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Brasília
2010
Karla Joyce de Freitas Matos
Brasília
2010
Karla Joyce de Freitas Matos
______________________________________________
PROFESSORA MARISA VON BÜLOW
(Universidade de Brasília)
______________________________________________
PROFESSORA DANIELLA DE CASTRO ROCHA
(Universidade de Brasília)
Brasília
2010
DEDICATÓRIA
1. Introdu•€o........................................................................................................................ 10
2. Metodologia..................................................................................................................... 13
3. Entidades que integram o Movimento LGBT do DF......................................................... 15
4. 1 A quest€o do “ser LGBT” dentro do Movimento do DF ............................................ 28
5.1 O acompanhamento das a•ƒes do poder pŒblico e estratŽgias de atua•€o .................... 38
5.2 A atua•€o do Movimento LGBT do DF no Legislativo............................................... 42
5.3 A atua•€o do Movimento LGBT do DF no Executivo ................................................ 46
5.3.1 Conselhos de Pol‚ticas PŒblicas ........................................................................... 49
5.3.2 Confer„ncias Nacionais e Distritais...................................................................... 51
5.4 Como as entidades enxergam a receptividade do poder pŒblico? ................................ 52
5.5 A Parada do Orgulho LGBT como instrumento pol‚tico ............................................. 55
6. 1 Rede social ................................................................................................................ 66
6.2 Centralidade ............................................................................................................... 71
9. Anexos............................................................................................................................. 94
ANEXO 1- Lista de entidades LGBT’s presentes no DF do primeiro mapeamento........... 94
ANEXO 2 - Roteiro de entrevista para Federa•ƒes, Associa•ƒes ou outra espŽcie de grupo
coligado de entidades LGBT ............................................................................................ 95
ANEXO 3 - Roteiro de entrevista para entidades LGBT................................................. 102
ANEXO 5 - Principais proposi•ƒes em tramita•€o no Congresso Nacional que envolvem a
tem‡tica LGBT. ............................................................................................................. 110
ANEXO 6 - Principais proposi•ƒes j‡ apresentadas na C•mara Legislativa do Distrito
Federal que envolvem a tem‡tica LGBT......................................................................... 115
ANEXO 7 - Demandas resultantes da Confer„ncia Distrital LGBT ................................ 118
Lista de Gráficos
Lista de Tabelas
1
Durante a dŽcada de 1980, a epidemia de AIDS (S‚ndrome da Imunodefici„ncia Adquirida, em ingl„s) atingiu
seriamente os homossexuais, as maiores v‚timas deste v‚rus. Por este fato, a AIDS ficou conhecida como o
“c•ncer” ou a “peste gay” e gerou uma sŽrie de atitudes machistas e homof’bicas na sociedade brasileira. Para
impedir o avan•o do v‚rus, os grupos do Movimento LGBT (ent€o movimento “homossexual”) tornaram-se
mediadores da comunica•€o entre o Estado e os homossexuais por meio de campanhas para preven•€o,
assist„ncia e educa•€o a respeito desta doen•a. (Trevisan, 1985; Ferrari, 2004).
10
sociedade: decisƒes favor‡veis no Judici‡rio, a apresenta•€o de projetos de lei espec‚ficos
para este grupo social, leis que recriminam a homofobia em reparti•ƒes pŒblicas estaduais e
municipais e a formula•€o de pol‚ticas pŒblicas e programas governamentais. PorŽm, existem
poucos estudos a respeito da atua•€o e da articula•€o pol‚tica deste movimento a n‚vel
estadual e distrital, e das vit’rias ou derrotas obtidas dentro deste cen‡rio. Articula•€o tanto
para se atingir um n‚vel de organiza•€o interna do Movimento quanto para a•ƒes externas a
este, de como Ž feito o di‡logo com o poder pŒblico e quais foram os resultados de tais
iniciativas, e se estas ocorreram. Um movimento social Ž um ator que precisa se unir em
alguns momentos para que seus objetivos sejam atingidos e Ž preciso se compreender como
ocorre este processo de a•€o coletiva, por meio de uma an‡lise do movimento como um
conjunto de entidades e indiv‚duos que se articulam para que se fortifiquem e suas a•ƒes se
constituam em um coletivo.
O Movimento LGBT vale-se de mecanismos tanto para construir e solidificar a
quest€o da identidade voltada ao seu pŒblico, conferir visibilidade perante a sociedade e
incidir no processo de tomada de decis€o pol‚tica. Uma de suas armas para chamar a aten•€o
da opini€o pŒblica Ž a Parada do Orgulho LGBT, evento realizado no sentido de dar
visibilidade ‰s causas e ao pŒblico LGBT para a m‚dia e a sociedade, e que reŒne milhares de
pessoas em v‡rias cidades do mundo. Alguns grupos do Movimento t„m por objetivo realizar
a•ƒes na milit•ncia de base para promover tanto a assist„ncia quanto a consolida•€o da
identidade do que Ž ser “LGBT”. PorŽm, pouco se sabe a respeito de outros meios de atua•€o
pol‚tica utilizados por este movimento (participa•€o em conselhos, reuni€o de comissƒes,
discussƒes em audi„ncias), e principalmente como Ž sua articula•€o para defini•€o de tais
estratŽgias e de seus objetivos, no tocante ‰ intera•€o entre os atores deste grupo social.
Logo, esta pesquisa ser‡ uma descri•€o e an‡lise das rela•ƒes entre o Movimento
LGBT do Distrito Federal e o poder pŒblico (federal e distrital), por meio de um estudo sobre
suas estratŽgias e atividades pol‚ticas. Neste sentido, o objetivo Ž compreender com o as
entidades integrantes deste movimento social dialogam entre si para promover articula•ƒes
que visem incidir direta ou indiretamente no poder pŒblico. E, inclusive, qual Ž a
receptividade deste diante das demandas e a•ƒes do Movimento LGBT.
Nesta pesquisa, o poder pŒblico ser‡ entendido como as institui•ƒes e ’rg€os que s€o
constitu‚das para servirem de instrumentos para a atua•€o do Estado. A articula•€o pol‚tica Ž
um meio usado para que um grupo possa se organizar e atingir objetivos em comum frente a
este poder pŒblico. As atividades pol‚ticas abordadas ser€o os protestos (Parada do Orgulho
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LGBT, beijaços2 , piquetes, manifestações, etc.), participação em eventos organizados pelo
poder público (por exemplo, as audiências públicas, seminários, conferências, etc.), ações de
advocacy (acompanhamentos, proposições de projetos de lei, diálogos com autoridades
políticas, etc.) e a participação em Conselhos, como o Conselho Nacional de Direitos
Humanos.
A pesquisa é composta de quatro partes. A primeira trata-se de uma breve
apresentação de algumas das organizações, grupos e coletivos do Movimento LGBT do DF
para fazer uma identificação prévia das entidades que o compõe. Em seguida, haverá uma
discussão em torno da construção da concepção do que é "ser LGBT", ou seja, a construção
da identidade e como que este fator influencia na elaboração de estratégias que cada entidade
adota. Este ponto importante a ser considerado na questão da articulação política e na
incidência no poder público: seu foco de ação se altera conforme entidade enxerga encara
questão da identidade,
A terceira parte é para ilustrar, com a exposição de exemplos, o que o Movimento
LGBT do DF tem feito para se inserir e influenciar o poder público e como os entrevistados
enxergam a receptividade do poder público. Além de atuações no plano institucional e será
analisado se eventos de protesto como a Parada do Orgulho LGBT possuem relevância para
este tipo de atividade. Por fim, com base nas questões tratadas, será feita uma análise da
articulação política do Movimento LGBT do DF, onde será apresentado um mapeamento da
rede deste movimento social, como os atores estão dispostos e se sua estratégia, influenciada
pela sua visão de identidade, promove algum tipo de interferência para esta articulação e na
rede.
2
É uma espécie de protesto na qual os manifestantes beijam pessoas do mesmo sexo como protesto contra uma
ação que tenha impedido a manifestação de afeto entre homossexuais ou para reivindicar ações do poder público.
O primeiro caso é o uso mais freqüente desta forma de protesto.
12
2. Metodologia
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3. Entidades que integram o Movimento LGBT do DF
A sess€o a seguir ser‡ uma apresenta•€o das entidades mapeadas que pertencem ao
Movimento LGBT do DF. Aqui compreendem tanto entidades que foram entrevistadas para
esta pesquisa quanto as que n€o, porŽm que est€o em atividade. Este mapeamento Ž relevante
porque n€o existem documentos ou informa•ƒes de quantas e quais s€o as entidades que
integram este movimento social a n‚vel distrital no presente momento, alŽm de sua origem e
seu hist’rico de atua•€o serem desconhecidos.
A primeira ONG LGBT a ser criada no Distrito Federal foi o Estrutura•€o, em 9 de
janeiro de 1994. A partir de diverg„ncias internas dentro desta ONG, outras entidades foram
criadas, como a Coturno de V„nus, a Acos – A•ƒes Cidad€s em Orienta•€o Sexual e o Grupo
Elos. Entretanto, outros grupos, ONG’s e coletivos se originaram autonomamente, distante
deste contexto de cis€o. O Estrutura•€o Ž composto por uma Diretoria (formada pelo
Presidente, Vice-Presidente e Diretores). Para suas atividades, esta ONG contra com nŒcleos
de jovens, lŽsbicas e LGBT’s surdos e surdas, que visam desenvolver a auto-estima e
propiciar discussƒes internas para estes segmentos LGBT. . Seu principal objetivo Ž trabalhar
pela defesa, garantia e promo•€o da cidadania de lŽsbicas, gays, bissexuais, travestis,
transexuais e transg„neros (LGBT). TambŽm realizam reuniƒes gerais peri’dicas, onde s€o
discutidos temas como auto-estima, quebra de preconceitos, relacionamentos, direitos,
preven•€o de DST/HIV/Aids e discrimina•€o na fam‚lia e no trabalho. Nestas reuniƒes, os
temas s€o abordados com conversas, v‚deos, oficina ou com convidados para realizarem
palestras.
A miss€o do Estrutura•€o Ž “promover e defender a qualidade de vida de gays,
l„sbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgƒneros do Distrito Federal por meio do
fortalecimento de sua auto-estima e da conquista do pleno exerc†cio da sua cidadania com
a…‡es junto ao poder pˆblico e ‰ sociedade” (ESTRUTURA“”O, 2007). Seus objetivos
visam a•ƒes que promovam a discuss€o e dissemina•€o de informa•ƒes que envolvam a
tem‡tica LGBT, proposi•€o de pol‚ticas pŒblicas, a•ƒes informativas a respeito de preven•€o
de doen•as (como das DST e da AIDS) e o fortalecimento da identidade LGBT. Outras a•ƒes
que est€o dentro dos objetivos desta entidade dizem respeito a organiza•€o e planejamento de
eventos e a•ƒes que d„em visibilidade ‰ causa, como as Paradas do Orgulho LGBT em
Bras‚lia e o apoio destes eventos em Taguatinga (DF) e Valpara‚so (GO). A sede do
Estrutura•€o Ž um centro de refer„ncia que conta com, por exemplo, assist„ncia jur‚dica e
psicol’gica para os LGBT' que necessitem destes servi•os. Inserida nas suas atividades, o
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Estrutura•€o realiza a•ƒes de influ„ncia do poder pŒblico. Uma a•€o de grande import•ncia
foi a luta pela aprova•€o da Lei Distrital n• 2.615 de 26 de outubro de 2000, que pune
discrimina•€o por raz€o da orienta•€o sexual do indiv‚duo em lugares pŒblicos e privados.
No ano 2000 foi criada a Acos – A•ƒes Cidad€s em Orienta•€o Sexual e seu foco
principal Ž promover pesquisas e capacita•ƒes a respeito dos LGBT’s e voltada para este
pŒblico. As pesquisas conferem subs‚dios para seus cursos e outras atividades educativas. –
um espa•o de pesquisa e milit•ncia que confere mais subs‚dios para o di‡logo nas atividades
pol‚ticas. PorŽm, as atividades realizadas n€o possuem viŽs acad„mico pelo fato de se tratar
de uma ONG. No mesmo ano de sua cria•€o, a Acos realizou uma pesquisa publicada no livro
“Matei porque odeio Gay” (Grupo Gay da Bahia, 2002) que demonstra a grande viol„ncia
contra LGBT’s no DF, principalmente nos espa•os pŒblicos e, em geral, cometidos por
representantes do poder pŒblico, como as autoridades policiais.
A Associa•€o LŽsbica Feminista de Bras‚lia Coturno de V„nus atua especificamente
na quest€o da cidadania das mulheres lŽsbicas e bissexuais, seguindo os preceitos do
pensamento feminista. Esta ONG possui o enfoque em outras questƒes alŽm da orienta•€o
sexual: g„nero, ra•a e etnia. Portanto, h‡ uma amplitude de tem‡ticas defendidas, n€o se
restringindo ‰ LGBT. A Coturno de V„nus foi criada em 2005, a partir de um fanzine (um
pequeno jornal) criado por lŽsbicas com conteŒdo voltado para este pŒblico. Em 2003 o grupo
se reuniu, no ano seguinte o fanzine foi publicado com o nome que a entidade adota
atualmente.
Sua estrutura conta com uma diretoria colegiada, n€o-hierarquizada e descentralizada.
E cada diretora colegiada trabalha numa ‡rea especifica para que os objetivos da ONG
possam ser atingidos. O principal trabalho realizado Ž o empoderamento de mulheres
freq‹entadoras de sua sede, a Casa Roxa, que tambŽm Ž um centro refer„ncia LGBT do DF e
Ž utilizada por outros coletivos na realiza•€o de reuniƒes ou outras atividades. O
empoderamento consiste em promover que suas freq‹entadoras tenham acesso a debates e
atividades que provoquem questionamentos a respeito da sociedade onde vivem, e assim,
atuarem para mudar tal realidade. Dentre as demais atividades que realiza est€o: organiza•€o
da Caminhada LŽsbica de Bras‚lia (ocorre sempre em agosto de cada ano); o recebimento,
encaminhamento e acompanhamento de denŒncias de viola•€o de direitos humanos; e a
realiza•€o de palestras sobre diversidade sexual, direitos sexuais e reprodutivos das mulheres
e direitos humanos, em escolas, universidades, centros comunit‡rios, centros de saŒde,
academias de pol‚cia e outros espa•os.
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Outro grupo formado sob o prisma do feminismo Ž a Sapataria – Coletivo de Mulheres
LŽsbicas e Bissexuais do DF, criado em 2008, que atua pela liberdade de orienta•€o,
express€o afetiva-sexual e identidade de g„nero. Suas criadoras sa‚ram da LBL (Liga
Brasileira de LŽsbicas) por entenderem que havia uma lacuna no trabalho da referida entidade
em rela•€o a atividades direcionadas ‰s lŽsbicas e bissexuais do DF. As pautas da Sapataria se
orientam, inclusive, por temas transversais como anti-racismo, defesa do meio ambiente,
enfrentamento do capitalismo, defesa do Estado laico, dentre outros. O nome “Sapataria”
surgiu para a ressignifica•€o do termo “sapat€o” entendido como lŽsbicas vistas como cidad€s
e com seu direito ‰ afetividade respeitado pelos demais. A inten•€o da Sapataria Ž o promover
o trabalho com mulheres lŽsbicas e bissexuais a fim de que elas se mantenham fortalecidas
tanto politicamente quanto em sua auto-estima, principalmente mulheres negras.
O MinistŽrio Na•€o —gape foi criado em 2006 e, diferentemente de ser uma Igreja ou
nŒcleo vinculado a uma, Ž uma institui•€o sem fins lucrativos que constitui uma rede de apoio
para os LGBT’s crist€os, em especial protestantes, em situa•€o de risco que necessitem de
amparo e cuidados. Seu maior pŒblico s€o LGBT’s que sofreram a•ƒes oriundas pela
homofobia religiosa e abuso espiritual. Seu trabalho Ž feito com a sensibiliza•€o de l‚deres
religiosos, comunidades religiosas e sociedade civil pela aceita•€o, respeito e toler•ncia diante
da diversidade. O MinistŽrio procura jovens LGBTs e fomenta espa•os que promovam
medidas religiosas e espirituais afirmativas e inclusivas por meio da forma•€o e promo•€o de
agentes sociais, conscientes dos direitos e deveres plenos do exerc‚cio da cidadania, ou seja,
potencializar e formar multiplicadores. Est‡ localizado nas cidades de Bras‚lia, Goi•nia e
An‡polis.
A ONG Elos – Grupo LGBT DF e Entorno atua em defesa dos Direitos e Cidadania de
LŽsbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (LGBT) e seu objetivo principal Ž
defender e promover o direito ‰ liberdade da orienta•€o sexual, bem como promover a
preven•€o e assist„ncia no que diz respeito ‰ S‚ndrome da Imunodefici„ncia Adquirida
(HIV/AIDS) e outras Doen•as Sexualmente Transmiss‚veis (DST), alŽm de atuar em conjunto
com outras entidades que possuam o mesmo objetivo. Esta ONG teve sua cria•€o oficializada
em 2008 com o intuito de trabalhar nas cidades-satŽlites e abarcar o Entorno do DF, locais nos
quais outras entidades n€o conseguem atender e onde h‡ grande demanda em rela•€o aos
LGBT’s. Neste sentido, o Elos auxiliou no apoio, cria•€o e/ou fortalecimento de outros
grupos como o Integra•€o (Recanto das Emas), Solidariedade (Ceil•ndia), Grupo Amizade
(Gama) e o Fraternidade LGBT (Parano‡).
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Sua miss€o Ž “conscientizar a sociedade e os/as cidad•os e cidad•s LGBT’s de seus
direitos, principalmente e combater qualquer manifesta…•o de discrimina…•o por orienta…•o
sexual, identidade de gƒnero, quest‡es „tnica, religiosa, social, em raz•o de ser portador de
necessidades especiais, nacionalidade ou sorologia para o HIV/AIDS/DST” (GRUPO ELOS,
2008). Esta organiza•€o possui nŒcleos em Sobradinho (1 e 2), Planaltina, Guar‡ (1 e 2) e
Samambaia. O Elos realiza projetos como o “Paradas da Diversidade LGBT nas Cidades do
DF”, para se levar este evento pol‚tico nas cidades de Sobradinho, Parano‡, Gama, Ceil•ndia
e Recanto das Emas e promover a visibilidade LGBT nestas localidades. Uma de suas
atividades fim Ž a realiza•€o do advocacy no poder pŒblico.
Na Universidade de Bras‚lia, o Klaus - Grupo Universit‡rio de LGBT foi formado em
2006 e Ž um dos poucos grupos LGBT que atua em ambiente universit‡rio. Seus integrantes
promovem discussƒes dos mais variados temas: s€o feitos estudos conjuntos sobre o
movimento LGBT, os movimentos sociais, a viol„ncia contra a mulher, o preconceito
(inclusive sobre o preconceito dentro do movimento LGBT). TambŽm s€o organizadas
reuniƒes de desabafo para as pessoas relatarem o que sofrem em situa•ƒes vividas na rua ou
em casa, por exemplo. S€o feitas mostras de filmes, conversas. O grupo Ž feito para que tenha
um ambiente familiar para seus participantes.
O Klaus tambŽm recebe denuncias de universit‡rios que sofreram a•ƒes de homofobia
dentro do Campus da UnB. As interven•ƒes s€o feitas a partir das denŒncias feitas por e-mail.
Um exemplo de interven•€o foi o caso do restaurante do Ceftru (Centro Interdisciplinar de
Estudos para o Transporte – UnB), onde duas funcion‡rias foram repreendidas pelo dono do
estabelecimento por terem dado um “selinho”. Outra a•€o Ž a divulga•€o de cartazes pela
UnB na Žpoca do dia dos namorados com mensagens de casais homossexuais. A interven•€o
mais recente realizada foi uma manifesta•€o, em maio de 2010, na UnB contra os trotes
homof’bicos e machistas que v‡rios cursos promoviam. Neste ato tambŽm houve um beija•o
na Faculdade de Tecnologia – UnB.
Ainda na Universidade de Bras‚lia, o NŒcleo de Estudos de Diversidade Sexual e de
G„nero, vinculado ao Centro de Estudos Avan•ados e Multidisciplinares (CEAM), foi
fundado em 2007. Criado para ser um centro de refer„ncia LGBT para concorrer a um projeto
da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) que visava criar tais centros nas
universidades pŒblicas, o Nedig tornou-se um centro de estudos pleno. A sede do Nedig
encontra-se no Setor Comercial Sul, regi€o central da cidade de Bras‚lia. A idŽia da sede do
Nedig n€o ser no campus da Universidade de Bras‚lia foi uma estratŽgia para o nŒcleo realizar
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atividades voltadas para os LGBT’s, alŽm dos seus estudos e pesquisas, pois se encontra em
um espa•o de prostitui•€o, conv‚vio e sociabilidade de travestis no DF. A primeira pesquisa
realizada pelo Nedig foi sobre a viol„ncia sofrida por travestis e mulheres transexuais que se
prostituem no DF, com o viŽs da perspectiva feminista conectada ‰ discuss€o da diversidade
sexual. A pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade Cat’lica de Bras‚lia e que
contou com a participa•€o de travestis e mulheres transexuais como pesquisadoras.
