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INCLUSÃO: eis a questão!

A INCLUSÃO pode ser definida de várias formas. No entanto, definir inclusão não é
simples. É condicionada por diversos fatores, tais como: políticas, práticas e culturas.

POLÍTICAS:

*Garantir a inclusão no coração do desenvolvimento da escola, permitindo e


incentivando práticas que façam aumentar a aprendizagem e participação dos alunos;

*Aumentar a capacidade da escola, ser uma escola inclusiva de polo dinamizador de


resposta para cada criança ou jovem, respondendo as diversidades.

CULTURAS:

*Construir uma comunidade segura, colaboradora e acolhedora em que as pessoas são


valorizadas para melhorar a aprendizagem dos alunos;

*Desenvolver valores inclusivos em todos os agentes educativos que interagem na


escola.

PRÁTICAS:

*Tornas as práticas escolares um reflexo das culturas e políticas da escola,

*Garantir que as atividades curriculares e extracurriculares promovam a participação


de todos os alunos.
Assim, para que o processo de Inclusão se verifique levantam-se questões:

 “ Que tipo de mudanças será necessário efetuar na classe regular


quanto à sua organização, gestão e apropriação curricular?

 Que postura de professor – aluno?

Nesta análise sistémica pode verificar-se que há responsabilidades estatais para a


implementação de um sistema inclusivo a nível de :

ESCOLA:

• Sensibilização e apoio (aos pais e à comunidade), que permita o seu


envolvimento com vista ao desenvolvimento global do aluno.

• Flexibilidade para aceitar o fato de que nem todos os alunos atingem os


objetivos curriculares ao mesmo tempo, isto é, considerar uma variedade curricular
que se adeque às características individuais de cada aluno (ensino funcional,
mobilidade comunitária, preparação para o ensino superior, etc.).

FAMÍLIA:

• Participação (na escola, na comunidade), que permita estabelecer uma


boa comunicação entre pais, professores e agentes comunitários.

• Apoio, que permita a inclusão da criança na escola e na comunidade.

COMUNIDADE:

• Participação na interligação entre os serviços comunitários e a escola,


para responder às necessidades específicas do aluno e da família, com vista a um
desenvolvimento global do aluno.

Contudo, este tipo de abordagem só é possível em escolas onde exista respeito pela
individualidade e uma cultura de colaboração que encoraje e apoie a resolução de
problemas. Culturas deste género podem mais facilmente criar condições para a
aprendizagem dos alunos e, paralelamente, para a aprendizagem profissional de todos
os professores.
O currículo inclusivo e as variáveis que influenciam a aprendizagem.

São necessárias mudanças tanto a nível conceptual como estrutural, para que todos os
alunos completem com sucesso uma educação “básica” através de um acesso idêntico
ao currículo comum. Alguns alunos necessitam de mais tempo e de um nível elevado
de apoio para conseguirem dominar o currículo comum e outros precisam de menos
tempo e de menos ensino direto. Consequentemente, conseguir atingir a meta da
equidade educativa para todas as crianças e jovens, incluindo as que têm necessidades
educativas especiais, exige a mudança de um sistema fixo para um sistema flexível,
capaz de garantir a igualdade, na “oportunidade de aprender”, a todos os alunos.
( ( Perrenoud, 1995)

Um programa inclusivo implica serviços organizados com base numa abordagem de


apoio colaborativo que substituam o modelo tradicional baseado na avaliação do
aluno, na prescrição, no ensino especializado. Isto implica também que o professor do
ensino regular deve acreditar e aceitar que os alunos com necessidades educativas
especiais pertencem à educação regular; e deve confiar que eles serão capazes de
aprender nesta situação.

Abordagem tradicional Abordagem inclusiva


       Focalização do aluno        Focalização na classe
       Avaliação do aluno por especialistas        Avaliação das condições de ensino / aprendizagem
       Resultados da avaliação traduzidos em        Resolução cooperativa de problemas
diagnóstico/prescrição
       Programa para os alunos        Estratégias para os professores
       Colocação num programa apropriado        Adaptação e apoio na classe regular

Poderemos então perguntar: O que é que ajuda os alunos a aprender?

“Os alunos com necessidades educativas especiais , tal como os outros alunos,
necessitam de um ensino bom ou claramente eficaz, de modo a que se consiga que
atinjam maior sucesso” (Wang,1997).

Assim, se o sucesso escolar é reconhecido como possível para todos através de um


processo eficaz de ensino, o maior desafio que se apresenta à Escola é a capacidade de
criar ambientes de aprendizagem que fomentem a equidade nos resultados educativos
de todos os alunos.
O papel da psicopedagogia na inclusão de pessoas com dificuldade de Aprendizagem.

A Psicopedagogia como área de estudo e de atuação, responsável pela aprendizagem e


suas dificuldades, tem importantes tarefas diante do fenômeno da exclusão escolar de
pessoas que apresentam dificuldades com a aprendizagem.

A primeira delas diz respeito à necessidade da "dificuldade" no processo de aprender;


sem ela não há desequilíbrio e, conseqüentemente, busca de equilíbrio para a
aprendizagem.

A dificuldade só é motivo de preocupação quando é muito intensa e freqüente,


geradora de um obstáculo tão grande que impeça ou dificulte a aprendizagem de
alguém.

A Psicopedagogia pode auxiliar no enfrentamento da exclusão e na luta pela não


exclusão através de pesquisas e produções científicas, orientação e ação pontual sobre
as situações já existentes e prevenção tanto no grupo familiar, quanto escolar.

O psicopedagogo, portanto, precisa utilizar seu papel articulador para auxiliar no


enfrentamento das dificuldades que o processo de inclusão pode trazer:

Entre as possíveis ações, a Psicopedagoga pode:

- propiciar a reflexão na escola, auxiliá-la a repensar seus valores e crenças com


relação à diversidade e à igualdade;

- auxiliar os pais a pensarem sobre as dificuldades de seus filhos e perceberem se a


insistência a respeito da inclusão não está atrelada à negação da dificuldade;

- conhecer o real potencial da criança a ser incluída e as possibilidades que o meio


possui para estimular este potencial;

- não focar na doença, e sim nas possibilidades do sujeito e do contexto;

- auxiliar a escola a encontrar saídas metodológicas e avaliativas não exclusivas;

- divulgar uma proposta de trabalho grupal, descentralizador do papel do professor;

- divulgar o ensino pela pesquisa, para que todos possam participar, independente de
suas dificuldades;

- indicar as possibilidades de adaptação de linguagens e materiais, quando isto for


necessário.
O papel da Psicopedagogia e da Educação é o de instituir caminhos entre os opostos
que liguem o saber e o não saber, o acesso ao conhecimento e a falta desse acesso, a
facilidade e a dificuldade, a rapidez e a lentidão e outros opostos que possam se
apresentar em um processo de aprendizagem.

Estas ações devem acontecer no âmbito do indivíduo, do grupo, da instituição e da


comunidade, visando a aprendizagem e, portanto, é também tarefa da
Psicopedagogia.

O campo que se delineia é vasto; olhar a diferença sem perder a dimensão da


igualdade é um dos maiores desafios educacionais neste século. A Psicopedagogia,
como uma das áreas responsáveis pela aprendizagem, tem muito a aprender e muito a
contribuir.

Texto organizado por Maria Conceição Gularte – Psicopedagoga e prof especialista-


2011

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