junto ao lote de bezerros


desmamados, é sempre aconselhável.

As fêmeas que perderem seus bezerros por doenças ou mesmo por acidentes devem ser, de
preferência, descartadas, pois assim estaremos aumentando a resistência genética ao
ambiente e suas intempéries.

Da mesma forma, os animais com defeito grave (genéticos ou adquiridos), como


despigmentação, baixa repelência a insetos, aprumos, cascos, etc., devem ser avaliados e
eliminados do rebanho.

Os animais devem ser pesados ao desmame após jejum de 12 a 24 horas, considerando para
análise da performance a informação do grupo contemporâneo (apenas comparar animais do
mesmo sexo e raça, nascidos na mesma época, manejados no mesmo lote/mesmo ambiente e
que receberam o mesmo tratamento) e influências paternas e maternas.

Podemos estabelecer como meta um peso ajustado ao desmame (205 dias) equivalente pelo
menos a 50% do peso adulto da vaca em reprodução para machos e 45% para as fêmeas (ex.:
no caso de vaca Nelore com 400 kg a bezerra deveria pesar 180 kg em regime de pasto).

Estresse na Desmama

Devemos lembrar que, independente da forma de desmama, ocorre o estresse. O estresse é


causado basicamente pelo efeito cumulativo dos componentes emocional (onde o longo tempo
de proteção e afeto estabelecem um vínculo duradouro entre a cria e a mãe, e que a desmama
interrompe, geralmente, de forma brusca este convívio, demorando a se ajustar a nova
situação) e nutricional (onde é privado do leite, geralmente pouco, mas é a base de sua
alimentação sendo de alta digestibilidade), e em seguida, submetido a um pasto normalmente
amadurecido, pobre em qualidade e com reduzida digestibilidade.

Como conseqüência do estresse de desmama, geralmente ocorre atraso no desenvolvimento,


além do animal ficar mais suscetível a doenças e parasitoses.
A permanência de algumas vacas chamadas "madrinhas" (formando as creches), junto ao lote
de bezerros desmamados, é sempre aconselhável como forma de diminuir o estresse.

A suplementação alimentar, a utilização de pastos reservados, e o "amadrinhamento" junto a


outros animais adultos são medidas indispensáveis para não agravar o quadro.

O controle de ecto e endo parasitas assim como vacinações preventivas, devem ser realizadas
de forma menos estressante possível.

Em criações extensivas, para identificar a idade dos animais é comum a utilização da marca a
fogo, da idade dos animais, sendo a cara o local utilizado para o ano (carimbo do ano). Em
outras situações a marcação é feita na paleta, onde em cima é marcado o mês e, logo abaixo,
o ano de nascimento.

Castração

É um assunto muito polêmico (castrar ou não), quanto à época e o método a ser adotado. A
"castração" depende também do tipo de exploração pecuária, associado ao interesse particular
de cada criador ou associação de raças. A castração de machos normalmente ocorre na seca
onde a incidência de moscas e outros insetos ou parasitas é menor.

Para tanto, o criador deve procurar um Zootecnista ou um Veterinário para saber a melhor
época, em cada região, em cada raça ou cruzamento.

Independente destas condições, há necessidade do animal estar em perfeita saúde, não


podendo estar debilitado, para ser submetido a este manejo. Condições de higiene devem ser
atendidas para evitar perdas e aumentar o manejo.

Com o advento de novos medicamentos de amplo espectro e longa ação, tornou-se possível
efetuar a prática de castração, sem maiores prejuízos e em qualquer época, uma vez que estes
produtos protegem os animais por maior período de tempo.

Reprodução de gado de corte

Segundo Coulter et al. (1991) a reprodução é 10 vezes mais importante que o melhoramento e
cinco vezes mais importante que a melhoria de carcaça. Assim comprovamos que a
reprodução animal (sistema de cria) é sem dúvida nenhuma uma das atividades de maior
importância para o sucesso da bovinocultura de corte, assim o manejo reprodutivo dos bovinos
tem como objetivo utilizar técnicas que visam a otimização do desempenho produtivo e
reprodutivo do rebanho de cria, de forma racional e econômica. Dessa forma devemos atentar
para cuidados essenciais como a sanidade do rebanho, as exigências nutricionais e o potencial
genético dos animais, além do manejo reprodutivo do rebanho.

Esses cuidados devem ser realizados para que o produtor obtenha de seu rebanho a plena
eficiência reprodutiva, ou seja, quanto maior for a eficiência das vacas menores serão os
custos por bezerro nascido sendo assim maiores os lucros para o produtor.

Existem muitas formas para medir a eficiência reprodutiva, dentre elas podemos citar as
seguintes:

• Produção de bezerros nascidos vivos;


• Produção de bezerros desmamados;
• Intervalo entre partos ;
• Período de serviços;
• Número de serviços por concepção.
Para que essa maior eficiência reprodutiva seja alcançada devem ser adotadas algumas
técnicas de manejo, como por exemplo:

• Identificação dos animais e organização dos registros (nascimentos, abortos, mortes


etc.);
• Definição da estação de monta;
• Escolha do sistema de acasalamentos;
• Detecção de cio;
• Diagnostico de gestação e descartes;
• Determinação da idade à desmama;
• Controle sanitário do rebanho.

Identificação e registro de ocorrências

Para que o manejo do rebanho de cria seja conduzido de forma eficiente é necessário que
todos os animais (vacas e crias) tenham sido identificadas. Assim a identificação dos animais e
o registro das ocorrências e manejo do rebanho (datas e pesos ao nascimento e à desmama,
mortes e abortos, diagnóstico de gestação, vacinações etc) contribuíram para avaliar o
desempenho reprodutivo de cada animal. Possibilitando a identificação dos animais que devem
ser descartados, ou seja, aqueles que com baixa produtividade, além de ajudar a estudar
mudanças no manejo para melhorar a eficiência do sistema de produção.

Estação de monta

O sistema de monta mais primitivo é aquele onde o touro permanece no rebanho durante todo
o ano. Porém esse sistema não é o mais adequado, pois os nascimentos se distribuem por
vários meses do ano, dificultando o manejo (controles zootécnico e sanitário, manejo nutricional
etc). Com a ocorrência de nascimentos em épocas inadequadas, o desenvolvimento dos
bezerros é prejudicado e a fertilidade das matrizes pode ser reduzida, devido a restrição
alimentar.

As variações na fertilidade do rebanho estão ligadas principalmente às condições climáticas.


Portanto, o estabelecimento de uma estação de monta de curta duração é uma das decisões
mais importantes do manejo reprodutivo e de maior impacto na fertilidade do rebanho. Além de
sincronizar as demais atividades de manejo, sua implantação permite que o período de maior
exigência nutricional coincida com o de maior disponibilidade de forrageiras de melhor
qualidade, de modo a eliminar ou a reduzir a necessidade de alguma forma de suplementação
alimentar.

Com a redução da duração da estação de monta notamos também uma melhoria na fertilidade
e produtividade do rebanho, pois fica mais fácil de se identificar as matrizes de melhor
desempenho produtivo. No entanto, para alcançar essas metas, diversos fatores devem ser
considerados:

Época

A época é determinada em função da melhor época de nascimento para os bezerros e do


período de maior exigência nutricional das vacas.

No Brasil, a melhor época para o nascimento coincide com o período da seca. Assim, para
atender a esse requisito, o período recomendado para a monta deve ser de novembro a
janeiro. Neste caso, as parições ocorrerão de agosto a outubro e o terço inicial da lactação, que
apresenta as maiores exigências nutricionais, irá coincidir com o de maior oferta de alimentos
de melhor qualidade (estação das chuvas).

Duração

A meta ideal para a duração da estação de monta de vacas adultas deve ser de 60 a 90 dias.
Para novilhas esse período não deve ultrapassar a 45 dias, e tanto seu início como seu final
devem ser antecipados em pelo menos 30 dias em relação ao das vacas. Visando proporcionar
às novilhas , por estarem ainda em crescimento e lactação, tempo suficiente para a
recuperação do seu estado fisiológico e iniciar o segundo período de monta, junto com as
demais categorias de fêmeas.

No primeiro ano de implantação da estação esse período pode se estender de outubro a março
(seis meses) e nos anos seguintes ela deve ser ajustada gradativamente, até a obtenção do
período ideal. Deve-se tentar obter índices elevados de concepção no primeiro mês de
monta,para que as vacas tenham tempo suficiente para recuperar seu estado fisiológico, após
a parição, antes da próxima estação de monta.

Fertilidade de touros

O impacto da fertilidade do touro no desempenho reprodutivo do rebanho é diversas vezes


mais importante do que o da vaca, pois a expectativa é de que cada touro cubra pelo menos 25
vacas. Touros de baixa fertilidade podem causar grandes prejuízos para o produtor, além disso
deve-se lembra que eles contribuem com a metade do material genético de todas as crias,
enquanto é esperada de cada vaca a desmama anual de um bezerro.

Quanto a relação touro:vaca: as recomendações gerais são de 25 a 30 vacas para cada touro,
no entanto, os resultados mais recentes indicam que essa relação pode ser alterada para mais
de 40 vacas por touro. Os principais fatores que podem influir nessa relação são a idade, a
capacidade de monta, o libido, o estado sanitário e nutricional dos touros, o tamanho e
topografia das pastagens.

Condição corporal das vacas

Tabela (serão inseridas em breve)

A avaliação da condição corporal das vacas, apesar de subjetiva, é uma ferramenta muito útil
no manejo reprodutivo, pois nos permite avaliar o estado nutricional do rebanho em
determinado período. Dessa forma é possível corrigir o manejo nutricional a tempo, para que os
animais tenham condições mínimas no momento desejado. Além disso existe alta correlação
entre a condição corporal ao parto e o desempenho reprodutivo pó-parto, ou seja, as fêmeas
que tiverem melhor condição corporal no terço final da gestação irão apresentar cio mais cedo.

Esta avaliação deve ser realizada na época da desmama (abril/maio), início do período da
seca, assim as fêmeas prenhes que estiverem muito magras (escore abaixo de 4) devem
receber uma suplementação para que atinjam escore 5 a 6 ao parto.

Essa suplementação é importante, pois no terço final da gestação são altas as exigências de
proteína e energia para o desenvolvimento do feto. A restrição alimentar nesse período irá
causar além de perda de peso uma diminuição nos índices de prenhez, devido ao
prolongamento do retorno a atividade reprodutiva pós-parto.

Fotos (serão inseridas em breve)

Sistemas de acasalamento

Os principais sistemas de acasalamento são a monta controlada, a monta a campo e a


inseminação artificial.

Na monta controlada o touro é mantido separado das vacas, quando uma fêmea é detectada
em cio é levada para junto do touro onde permanece até a cobertura. Esse método é bastante
utilizado quando se deseja conhecer a paternidade, ele também causa menor desgaste aos
touros, porém podem ocorrer erros na detecção dos animais em cio e também demanda mais
mão-de-obra e trabalho para separar os animais.
A monta a campo é o sistema mais utilizado na pecuária de corte, nesse caso os touros
permanecem junto ao rebanho durante toda a estação de monta diminuindo assim o trabalho
com detecção de cio e condução dos animais ao curral, porém impossibilita a identificação da
paternidade das crias, a análise do desempenho reprodutivo e aumenta o desgaste dos touros
devido ao número repetido de cobertura que uma mesma vaca recebe. No entanto essas
desvantagens são compensadas pela economia de mão-de-obra e a certeza de que a maioria
das vacas irá conceber durante uma determinada estação de monta.

Mesmo com alguns inconvenientes como os custos de implantação do processo e capacitação


de mão-de-obra especializada e dificuldade de detecção correta dos cios, a inseminação
artificial é uma técnicas bastante difundida hoje no país.

Essa tecnologia proporciona ao produtor a oportunidade de melhorar o desempenho produtivo


do rebanho, mediante a utilização de sêmen de reprodutores com alto potencial.

Detecção de cio

O cio pode durar 24 ou 36 horas, porém o período em que a vaca aceita o touro geralmente
não ultrapassa 12 horas. As vacas geralmente modificam seu comportamento quando estão
em cio, tornam-se mais excitadas, montam nas outras vacas e também se deixam montar, os
lábios da vulva ficam umedecidos e ocorre uma ligeira descarga de muco vaginal.

A detecção do cio é um dos principais problemas para o processo reprodutivo, tanto pela monto
controlada como pela inseminação artificial, principalmente devido ao curto período de duração
do cio.

Assim para que ocorra o mínimo de erros possível o campeiro que irá realizar o trabalho de
detecção do cio deve estar habituado com os sinais de cio e deve realizar essa observação
durante o maior número de horas possível, no período da manhã e da tarde, para que
nenhuma vaca escape à observação e deixe de ser inseminada.

Diagnóstico de gestação e descartes

O diagnostico de gestação é de grande importância para a melhoria da eficiência reprodutiva


do rebanho, devido a identificação precoce das matrizes que não estão prenhes no rebanho. O
método que se utiliza nesse caso é o de apalpação retal, normalmente realizado a partir dos 45
a 60 dias ou na desmama (facilitando o manejo).

Identificadas as fêmeas vazias, estas devem ser descartadas antes do inverno, pois ainda não
perderam peso e esse descarte aumenta a disponibilidade de forrageiras para as fêmeas
prenhes. No entanto esse plano de descartes deve ser analisado com muitos cuidado, pois o
baixo índice de prenhez pode estar relacionado com alguma restrição alimentar, com a
fertilidade dos touros ou mesmo com a incidência de algumas doenças e não apenas com a
fertilidade das vacas.

O produtor também pode levar a desmama em consideração na hora do descarte, descartando


assim as vacas com pouca habilidade materna, que abandonam suas crias ou desmamam
bezerros com baixo peso.

Idade à desmama

A desmama pode ser definida como a separação definitiva do bezerro de sua mãe
interrompendo assim a amamentação e o estresse da lactação nas fêmeas. Em geral quando
as exigências nutricionais do rebanho são bem atendidas, a desmama é feita quando os
bezerros atingem de 6 a 8 meses de idade. Assim as vacas prenhes agora com menores
exigências nutricionais, poderão suportar melhor o período seco e chegar ao parto com boas
condições corporais.
Portanto, o uso estratégico da desmama tem como meta principal o fornecimento das
condições nutricionais necessárias para a recuperação do estado corporal das vacas prenhez,
sem prejudicar o desenvolvimento dos bezerros desmamados.

