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RBTI Artigo de revisão

2006:18:3:298-306

Avaliação Nutricional de Paciente Critico*


Nutritional Assessment of the Critical ill Patient
Carmen Sílvia Machado Fontoura1, Denise Oliveira Cruz2, Lisiane Guadagnin Londero2, Renata Monteiro Vieira2

RESUMO SUMMARY

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O estado nutricional BACKGROUND AND OBJECTIVES: Nutritional state


do paciente hospitalizado influi em sua evolução cli- of patients affects them in their clinical evolution. Pro-
nica e a má nutrição protéico-calórica contribui para tein-caloric malnutrition contributes to the increase of
o aumento da morbidade-mortalidade em terapia in- morbidity and mortality in critical care. Regardless all
tensiva. Apesar dos diversos parâmetros de avaliação the parameters available to assessment, there is no
nutricional (AN) existentes, não há um padrão nos cen- standard in hospital centers. In this review, we were
tros hospitalares que dê segurança aos profissionais looking for a method to nutrition assessment (NA) in
em sua prática diária. O objetivo deste estudo foi bus- critical patient that allow more adequate assessment
car um método de avaliação para pacientes críticos and contribute to improvement in critical care.
que permita uma avaliação mais adequada e contribua CONTENTS: In order to compare methods in NA in cri-
para melhorar no seu cuidado. tical patient, search was performed in scientific papers
CONTEÚDO: Foi realizada revisão na literatura exis- about this area. The keywords used were nutritional
tente, tendo com palavras-chave: avaliação nutricional, assessment, critical patient, critical care, hospital un-
paciente critico, antropometria, desnutrição hospitalar dernourishment and anthropometry.
e terapia intensiva. CONCLUSIONS: There are restrictions to different
CONCLUSÕES: Os diferentes métodos de avaliação anthropometric parameters for NA when referring to
nutricional sofrem restrições quando se trata de pa- critical patients. There is no consensus within authors
ciente critico. Não há consenso entre os autores so- about the best method for these patients and they no
bre o melhor método de AN, não sendo aconselhável a advise to choose only one parameter. We suggest for
eleição de apenas um. Sugere-se para a prática diária, practice clinical in NA, one tool that include objective
um instrumento que contemple os aspectos subjetivos and subjective aspects in critical patients and identify
e objetivos e que identifique pacientes desnutridos ou those that are either undernourishments or in nutritio-
em risco nutricional (Anexo 1). nal risks (Appendix 1).
Unitermos: antropometria, avaliação nutricional, des- Key Words: anthropometry, critical patient, hospital
nutrição hospitalar, paciente critico, terapia intensiva undernourishment, intensive therapy, nutritional asses-
sment

1. Nutricionista Assistencial com Curso de Especialista em Progra- INTRODUÇÃO


mas de Saúde Pública.
2. Acadêmicas do Curso de Nutrição da UFRGS
O estado nutricional de pacientes hospitalizados influi
*Recebido do Serviço de Nutrição do Hospital de Clínicas da Univer- em sua evolução clinica. A avaliação nutricional é exi-
sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS gida como parte do cuidado integral do paciente, con-
tudo muitas vezes é descuidada. Não há um padrão
Apresentado em 02 de agosto de 2006.
Aceito para publicação em 04 de setembro de 2006 para sua utilização nos centros hospitalares1.
Estima-se que cerca de 30% dos pacientes são des-
Endereço para correspondência: nutridos. Segundo Logan e Hildebrandt, a desnutri-
Carmen Sílvia Machado Fontoura
Av. Cavalhada nº 4760/B5/217 ção protéica é um problema prevalente nos hospitais,
91740-000 Porto Alegre, RS afetando entre 30% a 60% dos pacientes. McWhirter
E-mail: cfontour@terra.com.br e Pennington relataram que 40% dos pacientes são
©Associação de Medicina Intensiva Brasileira, 2006
desnutridos quando de seu ingresso no hospital e que

