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PACTO DE ATENAS
ORIENTAÇÕES – PROPOSTAS – RESOLUÇÕES
Trabalhadores levantem-se!
Contra a barbárie capitalista,
Pela justiça social
Por um mundo sem exploração
Milhões de nossos filiados e amigos em todos os países do mundo esperam de nós, delegados
e observadores que participam neste Congresso, as decisões que abram novos caminhos,
novos horizontes e novas perspectivas à classe operária, à escala global.
Não temos muitas alternativas. Temos de traçar novos rumos e avançar. Avançar mais rápido
e mais decididamente!
As responsabilidades de cada um e de todos nós aqui presentes são imensamente
importantes. Temos de analisar a situação, adoptar as conclusões ajustadas, olhar para as
nossas forças e fraquezas e definir as principais orientações para o movimento sindical
com orientação de classe. Todos nós, delegados e observadores aqui reunidos, temos uma
grande experiência, conhecimento e determinação para cumprir a nossa missão. Aqui, neste
Congresso, estão reunidos os quadros do movimento sindical mundial mais militantes, mais
consistentes, mais honestos e mais internacionalistas.
Estão entre nós, os lutadores que têm dedicado toda a sua vida à luta contra o
capitalismo, lutadores que perderam o seu emprego, que foram injustamente despedidos,
que foram presos em resultado da sua justa luta, que tiveram de se exilar dos seus países e
mesmo os lutadores mártires, que lutaram pelos interesses do seu povo trabalhador.
Muitos dos nossos camaradas e irmãos de combate da Colômbia, das Filipinas, das
Honduras e da Palestina estão hoje ausentes daqui, por terem perdido a vida na luta de
classes, porque foram assassinados pelas políticas contra os trabalhadores. Temos orgulho em
todos os nossos camaradas que perderam as suas vidas e declaramos o nosso compromisso
de continuar a nossa luta, de forma ainda mais impetuosa, pelas liberdades democráticas
e sindicais, pelo direito de todos os povos a lutar e a decidir o nosso presente e o nosso
futuro.
Camaradas e Amigos,
exploração capitalista.
Ao longo dos 65 anos da sua rica história, as nossas organizações sindicais alcançaram
grandes e significativos êxitos, no contexto de várias movimentações internacionais, tendo
colocado as suas reivindicações a muitos governos, em todo o mundo.
Hoje, sentimo-nos orgulhosos da história da FSM. Sentimos orgulho da história do
movimento sindical internacional com orientação de classe. Rejubilamos pelas conquistas
destes 65 anos. E embora reconheçamos os êxitos, também aprendemos com os erros e
com as debilidades e as insuficiências que se deveram às condições objectivas e subjectivas
prevalecentes. Ao analisarmos os erros e falhas na história da FSM ao longo destes 65
anos, não podemos apenas considerar as circunstâncias de cada época, nem as condições
ideológicas e políticas de cada período. Temos de nos lembrar que existiram dificuldades
de comunicação e de apoio técnico e logístico, que se juntaram às dificuldades no trabalho
colectivo, na coordenação e partilha de informação.
Permitam-me, neste momento, felicitar alguns camaradas que escreveram livros e
folhetos sobre a história destes 65 anos. Todos os livros são úteis e têm de constituir uma
ajuda ao movimento sindical militante e revolucionário, para promover as suas políticas e
objectivos. Todos estes livros de história denunciam os objectivos e propósitos das classes
dominantes em se aventurarem a reescrever a história, deturpando a verdade histórica e
produzindo “factos” infundados, tentando assim encher as cabeças dos jovens com mentiras
e histórias fabricadas.
CAPÍTULO A
A CRISE ECONÓMICA
INTERNACIONAL
As suas consequências para os trabalhadores e o povo
Por todo o lado e à nossa volta, vemos os mercados repletos de bens e de riqueza para lá
da própria imaginação, concentrada apenas nos bolsos de alguns, vemos a destruição das
forças produtoras da riqueza e a depreciação da principal força produtiva, os trabalhadores.
Vemos o acelerado crescimento do desemprego, a queda do PIB e do comércio mundial
e, claro, o incessante crescimento da pobreza e da miséria para milhões de seres humanos
do planeta, tanto nos países capitalistas desenvolvidos como (mais ainda) nas chamadas
economias em desenvolvimento, apesar do enorme potencial científico e tecnológico que
poderia assegurar uma prosperidade geral às populações.
Qualquer trabalhador honesto e consciente, qualquer quadro sindical que se respeite
a si próprio e aos seus camaradas que representa, não pode, perante estas circunstâncias,
fugir de ou não adoptar as conclusões do grande pensador da classe operária, Karl Marx,
que provou à evidência que “o modo de produção capitalista não é eterno e que está
historicamente ultrapassado”.
No seu trabalho, Marx revelou que “a crise económica denuncia a contradição
fundamental do capitalismo – a contradição entre o carácter social da produção e a forma
capitalista de propriedade dos meios de produção e da apropriação dos seus resultados.
Nas crises, todo o mecanismo do modo de produção capitalista se ajoelha perante a pressão
das forças produtivas que o próprio capitalismo criou.” Como correctamente afirmou Engels,
“as forças produtivas rebelam-se contra as relações de produção que ultrapassaram, que
deixaram para trás..... Meios de produção, meios de manutenção, trabalhadores disponíveis,
ou seja, todos os factores de produção e riqueza social tornamse superabundantes”.
A nossa organização, a FSM, discutiu, em momento oportuno, a crise financeira
internacional, na Conferência Sindical Mundial que organizámos em Lisboa, em
Dezembro de 2008, e na qual analisámos a nova situação e definimos o nosso papel.
Na Conferência de Lisboa, sublinhámos que em 2009 eclodiria a mais sincronizada
recessão global dos últimos 30 anos. O decréscimo de produção atingiu -5% nos mais
fortes países imperialistas, como na Alemanha, Japão, Grã-Bretanha e, já antes em
2008, nos EUA (-2.5%). A economia mundial registou um declínio estimado entre -0,6%
e -1,2%. O PIB da UE caiu 4,6% nos primeiros 9 meses de 2009.
Apesar das notas de optimismo que os representantes do sistema capitalista
habilmente transmitem sempre que há uma amostra “minimamente” positiva numa ou
noutra economia, e apesar das suas previsões de crescimento positivo do PIB mundial em
2010, a crise económica do capitalismo continua o seu caminho de destruição. A componente
e estimativa comum aos centros e agências imperialistas é a sua ansiedade relativamente ao
débil caminho de retoma na zona Euro e nos EUA.
Em todos os relatórios se afirma que a “frágil” retoma, que se verifica sobretudo nos
EUA e muito menos na zona Euro, é apenas consequência temporária de grande apoio
estatal às empresas capitalistas, um apoio que não pode correr sem sobressaltos durante
muito tempo. Estas ansiedades das classes dominantes também explicam as diferenças no
seu seio sobre a natureza da política económica a seguir (restritiva ou expansionista)). Na
perspectiva dos interesses dos trabalhadores, tais diferenças são os dois lados da mesma
global de alimentos em 50% até 2030 e em 70% até 2050, para cobrir as necessidades
da população do planeta que se espera poder alcançar 9,1 mil milhões, dentro de 40
anos.
As contradições do modelo capitalista de desenvolvimento, que se manifestam em
toda a sua agudeza neste tempo de crise económica, só podem conduzir a um aumento
das contradições inter-imperialistas, à medida que cada burguesia tenta sair da crise e
recuperar as taxas de lucro anteriores, não apenas à custa da exploração dos trabalhadores
mas também à custa dos seus concorrentes capitalistas.
Podemos encontrar diversas expressões das crescentes contradições na
implementação, directa ou indirecta, de várias medidas proteccionistas em relação à
produção nacional, pelos governos da burguesia, diversas formas de “guerras comerciais”
mas também do uso de meios militares para a eliminação dos concorrentes, afastando-os
das fontes das matérias primas e dos mercados. Os cenários e complots de guerra que os
EUA e os seus aliados preparam contra os povos do Irão, Líbano, Síria e Palestina, o conflito
pelas fontes de petróleo e de gás e seus “pipelines”, são a verdadeira realidade do capitalismo
que não hesita em nada, para conseguir sair da crise. Sem a intervenção pioneira e activa
do movimento sindical contra estes planos e sem alterar a correlação de forças em cada país
e em todo o mundo, o imperialismo vai sempre continuar a ameaçar o mundo com novos
rios de sangue, com chacinas dos povos, ainda mais brutais do que vemos hoje nas guerras
“limitadas” no Afeganistão e no Iraque.
entre a produção social e o consumo, a qual se agrava, à medida que o nível de vida dos
trabalhadores se degrada e se limita a sua capacidade de consumo.