Couro e sua importância

Você sabe quanto vale um couro cru? Se sua resposta for não, não precisa se preocupar, pois
essa é uma realidade na pecuária nacional: a desinformação a respeito do couro produzido no
Brasil.

O setor coureiro obteve saldo positivo de US$ 1,9 bilhão em 1996, US$1,9 bilhão em 1997,
US$ 1,7 bilhão em 1998 e US$ 1,9 em 1999, conseguindo ainda entre 1992 e 1999 um
superávit de US$ 14,69 bilhões. Já o saldo positivo de exportação/importação no setor de
carnes e laticínios foi de US$ 736 milhões em 1996, US$ 875 milhões em 1997 e US$ 858
milhões em 1998. O mercado cresceu, mas não se desenvolveu. E, principalmente no setor
couro, todos estão deixando de ganhar.

Durante a última década, o setor de curtumes remunerou o couro cru brasileiro pela metade do
valor recebido pelo produto americano. Isto aconteceu porque somente 5% dos couros
americanos apresentaram os defeitos abaixo descritos, que são encontrados em 93% dos
couros brasileiros:

O mercado remunerou a sub-qualidade oferecida com sub-preço. Quem perdeu foi o produtor.

Apesar da maioria achar que não, o produtor realmente recebe pelo couro de seus bois. Na
realidade, os frigoríficos utilizam, para definir o preço final a ser pago ao pecuarista pela arroba
do boi, uma somatória de cada item que compõe o aproveitamento bovino - e entre estes itens,
um é o couro (ver tabela 1).

Tabela 1: Representatividade de cada item no valor final da arroba


Nos EUA, remunera-se o couro ao produtor como no Brasil, ou seja, o valor do couro está
implícito no preço total pago pela arroba do boi.

Nos últimos 10 anos, o frigorífico americano recebeu, em média, US$ 48,10/couro enquanto
que o brasileiro recebeu apenas US$ 27,01/couro. O diferencial por perda de qualidade,
somente no couro, em relação ao americano, foi de US$ 21,09.

Segundo a Braspelco (maior curtume da América Latina), a melhoria do couro tende a


beneficiar não somente as empresas de curtumes, mas toda a cadeia produtiva, já que o couro
tem influência direta sobre o preço da arroba, ou seja, melhorando a qualidade do couro
haveria incremento no preço final da arroba, aumentando o faturamento do produtor, indústria
processadora e curtumes. Para isso, no intuito de esclarecer melhor os produtores como
melhorar o couro de seus animais, a Braspelco resolveu fazer uma lista com os principais
pontos que devem ser levados em conta no manejo do gado. Essa lista recebeu o nome de "Os
10 mandamentos da melhoria na qualidade do couro" e segue abaixo:

Os 10 mandamentos da melhoria da qualidade do couro

1º) Nunca usar arame farpado;


2º) Não usar ferrão pontiagudo e nem cães para o manejo do gado;
3º) Combate periódico aos ectoparasitas (carrapato, berne, mosca-do-chifre, etc);
4º) Manter as pastagens limpas;
5º) Olhar sempre os currais, procurando pontas que possam furar o gado;
6º) Marcar nos locais corretos (cara, pescoço e canelas) com no máximo 11 cm de diâmetro
(Figura 1);
7º) Descornar o gado;
8º) Ofertar suplementos minerais;
9º) Escolher veículos adequados para transportar os animais, evitando pregos e pontas de
madeira;
10º) "Gado bem tratado é gado de melhor resultado".

Figura 1: Marcação correta


Fonte: Revista do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)

Para que todos possam ganhar, existe a necessidade urgente de trabalharmos em parceria. É
preciso reestruturar os pontos onde ocorrem perdas, promovendo, assim, um crescimento
organizado e saudável no mercado.

Por fim resta um dilema: é verdade que o produtor sempre produziu um couro de qualidade
ruim, mas também é verdade que o frigorífico nunca pagou a mais para quem produzisse um
com melhor qualidade. Acaba que dessa maneira o produtor não vai tentar melhorar o couro de
seus animais, esperando um melhor pagamento dos frigoríficos, e o frigorífico não paga mais
enquanto os produtores não melhorarem a qualidade de seu couro. Fica a pergunta: quem
deve tomar a iniciativa? Produtor ou frigorífico?

Nutrição Animal
Introdução à nutrição

A nutrição animal evoluiu bastante e assim adquiriu grande complexidade, devido ao constante
progresso das ciências que formam a sua base.

Na criação e exploração do gado, a alimentação é importante pelas influências que exerce


sobre a produção, melhoramento, saúde e rendimento econômico dos animais “Influência
sobre a capacidade de produção individual e indireta sobre o melhoramento do rebanho
ou da raça” – é conhecido o papel que a alimentação desempenha na saúde, no crescimento
e na produção dos animais, com reflexos no ganho de peso, secreção do leite, trabalho
muscular e acumulação de gordura.
Influência sobre a economia da produção

A alimentação correta contribui para a produção mais econômica, porque permite o melhor
aproveitamento dos alimentos ingeridos e reduz os desperdícios.

O pastoreio bem conduzido, o adequado emprego de forragens e o uso de alimentos


concentrados no balanceamento de rações, contribuem para baixar o custo da alimentação.

Não se deve esquecer, que uma ração perfeitamente equilibrada, para produzir o máximo
resultado, depende da influência exercida sobre os animais pelos fatores seguintes: condições
ambientais, capacidade genética, estado sanitário e manejo.

Fisiologia do rúmen

O ruminante possui o “estomago” dividido em quatro compartimentos, o retículo, o rúmen, o


omaso e o abomaso. O alimento entra no reticulo e pode, posteriormente ser regurgitado e
remastigado, processo denominado ruminação. A fermentação dos alimentos ocorre no reticulo
e no rúmen, este ultimo é um órgão grande e muscular que no adulto ocupa quase todo o lado
esquerdo da cavidade abdominal, ele aumenta aos poucos em tamanho, estrutura e atividade e
atividade microbiana à medida que o animal cresce e muda de uma dieta de leite para outros
alimentos.

O rúmen pode conter cerca de 120 a 240 litros de material e é o local onde ocorre à
fermentação, com cerca de 150 bilhões de microorganismos em uma colher de chá deste
material, que consistem de bactérias, protozoários e fungos. As bactérias requerem uns
ambientes quentes, úmidos e sem oxigênio para se desenvolverem, situação normal do rúmen
com temperatura de 39°C e pH de 5,8 a 6,4.

O omaso está relacionado à redução do tamanho da partícula e redução do excesso de água


antes que o material entre no abomaso.

Em bovinos adultos alimentados com forragem, quase todo açúcar solúvel e amido são
fermentados pelos microorganismos do rúmen. Animais alimentados com elevadas
quantidades de grãos, cerca de 50% do amido escapa à fermentação no rúmen e pode ser
digerido no intestino.

A proteína que chega ao intestino do ruminante pode ser proveniente de três fontes:

a) Proteína do alimento que escapa à fermentação no rúmen.


b) Proteína das bactérias e protozoários que saem do rúmen.
c) Proteína endógena de células de descamação e de secreções no abomaso e no intestino.

Proteases pancreáticas e intestinais quebram as proteínas para que os aminoácidos e os


peptídeos possam ser absorvidos no intestino delgado.

Lipídeos que chegam ao intestino delgado são principalmente ácidos graxos esterificados e
fosfolipídeos. Triglicérides que escapam a degradação ruminal e ácidos graxos esterificados de
origem microbiana são prontamente hidrolisados pela lípase pancreática, liberando ácidos
graxos livres, que são absorvidos no intestino delgado.

A absorção de água, minerais, nitrogênio e ácidos graxos voláteis ocorrem no intestino grosso.
As funções homeostáticas do intestino grosso envolvem balanço de eletrólitos, alguma
fermentação microbiana e armazenamento temporário de excreta. Os produtos não digeridos
são expelidos nas fezes, que incluem nitrogênio metabólico e bactérias e gorduras não
digeridas.

O quarto compartimento do rúmen é o abomaso, onde ácidos e enzimas digerem os alimentos.


É a porção glandular do trato gastrintestinal onde as paredes do estomago liberam enzimas. O
tempo de retenção do alimento é curto comparado ao tempo no rúmen.
A presença de alimentos no abomaso estimula a produção de acido clorídrico, o qual
pepsinogênio em pepsina, que por sua vez quebra a proteína em peptídeos e aminoácidos,
para posterior digestão e absorção no intestino delgado. O pH do abomaso é de 2 a 4 devido
ao ácido produzido.

O material que passa do abomaso para o intestino delgado é composto de partículas


suspensas no líquido.Na medida que esse material passa através do intestino delgado o pH
aumenta lentamente. Isso é um fato importante pois a enzima secretada pelo pâncreas e pela
mucosa tem um pH ótimo ao redor de 7,0.

Os sais biliares, sintetizados no fígado a partir do colesterol, ajudam na manutenção do pH


alcalino e agem como emulsificantes que separam os glóbulos de gordura e dá a lípase maior
área para agir. As secreções biliares e pancreáticas neutralizam os ácidos gástricos e
fornecem enzimas para hidrolise de amido, proteína e gordura.

Conceitos Básicos

Para que o ruminante utilize os vários tipos de alimentos fornecidos, existem algumas regras
básicas para permitir um desempenho ótimo, estas estão relacionadas ao tamanho da partícula
do alimento, as frações de carboidratos estruturais e não estruturais, e as frações protéicas dos
vários alimentos.

Uma certa quantidade de fibra é necessária para o funcionamento adequado do rúmen.

Quando o pH é menor que 6,0 as bactérias celulolíticas são reduzidas, permitindo o aumento
de bactérias produtoras de propionato. Isto causa um decréscimo na relação
acetato/propionato e pode resultar em menor porcentagem de gordura.

A tabela a seguir ilustra a influência do tamanho da partícula no funcionamento do rúmen e na


produção.

Rações com partículas

Item Fina Média Grossa


Ingestão, min./24h 195,3 204,4 204,4
Ruminação, min./24h 374,4 466,3 530,7
Mastigação total, 569,7 670,7 735,4
min./24h
pH 5,3 5,9 6
AGV, % molar
acético 58,3 61,2 61,8
propiônico 22,3 20,2 19,5
total leite, kg/dia 31,3 32 31
leite corrigido 4%, kg/dia 27,4 30,2 29,4
gordura, % 3 3,6 3,8
proteína, % 3 3 3,1

Fonte: Grant et al., 1990.

A quantidade também é importante, a fibra é necessária para fornecer carboidratos complexos


para a digestão mais lenta e controlar a acidez no rúmen. A fibra em detergente neutro (FDN) e
a fibra em detergente ácido (FDA) são as principais frações da fibra usadas no balanceamento
de rações.

Há necessidade de fornecer carboidratos não estruturais (CNE) ou açucares e amido para


suprir energia disponível para os microorganismos e para o animal.Há necessidade de
balancear o FDN e o CNE para manter um pH adequado, bem como evitar flutuações no pH
com o fornecimento do concentrado mais de uma vez por dia.

Há necessidade de balanceamento da porção degradável e não degradável da proteína


(respectivamente, PDR e PNDR). Melhor, entretanto, balancear o PDR para suprir nitrogênio
suficiente para atender a demanda dos microorganismos do rúmen. Devem ser fornecidas
quantidades adequadas de minerais como cálcio, fósforo, enxofre, magnésio, cobre, zinco e
cobalto para o máximo desenvolvimento dos microorganismos do rúmen.

As vacas comem o suficiente de uma ração balanceada para satisfazer suas necessidades.
Com rações de baixa digestibilidade a vaca não consegue ingerir os nutrientes necessários.
Se a densidade de energia da dieta for menor que 1,46 Mcal/kg de ELI, dificilmente ela terá a
energia que precisa. Rações contendo concentrados em excesso e pouco volumoso e fibra
efetiva podem deprimir o consumo, a produção de leite, o teor de gordura e afetar a saúde do
animal.

Uma ração balanceada deve ser de boa digestibilidade e consumo e deve ser estabelecida
para níveis viáveis de produção.

Carboidratos

Os carboidratos são a principal fonte de energia para o ruminante e podem ser divididos em
duas frações principais, carboidratos estruturais (CE) e não estruturais (CNE). O CE se refere
à parede celular e é analiticamente definido como fibra em detergente neutro(FDN), e
consistem de celulose, hemicelulose, lignina e uma porção de pectina. O CNE é analiticamente
definida como fibra em detergente acido (FDA) e consiste em celulose e lignina. Assim, quanto
maior seu teor no alimento menor é a digestibilidade.

Os CNE em geral são determinados por diferença como [100-(PB+FDN+EE+MM)], e incluem


os açucares, amidos, pectinas, b-glucans, e nos alimentos ensilados os ácidos da fermentação.
Na tabela, exemplos de alimentos e sua composição em CNE (em base seca).

_______% do CNE________________________

CE% Açúcar Amido Pectinas β - AGV


glucans
Silagem de 45,3 0 71,3 0 28,7
Milho
Milho Grão 71,4 20 80 0 0
Feno Gramíneo 17,2 35,4 15,2 49,4 0
Casca de Soja 14,1 18,8 18,8 62,4 0
Farelo de Soja 34,4 25 25 50 0

A quantidade de CNE e CE na ração têm efeito na produção e na ração dos animais se não
forem adequadamente balanceados. Se as forragens forem moídas muito finas, também
limitarão a efetividade da fibra diminuindo a motilidade ruminal.Para um funcionamento
adequado do rúmen, os níveis mínimos de forragem e de tamanho de partícula devem ser
considerados.

A falta de fibra na dieta pode reduzir a porcentagem de gordura no leite e causar problemas
metabólicos como a acidose ruminal. Por outro lado, a falta de CNE na dieta diminui a energia
disponível, reduz a síntese de proteína microbiana e deprime a digestão de fibra. Mas o
excesso de CNE também deprime a digestibilidade da fibra, a porcentagem de gordura do leite
e pode causar anormalidades do tecido do rúmen resultando em úlceras e abcessos do fígado.
Proteína

Importante função dos microorganismos do rúmen é a síntese de proteína microbiana, a qual


apresenta um valor biológico de 66 a 87%.

