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Implementar Trabalho de Grupo na Sala de Aula

O trabalho de grupo pode ser um método eficaz para motivar os alunos, encorajar a aprendizagem
activa e desenvolver capacidades críticas, comunicativas e de decisão. Mas sem a devida planificação e
acompanhamento, o trabalho de grupo pode frustrar alunos e professores e parecer uma perda de
tempo. Utilize estas sugestões para implementar, de uma forma bem sucedida, o trabalho de grupo na
sala de aula.

Planear Actividades Para Grupos Pequenos

• Estabelecer objectivos específicos. Determine o que quer alcançar através das actividades para
pequenos grupos, tanto a nível académico (e.g., conhecimentos acerca dum tema) como a nível
social (e.g., capacidades de compreensão). A actividade deve estar relacionada com os objectivos
e conteúdos da disciplina e estar planificada de modo a ajudar os alunos a aprender e não
simplesmente ocupar tempo. Quando pensar utilizar ou não trabalho de grupo para uma tarefa
específica, pondere acerca das questões: Qual é o objectivo da actividade? Como é que esse
objectivo vai ser alcançado pedindo aos alunos para trabalharem em grupo? A actividade é
suficientemente difícil e complexa para requerer trabalho de grupo? O projecto requer mesmo
colaboração? Existe alguma razão pela qual o trabalho não deva ser elaborado em colaboração?

• Transformar a tarefa num desafio. Pondere atribuir uma tarefa relativamente fácil no início do
semestre para estimular o interesse dos alunos perante o trabalho de grupo e encorajar o seu
progresso. Na maioria dos casos, as tarefas realizadas em colaboração são estimulantes e
representam um desafio. Ao juntar recursos e ao lidar com as discordâncias de opinião que vão
surgindo, normalmente os grupos desenvolvem um produto mais aprofundado do que se os
alunos trabalhassem individualmente. Para mais ideias ver Ficha de Dicas de Ensino “Trabalho de
grupo na Sala de Aula: Tarefas Para Grupos Pequenos”.

• Atribuir tarefas de grupo que encorajem o envolvimento, interdependência e a divisão justa do


trabalho. Todos os membros do grupo se sentem pessoalmente responsáveis pelo sucesso dos
colegas e compreendem que o seu sucesso individual depende do sucesso do grupo. Distribua
recursos essenciais pelo grupo de modo a que os membros do grupo tenham que partilhar a
informação e chegar a um consenso; seleccione ao acaso alguém para representar o grupo ou
atribua diferentes papéis aos membros do grupo para que estejam todos envolvidos no processo
(e.g., porta-voz, anotador, organizador, observador, mediador, etc.). O facto dos membros do
grupo saberem que os colegas dependem deles é um forte motivador para o trabalho de grupo.
Outra estratégia para promover a interdependência é especificar as recompensas atribuídas ao
grupo, como uma classificação de grupo. Ver Ficha de Dicas de Ensino “Métodos Para Avaliar o
Trabalho de Grupo” para mais informação.

• Escolher a dimensão do grupo. A dimensão escolhida irá depender do número de alunos,


dimensão da sala de aula, número de membros necessários por cada grupo e tarefa atribuída.
Grupos de 4-5 alunos tendem a equilibrar bem as necessidades de diversidade, produtividade e

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Traduzido e adaptado de Teaching Tips, no âmbito da parceria com o Centre for Teaching Excellence, University of Waterloo (Waterloo, Ontario,
Canada).
coesão. Quanto menores forem as capacidades dos membros do grupo, mais pequeno deve ser
o grupo (Gross Davis, 1993).