Constitui uma oportunidade para a realização da vital necessidade de socialização,
para o planeamento central da produção e para o controlo de trabalho e social. Na verdade,
a crise é uma óptima oportunidade para a reorganização do movimento operário, para que,
decidida e militantemente, coloque as suas reivindicações e imponha medidas e políticas
que se oponham à lógica administrativa e à aritmética do patronato relativa ao meios sociais
de produção, lutando pelo poder dos trabalhadores.
O movimento operário tem de ser o motor primeiro do derrube do sistema e não o
seu bombeiro. A principal condição para o ser é uma mudança na situação do movimento
operário, com a derrota das forças políticas e sindicais que promovem um sindicalismo de
colaboração com o patronato, o reformismo e o oportunismo, forças que até agora não
desistiram de actuar para garantir os lucros do capital e o reforço do poderio das empresas.
porque conflituam com os interesses dos EUA e de outras grandes potências imperialistas.
Claro que algumas decisões positivas da ONU, no tempo da existência da União Soviética,
não podiam ter seguimento por si próprias, sem desenvolvimentos radicais nos vários países,
tendo em conta a rede de dependência e inter-dependência que continua a caracterizar o
sistema imperialista mundial.
A integração dos antigos países socialistas (terra, matérias primas e força de trabalho)
no sistema imperialista mundial, anteriormente e durante décadas cortado da economia
capitalista global, aumentou a concorrência inter-imperialista e, naturalmente, agravou
incomparavelmente a situação global do movimento operário. É por isso que o direito
internacional se agravou muito nos últimos vinte anos. Dado que o direito internacional é
apenas formatado pelos países capitalistas e não numa correlação entre países capitalistas e
socialistas, as consequências só podem ser as piores para os trabalhadores e povos.
O movimento operário de hoje deve ter em conta estas alterações e não se deixar
cair na ratoeira de exigências de uma ONU ou direito internacional “democráticos”.
A tese de algumas forças que caracterizam o imperialismo como uma simples “monocracia”
dos EUA, enquanto vêem no reforço da UE um contrapoder aos EUA, é falsa.
Esses pontos de vista parecem esquecer que, desde o momento da sua formação,
a UE foi concebida e construída como uma união de países capitalistas. A aprovação do “
Tratado de Lisboa”, apesar do “Não” dos povos, promove políticas contra os trabalhadores e o
estado-providência, restringe os direitos políticos e as liberdades dos cidadãos, liga a NATO
aos Estados Unidos, tanto na sua política externa e de segurança, como no envolvimento no
aumento da despesa com equipamentos militares. O carácter reaccionário e imperialista da
UE não pode mudar por muito que a ela adiram mais países ou por muito que pretendam
mudar as aparências. Os povos do mundo não têm nada de bom a esperar da UE, já que
o seu posicionamento sobre todos os assuntos internacionais assim o demonstra durante
todos estes anos (Iraque, Afeganistão, sanções contra Cuba, etc.).
O terrível desastre nas centrais nucleares do Japão coloca-nos perante novas tarefas.
As actividades das empresas multinacionais e dos monopólios em torno da actividade
nuclear provaram que eles só querem os lucros e não o funcionamento seguro das centrais
nucleares.
Em conclusão, o movimento operário tem de dizer “Não” aos centros imperialistas,
independentemente da sua sede geográfica, e continuar a luta pelos interesses directos e
necessidades dos trabalhadores, sem perder a sua perspectiva, ou seja, a necessidade de
derrubar o capitalismo e abolir a exploração do homem pelo homem. Esta é única forma
de promover, com perspectiva, o desenvolvimento de relações internacionais equilibradas
e justas, em benefício do povo e para a criação de sociedades com desenvolvimento
económico e social e com justiça equitativa.
CONCLUSÕES
Com base no que até agora referimos, é necessário e útil elencar algumas conclusões
fundamentais, para que as organizações filiadas e amigas da FSM tenham este apoio
fundamental:
A crise económica do capitalismo não aconteceu repentina e inesperadamente. Não
é a primeira nem será a última. O modo de produção capitalista não pode existir sem a
manifestação violenta de crises cada vez mais prolongadas e destrutivas.
A ultrapassagem da actual crise, se e quando se verificar, será anémica e temporária e,
ao mesmo tempo, criará condições para uma nova e mais profunda crise. É este o curso
irreversível dos factos.
Cada nova crise acentuará, com precisão matemática e exactidão, baseada na
contradição mais básica do capitalismo, o caminho para uma enorme concentração de
capital em cada vez menos mãos, em todos os países e continentes por um lado e, por outro,
à pobreza, desemprego massivo, absoluto e relativo, dos trabalhadores e amplas camadas
populares, tanto nas áreas metropolitanas, como a nível regional.
Estas consequências e resultados não serão meramente temporários. Eles são um
impacto permanente do actual modo de produção capitalista.
Não podemos ignorar esta conclusão. Devemos assim incorporá-la nas nossas
orientações, constituindo a base do essencial da política da FSM e de cada um dos nossos
filiados.
Falando da crise económica e das suas consequências, precisamos de separar e
sublinhar duas questões de vital importância, que estão interligadas com as causas essenciais
das crises.
A primeira é o desenvolvimento desigual do capitalismo entre países, regiões e
sectores.
Trata-se de um desenvolvimento objectivo. Que importância tem na luta e na segmentação do
movimento operário? No modo de produção capitalista não pode haver convergência entre
as conquistas económicas e sociais. Confirmam-no os exemplos em todos os continentes.
A crise económica confirma esta conclusão do modo ainda mais forte. Ela exacerbou
a disparidade e o conflito entre o capital e a sua expansão e a dominação dos países mais
fracos e dos povos. Por exemplo, o único elemento comum e unificador nas orientações da UE
é a destruição das conquistas do movimento operário. A partir deste facto, resulta também
a necessidade de uma táctica unida do movimento operário. Luta unitária em cada país, não
apenas pela convergência em si mesma, mas para derrotar o poder dos monopólios, numa
convergência dos movimentos por um outro desenvolvimento, pela solidariedade e pela
luta coordenada. Com esta linha de luta é possível alcançar conquistas.
Temos de nos opor a um tipo da chamada luta unitária e acção que afirma que “ a UE pode
ser refundada ou de que pode transformar-se em algo melhor”. As mesmas conclusões se
aplicam a continentes como a América Latina, África, Ásia, etc.
A segunda é a grande intensificação de contradições entre os interesses imperialistas
dos países ou sectores da economia. A crise e a preparação para a saída dela, acentuaram
e vão acentuar a maior parte das contradições e conflitos entre os mercados, as esferas de
influência e de dominação. Vemos isso hoje com nitidez.
Seria trágico e traria graves consequências, se o movimento sindical não fosse capaz
de ver estes contrastes. É um perigo real que ser abordado decididamente para evitarmos
desvios e sermos incluídos no lado dos imperialistas que, a nível de um país ou continente,
se confrontam com os outros imperialistas, para que, num país ou noutro, persigam a
competitividade. As contradições entre eles podem aprisionar a luta, colocando-a num
caminho errado, se não interpretarmos correctamente este fenómeno. Esta tendência está
bem espalhada com a globalização capitalista e a liberalização.
Não podemos subestimar a força e experiência dos poderosos centros imperialistas
e a sua capacidade para quebrar e integrar o movimento sindical nas suas estratégias.
Não podemos ignorar os danos causados ao longo de tantos anos, da integração
do movimento nos poderosos centros imperialistas, tanto na Europa como na América.
É um grande problema. Não só aprendemos como também assumimos as nossas
responsabilidades. Não devemos permitir que isto aconteça com os movimentos de outros
países.
Ao longo do último ano tivemos grandes lutas em resposta à crise, como na Grécia,
Portugal, Espanha, França, Itália, Ásia, África e América Latina: no México e também nos
Estados Unidos, por imigrantes que aí vivem. Ainda recentemente, em Madison, Wisconsin,
com a mobilização dos funcionários públicos, em luta para defenderem a negociação
colectiva e os salários.
Devemos extrair algumas conclusões.
São elas: estão criadas condições para o desenvolvimento de processos de fundo,
oportunidades de maior potencial e despertar dos trabalhadores e das massas populares,
para o ascenso da luta de classes. Confirmam-no os exemplos da Tunísia, Argélia,
Egipto, Bahrein, Líbia, Iémen, Irão, Jordânia, Paquistão, etc. A revolta do povo do Egipto,
independentemente do seu desfecho, mostra que o povo é o real protagonista da história.
Estes desenvolvimentos positivos co-existem com problemas muito sérios. Temos de
estabilizar e completar passos para alterarmos a correlação de forças e orientação da luta
de classes.
Um factor decisivo reside na situação das direcções de muitas organizações sindicais
nacionais e na correlação de forças resultante da ausência de uma linha de luta única.
Para explorarmos as novas possibilidades existentes, e para que o movimento passe para
outro nível de lutas e ao contra ataque, necessitamos de avaliar com sentido crítico todos
estes desenvolvimentos e conceber tácticas eficazes que eliminem os obstáculos em cada
país. Devemos retirar conclusões das lutas em anteriores períodos.
