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Para melhor estudar os Transtornos Ansiosos devemos tentar definir o termo ANSIEDADE, muito
usado em nosso dia a dia .
Do latim ANXIETATE, ansiedade tem várias definições nos dicionários não técnicos: aflição,
angústia, perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de
perigo, etc.
A partir desta data passamos a considerar TRANTORNOS ANSIOSOS os seguintes distúr bios:
ATAQUE DE PÂNICO
Eu estava atrasado aquele dia. Preocupado em perder o metrô. Corri um pouco, conseguindo
alcançá-lo quando a porta quase fechava. Arrume i um lugar em pé, naquele vagão
completamente cheio. Então, comecei a sentir meu coração bater forte, mais rápido e o suor
escorrer pela testa. Alguma coisa estava acontecendo comigo. Fiquei meio tonto, minhas mãos
começaram a formigar e logo veio a sensa ção de que iria desmaiar. Um nó na garganta parecia
sufocar-me, falta de ar, as pernas bambeavam. Tive uma enorme vontade de sair correndo dali,
mas ao mesmo tempo sentia também que eu não era eu mesmo, as pessoas ao redor pareciam
estar longe, o corpo tremia todo. Será que eu estava ficando louco ?
As pessoas perceberam que eu não estava bem e ofereceram -me um cantinho num banco. O
metrô parou e eu, ainda tonto, saí de lá quase correndo. O mal estar durou uns dez minutos, mas
parecia uma eternidade. Achei que desta vez não escaparia. Estava muito cansado, parecia ter
saído de um campeonato perdido.
O QUE É ?
O Ataque de Pânico é uma crise de ansiedade aguda e intensa, de pouca duração e com
manifestações físicas. A pessoa está sentindo-se bem e sem maiores preocupações, quando
percebe algo indefinido, mas claramente ameaçador. Tudo ocorre em minutos, procuramos ajuda
e podemos nos desesperar. A crise geralmente passa após 20 ou 40 minutos, ou às vezes mais,
em seguida ocorre a sensação de cansaço, fra queza, pernas bambas, como após um esforço
intenso ou um grande susto, e tudo pode voltar ao normal. Os ataques de pânico podem ocorrer
em qualquer local, contexto ou hora, também durante o sono; neste caso, acordamos em crise.
Em algumas pessoas eles ocorrem inesperadamente e sem razão, em outras, quando são
expostas a situações que provocam ansiedade. Multidões, espaços fechados, túneis, pontes, ou
até diante de animais ou insetos.
ATENÇÃO - Um ataque de pânico pode ocorrer em várias situações e não sign ifica o mesmo que
Transtorno de Pânico.
Para não confundir os ataques de pânico com outros problemas médicos, deve -se fazer uma
avaliação médica física cuidadosa. Os sintomas podem simular ou sobrepor -se a outras
patologias.
TRATAMENTO
O Ataque de Pânico é uma crise de ansiedade aguda caracterizada por pelo menos 4 dos
seguintes sintomas, que ocorrem ao mesmo tempo:
palpitações, sudorese, tremores ou abalos no corpo, sensação de asfixia, desconforto no peito,
tontura, sensação de que as coisas à nossa volta estão diferentes, ³fora da realidade´
(Desrealização), sensação de estar diferente ou ³fora do corpo´ (Despersonalização), medo de
ficar louco, medo de morrer, formigamento em partes ou extremidades de nosso corpo, calafrios
ou ondas de calor. A crise pode ocorrer em qualquer pessoa ou em várias circunstâncias:
situações de Estresse Agudo (acidentes, catástrofes, guerras, etc.), desencadeada por doenças
(Hipertireoidismo, Feocromocitoma, uma crise de Asma Brônquica e outras condições médicas
em geral), pode ocorrer em outros transtornos ansiosos (Fobia Específica, Fobia Social,
Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno de Estresse Pós Traumá tico, Transtorno de
Estresse Agudo, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Induzida por
Substâncias) e também pelo uso inadequado de alguns medicamentos.