• Estabelecer divisão dos grupos. A divisão baseada na proximidade ou na escolha dos alunos é a
mais rápida, especialmente em turmas grandes e confusas; no entanto, significa que os alunos
ficam a trabalhar com amigos ou sempre com as mesmas pessoas. Para variar a composição dos
grupos e aumentar a diversidade dentro dos grupos designe os alunos ao acaso: pode atribuir-
lhes números e agrupá-los de acordo com estes; pode organizá-los por data de nascimento,
altura, cor de cabelo, etc., antes de os dividir; pode distribuir rebuçados (diferentes sabores) e
agrupar os alunos de acordo com o sabor escolhido. Para determinadas tarefas a diversidade
dentro do grupo (género, etnia, nível de preparação) é especialmente importante e poderá
atribuir os grupos sozinho antes da aula. No primeiro dia de aula peça aos alunos para
preencherem um cartão que lhe dará a possibilidade de recolher informação acerca dos seus
contextos, conhecimentos e interesses. Também pode pedir aos alunos que expressem as suas
preferências (e.g., enumerar três alunos com quem mais gostariam de trabalhar ou os dois temas
que mais gostariam de estudar), e mantê-las em mente quando designar os grupos.

• Forneça tempo suficiente para o trabalho de grupo. É necessário reconhecer que não será
possível abranger tanta matéria como seria se adoptasse o ensino expositivo durante todo o
semestre. Reduza o material a apresentar para poder fornecer tempo suficiente aos grupos para
trabalharem. Faça uma estimativa do tempo que os grupos necessitarão para concluírem a
actividade. Planeie também uma sessão de plenário na qual os grupos poderão apresentar os
seus resultados e onde se poderão discutir questões gerais.

• Tentar prever as respostas dos alunos. Não será possível prever as respostas dos alunos com
muita precisão – espere o inesperado – mas se tiver uma ideia acerca do que eles poderão
responder, poderá preparar-se melhor para responder às suas questões e relacionar o trabalho
de grupo durante a sessão de plenário.

Introduzir Tarefas de Grupo

• Demonstrar preparação relativamente à sessão de grupo. Chegue a horas, prepare


antecipadamente material que se relaciona especificamente com a tarefa para poder distribuir
pelos alunos, e complete as tarefas que prometeu abordar da última vez que utilizou o trabalho
de grupo com a turma (Race, 2000).

• Partilhar os princípios que levam à aplicação do trabalho de grupo. Os alunos devem perceber
as vantagens da aprendizagem baseada na colaboração. Se não forem capazes de ver o seu
valor, poderão chegar à conclusão que está a utilizar o trabalho de grupo apenas para evitar
seguir a planificação da disciplina ou as exposições.

• Designar os grupos antes de dar instruções. Se tentar dar instruções antes de designar os grupos,
os alunos poderão estar demasiado preocupados com os possíveis colegas de grupo para
prestarem atenção às suas indicações. Ou, quando já tiverem determinado os grupos já se
poderão ter esquecido do que devem fazer.
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Traduzido e adaptado de Teaching Tips, no âmbito da parceria com o Centre for Teaching Excellence, University of Waterloo (Waterloo, Ontario,
Canada).
• Promover a coesão do grupo. Os alunos trabalham melhor em grupo se se conhecerem e
confiarem uns nos outros, pelo menos um pouco. Mesmo para curtas actividades de grupo, faça
com que os alunos se apresentem aos outros membros do grupo antes de iniciarem a sua tarefa.
Para trabalhos de grupo mais longos, pondere utilizar uma actividade especificamente para
promover o trabalho de equipa.

• Explicar atarefa claramente. Deve transmitir aos seus alunos exactamente o que eles têm que
fazer e como será o produto final do seu trabalho de grupo. É importante explicar o objectivo
final, especialmente quando o trabalho de grupo se processar por fases. Poderá ser útil utilizar
estruturas visuais como gráficos e diagramas sequenciais, e também frases para completar e
questões específicas. Lembre-se de incluir também uma estimativa do tempo que será necessário
para a actividade. Faça uma estimativa por baixo, os alunos trabalharão mais eficientemente à
medida que o prazo se for aproximando. Se for necessário, poderá aumentar o tempo disponível.

• Preparar instruções escritas para os alunos. Pode apresentar as instruções em acetatos ou slides,
ou pode ainda distribuir pelos alunos.