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75% desses pacientes perdem peso quando interna- realizado dentro de um período de até três dias após a
dos por mais de uma semana e a taxa de mortalidade internação hospitalar. Ë utilizada para classificar o grau
é maior do que aquela esperada em pacientes adequa- de desnutrição e o risco nutricional, prescinde de exa-
damente nutridos. Pacientes em risco nutricional per- mes antropométricos e laboratoriais objetivos, tornan-
manecem hospitalizados durante um período de tem- do a avaliação mais rápida e com menor custo.
po 50% maior do que os pacientes saudáveis, gerando O diagnóstico nutricional será definido através da
aumento nos custos hospitalares2. A desnutrição e os soma de pontos. Através dela é possível classificar o
desvios nutricionais ocasionam a redução da imunida- paciente de forma subjetiva em bem nutrido, 1 a 17
de, aumentando, portanto o risco de infecções, hipo- pontos, desnutrido moderado, 17 a 22 pontos e des-
proteinemia e edema, bem como a redução de cicatri- nutrido grave, maior que 22 pontos, que é interpretado
zação de feridas aumento do tempo de permanência e pela graduação adaptada por Garavel6.
conseqüente aumento dos custos hospitalares, entre Considera-se que a ANSG, por não ter classificação
outras conseqüências3. para desnutrido leve, pacientes em grau leve de des-
A má nutrição é um problema comum, especialmente nutrição sejam classificados como eutróficos, enquan-
em pacientes em ventilação mecânica (VM) e é uma to que aqueles classificados com moderada desnutri-
das causas da falência orgânica, contribui para a dimi- ção poderiam estar desnutridos.
nuição da regeneração do epitélio respiratório e pro- Coppini e col. em estudo prospectivo compararam a
longa o tempo de ventilação e a permanência hospi- ANSG proposta por Destky e a avaliação nutricional
talar. Por outro lado, hiper-alimentação pode também objetiva, analisando dados de 100 pacientes. Os re-
prolongar o tempo de VM com aumento da produção sultados foram comparados com as medidas antropo-
de dióxido de carbono4. Ressalta-se que, AN identifica métricas e os dados bioquímicos, e demonstraram que
pacientes em risco nutricional e a partir dessa avalia- para a ANSG 83% foram normais, 14% desnutridos
ção determina as prioridades da assistência nutricional moderados e 3% desnutridos graves. Foram observa-
como escolha da via de alimentação. das associações significativas (p < 0,05) entre albumi-
Vários métodos podem ser utilizados na AN. Os mais na < 3, 5, hemoglobina < 13,9 mg/dL, prega cutânea
efetivos em geral são os mais sofisticados, não aplicá- triciptal (PCT) < 10 mm, e circunferência muscular do
veis à beira do leito e de alto custo, não fazendo parte braço (CMB) < 23,3 mm com a presença de desnutri-
da pratica diária em geral, presentes mais freqüente- ção moderada grave. Não foi demonstrada correlação
mente em centros de estudo e pesquisa5. Os métodos significativa entre o percentual de perda de peso (%PP)
mostram-se pouco precisos para pacientes críticos, >10 % e linfocitopenia < 500 cels/mm3 e a presença
devido às alterações da distribuição hídrica nos com- de desnutrição pela ANSG. A hipoalbuminemia, baixa
partimentos extracelulares. PCT e presença de desnutrição avaliada pela ANSG
Na prática clínica, a AN do paciente crítico é dificultada estiveram associadas com a maior freqüência de mor-
devido às alterações na composição corporal. talidade.
Essas dificuldades motivaram essa busca com objeti- Os autores concluíram que a ANSG é um método con-
vo de identificar um melhor método de AN para esse fiável para detectar desnutrição protéica calórica (DPC)
tipo de paciente. Termos chaves como: pacientes crí- em pacientes hospitalizados e que possui associação
ticos, antropometria, avaliação nutricional, desnutrição com prognóstico e mortalidade6. A ANSG vem ganhan-
hospitalar, foram utilizados para busca de dados. Ter- do adeptos, pois permite a avaliação dos riscos nutri-
mos estes que pudessem contribuir na definição da AN cionais em pacientes de forma não-invasiva7, apresen-
mais objetiva desses pacientes e que contemplassem ta-se como um bom índice prognóstico de mortalida-
antropometria, dados laboratoriais e outros que levem de, contudo existe algum questionamento e resistência
em consideração o grau de hidratação, a dificuldade de por parte de profissionais na utilização isolada desse
comunicação, a mobilidade e a diminuição de sensório. índice para definição do diagnostico nutricional8. Es-
tudo realizado com médicos membros da European
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL SUBJETIVA GLOBAL Society for Intensive Care Medicine em 1998, com ob-
jetivo de descrever aspectos práticos do manuseio nu-
Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG), introdu- tricional em unidades de tratamento intensivo, concluiu
zida por Detsky e col. em 1987, consiste unicamente que 99% das respostas obtidas utilizavam parâmetros
na prática de anamnese e exame físico que deve ser clínicos e 82% para aspectos bioquímicos, enquanto

