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A psicoterapia da adição ajuda os pacientes a modificar seus comportamentos

e atitudes em relação às drogas e promove o treinamento de habilidades para enfrentar


situações estressantes e as pistas ou estímulos relacionados à droga que podem desencadear
o craving ou compulsão pela droga levando à recaída. A psicoterapia também aumenta a
aderência à medicação e ajuda os pacientes a permanecer em tratamento por períodos mais
longos.

Os princípios das psicoterapias que funcionam incluem:

•Aumentar o valor da saliência de reforçadores naturais (inclusive suporte social);

•Fortalecer o controle inibitório e a função executora;

•Diminuir respostas condicionadas através de monitoramento e enfrentamento.

As principais modalidades de psicoterapia que funcionam baseadas em


evidências científicas são:

Terapia cognitiva comportamental - objetiva ajudar o paciente a reconhecer,


evitar e enfrentar as situações nas quais provavelmente ele usaria as drogas.

Terapia com incentivos motivacionais – utiliza reforços positivos, como fornecer


recompensas (até em dinheiro) ou privilégios, para se manter sem droga, para freqüentar e
participar de sessões de aconselhamento ou para tomar os medicamentos como foram
prescritos.

Entrevista motivacional - emprega estratégias para evocar rápidas mudanças


de comportamento motivadas internamente para parar de usar a droga e para facilitar a entrada
num tratamento mais prolongado.
Terapia de grupo - ajuda os pacientes a encarar seu abuso de droga de maneira realística, identificando-
se com outros usuários e percebendo os problemas enfrentados por ele e pelos outros participantes. Os
pacientes aprendem com a experiência dos outros, formas de resolver seus problemas emocionais e
interpessoais.

Funciona como uma rede de apoio e para alguns pacientes promove a


continuidade da abstinência.
Nenhuma destas modalidades psicoterapeuticas nem tampouco as medicações auxiliares funcionam
para todos os indivíduos e de maneira totalmente eficiente. O importante é garantir diferentes
abordagens terapêuticas para que os diferentes indivíduos se adaptem e usufruam delas. Além disso, o
tema não está elucidado ainda, e assim novas abordagens devem ser investigadas e incentivadas para
que o problema das drogas tenha resolutividade num futuro próximo.

Tipos de intervenção preventiva


Para controlar as conseqüências diversas do uso abusivo de drogas, foram desenvolvidos
inúmeros programas em diversas partes do mundo. Estes programas variam muito em relação
aos seus objetivos, metodologia e ideologia subjacente.

Embora tenha se postulado a possibilidade de importar alguns deles para o Brasil, discute-se a
validade de implantar aqui um programa pronto, sem a necessária adaptação.

Como a questão do uso e abuso de drogas é complexa e multidimensional, atingindo de forma


diferenciada grupos distintos de pessoas, torna-se impossível desenvolver um programa único,
aplicavél a todos os casos. Deve, pois, respeitar a singularidade de cada localidade, população,
condição social, cultural, econômica etc., não cabendo, portanto, "pacotes" que sirvam de
forma genérica para o Estado e para o País.

Desta forma, antes de se iniciar um programa de prevenção é fundamental delimitar sua


população-alvo e levantar as reais necessidades daquele grupo.

Isto posto, deve-se estabelecer os objetivos e as metas do programa.

Para definir objetivos e metas, deve-se responder à pergunta "Onde queremos ir e por
quê?". Assim, um objetivo é a explicitação de um propósito, podendo ser geral ou específico.
Um objetivo geral contribui para alguma causa, enquanto o objetivo específico esgota-se em si
mesmo, ou seja, conclui um propósito.

Meta é a quantificação do objetivo. Portanto, a meta é sempre mensurável no tempo e na


quantidade. Ao se fixar metas, deve-se levar em conta as possibilidades reais de cumpri-las,
evitando frustações e comprometimento dos objetivos.

