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O BARROCO

O nome barroco é de origem portuguesa e significa pedra de formato


irregular. No século XIX esse nome foi usado para identificar o momento artístico
que vai de 1650 a 1700, devido à riqueza de detalhes existente nas obras, tanto na
pintura, quanto na escultura, arquitetura, na música e literatura.

Chamar a arte desse período de barroca não era mais que uma depreciação
já que ela era tida pelos críticos do período seguinte como exagerada, extravagante,
absurda e disforme. Na verdade, como já foi citado acima, ela era tão somente rica
em detalhes, uma verdadeira extravagância no uso das técnicas.

Momento histórico
O Barroco surgiu na Itália, deve-se a uma série de mudanças econômicas,
religiosas e sociais ocorridas na época.

Um dos importantes acontecimentos foi a fragmentação do grande império


cristão e o declínio da Igreja Católica devido à Reforma Protestante. Em resposta ao
alastramento do protestantismo a Igreja Católica inicia o movimento de Contra-
Reforma; uma das soluções encontradas foi a a criação da Companhia de Jesus –
ordem religiosa que objetivava no trabalho dos padres jesuítas difundir a fé católica.

Monarquia absolutista; a última palavra era sempre a do rei, e esta não


poderia ser contestada. O rei era o poder divino aqui na terra.

Novo papel da ciência. Os pensamentos filosóficos da época estavam


todos voltados para a busca da razão. Uma nova corrente cultural e filosófica surgiu,
foi denominada Iluminismo. Vem de luz; a luz da ciência como forma de um
conhecimento que livrará a mente humana das trevas (ignorância). Ignorância esta
que tornava o povo facilmente manipulável pela religião e pelo governo. Por isso o
século XVIII, foi designado, também, o Século das Luzes.

Características da arte barroca


 Dramatismo

 Movimento

 Luxo

 Teatralidade

 Dinamismo

 Contraste de claro e escuro

 Predominância da emoção e não da razão


Pintura Barroca
Diferente do Renascimento em que as figuras são apresentadas estáticas
como se estivessem posando para um retrato, no Barroco elas passam a ser
representadas de forma teatral, jogos de luz dão intensidade dramática à cena,
destacando os elementos os elementos mais importantes.

O artista busca retratar temas religiosos, mitológicos e do cotidiano.


Através de um colorido intenso e de contraste de claro e escuro.

→Diferenças básicas entre a pintura renascentista e a pintura barroca.

PINTURA RENASCENTISTA PINTURA BARROCA


Linearidade; as figuras tinham um As formas são delineadas e delimitadas
contorno linear que as delimitavam das pela própria massa de tinta. É o chamado
demais figuras estilo pictórico.
A luz é uniforme. Preenche toda a A luz é parcial; somente onde o artista
pintura, não há uma origem nem um quer dar mais destaque. Aumenta a
foco. dramaticidade.
As figuras humanas são estáticas e As figuras humanas têm expressão e
sisudas, sem expressão. movimento. Nenhum detalhe é perdido.
O quadro todo parece ter uma cena única Todo o quadro tem movimento, é
onde não se tem a intenção de mostrar dinâmico e expressivo; tem teatralidade.
mais nada além da imagem representada. É possível distinguir cada ação.

Alguns pintores importantes do período: Caravaggio (A vocação de São


Mateus), Artemisia Gentilesch (Judite), Annibale Carracci (diversos afrescos),
Rubens (O jardim do Amor), Van Dyck (Retrato de Carlos I), Diego Velázquez
(As Meninas).

Caravaggio - A crucificação Artemisia – Auto Retrato


de São Pedro
Van DyckRetrato de Carlos I Velázquez – As Meninas
Caçando

Escultura Barroca
A Escultura barroca decorou fachadas, portas e interiores de igrejas e
palácios. Também esteve presente nas construções e restaurações de fontes.

O equilíbrio entre a razão e a emoção, da escultura renascentista,


desapareceu, dando lugar à dramaticidade das expressões e o dinamismo dos
movimentos. A predominância de linhas curvas, excesso de dobras nas vestes e a
utilização do dourado também são características da escultura barroca.

