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PILHA DE DANIELL: ESTUDANDO SOLUÇÕES E ELETROQUÍMICA

BRATKOSKI, Edilso (Escola Estadual Dom Aquino Corrêa)

RESUMO:

O projeto foi realizado na Escola Estadual Dom Aquino Corrêa, com alunos do 2º ano
do Ensino Médio, do período vespertino, na disciplina de Química. Constituiu na
construção de Pilhas de Daniell pelos alunos, sob a orientação do professor, com o
objetivo de estudar conceitos relacionados aos conteúdos de soluções e eletroquímica.
Utilizando materiais alternativos de baixíssimo custo, como: filtros de cerâmica usados,
garrafas de vidro cortadas, fios condutores retirados de sucatas entre outros, os alunos -
divididos em cinco grupos - fabricaram cinco pilhas de Daniell. No decorrer da
construção das mesmas, vários conceitos foram sendo abordados, extrapolando até a
idéia inicial de estudar somente conceitos relacionados à soluções e eletroquímica.
Alguns dos conceitos trabalhados foram: Concentração de soluções, Soluções saturadas
e insaturadas, Diluição de soluções, Dissociação iônica, Eletrólise, Corrente elétrica,
Potencial elétrico de pilhas, Circuitos elétricos, Resistência elétrica, entre outros. O
projeto foi desenvolvido num período de dezesseis horas aulas, sendo que cada grupo de
alunos deveria desenvolver uma pesquisa prévia sobre a temática e construir a pilha
com a orientação do professor, bem como a elaboração de relatórios. Os resultados
foram excelentes, tanto na construção de conceitos, quanto na motivação demonstrada
pelos alunos no desenvolvimento do projeto, a elaboração de relatórios, ajudou na
compreensão dos conceitos apresentados e a realização da prática foi fundamental para
a construção dos conceitos objetivados.

Palavras-chave: Educação em Química. Eletroquímica. Soluções.