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antropométricos foi de 23%, funcionais 24% e 18% pos de acordo com seu IMC: < 18,5; 18,5-24,9; 25-
imunológicos. Embora o retorno tenha sido apenas de 29, 9 e > 30 kg/m². Através de análises estatísticas,
16,85% dos questionários distribuídos, esse resultado verificou-se que um baixo IMC (< 18,5 kg/m²) estava
deve ser considerado, visto que reflete a prática clinica independentemente associado com maior mortalidade
que em geral é utilizada. e um alto IMC, com menor mortalidade. Contudo os
autores alertam quanto a interpretação dos resultados,
ANTROPOMETRIA lembrando que o peso de pacientes na UTI oscila mui-
to. Os dados deste estudo sugerem que o IMC pode
As medidas antropométricas são de grande importân- ser um componente útil no desenvolvimento de futuros
cia para a avaliação do estado nutricional dos indiví- escores preditores de mortalidade. Os autores con-
duos. Pode-se obter a composição dos dois comparti- cluem que, já que o IMC está ausente na maioria dos
mentos da massa corporal: a massa magra e o tecido escores atualmente utilizados, mais estudos são ne-
adiposo. As informações obtidas refletem o passado cessários para determinar se incluir o IMC melhoraria a
da história nutricional do paciente. efetividade destes ou não10,11.
A avaliação da composição corporal pela antropome- Foi realizado estudo pelo American College of Chest
tria apresenta algumas vantagens como de fácil exe- Physicians buscando determinar o impacto do IMC nos
cução, baixo custo, não-invasivo, obtenção rápida de resultados observados em pacientes críticos seguindo
resultados, factível a beira do leito e de resultados fi- a sua admissão na UTI. Através da análise retrospec-
dedignos, desde que executados por profissionais ca- tiva de um grande banco de dados de UTI de várias
pacitados. Como desvantagem é incapaz de detectar instituições encontrou-se que baixo IMC, mas não
distúrbios recentes no estado nutricional e identificar alto, estava associado a maior mortalidade e pior esta-
deficiências nutricionais especificas9. do funcional na alta hospitalar. O tempo de internação
Medidas antropométricas geralmente mais usadas foi maior em pacientes com obesidade grave e menor
para avaliação da desnutrição incluem: índice massa em pacientes de baixo peso. Os autores admitem a
corporal (IMC), espessura de dobras cutâneas, cir- necessidade de mais estudos para esclarecer o seu re-
cunferência do braço (CB), circunferência muscular do sultado e também sugerem que a inclusão do IMC no
braço (CMB), peso corporal (PC) e estatura. (E) desenvolvimento de escores preditores de mortalidade
deveria ser considerada12.
Índice de Massa Corporal
Circunferências e Dobras
O índice de massa corporal, calculado como IMC (kg/
m²) = peso corporal em kg e altura2 em metros, é um O método tem sido amplamente utilizado na avaliação
índice antropométrico que está correlacionado com a nutricional dos pacientes, pois constitui o meio mais
gordura corporal total10. Em pacientes críticos, o peso conveniente para estabelecer indiretamente a massa
pode estar significativamente modificado devido à de- corpórea de gordura. Estudos existentes com pacien-
pleção de volume ou de sua sobrecarga, como resul- tes de terapia intensiva normalmente combinam antro-
tado de grandes alterações do balanço hídrico em um pometria com outros métodos de AN, que essa apre-
curto período de tempo. Dessa forma o IMC desses senta.
pacientes estará superestimado. Ravasco e col.1 realizaram estudo prospectivo entre
A relação entre peso corporal e mortalidade em pacien- abril e outubro de 1999 com objetivo de identificar
tes críticos não é clara. Poucos estudos do IMC em possíveis parâmetros nutricionais em cuidado intensi-
pacientes críticos estão disponíveis. Entretanto, alguns vo para avaliação do estado nutricional e estimular a
estudos sugerem que a inclusão do IMC em escores sua prática. O estudo coorte incluiu pacientes adultos
preditores de mortalidade deveria ser considerada. com tempo de permanência maior que 48 horas, que
Na França, um estudo prospectivo multicêntrico foi re- apresentassem condição clínica associada à insufi-
alizado com o objetivo de analisar a associação entre ciência respiratória dependente ou não de ventilação
o índice de massa corporal (IMC) e a mortalidade em mecânica. Foram utilizados as medidas antropométri-
pacientes críticos, incluindo 1.698 pacientes adultos, cas e dados laboratoriais. De acordo com o protocolo
conduzido durante dois anos, em seis UTI médico-ci- da unidade foram utilizados escores que classificam o
rúrgicas. Os pacientes foram divididos em quatro gru- grau de gravidade da doença: Acute Physiological and

