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capa tech 138.

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a revista do engenheiro civil


téchne 138 setembro 2008


www.revistatechne.com.br

techne
COMO CONSTRUIR
Laje cogumelo
apoio
com esferas
IPT plásticas
Edição 138 ano 16 setembro de 2008 R$ 23,00
Estruturas mistas ■ Instalações elétricas ■ Geogrelhas ■ Emenda de madeiras ■ Construção metálica ■ Laudo do Metrô SP ■ Laje cogumelo

EXCLUSIVO
Consórcio
Via Amarela
rebate laudo
do IPT INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Projeto reduz
custos
SOLOS
Reforço com
geogrelhas
MADEIRA
Emendas com
chapas denteadas
Edifício WT Nações
Unidas, SP

Estrutura mista
00138

Edifício comercial da WTorre em São Paulo


9 770104 105000

usa solução pouco comum: pilares de aço


ISSN 0104-1053

"envelopados" em concreto
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SUMÁRIO
CAPA
44 Estrutura combinada
Prédio da WTorre em São Paulo tira
partido do aço e concreto
combinados para ganhar rapidez

62 ARTIGO
As causas do acidente da Estação
Pinheiros da Linha 4 do Metrô
de São Paulo
Consultores detalham, segundo o
Consórcio Via Amarela, as causas do
desabamento do túnel Butantã

86 COMO CONSTRUIR
40 INSTALAÇÕES
24 ELÉTRICAS
Choque de economia
Laje de concreto com
esferas plásticas
Sistema nórdico de pré-lajes chega
Especialistas mostram como é
ao Brasil para o segmento
possível reduzir custos das
de nervuradas
instalações e propõem mudanças
às distribuidoras
Fotos: Marcelo Scandaroli

52 CONSTRUÇÃO METÁLICA SEÇÕES


– PINI 60 ANOS Editorial 2
Desenvolvimento metálico
Web 6
Téchne mostra na linha do tempo a
Área Construída 8
evolução das estruturas metálicas
Índices 14
ENTREVISTA IPT Responde 16
Módulo de projeto 56 MADEIRA Carreira 18
Hélio Adão Greven enfatiza importância Ligações de peças de madeira
Melhores Práticas 22
da coordenação modular para evitar Chapas dentadas garantem boa união
Técnica e Ambiente 34
desperdícios das peças de madeira de estruturas
P&T 74
Obra Aberta 80
36 CONTENÇÃO 60 INSTALAÇÕES Agenda 84
Reforço plástico SANITÁRIAS
Entenda como as geogrelhas atuam Vedação de vaso Capa
para aumentar a resistência dos Aprenda rápido como vedar bem os Layout: Lucia Lopes
solos ao cisalhamento vasos sanitários e evitar odores Foto: Marcelo Scandaroli

1
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EDITORIAL
Nossa responsabilidade
VEJA EM AU
descoberta de novas jazidas de petróleo em profundidades antes
A inimagináveis, o desafio de sediar uma Copa do Mundo em
2014 e a necessidade de realizar obras de infra-estrutura para o
crescimento do País aumentam a responsabilidade de engenheiros e
profissionais das áreas técnicas. Como em outros tempos, novamente
alinham-se crescimento e grandes demandas, mas dessa vez sob
regime democrático. Os questionamentos sobre as obras a serem
realizadas, como projetá-las e executá-las não podem ficar  Edifício Harmonia, Triptyque
circunscritos aos gabinetes dos políticos, de empresários e cartolas.  Residencial: edifício Maiorca,
em Juiz de Fora, MG
Nesse sentido, o Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de  Interiores: Ogilvy Brasil
Arquitetura e Engenharia Consultiva) tem cumprido papel exemplar.
Alertou sobre o atraso no planejamento das obras da Copa 2014 e VEJA EM CONSTRUÇÃO
vem clamando por planejamento e critérios técnicos nas tomadas de MERCADO
decisões. Outra entidade, a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica
dos Solos e Engenharia Geotécnica), também não se esquivou do
debate e aproveitou seu evento anual, realizado no início de agosto
em Búzios (RJ), para discutir as causas do acidente nas obras do
Metrô em São Paulo. Um tema delicado, que novamente é tratado em
artigo na revista, desta vez sob a ótica do Consórcio Via Amarela, e
que requer um posicionamento técnico, mas também ético e moral
daqueles que têm competência sobre o assunto. Infelizmente,
 Crescimento imobiliário
engenheiros, arquitetos e demais profissionais da indústria da  Habitações econômicas
construção nem sempre se dão conta da representatividade técnica e  Saneamento
 Licenciamento ambiental
intelectual que possuem.Vivemos um momento ímpar para lembrar
que muitas decisões sem o embasamento técnico necessário reservam
grande impacto no futuro do País e na vida das pessoas. E quanto
mais distantes de tais esferas estiverem os profissionais sérios e
comprometidos, pior será para todos. Em especial, para a própria
categoria e a sua imagem perante a sociedade.

Paulo Kiss

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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Fórum Téchne
O site da revista Téchne tem um espaço
dedicado ao debate técnico e qualificado
dos principais temas da engenharia.
Confira os temas em andamento.

Você acha que o Brasil deveria


Estrutura entregar o planejamento das obras

combinada da Copa de 2014 para uma empresa


estrangeira com experiência?
Rapidez de execução, Mas já não foi entregue? As empresas
economia e redução de estrangeiras estão deitando e rolando
cargas nas fundações na área de projetos, estudos etc. Não
demandaram estrutura ouvi falar de nenhuma que tenha sido
mista de concreto e aço convidada a se retirar pelo Crea por
Marcelo Scandaroli

no WT Nações Unidas. trazerem seus engenheiros


Veja mais imagens da ilegalmente, e eles estão chegando.
obra no site da Téchne. Gilberto Gatti Lopes [29/08/2008]

Contratar uma empresa estrangeira para


Solar Info Center gerenciar é desvalorizar nossa mão-de-
Primeiro prédio alemão obra, nossa capacidade de coordenação
totalmente aquecido sem e desenvolvimento. É simplesmente
emissão de dióxido de carbono dizer que não somos capazes de realizar
Divulgação: Solar Info Center

(CO2), o SIC concentra diversas o conjunto de obras. Nosso problema é


empresas que desenvolvem político. Não falta planejamento, mas
tecnologias para geração de com certeza, faltam investimento e
energias renováveis. Confira seriedade de nossos governantes.
mais imagens do edifício. Alessandro Mendes Ribeiro [29/08/2008]

Nosso corpo técnico é ótimo e


experiente. O que precisamos é que os
bancos financiem as obras e, se
necessário, algumas empresas privadas
ou até uma pequena parcela de
investimento externo. Quando digo
financiar, é da fabricação à obra pronta.
Genuir G. Basso Jr. [29/08/2008]
Marcelo Scandaroli

O Brasil tem técnicos com capacidade


suficiente para planejar e executar
todos os projetos de reforma e
ampliação dos nossos estádios.
Geogrelhas O governo precisa apressar o passo
Veja, na versão online da Téchne, tabelas com tipos de geogrelhas, para não atrasar as obras.
normas e detalhe de como aplicar geotêxteis. Waldenor Cassio de Menezes [29/08/2008]

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ÁREA CONSTRUÍDA
Debate sobre acidente reúne IPT e Consórcio Via Amarela
O Cobramseg 2008 (Congresso Brasi-
leiro de Mecânica dos Solos e Enge-
nharia Geotécnica) reuniu, no final de
agosto, as visões do Consórcio Via
Amarela e do IPT (Instituto de Pesqui-
sas Tecnológicas) sobre as causas do
colapso do túnel da futura Estação Pi-
nheiros da Linha 4 do Metrô de São
Paulo, ocorrido em janeiro de 2007. O
workshop internacional Geotechnical
Infrastructure for Mega Cities and
New Capitals teve uma sessão especial
dedicada ao tema e contou com a apre-
sentação do consultor norueguês Nick

Renato Faria
Barton, contratado pelo Consórcio Via
Amarela para investigar o acidente, e
outra do engenheiro André Assis, que
apresentou o relatório produzido pelo zamento decorrente da ruptura de documento produzido pelo IPT, apon-
IPT. O norueguês reafirmou o que o uma adutora de águas pluviais, teria tando possíveis falhas executivas e de
Consórcio já vinha divulgando desde causado um aumento da pressão da interpretação das leituras dos instru-
março: o desabamento da estrutura água no subsolo exatamente sobre as mentos, além de deficiências nos pla-
teria sido provocado provavelmente escavações. A combinação inesperada nos de emergência. Sobre o questiona-
pela soma de episódios simultâneos. desses fatores teria dado início à ruína, mento de Barton, Assis assume que só
Primeiro, o carregamento de uma que aconteceu, segundo Barton, de identificou a torre sísmica no relatório
rocha de cerca de 15 t e 10 m de altura maneira súbita, sem indícios prévios. do norueguês, mas afirma que o fato
(chamada de "torre sísmica"), localiza- Sobre o relatório do IPT, Barton estra- não era importante. Segundo o brasi-
da exatamente acima do túnel e não nhou o fato de o texto não mencionar leiro, se a rocha apresenta boa qualida-
detectada por nenhuma das 11 sonda- a rocha de 10 m de altura sobre o túnel. de, não há impedimento em construir
gens realizadas antes das escavações. O IPT também teria interpretado mal um túnel sob uma "torre sísmica", já
Entretanto, somente o peso da rocha o arqueamento do túnel, que, para que a camada pétrea suportaria as ten-
não teria sobrecarregado a estrutura Barton, fazia parte da dinâmica de es- sões. "O problema é que o túnel foi
do túnel: a existência de uma falha geo- tabilização da estrutura. Em sua pales- construído muito raso [próximo ao
lógica sob a rua Capri, associada ao va- tra, Assis apresentou o conteúdo do solo mole]", defendeu.

Complexo de exposições do Anhembi é reformado


O complexo de exposições Anhembi foi remodelado para aumentar a in- local. Outras intervenções ocorre-
Parque, em São Paulo, está passando cidência de luz natural em cerca de ram ou estão em andamento no es-
por reformas. As principais inter- 30%, segundo a administração do tacionamento do Parque, no Palácio
venções até agora aconteceram no local. Com a demolição dos mezani- das Convenções e no Auditório Elis
principal espaço do complexo, o Pa- nos norte e sul, o pavilhão ganhou Regina. Segundo a administração
vilhão de Exposições. A cobertura mais 6 mil m² de área útil, que já es- do complexo, o custo total das obras
foi trocada e recebeu 68 mil m² de tarão disponíveis em outubro, para é estimado em R$ 28 milhões, pagos
telhas isoladas acústica e termica- o Salão do Automóvel. Até o início pela Prefeitura de São Paulo (R$ 20
mente com camada geotêxtil e EPS. de 2009, está prevista a instalação de milhões) e pelo Ministério do Turis-
O sistema de iluminação também um novo sistema de climatização no mo (R$ 8 milhões).

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Seminário busca soluções para rentabilizar empreendimentos


Em momentos de expansão do mer- Como Desenvolver Soluções Técni- aspectos do projeto de arquitetura e
cado, como vive atualmente a indús- cas Inovadoras de Projeto e Execução de estruturas, passando por novas
tria da construção, surgem muitas para Agilizar e Rentabilizar Em- soluções industrializadas de execu-
oportunidades. De outro lado, o pro- preendimentos". O seminário será ção até cases reais de construtoras e
fissionalismo e a competitividade realizado no Centro de Convenções incorporadoras. Confira a progra-
entre as empresas costumam aumen- Frei Caneca (Shopping Frei Cane- mação. Para mais informações, aces-
tar ainda mais. Por isso, a PINI pro- ca), localizado na rua Rua Frei Ca- se www.piniweb.com/construtech,
move no dia 21 de outubro de 2008 neca, 569, no bairro da Consolação, envie um e-mail para eventos@pini.
(terça-feira) o evento "Tecnologia de região central de São Paulo (SP). com.br ou ligue para (11) 2173-2465
Edificações para Obras Rentáveis – Cinco palestras abordarão desde os ou 2173-2474.

Projeto de Arquitetura como Case Tecnisa Case Sinco


Fator Determinante para o Eng. Fabio Construtora
Desempenho e o Custo Final Villas Bôas Eng. Paulo

Marcelo Scandaroli
da Construção Sanchez
Marcos Lima

Arq. Henrique Cambiaghi – CFA Marcos Lima

Cambiaghi Arquitetura

Projeto Estrutural como Fator Soluções Industrializadas para


Determinante para o Eliminação de Gargalos de Materiais
Desempenho e o Custo Final e Mão-de-obra
Marcelo Scandaroli
Marcelo Scandaroli

da Construção Eng. Maria Angélica Covelo Silva – NGI


Eng. Ricardo França – França & (Núcleo de Gestão e Inovação)
Associados
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ÁREA CONSTRUÍDA

Norma de fundações em consulta pública


Em andamento há cinco anos, o pro- nica dos Solos e Engenharia Geotécni-
cesso de revisão da NBR 6122:96 – Pro- ca) (www.abms.com.br).Grandis conta
jeto e Execução de Fundações se inten- que a nova norma terá uma estrutura
sificou em 2008. Segundo o engenheiro mais lógica que a atual,separando as re-
Ivan Grandis,secretário da comissão de comendações de projeto – que serão
revisão da norma, os especialistas en- mantidas no corpo do documento – da
volvidos nos trabalhos vêm se reunin- parte de execução – transformada em

Fotos: Marcelo Scandaroli


do,em média,quatro vezes por semana. anexos normativos. Apesar de bastante
Ela se encontra em estágio de consulta avançadas, ainda não se chegou a um
pública e pode ser acessada no site da consenso sobre o polêmico capítulo 6 –
ABMS (Associação Brasileira de Mecâ- Segurança nas Fundações.

Foco na racionalização
A décima edição do "Seminário de Convidados internacionais chidas pelo vento, resultou numa
Estruturas” realizado pelo Comitê Os destaques internacionais do se- concepção estrutural ousada. Testa-
de Tecnologia e Qualidade do Sin- minário foram o engenheiro Victor da em túneis de vento, a estrutura é
dusCon-SP (Sindicato da Indústria Eduardo Garcia Fuentes, gerente téc- de concreto armado, sustentada por
da Construção Civil do Estado de nico da Constructora ASL Senarq um núcleo rígido, pórticos perime-
São Paulo) contou com cerca de (Grupo Sencorp), do Chile, que trais e lajes protendidas. Dentro de
300 participantes, que se reuniram falou sobre o edifício alto “Titanium oito meses, a obra receberá 400 con-
no Hotel Grand Hyatt, em São La Portada”, em Santiago. E o profes- têineres da China com materiais de
Paulo, no dia 28 de agosto. Este ano sor de Engenharia de Segurança con- acabamento como mármore, grani-
o encontro teve como tema "Proje- tra Incêndio da Universidade de to, revestimentos cerâmicos, entre
to e Produção com Foco na Racio- Edimburgo, na Escócia, o peruano outros. Já Torero destacou que a en-
nalização". Paulo Sanches, coorde- Jose Luis Torero, um dos maiores es- genharia de segurança contra in-
nador do CTQ, destacou a necessi- pecialistas mundiais no assunto, que cêndio passa por grandes mudan-
dade de encontrar soluções cons- falou sobre segurança contra incên- ças, em razão das novas e ousadas
trutivas que permitam a execução dio em edifícios altos e as implica- concepções estruturais dos edifícios
de várias etapas da obra simulta- ções para as estruturas. Victor altos. "As grandes lajes livres, sem o
neamente. E cita o sistema das casas Eduardo Garcia Fuentes descreveu recurso da compartimentalização,
e pequenos edifícios construídos os grandes desafios do Titanium La são mais suscetíveis à propagação
com paredes de concreto, que são Portada, o edifício mais alto do do fogo e fumaça", alertou. Torero
ao mesmo tempo fechamento e es- Chile, com 52 andares e 190 m de al- defendeu um novo paradigma de
trutura, e ficam prontas em cinco tura, categoria Triple A, cujo investi- atuação do engenheiro de proteção
dias. O sistema já está sendo utiliza- mento deverá chegar a US$ 150 mi- ao fogo, que deve entrar no proces-
do pela Bairro Novo, empresa cria- lhões. Sua concepção arquitetônica, so desde a concepção arquitetônica
da pela Gafisa e Odebrecht, em em forma de velas de barco preen- e estrutural.
Cotia (SP), voltada a empreendi-
mentos para a Classe C. O enge-
nheiro de estruturas Ricardo Fran-
ça, professor da Poli-USP e diretor
da França e Associados Engenharia
elogiou as mudanças normativas
com foco na durabilidade e a
abrangência dos software nacio-
nais, para ele até melhores do que
os estrangeiros. "Hoje, num proces-
samento com pórtico espacial, o
software já mostra as deformações
da grelha, o que ajuda na avaliação
dos deslocamentos de vigas e lajes,
proporcionando um grau de sofis-
ticação grande", exemplificou.

10
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Pesquisadores criam pavimento que "despolui" o ar


Pavimentos de concreto capazes de sável pela catálise é o dióxido de titâ- centro de Hengelo. No experimento,
absorver as impurezas do ar serão nio: sob a ação da luz solar, essas ela será dividida ao meio – uma me-
testados na cidade holandesa de moléculas transformam o NOx – tade pavimentada com blocos "nor-
Hengelo. Segundo pesquisadores da responsável por fenômenos como a mais", de controle, e a outra com os
Universidade de Twente, que desen- chuva ácida – em nitratos inofensi- novos blocos. A qualidade do ar será
volveram o material, as camadas su- vos. O produto resultante da reação monitorada em cada seção para
perficiais dos blocos transformam deposita-se em forma de poeira na mensurar a eficiência do pavimento.
em partículas sólidas os óxidos de superfície da via, que, segundo os A via foi escolhida em função do vo-
nitrogênio (NOx) presentes no ar pesquisadores, é lavada com a pri- lume de carros que por ali transitam
poluído com gases oriundos da quei- meira chuva que precipitar. O labo- e porque no momento está sendo re-
ma de combustíveis fósseis. Mistura- ratório para avaliar na prática o de- construída. Os blocos serão produ-
da ao concreto, a substância respon- sempenho do produto é uma rua no zidos pela Struyk Verwo Infra.

Campinas exige projeto de acessibilidade para novos empreendimentos


Autores de projetos imobiliários e blicado no Diário Oficial do municí- lação, especialmente com relação ao
proprietários de obras em Campinas pio no mês de agosto. O documento Decreto Federal 5296/04 e à NBR
deverão apresentar um projeto sim- deverá ser entregue para se obter a 9050 da ABNT. Ligada à Secretaria
plificado de como serão cumpridas aprovação e licenciamento das obras Municipal de Urbanismo, a CPA
as normas de acessibilidade de pes- particulares. O texto do decreto (Comissão Permanente de Acessibi-
soas com mobilidade reduzida. A aponta que deverão ser cumpridas lidade) será responsável pela orienta-
exigência vem com um decreto pu- todas as medidas previstas pela legis- ção dos incorporadores e projetistas.
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ÍNDICES
Agregados elevam Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
IPCE 35
IPCE materiais
Aumentos desses itens puxam custos 30 IPCE global
globais de edificação em São Paulo, mas IPCE mão-de-obra
a alta acumulada é inferior à do IGPM 25

Índice Global do IPCE (Índice


O PINI de Custos de Edificações)
encerrou o mês de agosto apresentando
20

15 14
18,35

12,97
inflação de 1,99%, percentual superior
10 11
à deflação de 0,32%, registrada pelo 10 9
9 9
IGP-M (Índice Geral de Preços de Mer- 5,82 9 8 8,20
6 6 6 6 6 6 6 6 9
cado) da Fundação Getúlio Vargas. 5 3,41 5 5
4 4 4 4 4 5
Essa alta foi impulsionada pelo 0,82 3 4 5 5
2 2 2 2
aumento dos preços dos agregados
0
como a areia lavada média e a pedra Ago/07 Out Dez Fev Abr Jun Ago/08
britada no 2, que sofreram inflação de
3,16% e 7,52%. Em julho, o preço de Data-base: mar/86 dez/92 = 100
1 m³ da areia lavada média era de R$ Mês e Ano IPCE – São Paulo
66,78. Em agosto, esse valor pulou global materiais mão-de-obra
para R$ 68,98. Já a pedra britada no 2, Ago/07 114.197,13 53.679,42 60.517,71
que custava R$ 60,75/m³ em agosto, set 114.636,80 54.119,10 60.517,71
passou para R$ 65,32/m³. out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
O cimento Portland CPII, que no nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
mês de julho já havia apresentado dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
alta de 0,82%, no mês de agosto re- jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
gistrou inflação de 2,89%. O saco de fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
50 kg, que antes custava R$ 17,53, mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
passou a custar R$ 18,04. abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71
Insumos como barra de aço CA- mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99
50 3/8'' (Ø=10 mm/m=0,617 kg/m) jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99
e bloco de concreto de vedação de 14 jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99
cm x 19 cm x 39 cm com resistência Ago/08 129.006,55 63.527,56 65.478,99
2,0 MPa, para receber revestimento, Variações % referente ao último mês
apresentaram alta de 10,71% e mês 1,99 4,14 0,00
6,01%, respectivamente. Apesar das acumulado no ano 11,85 15,89 8,20
altas de preço, a variação do índice acumulado em 12 meses 12,97 18,35 8,20
global de custos de edificação em São Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
Paulo nos últimos 12 meses foi infe- variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
rior ao registrado pelo IGP-M. O pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com
IPCE apresentou alta de 12,97%, en- pesquisa na última semana do mês de referência.
quanto o IGP-M, 13,63%. Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

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ipt responde 138.qxd 5/9/2008 14:16 Page 16

IPT RESPONDE Envie sua pergunta para


o email iptresponde@pini.com.br

Contrapiso
Quantos dias demora a cura de um faça um teste simples: estenda sobre crepe. Se ocorrer condensação de
contrapiso de 6 cm? Necessito aplicar alguns trechos do contrapiso pedaços umidade de um dia para outro (face
primer sobre ele como ponte de de plástico transparente, medindo do plástico voltada para baixo vai
aderência para a manta asfáltica, por isso aproximadamente 0,50 m x 0,50 m, ficar embaçada, "suada") é que a arga-
deve estar bem seco. selando as extremidades com fita massa ainda não está seca o suficien-
Antonio Manoel Teixeira te, ou seja, o primer ainda não poderá
por e-mail ser aplicado. Outra possibilidade é
avaliar a umidade do material com
O tempo de secagem do contrapi- aparelho próprio (ponte de Wheats-
so/camada de regularização irá de- tone – aparelho para medir umida-
pender bastante das condições climá- de), utilizado normalmente por em-
ticas, ocorrência de chuvas, condi- presas de pintura para ver se a base já
ções de ventilação do ambiente e ou- está suficientemente seca para início

Marcelo Scandaroli
tras. Em média, cerca de 20 dias é su- do serviço de pintura.
ficiente. Antes da aplicação do pri- Ercio Thomaz
mer, contudo, recomendo que você Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)

Construção monobloco
Em algum país já foi experimentada a movimentação de carga de grande
técnica de construção de habitação pré- porte (pontes rolantes, guindastes e
moldada monobloco de concreto? Quer outros), do ponto de vista da enge-
dizer, módulos que pudessem ser nharia de construção civil, a técnica
compostos, sobrepostos e unidos até hoje seria mais viável do que nunca.

