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capa tech 139.

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a revista do engenheiro civil


téchne 139 outubro 2008

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 139 ano 16 outubro de 2008 R$ 23,00
SUBSOLOS
Rebaixamento
de lençol freático
Kumar Mehta ■ Gestão de carreira ■ Lençol freático ■ Casa Concreto/PVC ■ Segurança do trabalho ■ Transporte de materiais ■ Steel frame ■ Elevadores

ENTREVISTA SEGURANÇA SISTEMA


Kumar Mehta: DO TRABALHO CONSTRUTIVO
concreto Como fazer um Casa
sustentável plano de gestão Concreto/PVC
00139

9 77 0 1 04 1 0 50 0 0
ISSN 0104-1053

Rodrigo Martins
gerente de Paula Petroni
planejamento e controle engenheira
SCHAHIN coordenadora Fabio Villas Bôas
GAFISA diretor técnico
TECNISA

Gestão de carreira
Setor aquecido volta a valorizar profissionais.
Saiba como aproveitar a onda de oportunidades,
mas com responsabilidade e profissionalismo
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SUMÁRIO
CAPA
46 Futuro planejado
Boom imobiliário, crescimento econômico e
falta de profissionais levam engenheiros
a planejar mais sua carreira

54 ELEVADORES –
PINI 60 ANOS
Subida rápida
Dos elevadores pantográficos aos
elevadores sem casa de máquinas

58 INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS
Pressão reduzida
Força da coluna d'água e risco de
rompimento de equipamentos exige
controle da pressão da água

60 ARTIGO
Racionalização do transporte de
materiais em edificações
Fotos: Marcelo Scandaroli

Pesquisadores da Universidade Federal


do Paraná propõem medidas para
racionalizar movimentação

77 COMO CONSTRUIR
Steel frame – Fechamento – parte 3
32 SISTEMAS Veja como executar as paredes internas
CONSTRUTIVOS e externas da casa
Construção plástica
Braskem amplia unidade administrativa
em Paulínia (SP) com escritórios
SEÇÕES
Editorial 2
de Concreto/PVC
Web 6
Área Construída 8
36 DRENAGEM Índices 14
Recalques indesejáveis
IPT Responde 16
Riscos de colapsos levam prefeituras
24 a restringir rebaixamento de
lençol em áreas urbanas
Carreira
Melhores Práticas
Técnica e Ambiente
18
22
30
P&T 66
ENTREVISTA 40 SEGURANÇA Obra Aberta 70
Concreto sustentável Contra as estatísticas
Agenda 74
"Papa" mundial do concreto, Povindar Ex-recordista de acidentes, setor
Kumar Mehta defende a redução de da construção investe mais em Capa
clínquer no cimento e menos segurança do trabalho mas Layout: Lucia Lopes
cimento na pasta de concreto tropeça nos índices elevados Foto: Marcelo Scandaroli

1
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EDITORIAL
Concreto, Shiva e a VEJA EM AU
verdadeira sustentabilidade
ovindar Kumar Mehta acaba de lançar, em parceria com o
P engenheiro brasileiro Paulo Monteiro, a 3a edição do livro
"Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais", editado pelo
Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). Em rápida passagem
pelo País, onde ministrou a palestra “Uma Proposta Sustentável  João Filgueiras Lima, Lelé
para os Cimentos do Futuro”, Mehta defendeu duas medidas  Comperj, Itaboraí
 Showroom Drastosa
polêmicas: a redução do clínquer no cimento e a diminuição de
cimento na pasta de concreto. O autor reconhece a importância de
VEJA EM
reduzir o consumo de água e energia nas edificações, mas chama a CONSTRUÇÃO MERCADO
atenção para os processos de fabricação dos materiais de
construção. Critica severamente o governo dos Estados Unidos, país
onde leciona, por não ter assinado o Protocolo de Kyoto – acordo
para a redução dos gases de efeito estufa. As chamadas cinzas
volantes, pozolanas e microssílicas constituem, na opinião dele, os
elementos necessários para reduzir as emissões da indústria
cimenteira, pois substituem parte do clínquer que precisa ser  Construção sustentável
produzido pelo processo de queima. Para ilustrar a proposta, Mehta  Gestão de riscos
 Copa 2014
recorre à mitologia hindu. Os homens, na sua ganância, teriam  Baixa renda
contaminado os mares. Shiva então absorveu toda a água
contaminada do oceanos. Em vez de se envenar como temiam os VEJA EM EQUIPE DE OBRA
deuses, Shiva tornou-se azul e nada lhe aconteceu. A indústria do
cimento seria Shiva. Poderia “absorver” ainda mais os resíduos de
vários processos industriais e utilizá-los como matéria-prima, como
é feito hoje parcialmente. Mehta não se esqueceu de recomendar
aos projetistas que reduzam o volume de concreto em seus projetos
e utilizem concretos de maior durabilidade. Esse seria, na visão do
professor, o verdadeiro concreto sustentável.  Instalações elétricas
 Espaçador de armaduras
 Estimativa de tijolos
Paulo Kiss  Steel frame

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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Gerenciamento de carreira
Não existe uma regra para o sucesso em uma carreira, mas é fato que a atualização
Fórum Téchne
constante rende pontos a favor do candidato que disputa uma vaga de trabalho. Em O site da revista Téchne tem um espaço
complemento à reportagem, confira algumas opções de cursos de atualização profissional. dedicado ao debate técnico e qualificado
dos principais temas da engenharia.
Confira o tema em andamento.

Você é a favor da paridade de


diploma entre os países?
Sou a favor desde que o currículo escolar
seja igual ao de nossas universidades.
Seria muito fácil um profissional
estrangeiro atuar no País como
engenheiro ou arquiteto com formação e
carga horária equivalentes a um curso
Tecnológico no Brasil. Fora que o sistema
Confea/Crea cumpre de forma sofrível
sua atividade de fiscalizar o exercício
Marcelo Scandaroli

profissional. Talvez, na verdade, as


empresas é que iriam se beneficiar de tal
paridade, pois quanto maiores as ofertas
de mão-de-obra, menores os salários.
Fabiano Luiz da Costa [02/10/2008]
Construção plástica
Claro. O mundo vive uma época em
O sistema de Concreto/PVC foi
que profissionais podem e devem
adotado na construção da
trocar informações e conhecimentos
unidade administrativa de
além de fronteiras e oceanos.
indústria da Braskem em
O progresso está na integração dos
Paulínia (SP). Para entender
conhecimentos e a engenharia civil no
mais sobre o sistema confira,
Brasil, apesar de contar com ótimos
no site da Téchne, passo-a-
Divulgação Braskem

profissionais, ainda é carente de


passo de instalação do
tecnologia. Somos tão competentes
Concreto/PVC fornecido pela
quanto os engenheiros de outros
Royal do Brasil Technologies.
países e já estamos aptos a contribuir
um pouco com a engenharia mundial.
Marcelo Scandaroli

Gabriel Carvalho [30/09/2008]

Gestão de segurança Conceitualmente sou a favor, encaro


Mais que EPIs, redução do elevado como ampliação de possibilidades de
índice de acidentes nos canteiros trabalho. Porém, hoje o Brasil está
depende de mudança da cultura precisando de engenheiros, passamos
organizacional e implantação efetiva de anos com a construção civil em baixa e
planejamento de segurança. Confira logo agora que estamos em alta vamos
mais a respeito do tema em outras aumentar a oferta e conseqüentemente
reportagens sobre o assunto já reduzir os salários?
publicadas pela Editora PINI. Bernardo Corrêa Neto [30/09/2008]

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ÁREA CONSTRUÍDA
Portland constrói bairro sustentável Furnas implanta
A administração da cidade de Portland, que ocupam uma área de aproximada- assinatura digital para
nos Estados Unidos, está construindo, mente 150 mil m² às margens do rio
junto com a iniciativa privada, um bair- Willamette. É parte de um projeto
seus projetos
ro inteiro de edifícios a serem certifica- maior de renovação urbana de uma an- Furnas Centrais Elétricas implementou
dos com o selo ambiental LEED (Lea- tiga e desvalorizada região industrial um sistema de assinatura digital de seus
dership in Energy and Environmental conhecida como North Macadam, pró- projetos técnicos de Engenharia.A ferra-
Design). Chamado de South Water- xima ao Centro da cidade. A primeira menta substitui,inclusive juridicamente,
front, o novo bairro tem 17 quarteirões, etapa do projeto iniciou-se em 2004. Já uma assinatura de próprio punho e ga-
foram construídas cinco torres de edifí- rante a autenticidade e integridade de
cios residenciais. Uma torre residencial documentos enviados eletronicamente.
e um centro médico ligado à Universi- Furnas tem a intenção de exigir a utiliza-
dade de Saúde e Ciências de Oregon (na ção da tecnologia de todas as empresas
Divulgação: Interface Engineering

foto) estão em fase de execução. Mais parceiras. A exigência ocorrerá após a


duas devem começar a ser construídas elaboração de uma instrução normativa
em 2009.O bairro é também certificado e o estabelecimento de prazos e metas
com o selo Salmon Safe, pela iniciativa para atendimento a essa demanda. As
de recuperação e manutenção da quali- certificações de todos os projetos deve-
dade da água do rio Willamette. rão respeitar um padrão único.

Congresso discute concreto para infra-estrutura


O 50o Congresso Brasileiro do Concre- festou sobre os problemas resultantes concerto (1.800 lugares), ópera (1.300
to realizado em setembro na cidade de da velocidade da execução das obras. lugares), sala de música de Câmara
Salvador reuniu profissionais de todo "Não há uma preocupação adequada (500 lugares), salas de ensaio, adminis-
o País para discutir as tecnologias do com a cura do concreto. Podemos es- tração, conjunto de lazer com cinema
material. Entre as principais temáticas, perar alguns dias a mais. Há constru- e restaurante. O prédio também será
discussões sobre o concreto para infra- ções romanas de dois mil anos em sede da Orquestra Sinfônica Brasileira.
estrutura e para a preservação ambien- bom estado, por que nós não conse- O Simpósio sobre CCR (Concreto
tal. Foram realizadas 413 palestras téc- guimos isso?", criticou. Compactado com Rolo) realizado em
nico-científicas, 11 conferências plená- O engenheiro Paulo Monteiro discor- paralelo ao Congresso discutiu, com
rias, workshops e simpósios. Entre os reu sobre a caracterização da nanoes- quórum expressivo, as melhores prá-
destaques, a proposta do professor da trutura e microesturura do concreto ticas do sistema construtivo. "Não
universidade de Berkeley (EUA), Po- para a otimização da sua durabilida- havia uma discussão em eventos
vindar Kumar Mehta, pelo uso mais de. Já Surenda Shah, professor da Uni- desse tipo há dez anos, estava na
eficiente do concreto, o que implicaria versidade norte-americana North- hora", afirmou o presidente do Ibra-
a redução do uso do próprio produto, western, revelou que a instituição es- con (Instituto Brasileiro do Concre-
do cimento e do clínquer. "A maioria tuda a utilização de fibras de celulose. to) Rubens Machado Bittencourt.
dos países baseou-se nas normas ame- As linhas, as dimensões, os apoios del- Durante o Congresso, houve ainda o
ricanas, que não consideram um uso gados e a quantidade de escoramento lançamento da nova edição do livro
eficiente. Se há problema, colocamos do projeto da Cidade da Música, loca- Concreto – Microestrutura, Proprie-
mais concreto. Os arquitetos podem lizada no Rio de Janeiro, impressiona- dades e Materiais, de autoria de Po-
auxiliar nessa questão também com ram o público durante a apresentação vindar Kumar Mehta e Paulo Montei-
seus projetos", afirmou após a plenária do calculista estrutural Bruno Conta- ro, além da premiação dos profissio-
"Ternary Blended Cements – A Power- rini. Projetado em cimento branco de- nais que se destacaram em 2008.
Ful Tool for Sustainable Structures of senvolvido para a obra, o empreendi- Confira relação completa dos premia-
The Future". Mehta também se mani- mento abrigará uma grande sala de dos em www.revistatechne.com.br.

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ÁREA CONSTRUÍDA

Metrô realiza mais uma megaconcretagem


Mais de 4,3 mil m³ de concreto passado, o Consórcio Via Amarela
foram aplicados de uma só vez na realizou duas concretagens seme-
execução da laje de fundo do Poço lhantes na execução dos poços Norte
Sul da estação Vila Prudente da linha e Sul da estação Luz da Linha 4 –
Verde do Metrô de São Paulo. A con- Amarela. A construção da estação
cretagem – realizada a uma taxa de Vila Prudente, a cargo da Andrade
75 m³/h – durou 58 horas, 12 horas a Gutierrez, faz parte do plano de ex-
menos que o previsto no planeja- pansão da Linha 2 – Verde para a
mento do serviço. A peça concretada zona Leste da cidade de São Paulo.

Divulgação: Metrô-SP
possui 43 m de diâmetro e 3,20 m de Após sua entrega, prevista para 2010,
espessura. O concreto foi resfriado será integrada ao corredor de ônibus
com gelo e lançado por meio de qua- Expresso Tiradentes e deverá receber
tro bombas. Em novembro do ano cerca de 75 mil usuários por dia.