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Chronic Health Evaluation II (APACHE II), Therapeutic CMB P5, foi associada com altas taxas de mortalida-
Intervention Scoring System (TISS) e Acute Physiologi- de. Nenhum outro parâmetro antropométrico isolado
cal Score (APS). A avaliação clínica incluiu a inspeção ou em grupo foi associado com mortalidade.
de presença de edema não relatado no diagnóstico Huang13 em recentes estudos antropométricos envol-
inicial. vendo 49 pacientes encontraram que o IMC classificou
Os parâmetros antropométricos foram avaliados isola- a maioria dos pacientes como normais, enquanto que
damente ou associados aos utilizados por Blackburn e CB e CMB classificaram a maioria como desnutrido.
McWhirter (Tabela 1). No estudo de Ravasco, esse número foi de 43% e
identificou CB como um teste possível, ainda que im-
Tabela 1 - Classificação do Estado Nutricional conforme Black- preciso, sugerindo investigações adicionais sobre essa
burn e McWhirter
prática para pacientes críticos.
Critérios
Categorização Blackburn McWhirter
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Sobrepeso % PI - 130 % IMC > 25 kg/m 2

Normal % PI, PCT, CB, CMB 20 - 25 kg/m2 A utilização das proteínas séricas como instrumento
CMB - 90% PCT, CB, CMB > P 15 de avaliação de desnutrição em pacientes gravemen-
Subnutrido % PI, PCT, CB, IMC < 20 kg/m2 te enfermos tem sido relatada na literatura como um
IMC - < 90% PCT, CB, CMB , PCT < P 15
importante e confiável medidor. Sabe-se que a síntese
Desnutrição % PI, PCT, CB, IMC < 16 kg/m2
grave IMC - < 60% PCT, CB, CMB , PCT < P 5 das proteínas hepáticas depende de aminoácidos dis-
poníveis, e o paciente com desnutrição terá essa defi-
A Critical Approach to Nutritional Assessment in Critically ill Patients:
% PI = % peso ideal; PCT = prega cutânea triciptal; CB = circunferência do ciência em seu organismo2.
braço; CMB = circunferência muscular do braço; IMC = índice de massa cor- A albumina sérica é o indicador bioquímico de desnu-
poral; kg/m2 = quilograma por metro quadrado; P = percentil.
trição mais utilizado, sendo considerado também um
bom preditor de mortalidade e morbidade. Dados labo-
Os resultados mostraram que edema esteve relaciona- ratoriais alterados como hipoalbuminemia não podem
do com o aumento do percentual de peso ideal e IMC ser considerados isoladamente como um indicador
influenciando na classificação de maior número de pa- para desnutrição. Na presença de lesão, a albumina,
cientes bem nutridos e com sobrepeso. Na análise da uma proteína negativa de fase aguda, tende a diminuir
CB e CMB foi observada depleção muscular e mostrou sua concentração, devido à inibição de sua síntese pe-
que 50% dos pacientes analisados eram desnutridos, las citocinas, ao aumento da permeabilidade vascular
o que tem correlação com o critério de McWhirter. As com extravasamento para o espaço extracelular, expli-
proteínas totais estavam reduzidas em 52% dos pa- ca-se dessa forma, ser a albumina um fraco índice para
cientes, enquanto albumina foi de 3,5 mg/dL em 86% avaliar o estado nutricional, mas é um bom indicador
dos pacientes, e em 82% dos pacientes a contagem da lesão e do estresse metabólico. Em paciente críti-
total de linfócitos (CTL) foi de 1500 cels/mm3. Na aná- co, é mais comumente um indicador da resposta infla-
lise de múltipla correlação entre antropometria e pa- matória. No entanto, seu uso tem algumas limitações,
râmetros bioquímicos houve correlação significativa principalmente entre os pacientes que utilizam nutrição
apenas entre o percentual de peso ideal (PI) e IMC (P parenteral, pois a albumina é administrada na solução,
0,0001) e, entre nenhum desses e a CB. A análise da podendo, por isso, prejudicar os resultados. Além dis-
massa muscular mostrou que maior número de pacien- so, ela possui meia-vida longa e grande concentração,
tes apresentou depleção de moderada (55%) a grave o que também dificulta a acurácia da avaliação.
(38%), tendo maior prevalência em idosos (> 65 anos). Klein e col. 1996 relataram que a albumina sérica e a
Apesar de a depleção muscular ser identificada clinica- proteína ligada ao retinol são os melhores indicadores
mente mais vezes, houve associação com o resultado das proteínas viscerais no trauma, no entanto, ressal-
determinado pela CB ou CMB se comparados com os taram que os níveis de pré-albumina e transferrina são
critérios de Blackburn e Mcwhirter. A taxa total de mor- questionáveis em situações semelhantes. A albumina
talidade foi de 51%, baixa albumina foi correlacionada sérica menor que 3,5 g/dL é geralmente considerada
negativamente com o SCORE APACHE II, e esse foi indicativa de desnutrição.
associado com CB e CMB apenas quando utilizado o A pré-albumina tem sido considerada por muitos auto-
critério de McWhirter. A má nutrição, classificada pela res, como o melhor indicador de desnutrição protéica

