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1 - INTRODUÇÃO.........................................................................................8
2 - O QUE É LOUCURA..............................................................................11
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................30
ANEXOS.....................................................................................................32
1- INTRODUÇÃO
Este trabalho foi executado para mostrar o processo de intervenção na Casa de Saúde
Anchieta de Santos, no Estado de São Paulo, em 1989. No relatório técnico faremos
um panorama sobre o assunto, para, no livro-reportagem, chegarmos ao nosso foco de
trabalho, os relatos de pessoas diretamente ligadas ao assunto, que são os profissionais,
que trabalharam no Anchieta no momento de sua intervenção, e os pacientes
internados alí. O hospital, que teve sua inauguração no ano de 1951, fazia até então um
tratamento aos pacientes indo contra o artigo 196 da Constituição Federal de 1988, que
estabelecia os direitos dos doentes em hospitais, dizendo: "A saúde é direito de todos e
dever do Estado". A "gota d´agua" aconteceu quando um dos pacientes daquele
hospital veio a falecer. Segundo o interventor Roberto Tykanori, isso gerou uma
revolta na sociedade, e trouxe a Santos diversos profissionais de saúde, que formaram
uma comissão a fim de dar uma vida mais humana àquelas pessoas que ali ficavam.
Na segunda parte, mostramos quem realmente viveu “de corpo e alma”, os pacientes.
Eles sofriam muito com os maus tratos no Anchieta, antes da intervenção.
Conseguimos a atenção de quatro deles, que abriram seus corações e nos falaram o que
foi, para eles, o momento em que estavam internados ali. Não foi nada fácil para eles,
pois eram muito maltratados.
2- O QUE É LOUCURA
É fácil encontrar em qualquer dicionário o sentido da palavra loucura, mas o que será que
desencadeia esse processo no ser humano? O que faz com que uma pessoa fique louca? E o
que é um ser louco? Para todas essas indagações existem várias respostas e estudos feitos
pela psicologia e medicina psiquiátrica. Mas será que o ser louco é exatamente o que o
dicionário diz? Louco é um adjetivo que se dá a quem perdeu a razão, para o doido;
alienado; insensato; doidivanas; brincalhão; folgazão; apaixonado; arrebatado; furioso, é um
substantivo masculino usado para o demente. Nise da Silveira contraria a explicação
publicada, para ela os loucos são: “(...) aqueles que se posicionam à frente de seu tempo,
quebrando padrões e expondo tabus e preconceitos sociais”. (SILVEIRA,1998:23)
Seriam então, os loucos, pessoas destemidas e audaciosas, que buscam em seu estado
mental a desculpa para fugir às regras e limites impostos pela sociedade? Não, essas
pessoas não mascaram suas intenções através de falsos estados de confusão mental, “(...)
realmente se mostram perturbados ou emocionalmente muito vulneráveis” (SILVEIRA,
1998:23). “A loucura ou psicose, como é chamada tecnicamente, acontece quando a pessoa
se perde ou diminui de forma importante o contato com a realidade, ou seja, os conteúdos
da mente prevalecem sobre a capacidade de incorporar a realidade”. (ansiedade.com.br)
Algo peculiar entre as pessoas consideradas loucas são as alterações de pensamentos, onde
normalmente criam novas realidades cheias de ilusões; de percepção em que se ouve ou vê
fatos inexistentes; afetivas que sempre são acompanhados de muita ansiedade e manias.
“Todos nós carregamos um pouco de loucura, são as nossas cismas, as nossas manias,
nossas paranóias. Se elas atrapalham a nossa vida de maneira importante, prejudicando o
nosso rendimento profissional e a nossa capacidade de se relacionar, merecemos o rótulo de
louco e devemos nos tratar. Se elas não atrapalham nossa vida de forma efetiva,
classificamo-nos como neuróticos ou apenas de esquisitos e tocamos a vida”.
(ansiedade.com.br).
Quando questionado sobre o assunto, o arte educador Renato Di Renzo diz: “Quando você
está com dor de barriga você vai ao médico e manda tirar a barriga? Você tira a dor. Para
mim loucura é exatamente isso, como qualquer outra coisa pode estar doendo, a gente cura
a dor, mas não arranca a loucura. Se for arrancada, perderemos os sonhos, utopias, a
vontade de viver e construir”. Ele afirma ainda que todas as pessoas são loucas. É por isso
que para ele a sociedade castra a mente dos indivíduos, e o modelo escolar é um dos
maiores agentes castradores. “Você pega uma criança na melhor fase da sua vida, no
sentido de evolução, que é a fase em que ela tem toda energia do mundo, tudo funciona, ela
não está com dor na cervical, não tem dor no braço nem no pé, está tudo fresquinho, e você
põe trancado em uma sala de aula por cinco horas seguidas, às vezes até mesmo período
integral, quando volta para a casa fica mais umas oito horas em frente a televisão ou do
microcomputador. Isso é castrar, é amordaçar a loucura”. Ainda sobre loucura Di Renzo
fala que a perda de atenção ou poder pode ser um fator desencadeador, então ocorre a troca,
onde o indivíduo que não possui nada, passa a possuir a partir do momento em que
enlouquece, passa a ter assistência, começa a colocar medo, ter poder, mesmo que sem
qualificação na sociedade. Como doente ele tem uma qualificação. Por exemplo, “o louco
esquizofrênico no quarto número quatro”, acontece então a requalificação através da dor.