Associação amplia lista de destinatários de resíduos à base de gesso


A Associação Drywall incluiu três Balsa Nova (PR) e Imbituba (SC). Ini- de cimento passaram a utilizar o
novas ATTs (Áreas de Transbordo e cialmente, os locais de destinação do gesso, cerca de 4% a 5% da composi-
Triagem) em sua lista de recomenda- gesso eram as próprias fábricas de ção do insumo, como retardante de
ções de destinatários dos resíduos de materiais à base do insumo, que os pega. A Associação Drywall mantém
produtos à base de gesso, somando reincorporavam em seu processo pro- em seu site a relação atualizada dessas
oito locais. Pela primeira vez, a entida- dutivo, e a agricultura, na qual o pro- unidades, com seus respectivos ende-
de recomenda empresas fora do mu- duto era utilizado para melhorar as reços, telefones e responsáveis técni-
nicípio de São Paulo. As novas ATTs qualidades do solo e corrigir seu teor cos. Mais informações no endereço
estão localizadas em Contagem (MG), de acidez. Recentemente, as fábricas www.drywall.org.br.
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ÁREA CONSTRUÍDA

CDHU incorpora conceito de acessibilidade a projetos de casas populares


A CDHU (Companhia de Desenvolvi- 90 cm, que permitem a passagem de
mento Habitacional e Urbano) de São cadeiras de rodas e maior mobilidade
Paulo apresentou em setembro um para pessoas com restrições motoras.
novo modelo a ser adotado em suas Tomadas, interruptores de luz, pias e
casas populares. O novo padrão ar- janelas serão adaptados com altura

Clovis Deangelo/CDHU
quitetônico incorpora conceitos de adequada a todos os usuários. Cam-
Desenho Universal, estabelecidos para painhas com sinais sonoros e lumi-
facilitar a vida de pessoas com defi- nosos para deficientes auditivos ou vi-
ciência temporária ou permanente, suais, pisos antiderrapantes e com
crianças, idosos, gestantes e obesos. ciência. Segundo a companhia, as diferença de textura também serão in-
Para viabilizar o projeto, foi assinada novas casas terão banheiros maiores corporados ao projeto. As áreas co-
uma resolução conjunta entre a Secre- com barras de apoio na porta, próxi- muns do condomínio passam a ter
taria da Habitação e a Secretaria de Es- mas ao sanitário e ao chuveiro, e vãos rampas de acesso e faixas elevadas
tado dos Direitos da Pessoa com Defi- de portas e corredores ampliados para para a travessia de ruas.

Argentina e Chile construirão túnel sob a Cordilheira dos Andes


O governo da Argentina declarou em to. A licitação para a construção da a execução do túnel de 23 km de com-
setembro que considera de interesse passagem subterrânea transandina primento e 9,5 m de diâmetro a 2,5
público o projeto de construção de deverá ocorrer em 2009 e custará mil m de altitude. O projeto inclui
um túnel ferroviário sob a Cordilhei- cerca de US$ 3 bilhões. Seu prazo esti- ainda a construção de estações multi-
ra dos Andes, que ligará o país ao mado de construção é de oito a dez modais nas duas pontas do túnel para
Chile. O governo chileno havia feito anos. Até a licitação, serão realizados o transporte de passageiros, veículos
uma declaração semelhante em agos- os estudos de viabilidade técnica para leves e caminhões.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Metrô realiza mais uma megaconcretagem


Mais de 4,3 mil m³ de concreto passado, o Consórcio Via Amarela
foram aplicados de uma só vez na realizou duas concretagens seme-
execução da laje de fundo do Poço lhantes na execução dos poços Norte
Sul da estação Vila Prudente da linha e Sul da estação Luz da Linha 4 –
Verde do Metrô de São Paulo. A con- Amarela. A construção da estação
cretagem – realizada a uma taxa de Vila Prudente, a cargo da Andrade
75 m³/h – durou 58 horas, 12 horas a Gutierrez, faz parte do plano de ex-
menos que o previsto no planeja- pansão da Linha 2 – Verde para a
mento do serviço. A peça concretada zona Leste da cidade de São Paulo.

Divulgação: Metrô-SP
possui 43 m de diâmetro e 3,20 m de Após sua entrega, prevista para 2010,
espessura. O concreto foi resfriado será integrada ao corredor de ônibus
com gelo e lançado por meio de qua- Expresso Tiradentes e deverá receber
tro bombas. Em novembro do ano cerca de 75 mil usuários por dia.

Associação amplia lista de destinatários de resíduos à base de gesso


A Associação Drywall incluiu três Balsa Nova (PR) e Imbituba (SC). Ini- de cimento passaram a utilizar o
novas ATTs (Áreas de Transbordo e cialmente, os locais de destinação do gesso, cerca de 4% a 5% da composi-
Triagem) em sua lista de recomenda- gesso eram as próprias fábricas de ção do insumo, como retardante de
ções de destinatários dos resíduos de materiais à base do insumo, que os pega. A Associação Drywall mantém
produtos à base de gesso, somando reincorporavam em seu processo pro- em seu site a relação atualizada dessas
oito locais. Pela primeira vez, a entida- dutivo, e a agricultura, na qual o pro- unidades, com seus respectivos ende-
de recomenda empresas fora do mu- duto era utilizado para melhorar as reços, telefones e responsáveis técni-
nicípio de São Paulo. As novas ATTs qualidades do solo e corrigir seu teor cos. Mais informações no endereço
estão localizadas em Contagem (MG), de acidez. Recentemente, as fábricas www.drywall.org.br.
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ÍNDICES
Frete alto
Custos de transporte puxam alta de
preços de insumos em São Paulo

IPCE (Índice PINI de Custos de


O Edificações) encerrou o mês de se-
tembro apresentando alta de 0,71%.
No mesmo mês, a variação do IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado),
medido pela Fundação Getúlio Vargas,
foi de apenas 0,11%.
A diferença entre o IPCE e o IGP-
M deve-se, sobretudo, ao aumento dos
fretes, mais sentido pela indústria de
materiais de construção. Insumos
como areia lavada média e bloco cerâ-
mico de vedação 9 cm x 19 cm x 19 cm
sofreram aumento de 3,27% e 8,16%.
A areia lavada média, que em agosto
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
custava R$ 68,89/m³, passou a custar
Mês e Ano IPCE – São Paulo
em setembro R$ 71,14/m³. O milheiro
global materiais mão-de-obra
do bloco cerâmico de vedação pulou
Set/07 114.636,80 54.119,10 60.517,71
de R$ 328,60 para R$ 355,40.
out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
Após seguidos reajustes, a barra
nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
de aço CA-50 3/8" (Ø = 10 mm =
dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
0,617 kg/m) apresentou a menor alta
jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
em três meses. Em setembro, o reajus-
fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
te foi de 3,11%, e o preço saltou de R$
mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
4,53/kg para R$ 4,67/kg.
abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71
Cimento Portland CPII e a pedra
mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99
britada no 2 foram outros itens a sofrer
jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99
reajuste em setembro. O primeiro apre-
jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99
sentou alta de 2,10%, e o segundo,
ago 129.006,55 63.527,56 65.478,99
0,61%. O tubo de ferro fundido PP para
Set/08 129.925,73 64.446,74 65.478,99
esgoto e águas pluviais (Ø=100 mm) e a
Variações % referente ao último mês
manta butílica (espessura de 0,80 mm)
mês 0,71 1,45 0,00
não tiveram seus preços reajustados.
acumulado no ano 12,65 17,57 8,20
Com os aumentos, construir em
acumulado em 12 meses 13,34 19,08 8,20
São Paulo ficou em média 13,34%
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
mais caro nos últimos 12 meses de
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
acordo com Índice PINI de Custos de
pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com
Edificação. Entretanto, apesar da alta
pesquisa na última semana do mês de referência.
mais acentuada de preços em setem-
Fonte: PINI
bro, o acumulado pelo IGP-M, medi-
do pela Fundação Getúlio Vargas,
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ainda é de 1,03 pontos percentuais in- ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
ferior (12,31%). economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para:


iptresponde@pini.com.br

Pontos de tomada
Quantos pontos de tomada são um equipamento, sendo recomendá-
recomendados em cada ambiente de uma vel equipá-lo, portanto, com a quanti-
residência? dade de tomadas julgada adequada.
Nelson Rugheri Em cada um dos demais cômodos e
Curitiba dependências de habitação devem ser
previstos, pelo menos: um ponto de

Marcelo Scandaroli
De acordo com a norma brasileira tomada, se a área do cômodo ou de-
NBR 5410 – Instalações Elétricas de pendência for igual ou inferior a 2,25
Baixa Tensão, o número de pontos de m2. Admite-se que esse ponto seja po-
tomada deve ser determinado em fun- sicionado externamente ao cômodo
ção da destinação do local e dos equi- mo duas tomadas de corrente, no ou dependência, a até 0,80 m, no má-
pamentos elétricos que podem ser aí mesmo ponto ou em pontos distintos; ximo, de sua porta de acesso; um
utilizados, observando-se, no míni- em varandas, deve ser previsto pelo ponto de tomada, se a área do cômodo
mo, os seguintes critérios: em banhei- menos um ponto de tomada; em salas ou dependência for superior a 2,25 m2
ros, deve ser previsto pelo menos um e dormitórios deve ser previsto pelo e igual ou inferior a 6 m2; um ponto de
ponto de tomada, próximo ao lavatório; menos um ponto de tomada para tomada para cada 5 m, ou fração, de
em cozinhas, copas, copas-cozinhas, cada 5 m, ou fração, de perímetro, de- perímetro, se a área do cômodo ou de-
áreas de serviço, cozinha-área de servi- vendo os pontos serem espaçados tão pendência for superior a 6 m2, deven-
ço, lavanderias e locais análogos, deve uniformemente quanto possível. Par- do esses pontos serem espaçados tão
ser previsto no mínimo um ponto de ticularmente no caso de salas de estar, uniformemente quanto possível.
tomada para cada 3,5 m, ou fração, de deve-se atentar para a possibilidade de Douglas Messina
perímetro, sendo que acima da banca- que um ponto de tomada venha a ser Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do
da da pia devem ser previstas no míni- usado para alimentação de mais de Ambiente Construído)

Chapisco
Que traço deve ter a "boiaca", o chapisco gem é a limpeza do teto, com escovação tos nas proximidades. Se em alguns tre-
que serve como ponte de aderência para e hidrojateamento, removendo-se com- chos do teto a camada de gesso resultar
gesso em tetos? Como deve ser aplicado? pletamente o desmoldante. A boiaca muito grossa (em torno de 1,5 cm, por
Donato Menezes deve ser aplicada com rolo de espuma exemplo), é recomendável que o gesso
São Paulo para textura grossa, sendo desejável seja aplicado em duas vezes. Tanto cui-
aplicação com dupla camada, de forma dado assim pode parecer bobagem,
A "boiaca" deve ser preparada com que a superfície fique bem rugosa. O mas já temos constatado importantes
areia grossa lavada – um volume de ci- ideal é que a segunda aplicação da destacamentos do revestimento de
mento para um volume de areia.A água boiaca seja feita um ou dois dias antes tetos, às vezes, no período de até uma
de amassamento deve ser preparada da aplicação do gesso, devendo-se evi- semana após a aplicação.
diluindo-se aproximadamente 1 l de tar, entre as sucessivas aplicações, que o Ercio Thomaz
resina PVA (Bianco, Rhodopás etc.) em teto fique impregnado com poeira re- Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do
4 l de água. O principal segredo da cola- sultante, por exemplo, de serviços fei- Ambiente Construído)

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CARREIRA
Engenheiro de
Segurança do Trabalho
Profissional deve planejar detalhadamente os cuidados necessários em cada
etapa para garantir a integridade física dos funcionários da obra

V ale a pena se especializar em


Engenharia de Segurança do
Trabalho? A contratação desse en-
"A desvantagem nessa modalida-
de é que [para a empresa ser obrigada
a contratar um Engenheiro de Segu-
cebe um crescimento na procura por
consultores na Construção Civil.
Opinião compartilhada pela coorde-
genheiro pelas empresas está previs- rança do Trabalho] o número míni- nadora da pós-graduação em Enge-
ta na NR-4 (Norma Regulamenta- mo estipulado pela NR-4 é de 501 em- nharia de Segurança do Trabalho da
dora n o 4), que determina quantos pregados, o que faz com que o campo UFRJ (Universidade Federal do Rio
Engenheiros de Segurança e Médi- de trabalho fique restrito a poucas de Janeiro), Cláudia do Rosário Vaz
cos do Trabalho a empresa deve construtoras com esse porte", afirma Morgado. "O grande mercado para o
contratar, levando em conta o ta- Bruno Caruso Bilbao Adad, enge- engenheiro de segurança é prestando
manho do quadro de funcionários e nheiro de segurança do Senai (Servi- consultoria, já que o Brasil possui
do grau de risco das atividades exer- ço Nacional de Aprendizagem Indus- muitas empresas pequenas e médias
cidas pela companhia. trial) do Paraná. Entretanto, ele per- com poucos funcionários", explica.