Definidos a população-alvo, suas necessidades, os objetivos e as metas, pensar-se-á nos


tipos de intervenção preventiva baseados nos três níveis de prevenção, tradicionalmente
enfocados na medicina, a saber:

Prevenção primária - quaisquer atos destinados a diminuir a incidência de uma doença


numa população, reduzindo o risco de surgimento de casos novos;
Prevenção secundária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência de uma
doença numa população reduzindo sua evolução e duração;
Prevenção terciária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência das
incapacidades crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais
consecutivas à doença.

Prevenção primária

A prevenção primária pretende intervir antes que surja algum problema, no sentido de ser um
conjunto de medidas que visam uma educação para a saúde. Aqui destacam-se três pontos
essenciais:

Esta intervenção tem que ser precoce - tem que se aplicar a crianças através do
oferecimento de atividades prazerosas, criativas e educativas;
Ela deve estar inserida em uma visão mais ampla da educação para a saúde, a fim de
tornar atraente as regras para uma vida saudável;
Ela tem que se apoiar em "educadores naturais", em primeiro lugar os pais e também os
professores.

Em resumo, a prevenção primária é o programa que objetiva evitar a ocorrência do problema-


alvo, isto é, diminuir a incidência prevenindo o uso da droga antes que ele se inicie.
A intervenção primária destina-se a duas faixas:

Jovens - enfatizando medidas como a conscientização e sensibilização para os problemas


da infância e da adolescência em todos os seus aspectos (fisiológicos, psicológicos e
sócio-culturais). Visa, portanto, a todos os jovens e não somente àqueles considerados
como de alto risco.
Adultos - fornecendo conhecimentos básicos, provocando e favorecendo uma reflexão
maior sobre os problemas abordados, bem como um maior engajamento e participação dos
"educadores naturais".

Prevenção secundária

Aplicada aos problemas do consumo de drogas, a prevenção secundária é um prolongamento


da prevenção primária, cada vez que esta não alcançou os objetivos pretendidos. Consiste em
intervenções para evitar que um estado de dependência se estabeleça.

É definida como uma intervenção especializada, endereçada àqueles que já manifestaram


sinais de uma certa dificuldade com os psicotrópicos, em razão de um consumo indevido.

Como exemplo, podemos falar sobre o adolescente que está em dificuldades (pessoais,
familiares, sociais etc.) ou que já está consumindo drogas, seja por curiosidade ou de maneira
intermitente. Neste caso, apesar dele não ser um dependente, existe um risco maior dele
investir na droga.

Faz parte deste nível de intervenção uma variedade de técnicas: aquisição de conhecimento
mais adequado à respeito das drogas; conscientização da pessoa em relação ao seu
comportamento; suas reações às diversas circunstâncias; o significado das coisas que lhe
acontecem e dos gestos que usa para determinadas situações.

A prevenção secundária visa, pois, diminuir a prevalência do problema-alvo, buscando


impedir a progressão do uso uma vez iniciado.

Prevenção terciária

Aplicada às drogas, a prevenção terciária tem como objetivo essencial evitar a recaída,
visando a reintegração do indivíduo na sociedade, possibilitando-lhe novas oportunidades de
engajamento na escola, nos grupos de amigos, na família, no trabalho etc.

Pressupõe-se que, no caso de uso de drogas, a dependência já esteja instalada. Neste caso, a
prevenção terciária atuaria antes, durante e depois do tratamento.

Antes do tratamento, a intervenção visa auxiliar o indivíduo a formular um pedido de ajuda


e o favorecimento de uma relação terapêutica efetivamente privilegiada;
Durante o tratamento, visa auxiliar para que não se rompa um processo terapêutico ou de
ajuda já iniciado, bem como desdramatizar a situação sem, contudo, minimizá-la;
Depois do tratamento, visa uma ação conjugada com uma instituição voltada para a
reinserção social.

A prevenção terciária objetiva, assim, diminuir as conseqüências de um uso já continuo e


intenso sendo, em geral, estratégias voltadas para a reabilitação e reinserção social do
indivíduo.