Outra a•€o do Nedig foi ofertar uma disciplina de gradua•€o denominada
“Feminismos e Teoria Queer” para introduzir uma discuss€o te’rica e epist„mica, orientada
numa perspectiva feminista e da diversidade sexual. Atualmente o Nedig promove o projeto
“Vidas Plurais – Enfrentando a homofobia e o sexismo nas escolas”, que consiste na
capacita•€o de profissionais na ‡rea da educa•€o e o material did‡tico foi produzido pelo
pr’prio nŒcleo.O espa•o do nŒcleo Ž utilizado pela RNP (Rede Nacional de pessoas vivendo
com HIV-AIDS do DF), pela ANAV-Trans (Associa•€o do NŒcleo de Apoio e Valoriza•€o
da Vida de Travestis e Transexuais do DF e do Entorto), pelo Coletivo de Mulheres Negras. A
ANAV-Trans foi criada em 2009 para atender, primordialmente, a quest€o das travestis e
transexuais do DF, no qual o Nedig auxiliou em sua forma•€o e auxilia na sua consolida•€o.
No Distrito Federal tambŽm existem entidades com objetivo de promover a articula•€o
de organiza•€o locais para a promo•€o de atividades conjuntas, em rea•€o a conflitos que
surgiram dentro do Movimento. A Federa•€o LGBT do DF e Entorno foi criada em 2008 em
rea•€o a este contexto de conflito. Suas a•ƒes visam a promo•€o dos direitos humanos,
sociais, econ‘micos, culturais e ambientais de LGBTs, em prol da liberdade de orienta•€o
sexual e da livre express€o da identidade de g„nero. Outra a•€o realizada pela Federa•€o Ž o
de fortalecimento de grupos no DF que queiram militar dentro da tem‡tica LGBT,
principalmente os que se encontram nas cidades-satŽlites. Por isto que a estrutura da
Federa•€o n€o Ž hierarquizada.
Atualmente a Federa•€o LGBT do DF e Entorno Ž composta das seguintes entidades:
ACOS - A•ƒes Cidad€s em Orienta•€o Sexual; Elos - Grupo LGBT do Distrito Federal e
Entorno; Integra•€o - Grupo LGBT do Distrito Federal; FEMUBE - Federa•€o das Mulheres
Unidas de Bras‚lia e Entorno (NŒcleo LGBT); Grupo Amizade LGBT do Gama; e Grupo
Fraternidade LGBT do Parano‡. A Federa•€o tambŽm participa do projeto “Paradas da
Diversidade LGBT nas Cidades do DF”, porŽm realiza a•ƒes de articula•€o pol‚tica para
conseguir conquistas dentro do poder pŒblico. A Federa•€o esteve presente no 49˜ anivers‡rio
19
de Bras‚lia, no stand da Secretaria de Justi•a, para explicar para a popula•€o sobre a
diversidade sexual e de g„nero e na articula•€o.
Recentemente foi criada a Alian•a LGBT (formada pelo Grupo Elos, Acos e
Integra•€o), com objetivo de proporcionar debates e reflexƒes acerca dos direitos humanos e
cidadania LGBT para fins de formalizar um pensamento coletivo entre seus componentes.
A diversidade de grupos que integram do Movimento LGBT do DF demonstra existem
diversas estratŽgias e focos abordados pela milit•ncia. Com esta an‡lise inicial, Ž poss‚vel
perceber que s€o poucos os grupos e ONG’s que tem a influ„ncia na tomada de decis€o
pol‚tica e incid„ncia no poder pŒblico como uma atividade fim. Isto n€o quer dizer que as
outras n€o fa•am, n€o se preocupem com a pol‚tica, ou pretendam fazer este tipo de a•€o. No
decorrer da pesquisa, ser€o apresentados argumentos que refutam esta vis€o. A vis€o
corroborada Ž que cada grupo tem um foco e atua conforme este objetivo, sendo ele amplo ou
restrito a uma espŽcie de atua•€o.
20
4. A identidade do Movimento LGBT e seu reflexo nas entidades do DF
22
est€o inseridos: a orienta•€o sexual e o g„nero. Tem-se o lado da diversidade sexual,
constitu‚do pelos gays, lŽsbicas e bissexuais. Do outro, est‡ o grupo est‡ nas lutas pela
diversidade de g„nero: travestis, transexuais e transg„neros. TambŽm vale frisar que o g„nero
adotado nem sempre corresponde ‰ orienta•€o sexual do indiv‚duo.
A orienta•€o sexual deve ser entendida como a dire•€o para onde se norteiam os
desejos sexuais e afetivos de uma pessoa. PorŽm, conforme a concep•€o de Johnattan Katz,
acredita-se na exist„ncia de um padr€o heterossexual a ser seguido por todos e tal padr€o que
historicamente constru‚do por uma sociedade que se quis ver heteronormativa. Qualquer
desvio desta dita “norma social” Ž considerada aberra•€o, anormalidade (Katz, 1990).
Qualquer comportamento dito como desviante deve compelido para a dita normalidade. Esta
espŽcie de discurso gera uma grande estrutura que regula a vida de como seria um “bom
cidad€o” ou “boa cidad€”, e oprime aqueles que s€o diferentes da ordem social vigente.
Para Monique Wittig, estar nos padrƒes heterossexuais Ž um fator condicionante para
integra•€o nas rela•ƒes sociais obrigat’rias e privilegiadas. A heteronormatividade Ž reflexo
de uma sociedade condicionada a seguir uma ordem voltada para padroniza•€o das condutas
dos indiv‚duos, imposta por preceitos econ‘micos, pol‚ticos e ideol’gicos. Segundo esta
autora:
Aquelas e aqueles que n€o se encontram nos padrƒes heteronormativos s€o vistos
como figuras an‘malas e Ž a vis€o com qual a homossexualidade corriqueiramente Ž
interpretada, algo que d‡ origem a preconceitos e discrimina•ƒes. Feliper Areda demonstra
como o assunto Ž tratado com total abje•€o, colocando que “o n•o „ straight, mais do que ser
desviado, torto, torpe, estranho, errado, desonesto, esquisito, invertido, „ o que nem mesmo „
e, principalmente, „ o que n•o pode ser” (AREDA, 2008). Dentro desta perspectiva e das
demais apresentadas, Ž necess‡rio haver uma quebra desta dicotomia que existe dentro da
oposi•€o-padr€o o heterossexual como a norma vigente e o homossexual como a desviante.
Com essa percep•€o, o empenho da luta do Movimento LGBT na orienta•€o sexual Ž quebrar
23
o padr€o heterossexual imposto, de forma a garantir outras possibilidades de desejos e
orienta•ƒes para a sexualidade.
Na quest€o de g„nero existe a rela•€o das travestis, transexuais e transg„neros, que
procuram mostrar a sociedade que existem outras formas de se pensar a respeito do g„nero.
AlŽm de ainda entendidas como patologias, estas s€o as maiores v‚timas da viol„ncia e
discrimina•€o oriundas da sociedade dita heterossexual quanto de homossexuais (em sua
maioria homens). S€o segmentos transgressores, pois quebram com o binarismo de g„nero
entre o “masculino” e o “feminino”, entendidos como ordenadores da vida social.
A travesti3 , por mais que modifique seu corpo para se atribuir uma apar„ncia
masculina ou feminina, n€o se sente desconfort‡vel em rela•€o ao seu sexo biol’gico nem a
pr‡ticas sexuais relacionadas ao mesmo. Ao contr‡rio da travesti, o (a) transexual tem
identifica•€o como g„nero oposto (n€o s’ em vestimenta, comportamento, mas tambŽm em
rela•€o aos seus atributos biol’gicos). Viver “preso” ao seu g„nero se torna um empecilho
para sua vida. Para entender melhor esta quest€o, Lynn Conway 4 diz:
“Em resumo: um homem gay tem uma identidade de gƒnero masculina. Ele „
atra†do para homens que tamb„m tƒm uma identidade de gƒnero masculina, e que
em torno s•o atra†dos para ele porque ele „ um homem. A ˆltima coisa neste mundo
que um homem gay quer „ mudar de sexo para se converter em mulher. Fazer isto
seria um ato auto-destrutivo de propor…‡es catastrŒficas, devido ‰ identidade de
gƒnero masculina dele, e ao amor pela masculinidade tanto em si mesmo quanto nos
parceiros dele. Em contraste, uma mulher TS (transexual em inglƒs) MtF (homem
para mulher,em inglƒs) tem uma identidade de gƒnero feminina. Ela pode ser
heterossexual ou homossexual depois da transi…•o, e assim pode se sentir atra…•o
para homens que tenham uma identidade de gƒnero masculina ou para mulheres
com uma identidade de gƒnero feminina, e estes podem se sentir atra†dos para ela
porque ela „ uma mulher. Ela est• desesperada para transformar o corpo para
poder se sentir, e ser percebida, plenamente como mulher - por si mesma e pelos
amantes dela. Se resulta que depois da transi…•o ela seja homossexual, „ porque no
3
Segundo Michele Cunha Franco Conde: “No Brasil, h‡ uma predomin•ncia de travestis do sexo masculino,
uma vez que as mulheres hipervirilizadas s€o consideradas, tanto no imagin‡rio social, quanto no interior do
pr’prio movimento homossexual, como lŽsbicas, e n€o travestis. As travestis do sexo masculino s€o portadoras
de transtorno de g„nero, o que as leva a representar, sobretudo, o papel social culturalmente definido como
feminino” (2004, p. 51)
4
Esta autora Ž uma mulher transexual, Professora EmŽrita de Engenharia ElŽtrica e Ci„ncias da Computa•€o
Universidade de Michigan, Ann Arbor, Michigan (EUA). Sua hist’ria pode ser conhecida em:
http://ai.eecs.umich.edu/people/conway/LynnsStory-Portuguese.html
24
novo papel „ l„sbica, e n•o porque tem de ver com um ‘homem gay’".(CONWAY,
2006).
Como unir politicamente um movimento social que se apresenta t€o diverso e que
possui v‡rias identidades? Para esta resposta, n€o se deve levar em conta apenas uma quest€o
de racionalidade ou maximiza•€o dos benef‚cios a serem recebidos. Por mais diverso que o
universo LGBT se apresente, Ž comum afirmar que todos est€o unidos pelo fato da origem da
forma de preconceito e opress€o a esse grupo ser bastante pr’xima: a padroniza•€o das
condutas dos indiv‚duos em rela•€o ao g„nero ao qual nascem e a vis€o de que o homossexual
Ž ligado ao feminino e, portanto, inferiorizado. Os LGBT’s, por si s’s, t€o elementos
“transgressores” de uma sociedade que exalta valores masculinos e heterossexuais. H‡ todo
um constructo social para se enquadrar aos “padrƒes” nos quais os LGBT’s n€o se inserem:
s€o marginalizados e sofrem toda espŽcie de preconceitos, alŽm da veda•€o do exerc‚cio de
alguns direitos. Ao constru‚rem rela•ƒes entre si, este fator fica bastante evidenciado.
Isto Ž t€o not’rio que, dentro do Movimento LGBT, existe a preocupa•€o em fomentar
uma “identidade” dentro do grupo baseada nos princ‚pios explicitados acima: formar
indiv‚duos conscientes do seu papel pol‚tico e social, e promotores do entendimento que a
diversidade sexual e de g„nero Ž algo natural. Entretanto, Ž perigoso enquadrar a todos como
sendo “o gay”, “a lŽsbica”, “a travesti”, e etc, porque podem surgir discursos padronizantes,
estereotipadores e que reproduzam visƒes parciais a respeito de cada segmento. Isto Ž, criando
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categorias de forma a enquadrar pessoas em determinadas categorias, reproduzindo rela•ƒes
existentes no padr€o que se quer romper, por exemplo, afirmando que gays devem ter
condutas m‡sculas, serem viris; as lŽsbicas, principalmente as tidas como “masculinas”,
serem vistas como “mulheres que foram rejeitadas por homens”; as travestis serem
enquadradas como pessoas que est€o fadadas ‰ prostitui•€o; ou, por fim, que os bissexuais s€o
pessoas confusas e indefinidas se “gostam de homem ou de mulher”.
Judith Butler alerta para esta categoriza•€o de identidades baseada na
heteronormatividade. Problematizando a quest€o da mulher, Butler entende que o dualismo
entre sexo (visto como natural) e g„nero (social e politicamente constru‚do) leva a cria•€o e
reprodu•€o de valores e condutas baseados no sexo biol’gico. Ou seja, uma mulher, pelo fato
de ter caracter‚sticas fisiol’gicas e sexuais como tal, deve se portar de maneira que n€o fuja
desse comportamento; inclusive a orienta•€o dos seus desejos e de seus comportamentos
(2003). O que Butler coloca Ž que este entendimento leva ‰ no•€o de que a heterossexualidade
Ž uma caracter‚stica nata dos indiv‚duos e sua diferencia•€o (masculino e feminino) Ž
resultado da pr‡tica heterossexual:
“Eu diria que qualquer esfor…o para dar conteˆdo universal ou espec†fico ‰
categoria mulheres, supondo-se que essa garantia de solidariedade „ exigida de
antem•o, produzir• necessariamente fac…‡es e que a ‘identidade’ como ponto de
partida jamais se sustenta como base sŒlida de um movimento pol†tico feminista. As
categorias de identidade nunca s•o meramente descritivas, mas sempre normativas
e como tal, exclusivistas. Isto n•o quer dizer que o termo ‘mulheres’ n•o deva ser
usado, ou que devamos anunciar a morte da categoria. (...) Desconstruir o sujeito
do feminismo, n•o „, portanto, censurar sua utiliza…•o, mas, ao contr•rio, liberar o
termo num fruto de mˆltiplas significa…•o, emancip•-lo das ontologias maternais e
racistas ‰ quais esteve restrito e fazer dele um lugar onde significados n•o
antecipados podem emergir.” (BUTLER, 1998)
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conflitos internos: h‡ a cria•€o de padrƒes dentro do universo LGBT e as identidades definem
como isto pode ser um fator de inclus€o ou exclus€o das benesses das a•ƒes da milit•ncia.
Este ponto tem proporcionado revolu•ƒes e reinven•ƒes dentro do Movimento LGBT
no decorrer de sua hist’ria. No in‚cio da organiza•€o pol‚tica do Movimento LGBT, este foi
marcado pela constitui•€o de grupos gays contra a opress€o imposta pelas autoridades
pol‚ticas. Por isto que, em seu momento de constitui•€o, o movimento ficou marcado pelo
termo “gay”. Este fen‘meno tambŽm foi verificado no Brasil, nos prim’rdios do movimento.
A principal motiva•€o, a priori, foi trazer ‰ tona o homossexual como um indiv‚duo normal
como qualquer outro cidad€o. PorŽm, com o tempo, muitas lŽsbicas n€o se sentiam acolhidas
em suas demandas dentro do grupo e da milit•ncia “gay”, pois a identidade do homem
homossexual havia se conectado com a identidade do grupo. AlŽm deste fator, as lŽsbicas
eram v‚timas de atitudes machistas e mis’ginas por parte dos gays.
Desta forma, v‡rios grupos compostos por lŽsbicas (muitos ligados a corrente
feminista) foram criados para que suas demandas fossem atendidas, para construir e projetar
visibilidade a este segmento que atŽ ent€o estava “escondido” sob uma ’tica masculina do
Movimento. AtŽ o in‚cio da dŽcada de 1990, o movimento era entendido como “movimento
homossexual” e esta ruptura provocada pelas lŽsbicas gerou o termo “GLS” (Gays, LŽsbicas e
Simpatizantes) ou GLBS (incluindo os bissexuais). Na mesma dŽcada surgiu a preocupa•€o
em unir ao grupo o segmento das “trans” (a princ‚pio apenas as travestis), n€o s’ pela quest€o
da marginalidade em que se encontravam (e ainda se encontram), como tambŽm de saŒde
pŒblica. Surge o “GLBT”, com a inser•€o ou n€o dos simpatizantes, algo que recentemente
entrou em desuso. Em 2008, durante a 1Š Confer„ncia Nacional GLBT, houve um acordo
entre os participantes para a troca da sigla para LGBT. A mudan•a (a presen•a do “L” de
lŽsbicas no in‚cio da sigla) indica uma ruptura da estrutura social e pol‚tica constru‚da em
torno da desigualdade de g„nero: a sigla representar primeiro os gays estaria corroborando
com a estrutura machista e sexista existente. A mudan•a foi vista com desconfian•a e
descrŽdito, porŽm houve o consenso que tal altera•€o foi importante para reafirmar a
visibilidade das lŽsbicas.
Cada inclus€o de um segmento dentro do LGBT significa uma demanda diferente
dentro da quest€o geral da promo•€o da visibilidade e garantias de direitos. H‡ demandas
espec‚ficas para os segmentos, fora as compreendidas na quest€o de promo•€o da visibilidade
e garantia de direitos “universais”, como a criminaliza•€o da homofobia. A demanda por
atendimento especializado em uma delegacia de uma travesti n€o Ž a mesma (voltada para um
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segmento em especial) ou a ado•€o do nome social das transexuais em seus documentos n€o Ž
a mesma do que a demanda dos homossexuais e bissexuais pelo direito ‰ express€o de sua
afetividade. Conciliar estas demandas gera conflitos dentro do Movimento LGBT, assim
como agregar estes segmentos tambŽm, com peculiaridades t€o ‚mpares. Os bissexuais
encontram muita resist„ncia para que sua orienta•€o seja vista como tal, n€o como uma
“indecis€o” ou “confus€o” dentro de uma dicotomia e da necessidade de se enquadrar em um
padr€o “heterossexual” e “homossexual”. H‡ a quest€o do enquadramento do homossexual
ativo como o m‡sculo em detrimento do passivo: ligado a uma conota•€o feminina, alvo de
preconceitos e machismos dentro do pr’prio segmento.
“Como „ que faz para coordenar esses interesses que n•o necessariamente
batem. Batem muito em comum na luta pol†tica contra o fim do preconceito, com a
garantia de direitos que LGBT n•o tem. Dentro de cada •rea s•o quest‡es
diferentes, ent•o querem garantir os direitos de cada •rea, de cada grupo. Mas
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como atuar em conjunto para garantir estes direitos? Esta „ a quest•o”. (Entrevista
com Jaqueline Jesus, Federa…•o LGBT do DF e Entorno; Bras†lia/DF, 07 e 08 de
abril de 2010)
O MinistŽrio Na•€o —gape enxerga que “ser diverso Ž ser igual”, nas palavras de
Patrick Thiago, presidente deste grupo. O trabalho Ž realizado para que as pessoas sejam
vistas e entendidas da forma como elas s€o, conforme suas peculiaridades e diferen•as. AlŽm
de despertar as pessoas dentro de suas caracter‚sticas, Patrick diz que h‡ um trabalho para
forma•€o de pessoas, no sentido de aprenderem o que realmente a B‚blia diz, o que h‡ em
volta e questionar algumas atitudes para se formar uma nova maneira de ser. Por estes fatores,
o entrevistado relata que o MinistŽrio n€o procura promover a•ƒes de inser•€o na pol‚tica,
contudo enxerga que h‡ diferencia•ƒes entre os segmentos e na identidade LGBT, ao ponto de
se gerarem conflitos:
“Relacionado ‰ isso, tem um outro crit„rio: a gente n•o tem identidade pol†tica.
Ent•o „ importante construir essa identidade pol†tica a partir destas diferen…as que
alguns se aproximam mais. Ent•o, assim, o movimento das mulheres l„sbicas e
bissexuais dentro das pol†ticas pˆblicas de saˆde: tem algumas caracter†sticas que
s•o comuns a elas e a gente tenta agrupar isto para promo…•o e n•o para a
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exclus•o. Agora, a exclus•o „ natural de todo ser humano. • muito comum. E o que
hoje tem acontecido em Bras†lia „ as lutas entre classes. Os segmentos tem brigado
de forma escandalosa. Eu vi pessoas dentro do prŒprio segmento perguntar: "Vem
c•, para que tanta letrinha?". Tem essa quest•o n„, para que segmentar tanto? NŒs
entendemos a import•ncia de segmentar, como j• te falei. Porque sen•o eu n•o
atendo o outro dentro das suas peculiaridades e nŒs acreditamos que democracia „
isso. E direitos iguais „ isso: atender o outro naquilo que lhe realmente for
necessidade enquanto express•o no ser humano que „”. (Entrevista com Patrick
Thiago, Minist„rio Na…•o ‘gape; Taguatinga/DF, 07 de abril de 2010 )
Essa diversidade est• muito bem posta e „ um desafio para gente lidar com isto. Por
exemplo: a gente tem um nˆcleo de surdos LGBT's. • a deficiƒncia colocada. Eu
n•o tinha essa percep…•o, e aprendi com eles que eu era um ouvinte. Eu n•o sabia
que eu tinha essa diversidade: que eu era ouvinte e eles eram surdos. A gente tem
nˆcleos de identidades LGBT's e nˆcleos de outras especificidades, como a
negritude, como a ra…a, como a deficiƒncia, como a faixa et•ria (nˆcleo de jovens).
Ent•o a nossa oposi…•o sobre essa diversidade est•, inclusive, na estrutura na
entidade, que a gente tem um nˆcleo de jovem, a quest•o et•ria „ discutida, a
quest•o do nˆcleos de surdos onde a quest•o da deficiƒncia „ discutida, de l„sbicas
onde a quest•o de gƒnero „ discutida. (...) NŒs vemos muito al„m porque a travesti
tem a pauta e que a pauta dela „ que vai para o SUS „ diferente da l„sbica e que „
diferente do gay. • um grande desafio n•o ver diversidade como divergƒncia. O que
a gente tem que aprender a gente aprende no decorrer do movimento. O
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Estrutura…•o se chamava "grupo homossexual" quando ele foi fundado em 1994.