Na escultura percebemos claramente a diferença entre a escultura


dramática e teatral do barroco para a estática escultura renascentista. Veja a
diferença entre o Davi de Michelangêlo e o de Bernini.

David de Michelângelo David de Bernini


Gean Lorenzo Bernini foi o mais importante escultor barroco, nasceu em
Florença, Itália. Foi arquiteto, urbanista e pintor, tornou-se o principal artista da
corte papal e de Roma. A obra-prima de Bernini é “O Êxtase de Santa Teresa”, na
qual o artista mostra a santa desfalecida sobre uma nuvem, expressando prazer e dor

O Êxtase de Santa Tereza Apolo e Dafne

Arquitetura Barroca
A arquitetura passou a ser encarada como uma grande escultura, o que
importava era o efeito do conjunto, o movimento e a riqueza dos detalhes.

Na igreja barroca é comum a predominância de cúpulas altas e


imponentes, usando vários elementos clássicos, como os greco-romanos, os
frontões, arcos e pilares.

Seu interior é ricamente decorado, capelas, altares com figuras de santos e


anjos para incentivar os fiéis à devoção a Deus.

O afresco era empregado nos tetos das igrejas, dando a impressão que
estávamos a ter a visão paradisíaca do céu. A idéia era fazer com que o espectador
esquecesse que havia um teto de madeira sobre sua cabeça e imaginasse que o céu
celestial havia rasgado o telhado.

Na arquitetura se destacam Bernini, Borromini e Guarino Guarini, que


era monge.
Igreja de São Nicolau - Praga

Igreja na Alemanha - Hofkirche

Música Barroca
O barroco na música compreende o período que vai desde o surgimento da
primeira ópera (Dafne) até a morte de Johann Sebastian Bach. Isso por que a ópera
foi o marco principal na música do período e por que Bach foi o principal músico,
devido os seus métodos musicais que até hoje são estudados pelos pianistas de todo
o mundo apesar de o cravo ainda não ter sido substituído pelo seu predecessor: o
piano.

Como já foi citada, a ópera foi a grande renovação estilística do barroco,


seguida pelo apogeu da orquestra que toma forma definitiva nesse período que foi
marcado por grandes evoluções técnicas, principalmente na construção e desenvolvimento
de instrumentos musicais, tendo destaque a família de violinos. Pela primeira vez na história
da música se deu verdadeira importância à música instrumental.

Músicos que mais se destacaram: Johann Sebastian Bach (Jesus Alegria dos
Homens, Paixão Segundo São Mateus); Claudio Monteverdi (La Traviata, Orfeu, e
diversas outras óperas); Antonio Vivaldi (As Quatro Estações); George Häendel (O
Messias – que é um oratório do qual faz parte “o famoso Aleluia”).

Saiba mais:
Outras fomas de música que marcaram o período:

ORATÓRIO: Histórias bíblicas cantadas de forma dramática; tem o mesmo padrão


estilístico da ópera só que sacro.

PAIXÕES E MISSAS:

CANTATA:

Obs: Os instrumentos de teclado no período barroco eram somente o cravo e órgão; o


piano só aparecerá no neoclassicismo.

Rococó
O estilo rococó aparece na Europa do século XVIII e, tendo a França como
seu principal precursor, se espalha em vários países a Europa e alcança algumas
regiões das Américas, como o Brasil. Para muitos historiadores da arte, o Rococó
pode ser visto como um desdobramento do barroco em que vários artistas passam a
valorizar o uso de linhas em formato de concha e a função decorativa que a arte
poderia exercer. A expressão “rococó” tem origem na palavra francesa rocaille, que
designava comumente uma maneira de se decorar os jardins através do uso de
rochas e conchas. No século XIX passa a definir as manifestações desenvolvidas nos
campos da arquitetura e das artes ornamentais