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devido à sua meia-vida curta de ação, e pequeno ta- bioquímicos devem ser utilizados na avaliação nutri-
manho, ela é capaz de refletir modificações no estado cional de pacientes críticos:
de nutricional de pacientes graves, num curto espaço • Balanço nitrogenado e o nível de creatinina;
de tempo, o que não ocorre com a albumina. • Contagem total de linfócitos cujo montante se inferior
A transferrina e a proteína ligada ao retinol são utili- a 1500 a 2000 células/mm3 é indicativo de desnutrição;
zadas como medidores da capacidade de armazena- • Nível de hematócrito e hemoglobina: em mulheres,
mento de ferro. Existem ainda poucas pesquisas sobre valor inferior a 37% para hematócrito e menor de 12
a utilização destas na avaliação nutricional de pacien- mg/dL para hemoglobina, representa desnutrição; em
tes graves. homens, valores abaixo de 31% e 10% mg/dL para
A proteína ligada ao retinol possui meia-vida mais cur- hematócrito e hemoglobina, respectivamente.
ta, mas sua utilização ainda é muito restrita e a literatu-
ra não possui muitas informações sobre a sua eficácia BIOIMPEDÂNCIA (BIA)
(Tabela 2).
O trabalho pioneiro de Thomasett (1962) estabeleceu
Tabela 2 - Proteínas Séricas Utilizadas na Avaliação Nutricional os princípios básicos da BIA14. Este método permite
Proteína Meia-Vida Fatores que Influenciam a avaliação da composição corporal através da esti-
Albumina 20 dias Estado de hidratação do paciente, mativa da água corpórea total (ACT) e, a partir desta,
doenças renais e hepáticas, trau-
ma, procedimento cirúrgico, sepse, da massa livre de gordura (MLG) e da percentagem de
edema, e proteína dietética. gordura corpórea. Baseia-se na relação entre o volume
Transferrina 8 dias Gravidez, hepatite aguda, utilização do condutor (corpo), o comprimento do mesmo (altura)
de contraceptivos orais, doenças e sua impedância14.
hepáticas terminais, neoplasias, al-
tas doses de antibióticos e proteína
Evidências na literatura sugerindo que a BIA pode ser
dietética. utilizada para avaliar mudanças na composição e vo-
Proteína 10 horas Doença crônica renal, estado nu- lume de água corpórea em indivíduos saudáveis levou
tricional em relação à vitamina A e ao estudo de sua utilidade em pacientes críticos.
proteína dietética.
Jacobs (1996) revisou uma série de estudos tratando do
Pré-albumina 48 horas Estresse, hipertiroidismo, doenças
crônicas inflamatórias, utilização uso da BIA para a avaliação de mudanças na compo-
de esteróides e proteína dietética. sição corporal nos pacientes críticos. O autor concluiu
que mudanças na impedância refletem proximamente
Os potenciais benefícios da inclusão da pré-albumi- mudanças no volume da água corpórea total e talvez
na são: na sua compartimentalização. Estudos publicados an-
• Identificação precoce de desnutrição protéica e de teriormente, segundo o autor, sugeriam que a BIA não
riscos nutricionais; parecia ser uma técnica útil para medir mudanças na
• Determinação precoce de suporte nutricional; composição corporal nos pacientes críticos, pelo me-
Em longo prazo: nos na forma presente do método que usa técnicas
• Melhorar a condição de vida de pacientes graves; com um modelo de dois compartimentos. Aceitar, que
• Contribuir para a redução da mortalidade, a relação entre a ACT e a massa corporal magra e es-
• Reduzir o tempo de permanência hospitalar com di- tável, é geralmente inválida nos pacientes críticos, mas
minuição dos custos hospitalares. é inerente a todos os modelos de dois compartimentos
no quais componentes corporais chaves são derivados
A avaliação da pré-albumina é recomendada para al- secundariamente a partir de medidas da água corpó-
guns pacientes, em especial: rea. Esta seria, segundo o autor, uma das razões pe-
• Idade maior que 65 anos; las quais a BIA teria sérias limitações como ferramenta
• Dificuldade para ingerir ou engolir por mais de 5 dias; para avaliar mudanças nos tecidos corporais. Ainda
• Histórico de perda de peso maior que 20% do que o assim, o autor entende que a simplicidade e natureza
peso usual; não-invasiva das medidas deste método são grandes
• Portadores de AIDS; vantagens operacionais e que com uma melhor apre-
• Nível muito baixo de albumina sérica; ciação das implicações das mudanças na resistência
• Pacientes que utilizem nutrição enteral ou parenteral. e na reatância em parte do corpo ou em toda sua ex-
Ainda segundo Klein e col. outros quatro indicadores tensão, o entendimento dos efeitos de má-nutrição,