• Estabelecer regras para a interacção do grupo. Especialmente para longos períodos de trabalho
de grupo é necessário estabelecer a forma como os membros do grupo devem interagir entre si,
mencione princípios como o respeito, capacidade de ouvir e métodos de tomada de decisão. Ver
Ficha de Dicas de Ensino “Métodos de Tomada de Decisão Para Trabalho de Grupo” para mais
informação.

• Deixar os alunos colocarem questões. Mesmo que ache que as suas instruções são perfeitamente
claras, os alunos podem ter questões totalmente válidas acerca da actividade. Dê-lhes tempo para
fazerem perguntas antes de começarem o trabalho.

Monitorizar Tarefas de Grupo

• Monitorize os grupos mas não controle. À medida que os alunos vão fazendo o seu trabalho,
circule entre os grupos e responda a questões que possam ir surgindo. Pode também tentar
perceber as tendências que vão surgindo nas discussões, para que possa ter pontos de referência
durante a sessão de plenário. No entanto, seja discreto e evite interferir no funcionamento dos
grupos; forneça aos alunos tempo para resolver os seus problemas antes de interferir. Pondere
mesmo abandonar a sala durante um curto espaço de tempo, pois a sua ausência poderá
aumentar a prontidão dos alunos para partilharem as suas incertezas e desacordos (Jaques,
2000).

• Esperar bastante dos alunos. Parta do princípio que os seus alunos sabem e podem fazer
bastante (Brookfield & Preskill, 1999). Expresse a sua confiança neles à medida que circula pela
sala.

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Traduzido e adaptado de Teaching Tips, no âmbito da parceria com o Centre for Teaching Excellence, University of Waterloo (Waterloo, Ontario,
Canada).
• Evitar partilhar os conhecimentos. Se se deparar com um grupo que esteja perante incertezas ou
desacordos, evite a tendência natural de apresentar respostas ou resolver o desacordo. A
aprendizagem alcançada através do trabalho de grupo pode ser lenta, mas é difícil de obter e por
isso melhor. Se necessário clarifique as suas instruções e deixe os alunos esforçarem-se – dentro
do razoável – para completarem a tarefa (Race, 2000).

• Clarificar o papel de facilitador. Se os alunos o criticarem por não contribuir o suficiente para o
trabalho deles, pondere se terá comunicado claramente o seu papel enquanto facilitador.

Concluir Tarefas de Grupo

• Fornecer uma conclusão para as actividades de grupo. O trabalho de grupo pode ser um
sucesso ou não dependendo da forma como é integrado no resto da aula ou disciplina. É
necessário que os alunos considerem que o seu trabalho foi útil e/ou contribuiu para o
desenvolvimento do tema. Assim, deve terminar com uma sessão de plenário na qual os alunos
apresentam um relatório de grupo:
o Relatórios orais: Peça a cada grupo para sugerir uma ideia e vá rodando pelos grupos até
não surgirem mais ideias. Pode também pedir a cada grupo para apresentar as suas
opiniões mais surpreendentes ou interessantes ou a questão que representa um desafio
maior. Normalmente, deveria registar as ideias abordadas para poder validar o seu
valor, mas basta registar algumas palavras-chave.
o Relatórios escritos: Peça a cada grupo para elaborar um slide com as suas ideias, que
tanto poderá ser apresentado por si ou por um membro do grupo. Pode também pedir
que apresentem as suas conclusões escrevendo no quadro ou afixando um documento na
parede. Depois os alunos podem circular informalmente pela sala e ler as respostas uns
dos outros. Em alternativa, pode pedir aos alunos para circularem em pequenos grupos,
de uma apresentação para outra. À medida que vão circulando vão debatendo as
conclusões afixadas, e poderão ainda acrescentar comentários às conclusões
apresentadas. Também poderá pedir aos alunos para escreverem os seus comentários
em post-it ou cartões, recolhê-los e depois de fazer uma análise breve apresentar as suas
ideias resumidamente.
A forma como se leva a cabo o relatório de grupo “para os alunos pode fazer a diferença entre
um sentimento de estar simplesmente a rever os seus passos ou de estar envolvido numa troca de
ideias poderosa” (Brookfield & Preskill, 1999, pág. 107).

• Demonstrar como os alunos devem participar. Quando comentar as respostas dos alunos, revele
o respeito e sensibilidade que quer que os alunos demonstrem pelos colegas de turma. Também
deve reconhecer e valorizar opiniões diferentes das suas; não incentive clones! E partilhe com
vontade as suas histórias, analise o seu próprio trabalho e resuma o que foi dito.

• Relacionar as ideias apresentadas com os conteúdos e objectivos da disciplina. Aceite que os


grupos poderão não apresentar as ideias que gostaria, faça por manter o programa das suas
exposições flexível. Sempre que possível, estabeleça relações entre as conclusões dos grupos e os
temas abordados na disciplina. No entanto, não se esqueça que será necessário corrigir e
esclarecer ideias e respostas erradas, quer seja você ou outros alunos a fazê-lo.
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Traduzido e adaptado de Teaching Tips, no âmbito da parceria com o Centre for Teaching Excellence, University of Waterloo (Waterloo, Ontario,
Canada).
• Evitar exposições inesperadas. As exposições inesperadas interrompem o ritmo da discussão
durante a sessão de plenário e, uma vez que não são preparadas, têm tendência para ser um
pouco fracas (Brookfield & Preskill, 1999).

• Conclusão em aberto. A sessão de plenário deve concluir o trabalho de grupo, mas pode deixar
algumas perguntas por responder e em aberto para posterior pesquisa ou para o semestre
seguinte. Esta abertura reflecte a natureza do conhecimento.

• Pedir aos alunos para reflectirem acerca do processo do trabalho de grupo. Poderão fazer esta
reflexão quer oralmente quer por escrito. Esta reflexão irá ajudá-los a perceber o que aprenderam
e como trabalham em grupo. Também lhe fornece uma ideia da opinião dos alunos
relativamente ao trabalho de grupo.

Pensamento Final…
Um trabalho de grupo bem sucedido requer não só uma preparação e acompanhamento cuidados, mas
também uma posterior reflexão e reavaliação. Após uma aula de actividades para pequenos grupos,
reflicta acerca do processo do trabalho de grupo e reveja as notas que elaborou antes da aula. Acrescente
comentários acerca do que funcionou bem e o que mudaria no futuro de modo a que corresse melhor.
Debata também com outros professores o uso de trabalho de grupo e peça-lhes sugestões. Se achar que
as suas capacidades enquanto facilitador são fracas, trabalhe para as melhorar. As referências
enumeradas a seguir são um bom ponto de partida, pode também contactar a CTE para marcar uma
reunião ou uma observação de uma aula.

Referências:

Brookfield, S.D., & Preskill, S. (1999). Discussion as a Way of Teaching: Tools and Techniques
for Democratic Classrooms. San Francisco: Jossey-Bass Publishers.
Gross Davis, B. (1993). Tools for Teaching. San Francisco: Jossey-Bass Publishers.
Jaques, D. (2000). Learning in Groups: A Handbook for Improving Group Work, 3rd ed.
London: Kogan Page.
Johnson, D. W., Johnson, R. T., and Smith, K. A. (1991). Cooperative Learning: Increasing
College Faculty Instructional Productivity. ASHE-ERIC Higher Education Report No.4.
Washington, D.C.: School of Education and Human Development, George Washington
University.
Race, P. (2000). 500 Tips on Group Learning. London: Kogan Page.
Silberman, M. (1996). Active Learning: 101 Strategies to Teach Any Subject. Boston: Allyn and
Bacon.
Slavin, R. E. (1995). Cooperative Learning: Theory, Research, and Practice, 2nd ed. Boston:
Allyn and Bacon.

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Traduzido e adaptado de Teaching Tips, no âmbito da parceria com o Centre for Teaching Excellence, University of Waterloo (Waterloo, Ontario,
Canada).

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