Em geral, a substituição das cores vibrantes do barroco por tons rosa,


verde-claro, estabelecem uma primeira diferenciação entre os dois estilos. Além
disso, a originalidade do rococó é conferida no abandono das linhas retorcidas e pela
utilização de linhas e formas mais leves e delicadas. Do ponto de vista histórico,
essa transformação indicava o interesse burguês em alcançar o prazer e a
graciosidade nas várias obras que eram encomendadas à classe artística da época.
esse tipo de arte. Ao contrário da forte religiosidade barroca, a pintura desse estilo
valoriza a representação de ambientes luxuosos, parques, jardins e temáticas de
cunho mundano. As personagens populares perdem espaço para a representação dos
membros da aristocracia. A jovialidade e a edificação do prazer, o tédio e a
melancolia são os estados emocionais que geralmente contextualizam os quadros do
rococó. Porém, ao chegar em Portugal e Espanha, o estilo penetra a esfera religiosa.

No Brasil, o rococó teve sua presença no mobiliário do século XVIII e foi


corriqueiramente chamado de “estilo Dom João V”.
Jovens Burgueses

Barroco Brasileiro

Duas linhas diferentes caracterizam o estilo barroco brasileiro. Nas regiões


enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos igrejas com
trabalhos em relevos feitos em madeira - as talhas - recobertas por finas camadas de
ouro, com janelas, cornijas e portas decoradas com detalhados trabalhos de
escultura. Já nas regiões onde não existia nem açúcar nem ouro, as igrejas
apresentam talhas modestas e os trabalhos foram realizados por artistas menos
experientes e famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas.

O ponto culminante da integração entre arquitetura, escultura, talha e


pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos trabalhos de Antônio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho - seu projeto para a igreja de São Francisco, em
Ouro Preto, por exemplo, bem como a sua realização, expressam uma obra de arte
plena e perfeita. Desde a portada, com um belíssimo trabalho de medalhões, anjos e
fitas esculpidos em pedra-sabão, o visitante já tem certeza de que está diante de um
artista completo. Além de extraordinário arquiteto e decorador de igrejas foi
também incomparável escultor. O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em
Congonhas do Campo, é constituído por uma igreja em cujo adro estão as
esculturas em pedra-sabão de doze profetas, cada um desses personagens numa
posição diferente e executa gestos que se coordenam. Com isso, ele conseguiu um
resultado muito interessante, pois torna muito forte para o observador a sugestão de
que as figuras de pedra estão se movimentando.

Características da escultura de Aleijadinho:

* Olhos espaçados
* Nariz reto e alongado
* Lábios entreabertos
* Queixo pontiagudo
* Pescoço alongado em forma de V

Outro representante do barroco brasileiro foi Manuel da Costa Ataíde.


Suas pinturas em tetos das igrejas seguiam as características do estilo barroco, e
aliavam-se perfeitamente às esculturas e arquitetura de Aleijadinho.
Obra Destacada: Pintura do Teto da Igreja de São Francisco de Assis.
Igreja de São Francisco de Assis em Minas Gerais e esculturas de Aleijadinho

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Trecho do livro “O Perfume” de Patrick Suskind.

Palavras do personagem Baldini.

“Ou a loucura da velocidade! Para que se precisava de todas estas


estradas novas, que eram escavadas por toda parte, e essas pontes? Para
quê? Será que era vantagem poder viajar até Lyon em uma semana? A
quem importava isso? A quem isso seria vantajoso? Ou viajar sobre o
Atlântico e zunir em um mês até a América – como se durante milênios não
se tivesse passado muito bem sem esse continente. O que o home
civilizado tinha perdido na mata virgem dos índios ou entre os negros? Até
para a Lapônia se ia, isso ficava ao norte, no gelo eterno, onde viviam
selvagens devoradores de peixe cru. E ainda queriam descobrir mais um
continente, que se supunha estar no oceano meridional, seja lá onde isso
fosse. E para quê essa loucura? Por que os outros também o faziam, os
espanhóis, os malditos ingleses, os impertinentes holandeses, com os
quais se precisava então ficar brigando, luxo a que nem se podia dar. Um
navio de guerra custava 300.000 libras bem contadas, e se afundava em
cinco minutos com um único tiro de canhão, para nunca mais ser visto,
pago com nossos impostos.