A maior parte das bactérias do rúmen usam amônia como fonte de nitrogênio, algumas utilizam
outros compostos nitrogenados como proteína intacta ou cadeias carbônicas de certos
aminoácidos para crescimento mais eficiente.

A amônia no rúmen pode vir da degradação de proteína ou de nitrogênio não protéico


fornecidos na dieta, da hidrolise da uréia reciclada e da degradação de proteína microbiana. A
amônia sai do rúmen de diferentes formas : pela incorporação do nitrogênio pelos
microorganismos, por absorção pela parede do rúmen e pela passagem para o omasso.

A absorção da amônia, não utilizada pelos microorganismos, pela parede ruminal depende do
pH ruminal e da concentração de amônia, é rápida com pH 6,5 ou maior e cai a 0 com pH4,5.

O ruminante depende da proteína microbiana sintetizada no rúmen e da proteína da dieta que


escapa à degradação para atender sua necessidade de aminoácidos. Os aminoácidos são
absorvidos no intestino delgado e utilizados na síntese da proteína corporal como proteína do
músculo e do leite, utilizados também para manter o nível de glicose no sangue e atender as
necessidades de energia do animal.

A proteína bruta é apenas uma medida do teor de nitrogênio dos alimentos e não indica se o
nitrogênio está na forma de aminoácido ou de não protéico, também não indica a
degradabilidade desse nitrogênio para uso pelos microorganismos do rúmen ou quanto escapa
a degradação.

As três frações da proteína comumente usadas na formulação de rações são a proteína


degradável no rúmen (PDR), a não degradável (PNDR) e a solúvel (PS). No quadro a seguir
encontram-se valores dessas frações para alguns alimentos:

% da PD______

Alimentos %MS %PB na MS PS


PNDR
feno de 90 10,5 29 37
gramíneas
silagem de milho 33 8,8 48 31
rolão de milho 87 9 15,6 65,6
milho grão 88 10 12 52
refinazil 90 23 52 25
caroço de 88,4 23,7 27,1 41
algodão
soja grão 90 41,8 40 26
farelo de soja 90 50 20 35

A qualidade da proteína se refere ao balanço e quantidade de aminoácidos essenciais que o


alimento contém.

Gorduras

Gorduras ou extrato etéreo usado como fonte de energia. Contém uma fonte de energia 2,25
vezes maior que as proteínas ou os carboidratos. Entretanto, os microorganismos do rúmen
não toleram níveis elevados de gordura na dieta.
O principal lipídio das forragens é o galactolipídeo, que envolve glicerol, galactose e ácidos
graxos insaturados. Sua concentração decresce com a idade da planta e com a proporção de
folhas e caule.

Os principais lipídeos armazenados em sementes e gordura animal são triglicérides. No quadro


a seguir, o perfil de ácidos graxos de alguns alimentos, que se relaciona com a digestão
ruminal e pós-ruminal.

O caroço de algodão e a soja grão contém elevada porcentagem de ácidos graxos insaturados
e são vagarosamente digeridos liberando o óleo no rúmen permitindo maior hidrogenação
microbiana. O sebo é 50% saturado, relativamente inerte no rúmen devido seu elevado ponto
de fusão e baixa solubilidade no liquido ruminal, e mais acido oléico, podendo diminuir a
fermentação ruminal quando em quantidades elevadas.

Quando gordura suplementar é adicionada à dieta é preciso ajustar os níveis de cálcio,fósforo e


magnésio e aumentar o selênio e vitamina E.

Energia

O animal precisa de energia não só para mantença, mas também para produção, incluindo
crescimento, gestação e lactação. O excesso é armazenado como glicogênio no músculo e no
fígado, mas a maior parte como gordura.

O NDT (Nutrientes Digestíveis Totais) pode ser definido como a soma da proteína digestível,
fibra digestível, gordura digestível x 2,25 e extrativo não nitrogenado digestível. O NDT inclui as
perdas de energia através das fezes.

A EL (Energia Liquida) deve ser a medida usada no balanceamento de rações e inclui perdas
de energia através das fezes, urina, gases e calor.

Informações sobre digestão e metabolismo

Os alimentos, na generalidade, são consumidos pelos animais sobre formas complexas, e para
que possam ser absorvidos pelo organismo, devem passar por transformações, convertendo-se
em substâncias mais simples, tais transformações em conjunto constituem a digestão, de
acordo com sua natureza, são mecânicas e químicas.

Nos ruminantes, as transformações mecânicas se operam por meio da mastigação, deglutição,


regorgitamento, ruminação e motilidade gástrica e intestinal.

As transformações químicas são devidas à ação de enzimas, bactérias, protozoários e


substancias químicas.

Breve estudo dos alimentos

Nutriente – É o constituinte dos alimentos de igual composição química geral, assim como
certas substâncias, que contribuem para manutenção da vida do animal: carboidratos, graxas,
proteínas, vitaminas, etc.

Nutriente Digestível – É a fração de um nutriente que pode ser digerida e aproveitada pelo
organismo. Aplicada a constituintes orgânicos dos nutrientes.

Alimentos – São substâncias que podem ser ingeridas, digeridas e assimiladas, contribuindo
assim para manutenção e a produção do animal. São produtos animais ou vegetais, bem como
seus subprodutos.

O alimento é qualquer produto de origem natural ou artificialmente preparado que, quando


corretamente usado, apresenta valor nutritivo.
Ração – É a quantidade de alimentos, volumosos e concentrados, que um animal consome no
período de 24 horas, em uma ou mais vezes.

Refeição – É à parte da ração distribuída e consumida de cada vez.

Ração Balanceada – É a mistura de alimentos calculada para satisfazer as necessidades


diárias de um animal, incluindo todos os nutrientes necessários, nas quantidades e proporções
devidas.

Dieta – É o que o animal ingere em 24 horas, capaz de cobrir ou não suas necessidades.

Normas de Alimentação – São especificações das quantidades de elementos nutritivos que


devem ser incluídos nas rações, consideradas a espécie e a categoria do animal, assim como a
natureza e o volume de sua produção. Em geral levam em conta as necessidades nutritivas
relacionadas com a manutenção, crescimento, produção e reprodução. São fundamentadas
nas necessidades de energia, proteínas, minerais e vitaminas.

Alimentos Básicos – São grãos de cereais e seus subprodutos com menos de 16% de proteína
bruta e 18% de fibra e que formam a base das misturas comuns de farelos. Os alimentos
básicos são fontes concentradas de energia, são de baixo teor protéico, como o milho, arroz,
aveia, centeio, cevada e trigo, da mesma forma que seus subprodutos.

A principal diferença entre os alimentos básicos, do ponto de vista prático, esta no conteúdo em
energia digestível, inversamente proporcional à riqueza em fibra. Os alimentos básicos formam
quase 2/3 das rações dos bovinos.

Suplementos – Os alimentos deste tipo são fontes concentradas de proteína, de um sal


mineral, de uma vitamina ou de um conjunto deles. Uma mistura protéica suplementar é uma
combinação de alimentos com mais de 30% de proteínas. No entanto alimentos com mais de
20% de proteínas são considerados suplementos.

Nas rações os suplementos são caracterizados pelo próprio uso, razão pela qual são
denominados integradores.

Concentrados – Este termo é indicado para indicar suplementos especialmente preparados,


neste sentido, indica uma concentração de proteínas, minerais ou vitaminas, muito superior a
dos alimentos básicos.

Tais produtos são misturas que fornecem concentrações de um ou mais nutrientes, destinados
a correção dos alimentos básicos e para o perfeito equilíbrio das rações.

Volumosos – Tem como característica principal o alto teor de fibra. Em muitos países, e
classificado como volumoso qualquer material para a alimentação do gado que contenha mais
de 18% de fibra bruta na base da matéria seca, incluindo pastos, silagens, fenos, palhas,
bagaços e cascas de certos grãos e sementes.

Suculentos – São alimentos ricos em água, razão de seu grande volume, mas cuja
porcentagem de fibra na matéria seca lembra mais os alimentos concentrados. As raízes e
tubérculos são volumosos aquosos, porem pobres em fibras e em nutrientes por unidade de
tempo.

Aditivos – “Uma substância não nutritiva adicionada a um alimento, geralmente em pequenas


quantidades, para melhorar sua aparência, sabor, textura ou sua conservação”, definida pela
F.A.O..Os aditivos são adicionados as rações também com outras finalidades: estimulantes,
terapêuticas e nutritivas.Para uma melhor idéia a respeito, basta mencionarmos os seguintes
grupos de aditivos: aminoácidos sintéticos, antibióticos, antioxidantes, antiparasitários,
aromatizantes, emulsionantes, elementos minerais, preparados biológicos e outros. Em
alimentação animal, os aditivos são empregados não só para melhorar os alimentos, como
também a própria alimentação.

Prática da alimentação do gado de corte

Na prática da alimentação do gado de corte, precisa ser considerado o sistema de criação


adotado, e, as exigências das várias categorias de animais:

- Alimentação em regime de pasto: A principal dificuldade na alimentação do gado mantido em


regime de pasto, resulta de desequilíbrios temporários entre as exigências dos animais e os
nutrientes fornecidos pelas forragens ingeridas.

- Engorda em invernada, mista e em confinamento

- Engorda Invernada: principalmente no Brasil, o animal atravessa três épocas de bons pastos
e outras tantas de subnutrição por falta de verde, em conseqüência do clima subtropical e
chuvas periódicas.

- Engorda Mista: há duas maneiras.

- 1°- os bois são mantidos na invernada mas recebem diariamente alimentação suplementar
capaz de atender suas exigências.

- 2°- nos 2/3 iniciais do período de engorda, os bois permanecem na invernada e recebem
apenas suplementação mineral. No terço final do período passam a receber diariamente,
suplementação completa.

- Engorda em confinamento: os animais agrupados em lotes são mantidos em área reduzida,


onde recebem toda alimentação. Quando confinados os bovinos engordam mais rápido e
apresentam melhor acabamento.

RAÇAS E CRUZAMENTOS
DE BOVINOS DE CORTE
Aula dada pelo Prof. Dr. Pedro Eduardo de Felício
Curso de Especialização em Tecnologia de Carnes
CTC/ITAL – 21/02/2002

De maneira simples e direta, pode-se


classificar as raças bovinas de interesse para produção
de carne no Brasil como Raças européias
da subespécie Bos taurus taurus, e Raças indianas da
subespécie Bos taurus indicus.

As raças européias podem ser separadas assim: a) raças


européias adaptadas ao clima tropical, como a Caracu; b)
raças européias britânicas, como a Angus e a Hereford, e
c) raças européias continentais, como as francesas
Charolês e Limousin, as suíças Simental e Pardo Suíço,
ou as italianas Marchigiana e Piemontês.

As raças de origem indiana, do grupo Zebu, bem


conhecidas no Brasil, que tiveram ou estão tendo uma
participação decisiva no desenvolvimento da pecuária
tropical, são por ordem de importância histórica, a Gir,
a Guzerá e a Nelore. As raças Indubrasil e Tabapuã,
embora sejam do grupo Zebu, não são indianas porque
foram formadas no Brasil. É o caso também da raça
Brahman, que foi formada nos Estados Unidos, a partir de
cruzamentos entre raças indianas.

Há pelo menos cinco décadas, diversos cruzamentos entre


raças européias e indianas têm sido feitos nas regiões
tropicais do continente americano, da Austrália e da
África, com relativo sucesso. Alguns desses cruzamentos,
denominados “industriais”, foram e ainda são feitos
entre duas ou três raças para aproveitamento comercial
das vantagens da heterose (vigor híbrido). Outros
cruzamentos deram origem a novas raças, como a Santa
Gertrudis, a Canchim, a Pitangueiras, a Brangus, a
Braford e a Simbrasil para citar apenas as mais
conhecidas no Brasil. Por último, temos os cruzamentos
multirraciais que objetivam formar “raças sintéticas”,
também conhecidas como “composto”, cujo melhor exemplo
para nós é o Montana.
Doenças infecciosas
Criar e Plantar

Brucelose (zoonose)

Definição: doença infecto-contagiosa, causando aborto na vaca, retenção


da placenta e esterilidade; é transmissível ao homem.
Etiologia: Brucela abortus (nos bovinos); é uma bactéria.
Sintomatologia: causa aborto nas vacas no final da gestação
(aproximadamente no 8 mês), apresentando imunidade, ou seja, a vaca
aborta na primeira vez, mas não aborta na Segunda vez. Nos touros,
causa orquite (inchaço dos testículos), podendo levar a fibrose dos
mesmos.
Diagnóstico: prova de soroaglutinação: eliminação dos animais positivos.
Profilaxia: vacinação de bezerras entre 4 e 8 meses de idade. Obs: se o
animal não for vacinado até o 8º mês, não vacine mais pois poderá mascar
a doença, devendo o animal ser abatido.

Triconomose

Definição: doença sexualmente transmissível (DST), contagiosa


transmitida pelo macho durante a monta causando esterilidade temporária
e aborto.
Etiologia: Trichomonas foetus; é um protozoário.
Sintomatologia: não apresenta, entretanto nos touros forma reservatório
no prepúcio e nas vacas causa esterilidade temporária com inflamação
catarral no útero, causando aborto até o 4º mês de gestação sem retenção
de placenta, falha de concepção, ciclos podendo apresentar imunidade por
2 a 3 anos e sofrer nova infecção.
Diagnóstico: doença sexualmente transmissível, deve-se fazer exame
microscópico do sêmen, placenta, feto ou líquido amniótico.
Profilaxia: lavagem do prepúcio com permanganato de potássio (5g em
10L de água); utilização de inseminação artificial; eliminação dos animais
positivos.

Campilobacteriose (vibriose)
Definição: doença sexualmente transmissível (DST), infecta contagiosa
transmitida pelo macho durante a monta, causando esterilidade temporária
e aborto.
Etiologia: Vibrio fetus.
Sintomatologia: não apresenta, entretanto nos touros forma reservatório
no prepúcio e nas vacas causa aborto no 5º ao 6º mês de gestação, ciclos
estrais longos e irregulares (+ou- 25 dias).
Diagnóstico: presença de anticorpos no muco vaginal e sangue; no
macho, exame do sêmen pela técnica da fluorescência.
Profilaxia: idem a anterior

IBR

É uma doença importada, pode ser detectada na vagina que fica ulcerada
(pequenas feridas); causa aborto.

