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Postado por Comex em janeiro 6, 2011 às 11:19
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Atualmente no Brasil cresce consideravelmente o número de empresas brasileiras que possuem o


seu cadastro de exportador e importador, o que não significa que de fato operam no comércio
exterior, mas que manifestaram o interesse de importar ou exportar.

Muitas empresas cadastradas ainda não operacionalizam suas importações por medo ou por não
terem a certeza de quanto será na realidade o custo dessa importação. Sendo assim o planejamento
tributário na importação se destaca como de fundamental importância para que as importações
saiam da mente do empreendedor e se tornem realidade.

Na maioria das vezes os tributos são mais representativos no custo da importação do que o próprio
frete internacional somado ao seguro e as despesas portuárias ou aeroportuárias, o que ressalta a
necessidade de que o planejamento tributário aplicado a importação faça parte da rotina dos
gestores e empreendedores do Brasil.

O Planejamento tributário tem se tornado uma forte ferramenta para redução de custos nas empresas
brasileiras, já que a representatividade dos tributos no faturamento das empresas é alta. Segundo o
IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), no Brasil, 33% do faturamento empresarial,
em média, é direcionado ao pagamento de tributos. Somente o Imposto de Renda e a Contribuição
Social Sobre o Lucro podem chegar a representar 51,51% do lucro líquido apurado. Como se não
bastasse, os tributos representam mais da metade no montante dos custos e despesas da atividade
empresarial.

Para empresas que operam no segmento de importação, o planejamento tributário se torna ainda
mais necessário, pois existem vários fatores que podem influenciar na tributação de um determinado
produto: localidade da empresa importadora, porto utilizado para importação e até mesmo o próprio
produto. Segundo estudo feito pela empresa Atus Negócios Internacionais e Consultoria em média o
produto chega ao Brasil com o seu custo acrescido de 113%, sendo que cerca de 30% disso são de
tributos pagos na entrada do produto ao país, e que os custos logísticos na importação representam
aproximadamente 12% do custo total. Já o custo do produto representa menos de 19% do Custo
total da importação. Em caso de produto destinado a revenda, é necessário acrescentar cerca de 35%
a essa somatória que representam os tributos pagos no momento da revenda.

Nesse cenário a utilização de um planejamento tributário que possibilite uma importação inteligente
e eficiente em busca de maior competitividade com a utilização do máximo de benefícios previstos
em lei é de fundamental importância.
O princípio da não-cumulatividade, garante as empresas brasileiras o crédito dos tributos pagos na
compra de determinado produto ou insumo, o que possibilita maior competitividade na revenda, ou
na comercialização de produtos fabricados. Isso faz com que as organizações não fiquem com esse
ônus, mas sim o consumidor final. Este princípio pode ser utilizado tanto no mercado interno
quanto em mercadorias procedentes de importação.

É importante que o planejamento tributário de uma empresa seja feito antes de sua fundação e
reavaliado anualmente, pois no início de cada ano é possível alterar o regime de tributação que a
empresa está enquadrada. Os regimes de tributação existentes no Brasil são: o Simples, Lucro
Presumido, Lucro Real e Arbitrado.

A análise dessa decisão deve ser feita inteiramente interligada com o negócio da empresa, pois o
empresário que faz a análise de uma empresa importadora, deve considerar que a competitividade
de seus produtos no mercado brasileiro sofrerá influencias diretas da tributação incidente. Por esse
motivo o ideal é que a escolha não seja pelo Simples, pois esse regime de tributação não contempla
o princípio da não-cumulatividade dos tributos, ou seja, numa importação a empresa não obterá
crédito de nenhum tributo pago na entrada do produto no país o que consequentemente
comprometerá a competitividade da mesma.

Dando sequência na análise de uma empresa importadora, o empresário deve colocar na balança o
regime do lucro presumido e lucro real. Se a opção for pelo lucro presumido essa empresa obterá
em uma importação o crédito do IPI e ICMS que poderão ser usados da venda. Entretanto a empresa
não se valerá do crédito do PIS/ COFINS, já que nesse regime esses dois tributos são cumulativos.