Hoje ele se chama LGBT, em que T „ travesti, transexual e transgƒnero. A prŒpria
nomenclatura do nome da entidade ja demonstra como a gente evoluiu. A gente as
vezes exige, as vezes, um respeito do governo, da sociedade, que nŒs prŒprios
constru†mos. Se hoje algu„m fala "homossexual", a gente d• um grito. Mas o
Estrutura…•o, h• 16 anos se chamava homossexual. Mudou tem uns 5, 6 anos. Isto
se faz na lida do Movimento e amadurecimento no sentido de que, uma travesti ter
uma pauta diferente no SUS em rela…•o a mim que sou gay, „ uma diversidade e
n•o uma divergƒncia” (Entrevista com Welton Trindade, Estrutura…•o;
Bras†lia/DF, 13 de abril de 2010)
“(...) Acham que mulheres l„sbicas (isso „ uma representa…•o social) s•o aquelas
mais masculinizadas, que se vestem com roupas ‘masculinas’, e tal. E que mulheres
femininas, que tenham trejeitos femininos, que tenham roupagem feminina n•o s•o
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l„sbicas. Nem passa pelo campo do imagin•rio social que mulheres femininas, de
acordo com o que „ ser feminino dentro da representa…•o social, sejam l„sbicas.
Para a mentalidade social, tamb„m, homem gay „ aquele homem afeminado, tem
trejeitos femininos e n•o „ poss†vel, na vis•o da sociedade, um homem com trejeitos
masculinos seja gay”. (Entrevista com Andr„ia Augusta, Coturno de Vƒnus;
Bras†lia, DF, 10 de abril de 2010)
De acordo com a entrevistada, a sociedade quer saber quem vai reproduzir o papel
conforme o g„nero, n€o com quem os homossexuais se relacionam. Quando h‡ quebras nestes
comportamentos (homem afeminado ou uma mulher masculinizada), h‡ o choque porque os
papŽis est€o deixando de ser representados da forma que foi determinada. – uma vis€o que Ž
mostrada para as freq‹entadoras de sua sede, dentro da sua atividade de empoderamento para
forma•€o pol‚tica destas mulheres, que estas possam replicar e atuar em outras frentes.
O Klaus, de acordo com os entrevistados deste grupo, n€o tem ideologias fixas sobre
qualquer assunto por causa da rotatividade e da diversidade de opiniƒes de seus integrantes.
No entanto, sempre realizam a•ƒes internas para desconstruir as muitas visƒes que seus
membros consideram hegem‘nicas e opressoras a respeito da identidade LGBT. Para Rodolfo
God’i, integrante deste grupo, no in‚cio do Movimento LGBT houve uma “assimila•€o gay”:
os homossexuais se enquadravam ‰s caracter‚sticas dos heterossexuais para que fossem
aceitos, mostrar que s€o “normais” assim como s€o os heteros. Da‚ surge a assimila•€o de
que, em um casal homossexual, deve haver um ativo (opressor) e um passivo (submisso). E,
n€o apenas isto, os homossexuais se inseriram dentro do capitalismo como bons
consumidores (j‡ que n€o constituem uma “fam‚lia” no padr€o heterossexual). Assim, os
homossexuais se inseriram em um sistema de opressƒes sem questionarem ou alterarem o
meio no qual estavam vivendo. Para o entrevistado, existe outro problema na quest€o da
inclus€o da diversidade dentro desta identidade em torno do LGBT:
“O Movimento come…ou e ele n•o pensava quest•o de gƒnero. E at„ hoje alguns
segmentos n•o pensam como a quest•o de gƒnero „ importante, apenas a quest•o da
sexualidade, apenas a quest•o de que vocƒ „ gay, l„sbica, bissexual e vocƒ tem que
ser homem ou mulher, um desses padr‡es colocados. Muitos movimentos n•o
pensam isto e eles divergem fortemente neste ponto, como outros movimentos. E a†
rola esse racha, essa quebra no movimento. Ele n•o „ coeso, por v•rios outros
pontos, mas, principalmente, por este: pela quest•o de gƒnero n•o estar sendo
levada em conta”. (Entrevista com Rodolfo GodŒi, Klaus; Bras†lia, DF, 08 de abril
de 2010)
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Luana Gaudad, outra integrante do Klaus, relata que muitas pessoas come•am a
freq‹entar o Klaus com as visƒes estereotipadas, homof’bicas ou machistas a respeito do que
Ž o LGBT. H‡ no grupo a preocupa•€o em desconstruir este discurso nas reuniƒes do grupo de
forma que seus integrantes sejam eximidos deste discurso padronizado por meio de estudos,
leituras e reuniƒes tem‡ticas.
Dentro do Nedig tambŽm n€o existe consenso sobre esta quest€o da identidade LGBT.
O que Felipe Areda, pesquisador deste nŒcleo, coloca Ž que h‡ problemas quando h‡ um
discurso hegem‘nico sobre a representa•€o do LGBT. – constru‚do um discurso a partir do
qual a pessoa que se identifica como homossexual deve se enquadrar, como o fator de muitos
gays estarem se masculinizando para se enquadrar a um discurso defendido de que aquela
forma masculina Ž a apresent‡vel, a bem aceita, o apropriado. – a inser•€o de uma identidade
em uma l’gica que Ž opressora. A preocupa•€o do Nedig, segundo o entrevistado, Ž trazer
novas formas de representa•€o do LGBT que est€o invis‚veis, como a popula•€o LGBT que
vive nas ruas e morre devido ao consumo de crack ou uma popula•€o de cidades do Entorno
do DF que n€o sabe o que Ž ser homossexual. A proposta defendida pelo Nedig e outros
grupos que seguem esta linha Ž construir la•os de sociabilidade, novas constru•ƒes de afeto,
para agregar a maior pluralidade poss‚vel com o objetivo de dar visibilidade ‰s outras formas
de viv„ncia da diversidade sexual que n€o est€o presentes. N€o Ž descartar a identidade e sim
dar um novo significado ‰ esta quest€o e a pesquisa ajuda a mostrar estas situa•ƒes que
ocorrem. Exemplos destas afirma•ƒes est€o na pesquisa realizada com travestis e transexuais
que se prostituem, citada no cap‚tulo anterior, e a matŽria de gradua•€o “Feminismos e Teoria
Queer”, que demonstram outras formas da viv„ncia colocada pelo entrevistado.
A forma pela qual um grupo, coletivo ou ONG entende a quest€o da constru•€o de
identidades coletivas dentro do grupo LGBT Ž algo importante de ser analisado, pois isto
influencia como ser€o suas estratŽgias de atua•€o, a forma como ir‡ incidir na pol‚tica (se ir‡
fazer isto) e com quais entidades far€o aproxima•ƒes para parcerias ou alian•as. Bom! Todos
os entrevistados mostraram a import•ncia da quest€o da identidade coletiva do LGBT n€o ser
entendida como uma identidade Œnica que une a todos. – o princ‚pio da diversidade inserida
na pr’pria diversidade: um grupo composto com indiv‚duos com orienta•ƒes sexuais e de
g„neros diversas entre si. A milit•ncia do DF tem a preocupa•€o em agregar a diversidade e
algumas entidades promovem o processo de questionamento da forma com a qual a identidade
Ž constru‚da: se esta vai perpetuar uma situa•€o vigente ou criar novas formas de
sociabiliza•€o fora dos discursos padronizantes.
33
Todos estes aspectos s€o relevantes para se analisar como a quest€o da identidade
coletiva se constr’i dentro do Movimento: os LGBT se unem pelo reconhecimento de sua
exist„ncia, rompendo a “norma” heterossexual, e pela garantia do exerc‚cio de sua cidadania
como um indiv‚duo portador de plenos direitos. Entretanto, n€o se pode afirmar que exista “o
LGBT” como um ser Œnico. Como a pr’pria sigla demonstra, o “ser LGBT” demonstra que
existe a diversidade inserida na pr’pria diversidade. E, ainda assim, n€o se pode categorizar
restritivamente estes segmentos na tentativa de se achar um denominador comum de
comportamentos. Os segmentos t„m suas demandas espec‚ficas e a milit•ncia, atŽ mesmo na
forma em que se identifica, procurou e procura agregar estes fatores para promover os seus
objetivos. Este Ž o desafio: garantir direitos a todos os LGBT’s dentro de suas especificidades.
A forma de ver as inser•ƒes dos segmentos e suas demandas influenciam nas visƒes que as
entidades possuem a respeito do grupo no qual est€o inseridas e nas estratŽgias de atua•€o que
estas procuram para atingir seus objetivos.
34
5. A inserção na política institucional realizada pelo Movimento LGBT do DF
N€o Ž interessante que um movimento social seja analisado somente por perspectivas
que tratem da constru•€o de sua identidade, cultura ou recrutamento para milit•ncia. Estes
fatores s€o importantes, porŽm, o movimento social Ž um conjunto de fatores que propiciam a
elabora•€o e execu•€o de estratŽgias por meio da a•€o coletiva para propiciar as mudan•as ou
manuten•ƒes de status quo que almejam. A quest€o que envolve a tem‡tica LGBT, a partir
das lutas pol‚ticas e da visibilidade, procura “elaborar ‘novas formas de representa•€o do
homossexual na sociedade, atravŽs de grupos de reflex€o’; e, tambŽm, ‘difundir pelo resto da
sociedade os novos valores criados’” (MAC RAE, 1990; p. 33-34). PorŽm, esta pr‡tica n€o se
restringe apenas ‰ mudan•a da vis€o que a sociedade tem a respeito deste tema. Um fator
crucial para este movimento Ž a garantia de direitos e a•ƒes dentro da esfera pol‚tica, como
uma forma de dar respaldo e conferir aten•€o do Estado a este grupo, conforme suas
especificidades, para consolidar suas conquistas. A partir desta percep•€o, o Movimento
LGBT tambŽm realiza a•ƒes que procuram incidir na esfera pol‚tica.
Quando esta percep•€o Ž adquirida, o Movimento come•a a se organizar como um ator
dentro do processo pol‚tico. Sua luta Ž n€o apenas pelo exerc‚cio pleno da sua cidadania, mas
para tambŽm garantir a mudan•a na vis€o que o Estado possui para apreender, em suas
estruturas, a•ƒes direcionadas a promo•€o a diversidade sexual e de g„nero. Isto significa que
o Movimento dever‡ agir, nestas situa•ƒes, como um ator estratŽgico com objetivos e metas.
Conforme explica G. Munck, um dos grandes desafios Ž conciliar seus objetivos pol‚ticos e
sua identidade. As estratŽgias a serem tomadas n€o podem desprezar o perfil da identidade do
movimento, por mais diverso que seja, sob o risco de se afastar deste e de realizar atitudes que
sejam isoladas ou n€o coniventes com as expectativa dos demais integrantes. S€o dois fatores
(estratŽgia e identidade) que n€o podem estar desconectados. Para Munck:
35
Atuando como ator pol‚tico, um movimento social (n€o apenas o LGBT, tratado nesta
pesquisa) ou algumas de suas entidades que ensejam atuar neste campo necessitam ampliar
suas a•ƒes e orient‡-las de forma a fortalecer rela•ƒes com o Estado. N€o apenas isto, como
tambŽm Ž preciso que estes atores tenham conhecimento das institui•ƒes, normas e do
processo de tomada de decisƒes pol‚ticas, seja em qualquer esfera ou Poder, a fim de que suas
conquistas tenham maior efetividade. A garantia de direitos n€o se faz apenas com
interfer„ncias que possuem alvos na sociedade: Ž preciso consolidar o LGBT como um sujeito
que dispƒe de cidadania5 .
Um processo complementar ‰s manifesta•ƒes e protestos de visibilidade ou
reivindicativos Ž a incid„ncia dentro do poder pŒblico, n€o s’ com a•ƒes de influ„ncia mas
com o uso de mecanismos de protestos, pois geram reverbera•ƒes nas institui•ƒes pol‚ticas.
Um dos principais mŽtodos utilizados por entidades do Movimento LGBT s€o as
manifesta•ƒes e protestos (exemplos: beija•os, nota de repŒdio, abaixo-assinados,
Caminhadas LŽsbicas e a Parada do Orgulho LGBT)..O uso destes protestos indica que a a•€o
pol‚tica do Movimento LGBT Ž ampla e nelas est€o inseridas as a•ƒes de influ„ncia do poder
pŒblico.
Um exemplo de atua•€o da milit•ncia LGBT em uma institui•€o pol‚tica foi durante a
AssemblŽia Nacional Constituinte instaurada no final da dŽcada de 1980, quando o ent€o
“movimento homossexual” come•ava a se organizar nacionalmente enquanto movimento
social. Os grupos Triangulo Rosa, Grupo Gay da Bahia e Lambda-SP se mobilizaram para
que a express€o “orienta•€o sexual” fosse acrescida ao inciso IV do artigo 3 da ent€o
Constitui•€o Federal em elabora•€o. A proposta foi aprovada nas subcomissƒes tem‡ticas,
porŽm foi rejeitada na vota•€o final, em plen‡rio. Contudo, ap’s este epis’dio, nos Estados
Mato Grosso, Par‡ e Sergipe, no Distrito Federal e v‡rios munic‚pios adotaram o termo
“orienta•€o sexual” como fator proibitivo de discrimina•€o em suas Constitui•ƒes e Leis
Org•nicas (CONDE, 2004). Como retrata Michele Cunha Franco Conde:
5
Este conceito, para M‡rcia Maria Corr„a de Azevedo, refere-se ao conjunto dos direitos civis, pol‚ticos e
sociais que uma pessoa possui legitimamente (2001).
36
discrimina…•o e ao cerceamento de direitos de homossexuais”. (CONDE, 2004 p.
115-116)
V‡rias s€o as propostas que tramitam dentro do Congresso Nacional (como os projetos
de lei que visam a criminaliza•€o da homofobia ou a uni€o civil para casais homoafetivos).
Todavia, os outros Poderes federais, estaduais e distritais, dentro de suas caracter‚sticas,
promovem a•ƒes que interferem no cotidiano LGBT: pol‚ticas pŒblicas, portarias de
MinistŽrios, decisƒes judiciais, etc. Contudo, ocorrem conflitos dentro do movimento entre
grupos com visƒes a respeito da identidade e/ou estratŽgias diferenciadas, principalmente em
rela•€o ao distanciamento com outras demandas relativas ‰ base do movimento ou outros
segmentos.
O desafio para este movimento enquanto um ator dentro do processo pol‚tico Ž
conciliar suas atividades de incid„ncia sem se afastar de suas outras demandas, como a
forma•€o e atendimento para sua base. Dentro do conjunto de entidades (ONG’s, coletivos,
grupos, associa•ƒes, federa•ƒes, nŒcleos, etc.) que formam um movimento social como o
LGBT, n€o Ž interessante que todo o grupo tenha como foco principal a incid„ncia nas
institui•ƒes pol‚ticas. – poss‚vel que estes acompanhem o que se desenvolve nesta esfera, a
t‚tulo de promoverem debates, inser•ƒes, cr‚ticas, informar sua base a respeito do que ocorre e
inventar novas maneiras de se fazer pol‚tica: isto independe da estratŽgia que adotam, pois s€o
questƒes que interferem diretamente em suas bandeiras de luta. – uma primeira forma de
controle social a ser exercida por este grupo, que gera atua•ƒes mais complexas como o
advocacy e o controle de pol‚ticas pŒblicas. O diferencial, em se tratando em incid„ncia nos
poderes pŒblicos, depender‡ da estratŽgia da entidade: se essa cr„ na interfer„ncia no processo
pol‚tico-institucional como um meio de se conquistar direitos. Neste quesito Ž importante
ressaltar como que a entidade e o movimento LGBT como um coletivo atuam, como sua
identidade Ž importante para tal fator e quais exemplos podem ser dados dentro desta quest€o.
No Distrito Federal existem v‡rios grupos, coletivos e ONG’s, com diferentes
estratŽgias adotadas, respaldadas principalmente na quest€o da vis€o a respeito da identidade,
das demandas que procuram atender e da sua estrutura. H‡ os que priorizam a atividade de
incid„ncia na pol‚tica como uma de suas atividades principais, ao contr‡rio de outras
entidades que procuram ter maior atua•€o na base do movimento por sua estratŽgia ser de
conferir assist„ncia e refor•ar a identidade destes segmentos n€o atendidos em sua plenitude.
Esta parte da pesquisa visa mostrar o que atualmente as entidades Movimento LGBT
do Distrito Federal fazem a respeito da inser•€o das pautas da milit•ncia no poder pŒblico.
37
Nesta pesquisa, o poder pŒblico ser‡ entendido como as institui•ƒes e ’rg€os dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judici‡rio que s€o constitu‚das para servirem de instrumentos para a
atua•€o do Estado. O foco maior ser‡ conferido ao Poder Executivo e o Legislativo, federal e
distrital. Dentro deste contexto, ser€o abordadas a preocupa•€o de acompanhar e realizar
di‡logos com autoridades pŒblicas e pol‚ticos, participa•ƒes de eventos (como audi„ncias
pŒblicas, reuniƒes, Confer„ncias), presen•a em Conselhos Nacionais ou Distritais e tambŽm
como os entrevistados julgam a receptividade do poder pŒblico para suas pautas. As tentativas
ou articula•ƒes formadas entre as entidades para esta espŽcie de atua•€o ser€o consideradas.
Dentro desta perspectiva de intera•€o entre os atores de um movimento social, deve-se
compreender que existe uma grande pluralidade de indiv‚duos e grupos que se relacionam
para formar a solidariedade e identidade que os unem. A abordagem maior sobre este tema
ser‡ conferida no pr’ximo cap‚tulo, porŽm algumas de suas influ„ncias para as a•ƒes ser€o
tratadas aqui.
38
maior Ž o seu aprofundamento, maior Ž a vontade que a entidade possui de incidir na pol‚tica,
com desenvolvimento de cr‚ticas em rela•€o a este tipo de estratŽgia.
Segundo Patrick Thiago, presidente do MinistŽrio Na•€o —gape, o Movimento LGBT
do DF n€o possui um trabalho coletivo, enquanto movimento social, voltado para a influ„ncia
na pol‚tica instituicional devido a conflitos internos entre entidades. Esta entidade se sente
contemplada pelos trabalhos pol‚ticos realizados pela ABGLT e o Grupo Elos, feito com
muitas dificuldades, assim como com as informa•ƒes que estes e outros aliados transmitem. O
entrevistado fala que n€o possui muito conhecimento para entender as questƒes que se
desenvolvem neste meio para transmitir aos demais membros do MinistŽrio. Esta entidade
entende que Estado e Igreja devem atuar em coopera•€o mŒtua. Logo, a entidade procura se
inserir na milit•ncia em algumas questƒes da esfera pol‚tica, porŽm acabam sendo exclu‚dos
por possuir viŽs religioso, na vis€o do entrevistado. Por isto, o MinistŽrio desenvolve a•ƒes a
n‚vel micro (como conversas, evangelismos, notas) por acreditar que tr‡s um retorno maior e
n€o est‡ suscet‚vel a conflitos oriundos de um grupo maior da milit•ncia.
O grande envolvimento da milit•ncia local em atender as nacionais (como a aprova•€o
do projeto de lei que criminaliza a homofobia, o PLC 122/2006) provoca o esquecimento de
outras demandas da base do movimento no Distrito Federal. Para Felipe Areda, pesquisador
do Nedig, estes s€o espa•os de hiper-representa•€o que geram um conflito de estratŽgias e n€o
se formam pessoas capacitadas para tal tipo de a•€o pol‚tica, como coloca Felipe Areda. A
milit•ncia nacional n€o consegue realizar uma maior influ„ncia e acompanhamento por falta
de “perna”: de pessoas capacitadas. O Nedig n€o realiza tentativas de influenciar o poder
pŒblico por pretender focalizar outras questƒes que n€o est€o vis‚veis ao movimento (por
exemplo, das travestis e transexuais em situa•ƒes de risco). E n€o h‡ este tipo de atividade
porque o Nedig n€o conta nem com estrutura para realizar um acompanhamento maior. Seu
acompanhamento ocorre por meio de pesquisadores que s€o do nŒcleo e trabalham no poder
pŒblico. O tipo de informa•€o transmitida Ž em torno da execu•€o de pol‚ticas pŒblicas e de
projetos financiados principalmente pelo Governo Federal, para se formar parcerias entre as
duas partes.
Ainda na quest€o do “englobamento” da milit•ncia local pela milit•ncia nacional, os
entrevistados do Klaus enxergam que o acompanhamento feito por estas inst•ncias nacionais
Ž falho e n€o h‡ muitos avan•os significativos. Para Luana Gaudad, integrante do Klaus,
existe sim a preocupa•€o de se fazer esse acompanhamento e manter contato direto com o
poder pŒblico, apesar de isto gerar certa desaprova•€o com as demais entidades do
39
Movimento. Uma cr‚tica que a entrevistada faz Ž que, ao invŽs desta entidade ter influenciado
mais, acabou sendo cooptada de uma forma absurda, com o fato de que muitos de seus
integrantes estarem em cargos pŒblicos ap’s esta aproxima•€o. A entrevistada enxerga que
existem outros grupos com aproxima•€o maior com o poder pŒblico, como o Estrutura•€o,
mas que n€o se centram neste foco por realizar trabalhos com a base e outras interven•ƒes.
Quando se depara diante de uma situa•€o em que ultrapasse sua ‡rea de atua•€o, o Klaus leva
a quest€o para entidades com maior poder de influ„ncia.