Observação:

- em caso de suspeita de alguma doença acima citada nos animais do


rebanho, chamar o veterinário para efetuar os exames necessários.
- em partos duplos que venha a nascer um macho e uma fêmea, é certeza
que a fêmea será infértil.

Calibacilose ou curso branco

Sintomas: Diarréia branco-leitosa;


Causas: E. Coli; Idade em que aparece: 1º semana de vida;
Meios de cura: Antibióticos e Quimioterápico específicos;
Meios de prevenção: Higiene, desinfecção dp umbigo , administração de
drogas preventivas;

Onfaloflebite (umbigueiro)

Sintomas: inflamação das veias do cordão umbilical;


Causas: Diversas bactérias;
Idade em que aparece: 1º quinzena de vida;
Meios de cura: Antibióticos específicos;
Meios de prevenção: Higiene rigorosa, administração de drogas
preventivas.

Pneumonia

Sintomas: febre alta e fraqueza;


Causas: Vários micros organismos;
Idade em que aparece: qualquer idade;
Meios de Cura: Antibióticos específicos;
Meios de prevenção: Evitar umidade, ventos frios, estados de fraqueza.

Paratifo

Sintomas: Diarréia, febre alta, morte;


Causas: Bactérias;
Idade em que aparece: de 15 dias ao 4º mês de vida;
Meios de Cura: Não há;
Meios de prevenção: Vacinar a vaca 20 dias antes do parto e o bezerro
aos 20 dias de vida.

Febre aftosa

Sintomas: Febres, aftas na boca, mastites;


Causas: Vírus; Idade em que aparece: qualquer idade;
Meios de Cura: Não há;
Meios de prevenção: Vacinação do rebanho em 4 em 4 meses;

Brucelose

Sintomas: Abortos, natimortos, fetos mumificados, esterelidade;


Causas: Brucella abortus;
Idade em que aparece: qualquer idade;
Meios de Cura: Não há;
Meios de prevenção: Eliminar animais contaminados.

Carbúnculo Sintomático (manqueira)

Sintomas: Tumores e inchaços nos membros, morte;


Causas: Crostidium chauvoel;
Idade em que aparece: mais intenso no 1º ano de vida;
Meios de Cura: Não há;
Meios de prevenção: Vacinação do rebanho, vacinar bezerros aos 5
meses de idade repetindo-se aos 18 meses.

Carbúnculo Hemático

Sintomas: Morte súbita com cavidades naturais, hemorragias pelas


cavidades naturais;
Causas: Bacillos anthracis;
Idade em que aparece: Qualquer idade;
Meios de cura: Não há;
Meios de prevenção: Vacinação em locais onde houver ocorrência da
doença.

Babeslose Anaplasmose

Sintomas: Febre, falta de apetite, anemia, icterícia apatia;


Causas: (B. Bigeemina, B. Bovis e B. Argemtina) (A. Marginale e A.
Centrale);
Idade em que aparece: qualquer idade;
Meios de cura: Antibióticos e quimioterápicos específicos;
Meios de prevenção: Boa nutrição dos animais, controle de carrapatos
através de pulverização periódica, pré-imunização animais importados.

Verminoses

Sintomas: Emagrecimento, apatia, anemia profunda;


Causas: Endoparasitas;
Idade em que aparece: qualquer idade;
Meios de cura: Vermífugos específicos em doses curativas;
Meios de prevenção: Vermífugos específicos em doses preventivas.

Free-martin
Definição: toda fêmea estéril oriunda de uma gestação gemelar, macho e fêmea nos quais
ocorre anastomose dos vasos coriônicos (divisão de vasos, ocorrendo troca de sangue entre
macho e fêmea). Ocorre anastomose em 95% dos casos dessa natureza em bovinos.
Etiologia: o hormônio masculino, testosterona vai anarquizar o processo de diferenciação da
fêmea.
Teoria celular: fêmea apresenta o cromossomo XX e XY.e
Sintomatologia: grande crescimento de pêlos na comissura vulvar inferior, clitóris muito
desenvolvido (hipertrofiado).
Diagnóstico: prova do tubo de ensaio (15cm de comprimento com 1cm de diâmetro):
penetração de 1/3 somente, é free-martin; penetração de mais de 1/3 é normal. Fazer a
cariotipagem, verificando os cromossomos.
Profilaxia: eliminar os produtos de gestação gemelar casal e avaliar os pais.
Observação: Na gestação gemelar casal é normal ocorrer aborto, ocorrer natimortos, retenção
da placenta em mais de 50% dos casos, causando metrite e parto distócico (parto difícil).

Hipoplasia testicular

Definição: subdesenvolvimento anatômico e funcional das glândulas masculinas, mais


freqüentemente nas raças leiteiras.
Etiologia: a) Congênita: gene recessivo de penetração incompleta;
b) Degeneração Testicular: problemas nutricionais quando jovem e enfermidades.
Sintomatologia: testículos de tamanhos diferentes (pequenos e de consistência flácida).
Diagnóstico: exame da bolsa escrotal.
Profilaxia: eliminar os animais portadores da anomalia congênita.
Observação: Estes machos apresentam baixa eficiência reprodutiva, sêmen de baixa
qualidade.

Criptorquidismo

Definição: é quando o testículo não migra para a bolsa escrotal permanecendo na cavidade
abdominal.
Etiologia: Hereditária, porém alguns casos, segundo autores, são hormonais.
Sintomatologia: a) Unilateral (roncolho): somente um testículo na bolsa escrotal;
b) Bilateral ausência de testículos na bolsa escrotal.
Diagnóstico: exame da bolsa escrotal.
Profilaxia: eliminar os animais criptorquidicos unilaterais.
Observação: animais criptorquidicos apresentam baixa eficiência reprodutora e sêmen de baixa
qualidade.

Controle de parasitas externos (ectoparasitos)

Carrapato

Agente etiológico: Boophilos microplus.


Sintomatologia: Infestação causando problemas nas mais diversas ordens.
- Ação hematófaga (espoliadora) e toxinas;
- Tristeza parasitária;
- Danos ao couro.
Profilaxia: Aplicação de carrapaticidas de acordo com o grau de infestação e ou com intervalos
de no máximo 21 dias.

Tristeza: (Babesiose ou Piroplasmose e Anaplasmose)

Agente etiológico: Babesia sp e Anaplasmose sp (hemoplasitas - Protozoários);


Sintomatologia: febre elevada, inapetência, para de ruminar, lacrimejamento, icterícia e
anemia.
Tratamento: Babesiose: ganaseg ou similares; Anaplasmose: tetraciclinas;
Observação: devem ser ministrados protetores hepáticos e ferro injetável; os animais em
regiões de incidência devem ter contato constante com o carrapato (o carrapato deve ser
controlado e não eliminado do animal) para manter a imunidade contra tristeza.

Berne

Agente etiológico: Dermatóbia Hominis.


Sintomatologia: as larvas se desenvolvem na pele causando miíaze furunculosa, verificando-
se nódulos com orifício na pele.
Profilaxia: aplicação de bernicida de acordo com a infestação.

Bicheira

Agente etiológico: Cochiliomya hominivorax.


Sintomatologia: as larvas se desenvolvem na pele causando miíaze, comumente no umbigo
dos bezerros, assim como nos locais parasitados por bernes e lesões na pele.
Profilaxia: corte e desinfecção do umbigo, curativos em lesões da pele. Tratamento no caso de
bicheira instalada.

Controle de parasitas internos (endoparasitos)

Verminose

Agente etiológico: Vermes Gastrointestinais e Pulmonares (helmintos, cestodeos,


trematódeos e nematódeos).
Sintomatologia: emagrecimento progressivo, mucosas pálidas, anemias, pêlos arrepiados e
sem brilho, lacrimejamento constante, diarréia constante e abdômen desenvolvidos, papeira e
tosse.
Profilaxia: aplicação de vermífugos de amplo espectro
Em animais adultos: no caso de fêmeas, duas vermifugações anuais, sendo uma antes da
parição e outra logo após a parição. No caso de machos, duas vermifugações anuais, na
primeira quinzena de maio e outubro.
Animais em cria: 4 vezes ao ano, primeira quinzena de maio, julho, setembro e dezembro.
Animais em aleitamento: idem uma vez por mês ou pelo menos a cada dois meses.

Fisiologia e Anatomia do Aparelho digestivo

O estômago

O trato digestivo dos ruminantes adapta-se bem à digestão de celulose, o que não ocorre com
a maioria dos outros mamíferos. O estômago dos poligástibricos dá lugar a importantes
transformações dos alimentos.

No rúmen, no retículo e no abomaso ocorre uma pré-digestão desenvolvida, pelas bactérias,


fungos e protozoários que vivem em simbiose com os ruminantes.

Nos pré-estomagos ocorre à degradação de proteínas e dos carboidratos alimentares.

Os microorganismos, reproduzem-se e morrem rapidamente e são objetos de uma verdadeira


digestão no abomaso, sendo o produto totalmente aproveitável pelo organismo, uma vez que
possuem gorduras, carboidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas. Os microorganismos
mais importantes no rumem são as bactérias. A flora aumenta extraordinariamente depois de
uma alimentação rica em carboidratos. As bactérias desdobram a celulose.

A partir de compostos nitrogenados minerais, de compostos sulfurados, as bactérias são


capazes de sintetizar aminoácidos essenciais para as espécies que não são ruminantes.
Diversos fatores influem nesse processo, tais como quantidade e natureza (qualidade) das
proteínas da ração, quantidade de carboidratos ingeridos, uréia, minerais, forragem bruta ou
concentrada, idade do animal, etc.

O Abomaso é o verdadeiro estômago dos ruminantes, rico em glândulas que secretam HCL,
pepsina e grande quantidade de renina (lab-fermento) nos animais jovens, as proteínas iniciam
a sua digestão como também as gorduras e carboidratos.

Nos ruminantes jovens (aproximadamente 3 meses), os pré-estomagos não estão totalmente


desenvolvidos e até essa idade esses animais são verdadeiros monogástricos, funcionando o
abomaso como seu principal e mais importante órgão na digestão.

Considerações Gerais

A máquina animal

Os animais são explorados como verdadeiras máquinas transformadoras de matéria prima - os


alimentos, em produtos de alto valor biológico, carne, leite, ovos ou em produtos tais como lã e
trabalho.

A máquina animal necessita de energia para o seu funcionamento e empregam essas


substancias, para o desenvolvimento de seus tecidos e órgãos, elaboração de produtos
transformados. As máquinas animais mesmo sem nada produzirem, precisam ser mantidas e
durante esse período consomem energia.

A matéria prima empregada na exploração, destina-se, desse modo, a dois fins:

- Mante-la em funcionamento durante toda a sua vida, do nascimento à morte, e fornecer-lhe


material a ser transformado em produtos utilizados pelo homem.

- Na exploração, a economia de produção consistirá, principalmente, em reduzir seus períodos


de atividade ociosa, porque mesmo nesses períodos, permanecem consumindo alimentos e
efetuando outras despesas, tais como com drogas e medicamentos, vacinas, mão-de-obra, etc.

Os animais, sob muitos aspectos, para seu funcionamento, dependem consideravelmente das
condições que a rodeiam. Seus melhores rendimentos dependem, extremamente, de seu
potencial e da capacidade de se adaptarem a essas condições circundantes. Para maiores
rendimentos deve-se:

- Conhecer suficientemente com respeito ao seu potencial e as condições que requerem para
melhor desempenho;

- Propiciar condições apropriadas que se adaptem às suas exigências, dentro de uma


economia sustentável.

Características exteriores do bovino de leite:

O tipo ideal pode ser definido como uma norma de perfeição que combina as características
físicas que contribuem para a utilização de um animal para o propósito específico.

As diferentes partes exteriores da vaca leiteira recebem denominações especificas. Para


facilitar a avaliação do animal, considerando-se que o ponto de partida é o tipo ideal, agrupa-se
diversas partes em grandes regiões, as quais são:

- aparência geral;
- temperamento leiteiro;
- capacidade corporal;
- sistema mamário.

Desta forma podemos avaliar as diferentes regiões as quais devem apresentar as seguintes
características:

- o animal leiteiro deve ter a pele solta (flácida);


- o animal leiteiro não deve ter acúmulo de gordura no peito, dorso e anca;
- quando a vaca estiver seca o úbere deve estar pregueado (indica capacidade produtiva);

Deve revelar o aspecto de "feminilidade" da vaca leiteira e as partes que compõem são:

Características da raça que devem ser consideradas

Cor

Dentro dos padrões da raça. Ex.: no caso da vaca holandesa, deve apresentar manchas
brancas e pretas claramente definidas;

Tamanho

Atingir o tamanho médio da raça. Ex: vaca holandesa em produção deve pesar
aproximadamente 600Kg de peso vivo (PV);

Chifres

Não discriminação por ausência;

Cabeça

Bem constituída, proporcional ao corpo, narinas amplas, olhar vivo;

Paletas

Fortemente unidas

Dorso

Reto e forte, com lombo amplo;

Anca

Larga e bem modelada, sem excesso de gordura, quase nivelada, implante da cauda suave e
nivelada com a linha dorsal;

Pernas e cascos

Osso plano e forte, de quartela pequena e forte com jarrete modelado, apresentando curvatura
natural, cascos redondos com talão profundo.

Pescoço

Largo, descarnado e unido suavemente ao tórax; garganta, papada e peito descarnados.

Cernelha
Aguda, costelas bem separadas com osso amplo, plano e profundo formando um aspecto de
"cunha" com o tórax do animal.

Flanco

Profundo e refinado, formando um aspecto de "cunha" com o corpo do animal, tendo como
base à cabeça.

Nádegas

Bem separadas e descarnadas, deixando espaço suficiente para o úbere e seus ligamentos.

Capacidade corporal

Relativamente grande em proporção ao tamanho do animal, as partes que se compõe são:

Costado

Forte, largo e profundo, apresentando costelas arqueadas.

Ventre

Amplo.

Tórax

Grande e profundo, com peito amplo.

Sistema Mamário

Úbere fortemente implantado, bem balanceado, de grande capacidade e boa textura, indicador
de alta produção e grande vida útil, as partes que o compõe são:

Úbere

Simétrico de longitude, amplitude e profundidade moderada, fortemente aderido, reduzindo


após ordenha; quando a vaca estiver seca o úbere deve estar pregueado.

