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2008/2009
de Cidades Sustentáveis
Monografia Jurídica
R.A. 7392427
Turma: DR_P6_
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO
sustentáveis1 seja efetivo, é preciso que as normas que o compõem tenham sua
forma o povo2 deve ter acesso às tomadas de decisão que envolvam os rumos a
interesse socioambiental.
1
Seguem abaixo as razões sobre o uso da expressão.
2
O termo povo é utilizado com a acepção consagrada na doutrina, como o conjunto dos eleitores
que se qualificam pela posse da cidadania (CANOTILHO, 1998)
A ordem ambiental urbanística, ao estabelecer diretrizes das políticas
na Carta Maior.
constitucionais.”
3
“(...) a formação da vontade estatal não se faz apenas com a
participativa.”
CIDADES SUSTENTÁVEIS
será utilizada neste trabalho, não por decorrer da preferência do autor. É, sim,
sustentabilidade.
natural, não oferece aos cidadãos acesso à moradia, saneamento básico, etc.
gerações.
subsistência.
recursos que lhes garantam a titularidade de terras nas áreas urbanas em regiões
perversamente, pode ser uma estratégia para que, após o desmate e a ocupação,
É importante elucidar essa questão, para que não seja propalada a falácia
que consiste em culpar a população mais pobre por esses impactos ambientais
altíssimos que são pagos à custa dos tributos - em nível local - e das mudanças
URBANIZAÇÃO NO BRASIL
razão pela qual a sociedade brasileira pode hoje ser considerada tipicamente
condição esta que se deu sem planejamentos, o que acarreta a exclusão social e
autor:
clandestinos.”
equilíbrio socioambiental.
responde pela maior parte das emissões de Gases do Efeito Estufa nas áreas
sólidos4).
futuras gerações.
4
Estimativas elaboradas por pesquisadores da COPPE/UFRJ apud OJIMA (2007)
Por isso, o que se pode afirmar é que as políticas públicas adotadas a
ambiente brasileiro.
ambiental.
(art. 21, XVIII c/c art. 43, § 2º, IV e § 3º); “instituir sistema nacional de
seu uso” (art. 21, XIX); “instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
de suas formas;
desfavorecidos;
V - produção e consumo;
paisagístico;
Por fim, aos Municípios foi estabelecida a competência para legislar sobre
federal e estadual.
elaboração de Plano Diretor para ser instrumento básico deste planejamento (art.
atendendo ao interesse público e aos interesses difusos, sob pena de, mediante
extinto IBDF para o IBAMA (Lei 7.732/89), também encontra guarida na nova
aprimoradas.
entre outras, aquelas atinentes à Estudo de Impacto Ambiental (Res. 01/86 e Res.
etc.
pela Lei da Política Nacional dos Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) também são
do bioma mata atlântica e, portanto tem aplicação a toda área urbana inserida em
sua circunscrição.
Além disso, a Lei 6.766/79 continua válida e vigente com disposições sobre
9.785/99.
urbano,
No sentido de manter a disciplina do uso solo urbano, estabelecer diretrizes
Federal, devem ser aplicados para que a propriedade urbana e a cidade atendam
a uma função social, foi criada a Lei 10.257, chamada Estatuto da Cidade.
O ESTATUTO DA CIDADE
humana."
propriedade.
previsão do artigo 225 da Carta Magna para que a Ordem Urbanística consolide-
com a urbanização.
equilíbrio ambiental.
país não pode se afastar da busca por cidades sustentáveis, que assegurem
brasileiro porque:
Urbanístico.”
E, ainda:
constitucional. (...)”
oportunamente.
PLANEJAMENTO MUNICIPAL
E DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
habitantes.
expansão urbana.
urbana. Esta definição acima extraída do artigo 182 da Carta Magna é repetida no
conjunto com toda a comunidade, para que suas disposições e exigências reflitam
(ROLNIK, 2001).
progressivo no tempo;
os juros legais.
Ademais, é na lei que institui o Plano Diretor Estratégico onde devem estar
atendidas, permitirão afirmar que a propriedade urbana tenha atendido sua função
social.
mas contemplar um Plano de Estado, haja vista que seu conteúdo deve traduzir o
participativa.
Tais normas estão previstas no art. 40 do Estatuto da Cidade, a seguir
transcrito.
norma que vem em tempo para corrigir uma falha histórica do planejamento no
E complementa:
duração continuada.
ser atendido desde a elaboração das Leis Orgânicas dos Municípios, conforme
(...)
XII - “cooperação das associações representativas no
planejamento municipal.”
1998: 90).
avaliá-las.
Capítulo IV
(...)
6
GONDIM, Linda (Org.). “Plano Diretor e o Município: novos tempos, novas práticas” In Textos de
Administração Municipal – volume 7 - Rio de Janeiro, IBAM, 1990, p.86.
IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e
V – (VETADO)
V do artigo supra, têm sua aplicação garantida pela Constituição Federal, pela Lei
transcrito:
instrumentos:
(...)