Segundo Fernanda Nicácio, a analogia feita por antigos autores encontrada no texto de Pinel
é bastante interessante “a preguiça, a indolência e a ociosidade, vícios tão naturais nas
crianças diz La Bruyère, desaparecem nos seus jogos, onde elas são vivas, aplicadas, exatas,
amorosas das regras e da simetria”. Essa analogia aproxima crianças e alienados, sendo que
ambos são dependentes e tutelados. (NICÁCIO, 1994: 9).
Não podemos deixar de citar o psiquiatra Franco Rotelli, que fazia parte da equipe de
Basaglia. Rotelli era diretor do Centro Psiquiátrico Regional de Trieste, e deu continuidade
ao trabalho do idealizador do projeto.
Basaglia liderou importantes mudanças na saúde mental de seu país, num movimento que
ficou conhecido como Psiquiatria Democrática. Em 1978 foi aprovada na Itália a lei 180,
também conhecida como “Lei Basaglia”, sobre a Reforma Psiquiátrica.
No livro iremos descrever a importância desse fato para a reformulação na saúde mental em
Santos.
2.3- SAÚDE MENTAL NO BRASIL
Com base no livro Loucos pela vida: A Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil, de
Paulo Amarante (1995), vimos que o início do movimento da reforma psiquiátrica no país
está entre os anos de 1978 e 1980. O movimento dos trabalhadores em saúde mental foi um
fator determinante na reforma psiquiátrica brasileira. Com críticas em relação às péssimas
condições de trabalho e à assistência prestada aos pacientes, o movimento deu início a uma
série de assembléias que culminaram na realização do Congresso de Bauru (1988) – “Por
uma Sociedade sem manicômios”, que norteiam a rede psiquiátrica no Brasil até os dias de
hoje.
"Os NAPS/ CAPS são unidades de saúde locais/ regionalizadas, que contam com uma
população adscrita definida pelo nível local e que oferecem atendimento de cuidados
intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois turnos
de 4 horas, por equipe multiprofissional”.
"(...) os pacientes que freqüentam o serviço por 4 horas terão direito a duas refeições, os que
freqüentam por um período de 8 horas terão direito a três refeições".
"A Equipe técnica mínima para atuação no NAPS/ CAPS, para atendimento a 30 pacientes
por turno de 4 horas, deve ser composta por: um médico psiquiatra, um enfermeiro e quatro
outros profissionais de nível superior (psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional e/
ou outro profissional necessário à realização do trabalho)”.
"Para fins de financiamento pelo sistema SIA/ SUS, o sistema remunerará o atendimento de
até 15 pacientes em regime de 2 turnos ( 8 horas por dia ) e mais 15 pacientes por turno de 4
horas, em cada unidade assistencial."
Ceará, 22 municípios.
Bahia, 18 municípios.
Paraná, 10 municípios.
O primeiro hospício paulista foi o Juquery, fundado em 1898 pelo psiquiatra paulista
Franco da Rocha. Passou pelo desenvolvimento industrial, que aumentou o número de
marginalizados fazendo com que se elevassem também a quantidade de pacientes do local.
Sua construção foi baseada nas recomendações do Congresso Internacional de Alienistas,
que foi realizado em Paris em 1889.
A situação começa a se agravar por volta de 1938, quando o hospital enfrenta uma grave
dificuldade com a crescente superlotação. Esse problema fez com que a qualidade no
tratamento tivesse uma grande queda, chegando ao descaso por parte dos profissionais que
davam assistência aos doentes mentais. Falta de higiene, maus tratos e uma total
desumanização. Essa era a nova face do Juquery.
No início de 1991, 400 pacientes tinham alta assinada, mas não tinham para onde ir. Os
motivos: abandono pela família ou a falta de recursos financeiros para que houvesse
possibilidade de tratamento residencial. Por tudo isso, o Juquery passou a ser mais um asilo
de loucos idosos, do que uma clínica de tratamento psiquiátrico.