Por exemplo, que lições tirar da grande crise na Argentina, há alguns anos atrás?
Foram incapazes de criar condições para o desenvolvimento da luta de classes, com lutas
decisivas mas também recuos, que tiveram como consequência o domínio temporário das
massas pelo movimento espontâneo e uma série de slogans e reivindicações utópicos.
E que aconteceu também antes, em França, Irlanda e outros países onde houve
batalhas vitoriosas pelo “NÃO” nos vários referendos sobre a estratégia da UE? Esses impulsos
militantes foram incorporados ou deixados algures a meio?
Também não podemos subestimar o risco de, em vez de termos um movimento
sólido e com orientação de classe, termos vários afloramentos ou movimentos espontâneos
que rapidamente vão desencher e ser manipulados. Só com uma abordagem persistente
e consistente de luta contra os monopólios e o imperialismo e as suas organizações e
apresentando uma perspectiva totalmente alternativa, será possível ao nosso movimento
reagrupar as suas forças e passar à contra ofensiva.
A questão de fundo reside na luta contra a lógica de que a alternativa apenas existe
entre a gestão da crise e o poder do capital.
O movimento sindical não pode esperar vitórias se a sua acção se limitar às lutas
defensivas, se não realizar lutas que questionem a soberania e o poder do capital monopolista
em cada país, apoiando as lutas nos outros países; A partir da base, para dar força à perspectiva
e à luta.
Temos de assumir esta responsabilidade e rejeitar todas as vozes que empurram
o movimento para trás em nome da “unidade com os capitalistas” ou em nome do “mal
menor”. A unidade sem uma base de classe, bem como a acção conjunta com as forças
que tentam modernizar ou humanizar o capitalismo ou procuram migalhas da barbárie
capitalista, semeiam a confusão na mente dos trabalhadores e, em última análise, criam
sérias dificuldades ao movimento sindical de classe.
De tudo o que acima foi referido, há dois eixos fundamentais destas conclusões. Um
deles são os OBJECTIVOS e a estratégia do capital e o outro são os OBJECTIVOS e a linha da
FSM nas actuais condições.
1. O capital
Enfrenta a crise com uma estratégia agressiva e unida contra a classe operária e os
trabalhadores, com uma estratégia coordenada e elaborada, conjugada com uma acentuada
rivalidade e contradições entre os centros imperialistas, a nível de sectores, países e regiões,
com transformações profundas a todos os níveis e o aumento da exploração.
Esta estratégia foi elaborada em anteriores períodos, a partir de meados dos anos 70,
e foi implementada num ou noutro país, dependendo do grau de resistência do movimento
dos trabalhadores, para fazer face às contradições e dificuldades da reprodução de capital, e
declínio na média do lucro, etc.
- Agora, no período de crise, o capital tornou-se mais agressivo e elimina conquistas e
objectivos fundamentais para:
- Aprofundar a exploração da força de trabalho
- Depreciar a força de trabalho com profundas alterações anti – laborais
- Aumento da produtividade com actual ou nova tecnologia
- Fusões e aquisições em todos os sectores essenciais e gigantismo dos monopólios
- Intensificação da rivalidade pelo controlo das matérias-primas e esferas de influência
- Fazer pagar a crise aos trabalhadores e aos países mais fracos
- Generalização da limitação das prestações sociais
Depois da 2ª Guerra Mundial, e especialmente nas últimas décadas, o capital deixou
de ter a capacidade de fazer concessões, como em períodos anteriores, não só porque mudou
a correlação de forças, mas também devido a contradições internas e a maiores dificuldades
na reprodução do capital.
Para além disso, já não há margem para o centro capitalista, como antes, comprar
sectores da sua classe operária, distribuindo-lhe uma parte dos lucros provenientes da sob-
exploração do povo.
2. A FSM tem de saber que a ofensiva vai continuar, seja com o pretexto de estabilizar, reforçar
a competitividade, ou sob o pretexto da redução e controlo da dívida e dos deficits.
A actual “guerra”, conduzida pelo capital contra a classe trabalhadora, não é só económica e
não pretende apenas atingir uma maior e mais profunda exploração da força de trabalho. É
uma guerra generalizada, ideológica, política, cultural, social e ambiental.
O movimento trabalhador é confrontado com novas vagas de ataques e perseguições.
A luta dos povos é classificada como terrorismo e este é um elemento específico da estratégia
do capital.
A satisfação das necessidades básicas da classe trabalhadora, dos estratos sociais,
Relações Laborais
Depois de 1990, o emprego a tempo inteiro tem vindo a ser lentamente substituído pelo
Contratação Colectiva
Há muitos países no mundo que não têm Contratos Colectivos de Trabalho e as
condições de trabalho e retribuição são, de facto, exclusivamente determinadas pelos
empregadores e contra os trabalhadores.
Há também muitos países com Contratos Colectivos para as questões salariais, mas
durante estes últimos anos, não têm sido postos em prática pelos empregadores ou pelos
governos. Particularmente, muitos governos usam a crise financeira internacional para
aprovar leis que abulam a Contratação Colectiva. Governos reaccionários, conjuntamente
com o monopólio capitalista, estão a tentar impor os contratos individuais de trabalho, com
salários individuais muito baixos.
A FSM apoia o sistema da Contratação Colectiva através da livre negociação
colectiva.
Rendimentos mínimos, salários mínimos, horário de trabalho e todas as reivindicações
financeiras e institucionais de cada sector têm que ser determinadas através de Contratos
Colectivos de Trabalho.
Os Contratos Colectivos de Trabalho são um pré-requisito básico e essencial para
algumas das necessidades dos trabalhadores, para que possam reproduzir a sua força de
trabalho, ainda que alguns Contratos Colectivos não abulam a exploração. Opomo-nos
aos contratos individuais de trabalho, porque cada trabalhador, sozinho, fica mais fraco em
relação ao empregador. Por outro lado, quando os trabalhadores negoceiam colectivamente,
são mais fortes.
Segurança Social
A Segurança Social pode ser a mais importante conquista da classe trabalhadora em muitos
países durante o século XIX. Hoje, depois dos recuos e quedas sofridos entre 1989- 1991 e
de correlações internacionais negativas, o capital desfere um enorme contraataque para se
vingar. Assim, em quase todos os países do mundo, aumenta a idade da reforma, as pensões
estão a ser reduzidas, a saúde está a torna-se um luxo, os medicamentos são cada vez mais
caros, as obrigações sociais dos empregadores estão a ser pagas pelo Estado através do
aumento de impostos à população.
Sobretudo na Europa, nos EUA, Canadá e Japão, dos direitos à Segurança Social que
foram conquistados com lutas duras e sangrentas, estão agora a ser abolidos ou reduzidos
dramaticamente. A segurança privada e a especulação expandem-se continuadamente.
A FSM e o movimento sindical de classe têm apoiado as lutas dos trabalhadores em
todos os países que reclamam os seus direitos à Segurança Social. Nas actuais condições,
com o rápido progresso da tecnologia e da ciência, com o rápido aumento da produtividade
do trabalho, exigimos a existência de um sistema de Segurança Social obrigatório, público e
universal em todos os países, com total cobertura, assistência médica gratuita, com redução
da idade da reforma e aumento das pensões. Só desta forma os trabalhadores serão capazes
de viver com dignidade depois da sua reforma.
Privatizações
Em todos os continentes, a privatização do sector público está a causar desemprego,
intensificação da exploração à custa dos trabalhadores, escândalos financeiros e lucros
predatórios para as empresas multinacionais.
Muitos países ficam financeiramente reféns dos grandes grupos capitalistas, através da
privatização das suas fontes de produção de riqueza, através da privatização de importantes
e estratégicos sectores de actividade. Em muitos casos, a privatização transforma bens e
direitos sociais em luxos.
Para a FSM, os sectores estratégicos da economia, como a Energia, as Comunicações,
a Saúde, a Educação, os Transportes, etc., têm que pertencer ao Estado e não a empresas
privadas. Estes sectores têm uma função baseada na necessidade dos povos.
Educação
Em paralelo com constante esforço para reajustar os sistemas educacionais que estão a ser
privatizados, tem havido um esforço segundo a alternância das necessidades capitalistas,
para configurar uma força de trabalho adequada a sectores específicos, onde o capital
ambiciona investir.
Sobretudo agora, em condições de crise, a educação parece ser, para o capital, a
porta para sair da crise, assim como uma área muito lucrativa.
A educação está a ser reajustada no sentido de ter um papel significativo e imperativo
para
assegurar a subsistência e reprodução do sistema capitalista.
Ainda há países onde a iliteracia continua um problema por resolver, mas, na maioria
dos países, há um novo género de iliteracia contemporânea operacional, que começa a
prosperar.