Por ser uma entidade voltada para a realidade da Universidade de Bra‚lia e por
desconhecimento de como fazer um acompanhamento profundo das a•ƒes tomadas pelo poder
pŒblico, os integrantes do Klaus n€o realizam atividades de influ„ncia e inser•€o no poder
pŒblico. Em rela•€o a este aspecto, os integrantes do grupo s€o informados, durante suas
reuniƒes, a respeito do que acontece no meio pol‚tico, por exemplo, sobre a import•ncia do
PLC 122/2006. E um modo de atuar Ž elaborando notas de repŒdio, que s€o divulgadas entre
os grupos da Universidade de Bras‚lia. Estas informa•ƒes s€o transmitidas por terceiros em e-
mails e pesquisadas na internet, por meio de portais de not‚cias e por portais voltados ao
pŒblico LGBT. Por mais que tenham uma fonte para buscar informa•ƒes, os integrantes
entrevistados enxergam esse processo de uma maneira falha, pois muitas informa•ƒes n€o s€o
repassadas, como a campanha contra DST/Aids feita pelo GDF no carnaval em 20106 .
A vis€o de AndrŽia Augusta, da Coturno de V„nus, mostra que o nŒmero de demandas
direcionadas ao Movimento LGBT Ž muito grande. Por mais que existam entidades do
movimento voltadas para realizar os mais diversos tipos de a•ƒes, as demandas s€o tantas que
as entidades existentes n€o conseguem supri-las. – o t‚pico trabalho que o Governo deveria
fazer. Diante desta situa•€o, a Coturno realiza o empoderamento de mulheres para gerarem
uma descentraliza•€o das atividades realizadas e levar a atua•€o em outros espa•os sociais.
Mesmo com esta estratŽgia, a Coturno, de acordo com a entrevistada, realiza participa•ƒes
pontuais (n€o apenas na causa LGBT, mas em outras questƒes que se enquadrem no valor da
ONG) pois s€o a•ƒes que interferem diretamente em suas vidas e deve-se questionar medidas
pol‚ticas existentes. Exemplos de a•ƒes durante as quais houve interfer„ncia da Coturno e
acompanhamento foram o processo de tramita•€o do Regime Previdenci‡rio dos Servidores
do DF, na C•mara Legislativa. A Coturno de V„nus, conforme a entrevistada relata,
6
O Governo do Distrito Federal elaborou uma sŽrie de v‚deos a respeito da transmiss€o de DST/AIDS durante o
carnaval. O conteŒdo era a respeito de casais que saiam para festas e o tema abordado era a preven•€o. Um
destes era um casal homossexual. Contudo, estes v‚deos n€o foram veiculados em grandes m‚dias: ficaram
restritos ao site Youtube e sua divulga•€o ficou restrita ‰ grupos de e-mail de entidades LGBT’s, segundo Luana
Gaudad.
40
participou da constru•€o conjunta junto aos outros movimento sociais, a CUT e l‚deres
pol‚ticos. A quest€o dos LGBT’s foi inserida, porŽm vetada pelo Governador do DF. O veto
da proposi•€o foi apreciado pela CLDF, onde foi proposta uma nova reda•€o e este conjunto
de atores pol‚ticos conseguiu que esta fosse aceita.
As entidades do DF com maiores atividades de incid„ncia no poder pŒblico, dentre as
entrevistadas, s€o o Grupo Estrutura•€o, o Grupo Elos e a Federa•€o LGBT do DF e Entorno.
S€o grupos que desenvolvem trabalhos de influ„ncia em algumas institui•ƒes pol‚ticas, do
Poder Executivo e Legislativo do DF, principalmente. Apesar da necessidade, estas entidades
n€o possuem mŽtodos estabelecidos para fazer um acompanhamento: as informa•ƒes que
recebem tambŽm s€o transmitidas por terceiros (pol‚ticos parceiros, contatos que trabalham
em ’rg€os pŒblicos, pessoas ligadas a outros movimentos sociais, etc.) ou quando uma
demanda surge para a entidade. V‡rias entidades do Movimento LGBT do DF foram
recentemente criadas. Muitas n€o possuem estrutura f‚sica para manter suas atividades e o
conhecimento de como incidir no poder pŒblico Ž limitado: alŽm deste tipo de a•ƒa n€o ser de
conhecimento de muitos, o modo de fazer esta a•€o Ž pouco partilhada. Em n‚vel de DF,
Welton Trindade, do Estrutura•€o, coloca que este tipo de atividade n€o Ž realizada por todas
as entidades do movimento porque est€o em diferentes est‡gios de organiza•€o. Existem
muitos grupos e ONG’s que est€o se estruturando recentemente, e ainda lhes falta a
maturidade para atuar enquanto milit•ncia. – um fator que tambŽm, para o entrevistado, pode
ser considerado para que o Movimento LGBT do DF como um todo tenha dificuldades para
realizar este tipo de a•€o pol‚tica. Jaqueline Jesus, da Federa•€o LGBT, argumenta que o
Movimento LGBT do DF precisa se profissionalizar e de estrutura para suas atividades, fator
que atrapalha o desenvolvimento de outras a•ƒes, por exemplo, de fazer com que as entidades
que ainda n€o realizam este tipo incid„ncia possam atuar. Aos poucos, segundo a entrevistada,
este conhecimento Ž partilhado aos membros da Federa•€o, principalmente durante as
atividades corriqueiras, como a solicita•€o de financiamento pŒblico para alguma atividade.
Os grupos do Movimento LGBT se mostram preocupados n€o apenas com o processo
pol‚tico, como tambŽm em rela•€o a como o governo ser‡ estabelecido ap’s as elei•ƒes. Para
as elei•ƒes de 2010, os grupos Estrutura•€o e Elos promovem campanhas pelo “Voto LGBT”:
conscientizar os eleitores LGBT’s para votar em candidatos que sejam declaradamente a favor
da causa. O Estrutura•€o lan•ou esta campanha em seu site e divulga a todos os seus
parceiros. O Grupo Elos faz esta campanha principalmente em regiƒes freq‹entadas por
LGBT’s que vivem em cidades-satŽlites da periferia do DF. PorŽm, na pesquisa n€o foi
41
constatada qualquer relação entre as duas campanhas: se elas forma feitas em conjunto ou
possuem qualquer espécie de ação coordenada entre estas duas entidades.
A seguir, serão expostas formas de atuação do Movimento LGBT do DF no
Legislativo e Executivo, federal como distrital.
42
Um dos primeiros exemplos a serem considerados de atua•€o da Milit•ncia no
Legislativo do DF foi para a aprova•€o do PL 951 de 19997 , dos ent€o Deputados Maria JosŽ
Maninha (PT), LŒcia Carvalho (PT), Chico Floresta (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) que
determina san•ƒes ‰s pr‡ticas discriminat’rias em raz€o da orienta•€o sexual. Este projeto
prev„ san•ƒes, sem preju‚zo de outras de natureza civil ou penal, aos estabelecimentos
comerciais, industriais, de presta•€o de servi•os e aos ’rg€os e entes da administra•€o pŒblica
do DF que, por seus agentes, empregados, dirigentes, propaganda ou qualquer outro meio,
promoverem ou permitirem a discrimina•€o de pessoas em virtude de sua orienta•€o sexual.
Welton Trindade e Jaqueline Jesus (quando era do Estrutura•€o) relatam que esta proposi•€o
foi elaborada com sugestƒes da ONG. Com ajuda de deputados parceiros, muita articula•€o
pol‚tica e press€o, a proposi•€o foi aprovada na CLDF.
O Grupo Estrutura•€o, desde sua cria•€o, realizou v‡rias a•ƒes de advocacy. A
cobran•a pela atua•€o a n‚vel federal foi um processo pelo qual o Estrutura•€o sofreu. Welton
Trindade, integrante desta ONG, relata que o Estrutura•€o tentava acompanhar as pautas
nacionais e distritais, e incidir nas duas esferas. Havia dificuldade de atua•€o por n€o existir
uma estrutura nem pessoas capacitadas para tanto. H‡ cerca de seis anos, a ABGLT se tornou
mais ‡gil e efetiva na atua•€o na esfera pol‚tica nacional, pr’pria dela, para o entrevistado.
Diante desta situa•€o, o Estrutura•€o entendeu que era o momento ideal para n€o interferir
nesta demanda, a necessidade de um acompanhamento federal do Movimento. A partir desta
situa•€o, o grupo voltou-se para atua•€o no Distrito Federal, para adequar-se ‰ sua miss€o.
Ainda que haja este foco local, h‡ defici„ncias neste tipo de a•€o, pois n€o existe uma equipe
especializada neste quesito dentro do Estrutura•€o nem parcerias formalizadas: segundo
Welton, geralmente as a•ƒes de advocacy ocorrem quando a ONG Ž avisada por parceiros das
mais diversas ‡reas (sindicalistas, educadores, assessores parlamentares, etc.). – uma maneira
indireta de promover a mobiliza•€o do grupo para estas questƒes.
O Grupo Elos, nas palavras de Evaldo Amorim, esfor•a-se para realizar as a•ƒes de
advocacy dentro de sua vis€o de garantir politicamente os direitos LGBT’s, em meio a outras
atividades de base que o grupo desenvolve e a disputas e conflitos internos ao Movimento. O
entrevistado Ž Coordenador da ABGLT no DF, o que facilita a inser•€o do grupo nas questƒes
pol‚ticas. Um parceiro do Elos para a realiza•€o de incid„ncia pol‚tica Ž a Federa•€o LGBT
do DF e Entorno (a qual o Elos faz parte). A Federa•€o auxilia a constru•€o dos direitos
LGBT por meio de suas articula•ƒes entre seus integrantes para promover a•ƒes que
7
Esta proposi•€o foi aprovada e sancionada em 10/11/2000, tornando-se a Lei Distrital n˜ 2.651, de 26 de
outubro de 2000. PorŽm, esta lei n€o foi regulamentada pelo Poder Executivo atŽ ent€o.
43
proporcionem o di‡logo da milit•ncia com o Poder PŒblico, investida deste status de
federa•€o. Em contrapartida, Jaqueline Jesus, presidente da Federa•€o LGBT, entende que
ainda falta forma•€o na base para que as a•ƒes possam ser melhor compreendidas e outras
realizadas. A mobiliza•€o do Grupo Elos para a aprova•€o do PL 2.406 de 20068 , da
Deputada Distrital –rika Kokay, foi um exemplo de como esta entidade se inseriu no
Legislativo distrital. A proposi•€o institui o dia 17 de maio no calend‡rio oficial do Governo
do Distrito Federal como o “Dia de Combate ‰ Homofobia no Distrito Federal”. O Grupo
Elos, na elabora•€o de sua estratŽgia, detectou que os parlamentares da CLDF tinham a
necessidade de saber a respeito da tem‡tica LGBT. O Grupo decidiu por oferecer subs‚dio a
todos os deputados desta Casa Legislativa: entregou em todos os gabinetes um of‚cio com um
pedido de voto a favor quando a proposi•€o fosse votada em Plen‡rio e um exemplar dos
anais da Confer„ncia Nacional LGBT. Outra a•€o que sugerida pelo Elos foi o envio de e-
mails aos deputados distritais, pedindo a aprova•€o deste projeto de lei. A articula•€o foi feita
com a Deputada –rika Kokay e seu gabinete, que pediu para o projeto ser votado na semana
seguinte que a a•€o do Elos foi feita. E a proposi•€o foi aprovada e sancionada.
Uma a•€o recente de advocacy no Legislativo que necessitou a coordena•€o de v‡rias
entidades foi para a aprova•€o do PLC 90 de 2008 de autoria do Poder Executivo, que
“Reorganiza e unifica o Regime Pr’prio de Previd„ncia Social do Distrito Federal
(RPPS/DF), estendendo os benef‚cios previstos neste regime aos parceiros e parceiras dos
indiv‚duos segurados pelo RPPS/DF”. Esse projeto de lei complementar visa a alterar os arts.
12 e 58 da Lei Complementar n˜ 769 de 30 de Junho de 2008, que estabelece o Regime
Previdenci‡rio dos servidores pŒblicos do DF. Uma nova proposi•€o foi apresentada para
alterar esta lei, e esta nova proposi•€o recebeu uma emenda que estendia o benef‚cio
previdenci‡rio ao parceiro ou parceira (incluindo os parceiros homoafetivos, com estabilidade
no relacionamento comprovada), e ao filho do casal. PorŽm, a inser•€o de tem‡ticas LGBT
nesta proposi•€o n€o foi feita por entidades do Movimento LGBT: a CUT (Central šnica dos
Trabalhadores) do DF foi quem apresentou a proposta de incluir os parceiros dos servidores
que mantŽm relacionamentos homoafetivos. O Estrutura•€o foi comunicado desta a•€o depois
que a proposi•€o encontrava-se em tramita•€o. V‡rias entidades do Movimento LGBT do DF
se mobilizaram para a aprova•€o deste projeto de lei complementar, como o Estrutura•€o, a
Coturno de V„nus e a Sapataria. No decorrer da tramita•€o, uma emenda foi apresentada para
que a admissibilidade e o mŽrito das partes da proposi•€o que envolvessem a tem‡tica LGBT
8
Esta proposi•€o foi aprovada e sancionada em 28/07/2009, tornando-se a Lei Distrital n˜ 4.374, de 28 de julho
de 2009.
44
fossem suprimidas do texto e apreciadas depois . Contudo, o processo de entendimento da
tramita•€o e forma•€o de estratŽgias para agir foi confuso. Jaqueline Jesus (Federa•€o LGBT
do DF e Entorno) diz que houve uma discuss€o para se entender porque ir contra a emenda
supressiva e o seu conteŒdo. Muitos n€o entendiam o que havia sido proposto e se colocavam
a favor da emenda, sendo que o Movimento deveria ser contr‡rio. A entrevistada sentiu que
n€o houve um acompanhamento de uma parte do processo, e, por causa da desaten•€o, a
emenda supressiva encontrava-se na Ordem do Dia. Passaram v‡rias Comissƒes onde haviam
deputados parceiros, que deixaram isto tramitar e n€o perceberam.
O projeto foi aprovado na C•mara Legislativa, mesmo com a resist„ncia da bancada
religiosa da CLDF, e seguiu para san•€o do ent€o Governador JosŽ Roberto Arruda. O
Governador vetou a extens€o dos direitos previdenci‡rios por v‚cio de iniciativa (a proposta
n€o deveria ter sido apresentada pela CUT, mas sim pelo Executivo). Ap’s negocia•ƒes com
o Executivo e com o Governador do DF, a milit•ncia LGBT do DF conseguiu que um novo
projeto fosse apresentado com a mesma tem‡tica, sem o risco de ser considerado
inconstitucional. Este projeto foi aprovado, com a mesma resist„ncia da bancada religiosa,
para ser sancionado.
Tanto no Legislativo Federal quanto no Executivo Federal, a entidade que Ž mais
convidada para participar em eventos promovidos por estes Poderes Ž a ABGLT, por ser a
entidade que se coloca como representante a n‚vel nacional da milit•ncia. Nem todas as
entidades LGBT’s do DF s€o chamadas para participar de eventos a n‚vel nacional, porŽm as
entidades, quando informadas, sempre se preocupam em mobilizar seus membros para
participar destes eventos, como o Klaus e o MinistŽrio Na•€o —gape
No Legislativo Federal, a C•mara dos Deputados Ž a Casa que mais promove eventos
voltados para debater a tem‡tica LGBT em parceria com a Frente Parlamentar Pela Cidadania
GLBT, como o Semin‡rio Nacional LGBT, evento que convida entidades do DF como o
Estrutura•€o, a Coturno de V„nus e a Federa•€o LGBT do DF e Entorno para participar.
Realidade diferente possui o Senado Federal, onde a discuss€o fica restrita ‰ audi„ncias
pŒblicas pedidas pela tramita•€o de uma proposi•€o ou nos discursos dos Senadores. Um
exemplo de evento da C•mara organizado em parceria com a ABGLT,Ž o Semin‡rio LGBT,
realizado no m„s de junho e em 2010 entrou em sua sŽtima edi•€o.
As entidades LGBT do DF que tem a maior presen•a neste tipo de evento, como
convidadas, s€o o Estrutura•€o e a Coturno de V„nus. A maior presen•a do Estrutura•€o
ocorreu entre 2002 e 2006, per‚odo no qual este grupo ainda tinha a incid„ncia no poder
45
Legislativo federal em seu foco. Exemplos de suas participação foram na Campanha pela
valorização dos direitos humanos na televisão - "Quem financia a baixaria é contra a
cidadania"; convite para o debate sobre gênero na Comissão Especial destinada a acompanhar
e estudar propostas de Políticas Públicas para a Juventude, em 2004; debates promovidos por
programas da TV Câmara; e a organização do 12º Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e
Transgêneros (EBGLT) nas dependências da Câmara. A Coturno de Vênus participou entre
2007 e 2008 em situações como debates promovidos pela TV Câmara e no lançamento do
livro "Legislação e Jurisprudência LGBTTT", em um seminário organizado pela Frente
Parlamentar Pela Cidadania GLBT em 2007.
No DF, a Câmara Legislativa realiza sessões solenes para homenagear o Dia do
Orgulho LGBT (28 de junho) e da Visibilidade Lésbica (29 de agosto), de iniciativa da
Deputada Distrital Érika Kokay, apontada pelos entrevistados como uma importante parceira
dentro da CLDF. Várias entidades do DF já foram convidadas para compor a Mesa nestas
sessões, como o Klaus, o Estruturação, a Coturno de Vênus, a Sapataria, o Grupo Elos, entre
outras. Contudo, não existem outras iniciativas que sejam realizadas fora destas duas datas
específicas.
46
LGBT promovem reuniƒes com autoridades do Governo do Distrito Federal para reivindicar
a•ƒes destes. Estas reuniƒes s€o promovidas principalmente pelas entidades que possuem a
influ„ncia na pol‚tica como uma de suas estratŽgias. AlŽm das manifesta•ƒes e protestos, estas
iniciativas visam sensibilizar os tomadores de decis€o para auxiliar na promo•€o da cidadania
LGBT. As Secretarias no qual a milit•ncia LGBT possuem maior contato s€o a de Justi•a,
Direitos Humanos e Cidadania (Sejus), de Educa•€o, de SaŒde, de Turismo e a de
Desenvolvimento Social e Transfer„ncia de Renda (Sedest).e da Cultura em prol da promo•€o
da diversidade sexual e de g„nero.
Assim como no Legislativo Federal, as entidades LGBT do DF n€o atuam diretamente
no Poder Executivo Federal. Adicionado a isto, h‡ a prefer„ncia das entidades pela atua•€o no
Governo do Distrito Federal. Ainda que haja a vontade de atuar no DF, os entrevistados
indicam que tambŽm existem dificuldades de se manter o di‡logo, pelos mesmos motivos
apontados nas dificuldades com o Legislativo distrital; e existem a•ƒes atŽ dentro do Governo
que visam travar os avan•os atingidos. O di‡logo com o Executivo distrital Ž recente: os
entrevistados relatam que durante o governo de Joaquim Roriz (janeiro de 1999 – abril 2006)
e de Maria de Lourdes Abadia (abril 2006 – dezembro 2006) praticamente n€o havia abertura
para o di‡logo com o Movimento do DF; situa•€o que se tornou melhor durante o governo de
JosŽ Roberto Arruda ( janeiro 2007 – janeiro de 2010), atŽ o momento da crise que culminou
na sua renŒncia. No entanto, algumas entidades auxiliam a ABGLT nas conversas e eventos
que s€o organizados para promover a sensibiliza•€o deste Poder, como a 1Š Marcha Nacional
contra a Homofobia, realizada em maio de 2010. A organiza•€o da Marcha contou com apoio
no DF de deputados distritais, da Sedest e da Sejus. E organiza•€o que contou com o auxilio
na organiza•€o e apoio de entidades como o Elos, Acos (atuando como organizadores), Glif,
Integra•€o, Femube/LGBT, Solidariedade e ANAV/Trans.
O Estrutura•€o realiza reuniƒes com as Secretarias do Governo distrital. Uma
iniciativa recente foi a apresenta•€o do “Indicador Cinza”, em abril de 2010, para a Sejus.
Criado por este grupo, o indicador visa ‰ mensura•€o do n‚vel de apura•€o e julgamentos de
crimes cometidos contra LGBT’s do DF. A reuni€o foi para elogiar o trabalho realizado na
apura•€o e puni•€o destes crimes e cobrar que a apura•€o dos demais crimes cujos acusados
n€o tenham sido punidos. O Grupo Elos e a Federa•€o LGBT realizam contatos com o
47
Governo do Distrito Federal em rela•€o ‰ implementa•€o do programa “Bras‚lia sem
Homofobia” 9 e pelo financiamento do “Paradas da Diversidade nas Cidades”.
Na esfera distrital, medidas s€o tomadas pelo poder pŒblico e que s€o reflexos da
influ„ncia deste movimento social. Uma medida recente foi uma portaria publicada pela
Secretaria de Educa•€o do DF em fevereiro de 2010 em que permitiu o uso do nome social de
travestis e transexuais nas escolas de ensino pŒblico do DF. Esta medida foi fruto de
interven•ƒes em prol da diversidade sexual no ambiente escolar que entidades militantes do
Movimento LGBT promoveram. O Estrutura•€o elaborou, em 2009, estudos que reuniram
portarias e decisƒes a respeito de Estados e cidades brasileiras que haviam adotado esta
medida em suas escolas pŒblicas e a import•ncia desta medida. A Federa•€o LGBT, em
fevereiro de 2009, entregou ao Conselho Distrital de Promo•€o e Defesa dos Direitos
Humanos do Distrito Federal (CDPDDH) um of‚cio reclamando a•ƒes formais para averiguar
a atua•€o dos respons‡veis pela Educa•€o do Distrito Federal no combate ‰ discrimina•€o
contra LGBT e na valoriza•€o da diversidade sexual nas escolas.