Divulgação: Stroom Den Haag


formar uma habitação. Isso existe? Ocorre que os sistemas de "industria-
Poderia dar certo? lização fechada" quase sempre desem-
Elson Lima dos Reis bocam em conjuntos habitacionais
Piracicaba (SP) monótonos e repetitivos, o que levou
inclusive à completa demolição de
A técnica indicada, constituindo a vários conjuntos habitacionais na Eu- Demolição do conjunto habitacional
intitulada "industrialização fechada", ropa, sendo talvez o exemplo mais Zwarte Madonna, Roterdã
já foi utilizada em diversos lugares, notável o conjunto Potznan, na Polô-
particularmente em países que com- nia, que havia sido construído na dé- arranjos mais econômicos e mais ver-
punham a antiga União Soviética. cada de 1970 com 3.820 apartamen- sáteis, tanto do ponto de vista fun-
Com a atual disponibilidade de con- tos. Na atualidade, há opções muito cional como do arquitetônico.
cretos de alta resistência, eficientes sis- melhores com sistemas abertos, com Ercio Thomaz
temas de protensão e equipamentos de pré-moldados leves, possibilitando Cetac-IPT (Centro de Tecnologia doAmbiente Construído)

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CARREIRA
Coordenador de obras
Além de estar atento ao desenvolvimento das obras, profissional tem
papel fundamental na negociação com fornecedores

oordenador de obras, supervisor, e com a participação em congressos, moldadas, certo? Errado – pelo
C gestor ou gerente de contratos – as
denominações podem variar de em-
seminários e outros eventos na área.
Cursos rápidos de atualização tecno-
menos na opinião de Staudohar. Para
ele, eventuais deficiências nesses que-
presa para empresa, mas as funções lógica também são bem-vindos. Se- sitos podem ser supridas com cursos
básicas desse profissional são as mes- gundo Staudohar, esses são cursos que na área de gestão de pessoal. "Um
mas: supervisionar de perto a execu- fornecem ao coordenador de obras profissional não habituado a dar
ção das obras sob suas responsabilida- ferramentas para realizar uma análise feedback a seus superiores pode ser
des, orientar as equipes residentes de mais eficiente dos indicadores dos condicionado a fazê-lo num curso
engenharia, negociar os contratos com empreendimentos de que cuida. desse tipo", acredita o diretor de RH
fornecedores e prestadores de serviços, Mais difíceis de serem avaliadas da Klabin Segall.
garantir a qualidade final do produto, objetivamente, porém, são as compe-
zelar pela obediência às normas de se- tências comportamentais do profis-
gurança no trabalho. sional. Pessoas com liderança, bom O profissional
É esse o engenheiro que "roda" relacionamento interpessoal, boa ca-
pelos canteiros durante a semana para pacidade de comunicação e desen-
acompanhar a execução dos em- voltura em trabalhos em equipe aca-
preendimentos. Nas reuniões periódi- bam sendo mais bem-avaliadas para
cas com as equipes residentes, são dis- assumir o posto. Na prática, o candi-
cutidos a evolução do cronograma, o dato ao cargo deve saber que precisa-

Divulgação: Klabin Segall


cumprimento do orçamento e outros rá ter jogo de cintura para participar
problemas que eventualmente surjam de exaustivas negociações com forne-
ao longo da obra. "É um profissional cedores e cobrar desempenho de suas
que tem um papel preventivo, orien- equipes de engenharia. Como o coor-
tativo e decisório", afirma Flavio Stau- denador é também um interlocutor
Manuel Gonzalez
dohar, diretor de Recursos Humanos entre o canteiro e o escritório da
gerente de contratos da Setin Engenharia
da Klabin Segall. Preventivo, porque construtora, deve saber expor proble-
ele deve se antecipar aos problemas mas e soluções de maneira clara tanto
Como foi o início de sua carreira?
que possam atrapalhar o desenvolvi- para seus superiores quanto para seus
Tenho 23 anos de formado. Comecei como
mento da construção. Orientativo, subalternos. Essa, aliás, é uma carac-
engenheiro-residente na Estacon
porque deve nortear as ações das equi- terística nova na função de Coorde-
Engenharia, depois Método Engenharia,
pes executoras das obras. Decisório, nador de Obras, como lembra Edna
onde fui promovido a gerente de obras. De
porque será dele a última palavra nas Manfrim Simões, consultora de Re-
lá, fui para a gerência de engenharia do
deliberações mais importantes de cursos Humanos da Método Enge-
grupo Notre Dame Intermédica, onde
cada empreendimento. nharia. "Pela primeira vez se trabalha
tomei contato com obras hospitalares.
Para atender às exigências do em equipe com subordinados, e não
Hoje, estou na gerência de contratos da
cargo, o coordenador de obras precisa com pares. Por isso, é preciso que o
Klabin Segall/Setin.
apresentar certas competências técni- profissional tenha personalidade",
cas e comportamentais. As técnicas explica. Mas se essas características
Como você se atualiza
são aperfeiçoadas com cursos de pós- fazem parte da personalidade do pro-
profissionalmente?
graduação em Gestão e Planejamento fissional, são impossíveis de serem

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Naturalmente, é necessária certa


vivência profissional antes de assu- Currículo
mir a responsabilidade de gerenciar
Atribuições: colaboração na Experiência: cinco anos, no mínimo
diversas obras simultaneamente. De
concepção do empreendimento, Disponibilidade: até 12 horas diárias
maneira geral, a trajetória básica co-
supervisão do cumprimento do nos dias úteis, expediente também
meça para o recém-formado com a
cronograma e do orçamento, aos sábados
residência numa obra simples, de or-
orientação às equipes de engenharia Aptidões: conhecimentos em
çamento pequeno. Se concluída con-
residentes nas obras, negociação planejamento e gestão, liderança,
forme o esperado, o engenheiro tende
com fornecedores comunicação, bom relacionamento
a seguir para uma obra de médio
Formação: graduação em Engenharia interpessoal e desenvoltura para
porte e, enfim, uma de grande porte.
Civil ou Arquitetura; desejável pós- trabalhar em equipe
Só então ele é considerado maduro
graduação em Gestão de Projetos Remuneração inicial: de R$ 7 mil
para ser nomeado coordenador. O
Cursos: Gestão e planejamento, a R$ 12 mil
tempo mínimo estimado para a con-
liderança, comunicação Bibliografia indicada: PBok Guide
clusão desse ciclo é de cinco anos.
"Mas o ideal, mesmo, é que o profis-
sional tenha passado uns sete ou oito
anos no canteiro", conta Staudohar. Método Engenharia, o único pré- Professional), obtida após um rigoro-
Segundo Edna Simões, tanto enge- requisito para se pleitear o cargo de so exame que avalia os conhecimen-
nheiros quanto arquitetos são aptos gerente de contratos – denominação tos do profissional sobre conceitos de
para as funções de coordenação de do posto na construtora – é a certifi- administração e gestão de projetos.
obras e supervisão de projetos. Na cação PMP (Project Management Renato Faria

Entre 1994 e 1996, fiz pós-graduação em planejamento, da elaboração das cartas- fornecimento de aço e com atrasos em
Engenharia de Produção para Construção convite para realizar as contratações. Nos concretagens. E isso implica atrasos no
Civil. O curso concebia a construção civil empreendimentos em andamento, o meu cronograma das obras, que dificilmente
como uma indústria, fazendo paralelos com papel é o de interlocutor entre a obra e o será recuperado depois. Portanto, o
a indústria mecânica. Além disso, fiz cursos escritório central. Converso com a equipe grande desafio é planejar com bastante
de atualização rápidos em Tecnologia de de cada obra e levo os problemas para antecedência os contratos, fazer os
Concreto, Gestão de Empreendimentos, e discutir com o diretor técnico e as outras pedidos 30, 40 dias antes, senão o
outros cursos que passam a visão áreas da construtora. Toda semana, tenho mercado é cruel com você.
administrativa-financeira da obra. uma agenda de visitas às obras, de modo
que o pessoal do escritório sabe Do que você mais gosta em sua
Quantas horas, em média, trabalha exatamente em que obra vou estar a cada função?
por dia? hora de cada dia da semana. Nessa Da formação de equipes. Ver um
No segmento imobiliário, principalmente agenda de compromissos, pelo menos estagiário começar na empresa,
em construções verticais, percebo que um dia é reservado para visitar o acompanhar o trabalho dele evoluir e
temos que construir mais andares, em escritório central, para a reunião com os depois vê-lo realizar uma obra. Outra
prazos cada vez menores. Por isso, nossa outros departamentos da empresa. experiência interessante por que passei
jornada diária começa freqüentemente às foi liderar um programa de alfabetização
7h00 e vai até às 19h00 nos dias de Quais as maiores dificuldades no de funcionários das equipes de produção
semana. Além disso, precisamos estender dia-a-dia? do canteiro. Essa capacitação acaba
o expediente aos sábados, trabalhando O que acontece hoje é atípico, é a também revertendo em benefícios para a
das 7h00 às 15h00, aproximadamente. primeira vez que vejo o mercado tão empresa, muitos se tornam ótimos
Cada fim de semana visitamos uma obra. aquecido. Com essa demanda crescente, encarregados ou mestre-de-obras. Além
enfrentamos escassez de materiais e disso, não há monotonia no trabalho –
Como é o seu dia-a-dia? equipamentos. E temos que tomar muito como eu acompanho várias obras
Na fase de planejamento da obra, cuidado com os materiais para a execução simultâneas, cada uma em uma fase
participo, junto com o pessoal de da estrutura de concreto armado, que dita distinta, um dia é diferente do outro.
orçamentos, suprimentos e o ritmo da obra. E há problemas com o

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MELHORES PRÁTICAS
Kits hidráulicos
Procedimentos de execução padronizados propiciam incremento na
produtividade e qualidade para as instalações hidráulicas

Elaboração do gabarito Corte da alvenaria


Após a execução de um protótipo, para medidas de campo. Esse serve para Após a marcação com o gabarito, inicia-se o
solucionar todos os problemas de confecção do gabarito da bancada, corte com equipamento adequado. A serra
execução e de interferências com outros destacando bitolas e medidas das circular com disco diamantado duplo
serviços, é elaborado um croqui com as tubulações e do gabarito de marcação. proporciona maior produtividade e
qualidade, pois executa dois cortes
Fotos: Marcelo Scandaroli

simultâneos, minimizando os danos na


alvenaria, além de aumentar o conforto do
operador por aspirar automaticamente o pó
gerado no processo.

Marcação da
alvenaria
A marcação da alvenaria que
receberá o kit hidráulico deverá
ser executada com o auxílio do
gabarito de marcação. Para o
posicionamento, a referência
é a cota de nível e as faixas
de revestimento.

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Fotos: Marcelo Scandaroli

Conferência e teste
A conferência é feita por meio de um
checklist que, por sua vez, é
elaborado com base nos testes do
Pré-montagem protótipo. Os ensaios incluem, para
liberação dos kits, testes de
Com as medidas e bitolas gabarito para dar início à montagem, de
estanqueidade e, quando necessário,
predeterminadas no gabarito da acordo com as especificações do
testes de dilatação, conforme
bancada, os tubos são cortados e fabricante. Concluída essa etapa, os kits
especifica a NBR 5626 – Instalação
armazenados por bitola e comprimento. são identificados e armazenados de
Predial de Água Fria. A pressão
As conexões são posicionadas no acordo com o local de instalação.
mínima é de 6 kgf/cm² para tempo
mínimo de dez horas.

Aplicação dos kits


Com todas as etapas anteriores
executadas, cabe ao encanador
apenas o posicionamento do kit
na alvenaria, obedecendo à
profundidade e ao prumo
conforme o revestimento e as
interligações com as demais
instalações.

Colaboração: engenheiro Roberto Carlos Barbosa, gerente de instalações da Sanhidrel Instalações e Comércio

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ENTREVISTA
Módulo de projeto
Com conceitos simples, coordenação modular proporciona
padronização, produtividade e redução de custos e desperdício.
Iniciativa tem que ser setorial para que toda a cadeia se adapte

Marcelo Scandaroli
HÉLIO ADÃO GREVEN
Arquiteto por formação – graduou-se
em 1956 pela UFRGS (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul) –, sua
experiência na área de construção
civil enfatizou a construção
industrializada, bem como sistemas e
processos construtivos, além da
utilização de novos materiais. Obteve
grau de doutor pela Universidade de
Hannover, na Alemanha, em 1969.
Embora aposentado do cargo de
professor-titular do Norie (Núcleo
Orientado para a Inovação da
Edificação), ainda colabora para o
programa de pós-graduação da
instituição. Além disso, é diretor da
s processos consolidados na cons- que não havia nem entre os Estados
KG Projetos e Consultoria.
O trução civil brasileira estão sendo
observados com olhos críticos. O mer-
quando as primeiras manifestações pela
coordenação iniciaram, há 50 anos, na
cado está em busca intensa por possibi- Europa e mesmo no Brasil,que conta até
lidades de melhoria, de redução de des- com uma norma sobre o tema. Além
perdício, de aumento de produtividade, dos motivos citados acima,Greven,con-
de redução de custos. O momento da sultor da Finep (Financiadora de Estu-
construção nacional indica que a racio- dos e Projetos), revela que há intenções
nalização e a industrialização são impe- de o País intensificar as exportações de
rativas, mas o mercado esqueceu de materiais. De acordo com ele, que traz a
considerar o óbvio, a coordenação mo- experiência de quem morou e estudou
dular. É sobre esse conceito que falou à por dez anos na Alemanha, não há por-
Téchne Hélio Adão Greven, pesquisador que temer a implantação efetiva da
do assunto que considera "de uma sim- coordenação modular. Ela não virá para
plicidade constrangedora". Constrange engessar projetos arquitetônicos, mas
porque sua aplicação não demanda in- para trazer um elemento a mais para a
vestimentos nem capacitação, e ainda criação. Em menos de um semestre, ga-
traz benefícios para a produtividade, a rante,os conceitos podem ser completa-
qualidade, os custos e a redução do des- mente passados para os alunos de gra-
perdício. Basta integração da cadeia, o duação de engenharia e arquitetura.

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ENTREVISTA

Em resumo, o que é a coordenação Finep,posso afirmar que o Brasil quer ser


modular? Por que é tão importante? “Em princípio, os exportador de materiais de construção.
Basicamente, é uma ordenação dos
espaços na construção civil. Cada
arquitetos achavam E compensa prejudicar as exportações
componente tem seu espaço pré- que tudo ficaria igual. para os EUA?
definido e tem que respeitar o espaço Como somos mais próximos e há mui-
do componente vizinho. Se todos
Chegaram à conclusão tos anos fornecemos, ainda vamos con-
trabalharem com coordenação mo- de que, ao contrário, tinuar fornecendo para eles. Não é proi-
dular, passamos a trabalhos de mon- bido produzir fora dos padrões, mas,
tagem. Hoje é necessário cortar, ser-
libera o arquiteto para para o mercado brasileiro, por força de
rar, emendar. fazer o que quiser” lei, deve-se utilizar o módulo de 10 cm,
com múltiplos e submúltiplos.
Por que não trabalhamos de maneira
coordenada no Brasil? gar o conhecimento e o respeito à Pelo que o senhor disse, em breve os
Em 1950, o Brasil assinou o convênio norma aos produtores. EUA também estarão trabalhando com
internacional de coordenação modu- o padrão decimétrico?
lar decimétrica. Só que, naquele E a receptividade dos fabricantes Há cinco anos, informavam apenas as
tempo, não havia meios de comunica- é boa? dimensões em pé e polegada. Hoje, vejo
ção e de transporte eficientes entre os Nunca vi ninguém dizer que é contra a em artigos e nos componentes, colocam
Estados. Como eram quase indepen- coordenação modular, porque o bom em pés e polegadas e, entre parênteses,
dentes comercialmente, cada um pro- senso indica que é óbvio. em metros e centímetros.Daqui a algum
duzia o que queria para a região dele e tempo, começam a colocar primeiro em
não houve interesse em se comprome- E a convenção é decimétrica? centímetros e metros e,entre parênteses,
ter com a coordenação modular. Hoje, Pode ser a partir de qualquer medida, em pés e polegadas, porque isso não se
o desconhecimento é total. mas a convenção mundial é decimétri- muda do dia para a noite. Além de ser
ca. E é tão forte que a Inglaterra, cria- cultural,não podem jogar o maquinário
E por que o assunto vem à tona agora? dora do sistema em pés e polegadas, no lixo. Têm que esperar a substituição.
Estamos fazendo campanhas porque passou a adotar a decimétrica, em
chegamos à conclusão de que não é 1964, porque não podia comprar ou Então, a adequação é demorada?
aceitável quebrar e emendar. A pressão vender componentes construtivos A Alemanha, uma das maiores expor-
é para que todos construam dentro da para o resto da Europa. Ao fazer isso, tadoras do Mundo e a atual locomoti-
norma para compatibilizar tudo sem todas as ex-colônias, como Canadá, va da Europa, até a década de 1970
problemas, com aumento de produti- Austrália e África do Sul, passaram usava a coordenação modular octamé-
vidade, redução de retrabalho e de des- para o decimétrico. trica, que divide um metro em oito e
perdício. São conceitos óbvios. Tanto tem módulo de 12,5 cm. Foram obri-
que nos países desenvolvidos não se fala Hoje o Mundo todo adota esse padrão? gados a adotar a decimétrica pelos
mais de coordenação modular. Já está Só sobraram os Estados Unidos, que mesmos motivos comerciais. E temos
incorporado e não se consegue enten- adotam as quatro polegadas. Mas, no- resquícios disso no Brasil. Alguns dos
der a falta de respeito à coordenação tamos pela literatura técnica, estão equipamentos alemães para produzir
modular decimétrica. pensando em passar para o decimétri- lajes de concreto protendidas, com
co, pois ninguém compra nada deles 1,25 m, ainda hoje funcionam no Bra-
A falta de coordenação impera no porque não serve em outros sistemas. sil. Então, todo esse encaminhamento
Brasil porque a mão-de-obra é barata Um exemplo clássico, no Brasil, é a ma- da coordenação modular leva décadas.
e pode ficar cortando e emendando? deira compensada. Uma das medidas
Não, porque não tem outra opção. mais vendidas é a de 1,22 m x 2,44 m, No Brasil, existe alguma entidade que
Ninguém obedece à coordenação mo- que corresponde a 4 x 8 pés. Para que controle isso? Esse período de transição
dular, que, por sinal, é lei. Hoje, exis- possamos exportar para os EUA – e tende a ser mais complicado?
tem forças nesse sentido e o Inmetro somos grandes exportadores de madei- Há a NB-25, de 1950, ou NBR 5706 –
(Instituto Nacional de Metrologia, ra compensada –, temos que produzir Coordenação Modular da Construção,
Normalização e Qualidade Industrial) nessas dimensões. mas ninguém conhece.Vamos encontrar
poderia, teoricamente, atestar que de- dificuldades para inserir cursos nas uni-
terminado produto está fora da coor- E, ao adotarmos a coordenação versidades e instituições técnicas. E não
denação modular e aplicar multas. modular decimétrica no Brasil, essas precisaremos de um ano ou semestre
Claro que isso não acontecerá porque exportações não serão prejudicadas? todo dos cursos. Basta meia dúzia de
não existe fiscalização. Agora, quere- Só para os EUA. Sendo consultor do Mi- aulas,porque é muito simples e não atra-
mos, a partir de divulgação, fazer che- nistério de Indústria e Comércio e da palha em nada. É só respeitar os 10 cm.