O profissional
desenvolvem o PCMAT (Programa de canteiro – e eventualmente com o de
Condições e Meio Ambiente de Trabalho) e Marketing – para solicitar as placas para
o PPRA (Programa de Prevenção de as obras, o padrão dos tapumes etc.
Riscos Ambientais). Chamo empresas que
fazem apresentações para os Quais as maiores dificuldades
trabalhadores nos canteiros. Oriento os no trabalho?
Marcelo Scandaroli

técnicos a sempre conversarem com os O que dá mais trabalho é conscientizar a


funcionários. Além disso, faço a inspeção equipe da obra quanto aos requisitos da
do canteiro e deixo o relatório na obra NR-18. É difícil fazer alguns funcionários
para que sejam tomadas as perceberem que a segurança é parte
André Luiz Simões medidas necessárias. importante do trabalho do operário, não
gerente de Segurança do Trabalho da BKO só sua produtividade.
Engenharia Com que outras áreas da empresa
você normalmente se relaciona? Do que você mais gosta
Como é sua rotina diária? Meu relacionamento praticamente diário na profissão?
Eu supervisiono uma equipe de técnicos é com os departamentos de Suprimentos De tudo, mas fico especialmente eufórico
volante. No início da obra, o gerente de – para verificar a conformidade dos quando vejo que uma sugestão que dei foi
obra solicita nossa ida ao local para equipamentos com os itens de útil, quando vejo que as pessoas se
desenvolver o projeto da área de vivência. segurança –, de Engenharia – para conscientizaram sobre a importância de
Acompanho o trabalho das empresas que discutir as ações a serem tomadas no se preocupar com sua segurança.

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A função do profissional é orga-


nizar e planificar, para cada etapa da Currículo
obra, os cuidados que devem ser to-
Atribuições: estudar as condições de especialidade) ou Arquitetura, pós-
mados para neutralizar as situações
segurança dos locais de trabalho e graduação em Engenharia de
de risco possíveis no dia-a-dia do
equipamentos; planejar e desenvolver a Segurança do Trabalho.
canteiro. "Ele deve ter um sentido
implantação e técnicas relativas a Experiência: desejável vivência em
apurado de percepção do meio am-
gerenciamento e controle de riscos; canteiro de obras.
biente da obra, assim como antever as
vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, Aptidões: domínio da NR-17 e da NR-18;
reações e os comportamentos dos co-
emitir pareceres e laudos técnicos; conhecimento dos processos de
laboradores no processo", explica
especificar, controlar e fiscalizar sistemas produção, facilidade na comunicação com
Adad. Para tanto, ele deve lidar com
de proteção coletiva e equipamentos de os trabalhadores; capacidade de antever
todas as áreas relacionadas ao em-
segurança, inclusive os de proteção riscos e perigos no cotidiano do canteiro.
preendimento – Diretoria, Engenha-
individual, dentre outras. Remuneração inicial: seis salários
ria, Compras, Recursos Humanos,
Formação: Engenharia (qualquer mínimos.
Cipa (Comissão Interna de Preven-
ção de Acidentes). Uma parceria im-
portante, segundo Cláudia, da UFRJ,
é com o departamento de Medicina liares do processo de produção na Segurança do Trabalho devem plane-
do Trabalho da empresa. "Quando o construção brasileira. "É um processo jar e acompanhar com mais cuidado.
médico nota que um determinado industrial ainda predominantemente "São fases muito dinâmicas, com
grupo de trabalhadores vem apresen- manufatureiro, que exige dos traba- muitos trabalhadores e diversas ativi-
tando sintomas semelhantes, é sinal lhadores muito esforço físico", lem- dades ocorrendo ao mesmo tempo",
da existência de um agente no am- bra Cláudia Morgado. explica. Para Adad, o profissional
biente de trabalho. É aí que entra o De acordo com Bruno Adad, um também deve estar atento às ativida-
engenheiro, que deve remodelar os dia típico do engenheiro de seguran- des de execução da estrutura. Nessa
processos para eliminar a causa des- ça começa pela inspeção do canteiro, etapa há riscos de queda de grandes
ses problemas", explica a professora. observando com atenção as condi- alturas, de choques elétricos durante
Tanto engenheiros (de qualquer es- ções de trabalho. Munido de um o manuseio dos equipamentos e de
pecialidade) quanto arquitetos podem checklist, ele passeia pela obra, verifi- acidentes na operação das serras cir-
se especializar em engenharia de segu- cando as atividades que estão sendo culares na confecção das fôrmas.
rança do trabalho. A carga mínima de executadas no dia, as condições das E quanto à remuneração? "Varia
600 horas-aula pode ser completada proteções coletivas e o uso adequado regionalmente, mas vai de seis salários
em 12 ou 18 meses.Para Cláudia,ter ex- dos EPI's. "Normalmente, quando a mínimos a mais de 20, em casos espe-
periência anterior em canteiro de obras construtora tem um engenheiro de ciais", afirma Adad. Segundo Cláudia,
não é condição indispensável para in- segurança, conta também com Téc- alunos já saíram de seu curso de pós-
gressar no mercado de trabalho. Entre- nicos de Segurança, que são os 'olhos' graduação com salários iniciais maio-
tanto, para Adad, do Senai-PR, dado o do engenheiro", explica Adad. Com o res do que R$ 10 mil. Se, mesmo com o
elevado grau de risco do setor (3, numa checklist consolidado, o profissional mercado aquecido o Engenheiro de
escala que vai até 4), é aconselhável que planifica as ações necessárias para Segurança não encontrar trabalho na
o profissional tenha vivenciado por al- neutralizar os eventuais riscos cons- Construção Civil, ainda tem a opção
guns anos a rotina de uma obra. "Não é tatados e negocia com o engenheiro de mudar de área. Nesse setor, os pro-
determinante, mas é desejável, uma vez responsável pela obra a implantação fissionais são responsáveis pelo geren-
que as atividades no canteiro são muito de medidas de proteção. Se necessá- ciamento e pela análise de riscos am-
dinâmicas e os riscos estão presentes a rio, pode até solicitar a interrupção bientais decorrentes das atividades da
cada momento", defende. de atividades que, a seu ver, tragam empresa. "O engenheiro de segurança
Na Construção Civil, esse enge- risco e perigo de acidente grave e imi- na construção civil tem características,
nheiro deve dominar as normas de se- nente. "Essa é uma tarefa desgastante adquiridas no dia-a-dia de uma obra,
gurança. Destaque para a tradicional e difícil", sublinha o engenheiro. que fazem com que ele possa encarar
NR-18, de Condições e Meio Am- As etapas iniciais da obra, sobre- com tranqüilidade ambientes mais 'es-
biente de Trabalho na Indústria da tudo as fases de escavação e de funda- táveis',como uma indústria,por exem-
Construção, e para a NR-17, de Ergo- ções, são, na opinião de Cláudia Mor- plo", acredita Adad.
nomia, devido às características pecu- gado, aquelas que os engenheiros de Renato Faria

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MELHORES PRÁTICAS
Protensão aderente de pré-moldados
Sistema é composto por bainhas e cordoalhas de protensão,
aderidas ao pré-moldado por uma nata de cimento

Montagem Corte e
A partir dos projetos de detalhamento, montagem
os cabos são instalados (elevados) após
a montagem das armaduras passivas
das cordoalhas
das vigas. Atenção especial com a região Nessa etapa os cabos são
de ancoragem e do nicho, cuja face deve preparados por meio do corte
ser perpendicular ao cabo. adequado das cordoalhas.
Suas pontas devem contar
Fotos: Marcelo Scandaroli

com um comprimento
adicional para o encaixe dos
macacos de protensão. Em
seguida, as cordoalhas são
inseridas nas bainhas e
posicionadas no interior da
armação de aço doce.

Colocação das placas de ancoragens


Cuidado especial deve ser tomado
durante a instalação das placas de
ancoragens, para que as cordoalhas
mantenham o perfil de projeto, de
modo a ficarem alinhadas com a frente
e fundo do macaco.

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Equipamentos Protensão
Todos os equipamentos (macacos e bombas) deverão O macaco e a bomba de protensão
ser calibrados e aferidos antes da execução dos devem ser dimensionados levando em
serviços de protensão. consideração a força de protensão
determinada em projeto.

Injeção de nata de cimento


Após aprovação dos alongamentos pelo deverá ser acompanhado e aprovado
calculista, é executada a injeção de pela empresa de controle
nata de cimento. O traço dessa mistura tecnológico de concreto.

Colaboração: engenheiro Evandro Porto Duarte, diretor da MAC – Sistema Brasileiro de Protensão

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ENTREVISTA
Concreto sustentável
"Papa" do concreto, Kumar Mehta defende a redução de clínquer no cimento
Portland e menos cimento na mistura, para tornar o material "mais"
sustentável. Alvos são as fábricas e projetistas

Marcelo Scandaroli
POVINDAR
KUMAR MEHTA
Engenheiro químico por formação na
Universidade de Delhi (Índia), o
especialista indiano é mestre na
Universidade Estadual da Carolina do
Norte e doutor em Ciência e
Engenharia de Materiais da
Universidade da Califórnia, em
Berkeley. Professor Emeritus em
Engenharia Civil na Universidade de
Berkeley, Mehta se aposentou em
1993 após lecionar durante 30 anos
sobre concreto. Em 2006, suas
décadas de pesquisa na utilização de
cinzas volantes no concreto foram
aquecimento global deve-se em quer para produzir o cimento. Segun-
reconhecidas pelo Coal Combustion
Products Partnership. É também
membro honorário do ACI (American
O grande parte à emissão de CO2. Na
indústria do concreto, 90% da emissão
do Mehta, cerca de 50% a 70% da
massa de clínquer presente no cimento
Concrete Institute) e Ibracon de carbono ocorre nos fornos que Portland pode ser substituída por di-
(Instituto Brasileiro do Concreto). queimam o clínquer. É assim que Po- versos materiais complementares. En-
vindar Kumar Mehta, professor da tre os exemplos estão as cinzas volan-
Universidade de Berkeley (USA), tenta tes, pozolanas naturais e cinzas de casca
convencer o setor da construção a re- de arroz. O especialista propõe que
pensar a fórmula e o próprio uso do pelo menos dois desses materiais sejam
concreto. Mehta realizou palestras no utilizados de forma complementar ao
50o Congresso Brasileiro do Concreto e clínquer, substituindo 40% em massa.
também na Poli-USP (Escola Politéc- Durante o Congresso, organizado pelo
nica da Universidade de São Paulo) Ibracon (Instituto Brasileiro do Con-
sobre o tema "A Glimpse into Sustain- creto), o indiano lançou a terceira edi-
ableTernary-blended Cements of the ção do livro "Concreto: Microestrutu-
Future". Sua proposta inclui a atuação ra, Propriedades e Materiais". O brasi-
em três frentes, mas que têm uma pala- leiro Paulo Monteiro, que também le-
vra em comum: redução. Mehta defen- ciona na faculdade norte-americana, é
de que se consuma menos concreto nas novamente co-autor do livro. A edição
novas estruturas, menos cimento nas recebeu novos capítulos e um CD com
misturas para concreto e pouco clín- vídeos e outras informações.

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Uma de suas propostas para uma convencer,de forma maciça,os arquite-


construção mais sustentável é reduzir tos e projetistas a utilizarem materiais e
o consumo de concreto, do cimento e
“Estou tentando soluções ecológicas em seus projetos.
diminuição do clínquer no último. Os dizer ao pessoal do São eles que especificam os detalhes
profissionais e a indústria estão dos projetos e que movem a indústria.
preparados para essa mudança?
LEED que deveriam São eles que movem também a indús-
Eu não considero que haja resistência ir direto à questão da tria do concreto. Quer gostem ou não,
por parte dos arquitetos, engenheiros os fabricantes deverão obter soluções
ou qualquer profissional dessas áreas.
emissão de carbono” mais sustentáveis para o concreto. É a
Esses aceitam bem a redução do concre- mão que balança o berço, é assim que
to, do cimento e do clínquer no próprio Como espera alcançar esse concreto funciona. Enquanto isso, eles vão dizer
cimento. O problema está na indústria mais sustentável? que essa tecnologia "ainda não existe".
do concreto, que teme mudanças. Ela Os edifícios ecológicos estão empregan- É uma maneira de confundir.Não é ne-
está acostumada ao crescimento e aos do soluções que utilizam aspectos natu- cessário mudar nada. São como as pes-
paradigmas atuais. Para não afetar isso, rais para aquecimento, ventilação, ilu- soas que querem votar em McCain e
a indústria apóia o desenvolvimento de minação e estão reduzindo o consumo não em Obama, porque têm medo de
edifícios sustentáveis, que estão em toda de energia, por exemplo. Entretanto, é mudanças.O cenário do status quo está
parte,mas é preciso,também,estender a necessário estender esse conceito para muito ruim,mas eles têm medo de mu-
questão ao consumo de cimento. os materiais ecológicos. Precisamos danças. Há todo tipo de desculpas. Por
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ENTREVISTA