No caso dos Ataques de Pânico ocorrerem com freqüência maior ou iqual a três (3) ataques
dentro de um período de três (3) semanas ou uma(1) crise seguida de um medo intenso de ter
novas crises ou ainda uma(1) crise seguida de mudanças do comportamento(ex: Fobia), deve -se
suspeitar-se de Transtorno de Pânico.
TRANSTORNO DE PÂNICO
Após aquela crise sentia-me muito cansado e com as roupas amarrotadas. Caí no sofá. Aquele
dia passou e vieram outros, mas algo havia mudado em mim. Não era mais corajoso como antes,
tinha a impressão que meu corpo funcionava diferente, frágil. Fiquei preocupado com o que iria
acontecer comigo. Após alguns, dias tive uma má notícia. Soube que um colega havia falecido de
enfarte e fui ao seu enterro, aí, piorei muito. Senti mais uma crise de pânico, mais uma e mais
outras. O medo de morrer ou passar mal passou a conviver comigo. Cheguei a ter mais de quatro
crises em um mês apenas. Meu comportamento começou a mudar, passei a sentir -me muito
doente e com medo de estar com alguma doença grave, no coração talvez. No trabalho já não
era mais o mesmo de antes. Meus colegas logo perceberam. Eu vivia assustado. Seria o coração
ou eu estaria ficando louco?
O QUE É TRANSTORNO DE PÂNICO?
ATENÇÃO
Para não confundir o Transtorno de Pânico com outros problemas médicos, deve -se fazer uma
avaliação médica física cuidadosa. Os sintomas podem simular ou sobrepor -se a outras
patologias.
TRATAMENTO
O Transtorno de Pânico, como já vimos, é caracterizado por várias crises de pânico, com
significativo sofrimento, prejuízo no comportamento e na vida das pessoas. O tratamento deverá
focar o diagnóstico, pesquisando -se a presença ou ausência de outros transtornos associados,
denominados comorbidades, procurando-se abordar o principal motivo que trouxe o paciente ao
profissional e reconduzi-lo a uma vida relativamente produtiva e adaptada ao meio em que vive.
Após ser definido o diagnóstico, deve -se escolher o tipo de tratamento, que dependerá de vários
fatores: presença ou ausência de outras doenças associadas (comorbidades), gravidade
(intensidade ou comprometimento), tempo de acometimento (desde quando há a presença de
sintomas), e outros fatores que deverão ser avaliados em uma consulta clínica. Atualmente
recomenda-se, na maioria dos casos, o uso de medicação antidepressiva e quando for
necessário, tranqüilizantes como coadjuvantes ao tratamento. Os medicamentos com eficácia
comprovada e os mais utilizados são: antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos de
recaptação de Serotonina e benzodiazepínicos d e alta potência, que deverão ser utilizados por
curtos períodos. Após o controle das crises, que geralmente ocorre em torno de doze semanas
quando há boa adaptação ao tratamento medicamentoso, deve -se pensar em abordagens
através de técnicas cognitivas comportamentais, atualmente conhecidas como Terapia Cognitiva
Comportamental (TCC), que visa sedimentar a melhora obtida com o tratamento medicamentoso
e ampliar seus resultados. Há, a longo prazo, a necessidade de manutenção da medicação por
pelo menos seis meses e seguimentos( avaliações intermitentes ) por pelo menos dois anos ou
mais.
Devemos assinalar que trabalhos de pesquisa atuais convergem para a associação dos
tratamentos, medicamentoso, cognitivo-comportamental e seguimentos por longos prazos. Desta
forma poderemos obter melhores resultados e o restabelecimento da qualidade de vida dos
pacientes acometidos pelo Transtorno de Pânico.
AGORAFOBIA
Sempre gostei de ir ao cinema, mas ultimamente, tenho que ir sempre acompanhado; sento -me
na frente, perto da saída de emergência ou lá atrás, bem próximo à entrada. Às vezes, tenho a
sensação de ter que sair correndo de lá e só de pensar num possível incê ndio fico apavorado.