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ENTREVISTA

Nem a arquitetura? Porém, todos os componentes, para


Convivi, na Alemanha, com o início da serem acoplados, têm juntas. Se, para
coordenação modular lá. Em princípio,
“Fiz palestras falando blocos, a junta é de 1 cm, isso quer dizer
os arquitetos achavam que tudo ficaria sobre coordenação que a medida real do bloco é de 39 cm x
igual, engessado. Chegaram à conclu- 19 cm x 19 cm.Somando a junta de 1 cm,
são de que, ao contrário, libera o arqui-
modular e todo mundo são 40 cm de eixo a eixo de junta.Ou seja,
teto para fazer o que quiser dentro das aceita. Os órgãos e a o componente ocupa um espaço de 40
normas.Não teremos esse obstáculo no cm, mas tem-se que descontar a junta.
Brasil. Só precisamos de divulgação,
cadeia produtiva da
cursos e controle dos órgãos responsá- construção civil estão A medida de projeto é a final?
veis para que haja respeito, pois, no A de projeto é a da coordenação mo-
Brasil, lamentavelmente, existem mui-
interessados nisso” dular, múltipla de 10 cm.A real leva em
tas leis, mas não são cumpridas. conta a junta. Aí fica muito claro que
for, por exemplo, de dois anos, durante cada componente tem seu espaço pró-
Trata-se mais de uma questão setorial esse tempo haverá um acompanha- prio, com uma junta para não interfe-
do que da iniciativa de um construtor mento mais próximo aos produtores rir nos vizinhos.
ou produtor? Ou seja, não adianta com mais dificuldade.
apenas um assumir essa padronização? Para fazer essas juntas precisas, é
Esse é até um ponto crítico. De nada Quais os órgãos envolvidos? necessário mão-de-obra treinada?
adianta um produtor mudar e os outros Ministérios da Indústria e Comércio, Não muda nada. É questão de cuidar,
não, porque aí ele está errado. Existem Ministério das Cidades, Ministério de trabalhar com 1 cm. As coisas são ób-
órgãos,como os Sinduscons (Sindicatos Ciências e Tecnologia, via Finep, todos vias. Digo aos meus alunos que a coor-
da Indústria da Construção Civil), que os Sinduscons. Fiz palestras no Brasil denação modular é de uma simplicida-
podem forçar o uso de componentes todo falando sobre coordenação modu- de constrangedora, que, de tão óbvio e
coordenados modularmente para que lar, e todo mundo aceita. Todos os ór- lógico, chega a ser constrangedor.
os fornecedores se adaptem. gãos e toda a cadeia produtiva da cons-
trução civil estão interessados nisso. O que é zona neutra?
Existe um programa, com prazos a Coordenação modular não é camisa de
serem cumpridos para a adoção da O que é submódulo e multimódulo? força, então não pode mutilar um pro-
coordenação modular? O módulo é de 10 cm. Como ninguém jeto arquitetônico, como se fez no iní-
Vai haver. Temos tido reuniões com a vai fazer uma janela com 10 cm, então cio da coordenação modular. Hoje,
Finep, com o Ministério da Indústria e existem os multimódulos para garantir existe a chamada zona neutra. Num
Comércio e com o Ministério das Ci- liberdade total. Existem também as exemplo, dois prédios iguais formam
dades, para haver apoio eficiente, com chamadas medidas preferidas e preferí- um ângulo. Todo o espaço pode estar
facilitação da produção e controle ri- veis. Se o mercado pede janelas de, pelo modulado, mas há uma região em que
goroso. Senão, não adianta. menos, 90 cm, posso fazer com 0,90 m, há interferências. Para não mutilar o
1,00 m, 1,10 m, 1,20 m. Essas, de 10 cm projeto, essa região, em que há super-
E como será a definição dos prazos? em 10 cm, são as medidas preferíveis, posição de reticulados modulares, é
As máquinas de produção de blocos ce- que atendem à coordenação modular. chamada de zona neutra. Ou seja, ape-
râmicos, chamadas marombas, têm bo- Mas o produtor, regionalmente, tem nas dentro dela a coordenação modu-
cais que definem o tamanho do bloco medidas preferidas. Ou seja, faz de 0,90 lar não é respeitada.
cerâmico. Esse bocal desgasta e tem que m, 1,20 m, 1,50 m e 1,80 m, por exem-
ser trocado a cada seis meses. Então, o plo.As demais,não faz porque o merca- Esse recurso é útil também para
prazo para mudar o bocal – e o tamanho do não solicita. Assim, fica muito claro terrenos com medidas que não
do bloco – é relativamente curto. No en- que coordenação modular não é cami- respeitam a coordenação modular.
tanto, outros produtores têm mais com- sa de força, mas um auxílio à produção. Os terrenos não são modulados. Pode
plicações e vão ter que esperar ou adap- Submódulos valem para medidas pe- ser que um tenha,por exemplo,27,95 m.
tar. Os prazos têm que ser compatíveis, quenas,menores que 10 cm,como para Aí,faz-se 99% do projeto corretamente e
pois não queremos prejudicar ninguém, espessura de vidro e juntas. resolve o que restar da melhor maneira,
mas ajudar os fabricantes. como se faz hoje.Ou seja,usa-se coorde-
O que é medida de projeto do nação modular até onde der e consi-
Para ser implantada definitivamente, componente? dera-se o espaço que sobrou como zona
estima-se quanto tempo? Cada componente, seja janela, porta ou neutra. Não se pode deixar um terreno
Teoricamente, já está implantada, por- bloco tem uma medida de projeto. Um vazio, de alguns centímetros, porque
que existe norma. Mas ela é de 1950 e bloco de concreto tem uma medida de está fora da coordenação modular.
precisa ser revista. Se o prazo definido projeto de 20 cm x 20 cm x 40 cm. Então, resolve aquela tirinha como der.

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ENTREVISTA

Como as juntas são consideradas no uma extremidade à outra do compo-


ajuste modular? “O importante é nente é maior do que o espaço entre as
Quem fixa a dimensão da junta de um juntas. Se subtrair, o ajuste modular
componente é o fornecedor. Um fabri-
apresentar a solução será negativo. Se existe o positivo e o
cante de esquadrias de madeira, por global, não deixar a negativo, vai existir, em algum mo-
exemplo, fixa de acordo com a precisão mento, o ajuste modular nulo. Se,
do equipamento dele. Se a janela ocupa
interface por conta do numa vitrine, duas chapas de vidro se
1,50 m, mas precisa de juntas de 2 cm construtor. encostam, a junta não é zero, mas é tão
de cada lado, então a janela terá 1,46 m. pequena que é considerada nula, pois a
O fabricante tem que apresentar a solu-
Atualmente, cada um construção não trabalha com medidas
ção para o vão,como uma moldura que fornece o que quer e o menores do que 5 mm.
cubra a junta.
montador que se vire” O ajuste modular parece um dos
Então ele tem que garantir que o pontos mais importantes da
espaço destinado àquele componente Quando o ajuste modular é positivo? coordenação modular.
será completamente preenchido? Normalmente é positivo, porque um O importante é apresentar a solução
Cada produtor tem a obrigação de componente cujo espaço modular é de global, não entregar um componente e
dizer como o componente se adapta à dois módulos é, devido à junta, um deixar a interface por conta do cons-
coordenação modular decimétrica. pouco menor. Ou seja, subtrai-se o ta- trutor. Atualmente, cada um fornece o
Um pode dizer que precisa de juntas de manho do espaço do tamanho do com- que quer e o montador que se vire, que
2 cm e, outro, de apenas 1 cm. Assim, ponente.Se o bloco tem 39 cm e o espaço corte, serre, emende. Se trouxer a solu-
ele indica que a janela tem 1,48 m e a tem 40 cm, o ajuste modular é positivo. ção, pode usar qualquer coisa. Se um
junta 2 cm. Ele só tem que preencher fabricante faz tijolinhos cerâmicos
aquele 1,50 m. Se quiser fazer uma ja- E quando é negativo? com dimensões totalmente fora de pa-
nela com cantos arredondados, tem No caso de placas de forro, por exem- drão, não tem problema. No entanto,
que prever o acabamento para preen- plo, que se encaixam. A junta, teorica- ele tem que enquadrar um conjunto
cher o espaço que lhe compete. mente, passa no meio e o tamanho de de tijolinhos, com juntas, dentro da
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coordenação modular, nem que seja dois ou três apartamentos, perdia-se


um conjunto de quatro, seis ou oito ti- “Permite alcançar um, mas isso não é verdade. Se calcular
jolos, por exemplo. por volume, pode ser, mas o valor é pe-
patamares elevados queno. O entulho de tijolo custa
Juntos, esses tijolos atingem uma de racionalização, menos do que uma janela de alumí-
dimensão que atende à coordenação nio. No Brasil, existe um desperdício
modular?
mas é imprescindível da ordem de 10% ou 15%, enquanto
Ele tem que dizer qual é a modulação, para industrializar. países desenvolvidos trabalham com
mesmo que seja, por exemplo, 30 cm x margens menores, de 6% a 8%.
60 cm. Assim, não prejudicamos a in-
A industrialização exige
dústria dele e nem ele prejudica a uma coordenação Qual é a tríade básica da coordenação
coordenação modular. Mas ele tem modular?
que dizer como usar. Os fabricantes de
modular rigorosa” É o reticulado modular de referência,
cerâmica, principalmente de Santa a grade, o módulo, que é de 10 cm, e
Catarina, já fazem isso, porque expor- o ajuste modular. Não existe ne-
tam para a Europa. Informam que é modular rigorosa para compatibilizar nhum componente que não tenha
cerâmica modulada, com as dimen- componentes. Uma linha de fabrica- ajuste modular, mesmo que seja
sões da peça e da junta, que é o que os ção de qualquer componente que seja nulo, como o vidro. É importante
europeus querem. não pode ser mudada. As máquinas saber que o módulo é de 10 cm. Tem
trabalham de forma seriada para que arquiteto que fala que sempre traba-
Como a industrialização afeta a seja barato. lha com módulo de 15 cm, por exem-
coordenação modular? plo. Pode ser uma modulação, mas
A coordenação modular permite al- Há estudos que digam quanto reduz, não é a coordenação modular uni-
cançar patamares muito mais eleva- em custos e desperdício, a versal. Se modula com 15 cm, nem
dos de racionalização, mas é impres- coordenação modular? todos os componentes fabricados
cindível para industrializar. A indus- Existem vários estudos, e cada um ava- para 10 cm vão servir.
trialização exige uma coordenação lia à sua moda. Já se falou que a cada Bruno Loturco
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TÉCNICA E AMBIENTE
Solar Info Center
Além de ter a concepção, construção e operação pautadas na sustentabilidade,
edifício concentra diversas empresas para desenvolvimento conjunto de
tecnologias para geração de energias renováveis

rimeiro prédio alemão total-


P mente aquecido sem emissão de
dióxido de carbono (CO2), o SIC
(Solar Info Center, ou Centro de In-
formações Solares, na tradução livre)
foi criado para integrar, num único
espaço, empresas interessadas no de-
senvolvimento, viabilização e comer-
cialização de tecnologias na área de
energias renováveis. Localizado na ci-
dade de Freiburg, no extremo Oeste
da Alemanha, o SIC concentra 45

Divulgação: Solar Info Center


empresas que trabalham de forma in-
dependente para o desenvolvimento
de soluções sustentáveis para edifica-
ções, mas com possibilidade de pro-
mover parcerias para o desenvolvi-
mento de projetos conjuntos. É o que
Energia totalmente renovável provém de coletores solares, painéis fotovoltaicos e do
se chama de planejamento integral, o
reaproveitamento do calor gerado com combustível fóssil pelo vizinho. Planejamento
mesmo que pautou o desenvolvi-
integral buscou compatibilizar todas as demandas energéticas da edificação
mento do próprio SIC e que, por isso,
o torna um case de sustentabilidade.
Nessa forma integrada de concep- O conceito energético do SIC é solar direta. A energia utilizada na
ção, projetistas da empresa contratan- pautado pela viabilidade financeira. edificação provém, exclusivamente,
te trabalham em conjunto com enge- "É uma instituição privada e deve, de fontes renováveis.
nheiros e arquitetos desde o começo, por ele mesmo, ser economicamente Por meio de acordos contratuais,
pautados por conceitos gerais que en- viável", segundo a brochura de di- o SIC financiou a instalação de um
volvem ecologia, arquitetura e supri- vulgação técnica da instituição. Em sistema para aproveitamento de
mento de energia. Para reduzir os gas- seus 14 mil m², foram realizados, por calor. O calor é reaproveitado a partir
tos com aquecimento, resfriamento e meio do plano integral, o ajuste ideal da tubulação de aquecimento da cen-
ventilação da edificação é promovido de cada elemento, como produção tral de co-geração do hospital uni-
um planejamento sistemático do de água quente por aquecimento versitário vizinho, esta movida por
corpo do edifício, sua exposição, som- solar, geração de energia com painéis combustível fóssil e que corre pelo
breamento e proporção de vidros na fotovoltaicos na cobertura e na fa- terreno do SIC. Dessa maneira, o su-
fachada.Além dos benefícios ambien- chada, energia solar, ventilação e res- primento de calor da edificação não é
tais, da redução de custos de implan- friamento noturno no verão. Além apenas livre de CO2, mas de qualquer
tação e de operação, o prédio é banha- disso, promoveram melhorias nos tipo de emissão, pois esse sistema de
do por luz natural, ar fresco e se adap- aspectos de insolação, no sombrea- reaproveitamento gera até mais ener-
ta às temperaturas externas. mento e ganhos, no inverno, com luz gia do que a edificação necessita.

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Para diminuir a demanda ener- ra, associados ao suprimento oriun- O conceito preconizado pelo SIC
gética, as paredes exteriores têm 20 do da usina de co-geração de Frei- será, ainda, expandido com a criação
cm de espessura e o telhado conta burg, respondem por toda a deman- de outras unidades, uma no Caza-
com isolamento térmico. A luz natu- da de energia elétrica. quistão e outra em Cingapura. Esta
ral foi priorizada para iluminação Dentre as vantagens do plane- deverá se tornar a sede da Aren-Asia
dos ambientes e a regulagem de tem- jamento integral observadas pelos (Asia Renewable Energy and Energy
peratura é sensitiva e individual para idealizadores do Solar Info Center, Efficiency Network, ou Energia Re-
cada unidade. Durante as noites de algumas extrapolam os pontos fi- novável da Ásia e Rede de Eficiência
verão, o ar penetra as paredes exte- nanceiros mensuráveis. Pontuam Energética, na tradução livre). Aten-
riores para resfriar naturalmente o os conceitos energéticos de clima- derá todo o Sul da Ásia com a pesqui-
ambiente. O resfriamento é natural tização amigáveis ao meio ambien- sa e implantação de soluções nas
também para o auditório e a sala de te: condições de trabalho ideais, áreas de energias renováveis e efi-
espera, para os quais uma sonda com baixos custos de operação ciência energética.
aprofunda-se a 80 m na terra para para os usuários, alto nível de sa-
resfriar a água que alimenta o siste- tisfação dos inquilinos, com con-
LEIA MAIS
ma de climatização. A produção de seqüente baixa rotatividade para o
água quente é feita completamente operador e, para o investidor, agre- Solar Info Center –
pelos coletores solares. Painéis foto- gação sustentável de valor, com http://www.solar-info-center.de
voltaicos nas fachadas e na cobertu- baixos custos decorrentes. Aren Asia – http://www.aren.com.sg
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CONTENÇÃO

Reforço plástico
Geossintéticos aumentam resistência dos solos à tração e garantem
a contenção e suporte de carga dos terrenos

s geossintéticos são mantas fabri-


O cadas à base de polímeros, cujas
propriedades contribuem para me-
lhoria de obras geotécnicas, desempe-
nhando alternadamente as funções de
reforço, filtração, drenagem, proteção,
separação, impermeabilização e con-
trole de erosão superficial em solos. E
como o solo possui resistência à com-
pressão, mas pouca à tração, a função
dos geossintéticos é proporcionar ao
solo maior resistência à tração, contri-
buindo para sua sustentação.
Entre os vários tipos de geossintéti-
cos, as geogrelhas, membranas rígidas
Marcelo Scandaroli

utilizadas para executar estrutura de


contenção e reforço em taludes, podem
também servir para soluções que in-
cluem vegetação (em geral,gramíneas), Fabricadas com polímeros, as geogrelhas são dispostas em camadas e confinam
formando paredes ou muros "verdes". porções do solo
Fabricadas com polímeros tais como
poliamida, PVC ou polipropileno, po- Soluções associadas Os tipos de geogrelhas, oferecidos
lietileno de alta densidade ou poliéster, Segundo Maurício Abramento, da em materiais poliméricos pelos fabri-
são vazadas e têm como função predo- CEG Engenharia, empresa de consul- cantes em diversos formatos de trama,
minante o reforço de solos moles. As toria na área de solos, há a opção de podem ser usados com blocos pré-
geogrelhas são dispostas em camadas e usar as geocélulas (células poliméricas moldados de concreto na composição
confinam porções de solo. Por serem soldadas entre si, semelhantes a uma da contenção do talude. Assim, a geo-
permeáveis, ajudam a manter a capaci- colméia). Elas podem ser fixadas nas grelha é disposta em camadas alterna-
dade de absorção de água do talude, camadas horizontais próximas à face das com o solo, como se fosse uma
evitando a saturação do solo. do talude, associadas às geogrelhas, massa folheada. Para a solução com ve-
Nos muros verdes, as sementes de responsáveis pela resistência à tração. getação, as geogrelhas são dispostas em
grama são semeadas na terra, ou nou- E depois preenchidas com areia, brita, camadas para estabilização do maciço,
tro substrato, na fase final de execução concreto ou solo, de acordo com o dobrando-a na face externa do talude, o
do talude,para que a vegetação se com- projeto e a finalidade da obra. "Para que forma uma "bolsa" que serve para
ponha com o geossintético, ajudando a promover a junção dos dois materiais, colocação do substrato onde será se-
aumentar as propriedades de resistên- a última linha de geocélulas deve ser meada a grama.Outro tipo de geogrelha
cia à tração e à erosão da contenção preenchida com pedras de tamanho é composto por grelha metálica protegi-
projetada. Há fabricantes de geogre- médio, que entram nos vãos da grelha da com fios, com formato hexagonal,
lhas que oferecem o produto já com de modo a transferir os esforços de um que pode já vir de fábrica com uma
substrato para que a vegetação cresça. geossintético a outro", explica. "bolsa" na extremidade, o gabião-caixa,

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para a colocação das pedras. Nessa com-


posição,a função dessa face é prover sus- Formatos de geogrelhas
tentação parcial do solo e a função da
geogrelha é reforçar o maciço.
"É fundamental, no entanto, to-
mar o cuidado de proteger essa face
externa, a fim de evitar vandalismo,
fotodegradação por raios UV ou por
calor. Se não for tomada essa provi- tto
s
Ma
dência, pode ocorrer, no longo prazo, So
f ia
s:
to
a instabilidade do talude. Quando uti- Fo

lizada, a vegetação é um recurso que


ajuda a proteger a geogrelha, pois pro-
porciona sombreamento ao material",
destaca Abramento.
O substrato para a vegetação pode
ser composto de biomantas, posiciona-
das dentro do envelope de geogrelha,
formando patamares, como escadas,
onde são dispostas as sementes. Ou
ainda,é possível promover uma hidros- Fabricadas em diversos formatos, com polímeros tais como PVC, polipropileno,
semeadura, quando forem usadas pe- polietileno de alta densidade ou poliéster, as geogrelhas ajudam na capacidade
dras na face externa do talude, que con- portante dos solos
siste em jateamento de água com as se-
mentes de grama.