exemplo, a administração do presiden- bono, qual o problema de ser pontuado


te Bush não assinou o Protocolo de “A nanotecnologia é no LEED? É uma questão global, atual,
Kyoto. Só que o país é responsável por que deveria ser pensada.
25% das emissões de carbono. Qual a
empregada de forma
razão disso? Algumas pessoas lucram limitada por dois Aumentar a produtividade do concreto
com o status quo e há aquelas que têm no canteiro é uma preocupação do setor.
medo de mudar. Só que em longo
motivos. O primeiro Qual a sua recomendação para isso?
prazo,estão se tornando um obstáculo. é que ela é cara. O concreto é pesado para transportar,
Outro exemplo é que McCain deve ga- nisso alguém decide colocar mais água ou
nhar as eleições. Só que não por méri-
O segundo, é que cimento.Logo surgem as fissuras,é neces-
to, mas pelo receio de muitas pessoas nesse valor ela sário consertar. Só que a adição de mate-
de mudar certas questões. O medo é riais complementares ao cimento Por-
muito poderoso.
não é viável” tland aumenta a trabalhabilidade do ma-
terial, que é um dos problemas mais co-
O concreto auto-adensável ainda é muns nos canteiros. Os processos envol-
uma tecnologia onerosa no Brasil. 560 kg de escória. Para as muitas es- vendo o concreto são simples. Não é ne-
Seus estudos indicam uma solução truturas que projetei, nunca especifi- cessária uma mão-de-obra especializada
com os mesmos benefícios técnicos quei mais do que 200 kg. Nunca. para vibração e consolidação. Também
e mais barata? não vejo impacto algum para introduzir
Não considero o concreto auto-aden- Qual a sua visão sobre o LEED na tecnologias sustentáveis. Os responsáveis
sável mais caro. Recentemente, a estru- questão do concreto? e os operários necessitam ter consciência
tura de um templo na Índia foi total- Estou tentando dizer ao pessoal do do processo da cura. Quando o concreto
mente executada com auto-adensável. LEED que deveriam ir direto à questão padrão está adensado, é preciso esperar
Foram lançados 8.200 m³/h, um gran- da emissão de carbono.Essa opção seria antes de fazer qualquer acabamento na
de volume de concreto com cinzas vo- bem mais eficiente ambientalmente, há superfície e que a água evapore. Há casos
lantes. Não houve custos extras, não foi o foco de quantidade no LEED. Por em que os operários ficam até mesmo
acrescentado nenhum aditivo modifi- exemplo, é possível reduzir de 20% a cinco horas aguardando sentados e
cador de viscosidade. Portanto, dizer 25% o teor de cimento com o uso de su- perde-se a produtividade. Só que se não
que o concreto auto-adensável é muito perplastificante. Essa questão não é va- há exsudação,já é possível começar o aca-
caro é porque os vendedores querem lorizada pela certificação.Se um edifício bamento após o lançamento.Isso é possí-
promover seu aditivo modificador de economizou 2.000 t de emissões de car- vel com o uso de 5% de microssílica,10%
viscosidade. Eles querem vender aditi- de pó de calcário. Essas tecnologias aju-
vos. Só que isso não é necessário com dam os trabalhadores, aumentam a efi-
um volume alto de cinzas volantes no ciência, não necessitam de equipamentos
CONCRETO:
sistema. Assim, temos o que se pode ou treinamentos complexos.
MICROESTRUTURA,
chamar de sistema quase auto-aden-
PROPRIEDADES E MATERIAIS
sável. Nessa obra, o concreto foi lança- A nanotecnologia e o concreto estão
do durante 12 horas, sem parar. Isso só sendo muito discutidos. Como encara
foi possível porque o concreto flui e se a questão?
auto-adensa. A nanotecnologia utiliza material parti-
culado muito fino. Há três décadas o
No Brasil, é fato que o concreto termo nanotecnologia não era usado, só
auto-adensável é mais caro.Talvez que a indústria do concreto já empregava
isso esteja ligado à abordagem feita materiais de nanodimensões. A micros-
à dosagem. Para partículas mais sílica, que ainda é muito utilizada, é um
finas, coloca-se mais cimento. A exemplo. De forma aproximada, 5%
maioria das combinações e dos desse material preenche os espaços entre
materiais combinantes estão partículas grandes de agregados que pos-
relacionados ao insumo. O módulo sui até cerca de dez vezes o tamanho da
de deformação é muito baixo, o pico Autores: Povindar Kumar Mehta, microssílica. Há materiais que, se traba-
de hidratação é muito alto e às vezes Paulo J. Monteiro lhados, permitem obter partículas em
não funciona. Há estruturas que Editora: Ibracon (Instituto Brasileiro outras faixas de tamanho que podem
foram executadas com 800 kg de do Concreto) chegar até cerca de 15 micra. Entretanto,
cimento, sendo 70% de escória. 674 páginas se utilizarmos a microssílica no concreto,
Ah, meu Deus! Nunca executaríamos Valores: R$ 100,00 (sócio do Ibracon), essa faixa pode ser de até 0,15 micra.Por-
nesses parâmetros. Ainda assim são R$ 150,00 (não-sócio do Ibracon) tanto,é um nanomaterial.Esse preenchi-

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ENTREVISTA

mento do espaço entre o agregado e a concreto livre de exsudação. Assim, veneno.Só que ninguém estava disposto a
pasta do cimento ocorre de forma uni- essa tecnologia não é tão nova. fazer nada para consertar isso.Shiva sorveu
forme e é muito bom para a hidratação. o veneno com um canudo e a única conse-
O pó de calcário também é interessante E por que essa discussão está tão qüência foi que sua pele ganhou a cor azul.
e possui uma granulometria extrema- evidenciada ultimamente? No livro,faço essa comparação entre Shiva
mente fina. Além disso, não é tão caro Há mais implicações para um material e o concreto.Acho que esse material pode
quanto a microssílica. Ele é muito inte- altamente sofisticado. É como a fibra beber todos os tipos de veneno.Onde colo-
ressante por sua dispersão, por reduzir de carbono, plásticos reforçados, cerâ- caríamos um bilhão de toneladas de cinzas
os espaços entre a pasta de cimento e os micas, onde a trabalhabilidade pode volantes, que contêm elementos tóxicos?
agregados. Por esse motivo, o concreto ser melhorada por meio da dispersão Se entrarem em contato com lagos, lagoas
auto-adensável está usando bastante o de pequenas quantidades de partícu- e aterros haverá contaminação dos lençóis
pó de calcário. A nanotecnologia é em- las finas. Estão, cada vez mais, desco- freáticos com arsênico, chumbo. Se forem
pregada de forma limitada por dois mo- brindo esses materiais. Só que no caso utilizadas no concreto, não haverá proble-
tivos. O primeiro é que ela é cara. O se- do concreto, microssílica e pó de cal- mas.O concreto é uma das maiores indús-
gundo é que,nesse valor,ela não é viável. cário são comuns na área de materiais trias,produz muito e é a única com capa-
de partículas muito finas e a constru- cidade para absorver essa enorme quanti-
Há muitos estudos envolvendo ção civil está utilizando essas duas dade de resíduo.Só que ela precisa reduzir
nanotecnologia? substâncias há bastante tempo. a emissão de carbono. A sociedade vai
O material precisa ser moído em uma continuar consumindo grandes quanti-
granulometria muito fina. Isso está no Qual seu vislumbre para o concreto dades de concreto, para infra-estrutura,
meu livro. Estou tentando dizer que do futuro, ainda mais com a para edificações,renovação.Só que é pre-
não é uma novidade. Na Noruega, o sustentabilidade? ciso utilizá-lo de forma eficiente,é preciso
concreto com cerca de 3% a 5% de mi- Acho que o futuro do concreto é brilhante. controlar o consumo e reduzir o consu-
crossílica é empregado há 30 anos em Na mitologia hindu, há o deus Shiva que mo de clínquer para diminuir a emissão
construções em alto-mar para pros- controla os venenos. No mito, as pessoas de carbono.
pecção de petróleo. Nessa dosagem, o começaram a vasculhar o oceano em Rafael Frank
uso desse material na mistura deixa o busca de algo valioso e liberaram muito Tradução: Cristina Borba
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TÉCNICA E AMBIENTE
Cobertura viva
Confira como foi a execução de um jardim suspenso sobre uma
residência em Itu (SP)
Fotos: Fabiana Scarda

om a fase de alvenaria já em an- branas de PEAD (Polietileno de Alta equipamentos de manutenção. Asse-
C damento, o proprietário de uma
casa em um condomínio residencial
Densidade) em vez de mantas e resi-
nas aderentes à laje – temia-se que, no
melham-se a bandejas de ovos vaza-
das, que servem de reservatórios de
de Itu, interior de São Paulo, decidiu longo prazo, as dilatações e movi- água para suprir as raízes das plantas
modificar o projeto da cobertura mentações naturais da estrutura cau- do jardim. Furos na parte superior
para instalar um "telhado verde" de sassem fissuras no produto imper- das bandejas permitem que o excesso
160 m². Além de buscar uma solução meabilizante. As bordas das camadas de água escoe para a membrana im-
estética alternativa, a intenção tam- de PEAD foram soldadas por termo- permeabilizante e seja drenada para
bém era proporcionar ao imóvel um fusão, processo seguido pelo imediato os ralos nas bordas da laje.
melhor isolamento térmico e acústi- teste de estanqueidade do sistema. A A camada para o plantio dos ve-
co com a barreira vegetal contra os área impermeabilizada passou pelo getais foi feita em seguida. Não se
raios solares. ensaio das 72 horas de lâmina d'água trata de terra pura. Cerca de 80% de
A instalação do sistema utilizado previsto em norma. seu volume é composto por material
foi realizada em quatro etapas. A pri- Na etapa seguinte foi realizado o inerte. O restante, por material or-
meira, de impermeabilização da laje, posicionamento dos elementos de gânico – com essa quantidade, a
exigiu os maiores cuidados na execu- drenagem. São placas feitas em plásti- perda de volume de substrato de-
ção, a começar pela especificação do co com resistência suficiente para su- corrente do processo de decomposi-
produto. Preferiu-se utilizar mem- portar o peso de pessoas e pequenos ção não é tão relevante. Com isso,

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Sacos são içados à cobertura por Para execução do jardim suspenso, executores optaram por impermeabilização
caminhão-guindaste para deposição não-aderente à laje
do substrato

Elementos de drenagem: bandejas


vazadas retêm apenas água necessária
Bordas das membranas de polietileno de alta densidade são unidas por termofusão. para suprir raízes das plantas; excesso
Teste de estanqueidade é feito imediatamente após o serviço é escoado por furos no topo dos cones

diminui-se a necessidade de ações de origem desértica, importadas da Áfri-


manutenção no jardim. Segundo Telhado verde ca do Sul. Segundo Rocha, não se en-
Sérgio Rocha, diretor técnico do Ins- contram no mercado brasileiro espé-
Carga máxima permitida pelo
tituto Cidade Jardim, empresa que cies de plantas nativas, do cerrado ou
projeto estrutural: 300 kg/m²
executou a cobertura verde, o mate- da caatinga. De alta capacidade de re-
Peso atingido pelo sistema: 190 kg/m²*
rial possui alta absorção de água. tenção de água, os vegetais escolhidos
Biomassa: 16 kg/m²
"Cerca de 60% do volume de água pesam aproximadamente 16 kg/m².
Absorção de carbono estimada: 5 kg/m²
fica retido no substrato", afirma O jardim atingirá o tamanho e vo-
Rocha. Completamente saturado, o * já considerando pesos do substrato lume final depois de aproximada-
saturado e biomassa
substrato tem peso específico de mente 12 meses, que serão completa-
cerca de 800 kg/m³. A deposição foi dos no Carnaval de 2009. Não foi rea-
feita com auxílio de caminhão-guin- num país predominantemente tropi- lizada uma análise térmica dos cômo-
daste, que transportava à cobertura cal, o telhado tem um clima peculiar, dos da casa. No entanto, os executores
sacos com cerca de 900 kg cada um. mais parecido com o desértico: am- se sustentam em pesquisas acadêmi-
Por fim, foram plantados os vege- plitude térmica alta, que pode variar cas que indicam uma redução da am-
tais. A escolha das espécies foi realiza- dos 17ºC aos 70ºC, alta incidência de plitude térmica superficial da cober-
da com muito critério, pois deveriam raios solares e de ventos e drenagem tura – que se refletiriam no conforto
se adaptar às características climáticas rápida da água das chuvas", explica térmico interno do imóvel.
da cobertura. "Apesar de morarmos Rocha. As mudas escolhidas são de Renato Faria

31
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SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Construção plástica
Sistema de Concreto/PVC foi utilizado em edificações de fábrica de polipropileno

planta industrial de polipropileno ram iniciados em setembro de 2006 e tras edificações, como o laboratório e a Fotos: divulgação Braskem