Não tenho conseguido pegar ônibus cheios, prefiro caminhar dez ou mais quarteirões se for
necessário. Shopping Centers ou lojas, só entro nos dias de semana, quando vazios e fora de
épocas comemorativas. Uma vez, arrisquei entrar numa loja em liquidação. Com muito esforço
fiquei lá uns dois minutos, mas não consegui ver a camisa que havia pedido ao vendedor.
Ele deve ter pensado que eu estava ficando louco.
O QUE É?
Chama-se AGORAFOBIA a ansiedade que se sente em locais ou situações onde possa ser
difícil ou embaraçoso escapar, e o auxílio pode não estar disponível na eventualidade de
sentirmo-nos mal, devido a sintomas ansiosos : falta de ar, suores, tonturas, sensação de
desmaio ou descontrole. Esses medos são inespecíficos e oc orrem em mais de uma situação
como, por ex: na presença de multidões, filas, ônibus, metrô, cinemas, congestionamentos ou às
vezes até na própria casa quando se está só. É O MEDO DE TER MEDO.
ATENÇÃO
Não devemos confundir AGORAFOBIA com FOBIA ESPECÍFICA, esta última está relacionada
sempre com situações ou objetos determinados, como por ex: baratas, cachorro, aves, andar de
elevador, altura, dirigir veículos, avião, etc..
TRATAMENTO
A Terapia Cognitiva (Beck 1967-76, Michenbaum 1975 e outros) consiste numa forma de
entedimento e aprendizado de concepções e valores que temos ou adquirimos so bre nós ou o
que está acontecendo conosco, como por ex: o que estou sentindo é físico ou psicológico? Tem
por objetivo reconhecermos padrões de pensamentos alterados ou comportamentos
relativamente não adaptados (disfuncionais) e modificá -los através de técnicas denominadas
Cognitivas (exercícios realizados com os pensamentos).
A exposição é o instrumento mais poderoso que dispomos atualmente para ajudar o indivíduo a
controlar o seu problema, pois, desse modo, ele aprende que o mal estar pode desaparecer. A
melhora obtida é percebida a partir das primeiras sessões de tratamento, mas o procedimento
completo pode requerer vários meses, principalmente para resolver as limitações profissionais e
sociais. É importante incentivar o paciente a vivenciar situações ou exercer atividades que tende
a evitar. Verificar se o que teme, realmente acontecerá, fazendo uma interpretação mais realista
das situações.
FOBIAS ESPECÍFICAS
Sempre fui medrosa, mas ultimamente tenho tido um medo tão grande de certo animal que não
consigo nem pronunciar seu nome. Começa com r e te rmina com o. Só em pensar que poderia
estar por perto, sinto minhas mãos geladas, suor e meu coração muda de ritmo. Pensar nele dá
mal estar. Uma vez tive que vê-lo em minha própria casa. Em poucos segundos estava
apavorada, quase desmaiei, fiquei paralisa da diante dele, sem dar um passo, com o coração a
mil, tonturas e suando muito, não consegui nem gritar, a voz não saiu. Meu irmão salvou -me
daquele terrível animal. Saiu atrás dele com a vassoura nas mãos, mas ele foi mais rápido,
entrando no primeiro buraco que achou, passando pertinho de mim.
Tive que mudar de casa, não poderia mais viver ali. Hoje moro num apartamento no décimo
andar e examino sempre os elevadores para certificar -me de que esse ³terrível´ animal não
entrará mais em minha casa.
O QUE É?
Ex: Fobias de animais (aves, insetos, gatos, cachorros e outros), sangue e ferimentos, avião,
trens, elevadores, altura, de doenças (câncer, AIDS, etc.)