Grama armada
Outra opção para os taludes "verdes"
é o sistema de grama armada, que con-
siste em utilizar a geogrelha fixada com
grampos associada ao plantio de grama
no talude.Nesse caso,não há a utilização
da capacidade portante da geogrelha. A
grama armada serve para a proteção de Geocélula, com células poliméricas soldadas entre si, semelhantes a uma colméia, são
taludes de solos moles e de taludes íngre- usadas em "paredes verdes". Há também as geocélulas de juta, que são biodegradáveis
mes, pois após o plantio da vegetação, a
grelha sombreia o talude, conservando a
umidade do solo e garantindo um bom Solo reforçado Na fase de processo construtivo é
índice de germinação. As obras de contenção com solo re- preciso levar em conta a contenção
A vegetação pode ser então plantada forçado têm custos menores que temporária, necessária enquanto os ta-
por hidrossemeadura, semeadura ma- muros e estruturas de concreto, e gran- ludes são construídos, lembra o enge-
nual ou grama em placa, resultando de eficiência e durabilidade. Por isso, nheiro. Outro ponto importante desta-
num tapete reforçado e homogêneo, elas vêm cada vez mais ganhando mer- cado pelo especialista é a drenagem do
que garante a estabilidade superficial. cado. A contratação de um bom proje- talude, essencial para evitar que a água
Nesse sistema, a geogrelha também to é de fundamental importância. A percole por locais errados. Normal-
ajuda a dissipar as águas da chuva,redu- primeira etapa de uma obra dessas é o mente, utilizam-se drenos de PVC nas
zindo seu impacto sobre a superfície do dimensionamento, que deve ser rigo- faces externa e posterior da obra.
talude, evitando ravinamentos quando roso. "Este vai considerar a estabilidade Heloísa Medeiros
a vegetação está na fase de crescimen- interna que comporta a superfície, le-
to/germinação, e ao mesmo tempo per- vando em consideração o espaçamen-
mite a entrada de umidade para o cres-
LEIA MAIS
to e o comprimento das camadas de
cimento das plantas. A geogrelha tam- solo e geogrelhas, e se for o caso o uso Manual Brasileiro de
bém impede escorregamentos de terra e de blocos. A estabilidade é prioridade Geossintéticos. José Carlos
de fragmentos de rocha, já que possui em qualquer estrutura de contenção, Vertematti. Abint (Associação
resistência à tração adequada para esses quando se trabalha com a capacidade Brasileira das Indústrias de Não-
tipos de solicitação. de carga", destaca Abramento. Tecidos e Tecidos Técnicos)

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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Choque de economia
Veja como projeto e planejamento ajudam a baratear custos com instalações
elétricas apesar das regras obsoletas das concessionárias

uma instalação elétrica predial, a


N mão-de-obra representa aproxi-
madamente 40% dos custos, com os
outros 60% compostos pelos mate-
riais, especialmente o cobre. Dessa
maneira, o primeiro ponto a atacar
para reduzir custos é, justamente, o
consumo de materiais. Há casos, cita-
dos por especialistas, em que a econo-
mia beira os 15%. Isso representou,
num caso real, cerca de R$ 200 mil a
menos. As alterações de projeto ne-
cessárias para tal economia são tecni-
camente simples, mas dependem de
características do prédio e da conces-
sionária fornecedora de energia,
como veremos adiante.
Para reduzir custos com elétrica,
antes de pensar nas instalações inter-
nas dos prédios, deve-se analisar a
configuração do terreno para deter-
minar a implantação, ainda mais com
a crescente quantidade de torres em
empreendimentos residenciais. Isso
porque um volume significativo de
cobre é consumido na chamada cor-
rente não-medida. Ou seja, entre o
poste da concessionária e os medido-
res. "É o primeiro impacto nos cus-
tos", afirma o engenheiro Eduardo
Pedreira Desio, da Prolux Engenha-
ria. Na prática, ele pode evitar, por
exemplo, que a torre fique a 500 m da
Fotos: Marcelo Scandaroli

rua, o que levaria a um consumo ele-


vado de cobre.
As regras para a corrente não-
medida são definidas pela concessio-
nária local e, "infelizmente, não são Mais moderno, barramento blindado ainda não se difundiu devido ao custo do cobre
universais para o Brasil, resultando e às complexas regras impostas por fornecedoras de eletricidade para sua adoção.
em entraves absurdos para os cus- Busways exigem medidores eletrônicos para aferição de consumo à distância

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Mesmo sem muita possibilidade de


industrialização no sistema de alvenaria
convencional, é possível otimizar a
instalação de interruptores e tomadas Mais intuitivo, barramento blindado permite que instalação de prumadas seja mais
com caixinhas especiais rápida, além de estar menos sujeita a erros do que sistemas convencionais

tos", lamenta. O primeiro e mais sig- seção reta. Em termos, isso significa de cobre, o item mais caro de uma ins-
nificativo desses obstáculos é a limi- que a resistência à passagem de elé- talação elétrica.
tação de tensão de entrada em em- trons aumenta conforme aumenta o Então, por que não optar sempre
preendimentos residenciais. Para en- comprimento e diminui o diâmetro pela primeira opção? Porque residên-
tender porque essa regra incha os do cabo. Para simplificar, basta enten- cias trabalham com tensões de 127 V e
custos, é necessário ter conhecimen- der que cabos finos e compridos apre- 220 V. Ora, então por que não utilizar,
to da fórmula de potência e do efeito sentam elevada resistência à passagem nos casos em que o custo fosse com-
Joule. A fórmula em questão deter- de correntes elevadas. Como já dito, o patível, transformadores dentro dos
mina que a potência (P) é igual à cor- efeito Joule é a perda de eletricidade empreendimentos para rebaixar a
rente (I) multiplicada pela tensão em forma de calor ao longo dos cabos. tensão próximo aos medidores e,
(U). Logo, P = I.U. A fim de minimizar perdas financei- assim, reduzir o efeito Joule? Porque
Como a potência, medida em ras decorrentes desse efeito, as forne- as concessionárias, temendo even-
watts, é uma constante – pois depen- cedoras de eletricidade limitam em tuais problemas com os transforma-
de dos equipamentos instalados na 1% a perda elétrica entre o poste da dores, proíbem seu uso em empreen-
edificação –, o projetista de elétrica rua e a central de medição do em- dimentos residenciais. "O ideal seria
pode trabalhar apenas com as outras preendimento. entrar no prédio em tensão primária
duas variáveis. É aí que começa o Para respeitar essa regra, a física – da ordem de 13.200 V –, facilitando
problema com o efeito Joule, que prevê duas soluções. A primeira é re- a instalação de transformadores a
nada mais é do que a transformação duzir a corrente e, com ela, a resistên- seco, não a óleo", ilustra Desio. Segun-
da energia elétrica em calor, exata- cia e as perdas com o efeito Joule. Se do ele, o grande custo dos condomí-
mente como em ferros de passar e voltarmos à fórmula de potência, ve- nios está aí, na distribuição da ali-
chuveiros elétricos. O calor é gerado remos que para reduzir a corrente é mentação até os medidores. "As con-
devido à resistência à passagem da necessário elevar a tensão, pois são in- cessionárias, alegando segurança,
corrente através do condutor, ou versamente proporcionais. Essa solu- criam regras e repassam o custo para
seja, dos cabos que trazem a eletrici- ção parece óbvia quando comparada os consumidores, esquecendo solu-
dade da rua para a central de medi- à segunda, que implica a manutenção ções já adotadas nos países desenvol-
ção do empreendimento. dos valores com aumento do diâme- vidos", critica.
A resistência elétrica de um con- tro do cabo para, igualmente, dimi- "Sempre que possível, é recomen-
dutor depende do material do qual é nuir a resistência. No entanto, como dável elevar a tensão, pois algumas
feito, de seu comprimento e de sua era de se esperar, aumenta o consumo distribuidoras permitem alimentar

41
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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Entrada em baixa tensão circuitos independentes, com tensões


Total = 10 t de cobre diferentes", explica o engenheiro Ro-
berto Barboza, da Sanhidrel. Assim,
tensões médias alimentariam cargas
concentradas com potência elevada,
Centro de como o sistema de ar-condicionado e
Bloco C medição os elevadores.
Voltamos, assim, aos primeiros
parágrafos, que pregam a participa-
4 cabos*
ção do projetista de elétrica desde a
4 cabos* de entrada
de entrada
concepção do edifício, para adequa-
para 4 circuitos
para 4 Bloco B ção da implantação dos prédios no
seção de 240 mm²
circuitos
terreno de acordo com as regras da
concessionária local.

33
seção de Centro de medição

m
120 mm²
Corrente medida
Centro de medição A premissa para a economia nas
Bloco A do bloco A e áreas comuns instalações elétricas a partir do medi-
m

4 cabos* de entrada dor é a definição clara, por parte de


15

para 4 circuitos construtor e/ou incorporador, das


seção de 150 mm² cargas elétricas a serem oferecidas e,
7m

Poste particular ainda, da possibilidade de utilizar gás


em chuveiros. Em seguida, o grande
*Cabos isolados em PVC para tensões nominais até 750 V
cuidado tem que ser com o aparta-
mento-tipo, que irá se repetir muitas
vezes. "Tem que ser otimizado para re-
Rua
duzir circuitos, disjuntores e bitolas
das fiações internas", salienta Desio.
Entrada em alta tensão "Dentro do apartamento, não tem
Ramal de ligação dos transformadores muito como mudar, pois as tomadas e
com 30 m de cabos de #25 mm² pontos de luz têm que estar ali", expli-
para média tensão (8,7/15 kV) ca Barboza.
Total = 5 t de cobre Em seguida, obedecendo a fatores
de demanda dos quadros dos aparta-
Centro de medição Cabos* de entrada com 4 circuitos mentos, é importante dimensionar
seção de 120 mm² adequadamente as prumadas. Para
Bloco C 5m Trafo a seco tanto, o projetista deve considerar fa-
300 kVA tores de segurança pertinentes. "Coe-
ficientes de demanda e segurança ba-
Cabos* de entrada com 4 circuitos seados na realidade de uso implicam
Centro de medição
seção de 120 mm² demandas teóricas pertinentes, e o
parâmetro mais importante vem da
5m Trafo a seco
Bloco B experiência do projetista", afirma
300 kVA Desio. Ele conta que, de acordo com a
Centro de medição NBR 5410 – Instalações Elétricas de
Cabos* de entrada com 4 circuitos Baixa Tensão, o responsável pela de-
do bloco A e áreas comuns
seção de 150 mm² manda é o projetista e, para tanto, re-
5m Trafo a seco colhe ART (Anotação de Responsabi-
Bloco A
500 kVA lidade Técnica).
Para a prumada em si, as opções
10 m

são os cabos, convencionais, e o barra-


mento blindado, ou busways. "Há al-
Poste particular guns anos, o barramento era mais
vantajoso, mas hoje tem que se anali-
*Cabos isolados em PVC para tensões nominais até 750 V sar cada obra", afirma Barboza em re-
ferência ao aumento no preço do
Rua
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Fotos: Marcelo Scandaroli

Em vez de serra reta, uma serra-copo faz o orifício para acomodação da caixinha. Em seguida, presilhas garantem sua fixação na
parede. Por último, uma tampa plástica evita que o interior das caixinhas fique sujo pela argamassa lançada para revestimento

cobre. Desio afirma que o busway resultado de uma parceria de sucesso metade. "[O procedimento] não é di-
apresentaria mais vantagens caso entre a ABNT (Associação Brasileira fundido porque exige interação entre
todas as concessionárias brasileiras de Normas Técnicas) e o mercado". construtora, instalador e os responsá-
permitissem seu uso, regulamentan- veis pela estrutura", explica. Alguns
do o sistema com valores de queda de Execução simplificada produtos, disponíveis atualmente no
tensão adequados à realidade. De "Na parte de elétrica não é tão sim- mercado, permitem que as caixinhas
acordo com esse argumento, o custo ples industrializar, mas é possível pa- de laje sejam pregadas nas fôrmas
do barramento cairia de acordo com dronizar algumas etapas da execução", antes da concretagem
o crescimento da demanda. "As regras afirma Roberto Barboza. O primeiro Ainda bastante artesanal, a fixação
das concessionárias para o uso de bar- recurso para simplificar a execução de caixinhas de interruptores e toma-
ramentos, quando permitem, são exa- não demanda investimento ou decisão das pode ser agilizada com a adoção
geradas e tornam a solução conven- de projeto algum. Trata-se da simples de caixinhas desenvolvidas para insta-
cional mais competitiva", explica. marcação, nas fôrmas de laje, dos pon- lação com serra-copo e fixação com
Outro complicador para sua ado- tos de elétrica. Essas fôrmas devem, presilhas. Para Barboza, no sistema
ção é a necessidade de medidores ele- apenas, ser colocadas no mesmo lugar convencional, moldado in loco, não
trônicos, que permitam medição re- no pavimento de cima. Ao fazer isso, há muito onde reduzir custos. No caso
mota. A Aneel (Agência Nacional de reduz-se a mão-de-obra e a chance de do drywall, é possível, antes do fecha-
Energia Elétrica) obriga as concessio- erros e aumenta-se a produtividade. mento, rebitar as caixinhas na estrutu-
nárias a fornecerem apenas o medi- No processo convencional, a cada ra e passar as mangueiras. Para as lajes,
dor convencional, eletromagnético, concretagem de laje, é necessário que o forro falso de drywall proporciona
onerando as construtoras e desesti- o técnico de elétrica vá à laje para economia com mão-de-obra por eli-
mulando o uso do eletrônico. fazer as marcações dos pontos. minar a necessidade de qualquer mar-
O sistema de proteção contra des- Assim, ele leva um dia inteiro para cação. No entanto, "como o forro di-
cargas atmosféricas já pode contar realizar todas as medições, estando, minui em 20 cm a altura útil do pavi-
com a ferragem da estrutura para as inclusive, sujeito a erros. Ao adotar mento, e as construtoras preferem ga-
descidas até o aterramento. Dessa ma- esse procedimento, de acordo com nhar esse espaço, compensa gastar
neira, conta Desio, "o sistema é muito Barboza, o prazo para liberação da mais com elétrica", revela.
mais eficiente, seguro e econômico, laje pelo pessoal de elétrica cai pela Bruno Loturco

43
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CAPA

Estrutura combinada
Ao buscar rapidez de execução, economia e redução de cargas
nas fundações, estrutura mista de concreto e aço aproveitou bem
as melhores propriedades de cada material

Marcelo Scandaroli

Com estrutura mista de concreto e aço para otimização das propriedades de resistência dos materiais e incremento na velocidade
de execução, edifício busca, agora, certificação ambiental

44 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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uem costuma passar pela invaria-


Q velmente congestionada Margi-
nal do rio Pinheiros, a avenida das Na-
ções Unidas, na zona Oeste da cidade
de São Paulo, tem bastante tempo
para verificar que o prédio a ser entre-
gue no próximo mês pela WTorre En-
genharia tem estrutura metálica e fe-
chamento em painéis unitizados,
compostos com alumínio, vidro e la-
minado melamínico, para uso exte-
Divulgação: WTorre

rior, em imitação à madeira. No en-


tanto, não vê que os prédios, um com
13 e outro com 11 pavimentos-tipo e
com quatro subsolos comuns, de-
Presença de rocha impediu continuidade das contenções e exigiu que paredes-
mandaram árduo trabalho de conten-
diafragma contassem com estacas-raiz para fundação. Sapata de fundação de um
ção e que se apóiam parte em rocha,
dos edifícios ficou apoiada em bases distintas
parte em alteração de rocha ou silte
arenoso, sobre uma enorme sapata de
fundação com 21 m x 14 m.
Para chegar ao ponto de apoio
RESUMO
das sapatas, a 17 m de profundidade
a partir do térreo, paredes-diafragma Obra: WT Nações Unidas  piso a forro: 2,70 m
atirantadas foram executadas. Nesse Execução: WTorre Engenharia e  térreo: 6,90 m, com piso e forro;
caso, a complicação ficou por conta Construção 8,40 m, livre
da presença de uma rocha no cami- Localização: Av. das Nações Volume de solo remanejado em
nho da escavação, o que interrompeu Unidas – Pinheiros aterros e escavações: 100 mil m³
a evolução da parede-diafragma. Construção: dezembro de 2006 Resistência do concreto:
Esta, que também serve para apoio a setembro de 2008  lajes e fundações: 25 MPa
das lajes de subsolo, ficou parcial- Área construída: 64 mil m2  pilares: 45 MPa
mente suspensa. "A contenção foi Terreno: 9 mil m2  núcleo: 35 MPa
bastante complicada, a parede parou Volume de concreto: 17,5 mil m3 Pavimentos:
no topo da rocha", explica Ivan Jop- Quantidade de aço utilizada  Edifício 1: um mezanino e
pert, da Infraestrutura Engenharia,  armaduras: 1.000 t 13 pavimentos-tipo
engenheiro responsável pelos proje-  estrutura metálica: 2.200 t  Edificio 2: um mezanino e
tos de contenções e fundações do Geradores: dois, com 2.040 kVA 11 pavimentos-tipo
empreendimento. Além disso, a de potência  Garagens: quatro subsolos comuns a
parte superior da rocha apresentava- Subestações: quatro em média ambos edifícios
se fraturada, com risco de ceder le- tensão, num total de 6.000 kVA Área útil de laje:
vando junto a contenção. Por isso, a Vagas de estacionamento:  Edifício 1: 1.200 m²
parede-diafragma conta com esta- 1.085 (30 no térreo,  Edifício 2: 900 m²
cas-raiz em seu interior, que atuam 1.055 nos subsolos) Elevadores: 17
como fundações da contenção. A Pé-direito: Ar-condicionado: 1.200 TR (toneladas
rocha em si foi grampeada e revesti-  laje a laje: 4,20 m de refrigeração)

45
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CAPA

renciais", explica Joppert em referên-


cia aos diferentes módulos de elastici-
dade entre os substratos. "É mais
complicado do que quando o apoio é
uniforme, num substrato único",
conta. Assim, houve acompanhamen-
to topográfico para medição dos re-
calques em todos os pilares, com re-
sultados menores que 1/750, "valores
considerados seguros para esse tipo
de estrutura", afirma Joppert.
A parede-diafragma que corta o terreno é interrompida em vários trechos pela
O projetista da estrutura do núcleo,
presença da rocha. Acima, as diferentes cotas de escavação do subsolo
o engenheiro Antonio Sérgio Rezende,
diretor da Engeserj, contou que o apoio
não-uniforme influencia na deforma-
ção do topo da estrutura. "Exigiu muita
interação dos projetistas", disse. Segun-
do ele, as lajes, pilares e o concreto do
núcleo, com 30 MPa, são convencio-
nais, embora as lajes atuem como dia-
fragmas,ligando os pilares ao núcleo.O
partido estrutural influenciou as fun-
dações. A estrutura mista descarrega as
cargas de vento no núcleo central, em
concreto. Logo, as fundações do núcleo
estão sujeitas a esforços de flexocom-
pressão. Joppert conta que "são esfor-
ços violentos, que mereceram atenção
para que a deflexão estivesse dentro da
admissível"."Com área bastante grande
na fachada, os esforços são significati-
vos", pontua Rezende. Ele conta, ainda,
que para enrijecer estruturas metálicas
são necessárias estruturas em "X" entre
os vãos, o que traria prejuízos estéticos.