Quarto dianteiro

De comprimento moderado, amplitude uniforme desde a frente até atrás e fortemente aderido.

Quarto traseiro

Alto, amplo e ligeiramente arredondado, com boa uniformidade desde cima até a base e
fortemente aderida.

Tetas

Tamanho uniforme, com aproximadamente 10cm, de longitude e diâmetro mediano, cilíndricos,


bem separados, apresentando um aspecto de "quatro pés de uma mesa de bilhar".

Veias mamárias

Grandes, largas, tortuosas e ramificadas.


Sistemas de Cobertura

- Existem dois sistemas: o natural e o artificial.

- O sistema de cobertura natural apresenta duas modalidades: uma a campo e a outra


controlada.

- A cobertura natural a campo é a mais empírica que existe, pois o touro fica a vontade com
as vacas, ocorrendo excessivas coberturas em uma mesma fêmea e muitas delas em
momentos inadequados. Neste caso, a relação touro x vaca é de 1:25.

- A cobertura natural controlada é um sistema mais eficiente que o anterior, pois o touro fica
num piquete separado das vacas e a fêmea no cio é levada ao reprodutor para a cobertura. O
touro não executa grande número de coberturas em uma mesma fêmea, efetuando as
coberturas em momento adequado, permitindo manter-se no sistema uma relação touro x vaca
de 1:50. Neste sistema fica mais fácil controlar a fertilidade dos touros, além de se conhecer a
paternidade da progênie.

- O sistema de cobertura artificial refere-se à inseminação artificial. Neste método, ocorre a


interferência do homem na reprodução, não ocorrendo a cobertura, e sim a introdução do
sêmen no aparelho reprodutor de fêmea, com a ajuda de instrumentos e técnicas adequadas,
em condições de fecundá-la. A técnica utilizada em bovinos é a retro-cervical profunda.
Quando o homem deve fazer a inseminação? Quando a vaca estiver no 1/3 final do cio.

A idade zootécnica para a inseminação é de 16 meses, sobrepondo-se a idade o "score


corporal", que é a condição corporal de peso vivo, este deve ser ideal quando a vaca pesar 375
kg de P.V. (peso vivo) .

Serve também para a cobertura natural controlada. Neste momento, aumenta a probabilidade
de concepção. Por isso é fundamental que ocorra a detecção do cio. Os sintomas de cio são
modificações psicossomáticas na vaca.

Sintomas de cio

- a vaca vai apresentar monta e deixa-se montar pelas companheiras;


- a vaca fica inquieta;
- a vaca apresenta micção freqüente;
- a vaca apresenta a vulva tumefeita e congestionada;
- a vaca apresenta corrimento vaginal cristalino; quando este mesmo corrimento apresenta-se
turvo ou purulento, pode caracterizar problemas de infecção, devendo intervir com tratamento
adequado, prescrito por veterinário;
- a vaca aceita espontaneamente o macho;

Aproximadamente 50% das vacas apresentam um cio na parte da manhã. É necessário


observar o cio pelo menos duas vezes ao dia. Nem sempre a fêmea apresenta o cio com todas
as sintomatologias, tendo o cio silencioso; neste caso, a vaca apresenta corrimento que se
adere à cauda.

O ciclo estral dos bovinos é de 21 dias, tendo o cio duração de 14 a 18 horas; a ovulação
ocorre 12 a 14 horas após o término do cio, ficando o momento adequado para a cobertura no
1/3 final do cio (12 horas). O espermatozóide tem capacidade fecundante de no máximo 24
horas.

Ocorrendo o cio pela manhã, faz-se a cobertura na parte da tarde e vice-versa. O cio dos
Taurinos é mais longo do que o cio dos Zebuínos, por isso, quando se faz cobertura natural
controlada, coloca-se a fêmea zebu com o macho no período da manifestação do cio e reforça
a cobertura no período posterior (se a vaca zebu manifesta o cio pela manhã, coloca com o
macho pela manhã e novamente à tarde).
Rufião: é um touro vasectomizado, utilizado para marcar as vacas no cio ele permanece junto
com as vacas o tempo inteiro. O animal é provido de um "busal marcador" que risca a anca das
vacas montadas. Este sistema de detecção é mais fácil de trabalhar, mas ocorre a penetração
na vaca, podendo ocorrer transmissão de doenças. No caso do animal de elite, o rufião é
submetido a um desvio de pênis.

Avaliação Reprodutiva do Touro

Na pecuária bovina, o macho é acasalado com um grande número de fêmeas. Por isto, o uso
de touros de baixa fertilidade, inférteis ou de qualidade genética inferior, pode acarretar sérios
prejuízos aos criadores, levando a um maior intervalo entre partos das vacas e ou produção de
filhos de baixa qualidade.

A substituição de reprodutores, de um modo geral, tem por objetivo:

- evitar consangüinidade;
- melhorar a qualidade genética do rebanho;
- melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho;
- fins comerciais (lucros).

Antes da aquisição de um reprodutor deve-se definir a raça e o grau de sangue, em função da


qualidade ou tendência racional do rebanho existente e da finalidade a que se propõe. É
importante considerar, também, a região e condições de manejo da propriedade.

Muitos criadores são ludibriados na compra de um reprodutor, ao confiar na afirmativa do


vendedor de que se trata de um animal provado. A prova de um reprodutor se faz através do
"teste de Progênie" (única forma de garantir a qualidade genética do reprodutor), porém, o
Brasil é carente em provas de teste de progênie. Assim sendo, na impossibilidade deste
resultado deve-se levar em consideração uma avaliação do reprodutor, com relação aos
seguintes aspectos:

- condição corporal;
- fertilidade;
- sanidade.

Condição corporal:

É o aspecto do reprodutor e é muito importante, principalmente se há necessidade de seu uso


imediato, uma vez que o animal magro ou fraco pode apresentar uma baixa produção e ou
qualidade dos espermatozóides. A compra de um reprodutor é quase sempre efetuada em
função do tipo do animal (aspecto externo), sem nenhuma informação complementar capaz de
auxiliar na sua avaliação. Este procedimento conduz a erros. Tem-se conhecimento de
reprodutores usados com finalidade leiteira, de extrema beleza nas características externas
(altura, peso e conformação), cujas filhas se caracterizam por baixa produção de leite e peso
elevado (situação comum na aquisição de touros Gir para obtenção de mestiços leiteiros).

É muito importante analisar também a coordenação Motora do animal:

A caminhada em piso de grama ou cimento permite observar se o animal apresenta defeitos de


aprumo e incoordenação dos movimentos (andar cambaleando ou manqueira). Touros com
problemas de casco, membros, articulações e ou coluna podem apresentar dificuldades para
montar na fêmea.

Fertilidade

- Comportamento sexual:
O reprodutor colocado junto a uma fêmea em cio permite as seguintes observações:

- Desejo sexual (libido): o desejo sexual é avaliado pelo tempo que o animal demora a se
exercitar e saltar. O salto deve ser imediato ou em até 20 minutos. E importante saber que os
machos da raça zebuína são por natureza mais vagarosos ou lentos. Cansaço ou esgotamento
devido ao manejo incorreto pode acontecer.

- Ereção e exposição do pênis: comprometida por aderência, processos inflamatórios


dolorosos ou verrugas (papilomas) na glande ou corpo do pênis.

- Introdução do pênis na vagina: em casos de fraturas, paralisia ou abscesso do pênis, os


animais montam mas não conseguem introduzir o pênis na vagina da vaca.

É interessante ressaltar que o comportamento sexual; deve ser observado a uma distância
regular do animal, pois, se o observador estiver muito perto, a sua presença poderá inibir o
touro. Por outro lado, se o observador estiver muito longe, pode-se comprometer a observação.

Obs.: Capacidade coeundi: é a capacidade de efetuar montas sem problemas físicos

- Defeitos nos órgãos genitais

- Prepúcio: pus junto ao pênis de abertura pode indicar presença de infecção; crescimento
anormal dos tecidos junto ao orifício de entrada chamado de acrobustite (umbigueira). Nesses
casos não é indicada a compra, por necessitar de tratamento específico e longo tempo de
recuperação.

- Bolsa escrotal e testículos: na bolsa escrotal estão localizados os testículos. Sua pele não
deve apresentar ferimentos, queimaduras ou vermelhidão, que podem ser indicativos de
inflamação ou abscesso. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozóides,
sendo por isto, de fundamental importância no processo produtivo. Os dois testículos devem ter
pouca ou nenhuma variação de tamanho. Um testículo pode estar localizado um pouquinho
mais alto que o outro ou ligeiramente inclinado para trás. O animal deve demonstrar sinal de
dor quando se aperta ligeiramente está região. Algumas anormalidades podem ocorrer com os
testículos, sendo perfeitamente percebidas, e as mais importantes são a falta de um ou ambos
testículos, na bolsa escrotal, contra indicação a aquisição do animal.

- Mobilidade dos testículos: os testículos são normalmente móveis dentro da bolsa escrotal,
podendo-se através de pressão, fazer subir um de cada vez sem maiores dificuldades. Em
caso de aderência ou inflamações, esta mobilidade deixa de existir ou diminui, afetando o
mecanismo termorregulador dos testículos e, conseqüentemente, a produção e a qualidade dos
espermatozóides. Com relação à consistência deve ser firme, ou seja, não são duros nem
moles (duro = calcificado, atrofia, fibrosos; mole = degeneração testicular).

O tamanho dos testículos é importante por estar relacionado com a concentração e


normalidade dos espermatozóides. A diminuição do peso e volume pode ocorrer em um ou
ambos testículos. Este detalhe tem grande importância em bovinos devido a sua possível
origem genética. poderá ocorrer Hipoplasia Testicular; é quando sempre um testículo for menor
que o outro (origem genética), e ou Atrofia Testicular, quando o testículo normal diminui de
tamanho (adquirido). O importante é saber que em ambos os casos a compra é
desaconselhável.

Ainda em relação ao tamanho dos testículos, é bom saber que ambos os testículos podem ter o
mesmo tamanho, embora menores que o tamanho normal. Em touros acima de 30 meses de
idade a medida do diâmetro da bolsa escrotal não deve ser inferior a 30cm.

- Qualidade do sêmen (espermograma): os testículos são muito mais sensíveis às alterações


metabólicas (hormonais, bioquímicas, etc.) e do ambiente (frio, calor, etc.), que afetam bastante
a produção e a qualidade dos espermatozóides.

Desse modo, qualquer alteração no trato genital do touro, independente de sua origem, resulta
em menor fertilidade ou mesmo esterilidade.

A quantidade de sêmen (constatada pelo espermograma) constitui o fator mais importante e


seguro para determinação da eficiência reprodutiva do touro. De um modo geral, a qualidade é
baseada nos espermatozóides (presença, contaminação, relação vivos/mortos, tipos de
patologia, etc.).

Indiscutivelmente para verificar a fertilidade do touro, o método mais seguro é efetuar o


espermograma, porém, no campo, devido à dificuldade deste procedimento (falta de
laboratórios), todos os aspectos aqui mencionados devem ser considerados na tentativa de se
evitar a aquisição de um animal inadequado para a função.

Sanidade

Os testes para brucelose campilobacteriose, bem como a identificação de trichomonas, devem


ser realizadas com a finalidade de se evitar a introdução destas doenças no rebanho. Além das
doenças de reprodução, outras devem ser observadas: tuberculose, papilomatose (verrugas),
aftosa, etc.

Avaliando a Matriz

Na escolha de matrizes, deve-se observar o potencial genético através da produção de leite, a


fertilidade através do I.E.P. (intervalos entre partos), período de serviço (período que vai do
parto até a concepção) e idade do primeiro parto, e a sanidade através de todos os testes
negativos, além da verificação da presença de mastite (inflamação da glândula mamária)
Devem-se considerar também os aspectos externos anteriormente citados.

Modelo - Ficha de Controle de Gado

Nº ......Nome.......................................Grau................Nascimento..../...../....
Pai .......................................Mãe ...............................Procedência............
Peso/nasc........kg Peso/210d.........kg Peso/365d........kg Peso/550d.........kg
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea...................
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea...................
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea...................
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea...................
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea..................
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea...................
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea...................
Cobertura........./........../................. Artificial..................
Touro...................................Natural........................ TE.........................
Diagnóstico da estação .......................................... Macho....................
Cria........../........./........... Fêmea...................

Marca Vacina Data Data Data Data Data Data Data Data
AFTOSA
AFTOSA
Carbúnculo
Brucelose
RAIVA
Botulismo
Leptosp
Vermifucação
Vermifucação

Antes de comprar um touro...

Algumas informações devem ser obtidas com outras pessoas da fazenda, já que o vendedor
poderá colocar o interesse comercial acima da verdade. Caso o vendedor tenha grande
reputação torna-se desnecessário. Para conseguir tais informações algumas perguntas podem
ser formuladas:

1. Já possui filhas no rebanho? Quantas?


- elimina esterilidade;

2. As vacas cobertas por ele repetem muito cio?


- pequeno número de animais com retomo de cio, leva a suspeita de problemas com as
fêmeas;
- grande número de retornos, possibilidade de o macho ser portador de algum problema;

3. Suas filhas têm problemas de falta de cio?


- Isto pode ser indicativo de problemas hereditários de fertilidade. Ex: hipoplasia ovariana;

4. Vacas que ele cobriu abortaram ou voltaram ao cio com intervalo maior que 30 dias?
- A resposta positiva pode sugerir presença de agentes infecciosos transmitidos pelos machos;
Ex: Trichomonas, Campilobacter, Micoplasma, etc.

Obs: mesmo tendo dois ou mais touro no rebanho, é costume o criador destacar o touro como
sendo o pai das melhores bezerras e novilhas ou vacas do rebanho, tendo em vista a
importância de se conhecer a produção de suas filhas.

No macho

O testículo apresenta duas funções específicas: espermatogênica e endócrina.

Espermatogênese

É a produção de espermatozóides; ela ocorre nos testículos, que são as gônadas masculinas.
- A espermatogênese nos bovinos demora 65 dias para ocorrer

- A temperatura normal da espermatogênese é de 2°C a menos que a temperatura da cavidae


abdominal que é de aproximadamente 39°C, variando de acordo com as raças.

- O plexo pampiliforme é um emaranhado de vasos sangüíneos que promovem o resfriamento


da bolsa escrotal.

- A produção diária de espermatozóides no touro adulto é da ordem de 12 a 14 bilhões.