TRATAMENTO
O tratamento mais indicado atualmente para as fobias específicas tem sido a Terapia
Comportamental. Em geral não são utilizados medicamentos, mas antes de se fazer uma opção
terapêutica, devemos observar se não há a presença de outros transtornos associados, como por
ex. : Ataques de Pânico, Depressão, Transtorno de Pânico, Transtorno Obsessivo Compulsivo,
Ansiedade Generalizada e outros, que muitas vezes exigem tratamento medicamentoso. Na
Terapia Comportamental o procedimento é, basicamente, colocar o paciente frente à situação ou
ao objeto temidos. Esta abordagem é fundamentada na proposição em que os comportamentos
de esquiva (evitar contato com o objeto ou situação que causam ansiedade) mantêm a prese nça
dos sintomas fóbicos. A esquiva faz com que o sujeito não experimente as conseqüências desse
contato, que em geral é mais tranqüila do que ele imagina. Acredita -se que com a repetição
(habituação) do ato de enfrentar aquilo que se teme ( objeto fóbico) há o desaparecimento dos
sintomas fóbicos. Ultimamente tem sido utilizadas técnicas específicas que poderão ser
executadas no consultório ou fora dele. Esta abordagem tem por objetivo abreviar o processo
terapêutico com a dessensibilização (desaparecimento ou adequação da ansiedade quando
diante da presença do objeto ou situação temidos) e consequentemente diminuir os prejuízos
causados pela presença do Transtorno Fóbico Específico .
FOBIA SOCIAL
Sempre fui um menino mais para tímido do que para extrovertido. Quando tinha nove anos
sentava no fundo da classe e às vezes escondia-me atrás de um colega, para não ser chamado
pela professora. O tempo foi passando e eu evitando algumas situações; grupos de colegas no
recreio, falar com uma menina mesmo tendo muito interesse. Quando conseguia, acabava
falando besteira o que me deixava mais constrangid o. Aos doze, anos comecei a ser convidado
para festas e aí meu problema piorou. Sentia -me um peixe fora dágua. ³Zoavam´ de mim, do
meu jeito desajeitado, de minhas roupas e até de minha voz. Quando riam ou faziam algum
comentário, parecia que era sempre a meu respeito. Comecei a evitar festas e até colegas que
iam à minha procura. O cursinho chegou, o vestibular e a faculdade, aí fiquei mal. Tinha que
participar de tudo. Não agüentei, tranquei a matrícula.
É o medo persistente de situações em que a pessoa acredita estar exposta à avaliação dos
outros, ou se comportar de maneira humilhante ou vergonhosa. Quando tenta enfrentar ou
permanecer em tais situações, pode ocorrer uma reação intensa de ansiedade com o
aparecimento de sintomas, como: taquicardia, tremores, suor, boca seca, ondas de calor, rubor
ou até um ataque de pânico. Há a tentativa de evitá -las a todo custo, mas reconhece-se que o
medo é irracional, mantendo -se a autocrítica. Geralmente, ocorre comprometimento nas
atividades sociais e ocupacionais. Quando a Fobia Social ocorre em apenas uma ou algumas
situações, é chamada Circunscrita. Quando muitas situações são evitadas, causando grande
prejuízo nas atividades, é chamada Generalizada.
TRATAMENTO
O despertador tocou às 6.32h,virei três vezes na cama, apertei o pino com a mão direita e peguei
o chinelo com a mão esquerda. Caso não fizesse de ssa forma, algo de muito ruim poderia
acontecer com minha mãe, talvez uma doença grave ou até a morte. Troquei de roupa
lentamente para que eu não invertesse a ordem das coisas. Coloquei primeiro a camisa,
abotoando-a de baixo para cima, depois guardei me u pijama, bem dobrado. Ao entrar no
banheiro, com o pé direito, olhei três vezes no espelho para assegurar -me de que estava tudo
bem. Lavei as mãos quatro vezes, para descontaminar, germes causam doenças. No café da
manhã, jamais coloquei o açúcar depois d o café, porque o doce é sempre antes do amargo. Ao
sair de casa verifiquei quatro vezes se a porta estava trancada, porque portas abertas podem
trancar o futuro, esta frase sempre repeti três vezes, para sentir -me aliviado.
O QUE É TOC?