Outra a•€o que surgiu a partir da sensibiliza•€o das autoridades pŒblicas do GDF foi a
cria•€o do NŒcleo de Aten•€o a Diversidade e Enfrentamento a Discrimina•€o Sexual, –tnico
Racial e Religiosa (Nudin), sob tutela da Sedest. A fun•€o deste nŒcleo Ž garantir a
diversidade e promover o enfrentamento ‰ intoler•ncia sexual, religiosa e racial, com o
recebimento de denŒncias de intoler•ncia e preconceito. Criado no in‚cio de 2009, Ž
importante ressaltar que o Nudin estabeleceu parcerias com o Grupo Elos, Nedig e a
Anav/Trans. Outra iniciativa fruto do processo de sensibiliza•€o por meio de protestos e da
visibilidade foi o financiamento das Paradas do Orgulho LGBT do DF e das Cidades-SatŽlites
feito pela Bras‚liaTur, empresa pŒblica distrital ligada ‰ Secretaria de Turismo, que
reconheceu este evento como promotor do turismo do DF.
9
O Plano Distrital de Pol‚ticas PŒblicas LGBT, come•ou a ser idealizado no ano de 2007. Em junho de 2007, a
minuta do programa foi apresentada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), no qual mostrou que
este programa fora elaborado com base no “Brasil em Homofobia”, programa do Governo Federal lan•ado em
2004. Em 2008, para a execu•€o do programa, foi previsto no or•amento do DF R$ 6.900, que n€o foram
utilizados. No mesmo ano, a ent€o presidenta da Comiss€o de Direitos Humanos da C•mara Legislativa, Erika
Kokay, solicitou para a Assessoria TŽcnica de Projetos da Sejus a cria•€o de um grupo de trabalho que analisaria
esta proposta inicial oriunda do Governo. A partir desta proposta, o ent€o Governador do Distrito Federal, JosŽ
Roberto Arruda, expediu um decreto para compor um grupo de trabalho, denominado como “Bras‚lia sem
Homofobia, com o objetivo de fazer an‡lises, propor diretrizes e sugestƒes para este programa. A princ‚pio, o
grupo de trabalho contaria com representantes da Secretaria de SaŒde; de Educa•€o; da Sejus; da Sedest;
Seguran•a PŒblica; de Cultura; e de Desenvolvimento Econ‘mico e Turismo. Como convidados, participariam
representantes da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presid„ncia da RepŒblica; da Comiss€o de
Direitos Humanos da C•mara Legislativa do DF; do MinistŽrio PŒblico local; da Associa•€o LŽsbica Feminista
Coturno de V„nus; da A•ƒes Cidad€s em Orienta•€o Sexual; da ONG Harpazo – Movimento Crist€o pela
Diversidade, e do Grupo Estrutura•€o. Desde ent€o, o grupo de trabalho n€o foi formado, e programa encontra-
se no rol de iniciativas do GDF voltadas para a tem‡tica LGBT, porŽm sem execu•€o.
48
5.3.1 Conselhos de Políticas Públicas
49
demandas do movimento, apesar das tentativas desta estrutura ser institu‚da no DF. Por isto
que as entidades entrevistadas tem atua•€o em conselhos de outras tem‡ticas.
O Klaus, o MinistŽrio Na•€o —gape (por terem estratŽgias voltadas para a base do
movimento) e a Federa•€o LGBT do DF e Entorno (seu objetivo Ž agregar e fortalecer
entidades) n€o participam de qualquer Conselho. O Nedig j‡ foi chamado para participar de
uma reuni€o do Conselho de Entorpecentes do Distrito Federal. Sua participa•€o foi para
apontar como a diversidade sexual Ž importante neste tema. PorŽm, Felipe Areda n€o sabe
dizer se seria de interesse dos demais membros do Nedig em participar destes Conselhos. O
Elos possui participa•€o no Conselho Distrital da Mulher.
Desde a cria•€o do Conselho Distrital de Promo•€o e Defesa Direitos Humanos, o
Estrutura•€o faz parte deste Conselho, conforme Michel Platini. Este grupo participa de
outros conselhos a n‚vel distrital, como o de Negros. A Coturno de V„nus j‡ teve
participa•ƒes em Conselhos Distritais, como o Conselho Distrital de Promo•€o e Defesa dos
Direitos Humanos. Mas atualmente n€o est‡ presente nestes espa•os, somente em f’runs da
sociedade civil para temas relacionados ‰s mulheres, com o F’rum de Mulheres Negras e o
F’rum de Entidades de Direitos Humanos.
A proposta para a cria•€o de um Conselho de Combate ‰ Discrimina•€o e Defesa dos
Direitos LGBT foi feita em 2007, pelo ent€o Secret‡rio de Justi•a, Raimundo Ribeiro, em um
semin‡rio realizado pela Associa•€o da Parada do Orgulho Gay. Desde ent€o, entidades como
o Estrutura•€o, o Grupo Elos e a Federa•€o LGBT do DF e Entorno procuram articular com o
poder pŒblico para a cria•€o deste Conselho por meio de conversas com Secret‡rios, estudos
ou reivindica•ƒes na Parada do Orgulho LGBT, como tema principal realizada em 2008.
Entre os anos de 2008 e 2010, estas tr„s entidades se reuniram com os Secret‡rios de Justi•a
do DF que ocuparam o cargo a fim de que este conselho fosse instaurado. O Grupo
Estrutura•€o apresentou estudos com modelos de Conselhos LGBT’s que foram
implementados em outras cidades e Estados e que poderiam ser implementados no DF.
O Elos e a Federa•€o LGBT, para consolidar esta proposta do Conselho com as
demais entidades, coordenaram o retorno do F’rum LGBT do DF. Esta etapa do f’rum contou
com a participa•€o do Estrutura•€o, da Sapataria, MinistŽrio Na•€o —gape e outras entidades
parceiras integrantes da Federa•€o. A necessidade de um f’rum era uma exig„ncia da Sejus
para que a proposta do Conselho viesse de um Movimento LGBT organizado coletivamente.
Segundo relatos de Evaldo Amorim (Grupo Elos), a decis€o para constru•€o do projeto de
decreto para o Conselho foi consensuada. Quando o decreto de instala•€o do Conselho estava
50
prestes a ser publicado pelo Governador, surgiram denŒncias que deflagraram uma crise
pol‚tica no GDF, o que provocou a renŒncia do Governador e seu Vice. Evaldo diz que haver‡
uma tentativa de reativa•€o deste f’rum para que a retomada da reivindica•€o possua um
maior nŒmero de participantes e atingir uma maior quantidade de entidades, para se atingir
uma decis€o tomada por um “coletivo”.
51
Confer„ncia Ž tema de pauta de luta de entidades com o Estrutura•€o, Grupo Elos e a
Federa•€o LGBT do DF e Entorno, e a falta dessa concretiza•€o foi lembrada pelo MinistŽrio
Na•€o —gape.
52
gestores e pol‚ticos ou quando h‡ um destes sensibilizados na esfera de poder. Figuras como
Governo Federal e o Presidente da RepŒblica se colocam como promotores da diversidade,
mas o entrevistado v„ que isto n€o passa de tentativas de angariar votos, que n€o se traduzem
em medidas de fato. Muito se bate na porta, mas pouco Ž feito: Ž o entendimento do
entrevistado.
Luana Gaudad, tambŽm do Klaus, entende que a postura do poder pŒblico Ž
insatisfat’ria, mas n€o sabe se Ž assim realmente por n€o ver que exista uma preocupa•€o
institucional em rela•€o ‰ comunidade LGBT. Apesar disto, a entrevistada sabe que esta
discuss€o cresceu mundialmente e Ž mais aceita, muito mais do que outros grupos como os
negros e os direitos sexuais e reprodutivos.
Como um fator que corrobora para a receptividade do poder pŒblico ser pouco
satisfat’ria, a recusa de gestores pŒblicos em receber os militantes LGBT’s Ž citada por
Michel Platini, do Estrutura•€o. O entrevistado relata que se o movimento for tentar propor
algo sozinho, n€o consegue avan•os. Outro fator Ž que existem gestores que n€o querem
receber militantes porque n€o querem se comprometer com uma ONG voltada a LGBT’s. Um
exemplo que o entrevistado se referiu foi sobre o Conselho Distrital de Defesa dos Direitos
LGBT. Houve a recusa por se adotar este nome, por parte do secret‡rio de Governo, pelo fato
desta autoridade praticar a religi€o cat’lica e querer que o nome seja alterado para Conselho
de Orienta•€o Sexual.
Ainda nesta linha da postura do Governo do Distrito Federal, Welton Trindade,
tambŽm integrante do Estrutura•€o, afirma que nesta inst•ncia n€o h‡ abertura para
negocia•ƒes. Aos poucos, seu grupo vem estabelecendo contatos com a Secretaria de
Educa•€o e com a Subsecretaria de Cidadania (vinculada ‰ Sejus). Contudo, sem grandes
avan•os. No Governo Federal existem avan•os; contudo, s€o mais promessas que medidas
efetivas.
Evaldo Amorim, do Grupo Elos, coloca que as iniciativas realizadas pelo poder
pŒblico precisam ser valorizadas, como o Plano Nacional de Pol‚ticas PŒblicas LGBT e o
esfor•o de alguns MinistŽrios para aplicar os planos governamentais e pol‚ticas pŒblicas, e
tambŽm para agregar a tem‡tica LGBT em sua estrutura, como fazem o MinistŽrio da
Educa•€o e da Previd„ncia Social. O que falta Ž a disposi•€o pol‚tica para o repasse de
recursos financeiros necess‡rios para a execu•€o destas medidas e pessoas qualificadas para
trabalhar nas questƒes LGBT’s. N€o s’ dentro do Governo como tambŽm na pr’pria
milit•ncia, que perde o foco de sua atua•€o por causa na „nfase em seus conflitos internos. O
53
entrevistado coloca que o Governo, de uma maneira geral, est‡ avan•ando; ao mesmo tempo,
o entrevistado sente a sensa•€o que est‡ travando. E est‡ travando porque tem gente dentro do
pr’prio Governo, do poder pŒblico, que faz quest€o de travar.
Pela estrutura que o Governo Federal possui, Patrick Thiago (MinistŽrio Na•€o
—gape) coloca que o poder pŒblico atŽ pode receber o Movimento LGBT, mas isto n€o quer
dizer que se reverta em alguma medida.
Jaqueline Jesus, da Federa•€o LGBT do DF e Entorno, preferiu n€o responder a pergunta por
entender que dentro de cada esfera pol‚tica existem uma realidade diferente. Para a
entrevistada, o Poder Legislativo Ž o pior por ser mais conservador. J‡ o Executivo possui
iniciativas como o Plano Nacional de Pol‚ticas PŒblicas LGBT e existem articula•ƒes sendo
estabelecidas nesta esfera. Entretanto, h‡ muita coisa a ser feita: existem iniciativas isoladas e
o relacionamento com o Executivo poderia ser melhor.
Os entrevistados foram ainda questionados para apontar quais os poderes mais
receptivos dentro do poder pŒblico. Como as entidades do Movimento LGBT realizam
contatos com institui•ƒes de v‡rios Poderes, a inten•€o foi verificar qual a esfera que possui
maior receptividade na vis€o dos entrevistados. Isto Ž, em rela•€o aos demais, o
questionamento visa fazer um comparativo entre estas esferas de modo a aferir qual se
apresenta mais receptiva. O mais escolhido como receptivo ‰s tem‡ticas LGBT foi o Poder
Executivo Federal e, em seguida, o Poder Judici‡rio.
O Poder Executivo Federal Ž mais receptivo porque promovem mais debates, aponta
Luana Gaudad (Klaus). Por mais que sejam em dias festivos, os debates s€o realizados. E
sempre que alguma a•€o do GDF Ž feita, sempre tem apoio de algum ministŽrio federal. O
MinistŽrio da SaŒde tambŽm se mostra interessado, como no caso do debate sobre a Pol‚tica
de SaŒde LGBT. AtŽ em interven•ƒes promovidas pela UnB tem pessoas que trabalham em
ministŽrios. – uma presen•a que faz acreditar que as pessoas que trabalham nestes ministŽrios
est€o envolvidas na causa.
Michel Platini e Welton Trindade, ambos do Estrutura•€o, ressaltam as a•ƒes
concretas realizadas pelo Poder Executivo Federal, como o programa “Brasil sem
Homofobia”, coordenadorias voltadas para o assunto e a Secretaria Especial de Direitos
Humanos. O fator das estruturas existentes e iniciativas tambŽm Ž dito por AndrŽia Augusta.
Evaldo Amorim aponta que o governo de Luis In‡cio Lula da Silva foi o primeiro governo a
conferir um olhar mais cuidadoso na popula•€o LGBT
54
Quanto ao Judici‡rio, esta esfera foi lembrada por ser a pioneira nas decisƒes judiciais,
com ju‚zes que s€o receptivos ‰ causa LGBT por suas decisƒes demonstrarem que suas
decisƒes, muitas vezes s€o realizadas sem o holofote da visibilidade. Isto favorece porque o
caso s’ Ž divulgado quando j‡ foi julgado, diferente do Legislativo, onde suas proposi•ƒes
ganham visibilidade em sua tramita•€o e h‡ maior possibilidade de demoras e altera•ƒes.
Os grupos entrevistados, portanto, ressaltam a import•ncia da esfera pol‚tica dentro de
suas estratŽgias particulares, mesmo que nem todos procurem realizar incid„ncia no poder
pŒblico. – not’rio ressaltar que nas a•ƒes aqui apresentadas foram exemplificadas situa•ƒes
em que a•ƒes pol‚tica foram tomadas em conjunto e outras foram feitas de modo isolado
(ainda que fossem a•ƒes semelhantes). Na pr’xima sess€o, estas formas de atividades de
incid„ncia na pol‚tica ser€o analisadas para se buscar como que este movimento se articula
politicamente para tais a•ƒes, inclusive utilizando para esta an‡lise a realiza•€o de outras
atividades como protestos e a Parada do Orgulho LGBT.
A princ‚pio a Parada do Orgulho LGBT foi concebida para ser um evento de car‡ter
pol‚tico de visibilidade, reivindica•€o de direitos e fim dos preconceitos. A Parada Ž a
demonstra•€o para a sociedade que os LGBT’s existem, e Ž importante que as entidades
atuem de alguma forma para a sua constru•€o. No Brasil, a Parada do Orgulho LGBT Ž
considerada como o principal mecanismo de reivindica•€o perante o poder pŒblico. Este
protesto deve ser compreendido tambŽm como um recurso usado para influenciar a pol‚tica-
institucional (com as reivindica•ƒes feitas) e para a forma•€o pol‚tica dos LGBT’s. Portando,
a Parada do Orgulho LGBT pode ser interpretada como instrumento para incidir no poder
pŒblico, demonstra•€o de visibilidade para a sociedade, um meio de articula•€o interna para
sua concep•€o e de forma•€o pol‚tica para os LGBT’s.
Existem tr„s eventos organizados com este intuito pol‚tico (forma•€o pol‚tica do
invid‚duo e influ„ncia no poder pŒblico) e de garantir visibilidade ao Movimento LGBT: a
Parada do Orgulho LGBT de Bras‚lia, a Parada do Orgulho LGBT nas Cidades SatŽlites e a
Caminhada LŽsbica. Para a realiza•€o destes eventos, Ž preciso que se mobilize uma log‚stica
para articular sua constru•€o. Ressalta-se que, apesar da Parada do Orgulho LGBT de Bras‚lia
ser a maior em termos de quantidade de pessoas presentes e ter maior nŒmero de edi•ƒes, n€o
s€o todas as entidades que atuam para sua constru•€o. – comum que as entidades tenham
55
maior lideran•a em algum destes eventos, o que n€o veda que, quando necess‡rio, uma
entidade confira suporte ‰ outra. A Parada LGBT de Bras‚lia Ž organizada pela Associa•€o da
Parada do Orgulho LGBT e o Estrutura•€o. As Paradas nas Cidades est€o sob a tutela da
Alian•a LGBT, Federa•€o LGBT do DF e Entorno e Grupo Elos. E a Caminhada LŽsbica Ž
organizada pela Coturno de V„nus. O financiamento das Paradas de Bras‚lia e das Cidades
dos anos de 2009 e 2010 foi solicitado por meio da Associa•€o do Orgulho LGBT de Bras‚lia
frente ao Governo do Distrito Federal. As verbas foram conferidas pela Bras‚liaTur.
H‡ criticas a respeito da Parada que afirmam a perda de seu car‡ter pol‚tico e de n€o
ter for•a para ser um mecanismo reivindicativo perante as autoridades do poder pŒblico.
.Nesta pesquisa, o primeiro viŽs ser‡ relatado, pois existem muitas cr‚ticas em torno da perda
do car‡ter pol‚tico da Parada do Orgulho LGBT, que relatam que este evento se tornou um
“carnaval”, ao invŽs de ser “pol‚tico”, no sentido de influenciar as institui•ƒes pol‚ticas, e que
este evento n€o gera conquistas ao Movimento LGBT..
Welton Trindade, do Estrutura•€o, entende que a Parada do Orgulho LGBT Ž um
instrumento n€o apenas voltado para a pol‚tica institucional, mas tambŽm contem uma nova
forma de fazer pol‚tica, n€o restritiva: ajuda na forma•€o pol‚tica do LGBT, tocante ao
psicol’gico do indiv‚duo. O entrevistado entende que a Parada transcende a condi•€o de ser
instrumento pol‚tico-institucional, pois quando se reivindica direitos em um protesto, n€o se
quer apenas que a demanda seja atendida: o reconhecimento, tanto da sociedade quanto dos
indiv‚duos de sua identidade, Ž o complemento. O LGBT s’ lutar‡ por reconhecimento caso
se aceite e se reconhe•a como tal, sem ter vergonha de ser quem Ž. Para Welton, a Parada
auxilia neste processo:
“Eu sempre falo: a Parada do Orgulho, 30 mil pessoas, se duas, uma pessoa entrou
na Parada com vergonha de ser gay, querendo se matar, achando que „ inferior,
que „ doente... se uma pessoa entrou na Parada, viu a Parada de longe, do
apartamento, estava passando de carro. Se ela pensou isto antes da Parada e depois
da Parada, 1 minuto ou 5 horas depois ela pensou: "eu sou ser humano, eu mere…o
respeito, eu tenho o maior orgulho de ser o que eu sou". Olha, se uma pessoa fizer
de 30 mil, valeu os cinco meses que a gente quase morre para fazer a Parada. E
outra coisa: essa pessoa que mudou, ou teve refor…ado a sua imagem de cidad•o, de
ser humano, de gente que n•o „ doente, „ o primeiro passo para que, daqui a pouco,
escreva para a gente, v• ‰ nossa sede e diga: ‘eu posso ajudar em alguma coisa
pela causa?’”. (Entrevista com Welton Trindade, Estrutura…•o; Bras†lia/DF, 13 de
abril de 2010)
56
O entrevistado considera um fator positivo a Parada ser um evento festivo porque isto
repercute e tem reverbera•ƒes incomensur‡veis em outros meios, como o pol‚tico e a m‚dia.
Welton coloca que as pessoas podem n€o ir ‰ a Parada, mas tem conhecimento das bandeiras
de luta da milit•ncia pela m‚dia. E perante o poder pŒblico, os pol‚ticos procuram participar
da Parada pois lhes garante visibilidade dentro de um viŽs eleitoral. Assim, os pol‚ticos
estariam mais propensos a atuar em prol dos LGBT’s, j‡ que entende que este Ž um nicho do
eleitorado que precisa ser atendido.
Para a quest€o da visibilidade, Michel Platini (Estrutura•€o) afirma Ž preciso que a
sociedade veja quem Ž o LGBT. A sociedade entende que os LGBT’s, atŽ eles mesmos, s€o
indiv‚duos invis‚veis. A visibilidade mostra que os LGBT’s est€o em todos os lugares,
independente de classe social, ra•a ou profiss€o. A consolida•€o da identidade Ž fundamental
porque isto solidifica a luta da milit•ncia: mais pessoas se identificando como LGBT, indo ‰
Parada para reivindicar direitos e mostrar a sociedade que s€o indiv‚duos como qualquer um
dos ditos “normais”, confere for•a ao movimento. A Parada Ž um meio que auxilia este
processo e a sua for•a, conferida pela visibilidade, e influ„ncia na pol‚tica institucional.
“– horr‚vel para o movimento quando a Parada ganha status de festa”, segundo Evaldo
Amorim, do Elos. No seu entendimento, a Parada do Orgulho LGBT Ž um meio para levar a
visibilidade e a quest€o da orienta•€o sexual para a sociedade, para que seja naturalizada e
que o LGBT seja respeitado, e encorajar os jovens e outras pessoas que compartilham da
mesma identidade. A festa n€o pode ser deixada de lado, mas deve ter momentos para que
haja falas com conteŒdo pol‚tico para despertar as pessoas e que os militantes mostrem seus
57
trabalhos e opiniƒes, sem serem censurados. O entrevistado relata que s€o feitas algumas
cr‚ticas feitas em torno da organiza•€o do evento, como o caso que a Parada do Orgulho
LGBT de Sobradinho foi patrocinada pela Bras‚liaTur. Em contrapartida, o entrevistado deixa
que a cr‚tica seja feita, porŽm questiona como uma Parada poder‡ ser organizada sem o apoio
do poder pŒblico, j‡ que o Movimento LGBT n€o dispƒe de recursos pr’prios para fazer isto.