É imperativo que a classe trabalhadora defenda uma educação pública, com ensino
obrigatório gratuito e educação qualitativa, que possa formar e aperfeiçoar caracteres, com
conhecimento científico e espírito crítico, de acordo com as necessidades dos povos e dos
trabalhadores.
Saúde
Apesar de ter havido um progresso tecnológico significativo, o capital comanda e os
financiamentos governamentais determinam a sua aceleração ou desaceleração.
Os sistemas de saúde estão a ser reduzidos e não conseguem cobrir as necessidades
das pessoas, sobretudo dos mais pobres e dos trabalhadores, devido ao ataque contra a
segurança social e a sua competição contra a iniciativa privada. Doenças já extintas estão
a reaparecer, doenças que podíamos abolir não são combatidas e os povos sofrem com a
sua falta de acesso a um tratamento adequado. Sobretudo a praga do VIH no Continente
Africano.
A mortalidade infantil é um dos maiores problemas da sociedade. A FSM exige que
haja, em cada país, um sistema de saúde público, universal, de qualidade e gratuito, que
deve cobrir a totalidade das necessidades dos povos.
Drogas
De acordo com as estatísticas mundiais do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e
Crime, durante o ano de 2007, 142 a 190 milhões de pessoas consumiram cannabis, 15 a
21 milhões consumiram opiáceos, 15 a 21 milhões consumiram cocaína, 16 a 50,5 milhões
consumiram anfetaminas e 11,5 a 23,5 consumiram ecstasy.
Não é coincidência que o aumento do consumo de substâncias narcóticas surja do
aumento da pobreza, do desemprego, da instabilidade e da insegurança. Para além disso,
é notável o facto de o Afeganistão ser o país com maior produção de substâncias opiáceas,
que é bem guardada e preservada pelas tropas Americanas e Aliadas.
O facto de, apesar do crescimento da taxa de utilizadores de substâncias narcóticas,
sobretudo entre a juventude, e das mortes registadas por uso de substâncias narcóticas, o
debate sobre este problema, existente na UE e em outros países, não se referir ao tratamento
deste problema social, mas apenas à preservação de pessoas adictas, através de programas
de substituição, é suspeito. Principalmente, é suspeito que sejam os mesmos políticos que
levam à prática as políticas mais atrozes e anti-populares que estão a apoiar a legalização
das drogas.
Recentemente, a legalização das drogas, e sobretudo da cannabis, tem sido um
assunto altamente debatido; essencialmente com argumentos que defendem que a sua
legalização das drogas e taxação darão uma ajuda económica aos governos e serão um duro
golpe para a economia paralela. Para além disso, na Holanda, onde a legalização da cannabis
é aplicada, não tem havido qualquer medida positiva para resolver o problema da droga
como antes era defendido por muitos, mas, ao contrário, o problema agravou-se e a Holanda
tornou-se um destino turístico de droga para a juventude.
Estas atitudes e argumentos não têm nada a ver com os trabalhadores. A classe
trabalhadora e seus filhos precisam de mente sã e de consciência sã para poder lutar contra
os problemas causados pela actual situação, para exigir um futuro melhor e organizar a sua
luta por um mundo livre da exploração. A classe operária deve emanciparse de todos os
factores que a queiram manter na putrefacção e ferrugem do actual sistema. A união e a
solidariedade são ideais dominantes da classe trabalhadora e não têm nada a ver com o
isolamento e o individualismo promovido pela adopção da filosofia da droga.
Ambiente
O agravamento do ambiente, causado por decisões capitalistas, é um assunto que afecta,
dramaticamente, a vida de todos. Os maiores problemas ambientais são as operações fabris
não controladas, os catastróficos e não controlados depósitos de lixo/resíduos, as reservas
de água poluídas e contaminadas e as catastróficas guerras imperialistas, que afectam tanto
o ambiente como os povos. Os problemas anteriormente referidos, há muito tempo que
dizem respeito aos trabalhadores e também devem preocupar o movimento sindical de
classe, na medida em que são um assunto de grande e crucial importância. (ver documento
especial do 16º Congresso sobre esta matéria)
Equipamentos Militares
O aumento das despesas militares tem sido acelerado pela crise económica internacional,
enquanto os monopólios tentam encontrar uma saída para a crise. É característico que
países com os maiores e mais severos problemas económicos, os chamados países em
desenvolvimento, estejam a aumentar o seu orçamento para a defesa e as despesas de
guerra. Não obstante os milhões de pessoas que morrem com fome, são os países mais pobres
que são forçados, pelos maiores poderes imperialistas, a gastar dinheiro em equipamentos
militares.
Simultaneamente, estes poderes imperialistas são os maiores produtores de
armamento.
Tem lugar uma espécie de extorsão ideomórfica entre os países ricos e os países pobres,
eo equipamento militar assume um papel significante. Se os países pobres querem ajuda
financeira dos países ricos, eles têm também que comprar as suas armas. Podemos distinguir
o exemplo do Paquistão, onde, apesar do grande desastre e dos milhões de desalojados
pelas cheias, o governo Paquistanês, apenas dois dias depois da catástrofe, considerou um
investimento de 1,28 biliões de dólares para comprar equipamento militar aos EUA mais
importante que a consolação da população.
Segundo os documentos do SPIRI (Instituto Internacional de Estocolmo de
Investigação para a Paz), as vendas de equipamento militar aumentaram cerca de 22%
no período de 2004-2008. Adicionalmente, estes documentos referem que os estados em
desenvolvimento se encontram numa perigosa corrida ao armamento. Tem lugar uma
espécie de extorsão ideomórfica entre os países pobres e os países ricos, que ligam o
equipamento militar à ajuda económica aos primeiros.
No que respeita o desempenho da indústria de Guerra, de acordo com os documentos
de 2007, as cinco maiores e mais lucrativas indústrias de guerra (Boeing, Bae Systems,
Lockheed, Northrop and General Dynamics) aumentaram os seus lucros líquidos em 12,8
biliões de dólares.
A FSM exige: “Parem todas as corridas ao armamento. O dinheiro deve cobrir as
necessidades dos pobres e dos desempregados”, “NÃO às armas nucleares! “.
Todas as tropas estrangeiras devem sair dos territórios ocupados. Todas as armas nucleares
devem banidas. Os povos devem desmantelar as alianças militares imperialistas. A NATO
deve ser dissolvida. As intervenções imperialistas têm que parar. Não à Guerra, sim à PAZ.
Problema Nutricional
A especulação das multinacionais alimentares põe sempre em risco as vidas de biliões de
pessoas em todo o mundo. Depois do grande aumento dos preços de 2007-2008 na maior
parte dos produtos agrícolas, agora, uma vez mais em poucos meses, os preços do trigo, do
milho, do açúcar, do cacau e dos óleos vegetais aumentaram em mais de 35 países, como
é o caso da Tunísia, Egipto, Índia, Moçambique, Nigéria, Somália, Jordânia, Marrocos, Chile,
Haiti, etc. Estes novos aumentos de preço deram lugar a várias manifestações em alguns
países. Segundo a FAO, de Dezembro de 2009 a Dezembro de 2010, os preços nos principais
produtos agrícolas aumentaram cerca de 25%.
Na realidade, os preços da comida e da água são definidos pelas inúmeras industrias
de processamento alimentar, como a NESTLE, PEPSI Co, UNILEVER, KRAFT, BUNGE, DOLE
FOOD, JBS, etc. A partir dos seus jogos com preços altos, elas especulam à custa das
pessoas. Nos anos recentes, empresas dos EUA e do Reino Unido promovem a solução dos
produtos “modificados”. Desenvolvem a tecnologia, fazem experimentação e planificam
campanhas promocionais com slogans chave “O fim da era da comida barata”, “Mude
os hábitos alimentares”, “Não pode sentir o mundo sem usar produtos geneticamente
transformados”. Assim, as multinacionais que possuem tecnologia de mutação de produtos
(como a MONSANTO, CARGILL, DU PONT) completaram os seus planos para a manutenção
e enriquecimento dos lucros do capital.
É necessário que a FSM denuncie o papel dos especuladores, os jogos feitos por
governos e multinacionais em detrimento dos pobres agricultores e da classe trabalhadora.
Para reforçar a voz do sindicalismo de classe no interior da FAO e em cada país. Para promover
a acção conjunta dos sindicatos de trabalhadores com organizações de pobres agricultores,
sem terra e povos indígenas. Para exigir que a terra pertença aos agricultores e não aos
capitalistas. Para motivar todos na luta conjunta para ultrapassar o modo de produção
capitalista. Para coordenar as actividades das nossas organizações sectoriais (as UIS) e para
organizar a nossa resposta com manifestações, iniciativas e todas as formas de luta para
produtos alimentares baratos e água potável gratuita para todos.
Dívida Externa
A dívida externa de muitos países, especialmente do Terceiro Mundo, torna-se a razão para
massivas violações do trabalho, salário, segurança social e direitos laborais. Através de
complicados mecanismos, os poderosos estados capitalistas, em cooperação com o FMI, o
Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio, expõem e exigem a muitos países,
o pagamento de enormes dívidas, acumuladas depois de séculos de exploração colonial e
pilhagens.