A Escola Estadual Dom Aquino Corrêa está localizada no município de


Juruena, que fica no noroeste do Estado de Mato Grosso, à 930km da Capital Cuiabá. A
distância das grandes cidades, a falta de um centro universitário no município e de um
núcleo de ensino técnico além de inúmeras outras dificuldades, fazem com que uma
parcela dos alunos da Escola Estadual Dom Aquino Corrêa, não tenham perspectivas de
continuar seus estudos após o término do Ensino Médio. Essa falta de perspectiva gera
desinteresse nas aulas, aumentando a indisciplina e diminuindo o rendimento escolar.
Pensando nessa realidade, é necessário promover formas de motivar nossos alunos,
produzindo aulas mais criativas, que convidem o aluno a participar, que ele se disponha
a aprender, sem ser obrigado a tal situação. Dessa forma, será mais fácil promover uma
aprendizagem significativa para os alunos.
Os conceitos relacionados aos conteúdos de soluções e eletroquímica são
geralmente difíceis de serem trabalhados em sala de aula, devido ao alto grau de
complexidade dos mesmos. O uso de cálculos matemáticos em soluções e construção de
esquemas representativos, para entender como se dá a produção de energia elétrica
através de reações químicas, tornam-se de difícil compreensão pelo aluno, utilizando
somente o livro didático e exposições orais. Estes dois últimos fatores não são
suficientes para promover uma aprendizagem duradoura. Há a necessidade de
demonstrar os conteúdos na prática, somente assim, será possível realizar uma
aprendizagem significativa, instigando o aluno a pensar sobre o conteúdo que está sendo
estudado, levando-o então, a realmente construir conceitos, a compreender de forma
consistente o que lhe é apresentado.
De fronte do que foi apresentado nos parágrafos anteriores, é que decidi
realizar aulas práticas, mesmo sem contar com laboratório de ciências na escola.
Procurei utilizar materiais alternativos, de baixo custo, que poderiam ser utilizados
pelos alunos de forma segura e prática, evitando dessa forma, de cair na costumeira
prática de estudar soluções e eletroquímica, unicamente resolvendo cálculos e
desenhando no quadro, fugindo da mecanização da aprendizagem e partindo para a
aprendizagem significativa.
O projeto foi desenvolvido com alunos do 2º ano do Ensino Médio, do
período vespertino. Inicialmente a classe foi dividida em 5 grupos com cinco integrantes
cada um. Os grupos tiveram a incumbência de pesquisar na Internet, sobre os conteúdos
de soluções e eletroquímica. Foi disponibilizado duas horas para esta prática e o
professor os auxiliou no esclarecimento de dúvidas que surgiram durante a pesquisa.
Cada grupo pôde imprimir o material pesquisado e tal material, juntamente com o livro
didático, seriam os materiais bibliográficos de apoio para a construção da Pilha de
Daniell.
Em um segundo momento, os alunos fizeram a preparação de soluções. Para
isso, a escola adquiriu um quilograma de sulfato de zinco e um quilograma de sulfato de
cobre, produtos que são vendidos a preços acessíveis em agropecuárias da cidade, a
escola também forneceu um quilograma de Cloreto de Sódio. De posse de uma balança
de precisão emprestada, cada grupo aferiu a massa de uma amostra de Cloreto de Sódio,
a amostra deveria conter exatamente 25g, realizada a primeira tarefa, partiram para a
transformação do valor aferido em mols. Neste momento, estudamos a composição
química do cloreto de sódio e a constante de Avogadro. Com o auxílio do professor, os
grupos realizaram os cálculos necessários. Após esta etapa, os alunos sabiam manusear
uma balança eletrônica, bem como determinar o valor em mol a partir do conhecimento
da composição e da massa de uma amostra. Esta atividade durou duas horas.
Na aula seguinte, cada grupo deveria trazer um copo de vidro com
capacidade para 300mL. Este seria necessário para continuar a prática, que consistiu em
elaborar uma solução de 250mL de cloreto de sódio à 1 mol/L. O professor apresentou a
parte teórica que envolvia os cálculos da solução em mol por litro e os alunos deveriam
preparar a solução. Para isso, foi necessário um instrumento de medida de volume.
Entretanto como a escola possui um único béquer de 250mL, os alunos trouxeram os
copos, que foram graduados a partir do béquer que foi o instrumento padrão. Assim,
todos os grupos tinham um copo graduado para a capacidade de 250mL. Os alunos
calcularam a massa molar da substância, e, sabendo que o volume total da solução
deveria ser de 250mL, aferiram a massa de ¼ de um mol de Cloreto de sódio, colocaram
no copo e adicionaram água até a marca de 250mL, concluindo a preparação da solução
em questão. Após a elaboração dessa primeira solução, os alunos prepararam outras
para praticar os cálculos e a prática de uso da balança. Para esta etapa, foram utilizadas
duas horas aula.
Na sétima e oitava aulas, os alunos tiveram que preparar, sem o auxílio do
professor, 250mL de solução de Sulfato de Zinco e de Sulfato de Cobre à 1mol/L. Esta
etapa teve o intuito de avaliar os grupos e também de continuar o trabalho rumo à
elaboração das pilhas de Daniell. As soluções preparadas foram identificadas e
guardadas em frascos que os próprios alunos trouxeram para serem utilizadas na aula
posterior. Todos os grupos conseguiram realizar a prática.
Na nona e décima aulas, os alunos partiriam para a elaboração da Pilha de
Daniell. Para tal, contavam com a utilização das soluções anteriormente preparadas e
com velas de filtro de cerâmica usadas ou novas, adquiridas pelos grupos. Cada grupo
trouxe uma vela. O professor cortou a mesma de forma que ela ficasse no formato de
um copo, dessa forma, a vela serviu de parede porosa para a pilha de Daniell. Também
foi necessária a utilização de um frasco de vidro para acondicionar as soluções e a
parede porosa. Tais frascos foram fornecidos pelo professor, foram feitos com garrafas
de vidro cortadas utilizando uma técnica de choque térmico. Para finalizar a montagem
da pilha, foram necessitarias chapas e fios condutores de zinco e cobre. Estes, foram
adquiridos através de doação em auto-elétricas e mecânicas.
Os alunos - de posse de todo material necessário como o material
bibliográfico retirado da Internet e o livro didático, teriam que montar a pilha e, com o
auxílio de um multímetro - que a escola possui, realizar os testes de corrente e de
diferença de potencial da pilha.
Alguns alunos tiveram um pouco de dificuldade para manusear os fios e
chapas de metal, como também para montar a cela eletroquímica. No entanto, todos
conseguiram realizar a prática.
Como tarefa extraclasse, os grupos deveriam realizar relatório sobre todo o
desenvolvimento das práticas até então realizadas, anotando os materiais,
procedimentos e resultados alcançados até aquele momento. Os relatórios seriam
entregues na próxima aula.
Na décima primeira e décima segunda aulas, realizamos a análise dos dados
obtidos pelos alunos. Verificou-se que a voltagem de todas as pilhas foi a mesma.
Porém, os alunos perceberam uma diferença na corrente elétrica aferida. De posse dos
relatórios, os grupos se reuniram para analisar todos os relatórios e verificar se era
possível explicar tal diferença. Analisando os relatórios, notaram que a única diferença
encontrada entre as pilhas construídas, foi o tamanho das chapas metálicas utilizadas
como eletrodo. Então, resolveu-se realizar novamente o experimento, entretanto, dessa
vez, os alunos construíram uma única pilha. Todavia, realizaram a variação do tamanho
das chapas metálicas, e concluíram que, quanto maior a chapa utilizada, maior será a
corrente elétrica.
O “problema” observado no momento da análise dos resultados, gerou um
discussão muito produtiva, pois os alunos tiveram a oportunidade de analisar os
relatórios, rever os procedimento que haviam realizado e refazer os procedimento para
comprovar uma hipótese levantada.
A décima terceira e décima quarta aulas foram disponibilizadas para revisão
dos conteúdos trabalhados e para o estudo dos circuitos elétricos em série e paralelos,
para tal estudo, os alunos construíram três pilhas de Daniell fazendo associações em
série e paralelo. Com o uso do multímetro, aferiram a corrente e a ddp em cada situação,
compreendendo esses dois conceitos.
A décima quinta e décima sexta aulas, os alunos realizaram avaliações:
primeiramente eles responderam às questões referentes aos conteúdos, até então
abordados, e depois fizeram uma avaliação sobre o projeto.
Analisando as avaliações, percebeu-se que o nível de compreensão dos
alunos em relação aos conceitos foi muito bom, tanto para os conteúdos relacionadas
com soluções quanto para os relacionados a eletroquímica. Também foi grande a
satisfação ao analisar os relatórios elaborados pelos grupos. Os mesmos nunca haviam
feito relatórios antes. Eles conseguiram entender a estrutura de um relatório e a
importância de fazê-lo bem feito. Ao verificar as avaliações que os alunos realizaram
sobre o projeto, fiquei muito satisfeito, pois os alunos gostaram de realizar as práticas e
solicitaram que fossem realizadas mais aulas daquela forma, pois estavam conseguindo
compreender os conteúdos de forma mais fácil e divertida.

CARVALHO, Geraldo Camargo de. Química moderna. São Paulo: Scipione, 1997.
CHASSOT, Attico Inácio. Catalisando transformações na educação. Ijuí: UNIJUÍ,
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