A da Braskem localizada em Paulí-


nia, interior de São Paulo, possui qua-
entregues no dia 25 de abril de 2008. Os
números da planta são consideráveis.
oficina de manutenção, fossem feitos
nesse sistema construtivo. "Mas como
tro edificações que se destacam por Há 1.500 t de tubulação, 38 mil m³ de não conhecíamos bem o sistema, pre-
seu método construtivo. A empresa concreto, 2.500 estacas em hélice contí- ferimos executá-las de forma conven-
optou por executar o prédio adminis- nua.Com a operação da fábrica,a Bras- cional. Aquelas que poderíamos admi-
trativo e ambulatório, o refeitório, a kem acrescentará 350 mil t/ano de poli- nistrar sem problemas, foram feitas de
portaria e o descanso dos caminho- propileno à sua produção. Concreto/PVC", esclarece.
neiros no sistema Concreto/PVC – Há sete prédios auxiliares que Inicialmente, o orçamento conso-
perfis plásticos servem de fôrma para somam 1.500 m² na unidade de Paulí- lidado especificava e quantificava
o concreto leve utilizado no preenchi- nia. No total, 1.155 m² foram executa- todos os prédios da planta no sistema
mento das paredes. dos no sistema de Concreto/PVC por- construtivo de alvenaria. Por ser uma
A fábrica é localizada em um terre- taria (100 m²),refeitório (450 m²),des- empresa petroquímica, a Braskem
no de 420 mil m², com 25,5 mil m² de canso de caminhoneiros (45 m²), ad- optou por executar as quatro edifica-
área construída e consumiu R$ 700 mi- ministração (560 m²). O diretor de ções com o sistema de Concreto/PVC.
lhões em investimentos. A parcela cor- contrato da CNO (Construtora Nor- Entretanto, encontrou resistência na
respondente à execução foi de R$ 560 berto Odebrecht), José Carlos Aversa, CNO, responsável pela obra. Além
milhões. Os trabalhos no canteiro fo- afirma que a Braskem cogitou que ou- disso, algumas paredes já estavam le-

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vantadas. "Foi necessário rever todo o


projeto e até mesmo o design de inte- Etapas básicas
riores", lembra o arquiteto Gilberto
Williams, da WW Arquitetura.
Apesar de as primeiras edificações
no Brasil, todas habitações sociais,
serem do ano 2000, o setor industrial
não havia utilizado o sistema até abril
deste ano.Até então, unidades hospita-
lares de múltiplo uso, banheiros públi-
cos, estações de tratamento de esgoto
compactas e outras instalações foram
executadas com o Concreto/PVC.
As paredes são apoiadas em O prumo, um dos momentos críticos na
Origem do sistema fundações do tipo radier, na qual montagem dos perfis, é obtido pela
O sistema construtivo Concreto/ são previstos todos os pontos de combinação dos escoramentos internos
PVC foi desenvolvido no Canadá para tubulações de água, de esgoto e externos com auxílio de sarrafos e
projetar e construir,de forma industria- e elétrica escoras de madeira na diagonal
lizada, vários tipos de edificações de até
cinco pavimentos. Formado por perfis
leves e resistentes de PVC que operam
como fôrmas para o concreto, o sistema
utiliza encaixe modulado. Esses perfis
são preenchidos com concreto e, de-
pendendo do projeto, aço estrutural. A
película de PVC confere acabamento
interno e externo às paredes, mas há a
possibilidade de revesti-las com outros
materiais. "A própria fôrma é um aca-
bamento lavável e possui diversas cores.
Não há necessidade de tinta, azulejo.
A concretagem das fôrmas deve ser As lâminas de PVC podem ser
São melhorias que você pode incorpo-
por camadas entre 50 cm e 70 cm para utilizadas como acabamento. Lixar ou
rar ao sistema", diz Williams.
não as abrir e o slump deve ser entre usar um primer é outra opção para
A CNO se deparava com a falta de
20 cm e 24 cm realizar revestimentos ou texturas
experiência da construtora com o sis-
tema, inexistência de mão-de-obra ex-
periente para contratar e o prazo aper- "É um quebra-cabeças", explica Aver- já estavam previstos todos os pontos de
tado. "Por isso nós relutamos em exe- sa. Para coordenar os trabalhos no tubulações de água, de esgoto e elétrica.
cutar as edificações em Concreto/PVC. canteiro, a Royal também enviou um Assim,foram criados nichos para que as
Fomos para a fábrica da Royal Group encarregado para acompanhar a exe- ferragens não fossem interrompidas e
Technologies del Sur, na Argentina, cução e tranqüilizou a CNO. áreas rebaixadas para as tubulações ho-
para estudar o sistema. Não sabia O entulho proveniente da demo- rizontais.Após a concretagem da funda-
como executar,como alinhar,o que co- lição das paredes já levantadas em al- ção,foram marcadas no piso as posições
locar dentro da fôrma, como fazer a venaria foi utilizado na sub-base após das paredes internas,externas e suas fer-
amarração", conta Aversa. britagem. "Em vez de pagar cerca de ragens de arranque – que são dimensio-
A visita à fábrica das fôrmas mo- R$ 40 para destinar a um lugar licen- nadas de acordo com os esforços verti-
dificou a visão do diretor de contrato. ciado, contratamos uma empresa cais e horizontais, fixadas com resina à
"A fornecedora analisou o projeto, próxima que retirava o material por base de epóxi bicomponente.
modulou-o e fabricou os perfis. Ela R$ 12 e recomprávamos a brita, fe- Os perfis encaixam-se pelo sistema
também sugeriu modificações. Com chando em R$ 35", diz Aversa. Já no macho-e-fêmea, deslizando da parte
o projeto, a fornecedora entregou um sistema Concreto/PVC, o engenheiro superior até o radier. Na obra foram
kit de paredes que possui peças identi- diz que se surpreendeu com a baixa utilizados perfis de 150 mm de espes-
ficadas com etiquetas adesivas no in- geração de resíduos. sura nas paredes externas e 100 mm
terior, indicando altura e posição. As edificações estão sobre funda- nas internas.As cargas sobre as paredes
Essa mesma identificação é inserida ções do tipo radier, nas quais as paredes portantes do sistema construtivo
no desenho de plano de montagem. são apoiadas diretamente.Na fundação, podem ser distribuídas ou pontuais.

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SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Esquema de
montagem
pronta

Ancoragem
de aço

Preenchimento
Junta de com concreto
dilatação
Montagem dos
perfis de PVC
Calçada

Ancoragem
Solo natural Reforço dos cantos
e laterais de janelas
Barras amarradas aos arranques fixados no
e portas Guia de montagem
radier com espaços entre 0,50 m e 1 m
realizam os reforços verticais e horizontais Sarrafo

Reforço amarrado
A CNO seguiu a recomendação da à ancoragem
fornecedora de iniciar a montagem
pelos cantos, para que as paredes Ancoragem Prego 2”
pudessem se sustentar sem a necessida-
de de um operário. Os reforços verticais
e horizontais dos perfis foram feitos
com barras amarradas aos arranques fi-
xados no radier com espaços entre 0,50
m e 1 m. O processo é similar à emenda A montagem dos perfis de PVC se inicia pelos cantos dando sustentação, sem o
de pilares em estruturas de concreto ar- auxílio de um operário, para as paredes
mado. "Aqui, furávamos o próprio ra-
dier sem precisar de nenhuma amarra- redes. Sarrafos e escoras de madeira ao lado do qual se pretende fazer algu-
ção.Se fôssemos fazer um segundo piso, na diagonal entre o topo do perfil e o ma conexão.
seria necessário", informa o engenheiro. solo também auxiliaram. A utilização Com as fôrmas alinhadas e insta-
Se mais de um pavimento for exe- de escoras intermediárias na monta- ladas, deu-se início ao enchimento
cutado, o aço das barras utilizado varia gem do sistema não foi necessária. com concreto de 24 MPa. Como os
conforme cálculo estrutural específico Com os perfis ainda ocos, os ope- perfis são vazados nas laterais em
para os carregamentos e as resistências rários executaram as instalações elé- que se entretravam, é necessário uti-
características dependem do tipo de tricas e hidráulicas. Como os dutos já lizar pedrisco como agregado para
concreto utilizado e da espessura da são integrados, o sistema construtivo dar maior fluidez e garantir o preen-
parede. Os métodos de cálculo estão dispensa todos os trabalhos de abertu- chimento das fôrmas. Os nichos do
baseados em considerações das pare- ra de dutos em paredes. Os pontos elé- radier também foram concretados
des de concreto, com o diferencial da tricos se encontram nas caixas de dis- nessa fase.
fôrma de PVC. O sistema também já tribuição acima do forro. "No perfil, já
apresenta um conjunto de marcos e vem um baguetezinho para passar o Concretagem e acabamentos
contramarcos em PVC, que deixam os fio. Você só precisa furar com uma O índice de conforto, no que diz
vãos prontos para receber esquadrias serra-copo e instalar a caixa de passa- respeito às paredes, está relacionado
de qualquer tipo. gem. A fiação pode até passar depois com o tipo de preenchimento dos
Um dos momentos críticos da de concretado, por ser protegida", ex- painéis e espessura das paredes.
montagem do sistema Concreto/PVC plica Aversa. O ponto de abastecimen- Como o PVC é um material total-
é o prumo. Os montantes foram pos- to de água foi realizado na posição mente impermeável a gases e líqui-
tos a prumo por meio da combinação vertical. As saídas nos pontos deseja- dos, não existe troca de vapores entre
dos escoramentos internos e externos. dos também foram feitas com serra- meio interno e externo, apenas de
Para manter o alinhamento, foi utiliza- copo, e para ter acesso à tubulação, os temperatura, que ocorre de acordo
da uma cantoneira de aço fixada às pa- operários poderiam levantar o perfil com a resistência térmica da parede. É

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Marcos e Detalhe A
contramarcos mada por tesouras planas. O projeto
Corte do PVC
em PVC inicial foi desenvolvido para edifí-
para baixo de
cios em alvenaria, assim, foi necessá-
onde passarão
rio detalhar novamente esse sistema.
as barras
Detalhe A "Tivemos que fazer modificações,
pois a própria estrutura da cobertu-
ra faz a amarração nas paredes. Não
Detalhe B havia viga ou cinta de amarração",
relembra Aversa.
Barra de ø 8 mm
Após a finalização da cobertura, a
amarrada na
Braskem optou pelo acabamento de
ancoragem
Detalhe B PVC da própria fôrma e também pela
do radier
utilização de acabamentos como azu-
lejos e texturas. As fôrmas são fabrica-
Detalhe C Marco básico
das em um processo de co-extrusão,
cortado a 45º
contendo uma camada especial com
proteção contra a ação dos raios UV,
garantindo que os painéis de PVC não
Detalhe C tenham alteração de cor e resistência
Última peça a ser ao longo dos anos ainda que sofram
colocada deve ação de maresia e mudanças bruscas
ficar removível de temperatura.
A parte que Como o sistema in natura pode ser
tem a aba vai utilizado como acabamento, é impor-
para o interior tante observar o transporte e o arma-
do cômodo zenamento dos perfis para evitar ris-
cos ou danos à superfície das fôrmas.
Os perfis possuem marcos e contramarcos Já para aplicar os revestimentos é ne-
em PVC que deixam os vãos prontos para as cessário que a superfície de PVC seja
esquadrias. O acabamento das portas e tratada com um primer para, então,
janelas pode ser comprometido se houver aplicar o material. "Você pode fazer o
estufamento das fôrmas que quiser, colocar até imitação de ti-
jolo ou madeira", diz o diretor de con-
possível adicionar materiais isolantes completar a altura completa da parede. trato. Na linha do conceito do uso do
no concreto para aumentar o confor- A fabricante das fôrmas recomenda PVC, as esquadrias escolhidas tam-
to térmico ou acústico. Em algumas um slump entre 20 cm e 24 cm. É im- bém são do mesmo material plástico.
paredes dos edifícios, foi adicionado portante observar a cura do concreto, Se a Braskem optar por ampliar as
EPS. O uso de aditivos acelerantes ou seguindo o tempo recomendado ou edificações, é possível utilizar sistemas
retardantes não é recomendado, ape- usando aditivos específicos para o con- convencionais ou Concreto/PVC. No
nas de superfluidificantes. creto.A utilização de cimento ARI (Alta caso de aberturas de paredes ou
O enchimento é outro ponto cru- Resistência Inicial) é uma opção para mesmo remoção, as paredes de con-
cial do sistema. "É necessário tomar acelerar ainda mais o processo. creto deverão ser cortadas com equi-
cuidado. O PVC é resistente, mas você A fim de evitar bolhas de ar e para pamentos convencionais para corte do
precisa concretar com certo cuidado que o concreto se acomode, pequenas concreto e os arremates feitos de acor-
para a fôrma não abrir", adverte Aver- batidas são dadas com martelos de do com o projeto de reforma proposto.
sa. O concreto foi lançado do topo das borracha para não danificar o acaba- O diretor de contrato da CNO
paredes por meio de bombas, exigin- mento das fôrmas. afirma que a implantação do sistema
do maior cuidado e lentidão para que A CNO levantou as paredes em 60 Concreto/PVC foi interessante finan-
o material flua entre as fôrmas. "O es- dias. No processo de montagem da pa- ceiramente, apesar da demolição de
tufamento pode provocar problemas, rede oca, escoramento e colocação de paredes de alvenaria, retrabalhos e
principalmente no acabamento das ferragens foram utilizados dois car- readequação de projetos. "Os custos
portas e janelas", alerta Williams. pinteiros e dois ajudantes. Já para a foram distorcidos, pois no primeiro
A concretagem dos painéis ocor- concretagem e limpeza das fôrmas momento tivemos que lidar com um
reu por camadas variando entre 50 cm foram dois pedreiros e dois ajudantes. sistema novo. A mão-de-obra é muito
e 70 cm. Para agilizar o processo, per- A construtora também reviu o simples", finaliza Aversa.
corre-se todo o layout da planta até projeto da cobertura metálica, for- Rafael Frank