Partido estrutural
A WTorre tinha a intenção de
adotar seu tradicional tilt-up para
execução da estrutura, mas o espaço
do terreno era restrito e "a idéia foi
abortada nas primeiras reuniões",
Divulgação: WTorre

explica o arquiteto responsável pelo


projeto, Mauro Halluli, do escritó-
rio Edo Rocha Espaços Corporati-
Estrutura em aço era suficiente apenas para suportar três pavimentos, suficiente para vos. "Depois, pensou-se em lajes
que a concretagem de lajes e pilares fosse realizada sem atrapalhar o cronograma de nervuradas, mas a Codeme sugeriu
montagem da estrutura em aço a estrutura metálica", complementa.
De acordo com Halluli, os princi-
da com concreto projetado para esta- nida das Nações Unidas, está toda pais argumentos foram o risco de
bilização. Nos pontos em que a pare- apoiada em rocha, sem grandes com- falta de mão-de-obra e de cimento.
de não encontrou a rocha, a escava- plicações. A Torre 2, no entanto, mais Priorizando uma construção limpa
ção atingiu até 22 m de profundida- comprida do que alta, foi foco de aná- e seca, a "estrutura metálica se pres-
de, considerando a ficha. lises. Por estar apoiada parte em solo e tou bem a essa função", afirma.
A Torre 1, mais alta e que fica à es- parte em rocha, "houve preocupação Outra vantagem do aço, citada pelo
querda de quem olha a partir da ave- muito grande com os recalques dife- projetista da estrutura metálica,

46 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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Eduardo Martins, é a redução de


aproximadamente 30% nas cargas
de fundações, além da redução de
altura de viga e da rapidez executiva.
A velocidade de montagem, aliás,
pautou todo o projeto e execução do
empreendimento. Uma estrutura mista
tem de lidar com velocidades de execu-
ção diferentes. Dessa forma, a logística
executiva da obra contava com que o
núcleo central, em concreto, caminhas-
se à frente do restante da estrutura, em
aço.Mais do que isso,previa que até três
pavimentos fossem montados em aço
antes que a concretagem dos pilares,
que têm alma metálica, fosse realizada.
Ou seja,embora conte com a função es-
trutural do concreto,a estrutura em aço
era autoportante até três pavimentos,
tudo para agilizar a execução.
Os núcleos de elevadores e escadas
Fotos: Marcelo Scandarioli

deveriam evoluir à frente do restante


da estrutura porque são responsáveis
pela estabilidade e contraventamento
dos edifícios a partir do travamento
das vigas. "O núcleo estava sempre
três pavimentos à frente da estrutura Para reduzir gastos com ar-condicionado, vidros refletem os raios solares que
de metal. Chegou a crescer 1,025 m provocam aquecimento, mas permite maior aproveitamento da luz natural. Vigas com
por dia", conta Leandro Cardoso alturas variadas exigiram esquadrias unitizadas para o fechamento
Marreto, gerente de obras da WTorre
Engenharia. "O núcleo norteou o
crescimento da estrutura nas duas
lajes, e o uso de concreto foi vantajo-
so", afirma Martins. "É uma tendência
mundial aplicar os materiais nos lo-
cais certos, respeitando resistências à
compressão e à flexão", avalia.
Antes dos pilares, as lajes, em
steel deck, é que recebiam concreto.
Com studbolts, fazia-se o engasta-
mento das lajes ao núcleo. "Os pila-
res metálicos suportariam a concre-
tagem de duas lajes", explica Marre-
to ao comentar sobre o traço do con-
creto. Em vez das 2,5 t/m³ habituais,
o concreto das lajes do WTorre Na-
ções Unidas, com agregado leve,
pesa 1,9 t/m³. O agregado utilizado
foi a argila expandida, que exigiu
atenção durante o bombeamento
para evitar desagregação.
Inicialmente, o cronograma de
obra previa a concretagem das lajes
andar por andar. No entanto, a execu- Além de piscininhas e de cobertura verde para retenção de água da chuva,
ção do núcleo e da estrutura metálica espaços externos receberam piso drenante. Água coletada servirá para alimentar
acelerou mais do que o planejado. o schiller do ar condicionado

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CAPA

Para a composição da fachada e das


passarelas que conectam os prédios,
foram aplicadas vigas curvas.A resistên-
cia à torção necessária foi obtida com
uso de perfis-caixa soldados,pois os per-
fis "I" não suportam esse tipo de solicita-
ção. "Precisa-se usar seção fechada. No
caso,retangular",explicou o projetista.A
função inicial das passarelas, que ven-
cem vãos de 20 m, seria a de abrigar um
jardim comum aos prédios,mas como o
empreendimento não se destina a um
usuário único, ganharam função arqui-
tetônica e de segurança ao incêndio,ser-
vindo de rota de fuga no caso de emer-
gência. Uma vez que o desenvolvimento
dos projetos se deu em conjunto, os sis-
temas de tubulação e de ar-condiciona-
do já estavam previstos quando da fabri-
cação dos perfis. Assim, já contavam
com os recortes necessários.
No térreo, por motivos arquitetô-
nicos, todos os pilares têm seção cir-
cular. Para a concretagem, foram uti-
lizadas cambotas revestidas com zin-
co, que propiciaram o acabamento
desejado pela arquitetura. Além disso,
"o uso desse sistema reduziu a deman-
da por mão-de-obra, que está cada
Fotos: Marcelo Scandarioli

vez mais rara", alertou Marreto.


Se a arquitetura fez exigências,
também teve de se adaptar às necessi-
dades técnicas. Por economia de aço, a
Codeme realizou a verificação das
Função do concreto que reveste os pilares metálicos é estrutural. Além da alma metá-
exigências estruturais de cada viga e
lica, contam com estribos para manter a seção coesa. Uso do steel deck exige que
pilar para o dimensionamento, o que
vigas sejam posicionadas a cada 2,5 m
resultou na redução de seção confor-
me aumentava a altura do edifício.
Como a execução das lajes objetivava que a onda da chapa de steel deck é "Para a arquitetura, seria melhor tra-
a estabilidade global dos edifícios, baixa, e 9,5 cm, quando é alta. balhar com viga única", conta Mauro
para dar continuidade ao bom ritmo Halluli. A variação na altura das vigas
alcançado, em determinado momen- Industrialização integrada determinou a solução de caixilharia,
to optou-se por concretar lajes de an- Das mais significativas influências pois os únicos pontos de apoio esta-
dares alternados, incrementando a ri- da industrialização foram as dimen- vam nos pisos. Dessa maneira, foram
gidez estrutural. Novamente, pinos sões dos pilares metálicos. Devido a utilizados painéis unitizados com
metálicos com cabeça – atuando questões econômicas e de transporte, 4,20 m de altura fixados à estrutura
como conectores de cisalhamento – foram fabricados com 12 m de com- metálica, que eram montados no
atuaram na consolidação estrutural. primento. Por isso, também, os pavi- chão e içados com grua para o local de
Dessa vez, foram fixados à parte supe- mentos eram montados três a três. A instalação. O sistema de fixação de-
rior das vigas que, para efeito de cálcu- união dos pilares, por determinação senvolvido conta com metal galvani-
lo, em conjunto com as chapas do steel da Codeme, foi feita com parafusos. zado para resistir ao ambiente agressi-
deck, tiveram sua seção aumentada e o "Evitamos soldas em obra porque o vo devido ao rio à frente do prédio.
formato transformado de "I" para "T" controle é mais difícil. Mesmo que [os
– considerando a laje como uma das pilares] não tivessem revestimento Certificação sustentável
extremidades da viga.A laje, em si, tem em concreto, a emenda seria aparafu- O prédio da WTorre almeja a certi-
espessura de 14,5 cm, nos pontos em sada", afirmou Eduardo Martins. ficação do GBC (Green Building

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mento, onde é reciclado e reutilizado.


A cada ciclo desses, parte do ar é des-
cartada em troca de ar novo, oriundo
do exterior.
A fim de permitir o aproveitamen-
to máximo da luz natural, os vidros
das fachadas são menos reflexivos que
os convencionais. Para evitar absorção
excessiva de calor, no entanto, permi-
tem passar a luz, mas não os raios sola-
res responsáveis pelo aquecimento.
"Não faz sentido colocar vidro até o
chão, pois em escritórios normalmen-
te são colocados móveis que não pre-
servam a vista", comenta Halluli.
Bruno Loturco

FICHA TÉCNICA
proprietária e construtora: WTorre
Empreendimento Imobiliário; projeto
de arquitetura: Edo Rocha Espaços
Corporativos; projeto de estrutura de
concreto: Engeserj; estrutura metálica:
Codeme; projeto de instalações
elétricas: Enit; projeto de instalações de
ar-condicionado: Teknika; projeto de
luminotécnica: Focos; instalações
elétricas, hidrossanitárias e
antiincêndio: Temon; instalações de ar-
condicionado: Heating Cooling;
consultoria em controle tecnológico dos
materiais: Alphageos; consultoria de
impermeabilização: Proassp;
consultoria de revestimentos
Limestone: DGG; consultoria em
fundações: Infraestrutura; consultoria
em ar-condicionado: Teknika;
Com a mudança no conceito de comercialização do empreendimento, passarelas per-
consultoria em sonorização e acústica:
deram a função de integração, mas servem à arquitetura e também como rota de
Srenewski; elevadores:
fuga no caso de incêndio
ThyssenKrupp; porcelanatos:
Portobello; cerâmica: Eliane; forros de
Council). Por isso, conta com alguns A água captada passa por uma es- gesso acartonado e divisórias de gesso
recursos para economia de recursos hí- tação de tratamento e será utilizada acartonado: Placo; impermeabilizantes:
dricos e energéticos. Um deles é o green nas chamadas torneiras verdes, para Denver; vidros: Pilkington; alumínio
roof, ou cobertura vegetal no telhado, lavagem de áreas comuns e rega de composto: Alcan Alumínio do Brasil;
que, além de aumentar a inércia térmi- plantas, e no schiller do ar-condicio- Alumínio: Alcoa; steel deck: Metform;
ca e diminuir o efeito de ilha de calor, nado. Há estudos, ainda, para apro- concreto pronto: Tupi/Polimix;
retarda o escoamento da água da veitar a água captada no lençol freáti- argamassas e rejuntes: Teknokola,
chuva.Em paralelo,a água é retida tam- co para a climatização dos ambientes. Portokoll e Bela Vista; aço: Belgo;
bém nas piscininhas, obrigatórias pela O ar-condicionado, por sua vez, é perfis de aço para estrutura: Usiminas;
Prefeitura, e em lagos artificiais que se insuflado pelos pisos elevados dos an- luminárias: Philips; ar-condicionado:
formam com a chuva e levam até dois dares. Depois, é retirado pelas lumi- Carrier; automação: Honeywell;
dias para esgotar. Nas áreas externas, nárias e encaminhado novamente aos circuito fechado de TV e detecção de
sempre que possível, o piso drenante dois fan coils com 25 TR (toneladas de incêndio: Itautec; fios e cabos: Phelpes
foi adotado com o mesmo intuito. refrigeração) cada existentes por pavi- Dodge; geradores: Stemac.

Veja mais fotos em www.revistatechne.com.br 49


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CONSTRUÇÃO METÁLICA – PINI 60 ANOS

Desenvolvimento metálico
Construção em aço no Brasil foi impulsionada pela criação da Fábrica de
Estruturas Metálicas da Companhia Siderúrgica Nacional na década de 1950

construção com estruturas metá-


A licas é anterior ao advento do con-
creto armado. Considerada a primeira
obra do mundo com a tecnologia, a
ponte Ironbridge foi executada em
ferro no final do século 18 em Coal-
brookdale, na Inglaterra. No Brasil, as
grandes obras em estruturas metálicas
– como a cobertura da Estação da Luz,
em São Paulo, e a ponte Hercílio Luz,
em Florianópolis – eram produzidas
com peças importadas da Europa. A
situação só começou a mudar na déca-
da de 1950, quando a recém-criada
Companhia Siderúrgica Nacional
montou sua Fábrica de Estruturas
Metálicas, apostando no potencial do
produto no mercado de construção
civil brasileiro. Somente em 1957 foi
erguido o primeiro arranha-céu metá-
lico com tecnologia (materiais e proje-
tos) completamente nacional: o Edifí-
cio-Garagem América, no centro da
cidade de São Paulo.
Até a década de 1960, o aço mais
utilizado nas construções do País era o
ASTM-A-7, normalizado pela Ameri-
can Society for Testing Materials, dos
Estados Unidos. Apesar de industriali-
zada, a construção metálica na época
ainda demandava um número grande
de operários no canteiro. As estruturas
eram executadas por processo de rebi-
tagem, que demandava equipes nume-
rosas – os trabalhos de cravação dos re-
bites exigiam de quatro a cinco turmas,
cada uma composta por, no mínimo,
quatro trabalhadores. A opção pela re-
Sofia Mattos

bitagem baseava-se no conceito de que,


diferentemente de uma solda malfeita,

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2008
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Rumos do aço

Marcelo Scandaroli
Em que nichos a construção metálica Por que as estruturas metálicas para
tem maior potencial de crescimento habitação popular não tiveram
no Brasil? sucesso comercial no passado?
Em todos os nichos: comercial, industrial e Para que uma solução do tipo tenha Catia Mac Cord
habitacional, inclusive. Neste último, já sucesso, deve permitir que a execução gerente-executiva do Centro Brasileiro
tivemos experiências anteriores, na CDHU de toda a obra seja industrializada. Mas de Construção em Aço
(Companhia de Desenvolvimento esses sistemas eram híbridos – trazem
Habitacional e Urbano do Estado de São uma solução construtiva industrializada publicada em 2008) melhore a qualidade
Paulo), por exemplo. A Usiminas (Usinas para a estrutura, mas o resto da dessas construções.
Siderúrgicas de Minas Gerais) e a Cosipa construção acaba sendo convencional.
(Companhia Siderúrgica Paulista) É construção metálica com tijolinho, A alta do preço do aço nos últimos
desenvolveram estruturas metálicas especiais muito similar ao convencional. O modelo anos impactou a construção
para edifícios multipavimentos. A Gerdau comum de execução de habitação metálica no Brasil?
também já havia desenvolvido seu sistema popular é o de construtores executando Pelo contrário, de acordo com os últimos
CasaFácil para casas térreas. Percebemos, a estrutura metálica e o resto sendo dados disponíveis, o segmento da
também, um interesse crescente de produzido em regime de mutirão, para Construção Metálica vem crescendo à taxa
construtoras e projetistas pelo Steel Frame. reduzir custos. Mas não é possível confiar média de 9,3% ao ano desde 2000.
E não só para a estrutura das casas, mas na mão-de-obra, ela não é capacitada É maior do que o crescimento do PIB (3,9%)
também para o engradamento dos telhados. para isso. A minha esperança é que a e da Construção (1,7%). O crescimento foi
Há uma tendência de substituição da madeira Norma de Desempenho (para Edificações impulsionado pelo lançamento de novos
pelo aço nessas estruturas. Habitacionais de até cinco Pavimentos, produtos pelas siderúrgicas.

rúrgicas iam sendo modernizadas, e os


Nova NBR 8800 índices de produtividade e qualidade
cresciam. Na década de 1980, o Brasil
Confira as principais mudanças da NBR 8800  Prescrições para assegurar a deixava de ser importador de aço e assu-
– Projeto de Estrutura de Aço e de Estrutura integridade estrutural
mia a condição de exportador do pro-
Mista de Aço e Concreto de Edificações:  Novos critérios para determinar esforços duto. Hoje, a maior parte das estruturas
 Compatibilidade com outras normas resistentes de estados-limites últimos
metálicas do País utiliza aço-carbono de
brasileiras, como a NBR 6118: 03 (Projeto  Novos parâmetros para verificação baixa-liga ASTM-A-36, a partir do qual
de Estruturas de Concreto) e a NBR 8681: dos estados-limites de serviço
são produzidos os aços ASTM-A-572,
03 (Ações e Segurança nas Estruturas)  Regras completas para o projeto de de alta resistência mecânica, e os aços
 Eliminação de prescrições de execução componentes mistos (vigas, pilares, lajes
patináveis ASTM-A-588.
das estruturas, que serão contempladas em e ligações)
Renato Faria
norma exclusiva  Diretrizes básicas para assegurar a
Análise de segunda ordem com durabilidade de elementos de aço frente à
LEIA MAIS
consideração de imperfeições iniciais corrosão
Edificações de Aço no Brasil. Luis
Fonte: Ricardo Hallal Fakury, secretário da Comissão de Estudos de Estruturas de Aço da ABNT
Andrade de Mattos Dias. Editora Zigurate.
Edifícios de Múltiplos
um rebite,mesmo malcravado,poderia neiras e reduzindo peso e mão-de- Andares em Aço. Ildony H.
suportar um esforço considerável. obra. O processo automático de solda- Bellei, Fernando O. Pinho e
Com o tempo,entretanto,o proces- gem por arco submerso tornava possí- Mauro O. Pinho. Editora PINI.
so de soldagem foi sendo dominado. vel a composição de perfis soldados e a Abstrações Arquitetônicas em Aço.
Isso possibilitou a fabricação de estru- execução de juntas de grande extensão. Tarcísio Bahia de Andrade. GSA
turas mais simples, dispensando canto- Ao mesmo tempo, as usinas side- Gráfica e Editora.

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CONSTRUÇÃO METÁLICA – PINI 60 ANOS

Linha do tempo
1901 – É concluída a construção da 1958 – O arquiteto norte-americano Eero 1963 – O edifício que abriga o Escritório
Estação da Luz, em São Paulo. Estruturas Saarinen utilizou o aço Cor-Ten no edifício Central da Companhia Siderúrgica
metálicas da cobertura e das passarelas administrativo da Deere & Company, em Nacional, em Volta Redonda, foi o
foram trazidas da Inglaterra. Moline, Estados Unidos. O arquiteto primeiro de múltiplos pavimentos no
considerou que a ferrugem que se Brasil a utilizar perfis "I" compostos de
formava sobre a estrutura de aço, deixada chapas de aço soldadas, em substituição
aparente, era um revestimento ao mesmo às composições rebitadas de fábrica.
tempo aceitável e atraente. A partir de A fabricação das estruturas começou em
então, os aços patináveis foram utilizados junho de 1962 e o término da montagem
com sucesso em inúmeras obras ocorreu em fevereiro de 1963, após cinco
de arquitetura. meses de trabalho.

1960 – Edifícios da Esplanada dos


Ministérios, projetados por Oscar
Niemeyer, são construídos com estrutura
metálica para atender à urgência do prazo
Wanderlei Celestino/SPTuris

de entrega. Peças foram importadas dos


Estados Unidos.

Reprodução/Livro Edifícios de Múltiplos Andares em Aço


José Cruz-ABr
Acervo/SPTuris

1961 – O Edifício Avenida Central é 1970 – O Centro de Exposições do


concluído no Rio de Janeiro. As peças Anhembi, na cidade de São Paulo,
1946 – Começam a funcionar os alto-
metálicas do arranha-céu de 35 construído no final da década de 60, foi o
fornos da Companhia Siderúrgica
pavimentos foram produzidas pela FEM principal marco da construção em treliça
Nacional, em Volta Redonda.
(Fábrica de Estruturas Metálicas), metálica espacial no Brasil. A estrutura
subsidiária da CSN. abrange uma área de mais de 60 mil m² e
1957 – O Edifício Garagem América, no
é composta por cerca de 60 mil barras
Centro da cidade de São Paulo, é o
tubulares circulares de alumínio, com
primeiro construído no Brasil com
peso total de cerca de 360 toneladas.
materiais e projetos produzidos
totalmente no País.
Reprodução/Livro Edifícios de Múltiplos Andares em Aço

Reprodução/Livro Edifícios de Múltiplos Andares em Aço

Wanderley Celestino

1986 – Publicação da norma "NBR 8800


– Projeto e Execução de Estruturas de Aço
de Edifícios".

54 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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1987 – O Edifício Casa do Comércio, em 1991 – Início do processo de libera gases que formarão uma
Salvador, conta com 14 pavimentos e 58 m privatização das siderúrgicas. Dois anos espuma rígida em torno da estrutura,
de altura. É composto por duas torres de depois, oito empresas estatais, com retardando o aumento da temperatura
concreto armado, unidas por treliças capacidade para produzir 19,5 milhões do metal.
metálicas sobrepostas ortogonalmente, de toneladas (70% da produção
formando balanços e compondo a base em nacional), tinham sido privatizadas. 1999 – Elaborada e discutida durante
que se apóiam vigas e lajes de piso de nove cinco anos, a norma "NBR 14.323 –
pavimentos estruturados em aço. O edifício 1992 – Inauguração da Estação Largo Dimensionamento de Estruturas de
abriga a sede da Feceb (Federação do 13 de Maio, do Centro Empresarial do Aço de Edifícios em Situação de
Comércio do Estado da Bahia), do Sesc Aço e do Instituto Cultural Itaú, todas as Incêndio – Procedimentos" é
(Serviço Social do Comércio) e do Senac obras em São Paulo. Em Curitiba, é publicada no mês de junho.
(Serviço Nacional de Aprendizagem entregue a Ópera de Arame.
Comercial). 2004 – O Edifício Taipei 101,
construído em estrutura metálica em
Taiwan, é inaugurado com 101
pavimentos e 509 m de altura – um
dos mais altos do mundo.
Reprodução/Livro Abstrações Arquitetônicas em Aço
Reprodução/Livro Abstrações Arquitetônicas em Aço

1990 – O Light Steel Framing chegou ao


Brasil no início da década, aplicado na
construção residencial. Dez anos depois,
com a tecnologia já estabelecida no País,
Christophe Namur

são publicadas as normas NBR 14762:01 –


Dimensionamento de Estruturas de Aço
Reprodução/Livro Abstrações Arquitetônicas em Aço

Constituídas por Perfis Formados a Frio e


NBR 6355:03 – Perfis Estruturais de Aço
2008 – Depois de 22 anos, a NBR
Formados a Frio.
8800 é revisada. A mudança de seu
Divulgação/Construtora Seqüência

nome para "Projeto de Estrutura de


Aço e de Estrutura Mista de Aço e
Concreto de Edificações" revela as
principais mudanças no texto do
documento. Primeiro, a norma passa
a abordar, também, projetos de
1995 – Foi introduzido, no Brasil, o uso estruturas mistas. Segundo, deixa de
de tintas intumescentes para proteção contemplar a execução das
das estruturas metálicas contra a ação estruturas, que deverá ser tema de
do fogo. A altas temperaturas, a tinta uma norma específica.