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infecção, choque ou trauma superpostos no paciente ponentes do organismo, a energia necessária para o
poderá melhorar sua aplicabilidade. funcionamento dos sistemas cardiovascular e respira-
Frankenfield e col. (1998) compararam resultados da tório e a energia despendida pelos mecanismos ter-
análise da bioimpedância com a atividade metabólica mo reguladores para manter a temperatura corporal.
em indivíduos saudáveis e em pacientes críticos, par- O gasto energético despendido em repouso pelo in-
tindo da hipótese de que se a BIA determinasse com divíduo, em ambiente que não é termicamente neutro
acurácia a composição corporal do paciente em críti- e enquanto recebendo medicamentos ou tratamento
co, a relação entre variáveis da composição corporal e de suporte, incluindo o suporte nutricional, é referido
o consumo de oxigênio seria o mesmo em pacientes como dispêndio energético de repouso e este costuma
críticos e nos saudáveis15. ser 10% maior do que o dispêndio basal16.
A relação entre estas variáveis foi comparada pelo uso As doenças clínicas e cirúrgicas elevam o dispêndio
de regressão linear com uma relação similar onde mas- energético como parte da resposta metabólica ao es-
sa livre de gordura foi estabelecida por pesagem hidros- tresse. Em intervenções cirúrgicas eletivas, o dispêndio
tática em lugar da BIA em um grande grupo controle de repouso aumenta de 5% a 10%, fraturas múltiplas,
histórico. A conclusão foi de que a análise da compo- lesões abdominais extensas, traumatismos do sistema
sição corporal através de bioimpedância é válida tanto nervoso central e infecções graves elevam o dispêndio
em pacientes críticos como em indivíduos saudáveis, o energético de repouso 50% a 60% acima do previs-
que acorda, segundo os autores, com os resultados de to, enquanto que nos grandes queimados, o dispêndio
outros estudos que usaram diferentes métodos de va- pode chegar ao dobro do previsto.
lidação. Em pacientes críticos, a massa celular corpó- Portadores de condições clínicas, como insuficiências
rea é mais apropriada do que a massa livre de gordura cardíaca, respiratória, pancreatite aguda, neoplasia e
como um índice da massa de tecido metabolicamente hemorragia subaracnóidea, também apresentam dis-
ativo, primariamente porque a massa livre de gordura pêndio elevado, no entanto, alguns pacientes apre-
inclui a água extracelular que freqüentemente sofre flu- sentam dispêndio menor que o previsto. Esta resposta
tuação no paciente crítico, enquanto a massa celular hipometabólica tem sido associada a determinações
corpórea inclui apenas água intracelular. na fase inicial da lesão, presença de choque ou insta-
Poucos são os estudos que examinaram a BIA como bilidade hemodinâmica, falência bioenergética celular,
um método de medida da massa livre de gordura e da doença hepática avançada, hipotiroidismo, desnutri-
massa celular corpórea em pacientes críticos. Sendo ção, traumatismo raquimedular, hipotermia e utilização
assim, a real possibilidade do uso do método nestes de analgesia e sedação.
pacientes ainda é relativamente controversa. Considera-se o paciente hipermetabólico quando o dis-
pêndio de repouso medido está 10% ou mais acima do
CALORIMETRIA INDIRETA valor previsto. Pacientes com dispêndios menores do que
90% do previsto são considerados hipometabólicos.
A calorimetria indireta (CI) é um método não-invasivo A melhora do suporte nutricional dos pacientes grave-
que determina as necessidades nutricionais e a taxa de mente enfermos é, no momento, a maior indicação de
utilização dos substratos energéticos a partir do con- CI. Necessidades nutricionais baseadas em equações
sumo de oxigênio e da produção de gás carbônico ob- preditivas genéricas não são recomendadas, pois po-
tidos por análise do ar inspirado e expirado pelos pul- dem provocar sobrecarga calórico-protéica aumento
mões. A produção de energia significa a conversão da da produção de CO2 e conseqüentemente, a insufici-
energia química armazenada nos nutrientes em energia ência respiratória. Recomenda-se utilizar a CI sema-
química, armazenados no ATP mais a energia dissipa- nalmente, nos pacientes estáveis, e 2 a 3 vezes por
da como calor durante o processo de oxidação. semana, nos pacientes mais graves.
O dispêndio energético diário compreende o dispêndio
basal, o dispêndio da atividade física e o efeito térmi- DISCUSSÃO
co dos alimentos. O dispêndio basal representa 60% a
75% do custo energético diário e inclui a energia gasta A avaliação do estado nutricional do paciente hospi-
com a bomba sódio-potássio e outros sistemas que talizado é parte do cuidado integral ao paciente. Em
mantêm o gradiente eletroquímico das membranas se tratando de paciente critico especial atenção deve
celulares, a energia empregada na síntese dos com- ser dispensada, considerando que a prevalência de má