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DRENAGEM

Recalques indesejáveis
Norma recomenda investigação de terrenos vizinhos quando há necessidade
de rebaixamento do lençol freático, mas só isso não basta. Em São Paulo,
Comissão prepara novas regras
presenta maiores perigos. Mas há
ocorrências mais graves, em que as
construtoras precisam refazer alguma
construção vizinha que ficou com-
prometida de maneira mais séria.
Geralmente os problemas aconte-
cem nas partes baixas da cidade, onde
o lençol freático é aflorado e há pre-
sença de argila orgânica. "Nessas
áreas, que historicamente eram as
mais desvalorizadas (as várzeas dos
rios) foram realizados aterros sobre
solo mole.As pessoas construíam suas
casinhas, sem muita engenharia, com
Divulgação: Geosonda

baldrames ou radiers, em cima desses


aterros. Com o passar do tempo, essas
áreas também se tornaram valoriza-
das. Construir um edifício de grande
Alterações no maciço podem provocar abaulamentos em ruas e avenidas além de
porte, com escavações e fundações
rachaduras e trincas nas construções vizinhas. Casas sobre fundações rasas são as
profundas, realmente abala esse tipo
mais suscetíveis aos recalques
de casinha", explica Milton Golom-
bek, presidente da Abeg (Associação
s contrastes entre as idades, portes por casas assentadas sobre fundações Brasileira de Empresas de Projetos e
O e métodos construtivos das edifi-
cações que compõem as cidades brasi-
rasas (radiers e baldrames), são os que
mais sofrem com a situação. Trincas e
Consultoria em Engenharia Geotéc-
nica) e diretor da Consultrix, empresa
leiras devem ser levados em conta no rachaduras nas casas vizinhas são co- projetista de fundações. Mesmo
momento de fazer projetos de conten- muns e assustam seus proprietários. assim, o lençol está bem mais baixo
ções de novos prédios, principalmente Essas alterações no maciço podem em vários bairros de São Paulo, atesta
em solos moles, quando é preciso es- provocar, ainda, abaulamentos em ele. "Hoje, quando fazemos sonda-
cavar subsolos de garagens. A cidade ruas e avenidas, como nos exemplos gens em alguns bairros da cidade
de São Paulo é um exemplo do que recentes na cidade de São Paulo, tais onde já trabalhamos, verificamos que
vem acontecendo. Diante do ritmo como os ocorridos nos bairros de o lençol está numa profundidade 4 m
acelerado das obras, com o aqueci- Moema, região do Ibirapuera e ou- maior que há dez anos."
mento do mercado imobiliário, a exe- tros, casos imediatamente associados A situação se repete em todo o
cução de subsolos está provocando à construção de edificações com vá- País, dependendo da região, onde os
transtornos e problemas para as edifi- rios níveis de subsolos, em regiões aluviões, solos com camadas pouco
cações vizinhas. com presença de argila mole, suscetí- espessas de solos de várzeas, deposi-
Bairros tradicionalmente residen- vel ao fenômeno de adensamento. No tados por sedimentação na planície
ciais, na maioria das vezes formados entanto, na maioria dos casos, não re- de inundação de rios, são heterogê-

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Ponteiras filtrantes Fatores que determinam


a escolha do sistema
Fios elétricos Q
(blindados)
de rebaixamento
 Permeabilidada do solo
Selo de argila Tubo liso (1 ≅ 2 m)  Profundidade de escavação
 Posição do lençol freático
Tubo ranhurado (tipo “Nold”)  Porte da obra a ser executada
envolto em tela  Duração do rebaixamento
 Condições das obras vizinhas
Eletrodo de alarme e suas fundações

≅1m
Material drenante Eletrodo para ligar Tipos de rebaixamento
a bomba
do lençol freático
Eletrodo para  Por bombeamento direto superficial
Espaço para desligar a bomba  Por ponteiras filtrantes (well-points)
depósito de finos  Por poços profundos – gravitacionais
Fonte: Fundações: Teoria e Prática.
Bomba submersa e a vácuo
Ivan Grandis. Editora PINI

Formado por poços de pequeno diâmetro preenchido com areia fina ou pedrisco,
(4" a 6"), onde são posicionadas ponteiras para percolação da água subterrânea. onde o lençol é mais aflorado, torna-
ligadas por tubos a um coletor e uma O sistema, porém, apresenta uma se necessário o bombeamento per-
bomba de sucção. Essas ponteiras limitação: regra geral conseguem-se apenas manente, mas esses casos são mino-
possuem entre 1 1/2" e 2" de diâmetro. rebaixamentos entre 4 m e 7 m, com ria. Em outras situações, nas escava-
O restante do volume do poço é coletores espaçados entre 0,5 m e 3 m. ções de solos de baixa permeabilida-
de, o rebaixamento acontece natu-
ralmente e utiliza-se apenas o bom-
neos, formados por areias e argilas to de ruas, drenagem superficial e beamento no fundo da escavação.
moles e turfosas compressíveis. Nes- preenchimento completo da superfí- Para evitar recalques, a realiza-
ses casos, um rebaixamento de ape- cie, o que impede as águas da chuva de ção do projeto de subsolos e das
nas 1 m a 2 m do lençol freático é su- penetrarem para reabastecer os len- próprias fundações deve ser prece-
ficiente para causar recalques que çóis freáticos. Assim, surgem vazios dida de minuciosa investigação ge-
podem danificar quarteirões de resi- onde antes havia água, aumentando a ológico-geotécnica da área. "É ne-
dências apoiadas em fundação direta instabilidade dos solos e possibilidade cessária uma avaliação técnica das
sobre argilas muito moles. de recalques. A conseqüência mais condições em que se encontram os
comum é o surgimento de trincas e imóveis da vizinhança, procurando-
Impermeabilização do solo fissuras em edificações, além de abau- se conhecer o histórico da área, em
Além disso, os problemas de recal- lamentos de pisos, ruas e passeios. termos de patologias e ocorrências
que não são causados apenas pela dre- Durante as construções, em solos de obras. Simulações dos eventuais
nagem de água feita nas obras de edi- mais permeáveis, o rebaixamento do efeitos da execução das escavações e
fícios, mas também pelas mudanças nível d'água, em geral feito de forma fundações também podem contri-
no solo devido à urbanização das ci- provisória, permite a escavação de buir para a escolha da melhor alter-
dades. O processo de ocupação vem subsolos, utilizando bombeamento. nativa para o projeto", recomenda a
há anos trazendo a impermeabiliza- Dependendo da localização do terre- geóloga Gisleine Coelho de Cam-
ção do solo, resultado do asfaltamen- no (várzeas de rios e locais baixos) pos, do CT Obras, Seção de Geotec-

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DRENAGEM

nia do IPT (Instituto de Pesquisas


Poços profundos com injetores Tecnológicas de São Paulo).
Segundo Gisleine, deve haver
Caixa d’água elevada
maior cautela na execução de rebai-
xamentos permanentes em regiões
Tubo coletor de solos argilosos de baixa consistên-
cia. "Técnicas usuais de rebaixamen-
Tubo de injeção to, tais como bombeamento direto,
ponteiras, poços e paredes-diafrag-
ma, entre outras, podem ser empre-
gadas em caráter temporário com
Descarga Bomba de injeção sucesso, desde que avaliadas e proje-
Selo
tadas corretamente", destaca. Cada
Tubo de ø 4” caso precisa ser analisado indivi-
dualmente, considerando-se as con-
dições do local e as especificidades
Luva da construção a ser realizada, enfati-
za a engenheira do IPT.
Tela de náilon A norma brasileira NBR 6122 –
Projeto e Execução de Fundações,
Material de filtro segundo Gisleine, recomenda uma
avaliação da vizinhança nos casos
Injetor onde se empregam rebaixamentos
Tampão do nível d’água. "Mas não há uma
norma geral que regulamente a exe-
cução e o controle das diversas téc-
nicas disponíveis atualmente no
mercado. O assunto é amplo e há
Água de injeção e água do poço vários fatores intervenientes no
Q1 + Q2 projeto e na avaliação dos possíveis
efeitos do rebaixamento." Em razão
Fonte: ilustrações Fundações: Teoria e Prática. Ivan Grandis. Editora PINI

Bico de injeção disso, a norma está passando por


processo de revisão.

Água de subsolo Q2 Regulamentação dos rebaixamentos


Diante da situação, para regula-
mentar o mercado e os procedi-
mentos que as construtoras devem
Água de injeção Q1 adotar, foi criada em São Paulo uma
comissão técnica informal, cujo
grupo de trabalho envolve especia-
Água de subsolo Q2 listas, entidades de mecânica de
solos e geotecnia, além do Secovi-
SP (Sindicato da Habitação) e Sin-
dusCon-SP (Sindicato da Indústria
Os poços, nesse sistema, são mais conseqüência, uma pressão de sucção
da Construção Civil do Estado de
profundos, atingindo até 30 m de em torno de 10% desse valor. Dessa
São Paulo). A idéia é subsidiar a
profundidade, com diâmetros forma, a água subterrânea é aspirada
Prefeitura de São Paulo com suges-
variando entre 20 cm e 30 cm e para a superfície por uma tubulação
tões, baseadas em critérios técnicos,
espaçamentos de 4 m a 10 m. Trata- paralela à de injeção. Uma
a fim de estabelecer regras e reco-
se de um circuito semifechado, em desvantagem é o baixo rendimento do
mendações para evitar problemas
que uma bomba lança água por uma sistema – que gira, na prática, em torno
ou saná-los assim que ocorrerem.
tubulação vertical de injeção, que de 15 % a 20% –, motivo pelo qual
Segundo Golombek, a comissão
alcança o injetor na base do poço. As recomenda-se a utilização em locais de
foi criada há cerca de dois meses e os
pressões de injeção alcançam entre energia elétrica barata ou em obras de
estudos e medidas serão apresenta-
0,7 MPa e 1,0 MPa, gerando, como curta duração.
dos ao secretário municipal de Ha-

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bitação de São Paulo, Orlando de Al-


meida Filho. As informações podem Bombas submersas de eixo vertical
gerar um decreto ou projeto de lei
que discipline o assunto. "Espera- Câmara de vácuo
mos que isso se torne uma regula- Descarga
mentação e estabeleça regras claras, Giro
baseadas em critérios técnicos. Que-
remos evitar problemas tanto para
as construtoras, que muitas vezes Selo
ficam na dúvida sobre como tratar
esse tipo de questão, como para os
proprietários de residências que
eventualmente venham a ser preju-
dicados", explica Golombek.
A prefeitura chegou a elaborar, Luva
em 2002, o Projeto de Lei 822 que tra-
tava do rebaixamento de lençóis freá- Tubo de subida
ticos e também da execução de tiran-
tes. Mas, sem embasamento técnico,
o projeto acabou tornando-se inviá- Ponteira (deve
vel e foi engavetado. "Não se pode re- permanecer submersa)
solver o geral pelo particular. Não é
porque ocorreram casos isolados, Material de filtro do solo
que então se proíbe tudo. É a mesma (areia ou pedrisco)
coisa que proibir cirurgias, porque a
anestesia pode causar problemas em
Empregadas em lençóis d'água muito mínimo de 40 cm e um máximo de
0,01% da população", destaca Go-
profundos, com aqüíferos muito 60 cm. Dois eletrodos são instalados
lombek. Para ele, é necessário resol-
permeáveis. O processo de instalação é junto com a tubulação de recalque
ver a questão de forma técnica, ado-
parecido com o do sistema de para que a bomba não funcione a seco.
tando-se medidas de prevenção e, se
injetores. No fundo do poço é Dessa forma, a bomba é ligada quando
não for possível evitar os problemas,
colocada uma bomba centrífuga, com o nível da água atinge o eletrodo
estabelecer maneiras adequadas de
diâmetro mínimo de 10 cm. Por isso, o superior e desligada quando atinge
resolvê-los, já que a questão também
diâmetro do poço deve variar entre um o nível do eletrodo inferior.
tem um viés jurídico importante.
De acordo com Golombek, mes-
mo com os estudos geotécnicos, é necessário usar a diplomacia sempre. Além do sobressolo, tecnicamen-
impossível garantir que nada irá A perícia prévia evita esse tipo de si- te, a construtora pode optar por usar a
acontecer. Porém, há medidas a tuação", diz Golombek. parede-diafragma e uma laje de so-
serem tomadas, como, por exemplo, Entre as recomendações encami- brepressão, pois ela promove um iso-
a realização de uma vistoria pericial nhadas à prefeitura está também a lamento do que está do lado de fora
prévia nas edificações vizinhas, com realização de um levantamento per- da obra mantendo intocado o nível
laudo de um engenheiro geotécnico. manente de tudo o que acontece nas d'água do subsolo vizinho. No entan-
Outra recomendação da comissão é edificações vizinhas durante a obra. to, sua execução depende de cada obra
que a construtora faça um seguro de "É preciso verificar as trincas, identi- e de sua viabilidade econômica. Deve
responsabilidade civil cruzada, a fim ficar se são estáticas ou estéticas. Se haver espaço no canteiro, pois o
de ter garantias. Assim, se algo ocor- for estética, basta fazer o reparo se- clamshell, que escava a terra em
rer, ou indeniza-se o vizinho prejudi- guido de pintura. Se for estática, pro- painéis em toda a periferia do terreno,
cado, ou consertam-se os danos. "Se cede-se à realização de reforço na é uma máquina de grande porte. De-
for preciso, faz-se a demolição da fundação vizinha." Ao mesmo tem- pois de executada a parede-diafragma
casa para construir outra. Em alguns po, a comissão irá pleitear que a pre- é comum ocorrer algum escape míni-
casos, ocorre também de a casa feitura permita edifícios com sobres- mo de água nas juntas entre os painéis
nunca ter recebido manutenção. O solo, em vez de subsolo, em áreas re- e nos furos dos tirantes. Nesse caso, é
proprietário vislumbra então uma conhecidamente problemáticas, mas necessário prever o bombeamento e a
oportunidade para arrumar seu que esses não sejam considerados drenagem dessa água para as galerias
imóvel à custa da construtora. Em- como área computável para efeito de de águas pluviais.
bora não seja uma situação justa, é coeficiente construtivo. Heloisa Medeiros