Ex. de obsessões:
TRATAMENTO
Aquele dia poderia ter sido apenas mais um, mas na realidade ele mudou completamente minha
vida. Estava com meu pai em um pequeno supermercado perto de casa e, quase já saíamos,
quando apareceram dois indivíduos encapuzados. Foi tudo muito rápido. Apontar am suas armas
para nós, que estávamos no caixa e deram uma coronhada no dono do mercadinho para
intimidá-lo. Meu pai, por puro reflexo, tentou ampará -lo e acabou levando dois tiros. Enquanto ele
estava caído, sangrando muito, um dos ladrões mantinha sua a rma em minha cabeça e o outro
roubava. Fui levado como refém, sofrendo ameaças de morte constantes. Após rodar duas horas
pela cidade e ter que sacar dinheiro em caixas eletrônicos, fui abandonado numa avenida muito
longe do local onde eu estava anteriorme nte. Quando cheguei ao hospital meu pai já estava
morto. Já faz três meses e não consigo esquecer, tenho pesadelos diários com o ocorrido ,não
entro mais em supermercados, não tenho vontade de sair com meus amigos, falar a respeito de
tudo aquilo me faz muito mal, começo a suar e tremer. Ultimamente, não tenho conseguido
dormir direito. Passei a andar armado, tenho tido algumas visões, parece pedaços de um filme
que passam em minha mente, flashes do ocorrido. Desconfio de todos, tenho até medo de atirar
em alguém suspeito.
O QUE É ?
É quando após presenciar acontecimento traumático que envolveu morte, grave ferimento ou
ameaça à integridade física própria, ou de outros, o evento é persistentemente revivido
(recordações aflitivas, pesadelos, agir ou sentir como se estivesse ocorrendo novamente). Há
sofrimento psicológico intenso quando ocorre exposição aos indícios do fato ocorrido, reações
fisiológicas ao lembrar da situação vivida(suores, tremores, etc.). Esquiva persistente aos
estímulos associados com o trauma, afastamento em relação a outras pessoas, diminuição do
interesse em atividades, sentimento de desesperança, dificuldades no sono, irritabilidade,
hipervigilância, sobressaltos. Considera -se quadro agudo quando ocorre dentro de um período
de três meses e crônico quando de maior duração.
TRATAMENTO
Sobressaltos intensos;
Insônia;
Cerca de 25% das pessoas vítimas de uma experiência traumática desenvolvem PTSD. Se não
tratada pode se tornar crônica, com metade das pessoas apresentando sintomas até dez anos
após o evento.
Os fatores que deixam a pessoa mais vulnerável são:
pouca educação
sexo feminino
O TRATAMENTO É :
Receber a pessoa com empatia e estar disponível para ouvi -la. Educar sobre o problema e sua
freqüência de modo que a pessoa se sinta normal por estar experimentando isto.
A exposição repetida às memórias aversivas constitui a técnica principal de
tratamento(rememorar o fato traumático sob orientação)
Ajudar a pessoa a fazer exposição repetida aos estímulos desencadeadores de ansiedade em
um ambiente protegido de modo a atenuar as reações e reduzir os sintomas através da
habituação.
Pode haver necessidade de se combinar esta técnica com trabalho cognitivo nas experiências
traumáticas mais complexas(tortura por exemplo) ou na presença de baixa auto -estima,
sentimentos de culpa ou auto acusação.
Tenho ainda muitas coisas para fazer, mas devo chegar lá, no máximo, às nove horas. Já
arrumei meus papéis de ontem, antes que os de hoje cheguem. Passarei num eletricista para
fazer um orçamento, tenho que deixar o menino na escola, passar no correio e .. .o quê mais?
Sinto meu estômago contorcer e a boca seca, será que vai dar tempo?
Sempre fui assim, mas nos últimos seis meses, venho correndo mais. Sinto -me cansado, irritado
e tendo brancos, como o de agora há pouco. Meu corpo está tenso, sinto dores na nuca e tenho
tido dificuldades em iniciar o sono, dormido tarde e acordado cedo. Estou sempre apressado e
preocupado, querendo fazer várias coisas ao mesmo tempo. Já tive algumas gastrites e pioro
quando tenho muitos compromissos. Mesmo agora, aposentado , continuo acelerado. Para meus
filhos sou o ³apressadinho preocupado´.