Evaldo Amorim posiciona-se a favor que outros que integrantes do poder pŒblico e de
empres‡rios participem das Paradas com seu apoio, para que mostrem que est€o ajudando,
como foram os casos, no ano de 2009, em que a Sedest participou da Parada do Parano‡ e em
que empres‡rios de Sobradinho se declararam patrocinadores da Parada desta cidade satŽlite.
Evaldo Amorim demonstra que os esfor•os para que uma Parada seja feita s€o
recompensados na mesma via defendida pelos integrantes do Estrutura•€o: alŽm de ser um
instrumento que tem repercussƒes na pol‚tica institucional, interfere no LGBT enquanto
indiv‚duo. Para o entrevistado, Ž gratificante quando o Grupo Elos recebe mensagens de
LGBT’s afirmando que se sentiram, pela primeira vez, livres ao participarem da Parada em
sua cidade. No lado pol‚tico, Evaldo Amorim afirma que os integrantes do poder pŒblico
sabem que a Parada do Orgulho LGBT Ž um momento especial e que podem ser prejudicados
por causa de suas atitudes:
“Tem, eles tem medo disto. Agora que eles tem cuidado. Eles respeitam
muito a Parada de S•o Paulo. Para vocƒ ter uma id„ia: o decreto do dia 19 de maio
(Dia Nacional de Combate ‰ Homofobia) ser nacional foi publicado, acho que dois
dias ou um dia antes da Parada porque ia ser dito l•. E tamb„m tem isso da elei…•o.
Eu tive um grande problema no Governo, de opositores ao nosso projetos... E nŒs
chegamos no assessor e falamos: ‘Vocƒ vai querer ser falado? O seu pol†tico vai
querer ser dito? Porque nŒs vamos fazer! Se vocƒ barrar o meu projeto, nŒs vamos
fazer’. O assessor desse pol†tico que estava falando disse: "N•o, n•o tem nada a
ver". SŒ que foi uma luta, e est• a† o projeto. Eles respeitam, sabem da nossa for…a.
Mas eles tamb„m sabem da nossa grande fragilidade: que a gente briga muito. Ele
tamb„m sabe, eles jogam com isto e o Governo Arruda jogou com isto porque ele
sabia que aqui os grupos estavam brigando. E ele jogou com isto”. (Entrevista com
Evaldo Amorim, Grupo Elos; Bras†lia/DF, 09 de julho de 2010)
As visƒes que s€o cr‚ticas ao modelo da Parada do Orgulho LGBT atual discorrem
sobre o tipo de visibilidade que est‡ sendo promovida por este evento. Para Patrick Thiago, a
Parada Ž ainda o principal foco de visibilidade para o Movimento LGBT, porŽm seu foco
pol‚tico se perdeu. Dentro dos preceitos defendidos pela entidade, h‡ uma supervaloriza•€o do
corpo na Parada que provoca o sentimento de n€o representa•€o a muitos LGBT’s. Outro
ponto indicado foi que a inser•€o pol‚tica, tanto nas falas quanto na presen•a de pol‚ticos na
Parada, est‡ fraca. Os pol‚ticos que comparecem ao evento est€o preocupados a se
promoverem a realizar a•ƒes que sejam de fato favor‡veis aos LGBT’s. O que o MinistŽrio
Na•€o —gape procura Ž conferir outro tipo de suporte:
“O que os pol†ticos e com quem os militantes v•o fazer parceria, azar „ o deles.
Mas a gente busca dar outro suporte porque a gente n•o busca visibilidade. Nosso
trabalho „ diferenciado.
Vai ter a Parada, ent•o a gente vai ajudar a Parada. Vamos para cima do trio,
colocar faixa, ajudar a organizar as pessoas, a brigar com o policial (como j•
aconteceu). Por direitos mesmo, elogiar quem precisa elogiar (...). Eu acho que a
59
gente precisa contribuir de outras formas, como essa. Muitas vezes n•o tem
ningu„m para subir no trio e ajudar a menina a colocar uma faixa. Ent•o vamos l•,
vamos ajudar. Na hora do microfone a gente observa que precisa ter um discurso
mais rico, sŒ que como a gente identifica que aquele pˆblico que est• l• embaixo e
que muitas vezes (pelo menos aqui em Bras†lia, em Goi•nia „ diferente) „ um grupo
que est• mais preocupado em se prostituir no sentido religioso, no de cidadania.
N•o no sentido de profissional do sexo. Mas se prostituir naquilo que „ direito. ‘Eu
vou para a rua para falar de Direitos’, mas n•o „ para fazer um carnaval”
(Entrevista com Patrick Thiago, Minist„rio Na…•o ‘gape; Taguatinga/DF, 07 de
abril de 2010).
Uma parte do Klaus entende que a Parada Gay reforça o que não deveria reforçar.
Rodolfo Godói tem a visão que um ponto convergente entre todas e todos do Klaus é o fato da
importância da parada LGBT ainda possui nos dias de hoje, quanto a visibilidade que ela gera.
Ou seja, a Parada é caracteriza sim como um evento festivo: muita gente bebendo, namorando
etc.
“Isso n•o a deslegitima quanto evento de pol†tico. • um tapa na cara da sociedade
que ocorre todos os anos, dizendo: estamos aqui! De fato, talvez ela n•o gere efeitos
pol†ticos imediatos, mas creio que seu n•o acontecimento seria muito prejudicial
para todas nŒs. Se pensarmos que um evento pol†tico „ aquele que repercute em
toda a sociedade (e n•o sŒ como um requerimento estatal direto) est• evidente que
ela „ sim a maior. Mas se pensarmos de uma maneira mais ampla daquilo que nŒs
LGBT’s precisamos talvez n•o seja a melhor. Por„m, nunca deixando de ser
essencial. Talvez esteja parecendo meio contraditŒrio, mas „ isso. Creio que as
pessoas que dizem essas coisas, entendam o 'fazer pol†tica' de uma maneira muito
restrita. A parada se caracteriza como uma festa, mas n•o deixa jamais de ser
pol†tica. Afinal de contas, pol†tica tamb„m pode ser feita beijando, dan…ando e
colocando os peitos na rua! Principalmente quando somos negados justamente de
fazermos tudo isso a†. E tudo isto a†: „ termos orgulho de nŒs mesmos”. (Entrevista
com Rodolfo GodŒi, Klaus; Bras†lia, DF, 08 de abril de 2010).
É neste tipo de posicionamento que a Luana Gaudad e a outra parte do grupo Klaus, o
qual faz parte, entendem que a Parada é importante, pois se você pertence a um grupo
minoritário em relação aos direitos, as pessoas acreditam que você tem que ter uma postura.
Para Luana Gaudad, a Parada é uma estratégia muito visível. A entrevistada afirma que gosta
de ir porque é um evento festivo, mas de fato a parada virou uma festa. Ela afirma que
freqüentou várias: Plano Piloto, Taguatinga e no Recanto das Emas. Porém, hoje em dia nem
60
a festa deixa a entrevistada bem em relação à Parada Gay. As realizadas em 2009 foram muito
ruins. Foi pura festa, ninguém falava absolutamente nada em relação transmitir informações
ao público presente, e o que falaram foi muito ruim, pois foram discursos homofóbicos e
machistas. Se tornou uma festa apolítica. Nas paradas anteriores a esta havia intervenções de
cunho político, entrega de panfletos, pessoas caracterizadas que levavam cartazes de protesto.
Isto não está tão freqüente assim nas paradas atuais. Com isto, a entrevistada não se sente
mais interessada em participar.
“Se vocƒ est• com sua namorada no meio da rua, as outras pessoas exigem que
vocƒ tenha respeito em rela…•o a elas, porque vocƒ n•o pode subir num carro e
beij•-la; um heterossexual faz a mesma coisa, e quando eu fa…o, as pessoas me
dizem que eu n•o me dou ao respeito. Acredito que seja um preconceito que
impregna os heterossexuais e muitos LGBT. Este tipo de coment•rio
particularmente n•o gosto. Virou uma festa, e da† cara? Se a travesti quer ir para l•
mostrando os peitos e andar na rua porque ela tem o direito de fazer isto, e no meio
da rua ela j• faz isto, e simplesmente leva um tiro na cara. E da† se ela est• l• e
estiver sentindo bem fazendo isto? Por que vocƒ vai tirar a Parada porque est•
tendo uma festa?”. (Entrevista com Luana Gaudad, Klaus; Bras†lia, DF, 12 de
mar…o de 2010)
A entrevistada não acha que seja interessante esse argumento de serem aplicados
valores morais na Parada Gay, sob o argumento de que vão julgar que os LGBT são
promíscuos. Para Luana, a Parada pode até ter virado um carnaval, tem que se entender o seu
sentido. Justamente pela Parada LGBT ser festiva, mas não ser o seu fim que estão sendo
criados mecanismos para fazer um evento deste tipo com outros tipos de intervenções com
fins políticos.
Há setores da militância que entendem que a Parada e outras ações do Movimento
LGBT devem estar conectas com uma nova forma de se construir a sociedade, com a inserção
de novas bandeiras para se reverter outras espécies de ações opressoras existentes. Por este
motivo, Felipe Areda (Nedig) acredita que é totalmente incoerente alguns tipos de parcerias
que são feitas para tornar uma Parada viável, apesar de respeitar muito o trabalho de entidades
como o Grupo Elos está fazendo. São parcerias feitas com comércio ou políticos que não
tenham uma agenda LGBT explícita apenas para garantir uma visibilidade vazia de conteúdo
político. A Parada tem sua contribuição no sentido de agregar pessoas e conquistar espaços.
61
PorŽm ao custo de ir contr‡rio de muitas lutas que v‡rias entidades do Movimento LGBT
possuem.
O entrevistado aponta uma alternativa que est‡ surgindo, com um cunho pol‚tico
diferente: a Caminhada LŽsbica, organizada pela Coturno de V„nus. Este evento de protesto
que possui novas formas de organiza•€o (sem trios elŽtricos, mŒsicas com conteŒdo machista)
n€o hier‡rquicas (sem a ter a pessoa que fala em cima de um trio e o pŒblico, abaixo, que
ouve) e uma agenda definida. No seu entender, a Caminhada LŽsbica consegue ter um cunho
pol‚tico maior a custa de n€o conseguir agregar tantas pessoas.
“Eu acho que, cada vez mais, essa necessidade de uma visibilidade que
marca um esvaziamento pol†tico. O que est• sendo mostrado? Me incomoda tamb„m
muito as cr†ticas da Parada: "est•o mostrando que os gays sŒ sabem farrear". Para
mim isto n•o „ um problema. O problema „ isto ter densidade pol†tica. Ter uma
agenda definida. Muitas vezes os espa…os da Parada s•o eles mesmos os espa…os
opressores. (...) Para mim, mais do que afirma…•o, a gente precisa construir formas
do que significa de ser gay: novas formas de solidariedade, novas formas de
comunidade, novas formas de afeto, novas formas de rela…•o. E n•o a custo de
qualquer coisa, lutar para esses espa…os se abrirem. Espa…os que s•o complicados.
Eu acho que tem esse impacto de visibilidade. Mas para mim, um dos espa…os mais
importantes da milit•ncia „ o espa…o micropol†tico: como a gente consegue se
transformar e construir, na nossa comunidade, coisas diferentes. Para mim, nesse
sentido, a Parada n•o traz avan…os.” (Entrevista com Felipe Areda, Nedig;
Bras†lia, DF, 31 de maio e 07 de junho de 2010)
62
“A gente fez um trocadilho um questionamento sobre as quest‡es da Parada,
a gente n•o tem conquistado muita coisa. Para fazer com que as pessoas refletissem
melhor. Por isto banimos a quest•o do trio el„trico, porque caracterizava essa
quest•o da sinonimaza…•o da Micarƒcandanga. A gente tirou o trio el„trico e a
patir do ano passado para c• nŒs n•o vamos ter mais trio el„tricos. A gente tinha
uma batucada feminina, feminista, onde as mulheres falavam gritos de guerra e tal.
A gente agora est• trabalhando com Caminhadas, porque caminhando se vai
longe... e paradas n•o vamos a lugar nenhum.” (Entrevista com Andr„ia Augusta,
Coturno de Vƒnus; Bras†lia, DF, 10 de abril de 2010).
63
6. O Movimento LGBT do DF sob a perspectiva da análise de redes sociais
64
pol†ticos espec†ficos, conduzida no contexto de densas redes interorganizacionais,
por atores ligados por solidariedades e identidades compartilhadas que precedem e
sobrevivem a coaliz‡es e campanhas espec†ficas” (DIANI e BISON, 2010; p. 221).
O primeiro fator a ser considerado é que o movimento social possui alvos definidos,
nos quais suas ações são orientadas para questionar atores sociais ou políticos e articuladas
para se expor publicamente uma situação de conflito social, visando este alvo. Em seguida, os
atores componentes do movimento social mantém sua autonomia e independência de suas
atividades; porém, o movimento social é uma construção onde a presença de densas redes
entre tais atores proporcionam a troca de recursos e a construção de objetivos comuns,
negociados entre os envolvidos na ação coletiva. (DIANI e BISON, 2010). Por último, a
identidade facilita o reconhecimento e a conectividade entre os atores. O reconhecimento
mútuo promove que os atores de um movimento social se enquadrem como componentes do
alcance de seus objetivos, uma vez que as suas ligações não são estabelecidas por um período
determinado ou devido a um evento ou campanha. Assim como a identidade é fundamental
para definir quem faz parte do movimento social, nem todos os atores não realizam as
mesmas funções nem possuem os mesmos objetivos, esta diferenciação provoca a definição
de papéis destes atores e fronteiras das redes de relacionamento. (DIANI e BISON, 2010; e
MELUCCI, 1996)
Uma articulação política, para um movimento social, é uma forma de ação coletiva
que pode conferir ganhos frente ao poder público, pois consegue alcançar maior poder de
persuasão por ser um grupo com maior quantidade de membros e força para influenciar no
processo de decisão. Este mecanismo envolve a união de vários atores, muitas vezes com
diferentes perfis, que se agregam para desenvolver ações dentro da esfera institucional (por
exemplo, conversas com autoridades públicas) ou voltadas para a sociedade, porém com
reverberações nas instituições.
O desafio é conciliar pluralidade de visões de identidade e as estratégias das várias
entidades que compõem o Movimento LGBT. É notório perceber que muitos entrevistados
enxergam que o Movimento LGBT do DF tem momentos em que realiza ações coletivas,
como no caso da Conferência Distrital LGBT do DF. Porém, dentro de um espectro político,
não existem informações a respeito da posição e de como estas entidades se enxergam dentro
do sistema de relacionamentos deste movimento social. Por isto que é analisar como os
indivíduos estabelecem alianças e relações para incidir no poder público, como também se
enxergam dentro do campo no qual estão inseridos.
65
A importância na análise de redes aplicada aos movimentos sociais reside no estudo
do posicionamento dos atores componentes, como estes se orientam e a interação existente
entre eles: o papel que cada ator ocupa e as possibilidades de articulação que podem ser
firmadas dentro do movimento para elaborar estratégias. Nesta perspectiva, é preciso analisar
o movimento social como uma rede social, pois se trata de atores que estabelecem algum tipo
de relação e, no caso, podem ser enquadrados com pertencentes a um grupo, pois todos
possuem um fator que os integram.
As informações do capítulo anterior serão somadas a outro tipo de atividade do
Movimento LGBT do DF, que geram impactos no poder público e necessitam da coordenação
para se agir coletivamente: protestos como beijaços, Paradas do Orgulho LGBT, Caminhadas
Lésbicas e outros tipos de manifestações. E, inclusive, serão consideradas as iniciativas de se
formarem grupos de entidades coligadas, como associações e federações, para se promoverem
maiores articulações.
6. 1 Rede social
66
Gr‡fico 1 – A rede de contatos do Movimento LGBT do Distrito Federal para
incid„ncia no poder pŒblico
Fonte: Tabela elaborada pela autora com base nas informa•ƒes obtidas com as entrevistas qualitativas.
Como foi exposto anteriormente, a densidade das liga•ƒes realizadas entre o grupo Ž
um importante indicador de um movimento social. O movimento social Ž composto por uma
rede densa de liga•ƒes entre seus integrantes (DIANI, 1992). A densidade de uma rede social
Ž calculada pela quantidade de liga•ƒes existentes dividido pelo total de possibilidades. O
resultado apresentado varia entre 0 e 1. Quanto mais pr’ximo de 1, mais densa Ž a rede.
Nesta pesquisa, a densidade apresentada pelo Movimento LGBT do DF foi de 0,18.
Cabe ressaltar que a densidade apresentada n€o representa este movimento social como um
todo. Os resultados gerados apenas refletem a colabora•€o que estas entidades realizam para
incidir perante o poder pŒblico, e n€o para outras a•ƒes. A baixa densidade n€o descaracteriza
o grupo como um movimento social, pois existem outros fatores que o enquadra dentro deste
conceito, como a quest€o da identidade. Este resultado pode ser reflexo do desconhecimento
da exist„ncia de algumas entidades por parte dos entrevistados (como foi relato em algumas
67
entrevistas) ou da quantidade de dados coletados ou de poss‚veis conflitos existentes dentro
do Movimento, algo que indicaria ind‚cios de fragmenta•ƒes. O Movimento LGBT do DF
apresenta momentos em que atua coletivamente, e outros em que apresenta momentos de
conflitos entre as entidades que o compƒem. Dentro de um movimento social diverso como o
LGBT e recente como Ž o caso da milit•ncia no DF, Ž natural se encontrar grupos em
diferentes est‡gios de organiza•€o e com v‡rias ideologias e estratŽgias.
As entidades do Movimento LGBT do DF possuem autonomia e estratŽgias de atua•€o
pr’prias. Em seu in‚cio, se formaram a partir de cisƒes internas dentro de entidades mais
antigas, como o Estrutura•€o. Como explanado no cap‚tulo 1, muitas cisƒes partiram da
necessidade de algumas pessoas enxergavam que algumas pautas n€o estavam sendo
consideradas, pois urgiam outro foco de atua•€o, e/ou diverg„ncias internas dentro da
entidade. Alguns exemplos foram a cria•€o da Coturno de V„nus, da Sapataria, da Acos e do
Grupo Elos.
Questionados se cr„em que o Movimento LGBT do DF seja unido, no sentido do
movimento atuar como um conjunto, todos os entrevistados apontaram que n€o existe uma
uni€o interna, n€o s’ pelo fato de um movimento social ser fragmentado por natureza (pela
diversidade de entidades que o compƒe), como tambŽm por conflitos internos provocados pela
quest€o da identidade e estratŽgia de uma entidade, disputa de espa•o entre os grupos e
conflitos entre militantes.
A quest€o da identidade gera conflitos na forma como esta se reflete para se criarem
a•ƒes dentro das entidades, para Felipe Areda, pesquisador do Nedig. A forma de uma
entidade entender o que Ž o LGBT e suas estratŽgias (como a cria•€o de um Centro de
Refer„ncia) nem sempre s€o compreendidas pelas demais e causam diverg„ncias quanto ‰s
a•ƒes tomadas por uma entidade. As tensƒes geradas pela identidade tambŽm est€o inseridas
em como o LGBT Ž representado e como a entidade encara isto, principalmente se ostentam
valores que reproduzem l’gicas opressoras (o gay como “branco, limpo, rico...” ou a
reprodu•€o de atitudes machistas).
Jaqueline Jesus entende que a fragmenta•€o Ž algo comum dentro de um movimento
social, porŽm o Movimento LGBT passa por momentos mais passionais que os outros. A
quest€o da identidade gera conflitos, mas n€o Ž o fator principal: influencia no dia-a-dia da
entidade para que esta possa defender as demandas do grupo de forma firme e consolidada.
No seu entender, a quest€o do grupo pesa mais que a quest€o LGBT. Ou seja, Ž a necessidade
dos grupos tem de garantir sua identidade e seu espa•o. Em meio a um grupo fragmentado, o
68
prop’sito da Federa•€o Ž unir entidades em torno de um objetivo comum, para que juntas
possam atingi-lo com maior poder coletivo sem deixar de lado o aux‚lio interno prestado ‰
entidade, para que fortale•a sua autonomia.
A identidade presente nos grupos pode gerar a forma•€o de barreiras que impedem a
integra•€o deste com os demais do movimento, para Michel Platini. O entrevistado coloca que
as entidades tem visƒes diferentes, contudo a sectariza•€o est‡ provocando barreiras nos quais
as outras entidades n€o podem entrar. Outro ponto abortado foram os conflitos pessoais entre
militantes do Movimento LGBT. Este tipo de conflito torna-se maior que o objetivo da
milit•ncia LGBT.
Os conflitos pessoais entre militantes s€o abortados, inclusive, por Evaldo Amorim.
Este entrevistado indica que h‡ uma disputa, n€o apenas de organiza•ƒes como tambŽm entre
militantes, para conquistar espa•o no DF e visibilidade. Como um todo, o Movimento LGBT
do DF perde muito com este tipo de disputa entre grupos. Estes conflitos e as concorr„ncias
internas entre grupos, na vis€o de Patrick Thiago, acabam desvirtuando o foco de a•€o do
Movimento LGBT, que deveria se voltar para a promo•€o de a•ƒes e pol‚ticas pŒblicas para
atender a popula•€o LGBT, como no caso das travestis, ou consolidar outras que j‡ foram
garantidas, como as demandas tiradas na Confer„ncia Distrital LGBT.