Hormônios

- FSH (hormônio folículo estimulante): atua no tubo seminífero, promovendo a


espermatogênese; - LH (hormônio luteinizante): atua nas células de Leyding, produzindo a
testosterona, hormônio masculino responsável pela libido ( desejo sexual) e pelo
desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas, como o desenvolvimento
da musculatura (hipertrofia), formação dos pelos, tom do mugido, etc.

Na fêmea

O ovário é a gônada sexual feminina, também apresenta duas funções: ovogênica e endócrina.

Cio ou estro

A fêmea exterioriza a fertilidade através do cio ou estro, que são modificações psicossomáticas
no animal, detectadas pela aceitação do macho

O Ciclo compreende o inicio de um estro até o inicio do estro seguinte, sendo no caso da vaca
igual há 21 dias.

O estro tem duração média de 14 a 18 horas, sendo a ovulação 12 a 14 horas após o termino
do estro.

Hormônios

Controle hormonal: a glândula hipófise libera o hormônio FSH, o qual atua no ovário
promovendo o desenvolvimento do folículo e a produção do hormônio estrogênio, sob o efeito
do estrogênio a vaca manifesta o cio e a hipófise libera o hormônio LH, o qual promove o
rompimento do folículo (ovulação), na parede do ovário, onde ocorre a ovulação forma-se o
corpo lúteo, responsável pela produção do hormônio progesterona. Havendo a concepção, há o
desenvolvimento da gestação e posterior parição. Não havendo a concepção, o corpo lúteo
regride, iniciando um novo ciclo.

- O hormônio estrogênio é responsável pelas características sexuais secundárias femininas


(maturidade sexual).

- O hormônio progesterona é responsável pela manutenção da gestação.

Fecundação

A fecundação ocorre no terço superior do oviduto; se a mesma não ocorrer até 6 horas após a
ovulação, o óvulo é envolto por uma camada lipóide, impedindo a concepção. O ovo caminha
do oviduto para o corno uterino, onde ocorrerá a nidação, que é a fixação do mesmo na
carúncula uterina para o desenvolvimento do feto.

Gestação
- A gestação tem duração de 9 meses.

- A placenta se desenvolve na sua totalidade nos primeiros meses da gestação, sendo que o
animal tem 2/3 do seu desenvolvimento no terço final da gestação. As exigências de nutrição
do animal são somente acrescidas no terço final da gestação, onde ocorre desenvolvimento
significativo do feto.

As funções da placenta

- Proteção do feto contra órgãos vizinhos (rúmen);


- Possibilita o desenvolvimento do feto;
- Nutrição do feto;
- Capta e elimina os resíduos metabólicos;
- Produção de progesterona;
- Função hormonal: a partir do 7º - 8º mês de gestação a placenta consegue produzir
quantidade suficiente de progesterona para manter a gestação.

Parto

É a expulsão do feto após ele atingir o seu desenvolvimento animal; iniciando se o parto, o qual
leva normalmente cerca de duas horas; nascimento com as patas dianteiras na frente com a
cabeça repousando sobre elas.

Importante: Próximo ao parto deve ser feito apalpação, para verificar a posição do bezerro, que
deve ser com cabeça e patas juntas. Ele sugará o seu dedo.

Hormônios que atuam no parto

- Ovariano (Relaxina): promove a abertura da pélvis;


- Hipofisário (Ocitocina): contração da musculatura do útero, promovendo a expulsão do feto.
- Quando o feto sai, nem sempre a placenta sai junto. De um modo geral, a expulsão da
placenta é considerada normal se ocorrer até 6 horas pós-parto.
- Após o parto, a vaca entra num período fisiológico chamado puerpério, que é o período de
involução do útero e regeneração das carúnculas uterinas. Caso a placenta não seja expulsa
até 12 horas, pós-parto, caracteriza-se retenção de placenta, a qual pode levar o aparecimento
de uma metrite na vaca, que é o processo de inflamação do útero, cuja mesma, pode levar a
esterilidade. A metrite ocorre quando há partos distócicos, ou seja, partos difíceis em que a
vaca não consegue parir sozinha; o parto distócico geralmente ocasiona retenção de placenta.
Para o tratamento da metrite, consulte um veterinário.
- Logo após o nascimento do bezerro a vaca entra em lactação.

Princípios básicos sobre o manejo de recém-nascidos

Um manejo cuidadoso com as matrizes, alimentação adequada e boas intalações e higiene são
pontos basicos que asseguram a saúde dos bezerros.

Vaca

Para vaca seca, uma ração apropriada é essencial para manter a vaca saudável e diminuir a
incidência das doenças do período pós-parto. Fêmeas magras tem crias com baixo "peso ao
nascer" e por outro lado as excessivamente gordas poderão ter partos distócicos.

Com um mínimo de uma semana de antecedência da data de parição prevista, remova a vaca
para uma área já reservada para tal. Escolha uma baia bem ventilada ou um piquete
maternidade limpo e seco. Evite usar serragem como cama pois esta pode obstruir a boca e as
narinas do recém-nascido.
Ao nascer deve-se limpar a boca e as narinas do bezerro. A água fria estimula os reflexos de
visão e esfregá-lo com um pano seco e limpo estimula a respiração. Após secar o recém-
nascido mergulhe seu umbigo por completo no iodo para prevenir infecções.

Alimentação do bezerro

Ao nascer o bezerro não possui imunidade a doenças. Este é o motivo pelo qual ele precisa
tanto do colostro, que contem proteínas denominadas imunoglobulinas (anticorpos), absorvidas
diretamente através do intestino. Os anticorpos absorvidos darão proteção ao recém-nascido
contra infecções. A qualidade de colostro varia de uma fêmea para outra. Vacas com vacinação
completa e vacas adultas, em geral, produzem colostro de melhor qualidade do que as
novilhas, devido ao maior período de exposição a diversos agentes patogênicos de organismos
causadores de doenças.

O ideal é que 2 litros de colostro, seja fornecido nos primeiros quinze minutos pósparto, ou no
máximo uma a duas horas após o nascimento. A qualidade do colostro diminui
acentuadamente após a primeira ordenha.

Alimente o recém-nascido utilizando uma mamadeira limpa para induzir a sucção e o


fechamento da "goteira esofagiana" fazendo assim com que o leite vá direto para o abomaso
ao invés do rúmen. Caso o bezerro não sugue, utilize um aumentador esofagiano para forçar a
ingestão do colostro.

Oito a doze horas mais tarde, forneça mais 2 litros do colostro, o segundo fornecimento
auxiliará a empurrar a primeira mamada do colostro do estornago para o intestino delgado,
permitindo dessa maneira além de um aumento na absorção de anticorpos a lavagem do
intestino evitando a aderência da bactéria Escherichia coli. Nas primeiras 20 horas de vida do
bezerro ele deve receber de 12 a 15% do seu peso vivo em colostro.

Animais recém-nascidos devem receber 2 litros de colostro 2 vezes ao dia,durante três dias, e
leite durante a primeira semana de vida. Após ter recebido colostro adota-se o fornecimento de
um dos seguintes alimentos líquidos: leite por completo ou substitutivos do leite.

A maioria das recomendações é de 8% do peso corporal do bezerro/dia, fornecido


parceladamente. O que irá apenas manter o bezerro, 10 - 12% é o suficiente para manutenção
e crescimento.

Os substitutos do leite também estão sendo utilizados em larga escala. Devem ser constituídos
a base de leite ou de subprodutos do leite, conter 22% de proteína, 10-12% de gordura e
menos de 0,25% de proteína crua.

A recomendação técnica canadense é de 0,25 Kgs de substitutivo do leite para 1 Kg de água,


fornecida 2 vezes ao dia até o desmame. A ração inicial de bezerros deve conter 18 a 20% de
Pb e 70 a 71% NDT, um agente anticoacido, ser palatável e livre de impurezas. Ofereça ao
bezerro entre 4 e 6 dias de idade iniciando em pequenas quantidades, retirando sempre as
sobras ao fazer a reposição para que a ração não estrague.

O bezerro poderá ser desmamado quando estiver ingerindo de 500 a 700g de ração por dia,
regularmente por uma semana. Água limpa e fresca deve estar à disposição.

Uma vez que o feno é digerido no rúmen, este precisa estar funcionando antes de fornecer a
forragem efetivamente. Inicie com feno quando o bezerro estiver com pelo menos três semanas
de idade e ingerindo algum tipo de grão. Deve-se estimular o consumo para acelerar o
desenvolvimento do rúmen.

Os utensílios devem ser lavados e desinfetados para impedir proliferação de germes.

Instalações
Basicamente deve ser limpa, seca e bem arejada, mas sem correnteza. Os bezerros devem ser
alojados em abrigos individuais, separados das vacas, pois os animais adultos são fontes de
vários agentes infecciosos.

As baias devem ser limpas, desinfetadas e forradas com uma cama de palhada. Recomenda-
se que permaneça vazia por uma semana entre um bezerro e outro.

As gaiolas individuais são estruturas únicas, de plástico ou madeira, abertas na frente. Assim
como qualquer outra instalação deve ter boa drenagem, uma cama seca e face voltada para o
sul. No período entre um bezerro e o próximo a ocupar a mesma gaiola, estas devem ser
limpas, desinfetadas e removidas para outro espaço.

A cada 6 meses todas a gaiolas devem ser removidas para uma área completamente nova, e o
espaço que estava sendo ocupado pelas mesmas deve ser limpo (carpido) de modo que o solo
fique exposto ao poder desinfetante do sol.

- Programa de Alimentação: de 1 a 5 semanas

Fornecer 1% PV na forma de forragem fibra longa;


Silagem: diminuir pela metade - MS 13 Kg/dia;
Feno: diminuir pela metade - PB 13%;
Ração[ ]: 1 Kg ( níveis maiores dependendo da condição corporal das necessidades de
crescimento, da qualidade e do consumo da forragem e do "stress ambiental");

- Fornecimento

Dieta de transição: 6 a 8 semanas (1/3 final);


Para alta produção: 3 a 5 Kgs de ração completa de vacas alta produção mais dieta tradicional
de vacas secas (feno + 1 Kg de concentrado de vacas secas) + 1 Kg concentrado de transição.

Manejo de novilhas
Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

O sistema de criação de bezerras deve ter como objetivo colocar a novilha


no ponto de reprodução o que deve acontecer quando elas apresentam
pesos mínimos de 300 Kg nas raças grandes e 250 Kg nas pequenas.

Essa proposição é feita porque se admite que os animais deverão


apresentar por ocasião do parto, pesos superiores a 500 Kg nas raças de
maior porte, e 400 Kg nas consideradas pequenas. Com isso, as novilhas
de primeira cria mostrarão menos propensão a partos distócicos e terão
condições de enfrentar a lactação sem desgaste físico acentuado,
características dos animais que apresentam crescimento reduzido. Sob o
ponto de vista técnico, o peso, e não a idade, deve ser o fator a ser
observado na reprodução de novilhas leiteiras.

Quando se analisam sistemas de criação de bezerras deve atentar para o


fato de que, na época da puberdade, quando ocorre o primeiro cio (200 a
240 Kg nas raças grandes e 150 a 200 Kg nas pequenas) o ganho de peso
não deve ultrapassar 750 g/dia, pois trabalhos têm demonstrado que
ganhos mais acelerados nessa fase são capazes de prejudicar o
desempenho futuro das novilhas. Essas pesquisas têm revelado redução
na produção de leite de cerca de 20%, sendo o efeito permanente. Assim
sendo é aconselhável a programação de ganho mensal máximo de
22Kg/na/mês, como garantia na fase anterior à entrada na reprodução.
As vantagens do crescimento acelerado de novilhas podem ser facilmente
demonstradas quando a produção na primeira lactação for suficientemente
elevada para pagar qualquer investimento adicional a ser feito com
alimentação. Quando existe utilização de touros provados, pode-se esperar
cerca que 2/3 das novilhas produzidas serão de boa qualidade, e assim, os
sistemas mais intensificados podem ser adotados.

O crescimento das bezerras depende basicamente da nutrição e deve-se


considerar que nas raças leiteiras os animais são precoces, ou seja,
amadurecem sexualmente cedo, e são capazes de apresentar crescimento
rápido em curto período de tempo.

Quando tem que responder por uma parcela considerável das exigências
diárias das novilhas, o volumoso pode se tornar um fator limitante ao
processo de crescimento se sua composição não for favorável. Não se
obtém crescimento rápido das novilhas através do uso de forragens de alta
qualidade. O volumoso deve apresentar de 60-75% de NDT, 10-13% de
Pb, de 0,3-0,65% Ca e de 0,22-0,32% P para ser utilizado sozinhos na
criação de bezerras. Quando se faz a introdução de concentrados, toma-se
fácil atender as exigências dos animais porque a composição teórica do
volumoso passa a ser mais fácil de ser atendida na prática deve-se dar
ênfase ao fato de que volumosos de qualidade muito baixa são
consumidos em quantidades reduzidas e que é de grande importância
garantir o consumo de matéria seca especificado. O fornecimento de
concentrado deve ser encarado como importante sob o ponto de vista de
fornecimento de energia e proteína e sobretudo de minerais. Sabe-se que
os bovinos não sabem como, quando ou porque devem consumir misturas
minerais, pois, trabalhos de pesquisas têm demonstrado que a ingestão no
cocho não segue um padrão regular.

Assim sendo, não se pode depender desse tipo de fornecimento para o


atendimento de exigências mais elevadas principalmente quando mantidas
em pastagens estabelecidas em terrenos de baixa fertilidade.

A utilização de forragens cultivadas em terrenos de alta fertilidade pode


contribuir decisivamente para a obtenção de ritmos de crescimento mais
acelerado.

Trabalhos de pesquisas em nosso meio tem mostrado a possibilidade de


se obter com forragens tropicais teores na matéria seca de 0,25-0,40% de
P e de 0,30 a 0,60% Ca. Por outro lado, havendo controle do crescimento
das plantas bem adubadas é viável a obtenção do volumoso contendo de
10 - 13% Pb e de 58-65% NDT na matéria seca. O uso de fertilizantes e a
adoção de manejo adequado podem contribuir para promover uma
redução considerável no uso de alimentos concentrados.
Manejo de vacas secas
Equipe de Bovinocultura de
Leite/FZEA-USP

Com a busca de um aumento na produção leiteira, tem-se motivado a


procura de animais provados e com um alto potencial de produção. No
entanto outros fatores altamente decisivos acompanham o mérito genético
do rebanho, tais como nutrição e manejo.