55
madeira.qxd 5/9/2008 14:54 Page 56

MADEIRA

Fotos: divulgação LMPD/IPT


Ligações de peças
de madeira
Chapas denteadas não têm limitações de uso, mas
devem ser dimensionadas de acordo com
as variáveis de aplicação

lternativa rápida e versátil para com essa informação, determina-se a


A ligações e emendas em peças de
madeira, as chapas denteadas não
espessura do conector (que varia de
1,20 mm a 1,38 mm), sua abrangência
Tesouras são os elementos mais comuns
de aplicação das chapas denteadas.
O dimensionamento é determinado por
apresentam limitações de uso. e a direção em que será estampado medidas dos vãos de apoio da estrutura
Podem ser empregadas em fôrmas (horizontal ou verticalmente). e das cargas atuantes
para concreto, treliças e demais ele- O tipo de madeira selecionada
mentos estruturais. A aplicação mais para a estrutura é outro item essencial
comum, no entanto, concentra-se na na análise. "Qualquer calculista pode cumeeiras e uniões de banzo com
montagem de tesouras das mais va- fazer o dimensionamento, desde que uma ou mais barras internas, por
riadas geometrias e complexidades. tenha dados laboratoriais com os pa- exemplo. Nesse sentido, o ponto críti-
Em todos os casos, a fixação é ape- râmetros de resistência de cada ma- co se dá na ligação dos extremos da te-
nas a etapa derradeira de um processo deira, seja pínus, eucalipto, peroba ou soura (principalmente no caso de te-
que se inicia com o dimensionamento jatobá", explica Takashi Yojo, pesqui- souras com inclinações pequenas),
das peças segundo detalhes do projeto sador do Laboratório de Madeiras e em virtude da força axial exercida di-
e preceitos da norma NBR 7190/97 – Produtos Derivados do IPT (Instituto retamente nos banzos.
Projeto de Estrutura de Madeira. de Pesquisas Tecnológicas do Estado A boa notícia é que o fabricante
A demanda por cálculos é consi- de São Paulo). das chapas denteadas costuma desen-
derável. Cada ligação requer uma aná- As especificidades de cálculos volver o projeto completo de execução
lise prévia que considere, sobretudo, a também apontam para as diferentes do telhado. O material contempla tes-
força que atua sobre a peça. De acordo seções da tesoura, como conexão em tes de resistência e esforços exercidos

56 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


madeira.qxd 5/9/2008 14:55 Page 57

na estrutura, com as devidas especifi-


cações dos conectores a serem utiliza-
dos. Basta que o construtor forneça
detalhes como as medidas completas
dos vãos (inclusive com comprimen-
to do beiral), apoios da estrutura (laje,
biapoio sobre alvenaria, biapoio sobre
treliça de madeira), madeira utilizada
(qual espécie, e se serrada ou roliça),
tipo de telha (fibrocimento, cerâmica,
concreto) e modelo do telhado (duas
ou quatro águas, por exemplo).
Divulgação: LMPD/IPT
Aplicação
De posse do projeto com os di-
mensionamentos, passa-se à etapa de
execução das emendas. As placas
A prensa pneumática é indicada para fixação uniforme das peças e
devem ser introduzidas nas duas
preservação das resistências especificadas em projeto
faces da peça, em posição idêntica.
Recomenda-se o uso de uma prensa
pneumática, de modo que a inserção tência desse material", alerta Yojo, do ainda a possibilidade de desprendi-
ocorra uniformemente. "Na obra, é IPT. "Uma ligação que deveria supor- mento das placas como outro risco
comum martelar ou marretar as tar 1.000 kg vai agüentar 500 kg, ou de patologia advindo da má aplica-
peças, o que pode concentrar a força até menos, dependendo de como é ção dos conectores", finaliza.
num só ponto e comprometer a resis- colocada", complementa, citando Thiago Oliveira
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INSTALAÇÕES SANITÁRIAS

Vedação de vaso
Instalação de anel de vedação em vaso sanitário requer cuidado para evitar
perda de aderência do material

anel de vedação em vaso sanitário


O tem como principal função vedar
a saída da água da bacia e seu contato
com a tubulação do esgoto, de modo a
impedir a passagem do mau cheiro.
O acessório possui um material fle-
xível, normalmente anel de PVC ou
cordão de massa flexível, que se encaixa
entre a saída interna com a tubulação
de esgoto. O produto substitui o uso do
cimento no assentamento do vaso, prá-
tica comum,mas não-recomendável,já
que a diferença térmica entre os dois
materiais pode provocar trincas.
O anel possui medida padrão de
110 mm de diâmetro e altura de 27

Fotos: Marcelo Scandaroli


mm para se adequar à saída de esgo-
to, normalmente de quatro polega-
das. Sua instalação é simples, já que
não necessita de ferramentas para a
aplicação, e a principal recomenda- Mantenha a área do vaso sanitário limpa e seca
ção para o instalador é o cuidado
para não manter contato direto com
o anel. O material, de propriedade
plástica para fixar-se à louça, não
pode perder sua aderência.
Felipe Benevides

Deixe 1 cm de sobra ao redor da entrada do tubo de esgoto para auxiliar o assentamento


e fixação do anel

60 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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Limpe e seque a área de saída de água da louça Retire todos os invólucros de proteção interna que envolvem o anel

Molde e pressione o anel na saída de água


do vaso sanitário e depois retire os papéis
de proteção externa

Certifique-se de que o anel esteja bem


grudado no vaso. Em seguida, assente o
vaso com sua saída centralizada no ponto Pressione o vaso contra o piso para
de esgoto acomodar o anel Fixe o vaso com os parafusos

61
artigo metro.qxd 5/9/2008 15:00 Page 62

Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

As causas do acidente da
Estação Pinheiros da Linha 4
do Metrô de São Paulo
Carlos Eduardo Moreira Maffei I – Introdução
Professor, doutor, titular do Departamento Imediatamente após o acidente,
de Estruturas e Geotecnia da Escola ocorrido em 12/01/2007, na Estação Estação
Politécnica da Universidade de São Paulo, Pinheiros da Linha 4 do Metrô de São Faria Lima E=
142
800

especialista em obras subterrâneas, Paulo, o CVA (Consórcio Via Amare-


Túnel
consultor e diretor da Maffei Engenharia la) concentrou seus esforços e recur- 7.1
Leste
sos no restabelecimento da segurança
Luiz Guilherme de Mello
da área escombrada, nas atividades Poço E=
142
Professor, MSc pelo Imperial College, Capri 750
250

conjuntas de busca das vítimas fatais,


178

consultor e diretor da Vecttor Projetos e


N=

e no atendimento imediato às demais Túnel de Túnel de


professor-assistente do Departamento de interligação
vítimas. Na seqüência entendeu com a CPTM
interligação
Estruturas e Geotecnia da Escola com a CPTM
como imperativo determinar causas Avenida Nações Unidas E=
Politécnica da Universidade de São Paulo (pista expressa) 142
700

do acidente. O presente corpo de Estação Butantã Túnel


Oeste
7.0
Carlos Manoel Nieble consultores foi agregado ao grupo de Avenida Nações Unidas

Consultor, MSc, engenheiro consultor em trabalho interno do CVA dada a sua


Mecânica das Rochas e de Desmontes de reconhecida experiência nos temas E=
142
650
Rochas, da Matra Engenharia, atual atinentes à obra. E=
142
600

professor convidado do curso Túneis da


200

150

100
178

178

178

Pece-USP, tendo sido professor na II – Síntese do evento Rio Pinheiros


N=

N=

N=

Universidade de São Paulo e também chefe A Estação Pinheiros da Linha 4 do


Figura 1 – Indicação da estação e do
de Mecânica das Rochas do Instituto de Metrô de São Paulo era basicamente
trecho afetado (interior do círculo)
Pesquisas Tecnológicas composta por dois túneis (figuras 1 e
2), túnel leste (Lado Faria Lima) e
Georg Robert Sadowski
túnel oeste (Lado Butantã), separados
Professor, doutor, titular de Geologia
pelo poço de acesso Capri.
Estrutural do Instituto de Geociências da
Nos primeiros dias de 2007 os tra-
Universidade de São Paulo, consultor em
balhos haviam transcorrido normal-
Geologia de Engenharia e Geologia
mente nas obras. Na sexta-feira 12/01
Fotos: divulgação Consórcio Via Amarela

Estrutural
as equipes trabalhavam na implanta-
Jorge Takahashi ção de tratamento adicional em
Engenheiro, especialista em cálculos chumbadores no rebaixo dos túneis,
estruturais aplicados a obras subterrâneas definidos no dia anterior (figura 3),
atendendo rotineiramente às imposi-
ções implícitas às medidas de instru-
mentação até aquela data.
Figura 2 – Vista aérea antes do colapso

62 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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Furos para tirantes Primeiro nível


de resina com placas de trabalho

VIA 1

VIA 2

Segundo nível
de trabalho
Figura 3 – Chumbadores nos rebaixos
do túnel

No túnel do lado Butantã, as


equipes estavam escavando o rebaixo,
em avanços de aproximadamente 2,0
m, com detonações conforme pres-
crito nos planos de fogo, também em Figura 4 – Local do fogo da rampa
sua rotina.
As perfurações foram concebidas
para serem instaladas em três níveis
(figura 3): a 1,0 m de altura do piso de
trabalho, a 2,75 m e a 3,75 m. A pri-
meira linha não necessitava de equi- Poço Capri
pamento de elevação para atingir sua
altura de instalação, tendo sido con-
cluída durante a noite. Para a execu-
ção das linhas seguintes preparou-se
uma detonação menor no centro do
túnel, para execução de uma rampa
de acesso para colocar o equipamento Detonação
de elevação. e aterro
Às 8h00 da manhã, no sentido
Faria Lima, foi executado o fogo
menor necessário para a execução da
Figura 4a
rampa de acesso ao equipamento de
Estação Pinheiros
elevação, e às 8h22 foi detonado um
Corpo da estação sentido Faria Lima
fogo no rebaixo do túnel lado Butan-
Rampa para descida de equipamento
tã, ou seja, do outro lado do Poço, a
mais de 50 m de distância, fora da re-
gião acidentada.
Pelo fato do túnel estar completa- véspera do acidente. A seta indica
mente limpo (figura 5), sem disponi- equipe realizando medidas de
bilidade de material resultante de des- instrumentação interna no túnel (1-
montes anteriores, a formação da túnel de via sentido Faria Lima; 2- calota
rampa de acesso permitira a obtenção com as marcas das cambotas, e 3-
do material para a transição em plano parede do 1o rebaixo). Notar que estava
inclinado (figura 4a). praticamente finalizada a escavação do
Ainda no período da manhã foi 1o rebaixo do corpo da estação. Notar
feita uma leitura pelas equipes de ins- Figura 5 – Imagem capturada do vídeo que o túnel da estação estava
trumentação dos túneis. Esses dados, encaminhado pelo Metrô ao IPT. praticamente "limpo", isto é, não havia
após processamento, não puderam ser A filmagem foi feita pela equipe de máquinas ou outros equipamentos
interpretados e utilizados no processo fiscalização do Metrô no dia 11/01/2007, dispostos no interior da escavação,
decisório, na medida em que o túnel no túnel da Estação Pinheiros, portanto, na apenas a mangueira da bomba de água

63
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ARTIGO

Às 14:53:59 – não há sinais de perigo eminente (câmera 1 do Passarelli)


Às 14:54:00 – movimento brusco do transeunte mostra o momento da tragédia

Figura 6 – Registro das câmeras do Edifício Passarelli

colapsou antes de sua distribuição para ausência de tirantes na obra para efeti- placamento, permaneceram no local
os técnicos e engenheiros da obra. va realização dessas intervenções". ainda por alguns minutos. Logo perce-
Interpreta-se que vários sinais apa- beram o surgimento de outras trincas
Seqüência do colapso receram no túnel, praticamente ao também no revestimento do poço, e
Por volta das 14h05, a equipe de mesmo tempo, como citados pelos di- um minuto depois o túnel e o poço
instrumentação volta ao túnel, para versos depoentes, sem que houvesse desmoronaram, dando tempo somen-
uma nova campanha de leituras e "lá ocorrido qualquer sinal prévio.A queda te para os técnicos e o encarregado cor-
permaneceu por cerca de 20 minutos, de pequenos pedaços de concreto de re- rerem pelo túnel para o lado Butantã.
aguardando a liberação do local. Du- vestimento, seguidos de estalos e surgi- Simultaneamente várias trincas
rante esse período nada de anormal mento de trincas no teto do túnel no apareceram na superfície, sendo a rua
notou ou visualizou", conforme de- lado Abril, caracterizou o início da ins- Capri o epicentro do colapso, sem que
claração de um depoente. tabilidade do túnel, sem qualquer evi- houvesse tempo de seu fechamento. O
As 14h25, iniciou-se a leitura da dência de um colapso generalizado. pessoal que trabalhava na frente Fer-
primeira seção, levando cerca de 15 Outra evidência importante é de- reira de Araujo sentiu o impacto do
minutos para encerrá-la. Quando se clarada por testemunhos presentes no sopro de ar (äir blast) provocado pelo
preparava para iniciar a segunda seção interior do túnel, que relata que viu desabamento, sintoma de um desmo-
de leitura, percebeu que no topo dian- no meio do túnel, "um espaço de seis a ronamento extremamente brusco.
teiro do túnel haviam surgido trincas e oito cambotas caídas no chão e em Interpreta-se, à luz dos dados
fissuras e, em seguida, pediu que o seu seu lugar ficou na pedra", e segue em compilados que, desde o primeiro
operador de nível deixasse o local, pois seu depoimento dizendo que "não era sinal de instabilidade do desplaca-
estava perigoso. um espaço grande, era um espaço pe- mento, passaram-se apenas cinco mi-
Deixou o local pela escada, su- queno. Por isso eu achei que não ia nutos até o colapso completo do
bindo os 35 m em dois a três minu- nem cair o túnel". túnel. Durante esse período, primeiro
tos. Já na superfície, ao nível da rua, Essas declarações caracterizam ocorreu o surgimento de trincas, dois
ouviu o primeiro estalo e saiu em de- um desplacamento seguido de caída a três minutos depois surgiu o despla-
sabalada carreira pela lateral do can- de blocos localizado do revestimento camento, e um a dois minutos depois
teiro, como informou o depoente, e na zona da parede e do teto junto à pa- o desmoronamento completo do
em seguida viu tudo desmoronar. rede ao lado do Edifício Abril, deno- túnel e do poço.
Afirma que do momento em que minado de "capela", no meio técnico Através das câmeras de segurança
gritou para o colega e o desmorona- para o caso de túneis em rocha, e sem do Edifício Passarelli são observados
mento deva ter transcorrido cerca de reflexo na superfície. movimentos antes, durante e depois
cinco minutos. A permanência do encarregado na do acidente (figura 6).
Às 14h30, também esteve presente frente de serviço, juntamente com ou- O desmoronamento súbito atin-
ao local do acidente a Fiscalização da tros técnicos, dava aos mesmos a auto- giu o poço de acesso da Estação Pi-
CMSP, que "constatou que estavam confiança de que não estavam diante nheiros (com colapso parcial do
sendo realizados os trabalhos de refor- de um colapso generalizado e sim de mesmo), o alinhamento da Rua
ço das paredes do túnel, não anotando uma instabilidade localizada, e na ex- Capri, e a lateral oposta à Rua Capri,
nenhum aspecto anormal, apesar da pectativa de que se tratava de um des- onde se localizava um estacionamen-

64 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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Divulgação Consórcio Via Amarela

Figura 7 – Cicatriz de ruptura do lado da rua Capri

Figura 9 – Presença da rocha


metabásica e de bloco acima da
abóbada do túnel

resistência residual e alta expansivida-


de do lado Abril (Norte).
 Concentrações no maciço de juntas
transversais ao eixo do túnel, já de co-
nhecimento prévio.
 Bloco central de rocha mais resis-
tente, menos alterada e, portanto,
mais densa, já de conhecimento du-
rante as escavações (figura 8).
Embora o modelo geológico à
época do projeto considerasse a exis-
tência de lentes menos resistentes, as
Figura 8 – Modelo geológico das fraturas e foliações identificado após as investigações
mesmas eram descritas como locali-
zadas e não contínuas e relativamente
to. Durante o desmoronamento foi  Mergulho oposto das foliações sub- delgadas sendo de praticamente im-
constatada uma tubulação rompida, verticais paralelas ao eixo do túnel, ten- possível localização espacial prévia
com fluxo de água e esgoto, e com diâ- dentes a isolar um bloco crítico de por meio de sondagens.
metro estrangulado de 1 m para 70 grandes dimensões (figura 8) diferente- O corpo de pegmatito se encon-
cm, e que se localizava ao longo do mente do projeto básico e do projeto trava ao lado do túnel, inclinado rumo
eixo da Rua Capri, exatamente na re- executivo que previam mergulho da fo- ao Edifício Abril (Norte). Apareceu
gião da ruptura (figura 7). liação condicionante sempre paralelo durante as escavações da perícia em
mergulhando somente para um lado. cotas mais elevadas mergulhando por
III – Causas do acidente  Corpo tabular mais rígido de peg- trás da parede conforme descia para
Modelo geológico verificado após as matito mergulhando por detrás da pa- cotas mais baixas, e, portanto, não pu-
investigações rede norte (figuras 8, 9 e 10), cujo con- dera ser claramente visível durante o
A junta de consultores identificou tato com o maciço predominante é mapeamento de frente de escavação
os seguintes condicionantes geológi- constituído de extensa camada friável do túnel. Mostrou-se ainda esconso
cos,relacionados diretamente ao colap- de biotita de espessura decimétrica. em relação ao eixo do túnel de tal sorte
so, alguns somente observados durante  Presença de alteração argilosa de que se encontrava com afastamento
e após a conclusão das investigações: rochas metabásicas com baixíssima variável em relação à lateral do túnel,

65
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T~0 T >>> 0

(a) – Sem (b) – Necessidade


necessidade de de “T” para
“T” para equilíbrio equilíbrio

Figura 11 – Comparação entre cunhas


de grandes dimensões convergentes e
divergentes no teto do túnel

Carregamento
potencial
G

F1
F1
Arqueamento
F2 F2
Figura 10 – Geologia da estação Pinheiros
Pilar + paredes

Onde:
conforme se dirigia rumo ao Poço mentos, tornando esse plano como
F1 = parcela resistida pelo arqueamento,
Central da Estação (figura 10). preferencial de ruptura e restringindo
função da resistência ao cisalhamento da
a transmissão de tensões de cisalha-
junta vertical mobilizada pelo
Perda do arqueamento mento para a lateral do maciço.
deslocamento "de bloco rígido",
As atitudes divergentes das folia- Como conseqüência de todo o qua-
privilegiado pelos planos de fraqueza e
ções, em forma de cunha invertida, dro geológico,o necessário arqueamen-
comprovado pela instrumentação.
não favorecem o arqueamento do to transversal sobre o túnel não ocorreu
F2 = soma da capacidade de carga da
maciço (figura 11). (figura 12).O equilíbrio do peso do ma-
fundação da parede do rebaixo e do pilar
No caso da cunha invertida, para ciço na direção vertical é garantido pelas
de rocha de espessura "e" confinado pela
permitir o arqueamento é necessário forças F1 e F2.A força F1 é função da ca-
parede com curvatura de projeto. Deverá
que a resistência ao cisalhamento das racterística de resistência do maciço ao
ser superior à diferença entre a metade do
descontinuidades limitantes da cunha longo das descontinuidades verticais,
peso G e a componente vertical de F1,
no maciço fosse muito elevada, o que do deslocamento,de Ko (confinamento
para não haver colapso.
se mostrou incompatível com os pla- inicial dos planos verticais) e da feição
nos de fraqueza longitudinais repre- do bloco tipo "chapéu chinês" que ao se Figura 12 – Mecanismo do colapso –
sentados pelas juntas e pelas extensas deslocar reduz a tensão normal na junta esquema básico
concentrações de biotita. subvertical. Parte da força F2 é respon-
Tal situação se agravou pela pre- sabilidade do "pilar" de rocha e parte é
sença de uma superfície de fraqueza responsabilidade das paredes, ou seja, Iniciado o rebaixo, a comparação de
crítica fora da seção de escavação do revestimento. Portanto, à maior efi- recalques dos tassômetros com os dos
junto ao contato com o pegmatito ciência do arqueamento (maior F1) es- pinos internos ainda indicava a exis-
duro, representada por uma camada tará associado ao menor carregamento tência de arqueamento.
decimétrica e praticamente contínua e do revestimento e do "pilar" de rocha. A escavação do rebaixo do túnel foi
frágil de biotita-xisto decomposto a retomada no início de janeiro. Entre os
argilas e siltes, com baixa resistência ao Comportamento da instrumentação dias 4 e 5/01 o rebaixo do túnel estava
cisalhamento. O elevado contraste de O comportamento da instrumen- sendo executado entre as progressivas
rigidez entre o pegmatito e a camada tação à luz do ocorrido indicava que km 7,0+93 e km 7,0+88 (aproximada-
rica em biotita e argilas permitiu que o ao ser concluída a escavação da calota, mente entre 15 m e 10 m de distância
limite de resistência ao cisalhamento o revestimento do túnel apresentava do Poço Central da Estação), região
fosse atingido para pequenos desloca- deformações coerentes e compatíveis. onde o dique de pegmatito começa a se