Os protestos e manifesta•ƒes organizadas pelo Movimento LGBT, como dito
anteriormente, pretendem conferir visibilidade a quest€o LGBT, ou seja, a inclus€o da
diversidade de g„nero e sexual por direitos iguais. Uma atua•€o pol‚tica n€o pode ser
realizada por todas as entidades, sob o risco de se fugir das demandas internas do movimento
social. – um tipo de atua•€o que pode ser realizada por alguma entidade em espec‚fico, ainda
que algumas atividades ensejam uma decis€o ou atua•€o do grupo como um todo. O que n€o
exclui a necessidade da articula•€o pol‚tica.
Quando s€o protestos ou manifesta•ƒes pŒblicas ou voltadas contra uma determinada
situa•€o (como um beija•o ou abaixo-assinado, por exemplo) Ž importante que se fa•a
necess‡ria a maior quantidade de pessoas envolvidas, para se mostrar que este grupo possui
muitas pessoas que o integram e demonstrar o poder coletivo que tal movimento tem. Estas
espŽcies de manifesta•ƒes t„m reflexos dentro do campo da influ„ncia pol‚tica, pois causam
impactos para as autoridades pŒblicas e pol‚ticos, que temem ser recha•ados pelo grupo ou se
sensibilizam com a causa. S€o formas diferentes de se “fazer pol‚tica” (criatividade).
– comum ver que as entidades divulguem eventos de protesto realizados por outras e
que atŽ compare•am. Nesta participa•€o em eventos de protesto, geralmente, os membros n€o
69
v€o enquanto membros de uma entidade, mas como pessoas que compartilham de uma
identidade e sentem sua presen•a Ž importante para a conquista dos objetivos do movimento.
Luana Gaudad e Rodolfo God’i, do Klaus, afirmaram que, apesar da atua•€o da sua entidade
ter o foco na UnB, v€o com certa freq‹„ncia a atividades realizadas por outras entidades com
quem possuem maior contato, como a Sapataria e a Coturno de V„nus. – comum que os
integrantes do Klaus participem n€o como membros de uma entidade, e sim enquanto pessoa.
Este posicionamento Ž tomado para evitar choques entres seus integrantes, pelo fato de n€o
concordarem com a estratŽgia de algumas entidades.
Os pesquisadores que integram o Nedig participam de eventos que s€o organizados
por outras entidades. Entretanto, n€o levam o nome “Nedig” para o evento. Felipe Areda
relata que Ž muito comum, no Movimento LGBT, estes espa•os de milit•ncias formados por
pessoas e, por conseq‹„ncia, geram outros espa•os. – comum que, quando um grupo ou
militantes s€o convidados e que n€o concordem com a forma que o evento est‡ sendo
constru‚do, haja negativas de participa•€o.
A Coturno de V„nus, sempre que poss‚vel, participa de atividades realizadas por
outras entidades. Contudo, a entidade faz uma an‡lise de converg„ncia para saber se a
entidade que promove o evento de protesto trabalha com alguma bandeira de luta que a
Coturno possui ou se simpatiza com alguma das idŽias.
Outro complemento a este tipo de entendimento Ž conferido por Patrick Thiago. Na
sua vis€o, Ž dif‚cil haver algum tipo de constru•€o coletiva dentro do Movimento LGBT
porque existem muitos conflitos. Desta forma, Ž interessante ao MinistŽrio Na•€o —gape
participar de eventos que estejam condizentes com os princ‚pios da entidade. Patrick Thiago
coloca que os integrantes do MinistŽrio far€o repŒdio a l‚deres religiosos que tenham feito
declara•ƒes homof’bicas, mas nunca ir€o a frente de algum templo religioso fazer qualquer
protesto.
Ainda que os dados n€o demonstrem a totalidade da rede, Ž poss‚vel se afirmar que a
identidade da entidade, estratŽgias e conflitos tem uma rela•€o direta com a composi•€o da
rede. As entidades, quando estabelecem rela•ƒes, levam em considera•€o estes favores para
aprofundar ou n€o o relacionamento com os demais, fator este que gera subgrupos alinhados
sob alguma perspectiva.
70
6.2 Centralidade
Por mais que um movimento social não seja hierárquico, sempre haverá entidades ou
atores individuais que possuem maior poder de influência dentro do grupo, com maior acesso
à informações e facilitador da comunicação. Estes atores auxiliam na promoção de
articulações dentro de um movimento social e transformam-se em referências estratégicas
para uma articulação política. Em contrapartida, não significa que sejam os principais
promotores de ação em conjunto dentro do mesmo movimento.
Das entidades que realizam atividades de influenciar o poder público, o Grupo Elos e a
Federação LGBT tem, dentro de suas práticas internas, o posicionamento de agregar o maior
número de entidades dentro de suas ações. Evaldo Amorim e Jaqueline Jesus entendem que é
importante se agregar entidades que possuem objetivos comuns para que possam atuar em
conjunto e fortalecerem umas às outras.
O Estruturação tem uma posição diferente. Welton Trindade coloca que o
posicionamento da entidade é em agregar o maior número de pautas possível dentro de sua
estrutura. O objetivo é lutar por todos, e não por uma bandeira específica. Em relação a atuar
em conjunto com outras entidades ou em outros espaços políticos que necessitem deste tipo
71
de atua•€o, o entrevistado afirma que o Estrutura•€o, por causa das muitas demandas internas
e externas que tem, se insere conforme acreditar que sua presen•a ser‡ necess‡ria para auxiliar
na constru•€o. Por exemplo, caso haja uma atividade que algumas entidades estejam
realizando em conjunto e o Estrutura•€o entender que sua presen•a ser‡ importante para a
constru•€o, a entidade ir‡ participar desta a•€o. Caso contr‡rio, onde a presen•a do
Estrutura•€o n€o for necess‡ria, a entidade prefere n€o se posicionar. Outro fator que indica a
n€o proximidade do Estrutura•€o com o centro Ž a atividade de incid„ncia na pol‚tica n€o ter
papel principal dentro da entidade; este tipo de a•€o Ž feita conforme a demanda que surge e
geralmente s€o a•ƒes de advocacy que podem ser desempenhadas autonomamente. O Grupo
Elos est‡ envolvido com constru•ƒes que ensejam maior articula•€o e contato com os demais
setores da milit•ncia LGBT, como a cria•€o do Conselho LGBT no DF.
De acordo com o cap‚tulo anterior, h‡ momentos em que o Movimento LGBT do DF
necessita se articular para incidir na pol‚tica. Com as diferencia•ƒes de estratŽgia, n€o s€o
todas as entidades do Movimento LGBT do DF que realizam a•ƒes de articula•€o pol‚tica. O
cap‚tulo anterior mostra que, no decorrer de sua hist’ria, as atividades de inser•€o para
influenciar o poder pŒblico foram realizadas por algumas entidades que tinham dentro de suas
atividades este tipo de a•€o. A princ‚pio, isto n€o significa que o movimento social seja fraco.
Como o grupo Ž bastante diverso, existir€o entidades que se preocupar€o com o poder pŒblico
e existir€o outras que realizar€o trabalhos voltados para a base do movimento ou pesquisas
cient‚ficas.
Os principais momentos foram quando o poder pŒblico demandou esta necessidade,
como foi no processo da Confer„ncia Distrital LGBT ou pela aprova•€o do PLC 90/2008.
Contudo, h‡ dificuldades para se estabelecerem articula•ƒes com as entidades que possuem
maior influ„ncia dentro do movimento. H‡ exemplos de atividades com o mesmo car‡ter que
s€o realizadas pelas entidades e que n€o existem ind‚cios que sejam elaboradas ou executadas
em conjunto, como o caso do “Voto LGBT”, ou que, devido aos conflitos, as entidades
passaram a atuar autonomamente, como o processo de di‡logo para a cria•€o do Conselho
Distrital LGBT na estrutura do Poder Executivo do GDF. Em contrapartida, a baixa
quantidade de articula•ƒes existente no hist’rico do movimento e/ou a dificuldade para se
estabelecer uma articula•€o n€o indicam que as entidades n€o mantenham contato entre si. –
comum ver que as entidades divulguem eventos de protesto realizados por outras e que atŽ
compare•am. Nesta participa•€o em eventos de protesto, geralmente, os membros n€o v€o
72
enquanto membros de uma entidade, mas como pessoas que compartilham de uma identidade
e sentem sua presen•a Ž importante para a conquista dos objetivos do movimento.
No Movimento LGBT do DF, encontra-se entidades como o Grupo Elos, a Federa•€o
LGBT do DF e Entorno e o Estrutura•€o que fazem atividades de incid„ncia no poder
pŒblico,por acreditarem que Ž importante que isto seja parte da constru•€o do objetivo do
movimento: a garantia de direitos que garantam ao LGBT o status de cidad€o e o
reconhecimento da sociedade, com vistas ao fim das pr‡ticas discriminat’rias que diariamente
os LGBT’s sofrem. Por outro lado, entidades com o Klaus, a Coturno de V„nus, o MinistŽrio
Na•€o —gape e outras, que se alocam seus recursos para a base do movimento, com o intuito
de formar pessoas e prestar assist„ncia de forma que o LGBT esteja consciente da sua
identidade.
O gr‡fico a seguir demonstra o fluxo de relacionamento que as entidades entrevistadas
mant„m quando se trata de colabora•ƒes e/ou a•ƒes conjuntas para influenciar o poder
pŒblico. A disposi•€o das entidades Ž a mesma apresentada no gr‡fico anterior. A diferen•a
para o Gr‡fico 1 Ž que abaixo as setas indicam com quem uma entidade se relaciona e quantas
liga•ƒes recebe:
73
Fonte: Tabela elaborada pela autora com base nas informa•ƒes obtidas com as entrevistas qualitativas.
74
Fonte: Tabela elaborada pela autora com base nas informa•ƒes obtidas com as entrevistas qualitativas.
75
Tabela 1 – Contatos estabelecidos pelas entidades
GRAU DE GRAU DE
GRAU ENTRADA SAÍDA
ENTIDADE
("DEGREE")10 ("IN- ("OUT-
DEGREE") DEGREE")
Federa•€o LGBT 19 5 13
Grupo Elos 19 7 16
Coturno de V„nus 15 6 6
Na•€o —gape 14 2 11
Estrutura•€o 12 3 7
Klaus 12 5 7
Nedig 9 3 5
ANAV-Trans 6 6 0
Sapataria 6 6 0
ABGLT 5 5 0
Grupo Amizade 4 3 0
Integra•€o 4 4 0
Alian•a LGBT 3 1 3
Femube 3 3 0
Grupo Fraternidade 2 2 0
Grupo Solidariedade 2 1 0
Acos 1 3 0
Associa•€o da Parada LGBT do
DF 1 1 0
Fam‚lia Crist€ Athos 1 1 0
Grupo Cores 1 1 0
Fonte: Tabela elaborada pela autora com base nas informa•ƒes obtidas com as entrevistas qualitativas.
CENTRALIDADE DE
PROXIMIDADE
ENTIDADE
("CLOSENESS
CENTRALITY")
Grupo Elos 0,045
Federa•€o LGBT 0,04
Na•€o —gape 0,036
Coturno de V„nus 0,032
Klaus 0,032
10
Devido ‰ imprecis€o do software utilizado, os valores do c‡lculo do grau de relacionamento est€o
aproximados.
76
ANAV-Trans 0,031
ABGLT 0,03
Estrutura•€o 0,03
Sapataria 0,029
Integra•€o 0,029
Femube 0,028
Nedig 0,028
Grupo Amizade 0,028
Grupo Fraternidade 0,026
Acos 0,026
Alian•a LGBT 0,026
Grupo Solidariedade 0,025
Grupo Cores 0,022
Fam‚lia Crist€ Athos 0,022
Associa•€o da Parada LGBT
do DF 0,02
Fonte: Tabela elaborada pela autora com base nas informa•ƒes obtidas com as entrevistas qualitativas.
CENTRALIDADE DE
INTERMEDIAÇÃO
ENTIDADE
("BETWEENNESS
CENTRALITY")
Grupo Elos 127,833
Na•€o —gape 81,133
Federa•€o LGBT 52,267
Estrutura•€o 38,033
Coturno de V„nus 7,467
Klaus 6,433
ANAV-Trans 5,967
Integra•€o 3,667
ABGLT 3,067
Sapataria 2,067
Nedig 0,733
Acos 0,667
Alian•a LGBT 0,667
Femube 0
Grupo Amizade 0
Grupo Fraternidade 0
Grupo Solidariedade 0
Grupo Cores 0
77
Família Cristã Athos 0
Associação da Parada LGBT do
DF 0
Fonte: Tabela elaborada pela autora com base nas informações obtidas com as entrevistas qualitativas.
78
Considerando os fatores da articulação política para a análise do das tabelas, percebe-
se que refletem a situação apresentada nos gráficos. O Grupo Elos e a Federação LGBT
ocupam lugares mais centrais no gráfico, porque recebem estabelecem e recebem a maior
quantidade de ligações. Ambas as entidades estabelecem 19 ligações aproximadamente. Seus
níveis de centralidade demonstram, inclusive, este papel agregador. O Elos apresentou o valor
de 0,045 na centralidade de proximidade e 127,833 de centralidade de intermediação. A
Federação LGBT apresentou 0,040 e 52,267, respectivamente. O Estruturação não configura
próximo ao centro do gráfico por ter como estratégia a agregação de mais militantes dentro de
si, ao invés de incentivar o surgimento e fortalecer novos grupos. Por mais que o Estruturação
não ocupe posições centrais dentro do gráfico apresentado, não se pode desprezar seu peso e
sua importância para a incidência política quando a situação enseja sua inserção, como no
advocacy em torno do PLC 90/2008. A escassez de dados ou fatores externos à rede, como
laços estabelecidos com autoridades política. Pelo histórico de sua atuação e por atuar na
incidência política há mais tempo, os integrantes do poder público podem enxergar o
Estruturação como referência caso necessitem dialogar com o Movimento LGBT. Esta
situação pode explicar porque o Estruturação se apresente próximo ao centro da rede.
Os resultados obtidos com os gráficos e as tabelas indicam que as entidades estão
dispostas no espectro da rede conforme a estratégia que possuem; porém não estão excluídas
de terem outros papéis ou atividades. Quanto maior é a necessidade de influenciar o poder
público e que esta ação necessite de articulação com as demais entidades (aliada à propensão
que esta entidade tem para realizar articulações), maior é a possibilidade dessa entidade estar
situada no centro do gráfico. Ou seja, se uma entidade tem uma função agregadora e procura
influenciar o processo de tomada de decisão, é provável que se localize próximo ao centro. E
nos setores mais periféricos encontram-se aqueles grupos que atuam com maior intensidade
na base. E, no contexto da rede apresentada, a maioria das entidades que se encontra nesta
situação faz suas ações em regiões periféricas do Distrito Federal. Isto não implica que as
entidades que não se encontrem nesta posição possuem trabalhos melhores ou piores que as
demais, ou que não possam desempenhar outros papéis: apenas reforça a tese que, dentro de
um movimento social, não existe um ator único ou que todos os atores (indivíduos ou
entidades) desempenham a mesma função. É uma forma de dividir o trabalho a ser realizado
pelo movimento social sem que hierarquias se constituam. As entidades mais centralizadas
possuem maior facilidade de transmitir informações e realizar articulações com seus parceiros
79
ou demais entidades do Movimento LGBT. Todavia, não indica que outras entidades não
disponham de mecanismos para desempenhar a mesma função.
Esta é uma situação detectada diante da situação atual apresentada com os dados
obtidos. Não está engessada. Se as entidades do Movimento LGBT aumentar ou diminuir a
articulação entre si, os resultados obtidos serão alterados.
80
7. Conclusão
82
dados obtidos na pesquisa, que alguma proposta tenha sido articulada dentro do pr’prio
Movimento, sem influ„ncia de um fator externo.
As atividades de protesto que visam reverbera•€o no poder pŒblico tambŽm se
enquadram neste contexto, mas com uma perspectiva diferente. – comum que os militantes
v€o em protestos que s€o realizadas por outras entidades, muitas vezes sem levantar a
bandeira que sua entidade est‡ presente no evento. E tambŽm n€o existem formalidades para o
convite entre uma entidade e outra: o evento de protesto Ž realizado e convocam todos os
LGBT’s ao seu comparecimento. – raro haver convites entre entidades. E, quando existe, a
entidade se faz presente enquanto grupo, n€o como pessoas que est€o em um protesto. Ou
seja, por mais que as entidades possam atŽ ser discordantes em alguns pontos, seus membros
se fazem presentes em alguns eventos por acreditarem que est€o somando para o coletivo.
Este momento Ž exemplificado pela Parada do Orgulho LGBT. Ainda que n€o
concordem como algumas questƒes s€o levadas na forma que a Parada Ž conduzida, alguns
militantes se fazem presentes neste evento. Outros procuram construir outros mecanismos
para se elaborar um evento que confira visibilidade ao movimento com teor pol‚tico (aos seus
participantes e externo – voltado para a sociedade e poder pŒblico). Esta a•€o n€o pode ser
encarada como uma atitude negativa, pois aumenta o espectro de atividades que promovam o
Movimento LGBT para a sociedade e auxiliam no alcance de seu objetivo.
– uma fragmenta•€o que pode ser explicada partindo do princ‚pio que as identidades e
estratŽgias da entidade LGBT fazem com que esta se alie com outras que se assemelham com
seu perfil. A fragmenta•€o deste movimento social pode ser interpretada sob o entendimento
que muitas entidades s€o desconhecidas para as outras do Movimento LGBT, o que Ž um
fator a ser explorado por este movimento para realizar novas parcerias e articula•ƒes.
Dentro deste contexto, as articula•ƒes s€o propostas por entidades que tem duas
caracter‚sticas: entendem que a influ„ncia na esfera pol‚tica Ž parte de sua estratŽgia e
procuram agregar maior quantidade de entidades e militantes aut‘nomos para conferir for•a ‰
sua a•€o (a decis€o de um coletivo maior). Os resultados obtidos com a an‡lise de redes
sociais demonstram que as entidades que possuem estas duas caracter‚sticas encontram-se
mais ao centro e apresentam os maiores ‚ndices de centralidade. Este ponto n€o exclui o
entendimento que dentro de um movimento social devem existir os mais diferentes tipos de
entidades para se atender as demandas de sua base. Prova disto Ž o pr’prio Movimento LGBT
do DF, que possui grupos universit‡rios, grupos religiosos, ONG’s e coletivos feministas e
nŒcleos voltados para a realiza•€o de estudos.
83
No aspecto geral, os entrevistados fizeram apontamentos em suas considerações finais
em que indicam pontos a serem explorados para que o Movimento LGBT do DF atinja mais
objetivos e conquistas. Em relação à estrutura, as entidades do DF necessitam de apoio
governamental e estruturação interna para que possam ter condições melhores para realizar
suas atividades. É um apoio melhor deveria ser conferido à aquelas entidades que procuram se
profissionalizar, para que seus problemas básicos sejam suplantados.
De certo modo, os entrevistados entendem que o Movimento LGBT nacional e no DF
conseguiu influenciar de alguma maneira a sociedade e o poder público para que estes
enxergassem sua existência. É nítido que maiores discussões a respeito de temas como a
homofobia e a união civil entre casais estão maiores na sociedade e que o poder público tem
aberto espaço para estas discussões. Todavia, o espaço ainda é pequeno e necessita que a
militância abra maiores brechas para que suas demandas sejam inseridas.
O plano micropolítico tem sua participação para a construção do macropolítico, a
influência política em si. Apesar de não ter sido o foco principal desta pesquisa, as entidades
do Movimento LGBT valorizam a construção do indivíduo LGBT para que este se aceite
enquanto ser humano e como que a expressão de sua identidade também pode se caracterizar
como uma forma de se fazer política para romper barreiras e fazer reivindicações, já que a sua
afetividade é condenada e mal vista pela sociedade. Há entidades que deslocam seus esforços
para esta fortificação, visando que as pessoas possam estar imbuídas de uma identidade forte.
E, neste processo, estas entidades acreditam que podem construir indivíduos que são capazes
de realizar pequenas mudanças que, se somadas, tomam proporções maiores que repercutem
em um âmbito social e político maior, construindo novas formas de solidariedade que
suplantem as regras opressoras existentes.
Todos estes pontos levantados demonstram como a visão que uma entidade possui a
respeito da construção da identidade do LGBT interfere no relacionamento e construção de
articulações entre as entidades que compõem a militância LGBT no DF. E, inclusive, como os
conflitos internos do grupo impedem articulações políticas maiores em torno do objetivo
comum ao Movimento LGBT. O objetivo desta pesquisa não é aferir qual entidade é melhor
ou pior, ou fazer juízo de valor ao trabalho que um grupo realiza. O ponto principal a ser
considerado é que a pesquisa procura trazer uma contribuição para o Movimento LGBT do
DF, para que este se conheça e entenda como a relação entre seus integrantes pode interferir
na construção coletiva.
84
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1.1997
Portal Athos GLS. “Bras†lia define demandas GLBT e elege delegados em Conferƒncia
Distrital”. Publicado em 20, mai. 2008. Dispon‚vel em:
<http://www.athosgls.com.br/noticias_visualiza.php?contcod=23503>; acesso: agosto, 2010.
Portal Centro de M‚dia Independente. “Convite ‰ Sociedade Civil GLBT do Distrito Federal”.