A vantagem desse regime é que para a apuração do IR e da CSLL, o governo estipula que a margem
de lucro da empresa é 8% para o IR e 12% para CSLL, compondo assim a base de cálculo desses
tributos e aplicando as alíquotas de 15% para o IR e 9% para a CSLL, considerando uma empresa
que trabalha com atividade de venda ou revenda de mercadorias. Dessa forma o valor pago nesses
tributos não vai variar de acordo com as despesas obtidas no período. O governo vai simplesmente
presumir que o lucro foi esse e tributar em cima do faturamento.

Para essa empresa optar pelo lucro real, o empresário deve considerar a quantidade de despesas que
ele tem condições de lançar durante o período, pois com o próprio nome já diz, o governo vai
aplicar as alíquotas de 15% de IR e 9% para CSLL sobre o lucro real da empresa.

Sendo assim, para uma melhor eficiência em custo nessa etapa do planejamento tributário, é
interessante que seja feita uma comparação entre a margem de lucro real da empresa, com a
margem que seria presumida pelo governo no lucro presumido. Se a margem de lucro pelo lucro
real for maior do que a presumida, a melhor opção será o lucro presumido, mas se o contrario
ocorrer, o melhor deve ser o lucro real. Além disso, deve-se considerar também que no lucro real,
diferentemente do presumido, há o crédito do PIS e COFINS, além do IPI e ICMS.

No planejamento tributário de importação, é aconselhável também estudar a localização da


empresa, para o aproveitamento máximo dos benefícios permitidos, ou até mesmo uma melhor
utilização dos créditos obtidos na compra. É possível exemplificar essa situação com uma empresa
importadora situada em Belo Horizonte. Em Minas Gerais, a alíquota de ICMS é de 18%, dessa
forma no momento da nacionalização dos produtos importados, a empresa importadora obterá o
crédito correspondente a 18%, porém se essa mesma empresa fizer a venda desses produtos para a
Bahia onde a alíquota de ICMS é 7%, por mais que os 7% sejam incidentes sobre o valor final de
venda, ainda assim no fim da operação a empresa ficará com um crédito de ICMS.
Nesse cenário, caso a empresa não tenha condições de converter esse valor em lucro ou como parte
integrante de outros processos, o produto pode perder a competitividade. Porém isso pode ser uma
oportunidade para empresas que importem produtos muito competitivos, pois a legislação permite
que o crédito de ICMS seja negociado, o que pode ser bastante compensador para uma empresa que
importa por São Paulo e vende para Minas Gerais.

Dessa forma o planejamento tributário pode ser considerado um dos principais fatores de sucesso
dentro de uma empresa, principalmente em instituições que atuam no mercado de importação, já
que a influência dos tributos no preço do produto é extremamente significativa, e faz parte da rotina
diária dos empresários brasileiros que devem estar atentos aos créditos obtidos na importação para
melhor gestão de seu negócio e não permitir a perda da competitividade.

É importante ressaltar também que a opção do regime tributário da empresa deve ser muito bem
pensada e estar sempre muito alinhada ao core business da empresa, pois é ela quem vai determinar
quais tributos serão não-cumulativos assim como a forma de apuração do Imposto de Renda e
CSLL.

Além dos cuidados estratégicos que devem ser tomados na gestão de empresas importadoras, o
conhecimento tributário nos profissionais do comércio exterior é de fundamental importância,
principalmente para os empresários e ocupantes de cargos de tomada de decisão, pois caso contrário
todos os possíveis ganhos em operação podem ser desperdiçados por um planejamento tributário
que não leve em consideração todos os aspectos tributários necessários.

 Diretor Executivo da empresa Atus Negócios Internacionais e Consultoria, Administrador em


Comércio Exterior, MBA em Gestão Estratégica de Projetos e MBA em Gestão Estratégica de
Logística com mais de 7 (sete) anos de experiência na área de Comércio Internacional, com
passagens em empresas de pequeno, médio e grande porte, inclusive multinacional no setor de
transportes. Participação em feiras e missões internacionais, tais como Expoferretera na Argentina,
SIAL no Canadá, rodada de negócios com a África do Sul, assim como eventos nacionais e
congressos.

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