Usando como pretexto e necessidade de reembolsamento dessas dívidas, o FMI
e outras instituições financeiras internacionais, estão a impor programas anti-laborais
impopulares.
A Federação Sindical Mundial condena estes mecanismos e todas as políticas de
austeridade, pobreza, privatização e pilhagem das fontes de produção de riqueza imposta
pelo FMI contra países enormemente endividados.
O nosso principal dever no 16º Congresso Sindical Mundial é debater e avaliar o progresso
feito desde o 15º Congresso, que foi realizado a 4 e 5 de Dezembro de 2005 em Havana,
Cuba. Devemos discutir e decidir sobre as nossas tácticas a nossa estratégia para os
próximos 5 anos. Devemos estabelecer as nossas prioridades e acordar sobre os nossos
objectivos fundamentais no que respeita cada continente, região, bem como cada sector
de actividade.
Camaradas,
3. Temos tentado melhorar o nível ideológico dos sindicatos nossos filiados e amigos, em
dezenas de Seminários de Formação Sindical organizados em todos os continentes. Os
Seminários FSM organizados pelos Escritórios Regionais e pelas UIS não são “ turismo sindical
nem excursões”. Na verdade, procuram sempre encontrar respostas, soluções e ferramentas
para resolver novos e velhos problemas que a classe operária mundial tem de enfrentar.
Organizámos um total de 40 Seminários, com muitos temas interessantes, tais como: o papel
dos mass media, o papel da TV, o trabalho digno, a formação de sindicatos, os direitos sindicais,
as relações de trabalho, as dívidas dos países do terceiro mundo, o papel das organizações
internacionais, os 120 Anos do 1º de Maio, as mudanças climáticas, as condições de saúde
e segurança, etc. A necessidade de formar os nossos quadros e funcionários é de grande
importância e temos o dever de multiplicar e aumentar os nossos esforços.
teses e a presença de um grande número de centrais sindicais nacionais, nos últimos anos,
permitem contactos internacionais muito importantes.
6. As publicações da FSM nos últimos cinco anos tiveram um grande êxito. Foram publicadas
centenas de posições, comunicados à imprensa e revistas. O Secretariado adoptou decisões
específicas, em tempo certo, sobre todos os assuntos correntes. Para além disto, nos últimos
5 anos foram publicados 23 posters. Estes posters são, em regra, belos e contêm também a
mensagem essencial. Temos todos de tirar proveito deles, exibi-los em locais onde possam
alcançar o objectivo para o qual foram concebidos. Fizeram-se livros, brochuras e folhetos
em todas as principais línguas, com o conteúdo, espírito e posições da nossa organização. A
publicação do “REFLECTS”, a revista da FSM, em 4 línguas (Inglês, Francês, Espanhol e Árabe),
é um esforço importante que terá ainda mais êxito se os nossos filiados e amigos enviarem
artigos, notícias e as suas actividades. As publicações dos Escritórios Regionais da América,
Ásia e Europa são também importantes e positivas. É necessário que os Escritórios Regionais
de África e do Médio Oriente sigam esse exemplo.
7. Nós ainda não resolvemos todas as nossas necessidades no que respeita à utilização
das novas tecnologias. Embora tenhamos criado o novo web site central, embora algumas
Delegações Regionais e algumas UIS também tenham os seus próprios web sites, ainda não
satisfizemos todas as nossas necessidades. Isto deve avançar rapidamente; as necessidades
de comunicação aumentam e tornam-se mais rápidas diariamente. Não preenchemos as
necessidades de uma “guerra electrónica” e as razões não são apenas financeiras. Pensamos
que esta é uma questão de direcção. Temos que entender a importância da intervenção
directa utilizando as capacidades das novas tecnologias. Os exemplos dos nossos camaradas
do Brasil, Chile. As UIS do Metal e dos Transportes demonstram que quando temos a direcção
certa, temos também a capacidade e ahabilidade.
10. Durante o período que estamos a examinar, a FSM tentou responder a todos os pedidos,
participar nas actividades dos nossos membros e amigos. Também convidámos e recebemos
dezenas de delegações de alto nível dos sindicatos, para encontros e discussões bilaterais,
tais como as delegações da OIT, FGSCH, OUSA, CISA, etc.
11. Existe ainda um problema com a situação financeira da FSM. Este assunto é grave e cria
grandes dificuldades na nossa operação e acção nestas novas circunstâncias. As organizações
que apoiaram financeiramente a FSM durante estes cinco anos foram poucas e específicas.
Desejamos felicitar organizações como a FTE México, CENAPRO Equador, que todos os anos
contribuem com 200 e 300 euros e GAWU Guiana que envia anualmente 500 USD. A quantia
é pequena, mas a força que nos deram é grande.
A situação financeira da FSM não é apenas uma questão financeira. É principalmente uma
questão ideológica, política e sindical. Pensamos que algumas pessoas que podem prestar
uma assistência (financeira) à FSM não o fizeram devido a razões específicas.
Outros apoiam o novo rumo da FSM com palavras, mas não na prática. Existem membros
do Conselho Presidencial cujas organizações não deram apoio financeiro nem durante
os últimos anos, nem para satisfazer os gastos do 16º Congresso.
Neste ponto, queremos sublinhar que a decisão colectiva sobre o novo rumo da FSM levanta
a necessidade de um apoio financeiro colectivo para que as decisões colectivas que tomamos
para as várias acções possam ser apoiadas e levadas à prática.
12. Toda esta riqueza de experiência também teve Resultados Organizacionais importantes.
Durante o período 2006-2010 criámos 4 novas UIS: a) Metal, b) Transportes, c) Bancos e
Finanças, d) Hotelaria e Turismo. A criação destas 4 UIS permite novas possibilidades
em relação à presença da FSM nestes sectores relevantes e nas empresas multinacionais.
É necessário, após o Congresso, voltar a discutir a nossa presença organizacional noutros
sectores importantes, como o sector dos serviços, comunicação social, etc. O Secretariado
da FSM deve estar mais próximo da função e acção das UIS, para que haja apoio mútuo,
e se evitem problemas sérios, como os que surgiram nas relações entre a FSM e a UIS dos
Trabalhadores da Construção.
13. Oitenta e nove novas organizações aderiram à FSM, em resultado da acção, ideologia e
presença da FSM nos sindicatos. Uma vez mais damos as boas vindas aos novos membros
da família FSM. Todos sabemos que as razões que trouxeram estes 89 novos membros
à FSM são a militância, princípios, direcção e carácter internacionalista, bem como o
dinamismo demonstrado pela nossa Organização nestes cinco anos, o funcionamento
democrático e esforço colectivo.
15. Durante este período, o Secretariado reuniu vinte e oito vezes e principalmente para pôr
em prática as decisões do Conselho Presidencial. Consideramos como positivo o trabalho do
Secretariado. Nas novas circunstâncias, o Secretariado, bem como o Conselho Presidencial
precisam ser renovados e fortalecidos. Os critérios para a eleição destes dois órgãos centrais
devem ser particularmente selectivos:
- A capacidade de entender as novas condições complexas e enriquecer os nossos objectivos
e tácticas de acordo com as nossas necessidades actuais.
- A capacidade de participar no desenvolvimento e formulação da nossa estratégia e
táctica.
- A estabilidade e lealdade aos princípios, valores e cultura do movimento sindical
internacional de classe, aos objectivos da classe trabalhadora, a firmeza na luta contra o
capitalismo e o imperialismo.
- A determinação de agir e trabalhar com o movimento sindical de base onde é preciso ter
acção específica e iniciativas.
- Resultados concretos do nosso trabalho. Precisamos de avaliar os nossos quadros pelos
resultados do seu trabalho e não pelas palavras.
- A vontade de aceitar sacrifícios no que diz respeito à vida pessoal e familiar, mas também a
necessidade de demonstrar um espírito colectivo e tolerar a crítica; usar a autocrítica; a luta
contra a burocracia e o trabalho rotineiro.
Caros camaradas,
Sabemos que muitos militantes/lutadores da família da Federação Sindical Mundial possuem
estas características e preenchem estes critérios.
Temos o dever de avaliar severa e objectivamente e eleger um Conselho Presidencial e
Secretariado que irão trabalhar para implementar as decisões do 16º Congresso da Federação
Sindical Mundial.
A primeira página dos Estatutos da FSM afirma que “a FSM é um sindicato de classe”. Isto
significa que ela representa, apoia e alinha com os interesses da classe trabalhadora mundial,
alinha com a luta pela resolução dos problemas do dia-a-dia que os assalariados de todos
os sectores e países enfrentam, e luta firmemente pelo fim da exploração do homem pelo
homem, pelo fim da exploração capitalista.