A infelicidade do ser humano provém do fato de ele não querer ficar quieto
no seu quarto, onde é o seu lugar. Diz Pascal. Mas Pascal fora um grande
homem. Hoje se ficam lendo livros subversivos e revolucionários de
huguenotes ou ingleses. Ou se escreves tratados ou assim chamadas
grandes obras científicas, em que toda ou qualquer coisa é questionada.
Nada mais, diz-se, deve estar correto; tudo deve ser agora, de repente,
diferene. Num copo d’água deveriam, desde há pouco, naar uns bichinhos
bem pequenos, que antigamente não se enxergava; a sífilis seria uma
doença normal, e não mais uma punição de Deus; Deus não teria mais
criado o muno em sete dias, mas em milhões, se é que chegou a fazê-lo;
os selvagens seriam seres humanos iguais a nós; nós criaríamos
erroneamente nossos filhos; e a Terra não seria mais redonda como até
agora, mas chata em cima e embaixo como um melão – como se isso
fizesse diferença! Em cada setor se questionava e se mexia e se
pesquisava e se intrometia, faziam-se experiências. Não bastava mais
dizer o que é e como é - agora tudo precisava ser também demosntrado,
de preferência com testemunhas e números e umas ridículas experiências
quaisquer. Esses Diderots e d’Alemberts e Voltaires e Rousseaus e como
se chamavam todos esses escrevinhadores - até elementos do clero havia
entre eles, e senhores da aristocracia! Eles realmente haviam conseguido
espalhar por toda a sociedade a sua própria pérfida inquietação, o simples
prazer de não-estar-contente e de não-conseguir-se-dar-por-satisfeito com
nada desse mundo, em suma: o caos sem limites que imperava em suas
cabeças!

Onde quer que se olhasse, imperava a correria. Pessoas simples, até


mulheres, liam livros. Padres se acomodavam em cafés. E quando a polícia
uma vez intervinha e enfiava na cadeia um desses supersafadões, então
os editores se lamentavam, e faziam correr abaixo-assinados, e elevados
cavalheiros e damas faziam valer a sua influência até que, após um par de
semanas, ele era de novo solto ou se deixava que mudasse para o
estrangeiro, onde continuava a panfletar desenfreadamente. Nos salões só
se palrava ainda sobre órbitas de cometas e expedições, sobre potência de
alavanca e Newton, sobre construções de canais, circulação de sangue e
circunferência da Terra.

E até mesmo o rei deixava que lhe apresentassem um absurdo qualquer da


moda, uma espécie de tempestade artificial chamada eletricidade: à vista
de toda corte, um homem esfregara numa garrafa e esta soltara faíscas, e
Sua Majestade, assim se dizia, mostrara-se profundamente impressionado.
Inconcebível que o seu tataravô, o realmente Grande Luís, tivesse tolerado
ante os seus olhos uma tão ridícula demonstração! Mas era o espírito da
nova época, e tudo isso ainda iria acabar mal!

Pois se já se podia desavergonhadamente e do modo mais safado colocar


em dúvida a autoridade da Igreja de Deus; se se falava sobre a não menos
por Deus desejada monarquia e a sagrada pessoa do rei como se os dois
não fossem mais que meros variáveis dentro de todo um catálogo de
outras formas de governo que se podia escolher a gosto; se, por fim, se
chegava ao atrevimento de, como ocorria, colocar Deus Todo-Poderoso,
Ele pessoalmente, como dispensável e, com toda a seriedade, afirmar que
ordem, bons costumes e felicidade sobre a terra poderiam ser pensados
sem Ele, tão só a partir da moralidade e da razão inerentes aos próprios
homens... Oh Deus! Oh Deus! – então de fato não se precisava ficar
admirado se tudo andava de cabeça para baixo e os usos e costumes
degeneravam e a humanidade atraía o juízo punitivo Daquele que ela
negava. Isso havia de acabar mal!

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