(...)
mas, infelizmente, não por se tratar do meio mais eficaz e, sim, pela
aceitação consensual”
de sua decisão.”
propiciar uma troca entre Poder Público e os cidadãos sobre o entendimento das
propostas que serão objeto do evento. Serve, ainda, para que o Poder Público se
para a destinação dos recursos públicos deve ser balizadora para a decisão da
Administração.
coletividade e o poder público, uma vez que “visa a assegurar um processo amplo
Urbanos, por lei, ou por decreto do Poder Executivo, desde que contenham, de
Conferência
A Conferência deve ser compreendida como o espaço público privilegiado
O plebiscito é uma consulta de caráter geral, que tem por finalidade decidir
projetos de lei. Esse mecanismo pode ser acionado sempre após a edição de atos
públicos, más é de hoje que os interesses do setor privado têm prevalecido sobre
indústria da construção civil, são freqüentes e cada vez mais nocivos, se valendo
ser refutadas.
2005: 142).
pelo que seja mais saudável para a cidade, que sobrevive aos governos e
cidadãos.
princípios basilares.
mobilidade etc.
tempo, como fundamento e objetivo do Plano Diretor, fazendo com que a gestão
participação popular.
diretrizes das políticas públicas para que a cidade atinja uma condição saudável
de subsistência e sustentabilidade.
Porém, mais do que as leis que prevejam o tratamento dado à terra urbana
são prioritários.
negociatas -
intervenção urbana viária pontual, por exemplo, mas sua realização compromete
no Estatuto não basta para resguardar a obediência, por parte do Poder Público,
"Art. 52:
(...)
tem natureza muito mais política do que jurídica, sendo certo que
efetivação.”
E, ainda:
do projeto."
vetado. Seja porque representa atuação diversa da esperada pela Carta Maior ao
participação popular.”
Primeiro, porque o inciso VI, do mesmo artigo, que não foi vetado, considera
improbidade administrativa o impedimento ou a supressão dos instrumentos de
publicidade e a legalidade.
moralidade.”
No mesmo sentido, sobre a improbidade administrativa, Filho9 apud Freitas
(2005: 273):
Federal.”
destaque para a Lei Orgânica e Plano Diretor Estratégico – deve o agente público
levados a cabo e, não o sendo, que haja a devida punição – com caráter
população local.
9
FILHO, Marino Pazzaglini. Crimes de Responsabilidade Fiscal, São Paulo, Atlas, 2002, p. 43.
O Promotor de Justiça atuante no âmbito do Meio Ambiente / Urbanismo,
precisa ter postura jurídica que ultrapasse os limites do gabinete e dos papéis. É,
cidade que sequer conhece verdadeiramente, em males com os quais não tem
diretamente.
INFELIZ EXPERIÊNCIA
São Paulo é a maior cidade do Brasil e uma das maiores do mundo. Por
restaurativas eficazes em curto prazo. De fato, assim como ocorre nas grandes
Ambiental etc.
imobiliário fosse limitada, para mudar a realidade política das últimas décadas,
políticos.
Mais uma vez, São Paulo não despontou! Desapontou! Passados seis anos
implementação.
revisão dos Planos e Lei de Zoneamento que, entre outras finalidades, visa
10
Matéria do Jornal Valor Econômico, publicada no dia 26 de outubro de 2009 no sitio eletrônico:
http://www.centrovivo.org/node/1092
Ademais, afora a imprescindível participação popular, que não aconteceu,
habitação e transporte.
exemplo.
usada pelo Sindicato do Setor Imobiliário para efetuar doações nas campanhas (a
vereadores e até o Prefeito podem ter sido beneficiados pelas doações ilegais.
solidariedade social.
do vertiginoso crescimento.
E não são condições que afetam apenas as classes pobres, desprovidas
bem estar e, por isso, têm reflexos negativos na saúde e qualidade de vida de
aplicadas, suficientes são para garantir maior controle e participação popular nas
tantas que jamais teve aplicação – por evidente falta de interesse político.
na marra12 e que os rumos da cidade sejam ditados por quem se preocupa com
essa vocação, tais como Ministério Público e Defensoria Pública, precisam fazer
12
Expressão que significa forçadamente, à força.
Finalmente, assim, os princípios democráticos estarão modestamente
precisará mais ser o braço forte da defesa dos interesses difusos – notadamente
para garantir a igualdade de condições e o respeito à lei nas causas entre o Poder
BIBLIOGRAFIA
FERREIRA, Gabriel Luis Bonora Vidrih. “Plano Diretor e Inclusão Social no Espaço
Urbano” In: Revista de Direitos Difusos. Imprensa Oficial. São Paulo, v. 46. Maio-
Agosto, 2008.
FREITAS, José Carlos de. “Estatuto da Cidade e Improbidade Administrativa” In: Temas
de Direito Urbanístico, vol. 4, São Paulo: Imprensa Oficial: Ministério Público do Estado
de São Paulo, 2005.
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de Direito Urbanístico, vol. 4, São Paulo: Imprensa Oficial: Ministério Público do Estado
de São Paulo, 2005.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 2008.
SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1997.