Sabemos que os adversários do movimento sindical de classe fazem pressão e utilizam todos
os meios para atingir a FSM. Tentam comprar os sindicalistas com o dinheiro e tentam parar
o desenvolvimento da FSM. É um dever comum de todos nós combatê-los com firmeza, de
contrariar os seus planos, tentar o nosso melhor para recrutar novas forças para a FSM. Esta
é uma tarefa fundamental para todos nós a nível central, regional e sectorial.
CAPÍTULO D
OS NOSSOS OBJECTIVOS
Internacionalismo
Vários artigos dos Estatutos sublinham a importância do internacionalismo proletário, a
solidariedade dos trabalhadores e a solidariedade internacional entre as partes da classe
trabalhadora em todos os continentes, países e sectores.
O Internacionalismo foi, é e será o passo importante, a base sólida na qual assenta
a nossa organização. A experiência histórica desde 1945 até hoje confirma isto. Os
lutadores sobreviveram a assassinatos, prisões, despedimentos e perseguições e foram
atacados por defenderem o internacionalismo, acção internacional e coordenação. Foi
assim na Espanha de Franco, Portugal de Salazar, na Guatemala, Grécia, Cuba, Indonésia,
Grenada, Chile de Pinochet, Honduras, Venezuela, Colômbia, África do Sul, Egipto, Médio
Oriente, Iraque, Jugoslávia, etc. A lista não tem fim. Especialmente com as condições da
globalização capitalista e a agudização da agressão imperialista, o internacionalismo
adquire novas qualidades, características e facetas, nomeadamente para os trabalhadores
das multinacionais, monopólios e cartéis. Por isso, hoje, a necessidade da coordenação e
solidariedade internacional é maior do que nunca.
No quadro das necessidades de ajuda internacionalista entre os membros da FSM,
a direcção que for eleita no Congresso de Atenas deve considerar a reabertura do “Fundo
de Solidariedade” criado pelos artigos 6 & 8 dos Estatutos da FSM. Embora hoje as nossas
capacidades financeiras sejam muito limitadas, devemos apoiar, mesmo simbolicamente,
organizações que vivem em circunstâncias particularmente difíceis.
Juventude
Vários exemplos em todos os continentes e a nossa própria experiência confirmam que
existe um nível de organização sindical muito baixo entre os jovens trabalhadores. Podemos
perceber pelos sectores onde se agrupam grandes percentagens de jovens trabalhadores
que a maioria dos jovens não se encontra organizada, mantém-se afastada da acção colectiva,
das lutas. Hoje a maioria deles está afastada dos sindicatos. Além disso, os jovens são alvo
de uma exploração multifacetada, não apenas porque o trabalho que executam é o mais
precário, temporário e mais mal pago, mas também porque são alvo da difusão de droga, a
vergonha da prostituição infantil, analfabetismo, etc.
A acção de vanguarda e as iniciativas das forças de classe podem na acção apontar
caminhos, a necessidade da existência e da acção dos sindicatos, a necessidade da direcção
de classe. O rumo da massificação dos sindicatos é o único que pode mudar a correlação
negativa no movimento sindical. Não podemos esquecer que estamos a falar de pessoas
jovens que não estão organizadas em sindicatos, afastadas da história e da experiência do
movimento sindical, e portanto temos que explicar porque foi criada esta correlação negativa
e o facto de os desenvolvimentos actuais e a deterioração contínua das condições de vida da
classe trabalhadora levarem o selo da correlação existente. Devemos chegar com confiança
aos jovens trabalhadores para que eles se juntem ao campo da luta de classes para atacar
e não ser espectadores, para ter um papel decisivo na revitalização do movimento sindical
da classe trabalhadora. O nosso trabalho no movimento sindical é um factor básico para a
militância da nova geração, para a direcção certa e unidade na acção, para o desenvolvimento
de uma consciência que é revolucionadora para a aliança com outras forças populares
oprimidas.
Em primeiro lugar, a FSM deve travar a batalha para que os jovens se organizem
nos sindicatos. Existe objectivamente uma suspeição nos jovens trabalhadores em relação
aos sindicatos, às reivindicações colectivas. Esta situação foi criada pelo oportunismo e
direcções comprometidas e é negativa. Devemos redobrar os nossos esforços para que
o novo empregado compreenda que, independentemente da sua filiação partidária, o
sindicato é a primeira forma de organização da classe trabalhadora e aplica-se a todos nós.
Queremos que as novas comissões sindicais ajudem em reunir os jovens trabalhadores
nos sindicatos, aumentar os valores do movimento laboral em geral, e responder com
uma acção diversificada às necessidades, fomentar o desporto, cultura e lazer. A acção das
novas comissões pode, em última análise, levar a uma melhor orientação das associações
de classe sobre os problemas dos jovens na indústria. Juntamente com a luta principal, ir
de encontro aos problemas básicos da juventude e especialmente a luta contra o trabalho
infantil, é necessário enriquecer esta luta com reivindicações com campos desportivos grátis,
locais para eventos culturais, etc. E no campo da criatividade cultural temos várias formas
como cineclubes, grupos de música e dança. Através destas iniciativas podemos organizar
eventos alternativos e desviar das acções desportivas e culturais organizadas pelas empresas
multinacionais sob a égide do capital que constroem o conceito do “espírito de família na
empresa”.
Principalmente dentro dos sindicatos devemos ter a iniciativa de criar bibliotecas,
organizar palestras/aulas, apresentação de livros, iniciativas que aproximarão os jovens dos
livros. Seminários educativos, seminários sobre história e contacto com a tradição das lutas
populares e sindicais. Com a nossa acção nos sindicatos e sob a responsabilidade dos nossos
dirigentes podemos organizar:
- Palestras sobre desemprego, horários de trabalho;
- Conversas com a juventude sobre assuntos que preocupam os jovens, como o racismo,
drogas, desportos de massa populares, etc.;
- Eventos (excursões, homenagens musicais) para realçar a importância da acção colectiva
dos sindicatos, através da história do sindicato e do movimento sindical em geral;
- Debates sobre os assuntos específicos de cada indústria ou temas (direitos sindicais, saúde
e segurança, salários, etc.) e explicar as diferenças entre as duas principais linhas na frente
sindical.
Mulheres
Para a FSM, movimento sindical de classe, o papel da mulher trabalhadora é muito
importante. O papel da mulher no processo da produção, no sindicato, na luta política, é
vital para fortalecer as lutas populares no presente e no futuro. O movimento sindical de
classe sempre assumiu uma posição forte e lutou pelos direitos iguais das mulheres, por
uma posição em pé de igualdade da mulher na vida e no trabalho. Lutou e continua a lutar
contra a escravatura e a compra e venda das mulheres, pelos direitos das mulheres ao voto,
pelos direitos das mulheres de participar nos sindicatos, partidos políticos, em posições de
governo, pela participação das mulheres na vida social e cultural.
Muitos destes direitos foram alcançados em vários países socialistas, onde as mulheres
conquistaram o papel que merecem.
Hoje, em todos os países capitalistas a mulher trabalhadora enfrenta uma exploração
cruel. Trabalham especialmente em empregos a tempo parcial, inseguros, incertos e
temporários. São pagas menos que os homens. Recebem pensões inferiores. São as primeiras
a ficar desempregadas. Em muitos países, aumenta a violência contra as mulheres, alarga-se
a prostituição; a imigração económica afasta a mulher dos seus filhos, maridos e não lhes
concede o direito à educação, cultura e lazer. Tudo isto é fruto da globalização capitalista, da
agressividade dos monopólios e das empresas multinacionais contra o povo.
Segundo os dados da UE (Eurostat), em 2007, entre 800 milhões de crianças
analfabetas, 2/3 eram mulheres. 3 em cada 5 crianças que não frequentam a escola são
mulheres. Segundo os mesmos dados, 31% das mulheres trabalhadoras na Europa trabalham
a tempo parcial. Estas estatísticas também mostram que 1 milhão de pessoas são anualmente
vítimas de tráfico e 900.000 destes são mulheres e raparigas. 10% são homens e rapazes.
A condição da mulher é má em todos os continentes. Em África, o VIH alastra entre
a população feminina; na Índia 2.000 raparigas por nascer são mortas porque as famílias
querem rapazes. 90% das vítimas em conflitos armados são civis e a maioria destes são
mulheres e crianças; 75% dos refugiados, resultantes de conflitos armados são mulheres
ecrianças.
Estes factos e números falam por si. Mostram-nos o verdadeiro panorama sobre a
questão das mulheres.
Alguns afirmam que a questão das mulheres é uma questão entre os dois géneros, entre
homens e mulheres. É uma grande mentira. As mesmas forças defendem que a razão da
posição das mulheres é biológica e psicológica. Outra grande mentira.
A questão das mulheres é uma questão social histórica que engloba a discriminação
económica, política, e cultural contra as mulheres em todos os aspectos da vida social,
familiar e pessoal.