39
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SEGURANÇA

Contra as estatísticas
Mudança da cultura organizacional e implantação de planejamento de segurança
são as chaves para reduzir o elevado índice de acidentes nos canteiros

ineficiência ou mesmo a ausência


A de um plano de gestão de segu-
rança para a realização das obras está
entre as principais causas de acidentes
nos canteiros. Ao se somar a isso a cul-
tura de improvisação tão arraigada no
Brasil, tem-se uma combinação peri-
gosa que pode levar a longos afasta-
mentos, penalização financeira das
construtoras, além dos irreparáveis
acidentes fatais.
A NR-18, norma regulamentadora
do MTE (Ministério do Trabalho e
Emprego) para a construção civil, exige
a realização de um plano para se identi-
ficar perigos inerentes aos processos de
produção e implementação das medi-
Marcelo Scandaroli

das para o controle, de maneira a ga-


rantir a saúde e a integridade de todos
os envolvidos na obra. Na prática, con-
tudo, há grande dificuldade para trans-
Transformar em realidade o que está no papel explica por que os acidentes
formar o que está no papel em ação, o
ultrapassam a barreira dos 30 mil por ano
que ajuda a explicar o número de aci-
dentes no setor, em todo o País, ser su-
perior a 30 mil ao ano. Em 2006, ano Poucas empresas já percebem Negócios e Meio Ambiente da UFF
dos últimos dados divulgados pelo como a gestão de segurança no can- (Universidade Federal Fluminense).
MTE, 33,3% das ocorrências registra- teiro pode influir na redução dos cus- Mas se ainda faltavam motivos
das na construção civil geraram lesões tos ao proporcionar obras mais lim- para investir na proteção dos traba-
graves ou algum tipo de incapacidade, pas, menos retrabalho, trabalhadores lhadores, cabe lembrar que a partir de
como a perda de membros ou mesmo a mais satisfeitos e produtivos e, por 2009 as empresas com índices eleva-
redução da capacidade de trabalho. conseqüência, produtos finais de me- dos de acidentes e doenças do traba-
"O mais alarmante, porém, é saber lhor qualidade. "São raros os executi- lho terão sua alíquota do SAT (Seguro
que quase 70% dos acidentes pode- vos que compreendem que os mes- de Acidente do Trabalho, do INSS)
riam ser evitados se houvesse preocu- mos fatores que ocasionam acidentes majoradas em até 100%. Ou seja, as
pação com a segurança e saúde do tra- também geram perdas de eficiência, construtoras com gestão de segurança
balhador na fase de planejamento da bem como problemas de qualidade, do trabalho ineficiente pagarão mais.
obra", destaca o engenheiro Gianfran- custo e de imagem da empresa", acres-
co Pampalon, auditor fiscal do traba- centam os pesquisadores Osvaldo Sem improvisação
lho da Superintendência Regional do Golçalves Quelhas e Sérgio França, do No cenário atual, prover seguran-
Trabalho e Emprego de São Paulo. Laboratório de Tecnologia, Gestão de ça nos canteiros deixa de ser uma

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questão resolvida apenas com a com-


pra de equipamentos de proteção in-
dividual, passando a demandar uma
política de prevenção de acidentes
adequada para atuar, corrigir e preve-
nir as ocorrências.

Foto extraída do relatório do IPT


Um começo para isso é a implan-
tação do Programa de Condições e
Meio Ambiente de Trabalho na Indús-
tria da Construção, obrigatório nas
obras com mais de 19 trabalhadores.
O PCMAT deve contemplar a identifi-
cação de riscos por fase de obra, cria- Segundo laudo do IPT sobre o desabamento do poço da Linha 4 do Metrô, a morte
ção e implantação das medidas pre- dos pedestres teria sido evitada com um plano de emergência eficaz
ventivas (como projeto de execução e
especificação técnica dos equipamen-
tos de proteção coletiva e individual e
planejamento do layout do canteiro),
Gestão integrada
além da avaliação da sua eficácia com Segundo Josaphat Baía, diretor técnico da promover o atendimento integral às
cronograma de implantação. "Quan- Unidade de Consultoria Empresarial do legislações vigentes. "O SGI permite que
do bem implantado e elaborado, um CTE (Centro de Tecnologia de os controles, inclusive os relacionados à
PCMAT já representa uma excelente Edificações), uma ferramenta que vem comunicação e à emergência, convivam
ferramenta para prover um canteiro trazendo bons resultados para empresas juntos e em harmonia. Além disso, em um
seguro", afirma Pampalon. interessadas em desenvolver boas SGI não é possível planejar a execução de
O consultor José Carlos de Arru- práticas de segurança em seus uma etapa da obra sem levar em
da Sampaio, diretor da JDL Qualida- empreendimentos é o SGI (Sistema de consideração os riscos envolvidos nas
de, Produtividade e Segurança do Gestão Integrada) com base nos atividades", explica o consultor.
Trabalho concorda, e lembra que o requisitos das normas NBR ISO 9001 e Assim como em vários sistemas de
planejamento de segurança deve ser OHSAS 18001. gestão, o desafio, porém, é levar o
feito antes mesmo da elaboração do Em um SGI, todos os processos são planejamento para o canteiro. "Para que
orçamento do empreendimento, o contemplados por procedimentos e isso ocorra, o caminho é muito
que, na prática, raramente ocorre. padrões que integram os controles de investimento em treinamento e
"É preciso constituir uma equipe produção e de segurança, além de capacitação", diz Baía.
de projeto composta por todos os
envolvidos, como os setores de pla-
nejamento, orçamento, projeto, su-
primentos, produção, segurança, Planejamento de segurança em cinco princípios
saúde e meio ambiente etc.", ensina
1- Identificar os perigos existentes nos 3 - Determinar, priorizar e
o consultor. Segundo ele, uma vez
processos de produção do implementar controles para
montada a equipe, seus membros
empreendimento, levando-se em conta eliminação ou minimização dos
devem planejar como o empreendi-
as diferentes fases da obra. riscos avaliados.
mento será construído – as ações de
2 - Avaliar os riscos, a partir dos 4 - Monitorar e analisar a efetividade
SSMA – além de elaborar a planilha
perigos identificados, tendo como dos controles estabelecidos.
de identificação de perigos e contro-
base critérios de probabilidade e 5 - Melhorar o planejamento e os
le dos riscos, que por sua vez deve
gravidade do evento ocorrer. controles definidos.
levar em conta o atendimento aos
requisitos legais referentes ao pro- Fonte: Josaphat Baía, diretor técnico da Unidade de Consultoria Empresarial do CTE
cesso de produção. (Centro de Tecnologia de Edificações).

41
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SEGURANÇA

após – o seu início, sem tempo hábil e


sem os recursos necessários para ela-
boração, implantação e operação do
plano de segurança", complementa o
engenheiro Josaphat Baía, diretor
técnico da Unidade de Consultoria
Empresarial do CTE (Centro de Tec-
nologia de Edificações).
Por isso, a aplicação da análise
preliminar de risco na fase de projeto
é tão crucial para determinar a cate-
goria dos riscos e as medidas preventi-
vas antes da fase operacional. "As em-

Fotos: Marcelo Scandaroli


presas que optam por essa rota encon-
tram muitas vantagens", afirma Os-
valdo Quelhas. Entre elas, o pesquisa-
dor cita a redução da freqüência e gra-
vidade de eventos indesejados no can-
A primeira regra de um bom planejamento de segurança é “identificar os perigos
teiro; a adequação do seguro aos reais
existentes nos processos de produção”
riscos dos empreendimentos; e a re-
dução e/ou eliminação das indeniza-
Isso significa que o departamento turas no piso, como em vãos de poço ções e multas provenientes de danos
de segurança do trabalho das cons- de elevador. "Com esse tipo de dis- ao meio ambiente.
trutoras precisa interagir com as cussão antecipada, pode-se prever
equipes de projeto estrutural e arqui- uma proteção coletiva, como uma Cultura organizacional
tetônico, definindo dispositivos de malha de aço no vão, instalada ainda Embora seja responsabilidade
segurança e adotando soluções pre- na concretagem da laje", comenta das empresas cumprir as normas de
ventivas. Um exemplo prático desse Pampalon. "O problema, contudo, é segurança definidas pelo MTE, ape-
trabalho em conjunto é a identifica- que na maioria dos casos, a equipe de nas atender aos requisitos legais mui-
ção, no projeto, dos locais e ativida- engenharia de segurança é apresenta- tas vezes não é suficiente para miti-
des onde há risco de queda por aber- da à obra semanas antes – ou mesmo gar todos os riscos. "Isso porque, iso-

Principais riscos
Os maiores causadores de acidentes piso inferior onde os serviços estejam
fatais na construção são, pela ordem: sendo executados.
quedas (de trabalhadores e de materiais), Choques elétricos – Evitáveis com a devida
choques elétricos e soterramentos. identificação de quadros e circuitos. Serviços
Embora graves, ocorrências desse tipo em fachadas, por exemplo, merecem
podem ser evitadas adotando-se medidas cuidados especiais como a contratação da
muitas vezes simples, já previstas nas empresa concessionária e a instalação de
normas reguladoras, como: barreira de madeira entre o eletricista e a
Quedas de trabalhadores – Evitáveis, fiação elétrica. Além disso, a elaboração de
por exemplo, com o uso de cintos do tipo um projeto das instalações elétricas
pára-quedista presos a ancoragens provisórias ajuda a prevenir acidentes e
firmes; com o uso de andaimes e cadeiras diminui a improvisação reduzindo custos
suspensas devidamente instaladas e com material e consumo de energia.
utilizadas, além da instalação de proteção Soterramentos – Podem ser evitados
na periferia das lajes e a implantação de com boas práticas de escavação,
plataformas secundárias. demolição e contenção. Para minimizar
Quedas de materiais – Acidentes dessa danos, também são fundamentais planos
natureza podem ser evitados com boa de comunicação e emergência
sinalização no canteiro e o isolamento do exaustivamente testados.

Fonte: NR-18.

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Onde se escondem os riscos


Implantação organizada
de um canteiro de obras
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SEGURANÇA

Controle de processo
Um ciclo de aperfeiçoamento contínuo britânica BS 8800 são mostrados na figura gerenciamento de segurança e saúde
do gerenciamento e a sua integração abaixo. A BS 8800 é um guia que se ocupacional que permita proteger os
ao sistema global de gerência, destina a ajudar as organizações a empregados. O modelo considera todos
incorporando princípios da norma desenvolverem uma abordagem do os estágios de implementação.