Até 1988, os serviços relacionados à saúde mental em Santos eram quase iguais aos da
década de 40, o tratamento dado aos doentes não tinha nenhum progresso, existia na
sociedade a falta de conhecimento da loucura, o que ocasionava o preconceito. O louco era
visto como um perigo para a população, e muitas pessoas pensavam até que a loucura
poderia ser transmitida se houvesse contato com o doente mental.
Por esses fatores, o louco era mantido afastado e muitas vezes trancafiado, sem contato
nenhum com a sociedade, e sem perspectiva de uma futura mudança no quadro clínico.
O Anchieta era uma instituição privada e conveniada ao SUS – Sistema Único de Saúde, e
recebia pessoas de todas as cidades da região. (ROBORTELLA, 2000).
No entanto, a Prefeitura não possuía muitos recursos legais para controlar a Casa de Saúde
Anchieta, e a justiça ainda não havia sido chamada para opinar sobre a nova Constituição,
em 1988, que vinha com o artigo 196, estabelecendo os direitos dos doentes em hospitais,
dizendo: "A saúde é direito de todos e dever do Estado".
Em vista disso, o então Secretário de Saúde de Santos, David Capistrano Filho, determinou
o prazo de uma semana para que se corrigissem as irregularidades no local.
O Primeiro NAPS instalado na cidade foi o da Zona Noroeste em 1989, depois foram
fundados mais quatro NAPS na região, que ficam respectivamente nos bairros
Encruzilhada, Boqueirão, Vila Mathias e Campo Grande.
Neste tipo de tratamento, o paciente não precisa morar no local, ele vai quando o
profissional achar necessário, e, algumas vezes, pode se internar, pois estes locais têm 6
leitos para internação. Ele pode também passar o dia todo no local, e à noite voltar para sua
casa. Este tratamento é chamado de HOSPITAL-DIA.
Nos NAPS os pacientes têm 4 refeições diárias, e além do tratamento com remédio assistido
pelos médicos, eles têm atividades de terapia ocupacional, que tem o objetivo de tratar sem
remédios, fazendo com que o paciente se sinta melhor fazendo o que gosta. Estas atividades
podem ser de recreação, como exercícios físicos, teatro, cinema, ou até bazares de venda
dos produtos feitos por eles, que podem funcionar dentro dos NAPS, ou em feiras pela
cidade.
Algumas vezes é necessário que os profissionais vão à casa do paciente, caso julguem
importante, pois alguns pacientes não vão espontaneamente ao NAPS, mesmo precisando
de tratamento. Existem também as reuniões com familiares, para que haja uma interação do
estado do paciente. Segundo os funcionários dos NAPS, isto faz com que o paciente se sinta
mais bem cuidado, e ajuda também quem o trata.
Em nosso livro, entrevistamos pacientes do Selab, o Serviço Lar Abrigo, que é uma espécie
de NAPS, mas com a diferença de que os pacientes ali internados são crônicos, sua doença
já dura há muito tempo. Estes pacientes são muito mais graves do que os dos NAPS.
No Selab, os pacientes têm 5 refeições por dia, estão em constante observação dos
profissionais, fazem atividades de recreação, como pinturas, esculturas, entre outros. Eles
ajudam também nos afazeres domésticos, como lavar a louça e varrer o chão. Tomam
medicação estipulada pelos profissionais do local, com horário certo.
Os pacientes mais graves do Selab ficam na enfermaria, que se localiza no andar inferior,
para que ele não precise subir escadas.
O Serviço Lar Abrigo é a casa deles, diferente dos NAPS, que podem funcionar apenas
como um hospital-dia.
3.2- PROJETO TAMTAM
Sem sede fixa desde 1997, a principal ação da Ong TAMTAM vem sendo o Espaço
Cultural Café Teatro Rolidei, um multiplicador e mantenedor das atuais ações que a Ong
consegue manter.
Desta forma, a Associação mantém acesa a discussão acerca da exclusão/ inclusão social e
seus estigmas e rótulos, sob a ótica da arte e de sua ação junto à sociedade contemporânea.
Não como terapia, mas sim como qualidade de vida e opção ética e estética na construção
de uma "nova ordem" e na desconstrução dos saberes absolutos e indissolúveis.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em nosso levantamento do que seria necessário para tornar esse trabalho possível, já
sabíamos que não iria ser nada fácil chegar ao final. Mesmo assim, persistimos em nossas
pesquisas, pois sabemos da importância histórica e social da época em que o Hospital
Anchieta sofreu intervenção.