O QUE É TAG ?
Não é fácil identificar o Transtorno de Ansiedade Generalizada, confundindo -se facilmente com
sintomas encontrados nos outros transtornos de ansiedade. Há a neces sidade de se procurar
sempre um especialista quando suspeita -se desse transtorno. Grande parte das pessoas
procuram clínicos gerais e outros especialistas devido ao comprometimento físico muito
freqüente. O transtorno caracteriza-se por ansiedade e preocup ações excessivas (uma
expectativa apreensiva) que persistem por pelo menos seis meses. As preocupações ocorrem
com as diversas atividades do dia a dia e há dificuldade em relaxar ou livrar -se delas. A
ansiedade e as preocupações estão associadas à uma inqu ietação ou à sensação de estar com
os nervos à flor da pele, cansaço , dificuldade em concentrar -se (³brancos´), irritabilidade, tensão
muscular(dores musculares), perturbação do sono. Muitas vezes há disfunções somáticas
gastrointestinais associadas, como: gastrites, colites, diarréias, etc.
TRATAMENTO
A medicação apenas não trata totalmente o TAG e, em geral, é muito f reqüente o retorno dos
sintomas após a sua retirada. É fundamental que o paciente modifique a sua forma de lidar com
os estressores do dia-a-dia. Diminuir as cobranças sobre si mesmo(³ter que fazer tudo e da
melhor forma possível´), repensar a agenda(coloc ar as tarefas do dia-a-dia de forma organizada
e sem atropelos), estabelecer limites mais definidos do tempo e números de obrigações exigidas,
fazem parte do tratamento. Respeitar a sua necessidade de sono, ter tempo para as refeições,
fazer atividade física regularmente (3 vezes por semana) e reservar tempo para o lazer, são
medidas essenciais para abaixar a ansiedade.
A maior parte dos pacientes apresenta uma melhora importante com o uso de medicação
associada a esses cuidados. Porém, pacientes que não conseguem sozinhos mudar sua rotina
ou que tenham um quadro muito intenso, devem fazer psicoterapia. A terapia cognitivo
comportamental tem se mostrado bastante eficaz nos quadros de ansiedade.
Sempre fui gordinha. Quando adolescente isto começou a incomodar -me muito. Minhas colegas
apelidaram-me de ³Bolinha´ e isso passou a causar -me grande sofrimento. Iniciei en tão, o uso de
remédios para emagrecer, chás; ervas e outras tentativas com dietas rigorosas; da lua, do sol,
etc. Consegui emagrecer com fórmulas. Perdi quinze quilos em sessenta dias e fiquei super feliz,
mas não durou muito. Engordava e emagrecia com mui ta facilidade, até que passei a manter e
aumentar as doses das fórmulas à base de anfetaminas. As pessoas lá de casa começaram a
reclamar do meu comportamento irritável, às vezes agressivo; até meu cachorro levou uns
pontapés. O tempo foi passando e comecei a ficar incomodada comigo mesma. Não parava,
queria fazer tudo ao mesmo tempo e dormia muito pouco. Nos fins de semana ia para as baladas
e virava a noite. O problema era não conseguir relaxar, não estava rendendo nos estudos,
comecei a ficar assustada e entrei em pânico. Sentia crises de palpitações, tremores , suores e
falta de ar; às vezes parecia que ia morrer naquele momento.
É o uso de determinadas substâncias que pode levar a um ou mais Transtornos ans iosos, como:
Ansiedade Generalizada, Ataques de Pânico, Sintomas Obsessivo -Compulsivos, Sintomas
Fóbicos . Os sintomas aparecem durante ou dentro de um mês após a intoxicação ou abstinência
de uma ou mais substâncias. O distúrbio causa sofrimento clinicam ente significativo ou prejuízo
no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida da pessoa
comprometida. O início pode ocorrer durante o uso excessivo(quando há intoxicação) ou durante
a abstinência(logo após interrupção do uso) .