Uma das melhores maneiras é a adoção correta das técnicas alimentares


especificas para cada fase do processo produtivo, dentre estas, as vacas
secas, que por não estarem em lactação não aumentam diretamente o
lucro líquido da propriedade e são às vezes, esquecidas pelos produtores.

O programa das vacas secas inicia o próximo ciclo da lactação, exercendo


uma grande influência na ocorrência de desordens metabólicas (cetose,
deslocamento de abomaso, síndrome da vaca gorda e febre do leite), na
mudança da condição corporal, no fornecimento de nutrientes necessários
ao rápido crescimento do feto e na otimização da reprodução na próxima
lactação.

O período seco deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração
das células epiteliais desgastadas, um bom acúmulo de colostro e
assegurar um bom desenvolvimento do feto, bem como completar as
reservas corporais, caso estas ainda não tenham ocorrido.

Desta forma, as vacas, no período seco, devem ser agrupadas em dois


grupos distintos:

O primeiro grupo abrange todos os animais que iniciam o período de


repouso, que vai da primeira a quinta ou sexta semana, enquanto que o
segundo grupo abrange os animais nas duas ou três últimas semanas que
antecedem o parto. Uma das maiores razões que explica a necessidade à
vantagem de se ter dois grupos diferentes para as vacas sêcas, é a de que
se deve levar em conta a diminuição do consumo entre os dois grupos.

Deste modo, no início do período seco os animais podem ser alimentados


com uma pastagem de boa qualidade, feno, silagem e ou a combinação
destes, no entanto, no final do período seco onde ocorre um grande
aumento no crescimento fetal, existe uma elevação da pressão interna nos
órgãos digestivos, diminuindo desta forma o espaço ocupado pelos
alimentos este fato, associado com a grande variação hormonal no período
pré-parto, ou seja, um aumento nas concentrações sanguíneas de
estrógeno e corticóides e uma queda nas concentrações de progesterona,
reduzem o consumo de matéria seca em até 30%, predispondo o animal a
um balanço energético negativo, com isso aumentam o catabolismo de
gordura elevando as concentrações de ácidos graxos não esterificados na
circulação, onde serão posteriormente acumulados no fígado podendo
causar problemas metabólicos e diminuindo a posterior produção leiteira.

Uma das medidas básicas a ser tomadas é a elevação da densidade


energética da dieta final do período seco (aproximadamente 21 dias antes
do parto), aumentando conseqüentemente a relação
concentrado/volumoso, compensando desta forma a redução do consumo
de alimentos.

O aumento do consumo de concentrado, além de adaptar os


microorganismos do rúmen a uma dieta rica em aminoácidos, favorece o
desenvolvimento das papilas ruminais (pequenas projeções em forma de
dedo na parede ruminal). O crescimento das papilas aumenta a superfície
de contato do rúmen possibilitando uma maior absorção dos ácidos graxos
voláteis, promove pequena variação no PH do rúmen e diminui o risco de
acidose no início da lactação, onde grandes quantidades de grãos são
introduzidas na dieta.

Todavia, são necessárias de quatro a cinco semanas para que o


alongamento das papilas se complete.
Recentes pesquisas têm mostrado que o aumento no fornecimento de
proteína na dieta pode ter um efeito benéfico, principalmente porque
mantem as reservas protéicas do animal, diminuindo suscetibilidades às
desordens metabólicas, mas não devemos esquecer de atender as
exigências em proteínas não degradáveis no rúmen (3% de farinha de
sangue), vitaminas, minerais e outros aditivos são bastante úteis na
alimentação das vacas secas.

A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de matéria seca, a


recomendação atual é de 6 a 12g de Niacina/dia, iniciando vinte e um dias
da data provável do parto até o trigésimo dia de lactação, principalmente
para vacas de alta produção (> 32 Kg leite/dia) e vacas de primeira cria
produzindo acima de 25 Kg/dia, bem como as vacas obesas. Assim como
a niacina, o propilenoglicol pode ser fornecido em até 500 g/d, pois o
mesmo é convertido em glicose no fígado, diminuindo a cetose e a
formação do fígado gordo.

Devemos ainda considerar que a imunidade das vacas é menor no período


pré-parto e no início da lactação, onde o aparelho reprodutivo se encontra
aberto e as taxas de infecção e mastite são altas, com isso o fornecimento
de vitamina E, Zinco, Cobre e Selênio pode ser benéfico evitando
problemas como mastite e retenção de placenta.

No inicio da lactação, principalmente em vacas de alta produção, existe um


elevado fluxo de cálcio para a glândula mamária, reduzindo o teor de cálcio
sangüíneo e como conseqüência predispõe a vaca a hipocalcemia que
afeta até 75% das vacas de alta produção. Níveis reduzidos de cálcio no
sangue pode levar à retenção de placenta, involução uterina evolução
intensiva ineficiente, diminuição na contração do músculo liso e um
aumento na incidência de deslocamento do abomaso.

Desta forma, a utilização de sais aniônicos (sulfato de cálcio) pode evitar a


hipocalcemia, aumentando a mobilização de cálcio nos ossos. No entanto,
devemos ter cuidado, pois os sais aniônicos são impalatáveis podendo
reduzir o consumo de alimento, desta forma a utilização de palatabilizantes
podem ser necessárias.

Um outro ponto importante que deve ser levado em consideração é a


condição corporal das vacas próximas ao parto. Para avaliação é adotados
o método da condição corporal de 1 (muito magra) e 5 (muito gorda) sendo
que para o parto o ideal é que a vaca apresente de 3,4 a 3,75. Inúmeras
pesquisas, têm mostrado que as vacas supercondicionadas consomem
menos alimento no pré-parto e no pósparto, apresentando uma alta
incidência de problemas metabólicos, existindo alta correlação entre
condição corporal no pré-parto e consumo de matéria seca no primeiro e
vigésimo primeiro dia pós-pano. Desse modo, a obesidade pode ser tão
prejudicial quanto à falta de condição corporal no momento do parto.

Secagem

Objetivos: proporcionar descanso à vaca afim de prepará-la para a


próxima lactação. Consiste em interromper sua lactação. As razões da
secagem se baseiam nos seguintes fatos:

- Vacas que parem, ainda dando leite, produzem bezerros fracos e não
apresentam boas condições corporais no momento do parto;
- Boas condições corporais e sanitárias facilitam o parto e favorecem a
produção de leite na próxima lactação;

- Proporciona tempo suficiente para regeneração dos tecidos secretores do


leite (aproximadamente 60 dias);

- A secagem proporciona maior produção de colostro, essencial para


sobrevivência da cria recém-nascida e maior resistência à mamite;

- Facilita o aparecimento do cio pós-parto em virtude das melhores


condições corporais da vaca;

- Quando a vaca apresenta uma produção tão baixa que se torna


antieconômica mantê-la em lactação. Nessa situação além da mão-de-obra
gasta em seu manejo, há uma sobrecarga desnecessária na área de pasto
das vacas em lactação, justamente daquelas que consomem mais
alimentos.

Período = 60 dias antes do parto, se o motivo for à proximidade do parto.


Quando não compensar economicamente, nos casos de baixa produção.

Procedimento

Consiste em alterar de uma só vez os principais fatores que influem na


produção de leite, isto é, a alimentação e os estímulos psíquico-hormonais
(presença do bezerro, das companheiras de rebanho e/ou presença à saia
de ordenha, cheiro de ração e/ou silagem). Deve-se proceder da seguinte
maneira:

- O primeiro cuidado é verificar no inicio da secagem se a vaca está com


mamite. O diagnostico será feito com o uso de caneca telada, ou de fiando
preto. Se o teste for negativo, a vaca estará apta ao processo de secagem;
se for positivo, não se deve secar a vaca, mas tratar a mamite;

- Feito as recomendações acima, deve-se esgotar bem o úbere da vaca.


Em seguida colocar em cada, um antibiótico de longa duração (próprio
para vacas secas);

- Transferir o animal do local onde está acostumada a rotina da ordenha


para um piquete ou pasto afastado do curral ou do estábulo. Este pasto
deve ser pobre de capim, de modo a não permitir que a vaca se alimente
bem. Não fornecer concentrado. Embora dispondo de pouco alimento, a
vaca deve beber água à vontade;

- Não ordenhar mais, mesmo se o úbere encher de leite, este fato não
ocasionará nenhum mal ao animal, pois o organismo da vaca absorverá o
leite. Entretanto, deve-se observar diariamente, para ver se o úbere está
avermelhado ou dolorido, coisa muito rara de acontecer. Na hipótese de o
úbere estar inflamado, deverá ser feita nova ordenha e repetida aplicação
de antibiótico;

- Decorridas duas semanas a vaca não mais produzirá leite e a secagem


estará completa, quando então poderá ter uma alimentação normal -
volumosa e concentrada - condizente com o período pré-parto.
Vacas leiteiras

A produção de leite por vaca continua aumentando 2 a 3% anualmente. O


melhoramento genético responde por 33 a 40% deste crescimento, ao
passo que a nutrição e o manejo perfazem os 60 a 67% restantes.

Os primeiros 60 dias após a parição são críticos para a saúde da vaca e


para o sucesso econômico da lactação como um todo. Vacas recém-
paridas enfrentam vários desafios que devem ser considerados e
controlados, quais sejam:

- O pico da lactação geralmente ocorre 50 a 60 dias após o parto,


determinando a curva da lactação;
- Para cada 1Kg de aumento de pico de produção, a lactação verifica um
aumento de 0,200 a 0,225 Kg de leite.
- O déficit máximo de energia ocorre nas primeiras três semanas de
lactação;
- Cerca de um terço a metade das vacas de alta produção apresentam
cetose, podendo levar a síndrome do fígado gordo se não for controlada;
- Acidose ruminal é a desordem metabólica predominante em vacas pós-
parto.
- Vacas com reprodução em bom funcionamento apresentarão o primeiro
ciclo estral em 15 a 25 dias pós-parto;
- O "status" energético nas primeiras três semanas após o parto afeta os
folículos que se desenvolverão 60 dias depois.

Consumo de matéria seca (MS)

Um programa de vacas secas adequado, dividido em duas fases distintas,


permitirá a vacas secas que tenham uma transição bem sucedida do
período seco para a lactação.

O consumo de MS é reduzido em 18% no início da lactação. Desse modo,


a concentração de nutrientes deve ser corrigida para este potencial de
consumo menor. Alguns fatores que podem melhorar o consumo de
matéria seca devem ser implementados:

- O uso de rações completas irá maximizar o consumo de MS no início da


lactação;
- A forragem deve ter valor superior a 1,32 Mcal de energia líquida/Kg Ms.
- A digestão ruminal deve ser maximizada através do balanceamento de
proteínas degradáveis e carboidratos não estruturais, permitindo
produções microbianas de ácidos graxos voláteis maiores, taxas ótimas de
passagem do alimento e máxima produção de proteína microbiana;
- O PH e o ambiente ruminal devem ser favoráveis para o desempenho e
crescimento microbiano;
- O manejo de alimentação deve proporcionar alimento á vontade, fresco e
palatável, além de encorajar os animais a retomar freqüentemente para se
alimentar especialmente durante condições de "stress" térmico (calor ou
frio excessivo).

Considerações sobre a perda de peso

As vacas entram em balanço energético negativo após o parto uma vez


que os requerimentos nutricionais para a produção de leite excedem o
consumo de energia.

A perda de peso deve ser limitada a um máximo de 1Kg/d, resultando em


um total de 1 a 1,5 escores na condição corporal (60 a 90 Kgs.), devendo o
balanço energético positivo retornar 60 dias após o parto ou até antes.
Fatores que auxiliam na manipulação da perda de peso são listados a
seguir:

- As vacas não devem estar excessivamente pesadas (condição corporal -


CC- acima de 4) o que reduz o apetite e o consumo de MS. Vacas magras
(escore inferior a 3,0 em CC) não apresentam reservas energéticas
suficientes. Um Kg de gordura corporal mobilizada pode gerar o
equivalente a 7Kg de leite em energia.
- Vacas mobilizando peso corporal precisam de proteína adicional para
equiparar a energia obtida pela perda de peso. Essa proteína deve ser
proveniente de fontes não degradáveis no rúmen e com um perfil de
aminoácidos bem balanceados.

Dinâmica ruminal

As papilas ruminais gradualmente se alongam a medida que dietas com


maior quantidade de carboidratos fermentáveis são fornecidas. Os riscos
de acidose ruminal são maiores se as mudanças na dieta forem muito
bruscas, especialmente na vaca de primeira cria. Novamente, rações
completas podem minimizar riscos Outras práticas tais como manter as
porcentagens de fibra em detergente ácido (FDA) em níveis mais altos pelo
fornecimento de 2-3 Kg de feno e reduzir o teor de carboidratos não
estruturais (CNE) diminuem o acúmulo de ácidos no rúmen. Se o PH do
rúmen estiver abaixo de 6, pode haver redução no crescimento microbiano,
diminuição da digestão de fibra e na proporção de ácidos graxos voláteis
produzidos. Acidose severa pode causar laminite e crescimento anormal
do casco.

Utilização de aditivos

A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de MS. A


recomendação atual é fornecer 6 a 12g/d até que o pico de consumo
ocorra (10-12 semanas após o parto). O custo-benficio deste aditivo é 4=1.
Vacas candidatas incluem vacas secas obesas (CC > 3,0), vacas de alta
produção (vacas adultas produzindo mais do que 35 Kgs de leite/dia e
vacas de primeira cria acima de 25 Kgs/dia), vacas com tendência a ter
cetose e vacas que perdem peso em excesso.

Tamponante são aditivos que mantém o PH ruminal entre 6,0 a 6,3.