Primeiro foram Marx e Engels, que com os seus estudos e análises, provaram que a
razão principal da posição social desigual das mulheres é o modo de produção. Reside na
questão do sistema de exploração: o sistema da propriedade privada.
A posição das mulheres mudou em cada época, dependendo do sistema social.
No primitivo sistema comunitário não existia a propriedade privada, a posição da
mulher era de igualdade. A maternidade até conferia à mulher uma vantagem social. Era o
período do “matrismo”,
No feudalismo, as mulheres eram consideradas propriedade/posse do homem.
O dono masculino tinha o direito de abusar da sua mulher para vender, ser transferida ao
prometido.
No capitalismo, a entrada maciça das mulheres na fábrica, sendo a indústria a sua
base, o elemento progressista. Este trabalho proporcionou a base para a emancipação das
mulheres. Mas apesar das lutas e conquistas significativas do movimento popular, ficou
provado que a igualdade das mulheres não foi conseguida no capitalismo.
No socialismo vimos que no século XX, com a socialização dos meios de produção,
vieram as bases para a implementação da igualdade. As mulheres conquistaram direitos
plenos ao trabalho, educação, habitação, desporto, saúde, política.
Baseado nisto, é óbvio que, quando referimos às questões das mulheres, referimo-nos
à exploração e opressão da mulher na sociedade por causa do seu género (discriminação social
e racial). Estas distinções têm implicações espirituais, culturais e éticas, já que as mulheres
são privadas do desenvolvimento e de ganhar completa igualdade. Estes aspectos negativos
são iguais para as mulheres da classe trabalhadora, camponesas pobres e trabalhadoras
independentes. As mulheres da burguesia encontram os meios e possibilidades para resolver
estes problemas. A atenção e interesse da FSM pelas mulheres trabalhadoras irão continuar
a merecer uma grande atenção.
Trabalhadores independentes
Os Trabalhadores independentes representam uma camada popular entre a classe
trabalhadora. Os seus interesses estão muito ligados às necessidades, direitos e situação dos
trabalhadores. Por isso consideramo-los uma camada aliada.
É um facto que a imagem, a situação económica e social dos trabalhadores
independentes difere de região para região. Depende do caminho do desenvolvimento
capitalista em cada país. A acumulação do capital em cada vez menos mãos e a monopolização
crescente dos sectores económicos, conduzem à exterminação destas camadas e conduzem
à sua proletarização, visto que elas não aguentam a competição económica. É um facto que
actualmente em todo o mundo esta camada aliada foi atingida pelos efeitos brutais da
crise capitalista. A sobrevivência dos trabalhadores independentes tornase mais difícil e as
consequências são o aumento do desemprego, trabalho sem segurança, imigração, pobreza
e trabalho infantil.
Na Europa e nos países do Mundo Ocidental, os Trabalhadores independentes são
esmagados pela acção dos grupos monopolistas e a concentração da produção. No Terceiro
Mundo a situação é ainda pior para os trabalhadores independentes que ou trabalham em
casa ou debaixo da iluminação pública ou nas áreas rurais. Na América Latina e Central, por
exemplo, um segmento da população trabalha como “independente”.
Na Ásia e na África, também no sector dos trabalhadores independentes, existe uma
grande proporção de mulheres que enfrentam graves problemas de pobreza e tentam
contribuir para a sobrevivência das suas famílias. Em geral, verifica-se que globalmente estes
trabalhadores não têm direito à segurança social, trabalham em condições terríveis de saúde
e segurança e durante horas extenuantes. A maioria, são imigrantes, menores e mulheres.
Penso que entre outras acções, a FSM tem que demonstrar que, no quadro do seu papel
de vanguarda da classe trabalhadora, tem também que defender estes trabalhadores, levar
os seus problemas aos fóruns internacionais e coordenar lutas comuns dos trabalhadores e
dos independentes.
política do governo francês para esta população de gueto vai-se agravando de dia para dia.
A Europa tornou-se uma “fortaleza murada”, com uma atitude “ quase policial” e “securitária”
em relação aos imigrantes, em vez de adoptar políticas de inclusão e solidariedade.
Globalmente, o domínio absoluto do imperialismo, os governos europeus, o Banco
Mundial e o FMI, durante trinta anos, criaram grandes vagas de imigração vindas de África.
Outro grande problema é o da migração interna, que nalguns países, especialmente nos
grandes, é importante e parecida com o fluxo de migração global. Por exemplo, na Índia,
“migrantes intra-estaduais” com são chamados, recebem o mesmo tratamento dos patrões
como os outros imigrantes e são vítimas de racismo e xenofobia.
Juntamente com os graves problemas dos imigrantes, temos também que tratar o
problema da falta de abrigo. Nos EUA, Europa e Ásia, a crise económica é a causa que leva
muitos trabalhadores a perder as suas casas. São os sem-abrigo, a dormir nas ruas e debaixo
das pontes.
A Federação Sindical Mundial, com a autoridade da sua posição internacionalista só
pode responder: trabalhadores são trabalhadores, quer vivam no país onde nasceram e
donde vêm ou não, devem ter os mesmos direitos laborais e sociais que os trabalhadores
do país. Os contratos colectivos devem ser respeitados para todos os trabalhadores.
Com esta exigência, os imigrantes não serão usados como armas de arremesso contra
as conquistas do movimento laboral, nem serão vítimas dos patrões. A FSM luta com a
solidariedade internacionalista pela unidade dos trabalhadores, independentemente da
sua cor, raça, género, nacionalidade, origem. Damos prioridade à luta contra a xenofobia,
o racismo e discriminação, exclusão, todas as teorias fascistas. Tentamos garantir que os
imigrantes participem activamente no movimento laboral e sindical, com direitos iguais aos
aplicados aos trabalhadores nacionais e o de poderem ser eleitos. Cada federação sindical
de classe deve ter uma comissão de imigrantes para responder às necessidades específicas
dos trabalhadores migrantes em termos de trabalho, estatuto legal e outras necessidades
sociais e culturais.
A FSM tem respondido a todas estas questões não só organizando as suas próprias
actividades, mas agindo activamente, realizando palestras, intervenções e actividades em
todas as organizações internacionais (UNESCO, OIT e Nações Unidas). A nossa intervenção
nestas organizações pode e deve ser mais intensa.
A FSM exige a abolição de todas as leis e regulamentos anti-imigrantes; a abolição do “aluguer
de trabalhadores” que lembra a Idade Média e a escravatura.
Indígenas
A FSM identifica-se com as corajosas acções de luta dos movimentos dos povos indígenas,
vítimas vivas desde a invasão dos colonos dos capitalistas europeus. Continuam a lutar à
custa de grandes sacrifícios e perdas de vidas, devido ao genocídio levado a cabo pelos
governos neoliberais obedecendo ao grande capital.
Nos anos recentes, muitas comunidades indígenas intensificaram a sua luta em
todas as regiões, como no caso da América Latina e Austrália, para conquistarem os seus
direitos expropriados pelo colonialismo, e pelo respeito aos seus territórios e ambiente.
Hoje eles enfrentam a ganância das corporações transnacionais controladas pelos governos
pró imperialistas, que invadem os territórios dessas comunidades para pilhar os recursos
naturais como a madeira, petróleo, gás e biodiversidade e utilizar as suas águas para efeitos
comerciais, como acontece no Amazonas, considerado como um dos mais importantes
pulmões do mundo.
É imperativo que os sindicatos filiados na FSM e amigos fortaleçam a sua solidariedade
efectiva com a luta dos movimentos dos povos indígenas, para conquistarem os seus direitos,
dignidade, respeito pelos seus territórios com toda a sua riqueza natural.
Reafirmamos a nossa solidariedade de classe com a luta dos Mapuche do Chile, com
outros
movimentos indígenas e povos indígenas da Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, América
central, México e noutros continentes. A FSM continuará a exigir o castigo dos autores e
responsáveis pelo genocídio levado a cabo contra muitos irmãos e irmãs nessas regiões. A
FSM continuará a lutar contra a barbárie criada pelo capitalismo.
Companhias Multinacionais/Transnacionais
No que diz respeito à acção e lutas dos trabalhadores da FSM, há uma realidade específica
e difícil que temos de enfrentar. A actual estrutura social da globalização e os interesses
do grande capital internacional resultam na formação do que chamamos as companhias
multinacionais/transnacionais. A acumulação de capital resulta no aparecimento de
companhias multinacionais/transnacionais e maioria desta são desenvolvidas em paralelo
com muitos sectores.
As companhias multinacionais/transnacionais estão a roubar a fontes produtoras
de riqueza; estão a expulsar os agricultores pobres e povos indígenas; estão a acumular a
produção e a controlar financeiramente e politicamente o curso de muitos países. Em alguns
países, elas colaboram com mecanismos paramilitares para parar a actividade sindical.
As características das companhias multinacionais/transnacionais e seus resultados
– discriminação, alteração do trabalho – para o povo trabalhador, oferecem-nos potencial
para acção, luta e com a coordenação sindical internacional que temos de gerir.