ATENÇÃO: Outros Transtornos Psiquiátricos também podem ser induzidos por substâncias.
TRATAMENTO
Drogas prescritas pelo médico clínico ou pelo médico psiquiatra podem promover, no início do
tratamento, sintomas de ansiedade em pessoas susceptíveis, por exemplo: drogas sedativas,
hipnóticos, tranqüilizantes e antidepressivos.
Quando não ocorre a resolução do quadro de ansiedade com a cessação do uso da droga deve -
se rever o diagnóstico e considerar outras possibilidades diagnósticas.
Cada um dos transtornos só poderá ser assim considerado quando satisfazer critérios que foram
elaborados para cada um deles, portanto não basta um sintoma isolado para caracterizar um
transtorno ou uma doença.
Cada um dos transtornos poderá ser conhecido isoladamen te como também suas manifestações,
tratamento e evolução. CLIQUE acima cada um deles.
Transtornos de ansiedade
Como se trata de uma emoção, a ansiedade é difí cil de ser definida com precisão, mas pode ser
apreendida e estudada através da introspecção ou, indiretamente, por seus correlatos fisiológicos
(Gentil, 1997).
Como todo estado emocional a ansiedade é um sinal, preparando o indivíduo para o que poderá
acontecer dado um certo contexto ambiental específico (fitness). Do ponto de vista biológico, é
um estado de funcionamento cerebral, ligado a percepção de contextos ambientais
potencialmente ameaçadores, que possibilita a identificação do perigo e o grau da ameaça
(potencial, distante ou iminente) e elicia ações comportamentais espécie específicas de
enfrentamento.
A ansiedade tipo antecipatória se diferencia da sensação de ansiedade tipo pânico (vivenciada
como medo) por ser uma resposta emocional a uma ameaça desconhecida, potencial ou
distante.
Como as alterações funcionais associadas à ansiedade têm como função aumentar nossa
chance de sobrevivência ou sucesso IMEDIATO em um contexto ambiental específico, a reação
pode ser vivenciada com desconforto que pode ser extremo e provocar conseqüências deletérias
para a saúde a longo prazo (ex. doenças cardíacas). Em vista disto é claro que há condições
onde deixamos de considerar a ansiedade uma reação normal e é cabível uma intervenção
terapêutica.
Nos casos clínicos mais comuns, o indivíduo parece estar genericamente ansioso na ausência de
qualquer ameaça identificável. Não existe uma divisão precisa entre ansiedade normal e
patológica, sendo sempre de modo arbitrário e subjetivo que decide -se ou não pelo tratamento.
Outros sintomas físicos são complicadores encontrados devido ahiperventilação como tontura,
vertigem, sensação de desmaio, dor no peito ou devido a hipertonia muscular que evoluiu com
tremores generalizados, dores inespecíficas e generalizada e espasmos musculares.
Na tabela abaixo estão as principais queixas relatadas por pacientes com transtornos de
ansiedade:
Ã
Mulher de 24 anos, moradora de Embu (SP), onde nasceu, vive com a mãe e duas irmãs
mais jovens, católica pouco praticante, colegial incompleto, trabalhando há 6 anos em
uma mesma casa de família como empregada doméstica, solteira, sem filhos e com
relacionamento fixo há 5 anos, procurou espontaneamente o IPq -HC-FMUSP por "crises
de falta de ar e nervosismo há 3 anos".
A paciente informou que estava bem até o início de 1996, quando começou a ter
dificuldades para respirar durante q uase todas as noites antes de dormir, após atritos com
seu companheiro. Após alguns dias, iniciaram -se sensações de asfixia e batedeira que
não eram mais desencadeadas por esses atritos, mas apareciam espontaneamente.