66 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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Amostra 5 – Anfibolito
Cisalhamento – sig = 50 kPa
Residual 10P
400

Tensão cisalhamento (kPa)


Cisalhamento – sig = 200 kPa
350 Residual 10P
300 Cisalhamento – sig = 400 kPa
250 Residual 10P – sig = 400 kPa
200
150
100
50
Figura 13 – Ilustração das superfícies 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deslocamento vertical
de deslocamentos da instrumentação -2
dos pinos internos e dos tassômetros
-1
entre o Poço Central (seção SC01) e o (mm)
túnel de via (seção SC04) em função do 0
tempo 1

afastar do revestimento e onde existe 2


0 1 2 3 4 5 6 7 8
maior concentração de alteração de Deslocamento horizontal (mm)
rocha metabásica. Essa maior concen-
tração de material alterado passou a re- Figura 14 – Ensaios de cisalhamento direto
calcar sob o carregamento transmitido
pelas paredes, transferindo tal carrega- 500
Amostra 5 – Anfibolito permanecia, não indicando situação de
mento para o "pilar" de rocha remanes- 450
Pico aceleração acentuada a ponto de sugerir
Tensão cisalhante (kPa)

cente entre o pegmatito ladeado com 400


Residual uma movimentação de grandes propor-
bandas biotíticas e a escavação, de es- 350
ções.A fatalidade somente se configurou
pessura "e" como apresentado na figura 300
minutos antes do colapso, quando a
12. Na impossibilidade de transferir o 250
equipe de instrumentação realizava lei-
carregamento para as laterais, quando 200
turas e interrompeu seus serviços em
deixa de existir arqueamento (parcela 150
função do início da ruptura franca.
F1 da figura 4 tendendo a zero), toda a 100
As leituras efetuadas com início na
reação (F2) passou a ser resistida por 50
tarde do dia 12/01, que apresentam a
esse "pilar" de rocha, o qual exerce força 0
0 100 200 300 400 500 mudança abrupta de comportamento
lateral contra o revestimento apoiado
Tensão normal (kPa) da instrumentação, foram processadas
sobre a rocha metabásica alterada, que
e distribuídas apenas depois do aci-
se desloca para o interior da escavação, Figura 15 – Tensões de pico
dente, não estando disponíveis para a
provocando as convergências observa-
tomada de decisões prévia à ruptura.
das na instrumentação.
primário) é rígida no sentido longitudi-
O revestimento do túnel continua
nal e busca apoio nas seções vizinhas, Mecanismo do colapso
recalcando mesmo sem ser carregado,
sentido Faria Lima e sentido Poço Cen- Propriedades geomecânicas dos materiais
pois a fundação do "pilar" de rocha
tral, o que sobrecarrega principalmente biotíticos e metabásicos
também recalca e se deforma para o
as seções mais próximas desse. Foram realizados ensaios nas lito-
túnel, por efeito da presença da meta-
Enquanto as leituras dos tassôme- logias biotíticas e metabásicas na con-
básica decomposta. Nessa situação, os
tros indicavam comportamento de dição de rocha alterada e solo das esca-
pinos de instrumentação das laterais
bloco, ou de uma grande viga, como vações, nos Laboratórios da Cesp
do túnel, independentemente de sua
indica a figura 13, o maciço colabora- (Companhia Energética de São Pau-
altura, apresentam deslocamentos
va com o revestimento na redistribui- lo), e posteriormente na Escola Poli-
verticais equivalentes.
ção longitudinal, mas nas proximida- técnica da Universidade de São Paulo,
Foi possível observar que acréscimo
des do km 7,0+90 existem concentra- que mostram o seguinte:
na velocidade dos deslocamentos verti-
ções de juntas que isolam o maciço, a) os materiais ensaiados exibem
cais ocorre no dia 11/01,com exceção da
prejudicando essa sua contribuição. comportamento típico de "strain-
convergência, cuja velocidade aumenta
Até a última leitura disponível antes softening": perdem muita resistência
a partir do dia 9/01. Isso porque a casca
do acidente, aquela mencionada do dia com o deslocamento ao se ultrapassar
de concreto projetado (revestimento
11/01, a tendência de deslocamentos as tensões de pico (figuras 14 e 15);

67
artigo metro.qxd 5/9/2008 15:00 Page 68

ARTIGO

b) a resistência ao cisalhamento do lhada", como se observa nas figuras 17


maciço esverdeado (anfibolito) sem 200 tf/m² e 18, razão pela qual o primeiro movi-
inundação, exibe coesão de 0,05 MPa mento observado do revestimento du-
e ângulo de atrito de 33º, para os en- rante a investigação é de translação e
saios "in natura". Para o material bio- Rocha rotação em torno do pé da cambota,
títico as resistências residuais atingem metabásica porque a seção mais crítica, em função

tito
tica
valores de ângulo de atrito de 20º e da presença da metabásica no piso da

Pegma
Fita biotí
coesão zero; já para o solo esverdeado escavação, é a seção inferior.
(anfibolito), esses valores são da A partir desse momento não existe
ordem de 18º, para coesão zero; mais apoio para a calota, que ocupa o
c) as metabásicas apresentaram ca- espaço entre a parede e a rocha, de
racterísticas expansivas. As amos- modo que aparecem momentos fleto-
Figura 16 – Empuxo na parede do
tras, na condição de rocha alterada, res no revestimento, que irá romper na
rebaixo
se desintegram quando imersas em seção mais crítica em termos de solici-
água, e podem desenvolver grandes tação e resistência.
pressões de expansão. A influência Interpreta-se, portanto, que a rup-
das características de expansibilida- tura teve início num desplacamento
de da metabásica sobre a ruptura está de parte do revestimento descrito nos
sendo analisada. depoimentos de testemunhas, entre as
Em resumo, o comportamento progressivas 7,0+90 e 7,1+01, como
geomecânico do maciço na região da uma instabilidade local, seguida da ge-
Estação Pinheiros é heterogêneo, ani- neralização global e repentina em
sotrópico, descontínuo e com caracte- todo o túnel, desde a parede remanes-
Divulgação Consórcio Via Amarela

rísticas de ¨strain softening", com re- cente até o Poço Capri.


sistência residual muito baixa, além Tal movimento, na seção que iniciou
das características expansivas da me- a ruptura do túnel, é apresentado esque-
tabásica (anfibolito). maticamente nas figuras 18 e 19, que
pode ser descrito da seguinte maneira:
Seqüências cinemáticas do colapso 1 – parede translada e gira em função
Com a perda de arqueamento, Figura 17 – Aspecto da superfície da falta de resistência do contato
considerando o recalque do revesti- serrilhada de ruptura parede-rocha;
mento e uma espessura "e" do pilar de Vista do sentido do poço à direita, 2 – contato parede-calota do revesti-
rocha entre 1 m e 2 m, o carregamento parede ao lado da Abril mento rompe por flexão;
total devido ao bloco crítico de gran- 3 – parte da calota ocupa o espaço dei-
des dimensões equivale a tensões nesse xado pela parede deslocada, rompen-
ca

pilar de rocha de 200 a 400 tf/m2, o que do por flexão.


ti
biotí

corresponde a um empuxo de cerca de Esse é o instantâneo do despla-


250 tf, como mostrado na figura 16. camento observado que foi inter-
Fita

to
Pegmati

Observe-se que existe um valor de es- Rocha pretado como "capela", ou seja, ins-
pessura de pilar de rocha "e" que é crí- metabásica tabilidade local em uma extensão
tico, em função das características da ordem de oito cambotas, de
geométricas e geológicas próprias do acordo com depoimentos.
maciço e do revestimento. As regiões de concentração de jun-
Superfície
O pilar de rocha, laminada, sob tas transversais em toda a extensão do
de ruptura
tensão de 20 kgf/cm2, ainda poderia maciço dificultaram a redistribuição
suportar, com recalques, caso o longitudinal do maciço, de modo que
Figura 18 – Mecanismo esquemático da
confinamento oferecido pela pare- apenas o revestimento ficou encarrega-
ruptura em rocha "laminada"
de do revestimento fosse suficiente. do dessa redistribuição e a estrutura,
Tal confinamento fica impossibili- não projetada para essa função, foi so-
tado em vista dos recalques de sua que na região encontra-se alteração brecarregada e rompeu como um todo.
fundação no lado Abril, de modo de rocha metabásica, prejudicando Deu-se, então, em curtíssimo espaço de
que o equilíbrio local não conta o equilíbrio das forças horizontais, tempo a ruptura brusca do maciço
com força normal para equilíbrio. fazendo com que o pé-direito desli- como um todo, gerando um desloca-
Desse modo, a parede deveria resis- ze na sua fundação. mento de ar tamanho que chegou a
tir por flexão, o que é incompatível A superfície de ruptura do pilar de derrubar trabalhadores no túnel de via
com sua concepção. Ocorre, ainda, rocha verificada em campo é "serri- sentido Faria Lima.

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IV – Aspectos relacionados ao
projeto executivo

Projeto original
O projeto utilizou o conceito do
método NATM, universalmente uti- (0) Lado Abril Lado Passarelli (1)
lizado para a execução de túneis.
Nesse método, está implícito o prin-
cípio de que o confinamento ofereci-
do pelo concreto projetado deve per-
mitir que o maciço trabalhe como
parte da estrutura (arqueamento),
redistribuindo as tensões verticais (2) (3)
decorrentes do peso do maciço sobre
o túnel para as laterais da escavação.
Assim, o estado da prática do cál-
culo de túneis admite que o suporte
ou revestimento primário seja calcu-
lado para as tensões resultantes consi-
derando a contribuição do arquea- (4) (5)
mento transversal, sem a necessidade
de equilibrar o carregamento poten-
cial, o qual, no caso, corresponderia a
todo o peso do maciço de cobertura e
às sobrecargas à superfície.
Para comprovação do projeto
(6) (7)
executivo elaborado para a Estação
Pinheiros antes do acidente, foram Figura 19 – Cinemática de ruptura esquemática da seção 5
realizadas novas simulações numéri- (~ km 7,0+90 a ~ km 7,1+01)
cas, mantendo-se as hipóteses de cál-
culo e parâmetros adotadas à época,
que reafirmaram a validade dos cál- los geológicos existentes (tanto ante- V – Aspectos relacionados à execução
culos prévios do projeto executivo rior quanto posterior ao colapso), a
elaborado e eliminaram as questões estabilidade depende, basicamente, Escavação do rebaixo
sobre a adequação dos modelos e mé- do equilíbrio transversal da seção de Com a conclusão da retirada do
todos de cálculo empregados. escavação, o que reduz sobremaneira material escombrado, verificou-se pelo
Foram ainda realizados cálculos a validade de modelos tridimensio- mapeamento do fundo da escavação
com modelos em meio descontínuo, nais, o sentido de avanço não sendo que a cota média de piso era da ordem
que concluíram que a escavação da considerado significativo. de 1,20 m abaixo da cota de escavação
calota e bancada da Estação Pinhei- de projeto. Para o caso particular em
ros, caso o modelo geológico anterior Verificação de cálculo considerando o questão pode-se cogitar sobre a influên-
ao colapso mantivesse as hipóteses novo modelo geológico cia do maciço alterado de metabásica e
originais válidas, seria estável. Simulações com base no modelo biotita no fundo do rebaixo em que a
geológico elaborado após o mapea- ruptura, violenta, teria removido e rela-
Verificação de cálculo das condições reais mento pericial após o colapso, conside- xado significativamente grande parte
de campo (posicionamento da grua e rando blocos críticos isolados pelo do maciço, atingindo cotas abaixo do
geometria do rebaixo) mergulho oposto das foliações subver- piso e que a utilização de equipamento
Cálculos que consideraram o efeito ticais paralelas ao eixo do túnel limita- para remoção do material pode ter re-
do posicionamento da grua e da so- do transversalmente pelas juntas contí- movido boa parte do maciço entulhado
breescavação do piso do rebaixo con- nuas transversais, e em presença de al- e relaxado no piso da escavação.
cluíram que tais condições são pouco teração argilosa de rochas metabásicas Embora a escavação tenha atingido
significativas para o equilíbrio do túnel. mais as bandas biotíticas nos contatos cotas inferiores, o concreto projetado
A verificação da variação da esta- indicaram que o revestimento não é es- executado nas paredes escavadas do re-
bilidade da escavação em função do tável para sistemas de suporte conven- baixo acompanhava sua superfície até
sentido de avanço do primeiro rebai- cionalmente dimensionados de acordo ao piso escavado, conferindo confina-
xo não foi realizada, pois, pelos mode- com as hipóteses comuns ao NATM. mento à face rochosa exposta sendo in-

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ARTIGO
Fotos: divulgação Consórcio Via Amarela

Figura 20 – Algumas imagens da seção 5 (~ km 7,0+90 a ~ km 7,1+01)

significantes as diferenças de solicita- zando a seqüência de execução das deto- Detonações do dia do acidente e última
ções com 4 m ou 5,2 m de altura de pri- nações, mantendo sempre duas ou três detonação
meiro rebaixo, conforme constatado frentes livres, usando furos de menor As detonações da Estação Pinhei-
em simulações numéricas elaboradas. diâmetro e fogo cuidadoso no contorno. ros foram balizadas de acordo com a
A seqüência de avanço adotada pela Assim, foi possível garantir as cargas por normatização técnica vigente da
obra foi proporcionada pelo plano de espera a no máximo 2,2 kg e que as ve- ABNT (Associação Brasileira de Nor-
fogo, recomendada por consultores es- locidades de vibração fossem as míni- mas Técnicas) e aquelas das especifica-
pecialistas à época, e manteve a detona- mas possíveis, inclusive com frentes li- ções técnicas do projeto do Metrô e
ção do rebaixo em três etapas, flexibili- vres para escape dos gases da detonação. com efeitos registrados nos boletins de

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sismografia. Fatores como vibração sobre a perfuração vizinha, que estava  Cota de escavação do primeiro re-
produzida pela detonação ou penetra- muito distante da ordem de metros. baixo.
ção de gases sob pressão gerados nas  Seqüência de avanço nas etapas de
detonações dos explosivos jamais po- Velocidade de escavação entre dezembro escavação do primeiro rebaixo.
deriam ser apontados como fatores da de 2006 e janeiro de 2007  Velocidades de escavação em de-
causa do acidente. No início de dezembro de 2006 foi zembro/06 e janeiro/07.
A tênue detonação do segmento iniciado o primeiro rebaixo do túnel  Detonações dos dias 11 de janeiro e
necessário para a rampa de acesso no da Estação Pinheiros sentido Faria 12 de janeiro.
dia do acidente não só suavizou a Lima e até o recesso de final de ano, du-  Execução das perfurações para im-
geometria da bancada central como rante 21 dias corridos, foram escava- plantação dos tirantes.
produziu o material necessário para dos 13 rebaixos na lateral Passarelli e 12 À luz do ocorrido e da análise dos
configuração adequada da rampa de rebaixos na lateral Abril, cada um com condicionantes geológico-geotécnicos
descida do equipamento. extensão aproximada de 2 m. Durante e geomecânicos que se fizeram notar
A segunda detonação da Estação o mês de janeiro de 2007 foram escava- após a remoção dos escombros, foi
Pinheiros ocorrida no dia do aciden- dos oito rebaixos na lateral Passarelli e possível reanalisar a instrumentação e
te foi executada no rebaixo do lado do nove rebaixos na lateral Abril, durante identificar o mecanismo do colapso.
túnel Butantã, a mais de 50 m de dis- nove dias corridos. Avaliadas as datas Identificadas as seguintes carac-
tância do emboque do túnel sentido das escavações dos rebaixos, verifica-se terísticas do colapso: ruptura brusca
Faria lima, onde os trabalhos trans- que a velocidade de escavação do pri- da superfície; comportamento do
corriam normalmente e fora da zona meiro rebaixo junto às laterais no maciço como um "bloco" e a magni-
colapsada. Os registros de detonação Túnel Leste é rigorosamente igual em tude dos deslocamentos, concluiu-se
comprovam sua localização e intensi- dezembro de 2006 e janeiro de 2007, pela impossibilidade de se antever a
dades, ratificadas também pelas tes- nunca mais de um rebaixo em cada la- ruptura brusca pela análise das leitu-
temunhas presentes no local. teral por dia, isso porque a escavação ras de instrumentação.
Portanto, somente uma detonação de rebaixo no mês de dezembro não foi O colapso se verificou pela conju-
foi dada no Túnel do lado Faria Lima, e realizada em todos os dias do mês. gação de fatores que conferiram ao
não correspondia à detonação de avan- maciço um comportamento geome-
ço do rebaixo, mas sim para conforma- VI – Conclusão cânico localmente singular.
ção da rampa de entrada do equipa- Foram analisados aspectos de Pro- Os mencionados condicionantes
mento de elevação para execução dos jeto e de Execução da obra com a finali- podem ser assim resumidos:
reforços em curso recomendados. dade de verificar em que medida pode-  Mergulho oposto das foliações em-
Essas detonações foram monitora- riam estar relacionados com o acidente pinadas e paralelas ao eixo do túnel,
das pela sismografia e mostram valores ou ter contribuído para sua ocorrência. tendentes a isolar um bloco crítico de
de velocidades de vibração muito infe- Do ponto de vista do projeto foi grandes dimensões, limitados pelas
riores aos limites estabelecidos. possível verificar que as hipóteses juntas transversais ao túnel.
A aludida terceira detonação que simplificadoras usualmente adotadas  Corpo mais rígido de pegmatito,cujo
teria ocorrido na Estação Pinheiros no no projeto fazem parte do estado da contato com o maciço predominante é
dia 12 de janeiro nunca ocorreu. Todo prática do projeto de túneis. constituído de extensa camada friável de
o procedimento adotado para as deto- A adoção de estado plano de defor- biotita de espessura decimétrica.
nações requer envolvimento de enti- mação utilizado é rotineira em túneis,  Presença de alteração argilosa de ro-
dades públicas, o que não se poderia já que o equilíbrio na seção transversal chas metabásicas, com comportamen-
fazer à revelia e sem qualquer registro. é suficiente para garantir o equilíbrio to muito expansivo e com evidências
do carregamento. A condição de maci- de grande queda de resistência após
Perfuração dos tirantes ço drenado,em geral,é satisfeita na fase ultrapassar a resistência de pico.
A proporção da área das perfura- provisória de túneis em rocha, pelo  Concentrações no maciço de juntas
ções realizadas até o acidente em rela- fato do piso ficar exposto e ligado às transversais ao eixo do túnel.
ção à área total da parede do rebaixo juntas transversais, mais permeáveis.  Bloco central de rocha mais resis-
remete a 0,030% na lateral Passarelli e Do ponto de vista da obra,foram ve- tente, menos alterada, e, portanto,
0,020% na lateral Abril. Se todas as rificadas todas as adaptações executivas mais densa.
perfurações definidas tivessem sido implantadas, listadas a seguir, concluin- Em conseqüência houve falta de ar-
executadas, ainda assim a proporção do-se que nenhuma delas pode ter con- queamento e recalque assimétrico das
seria de 0,12%, relação insignificante tribuído para a ocorrência do acidente: fundações do revestimento,formando-
para o equilíbrio global do túnel.Além  Distribuição das enfilagens. se então o mecanismo descrito ante-
disso, devido ao diâmetro de cada per-  Posicionamento da grua. riormente, circunstâncias essas que,
furação, a influência de cada uma  Inversão no sentido da escavação reunidas, caracterizam a total imprevi-
delas é muito restrita e não teria efeito do primeiro rebaixo. sibilidade do acidente.