Bicarbonato de sódio é um produto comumente usado, sendo fornecido
120-250gr/vaca/dia. Óxido de magnésio não é um tamponante, mas, sim
um alcalinizante (eleva o PH). A combinação de 2 a 3 partes de
bicarbonato para a uma pane de óxido de magnésio é recomendada. A
utilização de tamponantes deve ocorrer quando se tem vacas que param
de se alimentar, baixo consumo de MS em geral, alimentos muito úmidos,
dietas baseadas em grandes quantidades de silagem de milho, dietas com
alto teor de concentrados e manejo com alto teor de concentrados por
refeição. Propilenoglicol é convertido em glicose no fígado, podendo
prevenir cetose e formação de fígado gordo. O fornecimento de 0,5Kg/d
deste produto na forma liquida para vacas com elevada concentração de
corpos cetonicos no sangue (com base em teste de coloração da urina ou
do leite) tem verificado resultados positivos a campo. A utilização de 0,1 a
0,25 Kg no concentrado ou na ração completa pode ser efetuada com o
intuito de evitar a cetose, mas tanto a palatabilidade como os custos
devem ser considerados.

Culturas e produtos de levedura podem estimular as bactérias utilizadoras


de fibras, manter o PH ruminal estável e estimular a produção de Ácidos
Graxos Voláteis (AGV).

Estes produtos podem manter as vacas com o consumo de MS em níveis


adequados e são palatáveis. A quantidade adicionada varia de 10 a 115
g/vaca/d., dependendo da concentração de leveduras e da fonte do
produto, a um custo de U$ 0,06(centavos de dólar)/dia.

Aplicações

Grandes rebanhos têm dietas específicas para vacas recém-paridas,


agrupadas em separado por 2 a 3 semanas após o parto. Em estábulo do
tipo "Tie-stall" 3 há possibilidade de suplementação especifica de um
concentrado para vacas pós-parto, fornecendo nutrientes necessários a
esta categoria e 2 a 3 Kg. de feno palatável de alta qualidade.

A escolha do sistema

O tipo de sistema a ser utilizado deve levar em consideração:

-número de animais a serem ordenhados

-nível de produção dos animais

-tipo de leite a ser produzido

-qualidade da mão de obra

- investimentos totais a serem realizados

- custos operacionais a serem realizados

Tipos de ordenha

-Manual

-Mecanizada: balde ao pé, RST cirduito fechado, Tandem, espinha de peixe, poligonal,
paralela ou rotatória.

Manual

Esse tipo de ordenha é largamente empregada no Brasil e é caracterizado por sua baixa
eficiência e pela produção de um leite com alto grau de contaminação.
Mecanizada

Balde ao pé: sistema mais barato que se conhece. Possui eficiência de 15 vacas/homem/ hora
com 2 baldes. No Brasil, devido à mão-de-obra ainda ser relativamente barata, é o sistema
mais indicado para propriedades, com até 50 animais. Existem 3 tipos de Balde de Pé: no
estábulo, na Sala de Ordenha e portátil.

Circuito fechado: também inidicado para rebanhos menores. Neste sistema, o leite no
momento da ordenha é transportado por tubo de PVC. A velocidade é de 8 vacas/hora/unidade.

Sistema de tandem: esse sistema foi desenvolvido para os rebanhos maiores, de até 80
animais. o sistema mais comum é o "4x4"; apresenta um rendimento de 22 a 32
vacas/homem/hora. O manejo neste sistema é individual e a entrada e saída das vacas são
controladas por meio de fotocélulas. Com o tandem um único profissional pode cuidar de 6 a 8
animais.

Espinha de peixe: é o sistema mais utilizado entre os criadores; apresenta um rendimento de


37 a 42 vacas/homem/hora no tipo "4x4"; os animais ficam posicionados em 45° em relação ao
fosso, posição que facilita a visualização dos úberes e tetos; as vacas entram e saem em lote,
sendo a maior desvantagem do sistema, pois as vacas devem ser manejadas em lotes de
produção semelhante. Este sistema de ordenha é indicado para criatórios com até 300 animais.
Poligonal: considerada uma variação do espinha depeixe, os animais ficam na mesma
posição. Com capacidade para 4 lotes, este sistema é mais indicado para os criadores que
desejam instalar máquinas maiores e desenvolver um trabalho mais racional dentro do fosso.

Paralela: é indicada para propriedades que contenham de 300 a 1.000 animais, em que cada
operador cuida sozinha de 12 a 30 unidades. Neste sistema as vacas ficam umas ao lado das
outras e de costas para o fosso.

Rotatória: é o mais moderno de todos os sistemas de ordenha. Desenvolvido para atuar em


fazendas com mais de 500 vacas, sua extensão máxima atendem até 60 unidades. Nesse
sistema, o ordenhador cuida de 30 vacas e são ordenhados 120 animais/hora.
Higiene

Práticas higiênicas inadequadas prejudicam a qualidade do leite, predispõem a ocorrências de


mastite, que ocorre, na maioria das vezes, por penetração de microorganismos através do
canal da teta. As medidas higiênicas visam evitar esse acesso. A higiene, portanto, é a palavra
chave no controle da mastite.

Para obtenção de leite de melhor qualidade e para prevenir e/ou reduzir a níveis toleráveis as
infecções da glândula mamária do rebanho, uma vigilância constante deve ser dirigida ao
manejo e ordenhadores.

No curral e sala de ordenha

As instalações como sala de ordenha e curral de espera, por onde circulam os animais antes,
durante e após a ordenha, devem ser mantidas limpas e secas, para evitar a multiplicação de
microorganismos. Na limpeza diária, recomenda-se remover as fezes para evitar a proliferação
de moscas e lavar em seguida com água corrente de boa qualidade.

Mensalmente deve-se fazer, após a limpeza do local, a desinfecção com cal virgem ou
soluções à base de cresóis na concentração de 1%.

Com os utensílios

Os utensílios de ordenha, tais como baldes e latões devem ser limpos e desinfetados. A
limpeza é feita nos intervalos da ordenha, de preferência com água quente ou morna, utilizando
detergente biodegradável e desinfetante apropriado.

Uma solução de 5 a 10 ppm de cloro ativo (1ml de solução de hipoclorito de sódio, contendo
10% de cloro ativou de água), é eficaz após 5 a 10 minutos de contato.

Após serem lavados e enxaguados, os utensílios devem ser mantidos destampados e de boca
para baixo até secarem por completo.

Onde se usa ordenha mecânica, a limpeza adequada e a manutenção, de acordo com as


recomendações do fabricante, são essenciais para prolongar a vida útil do equipamento e
ajudar na prevenção de mastite. A limpeza da ordenhadeira com substâncias apropriadas e na
concentração indicada pelo fabricante compreende três fases:

Pré-lavagem: deve ser feita com água fria, e tem como finalidade remover os resíduos de leite
que se aderem ao equipamento;

Lavagem principal: utiliza-se uma solução de limpeza apropriada a equipamentos de ordenha


(detergente alcalino) em água aquecida a 50-60ºC deixando o conjunto funcionar por 15
minutos para remover todo o resíduo.

Enxágüe final: é realizado com água fria em abundância, para remoção completa da solução
de limpeza, mantendo-se o conjunto funcionando por 5 minutos.

Uma vez por semana ou a cada 15 dias, inclui-se antes da lavagem principal um detergente
ácido, específico para ordenhadeiras mecânicas, além do detergente alcalino e em seguida,
enxagua-se com água.

Com os animais

Antes da ordenha: as tetas devem ser lavadas com água potável corrente, removendo-se a
sujeira e enxugando-as com toalha de papel descartável.
Realizar o teste da caneca de fundo preto, pois além de permitir a identificação dos casos de
mastite clínica em sua fase inicial, evita a contaminação do ambiente com os primeiros jatos de
leite.

Após a ordenha: as tetas devem ser imersas em solução à base de iodofor ou de iodo
glicerinado.

Estabelecer linha de ordenha quando for detectado algum animal com mastite, sendo que estas
deverão ser ordenhadas por último, desinfetar o canal da teta em solução de iodo glicerinado,
antes de aplicar o medicamento e massagear o quarto teto medicado para dispersar o remédio.

Os remédios deverão ser baseados em exames de antibiogramas.

Anatomia de úbere

Canal galactóforo; Cisterna; Canais lactíferos; Tecidos Glandulares; Veias; Artéria; Gânglio
linfático.

Fisiologia da glândula mamária

O desenvolvimento da glândula mamária ocorre em várias fases:

- Recém-nascido (hormônios maternos) pré-puberal;


- Puberal (hormônios ovarianos, principalmente);
- Cíclico (estrogênio e também progesterona);
- Gravídico (estrogênio e progesterona da gestação)

Fatores do desenvolvimento da glândula mamária de maneira geral, pode-se dizer que os


estrogênios desenvolvem os dutos da glândula mamária, enquanto o progesterona promove o
desenvolvimento dos alvéolos. A glândula mamária desenvolve quando:

- não amamenta;
- após a castração;
- na menopausa.

Como se produz o leite

Fases de secreção (produção) da glândula mamária a produção do leite se inicia pela ação da
prolactina da hipófise anterior, que estimula diretamente as células produtoras do leite dos
alvéolos da mama. Leite é sangue transformado; nasce no úbere (composto por quatro
glândulas mamárias que transformam componentes sanguíneos em alimento). O úbere é
dividido em quatro partes, correspondendo cada uma a um teto. Vazio, o úbere pesa cerca de
15kg, podendo comportar até + ou- 40 kg de leite. Para cada litro de leite produzido, passa pela
glândula mamária cerca de 300 a 500litros de sangue, portanto, uma boa vaca leiteira deve ter
o úbere muito bem irrigado pela rede sanguínea.

Logo após o parto, a desinibição da hipófise anterior pela queda dos estrogênios e
progesterona circulantes, leva a um aumento abrupto da secreção de prolactina que, agindo
sobre a glândula mamária plenamente desenvolvida pelos hormônios da gestação, irá
promover a produção do leite. A manutenção da produção normal do leite, depende da
produção de prolactina, do hormônio de crescimento, pequena quantidade de estrogênio
presente , do funcionamento da tireóide, da supra renal e do sistema nervoso. E necessária
ainda uma alimentação adequada e ausência de doenças em geral.

A amamentação e o esvaziamento da glândula mamária são os fatores estimulantes da


produção de prolactina. O não esvaziamento adequado da glândula implica na cessação da
produção do leite. A produção do leite também poderá ser suspensa mediante a administração
de doses elevadas de estrogênios, que impedirão a secreção de prolactina pela hipófise.

A expulsão do leite

Ao se iniciar e durante o ato de mamar, a sensação táctil gera estímulos, que por via nervosa,
vão até o SNC (sistema nervoso central) estimulando o hipotálamo a produzir e a hipófise
posterior a liberar ocitocina para a circulação. Esta, na glândula mamária, provoca a contração
das células mioepiteliais dos alvéolos e a musculatura lisa dos dutos, propulsionando o leite ali
formado na cisterna da mama. A compressão dessas cisternas provoca a saída do leite.

Sob a ação o ocitocina, a canulação das cisternas faz o leite jorrar espontaneamente. Em
alguns casos, isto ocorre mesmo sem a canulação. A prolactina também é secretada sob
controle do arco reflexo descrito.

Fenômenos relacionados com o ato de mamar, o mugido do bezerro, os ruídos do balde de


ordenha, etc, podem desencadear o reflexo, que por sua vez também pode ser abolido por
diversos fatores, como susto, a substituição de um ordenhador por outro, etc., através da
liberação do hormônio adrenalina.

Produtividade
Equipe de Bovinocultura de Leite/FZEA-USP

A produtividade média do rebanho brasileiro é tão pequena quanto o


lugar que o país ocupa entre os países produtores do mesmo. A
produção de leite no país é menor que a demanda pelo produto. Este
fato pode ser devido a vontade do consumidor de antigamente, que
queria leite barato, não de boa qualidade.
Visando a redução de custos e riscos, muitos produtores investiram
em rebanhos de dupla aptidão (produção de leite e carne), uma vez
que o preço do leite e da carne são inversamente proporcionais.
Resultado: baixa produtividade de ambos. O produtor também não se
especializou, pois não tem o leite como principal atividade, na
maioria dos casos. É como se fosse uma produção para subsistência.
Além disso, o grande número de propriedades existentes (pequenas
propriedades) dificulta a formação de associações capazes de
representar os produtores com o mínimo de eficácia.
Para ocorrer a modernização do setor, seria certa a redução do
número de produtores, porém isso teria um alto custo social, a não ser
que a economia estivesse em crescimento para absorver tanta mão-
de-obra.

Causas das variações da quantidade e qualidade do leite

Raça

Algumas raças são mais especilaizadas para produção de leite que outras, influênciando
principalmente quanto à qualidade e porcentagem de gordura.

Nutrição

A produção de cada animal é determinada pela sua genética e pelo ambiente. Portanto se um
animal for alimentado em demasia não produzirá mais leite do que a sua capacidade permite,
porém, uma alimentação deficiente, vai refletir numa produção bem abaixo do nível normal. Daí
a necessidade de uma alimentação balanceada.

Idade e número de parições

A produção de leite aumenta com o número de lactações atingindo o pico de produção na


quarta lactação.

Tempo de lactação

A época da lactação (tempo decorrido após a parição) influi muito sobre a composição do leite
de um animal. Atinge o pico de produção na lactação no segundo mês.

Variações climáticas

Com relação a influência do ambiente na produção de leite, o frio, vindo repentinamente diminui
a produção tanto do leite como em gordura.

Com o frio constante, as vacas produzirão mais ou menos o normal se forem bem alimentadas,
apenas a gordura será um pouco reduzida.

Em situções de calor intenso os animais diminuem a ingestão de alimento o que também


prejudica a produção de leite.

Prática de ordenha

O número de ordenhas influi na produção. Vacas de primeira cria têem em média um aumento
na sua produção de 50% quando são ordenhadas duas vezes ao dia ao invés de uma vez. E
quando são realizadas três ordenhas a produção pode ter um acréscimo de aproximadamente
15%.

Composição do leite

O leite é uma emulsão de glóbulos de gordura, estabilizada por substâncias albuminóides num
soro que contem em solução = um açúcar = a lactose, matérias protéicas, sais minerais, sais
orgânicos e pequenas quantidades de vários produtos, tais como: lecitina, uréia, ácido láctico,
vitaminas, enzimas, etc.

Higiene do leite

Com o objetivo de manter a qualidade do leite deve-se tomar alguns cuidados como: o colostro
assim como o leite de vacas com mastite ou que tenham recebido recentemente antibióticos
não deve ser utilizado;o leite deve ser armazenado em recipientes limpos ; não deve-se
misturar leites de diferentes ordenhas; e o leite deve ser resfriado de 4 a 5 ° C.

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