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nutrição é um problema comum entre esses12. da na rotina hospitalar.


A literatura nos mostra que existe uma prevalência em O uso da BIA em pacientes críticos necessita de estu-
torno de 30% a 50%, Hill declara que 50% dos pa- dos mais específicos para possível validação de seu
cientes submetidos a intervenções cirúrgicas de gran- uso em Terapia Intensiva. Neste contexto, faz-se ne-
de porte, após uma semana de hospitalização e que cessário o desenvolvimento de mais estudos para ve-
de um modo geral pacientes em ventilação mecânica rificação dos métodos mais práticos e adequados para
sofrem desnutrição. avaliação nutricional do paciente crítico.
A importância da nutrição, no paciente crítico, funda- Na literatura, o número de estudos acerca do uso de
menta-se no conhecimento das conseqüências fisioló- diferentes métodos de avaliação nutricional especifica-
gicas da desnutrição, como possíveis alterações nas mente no paciente crítico não é muito expressivo, no
funções muscular respiratória e cardíaca, no balanço entanto, como demonstrado nesta revisão, existe um
da cascata de coagulação, no balanço eletrolítico e número razoável de estudos tratando deste assunto.
hormonal, e na função renal. A nutrição afeta as res- Pingleton e Harmon, em uma revisão sobre o manu-
postas emocional e comportamental, a recuperação seio nutricional na falência respiratória aguda, sugeri-
funcional e o custo total do tratamento. A necessidade ram que a terapia nutricional deveria ser monitorada
de identificar o paciente desnutrido ou com potencial com atenção através do peso corporal e de medidas
para desenvolver desnutrição é um aspecto crítico do do balanço nitrogenado18. De acordo com Blackburn
seu manuseio17. e col., a avaliação da desnutrição nos pacientes críti-
Nas unidades de tratamento, a nutrição tem como ob- cos deve iniciar através da verificação da existência ou
jetivo a manutenção do peso e a preservação da mas- não de perda de peso involuntária recente (exceden-
sa magra. Vários são os métodos de AN utilizados na do 5% em um mês ou 10% em seis meses), embora
pratica clinica, mas qual será o mais apropriado quan- a sobrecarga de líquidos geralmente impeça a deter-
do se trata de paciente grave. minação acurada do peso seco na UTI. Segundo os
Necessário é definir um método que dê segurança ao mesmos autores, o exame físico deve enfocar sinais
profissional de saúde ao definir o diagnóstico nutricional de deficiência protéico-calórica, como as condições
e necessidades nutricionais dos pacientes e possa con- do músculo temporal, sinais específicos de deficiência
tribuir de forma mais eficaz na recuperação da saúde. de micronutrientes, como anemia ou glossite, estado
Dentre os métodos estudados tem-se a ANSG, visto de hidratação e edema. O peso seco e a altura devem
como um método de fácil aplicação à beira do leito, ser utilizados no cálculo do peso ideal e IMC. Os auto-
independe de medidas antropométricas e tem boa as- res sugerem ainda que dados antropométricos, assim
sociação com prognóstico e mortalidade. como o índice de creatinina por altura são medidas
Os parâmetros de AN para pacientes críticos que utili- menos acuradas da desnutrição no paciente crítico,