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laudos e da interface dos Econômica Federal, o CTE e controle da qualidade dos importância das alternativas
peritos com advogados, (Centro de Tecnologia de projetos, materiais e instalações. ao tratamento adicional da
promotores e magistrados. Edificações) e a editora. Os O objetivo do autor é, de paisagem urbana, reforçando
Em suma, todo o autores são engenheiros civis maneira prática e objetiva, a busca por uma sintonia
funcionamento dos processos com experiência em tecnologia transpor seus 20 anos de ambiental das cidades. Para
que envolvem o trabalho de argamassas e abordam os experiência para esclarecer e tanto, afirma que os conceitos
pericial. O objetivo do aspectos relacionados a ajudar técnicos e usuários na de cunho ambiental são o
organizador, Flávio Fernando projeto e execução dos aplicação dos tubos compostos ponto de partida para o
de Figueiredo, é preencher a revestimentos cerâmicos de desses materiais. Ele aborda o trabalho paisagístico em
enorme lacuna existente paredes internas e externas. plástico como um todo, o contrapartida ao desenho
nesse campo do O intuito é guarnecer o leitor polietileno e o polipropileno, meramente estético. Trata dos
conhecimento que envolve a de fundamentos para a suas propriedades e diferentes aparelhos e
engenharia e o direito. obtenção de revestimentos características. Concluída a equipamentos urbanos, como
Problema sentido por ele, na com desempenhos abordagem do material, parte escadas, pavimentos, sistema
prática, ao buscar fontes de satisfatórios. Para tanto, traz para dimensionamentos, viário e estacionamentos,
informação sobre perícias e logo no primeiro capítulo os conexões soldáveis, manuseio e trazendo exemplos de
avaliações. Por se destinar conceitos e a caracterização do estocagem, instalação e reparo. soluções adotadas em locais
também a profissionais de revestimento cerâmico. Em Na última parte, fala sobre públicos de todo o mundo.
engenharia e arquitetura não seguida, aborda parâmetros e fabricação e controle da
especializados em direito, traz o desenvolvimento do projeto qualidade e outros materiais,
capítulos introdutórios e de revestimento. A execução é como polietileno reticulado,
linguagem acessível tema da terceira parte, seguida polibuteno, PVC-U e CPVC, além
aos leigos. de um capítulo dedicado de trazer um resumo
às patologias. comparativo entre materiais.

80 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008


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São sete capítulos que trazem, fundamentais da engenharia disciplina fundamental ao apenas uma mera
inicialmente, um breve histórico estrutural para guarnecer o ensino da engenharia e da apresentação da entidade e
dessas vedações em painéis de leitor – especialmente arquitetura. Do mesmo autor dos serviços oferecidos aos
concreto. Em seguida, aspectos estudantes de cursos de de publicações como associados e à comunidade
relativos aos painéis em si, com graduação de engenharia civil "Concreto armado – Eu te em geral. O link para a "Sala
estudos de caso de cada sistema e arquitetura – de condições amo" e "Instalações de imprensa" traz notícias
construtivo. Aspectos de projeto para entender como se dá e do Hidráulicas Prediais", a atuais dos associados e da
e de desempenho térmico, que depende o equilíbrio dos publicação traz exemplos de própria associação. Na coluna
acústico e de resistência ao fogo corpos rígidos. Também resistência de elementos, à esquerda, o link "Eventos" dá
das fachadas são tema para os aborda as solicitações a que como o comportamento de acesso à agenda dos
capítulos quarto e quinto. estão sujeitas e as tipologias pilares e colunas de acontecimentos mais
Um capítulo dedica-se aos das estruturas. O autor edificações frente a tensões de importantes do setor até o
detalhes de fixações dos painéis restringiu os exemplos e compressão. Ou, ainda, como final do ano. O campo
e de selantes utilizados. Na ilustrações às obras civis e cabos de sustentação resistem "Normas técnicas" leva à
última parte é abordada a buscou a elaboração de um a esforços de estiramento. ferramenta de buscas de
durabilidade e a manutenção dos material didático que Também aborda a ocorrência normas técnicas
painéis pré-fabricados quando correlacionasse teoria à de cortes (cisalhamento) e a internacionais.
expostos aos principais fatores realidade. O leitor pode optar resultante de flexões, dentre
ambientais. O livro é assinado por uma leitura superficial ou outros esforços estruturais.
por um engenheiro, Fernando pode querer aprofundar-se na O autor, como ocorre em
Barth, formado pela técnica. Para tanto, estão outros de seus livros, procura
Universidade Federal do Rio indicados com asteriscos os apresentar o conteúdo de
* Vendas PINI
Grande do Sul, e por um itens considerados não forma simples e prática, sem
Fone: 4001-6400 (nas
arquiteto, formado pela essenciais para a compreensão prejuízo do rigor conceitual.
principais cidades) ou
Universidade Federal global dos temas.
0800-5966400 (nas demais
de Santa Catarina.
cidades) www.lojapini.com.br

81
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AGENDA
Seminários e conferências 23/10/2008 22 a 24/10/2008
Arquitetura e Soluções Estruturais – 80o Enic
21/10/2008 Desafios de Forma e Técnica para São Luís
Tecnologia de Edificações para Arquitetos e Engenheiros de Estruturas O Enic (Encontro Nacional da Indústria da
Obras Rentáveis São Paulo Construção) debaterá as perspectivas e os
São Paulo O objetivo do evento, promovido pela PINI desafios do crescimento do setor nos
Discutir e auxiliar os profissionais de no âmbito do Construtech 2008, é discutir a próximos anos. O evento atrairá diversos
engenharia civil, construção e arquitetura relação indissociável entre arquitetura e profissionais da construção e as inscrições
a desenvolver soluções técnicas estrutura, forma e material, arte e ciência. já podem ser realizadas no site do evento.
inovadoras de projeto e execução para Pretende desmistificar o aparente Fone: (62) 3214-1005
agilizar e rentabilizar empreendimentos. desinteresse de alguns arquitetos pela www.qeeventos.com.br
Esse é objetivo do seminário, promovido engenharia e a questionável descrença dos
pela PINI, que será realizado no âmbito do arquitetos na engenharia. Vai apresentar 29/10/08 a 1o/11/08
Construtech 2008. Cases de projetistas, projetos e obras nos quais o bem-sucedido 14o Congresso Brasileiro de
construtoras e incorporadoras e soluções encontro foi capaz de tornar imperceptíveis Engenheiros Civis
industrializadas para eliminação de as barreiras que costumam separar tais Blumenau (SC)
gargalos de materiais e mão-de-obra campos do conhecimento. Abordará temas O evento tem por objetivo reunir, prover
constam entre os principais temas a serem como a nova plataforma BIM (Building fóruns de debates e a interação entre
abordados pelos palestrantes. Information Modeling) e a relação da professores, pesquisadores, alunos,
Fone: 4001-6400 (regiões arquitetura e da engenharia estrutural na empresários e profissionais da área de
metropolitanas) ou 0800-5966400 obra de Oscar Niemeyer. O fórum contará Engenharia Civil. O encontro tem como
(demais regiões) com a presença do arquiteto chileno tema "As Inovações Tecnológicas e o
www.piniweb.com/Construtech/ Sebastian Irarrazaval. Desenvolvimento Sustentável".
Fone: 4001-6400 (regiões Fone: (047) 3221-6011
22/10/2008 metropolitanas) ou 0800-5966400 cordero@furb.br
Engenharia de Custos no (demais regiões) www.furb.br/cbenc
Boom Imobiliário www.piniweb.com/Construtech/
São Paulo 2 a 6/12/2008
Como desenvolver diferenciais 23/10/2008 WEC 2008 – World Engineers'
competitivos para construtoras e Fórum Nacional de Compras e Convention
incorporadoras em um momento de Suprimentos na Construção Civil Brasília
crescimento do setor. Esse é o objetivo São Paulo A terceira edição do Congresso Mundial de
principal do seminário, promovido pela Em tempos de altas de preços e eventual Engenheiros será realizada pela primeira
PINI, que será realizado no âmbito do desabastecimento de alguns insumos e vez no continente americano, com o
Construtech 2008. Análise da qualidade equipamentos, o desafio de comprar e objetivo de reunir engenheiros e
do investimento em empreendimentos contratar, equilibrando custo, prazo e estudantes do mundo todo para debates,
imobiliários, perspectivas de evolução qualidade, torna-se ainda maior. fóruns, palestras, visitas técnicas e
dos custos de materiais e mão-de-obra, Ferramentas eletrônicas para especificação atividades culturais.
metodologias e técnicas para estimativas e compras na construção civil, qualificação www.wec2008.org.br
orçamentárias, orçamentos de obras e e relacionamento com fornecedores de
estudos de casos constam entre os materiais e serviços e cases de grandes
principais temas a serem abordados empresas, como Cyrela e Método, farão
Feiras e Exposições
pelos palestrantes. parte do evento promovido pela PINI 1o a 3/10/2008
Fone: 4001-6400 (regiões durante o Construtech 2008. Fone: Metalcon 2008
metropolitanas) ou 0800-5966400 4001-6400 (regiões metropolitanas) ou Baltimore, EUA
(demais regiões) 0800-596 6400 (demais regiões) A feira apresenta as novidades dos
www.piniweb.com/Construtech/ www.piniweb.com/Construtech/ equipamentos e produtos fabricados em

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metal para a construção civil, como 2008 refletem tal realidade e os desafios
telhas, paredes, assoalhos e aplicações atuais do construbusiness.
arquitetônicas. Além disso, serão Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)
apresentadas soluções e treinamentos ou 0800-5966400 (demais regiões)
para aplicação de metais em projetos de www.piniweb.com/Construtech/
construção. www.metalcon.com
metalcon@psmj.com 25 a 28/11/2008
Bauma China 2008
15 a 18/10/2008 Shangai
Expocon 2008 Uma das maiores plataformas da indústria
Curitiba do mundo vai ser aberta pela quarta vez
A exposição reunirá fornecedores da para a visitação de especialistas em
Construção Civil dos Estados do Paraná e materiais, equipamentos, veículos e
Santa Catarina para apresentar as últimas máquinas de construção.
novidades de produtos e de tecnologias www.bauma-china.com
para o setor.
Fone: (41) 3075-1100
www.diretriz.com.br
Cursos e treinamentos
12 e 13/9/2008
15 a 18/10/2008 Projeto Estrutural de Edifícios de
Saie 2008 – Salão Internacional da Alvenaria
Indústria da Construção São Paulo
Bologna, Itália O curso tem como objetivo mostrar os
Há mais de 40 anos a feira reúne fundamentos do projeto estrutural de obras
profissionais da construção para discutir verticais e horizontais em alvenaria. É
projetos, materiais, tecnologias e sistemas dividido em três partes. Na primeira,
para o setor. Neste ano, a Saie terá conceitos básicos, visão geral do sistema
espaços dedicados exclusivamente para os construtivo, modulação e concepção
fabricantes de argila, para a tecnologia estrutural; na segunda, temas como
pré-fabricada, sistemas da tecnologia da carregamentos verticais e ações horizontais,
informação, energia, estruturas e para os análise estrutural de edifícios de alvenaria
componentes de madeira. estrutural e parâmetros de
saie@bolognafiere.it dimensionamento; por fim, o
www.sistemasaie.bolognafiere.it dimensionamento de elementos de
alvenaria estrutural e exemplos de aplicação
21 a 23/10/2008 em um edifício.
Construtech 2008 – Fórum PINI de Fone: (11) 3816-0441
Tecnologias & Negócios da Construção cursos@ycon.com.br
São Paulo www.ycon.com.br
O encontro internacional dos
profissionais da indústria da construção 10 e 11/11/2008
alia um ciclo de palestras e uma área de Alvenaria Estrutural com Blocos de
exposição com os mais avançados Concreto
sistemas e tecnologias desenvolvidos Porto Alegre
para o setor. Nesse momento de Dividido em dois módulos, o curso vai
crescimento, as empresas e profissionais explicar como criar um projeto para uma
devem buscar cada vez mais obra de alvenaria, levando em consideração
produtividade e expertise para se itens como materiais necessários,
diferenciarem em um mercado de tecnologias empregadas e formação da
grande competitividade. Tudo isso equipe ideal. Também vai discutir temas
levando em conta novas e importantes relacionados à execução da alvenaria
preocupações, tais como a estrutural com blocos de concreto, como
sustentabilidade, o respeito ao meio marcação e elevação da alvenaria,
ambiente e a responsabilidade social. Os entre outros
temas escolhidos para as palestras e as Fone: (51) 3021-3440
empresas expositoras do Construtech www.sinduscon-rs.com.br

85
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Augusto Freire, engenheiro civil,

COMO CONSTRUIR diretor técnico da BubbleDeck Brasil


info@bubbledeckbrasil.com

Laje de concreto com


esferas plásticas
ubbleDeck é um sistema cons-
B

Fotos: divulgação BubbleDeck


trutivo formado por esferas plás-
ticas contidas entre uma pré-laje de
concreto e uma tela soldada armada
superior. As esferas (bubles) intro-
duzidas na intersecção das armadu-
ras "ocupam" o lugar do concreto
que não desempenharia função es-
trutural. Assim, pode-se reduzir em
até 35% o peso próprio da laje, vindo
a proporcionar economia no dimen-
sionamento estrutural em função
das cargas menores sobre as funda-
ções. O sistema permite ao engenhei-
ro projetar vãos maiores com menor
consumo de materiais (concreto e
fôrmas) sem grandes impedimentos
técnicos (foto 1).
O sistema BubbleDeck é compos-
to basicamente por:
 malha de aço superior;
 esfera de plástico reciclado; nas através de concreto "in situ" sem nas: até 50% a mais do que as estrutu-
 malha de aço inferior incorporada nenhuma viga, acarretando em: ras tradicionais;
(eventualmente numa pré-laje com 6  liberdade nos projetos: layouts fle-  eliminação de vigas: execução mais
cm de espessura). xíveis que facilmente se adaptam a de- barata e rápida de alvenarias e instala-
A combinação das esferas plásti- senhos curvos e detalhes irregulares; ções;
cas nas lajes tipo cogumelo permite o  redução do peso próprio:35% menor,  redução do volume de concreto: 1
aumento dos vãos nas duas direções – permitindo redução nas fundações; kg do plástico reciclável das esferas
a laje é conectada diretamente às colu-  aumento dos intereixos das colu- substitui 100 kg de concreto.

Tabela 1 – SISTEMA BUBBLEDECK


Tipo Espessura Diâmetro
da laje das esferas Vão Carga Concreto
(mm) (mm) (m) (kgf/m²) (m³/m²)
BD230 230 180 7 a 10 370 0,15
BD280 280 225 8 a 12 460 0,19
BD340 340 270 9 a 14 550 0,23
BD390 390 315 10 a 16 640 0,25
Foto 1 – Subsolo com lajes executadas
BD450 450 360 11 a 18 730 0,31
com BubbleDeck

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sicionamento. O painel pronto é apli-


cável para apoios em uma só direção e
necessita da inclusão de vigas suporte
ou paredes (foto 3).

Projeto
Diretrizes básicas para o projeto de
lajes BubbleDeck
As lajes do tipo BubbleDeck bia-
xiais são dimensionadas utilizando-
Foto 2 – Módulo BubbleDeck Foto 3 – Painéis acabados
se os métodos convencionais para
lajes maciças, de acordo com a norma
Na Dinamarca e Holanda, nos úl- é executada. É o tipo mais comum de NBR 6118:03 – Projeto de Estruturas
timos sete anos, mais de um milhão laje BubleDeck e necessita de um de Concreto Armado. A redução da
de metros quadrados de lajes Bubble- guindaste móvel para o posiciona- carga intrínseca é levada em conta,
Deck já foram construídos em dife- mento dos elementos pré-moldados resultando em vantagens nas verifica-
rentes tipos de construções com múl- devido ao seu peso. ções estáticas.
tiplos pavimentos. As partes maciças da laje são defi-
Os diferentes tipos de esferas Módulos BubbleDeck nidas a partir da capacidade de supor-
são especificados de acordo com os As esferas são posicionadas em te de carga cortante sem a utilização
requisitos dos projetos, tais como gaiolas metálicas formando módulos de armadura para resistir aos esforços
os carregamentos e vãos entre colu- que são posicionados sobre fôrmas cisalhantes.
nas. A tabela 1 define características convencionais de madeira, armaduras As esferas ocas são primeiro com-
gerais, quantitativos básicos e ta- adicionais são inseridas e a concreta- binadas com malhas superiores e in-
manhos de vão que podem ser al- gem é executada em dois estágios. Esse feriores de armadura nas fábricas
cançados com o emprego do siste- tipo de laje é ideal para pisos térreos, para formar as pré-lajes BubbleDecks.
ma BubbleDeck. obras de reforma ou em casos de aces- As dimensões das esferas e o espa-
so complicado, pois os módulos Bub- çamento entre elas são variáveis. A fle-
Tipos de lajes bleDeck podem ser transportados e xibilidade resultante desse método
Pré-lajes posicionados manualmente. garante aos módulos uma adaptação
Uma camada de 6 cm de espessu- fácil para qualquer tipo de piso, e a
ra é concretada fixando o módulo Painéis acabados laje pode acomodar tubos e partes de
BubbleDeck composto pelas armadu- As lajes prontas concretadas são instalações. Além disso, podem ser in-
ras superior e inferior e as esferas plás- entregues no local da construção res- cluídas aberturas, mesmo que após a
ticas. Os elementos são posicionados tando fazer apenas o içamento e o po- conclusão da laje.
sobre escoramentos provisórios, as
armaduras adicionais são posiciona-
das e a segunda etapa de concretagem

Foto 4 – Escoramento de vigas Foto 5 – Colocação de painéis Foto 6 – Reforço nas juntas

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COMO CONSTRUIR

Redução substancial de materiais e


Fotos: divulgação BubbleDeck

transportes
Para um milhão de metros quadra-
dos fabricados com a laje maciça há
uma economia de 24,4 mil m3 de con-
creto com a tecnologia BubbleDeck.

Projetos realizados
City Hall and Offices, Glostrup,
Denmark: lajes BD280 (280 mm de es-
Foto 7 – Armadura adicional Foto 8 – Concretagem
pessura). Arquitetura: Dissing & Wei-
tling A/S. Engenheiro: Leif Hansenc
Execução  Remoção do escoramento confor- Primeira construção da Dinamar-
Etapas construtivas para o em- me especificação técnica ca com a tecnologia BubbleDeck, es-
prego do painel BubbleDeck  Acabamentos – nenhum trabalho trutura desenhada pela empresa Dis-
 Escoramento provisório – vigas pa- adicional é necessário a menos que se sing & Weitling.
ralelas espaçadas de 1,8 m a 2,5 m são deseje outro tipo de acabamento dife-
posicionadas (foto 4) rente do concreto aparente Moradia Le Coie, Jersey (GRB)
 Colocação dos painéis BubbleDeck O sistema BubbleDeck possui selo (foto 9)
– elementos pré-moldados posicio- verde devido a uma série de caracterís- A maior estrutura BubbleDeck já
nados com o emprego de equipamen- ticas como: as esferas são produzidas construída na Grã-Bretanha foi exe-
tos mecânicos (foto 5) com material reciclável; redução do cutada em seis semanas. A estrutura
 Reforços nas juntas – armadura de volume de concreto e uso reduzido de contém 7.800 m² de lajes BubbleDeck
ligação entre as peças pré-moldadas e fôrmas de madeira. com colunas de concreto com altura
armadura de ligação entre as malhas A cada metro quadrado construí- entre três e seis andares. Mais de 400
superiores (foto 6) do de laje BubbleDeck (para uma laje mil libras esterlinas foram economi-
 Capitéis – armadura adicional su- de 23 cm) são retirados 1 kg de plásti- zadas, resultando numa redução de
perior na região dos pilares e eventual co do meio ambiente. 3% do custo total do projeto. A con-
armadura de reforço (foto 7) Os vazios obtidos com as esferas tratada também verificou benefícios
 Reforço periférico – colocação de usadas no interior da laje também durante a fase de construção, como
armadura no perímetro da laje, contribuem para um melhor desem- maior rapidez em erguer paredes in-
caso necessário penho acústico. ternas e externas, além de uma insta-
 Preparação – selagem de juntas, Em caso de incêndio as esferas car- lação mais fácil.
limpeza e saturação com água do mó- bonizam sem emitir gases tóxicos. De-
dulo pré-moldado pendendo da cobertura a resistência Millennium Tower, Rotterdam,
 Concretagem – lançamento, aden- ao fogo pode variar de 60 a 180 minu- Netherlands (foto 10)
samento do concreto de segundo es- tos (verificações realizadas de acordo Originalmente projetada com lajes
tágio (foto 8) com a ISO 834). tubadas, percebeu-se uma economia
de tempo e dinheiro consideráveis na
utilização das lajes BubbleDeck. Ado-
tar BubbleDeck significou também
uma redução no pé-direito devido à
não utilização de vigas, diminuindo a
altura geral da construção. Outra con-
sideração foi a falta de espaço de arma-
zenamento no local da obra, pois se si-
tuava em vias arteriais e rodovias. Os
pisos foram erguidos, em média, na
metade do tempo – quatro dias em vez
de oito dias – que levaria se fosse cons-
truída com as lajes originais. Na meta-
de da construção, foi decidida a adição
de dois andares em relação ao projeto
inicial, o que só foi possível pela redu-
ção de altura da construção dada pelo
Foto 9 – Moradia Le Coie Foto 10 – Millennium Tower uso das lajes BubbleDeck.

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