A estratégia de trabalho que temos de desenvolver através das Uniões Internacionais
Sindicais (UIS) dentro destes sectores económicos deve estar conectado com uma interacção
mais próxima com os comités e as estruturas sindicais das empresas. Desta forma, a nossa
actividade estará mais perto dos trabalhadores e consequentemente, seremos capazes de
lutar contra a prática internacional do reformismo. Na prática, seria significativo se cada
UIS pudesse providenciar uma lista internacional das companhias em cada sector e desta
forma realizar a conexão e coordenação entre os trabalhadores de vários sectores dentro do
mesmo grupo empresarial em diferentes continentes.
Propomos que, até o final de 2011, o Secretariado da FSM organize um encontro
internacional de sindicalistas entre os nossos membros e amigos de forma a discutir o tema:
“O nosso trabalho e coordenação dentre das companhiasmultinacionais/transnacionais.”
Os Escritórios Regionais
No artigo 13º da Constituição da FSM lê-se “em cada Região, são estabelecidos Escritórios
Regionais Centrais, constituídos pelos Centros sindicais nacionais que são membros da FSM
na região. A sua acção centra-se na região relevante e deve ser consistente com a política da
FSM.”
Sob estas orientações da Constituição, até o 15º Congresso, os Escritórios Regionais têm
operado na:
1. Ásia – Pacífico, com sede em Nova Deli, Índia
2. África, com sede em Dakar, Senegal
3. América, com sede em Havana, Cuba
4. Médio Oriente, com sede em Damascos, Síria
5. Europa, com sede em Atenas, Gréci
Definição de UIS
As UIS são instrumentos orgânicos da FSM, que têm por objectivo fortalecer e dinamizar o
rearmamento ideológico dos trabalhadores, desenvolver trabalho na luta contínua pelos
directos da classe trabalhadora contra o capitalismo, que é hoje dominante.
As UIS são estruturas sectoriais de carácter internacional, que existem por todo o
mundo e são desenvolvidas de forma a organizar a classe trabalhadora, segundo os princípios
de classe e a solidariedade internacional.
Temos de considerar as UIS como sindicatos Sectoriais, firmemente ligados aos problemas e
exigências dos trabalhadores internacionalmente.
As UIS desenvolvem, segundo os princípios da solidariedade de classe que são
também os princípios da FSM, uma acção sindical consistente e persuasiva que facilita a
capacidade de expandir unidade dentro da classe trabalhadora de um sector particular.
Para o progresso apropriado que as UIS têm de realizar, elas têm de ter estruturas organizativas
flexíveis e funcionais, capazes de responder a todas as frentes e locais onde a sua intervenção
seja exigida, com acção directa.
A relação entre as UIS e a FSM
As UIS são membros da FSM.
As UIS são instrumentos organizativos da FSM, de forma que o seu relacionamento
deve ser entendido como membros da federação.
Estes sindicatos têm a responsabilidade séria de serem as estruturas sindicais sectoriais da
FSM, que estão mais próximas e em mais estreito contactos com os locais de trabalho, de
forma que têm de ser associadas e agitadas de perto sobre problemas sociais e de orientação
de classe que afectam a classe trabalhadora no ambiente do sector em particular.
Tendo em consideração que a FSM é uma organização com princípios de classe,
aberta e inteiramente democrática, as UIS devem assumir sem esforço e com eficiência, entre
outros, os planos de implementação da FSM internacionalmente, assim como contribuir
através das suas experiências para o melhoramento do funcionamento da organização por
todo o mundo. As relações entre as UIS e a FSM devem ser entendidas ao nível nacional,
continental e global.
NÍVEL NACIONAL: Este é o campo onde o sindicato, sectorial ou internacional, deve oferecer
o máximo para elevar os níveis de reconhecimento e “aceitação”, através da sua actividade
referentes aos problemas específicos e diários da classe trabalhadora. A promoção de
reivindicações como o directo a contratação colectiva com conteúdo e exigências, a
insistência em melhores condições de trabalho – incluindo a prevenção de acidentes
ocupacionais e medidas de segurança nas empresas – a defesa do direito a um emprego
decente e permanente: todos estes são temas inevitáveis para as UIS, que devem também
agir pela defesa dos serviços e bens públicos, contra as privatizações, pela estabilidade,
lutando ao nível ideológico assim como contra as políticas anti-laborais e por uma protecção
inegociável da soberania nacional.
Os temas acima, assim como muitos outros que surgem das situações específicas a nível
nacional, são a base natural para a acção das UIS, e é através deles que se fortalecerão e
expandirão os princípios da FSM.
NÍVEL CONTINENTAL: As várias actividades das organizações sectoriais a este nível devem
convergir no ponto mais importante da relação entre as UIS e a FSM.
À parte dos temas e linhas de orientação para o nível nacional, as UIS e a FSM têm de
desenvolver uma importante e decisiva função de coordenação e realização de tarefas de
orientação global ao nível continental.
As nossas UIS trabalham segundo as decisões da sua própria direcção. Contudo, muitas
vezes, a direcção de uma UIS pode estar longe de um Continente. Ou podem não possuir
o retrato completo do continente. Assim, existem UIS que têm as suas sedes centrais, por
exemplo, na Ásia, mas não possuem nenhum na América Latina; ou outros que têm o seu
gabinete central na América Latina e não serem conhecidos em África. Existem ainda muitas
dificuldades. O 16º terá de resolver algumas destas dificuldades de funcionamento.
Por esta razão, sugerimos que cada UIS tenha um coordenador em cada continente
(algumas delas já o possuem). Todos os coordenadores de Continente particular devem
ter um coordenador-geral. Este Coordenador Sectorial Geral irá organizar a reunião de
coordenadores sectoriais cada ano e terá de escrever o relatório que será enviado para a
direcção da FSM.
A direcção da FSM deverá organizar mais frequentemente reuniões conjuntas com os
coordenadores, as direcções das UIS e os Escritórios Regionais relevantes.
NÍVEL INTERNACIONAL: A FSM está a preparar uma nova fase, e claro que as UIS devem
melhorar as suas relações com a FSM. As relações entre as UIS e a FSM não podem ser típicas.
Todo o tipo de iniciativas e acções que as UIS assumam como sua responsabilidade devem
ser parte da actividade permanente e luta mundial da FSM. A discussão que terá lugar no
Congresso terá de trabalhar sobre esta questão, assim como outras, para as resolver da
melhor forma possível.
Algumas das nossas UIS trabalham bem estes objectivos específicos. Outras estão por detrás
apenas das reivindicações. Temos de mover em frente e obter melhores resultados.
Sem dúvida que fizemos progressos nos últimos 5 anos, mas precisamos de tomar mais
passos, mais rapidamente, e mais destemidos. Temos de implementar novas UIS em sectores
críticos do processo de manufactura.
No nosso caminho para o próximo Congresso Sindical Mundial iremos celebrar os 70 anos
da fundação da FSM.
Precisamos de trabalhar duramente, em conjunto, com método e eficácia para
que a celebração do 70º aniversário da FSM coincida com novos e importantes etapas de
progresso. Irá também ser um grande sucesso se lograrmos assegurar Escritórios Próprios,
de forma que a Sede Central possa funcionar em melhores condições. Seria um grande
contributo para a próxima geração se, em honra dos gloriosos 70 anos, possamos escrever
em cada continente, em cada país, livros com conteúdos histórico e militante para levar
à nova geração e as que se seguirão à nossa um contacto com a realidade histórica. Será
um grande sucesso para o movimento internacional sindical de classe se todos ajudarmos
a promover a todos os nível da FSM novos quadros sindicais, homens e mulheres, jovens
trabalhadores que sendo inspirados por nós, darão força a luta de classes e entregarão à
próxima geração um mundo sem exploração do homem pelo homem. Com base nestas
exigências, a nova direcção da FSM, eleita no 16º Congresso, terá a responsabilidade
de colher, arquivar e fazer uso dos ARQUIVOS HISTÓRICOS da FSM desde 1945 até hoje.
Em cooperação com instituições históricas e cientistas encontraremos formas de abrir os
arquivos históricos a novos militantes, que acreditam na luta de classes, e no seu valor e nas
razões para o fortalecer.
16º CONGRESSO SINDICAL MUNDIAL - PACTO DE ATENAS 67
ÍNDICE
INTRODUÇÃO | p.05
CAPÍTULO A - A CRISE ECONÓMICA INTERNACIONAL | p.09
CAPÍTULO B - PRINCIPAIS PROBLEMAS LABORAIS | p.23
CAPÍTULO C - A nossa actividade,
5 Anos cheios de experiências! | P.33
CAPÍTULO D - OS NOSSOS OBJECTIVOS | p.41
CAPÍTULO E - A NOSSA POLÍTICA DE ORGANIZAÇÃO –
NOVAS TAREFAS | p.55
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