Não há como não comentar nossas entrevistas com os pacientes. Este momento significou
para nós muito mais do que o andamento de nosso Trabalho de Conclusão de Curso. Ele
foi, principalmente, um momento de reflexão sobre os valores humanos. Se fosse possível,
gostaríamos que cada leitor de nosso trabalho estivesse conosco naqueles momentos das
entrevistas, pois somente desse modo sentiriam o que nós sentimos ao ver todo o sofrimento
ocorrido. Os pacientes não esqueceram do modo como eram maltratados. E o que mais nos
tocou, foi ver os estragos físicos e mentais que eles sofreram. Muitos deles nunca mais
voltarão a ser pessoas normais. O que sofreram ali lhes trouxe conseqüências para toda a
vida.
Sabemos da importância deste episódio para a história de Santos, e percebemos que, se não
houver um trabalho de nós, jornalistas, para que ele não seja esquecido, os maus-tratos com
doentes mentais continuarão. Mesmo depois de 16 anos da intervenção, ainda recebemos
notícias de outros hospitais no país em condições como as do Anchieta. Temos que manter
um compromisso de trazer sempre essas tristes verdades à tona.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, F. Contra a maré à beira- mar: a experiência do SUS em Santos. SP: Ed.
Página Aberta, 1996.
MATOS, Paulo. Anchieta 15 anos. Santos/ SP: Cegraf: Gráfica e Editora Ltda – ME.
2004.
Revista Viver Psicologia, São Paulo: Ed. Psicologia e Saúde Ltda., Ano 6, Nº 61, fevereiro
de 1998.
Internet:
www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php.
www.psicopedagogia.com.br/opinião.asp?entrlD=189,
acesso em 05 jun.2005
ANEXOS
As opiniões foram ouvidas em enquetes feita por D.O. URGENTE, na Praça Mauá,
instalado painéis com a situação dos pacientes da Casa de saúde Anchieta. Como descrito
no livro, essa foi a fase em que a Instituição ficou sob vigilância aguardando o pedido de
reconsideração da liminar da 1ª Vara dos Feitos das fazendas Públicas, Ricardo de Almeida
Dias.
O desfecho dessa história teve um final feliz, pois nas duas tentativas de acabar com a
intervenção, as liminares foram concedidas a favor da Prefeitura, e como podemos notar, a
favor da população.
“Há cerca de um ano e meio eu estive no Anchieta, para visitar um amigo viciado em
drogas. Eu percebi que ele não era feliz lá, mas jamais imaginei que o hospital fosse essa
casa de horrores. A família desse meu amigo deve estar revoltada. A prefeitura fez muito
bem em decretar a intervenção no hospital. Só não dá para entender a decisão do juiz”
(Da cidadã Maria Aparecida Custódia, residente à rua Amador Bueno da Ribeira, em São
Vicente).
“Os doentes vão lá para serem bem tratados. Eu tenho um irmão que esteve internado lá,
há uns 20 anos, e foi bem tratado. Mas o que a gente está vendo agora é o fim do mundo. A
Telma agiu corretamente e a Justiça, infelizmente, errou ao suspender a intervenção.” (Da
cidadã Inésia Alves, residente à rua Duque de Caxias, em Vicente de carvalho).
“A prefeitura agiu certo ao intervir no hospital, mas fiquei ‘de bobeira’ com a decisão do
juiz. Os doentes precisam de carinho; merecem bom tratamento.” (Do cidadão Luciano
André, residente na Vila Natal, em Cubatão).
E os pacientes na época
Manoel dias Fernandes, internado há oito meses no Anchieta, não quer nem pensar na
possibilidade “daquela gente nova” sair do hospital. “Se eles (a equipe da Prefeitura)
saírem, isto aqui vai ser muito pior do que era. Vão querer roer a gente”, comentou,
dizendo que antes a instituição era um “verdadeiro campo de concentração”. Agora,
completou, a situação está muito melhor, “com médico vendo a gente todos os dias,
remédios no horário, e a gente podendo ficar no quarto durante o dia”.
José Eduardo de Oliveira, há um mês e meio internado, está achando ótimo a “liberdade”
que têm agora, pois não estão mais obrigados a permanecer no pátio durante o dia e diz
que ninguém mais está se queixando. Só reclamou da comida – “acho que precisa ter um
pouco mais de tempero” -, mas teve que concordar com outro paciente, reconhecendo que
“o repolho de hoje estava jóia”.
Ainda falta água quente nos chuveiros, lembra Nivaldo Odair Gutierrez, que há cinco dias
iniciou sua quinta internação: “Mas pelo menos agora somos tratados feito gente”. Resta
também convencer a administração de que a televisão (preta e branca) deve ficar ligada
até mais tarde. Ontem, por exemplo, os pacientes estavam passando um abaixo-assinado,
pedindo que o aparelho ficasse ligado mais tempo (todos queriam assistir ao jogo entre o
Brasil e Peru, que seria transmitido à noite).