zem antropometria poderão estar alterados devido às particularmente naqueles que apresentam sobrecarga
modificações do conteúdo hídrico dos compartimen- líquida ou disfunção renal. A albumina, medida labo-
tos intra e extracelulares assim pacientes previamen- ratorial mais utilizada para verificação do estado de
te desnutridos poderão ter seu peso superestimado, proteína visceral, segundo estes autores, é um índice
medidas do IMC, CB, e CMB poderão superestimar o fraco para avaliação do estado nutricional, mas ajuda
estado nutricional de pacientes criticamente doentes. como indicador de lesão e de estresse metabólico du-
Os estudos realizados apresentaram o IMC como um rante a resposta à lesão19.
bom método de avaliação e concluiu que Baixo IMC > Avaliando-se aspectos positivos e negativos de cada
18,5 kg/m2 é um preditor de mortalidade e que alto IMC método de AN para pacientes graves foi visto que não
parece estar associado com resultados favoráveis, in- há consenso entre os autores sobre o melhor méto-
dependente dos preditores convencionais. No entanto, do de avaliação, não sendo aconselhável a eleição de
a maioria desses estudos salienta as limitações do mé- uma única técnica de avaliação, especialmente quan-
todo, visto que pacientes críticos têm seu peso alte- do o foco é o paciente em terapia intensiva.
rado devido às alterações dos compartimentos intra e Sugere-se para a prática diária, um instrumento que
extracelulares. A edemaciação prejudica o uso de pa- contemple os aspectos objetivos e subjetivos de ava-
râmetros antropométricos liação que possibilite um adequado diagnostico nutri-
A CI tem sido indicada como um método mais eficiente cional (Anexo 1) com identificação dos pacientes des-
para monitorizar pacientes críticos, mas pouco utiliza- nutridos e em risco nutricional.

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Vol. 18 Nº 3, Julho – Setembro, 2006
Avaliação Nutricional de Paciente Critico no Hospital de Clinicas de Porto Alegre

Anexo 1 – Ficha de Avaliação Nutricional (frente)

Peso usual: D. nascimento Data:


Peso atual:
IMC: kg/m2

Fatores de Risco
Perda de peso significativa
Idade > 69 anos
NPO > 2 dias
Ingestão diminuída e ou anorexia
Alimentação liquida > 5 dias, enteral ou parenteral.
Náuseas, vômitos
Diarréia
Distenção e ou dor abdominal
Sonda aberta em frasco
Escore Apache > 15 ou risco relacionado ao diagnóstico.
Ventilação mecânica
Edema
Anasarca
Ascite
Ulcera de pressão

Sinais Físicos de Desnutrição


Fácies (temporal-orbital - Gordura de Bichart)
Tóraco-abdominal anterior (deltóide - supra e infraclavicular - fúrcula esternal)
Tóraco-abdominal posterior (retração intercostal- paravertebral)

Perimetria
CB/mm
PCT/mm
CMB/mm

Diagnóstico Nutricional:

Risco Nutricional:

Dados Laboratoriais:
Ht.
Hg
Alb.
%CTL.
PCO2
HCO3
Hospital de Clínicas de Porto Alegre Nome: .............................................................
Ficha de Avaliação Nutricional do Paciente Crítico .........................................................................
Leito Reg.:

Ficha de Avaliação Nutricional (Verso)


Acompanhamentos:

Conduta e Evolução Nutricional

Revista Brasileira de Terapia Intensiva 305


Vol. 18 Nº 3, Julho – Setembro, 2006
Fontoura, Cruz, Londero e col.

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