Meio social e ambiente de vida


O meio social global do paciente exerce impacto importante tanto sobre o
desenvolvimento como sobre a recuperação da dependência de drogas. O meio
social modela atitudes com relação ao contexto apropriado para o uso de drogas
(como as diferenças verificadas entre o hábito de beber socialmente quando em
reuniões familiares e o recreacional até atingir intoxicação). Modelos entre a família
ou companheiros influenciam o contexto social e psicológico para o uso de drogas e
a escolha da droga e o grau de controle exercido sobre os comportamentos dos
usuários de drogas.
Uma vez que esteja desenvolvido o padrão de dependência ou abuso, a motivação
e a habilidade em aceitar o tratamento são influenciadas pelo grau de suporte no
grupo de companheiros e meio social para permanecer abstinente.

Fatores culturais

Há pesquisas que sugerem pior prognóstico para as minorias éticas e raciais em


programas de tratamento convencional, conquanto isso possa ser decorrente das
diferenças das classes sociais. Embora existam poucas pesquisas sobre a eficácia
em programas culturalmente específicos, os serviços de tratamento que sao
sensíveis à cultura e abordam as preocupações especiais de grupos de minoria
étnica podem melhorar a aceitação do tratamento, a adesão e, finalmente, o
prognóstico terapêutico.

Características familiares

Os transtornos decorrentes do uso de drogas penalizam enorinemente os membros


da família, contribuindo para isso altos níveis de conflito interpessoal, violência
doméstica, inadequação parental, abuso e negligência infantil, separação e divórcio,
dificuldades financeiras e legais e problemas clínicos relacionados ao uso de drogas
(como AIDS, tuberculose). Além disso, as crianças criadas em famílias nas quais
outros membros abusam ou são dependentes de álcool e outras substâncias
também apresentam risco elevado para abuso físico e sexual.
As famílias que contam com um ou mais membros com transtorno decorrente do
uso de drogas freqüentemente demonstram um padrão de múltiplas gerações de
transmissão de abuso de substâncias e outros transtornos psiquiátricos
freqüentemente associados (como transtorno de personalidade anti-social, vício de
jogo). Além disso, o comportamento patológico "facilita" a existência de problemas
psiquiátricos e clínicos cm pais e irmãos, e os níveis elevados de estresse social
e/ou transcultural também exercem um papel no desenvolvimento e perpetuação
do transtorno decorrente do uso de drogas.
( Fonte - NeuroPsicoNews - Sociedade Brasileira de Informações de Patologias
Médicas 1999 - nº 13)

O cerco dos amigos


No meio escolar nasce, geralmente, o círculo de amigos.
E sabemos a que o ponto a experiência da amizade é
importante nessa idade. Um adolescente não vive sem
seus amigos. Às vezes ele só vive por eles. Um grupo de
amigos se forma então, cuja regra suprema é a fusão e
solidariedade. Sua palavra de ordem é verdadeiramente
o clássico (e que parece um pouco ridículo) um por
todos e todos por um.
Usando uma imagem surpreendente, poder-se-ia dizer
que os amigos se tornam convivas que compartilham a
mesma refeição: aquela em que o único alimento
consiste na droga que se compartilha com a mesma
volúpia...mesmo que, no fundo, se esteja convencido de
que não deveria fazer isso. Por fraqueza, por medo do
desprezo dos outros, por solidariedade incondicional,
junta-se ao grupo para ultrapassar as portas das
drogas, mesmo que a viagem, com os amigos, seja sem
retorno. A lei da amizade prevalece e se torna
importante fator de adesão à droga. Começa, então, a
repetição dos acontecimentos e dos lugares: as festas
de fim de semana são corrompidas pelo cheiro da
maconha, à qual se junta frequentemente o álcool para
que os efeitos sejam mais penetrantes e mais violentos.
É claro que esta descrição não serve para todos adolescentes. Muitos são os
círculos de amizade sãos e salutares. Mas, para grande número de adolescentes
prisioneiros da droga, o caminho que os conduziu a essa prisão foi o da amizade.
Em matéria de droga, como em tantas outras coisas, é verdadeiro o ditado: "Dize-
me com quem andas e dir-te-ei quem és".
(Fonte - Drogas - Prevenção, Escola - Paul Eugêne Charbonneau)

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