Nesse mesmo ano, ela procurou um otorrinolaringologista que a submeteu a uma cirurgia
por "carne esponjosa no nariz" e apresentou ligeira melhora dos sintomas, mas persistia a
sensação de falta de ar. A mesma começou a sentir necessidade de respirar ofegante
todo o tempo para não morrer sufocada. Mostrava -se mais irritada e sensível à rejeição
com o namorado e algo desanimada. Preocupava-se freqüentemente com a possibilidade
de ter um outro sério problema de saúde e vir a morrer. Sua insônia inicial piorou e estava
comendo menos que o habitual. Mesmo assim, mantinha desejo de sair para se divertir,
mas começou a ter menos interesse sexual. Em nenhum momento houve relato de
esquiva de situações e não parou de trabalhar, haja vista a difícil situação financeira de
sua família.
A paciente negou que estivesse triste por muito tempo e nunca apresentou pensamentos
intrusivos. Negou, vivências de conteúdo psicótico ou incomuns atuais e no passado.
Nunca usou substâncias ilícitas e não lembrou que tivesse doenças outras, além de uma
leve "rinite" desde a infância. Fazia uso de anticoncepcional oral à base de estrógenos há
6 meses. Referia que anteriormente era alegre, que gostava de trabalhar e costumava sair
com amigos às noites para se divertir. Informou ter medo de pessoas mortas e não ia a
enterros, mas nunca teve prejuízos por isso.
Referiu que seu pai bebia muito e falecera d urante sua adolescência por causa da bebida
e que uma de suas irmãs tinha "depressão" e já havia feito tratamento psiquiátrico sem
internações.
A partir da 12ª semana de tratamento, não apresentou mais ataques de pânico, mas
evoluía com irritabilidade, insônia e ansiedade. Queixava -se de que, quando estava em
uma situação em que algo poderia acontecer, por menor que fosse a gravidade, sentia
batedeira e desconforto respiratório leves, apesar de realizar as manobras de manejo de
ansiedade aprendidas na TCC. Após o término do estudo, devido à resposta parcial à
TCC, foram introduzidas 25 mg de sertralina.
Após 4 semanas, a paciente retornou mais calma, dormindo e comendo bem, e não teve
crises de pânico, evitações, ansiedade antecipatór ia, mas ainda demonstrava
preocupações com sua saúde física.
DISCUSSÃO
Trata-se de uma paciente com uma síndrome ansiosa em crises agudas de intensidade
moderadas a graves com sintomas físicos e psíquicos desencadeados por eventos vitais
no início da doença. Com o passar do tempo, os sintomas ganharam autonomia e
evoluíram com agravamento progressivo, embora não tenham conduzido a paciente a
disfunções social ou ocupacional importantes. A apresentação do quadro é típica do
transtorno do pânico (TP) com agorafobia, segundo os critérios do DSM -IV1, mas a
disfunção só fora reconhecida e diagnosticada alguns anos após, apesar da clínica e da
epidemiologia2 bastante sugestivas (paciente jovem e do sexo feminino). A paciente só
fora procurar ajuda especializada após o agravamento do quadro e depois de submeter -
se a um procedimento cirúrgico possivelmente desnecessário. No diagnóstico diferencial,
exige-se que sejam afastadas as doenças médicas gerais. O uso de substâncias ilícitas e
suas síndromes de abstinências tambêm devem ser afastadas, bem como o uso de
substâncias inibidoras do apetite.
Nesse caso, em nenhum momento foram notados sintomas de uma outra síndrome
psiquiátrica, embora a paciente tenha demonstrado sintomas depressivos leves flutuantes
durante o processo de doença.
Boa parcela dos pacientes com um transtorno ansioso apresenta comorbidade com outro
transtorno psiquiátrico3, por isso a grande necessidade de uma boa avaliação diagnostica
inicial. Parece improvável que a paciente tivesse apresentado um outro transtorno, além
dos sintomas agorafóbicosfreqüentemente relaci onadas ao TP.
As estratégias atuais para tratamento a curto prazo do TP são variadas. Comumente são
utilizadas medicações, como os antidepressivos tricíclicos (ADT) e os inibidores seletivos
de recaptação de serotonina (ISRS), que levam à remissão em 70% dos pacientes4.
Resultados semelhantes a curto prazo são vistos com a TCC com e sem uso de
medicações5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS