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Pedagógico

MUSICALIZAÇÃO

Débora Suzan Finkensieper 1


Dulce Ferreira Lourenço 2
Maria Eloisa Moreira3
Priscila Chupil 4

RESUMO

O projeto de musicalização na Educação Infantil está relacionado a uma motivação diferente do ensinar,
em que é possível favorecer a auto-estima, a socialização e o desenvolvimento do gosto e do senso
musical das crianças dessa fase. Com base nessa afirmação, as professoras colheram informações sobre a
melhor forma de ensinar com música; trabalhando detalhadamente a letra, a melodia e o seu grau de
ludicidade. Dessa forma, viram também a importância do movimento, dos gestos e do imitar, podendo
diagnosticar novas capacidades das crianças, além do interesse musical. As professoras que já realizam este
trabalho atentam para um detalhe importante: Para a transmissão desse tipo de conhecimento é necessário
utilizar uma metodologia adequada, dividindo a música em partes, repetindo cada parte aprendida várias
vezes, isoladamente e em seguida junto com as demais. Em seguida, relatam atividades trabalhadas no
Bom Jesus da Aldeia, que têm dado grandes resultados, constatados na vivência de cada aluno e nos
relatos que fazem diariamente.

Palavras-chave: música, ludicidade, interação, criança.

1
Pedagoga pela UNICENP, professora da Escola Ecológica Bom Jesus da Aldeia.
2
Pedagogia pela TUIUTI, professora da Escola Ecológica Bom Jesus da Aldeia.
3
Cursando o 1.º ano de Letras Português/Espanhol pela FACEL, professora da Escola Ecológica Bom Jesus da Aldeia.
4
Cursando o 3.º ano de Pedagogia na UFPR, professora da Escola Ecológica Bom Jesus da Aldeia.

Rev. PEC, Curitiba, v.1., n.1, p.39-42, jul.2000-jul.2001 39


Brincar é um direito da criança. Deixe a turma se divertir em classe e aprenda a usar essa atividade nas aulas.
Se você leciona para crianças da Educação Infantil, já deve ter refletido sobre a importância da
musicalização na vida de seus alunos. E já pensou em usar essa atividade nas aulas?
Ela é ótima para transmitir conteúdos, conhecer a personalidade das crianças e saber quais são as
dúvidas e o conhecimento delas.
Cantando e gesticulando a criança aprende a lidar com o mundo e forma sua personalidade.
Com base nessas idéias, resolvemos realizar o projeto de musicalização, ora proposto no Referencial
Curricular da Educação Infantil.
Percebendo que o trabalho com música na Educação Infantil é prioridade para fortalecer a auto-
estima, a socialização infantil, o desenvolvimento do gosto e do senso musical e a formação da cultura no
ser humano, resolvemos “arregaçar as mangas” e partir para o trabalho.
Colhendo informações, consultamos alguns psicólogos da música, que são unânimes em afirmar
que as crianças expostas a um ambiente auditivo e musicalmente rico desenvolvem-se mais rapidamente
do que aquelas que não têm um ambiente favorável nesse particular.
Dentre as informações colhidas, consideramos que, para ensinar música, devemos atentar para
alguns detalhes como: a letra, a melodia e o seu grau de ludicidade. Por exemplo:
„ A letra - Deve estar de acordo com a realidade da criança, com a sua faixa etária, com seus
interesses e deve, principalmente, ser de fácil entendimento.
„ A melodia - O que acontece na maioria das canções, melodias, músicas infantis é que cada um
canta “o que quer” ou “como entendeu que é certo”. Para que não exista uma diferença tão
grande faz-se necessário conhecer a melodia correta, com seus tons altos, baixos, graves, agudos
e, ao cantar, devemos entrar no tom da criança, que nem sempre é compatível com o nosso. Mas
não podemos “sacrificar” nossos alunos com melodias extensas e com grande variação de tons.
„ Grau de ludicidade - Esse item pode ser subdividido em vários outros, pois acaba envolvendo-
se diretamente com os outros citados anteriormente. Por exemplo: com uma letra e uma
melodia interessantes para a criança, você já pode atingir certo grau de interesse, participação e
entendimento. Mas, com um pouco de criatividade, tudo pode tornar-se mais fácil e divertido.
Que tal ilustrações sobre a música em um álbum seriado? Ou talvez ilustrações feitas pelos
próprios alunos, registradas em um “manual de canções da turma”? Muitas outras alternativas
podem ser utilizadas nesses casos, depende da disponibilidade e imaginação de cada professor.
Ao falar em musicalização, um dos recursos mais eficazes para despertar o interesse da criança é o
movimento associado à canção. Imitando animais ou mesmo tentando interpretar uma situação, utilizando
gestos e movimentos corporais, podemos trabalhar novas capacidades das crianças, além do interesse musical.
Em outras canções, podemos solicitar a memória e o raciocínio rápido, onde a seqüência de
movimentos cobrados aumenta gradativamente, sendo necessária uma lembrança imediata do que acabou
de ser dito, mas que por vezes torna-se difícil pelo acúmulo de informações.
Não podemos nos esquecer também de que, para uma aprendizagem eficiente, não basta termos
mil recursos se não utilizarmos uma metodologia adequada para a transmissão desse tipo de conhecimento.
É necessário dividir a música em partes, repetindo cada parte aprendida várias vezes, isoladamente e, em
seguida, junto com as demais aprendidas.
No Bom Jesus da Aldeia, as professoras da Educação Infantil já estão trabalhando no projeto.
As turmas do Jardim alternam alfabetização com a parte lúdica musical, enriquecendo mais o trabalho.

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APRENDENDO A CONSOANTE “C”

As professoras aproveitaram a música “A Casa” (A Arca de Noé) para trabalhar a consoante “C”.
Em um primeiro momento cantaram a música com as crianças, realizaram gestos, trabalhando
toda a ludicidade da música.
Depois as crianças conheceram a letra da música, esta por sua vez digitada e colada no caderno,
onde todos puderam visualizar a consoante “C” na palavra “Casa” e grifá-la. Trabalharam também com
a dobradura da “casa” colada no caderno de desenho.
As crianças ficaram tão encantadas com essa atividade que, nos intervalos, cantavam e gesticulavam
a música lembrando da letra “C”.

A CASA
Era uma casa muito engraçada;
Não tinha teto,
Não tinha nada;
Ninguém podia
Entrar nela não;
Porque na casa não tinha chão.

Ninguém podia dormir na rede,


Porque na casa não tinha parede.
Ninguém podia fazer pipi;
Porque penico não tinha ali;
Mas era feita com muito esmero;
Na rua dos bobos;
Número zero.

MORAES, Vinícius. A Arca de Noé. Companhia das Letras.

Outra atividade ocorreu na Festa Junina, para a qual as crianças ensaiaram, cantaram, gesticularam e
dançaram as músicas referentes à época.
O trabalho com o Jardim II foi muito rico. As crianças, além de dançarem músicas juninas, também
conheceram as vogais inseridas nas palavras FESTA JUNINA, fizeram desenhos de fatos vivenciados e
colocaram em exposição no corredor da escola. Quando passavam por lá, observavam suas exposições
artísticas e ficavam felizes.

Rev. PEC, Curitiba, v.1., n.1, p.41-42, jul.2000-jul.2001 41


Já o Jardim III trabalhou a música e dança inseridas no livro didático “Nosso Jeito de Aprender”
(p.148-167) e as consoantes F e J, onde relataram os “apetrechos” necessários para a Festa Junina
(bandeirinhas, brincadeiras, comidas, bebidas e as danças mais apresentadas nessa época.
Preparam durante duas semanas a apresentação da dança. Chegada a hora, fizeram o maior sucesso,
e, em cada semblante, era possível ver a euforia das crianças.

O projeto tem dado grandes resultados, sendo constatados na vivência de cada aluno e nos relatos
que fazem diariamente.

REFERÊNCIAS

BORGES, Teresa Maria Machado. A criança em idade pré-escolar. São Paulo: Ática, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GARCIA, Regina Leite. Revisitando a pré-escola. São Paulo: Cortez, 1997.

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