Publicado em 21, jan. 2008. Dispon‚vel em:
<http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/01/409779.shtml?comment=on>; acesso:
agosto, 2010.
______________________________. “Grupos do movimento LGBTTT apresentam texto de
repˆdio contra o GDF”. Publicado em 17, abr. 2008. Dispon‚vel em:
<http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/05/419980.shtml>; acesso: agosto, 2010.
89
<http://www.admjardimbotanico.df.gov.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=50511>;
acesso, 2010.
Portal Londrix. “Conferƒncia GLBT em Bras†lia tem baixo quŒrum”. Publicado em 17, mai.
2008. Disponível em: <http://www.londrix.com.br/noticias.php?id=47143>; acesso: setembro,
2009.
Portal Parou Tudo. “Centro de Referƒncia „ inaugurado no Guar•”. Publicado em 11, nov.
2008. Disponível em: <http://www.paroutudo.com/materias/redacao/080510.php>; acesso:
setembro, 2009.
90
______________. “Conferƒncia Distrital GLBT acontece no Hotel Nacional nos dias 17 e
18”. Publicado em: 13,mai. 2008. Disponível em:
<http://www.paroutudo.com/materias/redacao/080513.php>; acesso: setembro, 2009.
______________. “Conhe…a a Casa Roxa: centro de referƒncia em direitos LGBT”.
Publicado em 9, abr. 2009. Disponível em:
<http://www.paroutudo.com/materias/redacao/090409.php>; acesso: setembro, 2009.
______________. “Estado goiano vive revolu…•o arco-†ris. L„o Mendes comenta”. Publicado
em 23, set. 2009. Disponível em: <http://www.paroutudo.com/materias/redacao/090923.php>;
acesso: agosto, 2010.
91
______________. “Grupo Elos promove protestos contra homofobia”. Publicado em 21 ago.
2009. Disponível em: <http://www.paroutudo.com/materias/redacao/090509.php>; acesso:
agosto, 2010.
______________. “RelatŒrio feito pelo Estrutura…•o mostra que maioria dos assassinatos de
LGBT’s n•o ficaram impunes no DF”. Publicado em 29, out. 2009. Disponível em:
<http://paroutudo.com/estruturacao/2009/12/29/relatorio-feito-pelo-estruturacao-mostra-que-
maioria-dos-assassinatos-de-lgbts-nao-ficaram-impunes-no-df/>; acesso: agosto, 2010.
______________. “Sapataria: grupo luta pelos direitos das l„sbicas, bissexuais e negras na
capital”. Publicado em 5, nov. 2008. Disponível em:
<http://www.paroutudo.com/materias/redacao/081105.php>:acesso, setembro, 2009.
92
______________. “Semin•rio em Bras†lia apresenta demandas da comunidade trans”.
Publicado em 03, jan. 2009. Disponível em:
<http://www.paroutudo.com/materias/redacao/090130.php>; acesso; agosto, 2010.
______________. “Sess•o solene homenageia dia do orgulho”. Publicado em 27, jun. 2008.
Disponível em: <http://paroutudo.com/blogs/paradadf2008/2008/06/27/sessao-solene-
homenageia-dia-do-orgulho/>; acesso em: agosto,2010.
RODRIGUES, Almira. “Advocacy : uma a…•o pol†tica de novo tipo”. Disponível em:
http://www.CFEMEA.org.br:80/temasedados/detalhes.asp?IDTemasDados=32. Acesso:
agosto,2010.
WITTIG, Monique. “The Straight Mind and other essays”. Boston: Beacon Press, 1992
93
9. Anexos
94
ANEXO 2 - Roteiro de entrevista para Federações, Associações ou outra espécie de
grupo coligado de entidades LGBT
Roteiro de Entrevista:
Nome Completo:
Instituição/Grupo/ONG/Coletivo:
Cargo/Função:
Data, hora e local da entrevista:
Contato (e-mail ou telefone):
Objetivos:
Realizar um mapeamento sobre as entidades pertencentes ao Movimento LGBT do DF;
Entender como os atores deste movimento se organizam, definindo quais são as suas
principais estratégias de articulação política, e como ocorre a fragmentação organizativa do
movimento (fontes de divergências) e se isto se vincula sobre a questão do que é ser LGBT
ou de ideologias que determinados setores deste grupo possuem;
Identificar dilemas de mobilização do movimento LGBT do DF (dificuldades, preconceitos,
etc.);
Demonstrar ao próprio Movimento LGBT a dimensão de sua atuação, para servir de subsídio
para posteriores ações.
95
2. Quando e com qual propósito a sua federação/associação foi criada?
Objetivo: Perguntar das origens e motivações que levaram a criação da
federação/associação.
5. Há diferentes visões sobre o que é ser LGBT? Qual é a visão da sua entidade?
Objetivo: Identificar possíveis conflitos gerados pelas identidades com as quais estes
atores políticos se investem.
96
9. Sua federação/associação realiza ações de advocacy, ou seja, ações que visem a
influência na esfera política (como contato com políticos, autoridades públicas;
acompanhamento/sugestão de projetos de leis, etc)? Se sim, quais ações são feitas?
Caso contrário, por que não realizam? Pretendem realizar?
Objetivo: Averiguar se a instituição/grupo/ONG/coletivo procura incidência direta nas
esferas de poder.
12. Ainda sobre este tipo de participação, vocês já participaram de alguma reunião,
evento, audiência pública promovida pela Câmara Legislativa do DF, Câmara dos
Deputados ou Senado Federal? Se sim, o que? Tem o interesse de manter esta
atividade ou de realizar algo deste nível, se não tiver feito?
Objetivo das perguntas 10 a 12: Identificar se a (o) instituição/grupo/ONG/coletivo teve
ou mantém algum contato com o poder público e quais as formas que isto ocorre.
14. Você acredita que o Movimento LGBT do DF, em geral, tem a preocupação de
acompanhar as ações e/ou dialogar com o poder público?
Objetivo: Verificar a percepção do entrevistado se este acredita que o Movimento LGBT
do DF tem como uma de suas atividades o acompanhamento e/ou diálogo com o poder
público.
97
15. Como você avalia a receptividade do Poder Público, em geral, às causas do
Movimento LGBT?
( ) Muito satisfatória
( ) Satisfatória
( ) Pouco satisfatória
( ) Insatisfatória
( ) Não sei
Por que?
98
18. Voc„s participam de atividades de protesto organizadas por outras
federa•€o/associa•€o, como as citadas na pergunta anterior? Quais? E quem s€o os que
mais convidam para este tipo de atividade?
Objetivo das perguntas 16 e 17: Descobrir se existem outros momentos, sem ser a
Parada do Orgulho Gay, em que estes atores se reúnam para organizar outras
atividades.
20. Abaixo tem uma lista de grupos, associa•ƒes, ONG’s e outras entidades que podem
fazer parte do Movimento LGBT. Excluindo seus federados/associados, marque se
sua federa•€o/associa•€o faz algum tipo de colabora•€o e/ou a•€o conjunta para
influenciar o Poder PŒblico com algum dos atores abaixo, e com que freq‹„ncia este
contato Ž feito.
( ) Constantemente
Associa•€o de Gays e LŽsbicas Unidos das
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Cidades SatŽlites do DF - AGLUCS
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Federa•€o LGBT do Distrito Federal e Entorno ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Associa•€o da Parada do Orgulho LGBT do DF ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Estrutura•€o – Grupo LGBT de Bras‚lia ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
99
( ) Constantemente
Associa•€o LŽsbica Feminista de Bras‚lia -
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Coturno de V„nus
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Elos – Grupo LGBT do DF e Entorno ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Klaus - Grupo Universit‡rio de LGBT ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Sapataria – Coletivo de Mulheres LŽsbicas e
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Bissexuais do DF
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Integra•€o - Grupo LGBTS do Recanto das Emas ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Grupo de Solidariedade LGBT do Distrito Federal ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
FEMUBE - Federa•€o das Mulheres Unidas de
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Bras‚lia e Entorno
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
NŒcleo de Estudos da Diversidade Sexual e de
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
G„nero (Nedig) – UnB
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
MinistŽrio Na•€o —gape ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
ANAV-Trans ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Grupo Amizade LGBT do Gama ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Fraternidade LGBT do Parano‡ ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
Alguma outra organiza•€o com a qual tenha colabora•€o para incidir no poder pŒblico, e que
n€o consta desta tabela?
100
Objetivo das perguntas 13 e 14: Identificar porque a (o) instituição/grupo/ONG/coletivo
tem preferências por se relacionar com certos atores e outros não.
21. Em sua opinião, as conquistas alcançadas pelo Movimento LGBT foram significantes?
O que falta para o Movimento LGBT do DF atingir mais objetivos e conquistas?
Objetivo: Pergunta final para que o(a) entrevistado(a) possa dar um parecer sobre a
atuação do Movimento LGBT até então e uma perspectiva para o futuro.
101
ANEXO 3 - Roteiro de entrevista para entidades LGBT
Roteiro de Entrevista:
Nome Completo:
Instituição/Grupo/ONG/Coletivo:
Cargo/Função:
Data, hora e local da entrevista:
Contato (e-mail ou telefone):
Objetivos:
Realizar um mapeamento sobre as entidades pertencentes ao Movimento LGBT do DF;
Entender como os atores deste movimento se organizam, definindo quais são as suas
principais estratégias de articulação política, e como ocorre a fragmentação organizativa do
movimento (fontes de divergências) e se isto se vincula sobre a questão do que é ser LGBT
ou de ideologias que determinados setores deste grupo possuem;
Identificar dilemas de mobilização do movimento LGBT do DF (dificuldades, preconceitos,
etc.);
Demonstrar ao próprio Movimento LGBT a dimensão de sua atuação, para servir de subsídio
para posteriores ações.
102
23. Quando a sua (seu) instituição/grupo/ONG/coletivo foi criada (o)? E quais são as
principais pautas e reivindicações de sua (seu) instituição/grupo/ONG/coletivo?
Objetivo: Perguntar a respeito das bandeiras levantadas pela (o)
instituição/grupo/ONG/coletivo do entrevistado
24. Brevemente, você poderia descrever quais são as atividades que sua (seu)
instituição/grupo/ONG/coletivo realiza?
Objetivo: Saber quais são as atividades que a (o) instituição/grupo/ONG/coletivo
realizam
25. Há diferentes visões sobre o que é ser LGBT? Qual é a visão da sua entidade?
Objetivo: Identificar possíveis conflitos gerados pelas identidades com as quais estes
atores políticos se investem.
26. Em sua opinião, o Movimento LGBT do DF é unido? Caso contrário, quais são as
principais razões para a fragmentação organizativa deste movimento?
Objetivo: É uma pergunta mais incisiva, com o objetivo de averiguar os possíveis
conflitos existentes dentro do Movimento LGBT do DF.
28. E no local (distrital)? Se sim, como fazem? Caso contrário, por quê?
Objetivo: Abordar se a instituição/grupo/ONG/coletivo realiza atividades de
acompanhamento das atividades, ou pelo menos de alguma, dos Poderes.
103
públicas; acompanhamento/sugestão de projetos de leis, etc)? Se sim, quais ações são
feitas? Caso contrário, por que não realizam? Pretendem realizar?
Objetivo: Averiguar se a instituição/grupo/ONG/coletivo procura incidência direta nas
esferas de poder.
32. Ainda sobre este tipo de participação, vocês já participaram de alguma reunião,
evento, audiência pública promovida pela Câmara Legislativa do DF, Câmara dos
Deputados ou Senado Federal? Se sim, o que? Tem o interesse de manter esta
atividade ou de realizar algo deste nível, se não tiver feito?
Objetivo das perguntas8 a 10: Identificar se a (o) instituição/grupo/ONG/coletivo teve ou
mantém algum contato com o poder público e quais as formas que isto ocorre.
34. Você acredita que o Movimento LGBT do DF, em geral, tem a preocupação de
acompanhar as ações e/ou dialogar com o poder público?
Objetivo: Verificar a percepção do entrevistado se este acredita que o Movimento LGBT
do DF tem como uma de suas atividades o acompanhamento e/ou diálogo com o poder
público.
105
39. Voc„s participam de atividades de protesto organizada por outras
institui•ƒes/grupos/ONG/coletivos, como as citadas na pergunta anterior? Quais? E
quem s€o os que mais convidam para este tipo de atividade?
Objetivo das perguntas 16 e 17: Descobrir se existem outros momentos, sem ser a
Parada do Orgulho Gay, em que estes atores se reúnam para organizar outras
atividades.
41. Abaixo tem uma lista de grupos, associa•ƒes, ONG’s e outras entidades que podem
fazer parte do Movimento LGBT. Marque se sua (seu) institui•€o/grupo/ONG/coletivo
faz algum tipo de colabora•€o e/ou a•€o conjunta para influenciar o Poder PŒblico
com algum dos atores abaixo, e com que freq‹„ncia este contato Ž feito.
( ) Constantemente
Associa•€o de Gays e LŽsbicas Unidos das
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Cidades SatŽlites do DF - AGLUCS
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Federa•€o LGBT do Distrito Federal e Entorno ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Associa•€o da Parada do Orgulho LGBT do DF ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Estrutura•€o – Grupo LGBT de Bras‚lia ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
106
( ) Constantemente
Associa•€o LŽsbica Feminista de Bras‚lia -
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Coturno de V„nus
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Elos – Grupo LGBT do DF e Entorno ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Klaus - Grupo Universit‡rio de LGBT ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Sapataria – Coletivo de Mulheres LŽsbicas e
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Bissexuais do DF
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Integra•€o - Grupo LGBTS do Recanto das Emas ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Grupo de Solidariedade LGBT do Distrito Federal ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
FEMUBE - Federa•€o das Mulheres Unidas de
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
Bras‚lia e Entorno
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
NŒcleo de Estudos da Diversidade Sexual e de
( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
G„nero (Nedig) – UnB
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
MinistŽrio Na•€o —gape ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
ANAV-Trans ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Grupo Amizade LGBT do Gama ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
( ) Constantemente
Fraternidade LGBT do Parano‡ ( ) Com certa freq‹„ncia, mas n€o sempre
( ) Esporadicamente
Alguma outra organiza•€o com a qual tenha colabora•€o para incidir no poder pŒblico, e que
n€o consta desta tabela?
107
Objetivo das perguntas 13 e 14: Identificar porque a (o) instituição/grupo/ONG/coletivo
tem preferências por se relacionar com certos atores e outros não.
42. Em sua opinião, as conquistas alcançadas pelo Movimento LGBT foram significantes?
O que falta para o Movimento LGBT do DF atingir mais objetivos e conquistas?
Objetivo: Pergunta final para que o(a) entrevistado(a) possa dar um parecer sobre a
atuação do Movimento LGBT até então e uma perspectiva para o futuro.
108
ANEXO 4: Militantes LGBT entrevistadas e entrevistados
Klaus – Grupo
12 de mar•o de
Luana Gaudad Universit‡rio de Membro
2010
LGBT
Federa•€o LGBT do 07 e 08 de abril de
Jaqueline Jesus Presidente
DF e Entorno 2010
Patrick Thiago MinistŽrio Na•€o
Presidente 07 de abril de 2010
Bomfim —gape
Klaus – Grupo
Rodolfo God’i Universit‡rio de Membro 08 de abril de 2010
LGBT
Diretora de
Associa•€o LŽsbica
Cultura e
AndrŽia Augusta Feminista de Bras‚lia 10 de abril de 2010
Assessora em
– Coturno de V„nus
Juventude
Estrutura•€o – Grupo Secret‡rio-
Welton Trindade 13 de abril de 2010
LGBT de Bras‚lia Adjunto
Estrutura•€o – Grupo
Michel Platini Vice-Presidente 19 de abril de 2010
LGBT de Bras‚lia
Nedig – NŒcleo de
Estudos da
Diversidade Sexual e 31 de maio e 07 de
Felipe Areda Pesquisador
de G„nero da junho de 2010
Universidade de
Bras‚lia
Elos – Grupo LGBT 09 de julho de
Evaldo Amorim Presidente
do DF e do Entorno 2010
109
ANEXO 5 - Principais proposições em tramitação no Congresso Nacional que envolvem
a temática LGBT.
Número da
Autor(a) Ementa
proposição
PL 4508/2008
(apensado ao
PL 2285/2007 Dep. Olavo Calheiros
Proíbe a adoção por homossexual
que trata do (PMDB/AL)
Estatuto da
Família)
110
Susta os efeitos da Portaria n˜ 1.707, de 18 de
agosto de 2008, do MinistŽrio da SaŒde, que
Dep. Miguel Martini institui, no •mbito do Sistema šnico de SaŒde
PDC-1050/2008
(PHS-MG) (SUS), o Processo Transexualizador, a ser
implantado nas unidades federadas, respeitadas as
compet„ncias das tr„s esferas de gest€o.
PL 3323/2008
(apensado ao
PL 1756/2003 -
projeto que trata Altera a Lei 8069, de 13 de julho de 1990,
Dep. Walter Brito
da revis€o geral Estatuto da Crian•a e do Adolescente, para vedar
Neto (PRB/PB)
da legisla•€o de a ado•€o por casal do mesmo sexo.
ado•€o – Lei
nacional de
ado•€o)
Dep. Cida Diogo (PT- Institui o dia 29 de agosto como o Dia Nacional da
PL 2000/2007
RJ) Visibilidade LŽsbica.
PL 580/2007
Altera a Lei n˜ 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
(apensado PL Dep. Clodovil
C’digo Civil, para dispor sobre o contrato civil de
4914/2009 e PL Hernandes (PTC/SP)
uni€o homoafetiva
5167/2009)
111
Do ex-dep. JosŽ Dispƒe sobre interven•ƒes cirŒrgicas que visem ‰
PL 70/1995
Coimbra (PTB-SP) altera•€o de sexo e d‡ outras provid„ncias.
112
Ementa: D‡ nova reda•€o ao inciso IV do art. 3˜
e ao inciso XXX do art. 7˜ da Constitui•€o
Federal. Explicação: Estabelecendo entre os
objetivos fundamentais da RepŒblica Federativa
PEC 392/2005
Paulo Pimenta - do Brasil a inexist„ncia de preconceito em rela•€o
(apensado ao
PT/RS e outros ao estado civil, orienta•€o sexual, cren•a religiosa
PEC 66/2003)
e defici„ncia; proibindo, tambŽm, a diferen•a
salarial e a utiliza•€o desses critŽrios para
admiss€o no emprego; alterando os artigos
terceiro e sŽtimo da nova Constitui•€o Federal
114
ANEXO 6 - Principais proposições já apresentadas na Câmara Legislativa do Distrito
Federal que envolvem a temática LGBT
A proposi•€o foi
Maninha
Determina san•ƒes ‰s publicada, tornando-se a
(PT), Chico
pr‡ticas discriminat’rias em Lei Distrital n˜ 2.651, de
Floresta (PT), 10/11/2000
PL 951/1999 raz€o da orienta•€o sexual 26 de outubro de 2000.
LŒcia (sancionada)
das pessoas, e d‡ outras PorŽm, esta lei n€o foi
Carvalho
provid„ncias regulamentada pelo Poder
(PT)
Executivo atŽ ent€o.
115
Dispƒe sobre garantia dos
direitos dos detentos ‰ visita A proposi•€o foi
LŒcia
‚ntima, ‰ educa•€o e 17/09/2003 arquivada, em virtude do
PL 2390/2001 Carvalho
orienta•€o sexual no •mbito (arquivada) fim da Legislatura (1999 –
(PT)
do Distrito Federal e d‡ 2002).
outras provid„ncias
116
Chico Leite (PT) proferiu
“Inclui no calend‡rio oficial
Eliana parecer pela
de eventos do Distrito
PL 951/2008 Pedrosa 28/11/2008 admissibilidade da
Federal a parada do orgulho
(DEM) matŽria.Aguarda
LGBTS”.
aprecia•€o na CCJ.
“Reorganiza e unifica o
Regime Pr’prio de
Previd„ncia Social do
Distrito Federal (RPPS/DF),
Poder 23/11/2009 Aprovado, aguarda san•€o
PLC 90/2008 estendendo os benef‚cios
Executivo (aprovada) do Governador
previstos neste regime aos
parceiros e parceiras dos
indiv‚duos segurados pelo
RPPS/DF”
117
ANEXO 7 - Demandas resultantes da Conferência Distrital LGBT11
Educação e Esporte:
Comprometer a disponibiliza•€o e envio dos materiais referentes orienta•€o sexual e
identidade de g„nero produzidos pela Secretaria Especial de Direitos Humanos –
11
Estes informa•ƒes foram obtidas no Portal Athos GLS, e est€o dispon‚veis em:
http://www.athosgls.com.br/noticias_visualiza.php?contcod=23503
118
SEDH, assim como da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade - SECAD, para todas as escolas do Brasil;
Garantir o uso do nome social para travestis e transexuais nas escolas, universidades e
demais instituições de ensino;
Incluir o estudo de autoras/autores GLBT e obras que tratem da temática no curso de
licenciatura de Letras, bem como nas disciplinas de Língua Portuguesa e/ou Literatura
no ensino fundamental e médio;
119
Cidades e Meio Ambiente
Aprova•€o da lei distrital 2615/2000 de autoria da Maninha que determina san•ƒes ‰s
pr‡ticas discriminadas em raz€o da orienta•€o sexual das pessoas;
Implementa•€o imediata e em car‡ter permanente do Decreto 28824/2008, que
institui o grupo de trabalho “Bras‚lia sem Homofobia”, permitindo a participa•€o de
entidades GLBT do DF;
120