BS 8800 – Segurança e Saúde Ocupacional


As diretrizes de acordo com o ciclo PDCA de melhoria contínua

Levantamento da situação inicial


t Pla Política de S&SO
Ac n
Planejamento
Verificação e ação corretiva Avaliação de risco
Ação corretiva
Levantamento gerencial
A P Requisitos legais e outros
Providências para o gerenciamento de S&SO

Verificação e ação corretiva Implementação e operação


Monitoramento e medição
Registros
Auditoria
C D Estrutura e responsabilidade
Treinamento, conscientização e competência
Comunicações
Documentação do sistema de gerenciamento de S&SO
Controle de documentos
Controle operacional
Preparação e respostas a emergências
Fonte: Osvaldo Quelhas, Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente da UFF.

ladamente, as medidas preventivas mento do setor. Para Gianfranco Pam-


recomendadas não promovem a re- palon, é imperativo criar, nas empresas,
dução de acidentes, por se tratarem programas de formação de novos pro-
de ações pontuais e não sistêmicas", fissionais com treinamento e acompa-
avalia Sérgio França. nhamento dos trabalhadores para que
A implantação de um sistema de tenham mais autonomia na obra so-
gestão da segurança e saúde do traba- mente quando forem considerados
lho envolve, obrigatoriamente, o en- aptos, sobretudo nas questões da segu-
gajamento das pessoas, a elaboração rança do trabalho."Uma idéia simples e
de planos integrados de comunicação de bom retorno nesse sentido é a cons-
e emergência e, principalmente, trei- trutora que dá um capacete de cor dife-
namento e capacitação. renciada aos novatos para que todos
A sensibilização dos envolvidos, em possam ficar de olho neles e os ajudar se
especial das lideranças,em torno de ati- necessário", destaca o auditor.
tudes prevencionistas e pró-ativas, é O mesmo se aplica para as empre-
imprescindível, segundo os especialis- sas terceirizadas, afinal cabe à contra-
tas. "Nas últimas décadas, as empresas e tante fiscalizar o cumprimento das
os profissionais de segurança têm foca- medidas de segurança e saúde no tra-
do quase que exclusivamente o tripé balho pelas contratadas em seu cantei-
engenharia–treinamento–punição ro. "Por permitirem avaliar a melhora
sem obter sucesso. Agora é o momento ou piora da obra com relação à segu-
de construir um bloco de cultura,estra- rança dos trabalhadores,auditorias pe-
Fotos: Marcelo Scandaroli

tégia organizacional, liderança com de- riódicas também são instrumentos vá-
sempenho e comportamento organiza- lidos para respaldar as políticas de se-
cional", propõe Quelhas. gurança", recomenda Pampalon, que
Além disso, o sucesso das políticas defende, ainda, a criação de cláusulas
A moderna comunicação e os instrumentos de segurança nos canteiros depende di- contratuais relativas à segurança do
clássicos de sinalização são importantes retamente da capacitação dos profis- trabalho, que impõem multas pelo seu
ferramentas contra os acidentes sionais, ainda mais diante do aqueci- descumprimento às empreiteiras.

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Checklist – Canteiro seguro


No estudo preliminar do canteiro de  Localização e dimensionamento das
obras, ainda na fase de planejamento, centrais de: massa (betoneiras),
diversos itens importantes para garantir a minicentral de concreto (quando houver),
segurança dos trabalhadores devem ser armação e fôrma, serra circular,
considerados. Entre eles: pré-montagem de instalações, soldagem
 Ligações de água, energia elétrica, e corte a quente, entre outras.
esgoto e telefone.  Localização e dimensionamento dos
 Localização e dimensionamento, em equipamentos de transporte de materiais
função do volume da obra, das áreas para e pessoas (grua, elevador de transporte
armazenamento de materiais a granel de materiais, elevador de passageiros).  Análise cronológica da instalação
(areia, brita etc.).  Tapumes ou barreiras para impedir o do canteiro e das atividades de
 Localização e dimensionamento das acesso de pessoas estranhas aos serviços. máquinas e equipamentos fixos,
áreas de vivência (sanitários, vestiários,  Verificação das diversas interferências para determinar, com antecedência,
alojamento, local de refeições etc.). com a comunidade e vice-versa. sua disposição e construção.

Fonte: Manual de Procedimentos para Implantação e Funcionamento de Canteiro de Obras, de Edison da Silva Rousselet.

Círculo virtuoso
A segurança do trabalho é parte integrante para a execução dos serviços de acordo Segurança e em Medicina do
do processo de produção e deve estar com o PCMAT (Programa de Condições Trabalho) – São responsáveis pela
entre os objetivos permanentes das e Meio Ambiente do Trabalho na execução direta do PCMAT estabelecido
empresas. O bom resultado, contudo, Indústria da Construção) da obra, para a obra, e pelo assessoramento e
depende do comprometimento de todos com o assessoramento e apoio da apoio à área de produção.
os agentes envolvidos. equipe especializada. Cipa – Tem a responsabilidade de divulgar
Gerente de contrato/supervisor de Mestres/encarregados – São as normas de segurança e saúde no
obras – Têm a responsabilidade final pela diretamente responsáveis pela trabalho e propor medidas preventivas.
execução do contrato/obra dentro dos orientação e controle das Medidas Empregados da obra e de
padrões mínimos de Segurança e Saúde Preventivas adotadas pelas equipes empreiteiras – Têm o dever de
no Trabalho, estabelecidos pela legislação sob sua supervisão, devendo participar colaborar na aplicação e
em vigor. de forma ativa para que os trabalhos cumprimento das normas
Engenheiros/gerentes – São sejam desenvolvidos sem acidentes. regulamentadoras e das ordens de
responsáveis pelo planejamento e Assessores de SESMT (Serviços serviço sobre segurança e medicina
determinação das Medidas Preventivas Especializados em Engenharia de do trabalho recebidas.

Fonte: Sobes (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança).

Calcanhar de Aquiles Dessa forma, segundo o consultor, comunicação não pode ser de via
Entre os procedimentos que envol- tornou-se cada vez mais importante única por parte de quem toma as deci-
vem o gerenciamento da segurança, a que as empresas estabeleçam um co- sões para as outras partes envolvidas, o
elaboração de planos de comunicação mitê para planejar as ações de comu- que é muito comum.
e de emergência eficazes é um dos mais nicação, participação e consulta às O acidente na estação Pinheiros da
importantes e críticos. Para agravar a partes interessadas. É esse comitê que, Linha 4 do Metrô em São Paulo,no ano
situação, a terceirização, nos seus múl- por exemplo, garante a implementa- passado, mostrou que a simples exis-
tiplos aspectos,gerou ainda mais opor- ção de procedimentos quanto à comu- tência de um plano de emergência é
tunidades de falhas e desencontros. "Às nicação interna e com contratados, uma medida inócua. "Um bom plano é
vezes, projetistas, consultores, enge- bem como realiza consultas às partes aquele que atende aos requisitos da
nheiros e empreiteiros não têm conhe- externas sobre assuntos de SSMA, por obra e que, principalmente, é exausti-
cimento dos requisitos da obra como exemplo. "Um sólido plano de comu- vamente treinado e simulado, de ma-
um todo, gerando não-conformidades nicação e consulta para abordar ques- neira que quando, e se, existir uma
e sérias conseqüências nos aspectos de tões relacionadas aos riscos e ao pro- ocorrência de emergência, todos sai-
prevenção de acidentes", comenta José cesso para gerenciá-los é fundamen- bam o que fazer",conclui Pampalon.
Carlos de Arruda Sampaio. tal", reitera França, ressaltando que tal Juliana Nakamura

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CAPA

Fotos: Marcelo Scandaroli


As carreiras antes em “I” retiravam dos canteiros de obra profissionais experientes para atender a demanda administrativa. Para
o profissional, isso significava promoção e aumento de salário. Hoje, a área técnica é tão bem remunerada quanto a administrativa

Futuro planejado
Cursos, experiências internacionais, habilidade em lidar com pessoas.
Veja as qualificações e habilidades que podem alavancar sua carreira

ão existe uma receita para tornar delegar a outra pessoa ou à construto- Irene sugere àqueles que preten-
N um engenheiro civil bem-sucedi-
do na carreira. Como mostram espe-
ra em que se trabalha", afirma a con-
sultora Irene Azevedo, que trabalha
dem "gerenciar" sua carreira começar
inventariando suas próprias caracte-
cialistas e profissionais ouvidos pela com transição de carreiras na DBM rísticas. O estudante ou engenheiro
Téchne, o "sucesso" depende muito do Brasil, empresa especializada em ges- civil deve identificar as coisas que lhe
autoconhecimento, das oportunida- tão de capital humano, e dá aulas na dão satisfação ou insatisfação e as
des que surgem ao longo do tempo e, Brazilian Business School. "Cabe ao funções que condizem com seu estilo
claro, das escolhas feitas pelo profis- profissional escolher os caminhos que pessoal. "Tente se visualizar no futu-
sional. "É uma tarefa que não se pode ele quer trilhar." ro, cerca de cinco anos à frente", reco-

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menda. Manter registros sobre a pró-


pria trajetória profissional pode aju-
dar nessa reflexão: quais foram os
cargos ocupados, as funções exerci-
das, o que motivou uma possível
troca de área ou de emprego, quais
foram os momentos de frustração.
Esse olhar sobre o próprio passado
auxilia na identificação de erros,
acertos e pontos a melhorar. Com
essa auto-análise, fica mais fácil defi- Setor imobiliário aquecido gerou grande demanda por projetistas estruturais.
nir ambições e projetos. Construtoras se queixam de ter que recorrer sempre aos mesmos especialistas,
Além disso, deve-se tomar cuida- por falta de bons profissionais no segmento
do para que o plano de carreira não
fique enrijecido. Como orienta Irene,
é importante ter um "plano B". "Nin-
guém tem um único interesse", diz.
Segundo ela, o profissional que quiser
mudar de área pode buscar uma reco-
locação na própria empresa em que
trabalha. "A mobilidade é possível. O
profissional contratado vem, num
primeiro momento, para a vaga à qual
ele concorreu. Mas esse é só o primei-
ro passo", afirma Edna Simões, con-
sultora de Recursos Humanos da Mé-
todo Engenharia.

Graduação e pós-graduação
Os momentos mais propícios a
experimentações e mudanças são a
graduação – em programas de estágio
Mestrado Profissional em Habitação do IPT: reconhecido pelo MEC, curso promove
e trainee – e os primeiros anos de
pesquisas aplicadas, capacita e atualiza tecnologicamente engenheiros com perfil técnico
atuação na área. A professora Mércia
Maria Bottura de Barros, da Escola
Politécnica da Universidade de São plos. O aluno sai com uma visão do para seu desenvolvimento inicial. Por
Paulo, sugere que o recém-formado todo e não como um especialista", ex- um bom tempo, ele terá muitos ga-
dedique-se a trabalhar durante alguns plica. "Se o profissional acabou de sair nhos, pois vai absorvendo o conheci-
anos antes de partir para uma especia- da faculdade, o melhor é ele ingressar mento consolidado na empresa. Mas
lização ou um MBA, exceto se ele for no mercado de trabalho, procurando ele não deverá ficar satisfeito com isso.
um pesquisador nato e quiser se dedi- um posicionamento na área com a Será necessário buscar sempre novos
car à pesquisa fazendo um mestrado. qual ele tem mais afinidade. Ao entrar conhecimentos, pois esses são dinâ-
"De modo geral, os cursos de Enge- em uma boa empresa, poderá obter micos, evoluem continuamente."
nharia Civil são extremamente am- no próprio trabalho o conhecimento O engenheiro civil Fernando Câ-

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CAPA

"Antigamente, o aluno podia termi-


Divulgação

nar a graduação e trabalhar por dez


ou 15 anos sem que muita coisa mu-
dasse ao longo desse tempo. Hoje, ele
tem duas opções: ou o seu trabalho
lhe oferece a oportunidade de se de-
senvolver e se atualizar, ou ele precisa
voltar à escola para conseguir acom-
panhar essas alterações".
A pós-graduação stricto sensu
(mestrado e doutorado) é voltada
para a formação de pesquisadores.
Embora possa ser útil em alguns casos,
a experiência no mercado não é um
requisito para ingressar nesses progra-
mas. "O aluno de mestrado ou douto-
rado é instigado a ir em busca do co-
nhecimento consolidado e a dar um
Construtora de Dubai, nos Emirados Árabes, procura profissionais brasileiros para atuar passo à frente, contribuindo para o seu
em 18 posições. Inglês fluente e conhecimentos em construção rápida são indispensáveis desenvolvimento", explica Mércia. De
um modo geral, as empresas brasilei-
mara, gerente de engenharia da Rossi mente, sempre preterido em relação a ras na área de Engenharia Civil ainda
Residencial, diz que uma carreira outro, no caso de uma contratação ou não valorizam mestres e doutores
sem cursos complementares é estag- de uma promoção." Mércia destaca, como fazem as empresas estrangeiras.
nada. "Um profissional sem pós ou como causa disso, a velocidade com Aqui, esses profissionais são aproveita-
que não se atualiza será, provavel- que o conhecimento evolui hoje: dos principalmente por instituições

Tendências da área técnica

Marcelo Scandaroli
Fernando Câmara, 41, gerente de áreas, como marketing e vendas." Ele
engenharia da Rossi Residencial, nunca trabalhou com a área de negócios e
concluiu o curso de Engenharia Civil na incorporação, mas diz que considera esse
Escola Politécnica da Universidade de segmento como uma possibilidade futura
São Paulo em 1992. Sua primeira em sua carreira.
experiência profissional aconteceu na Câmara é especializado em Administração
Kallas Engenharia, onde começou de Empresas pela Fundação Getúlio
como estagiário e passou a engenheiro Vargas e fez pós-graduação em
de obra. Em 1995, Câmara começou a Gerenciamento de Empreendimentos na
trabalhar na Setin Empreendimentos Escola Politécnica da USP. A rotina de
Imobiliários, onde permaneceu por trabalho de Fernando Câmara mescla o “Nas grandes
13 anos. Entrou como engenheiro trabalho no escritório com visitas aos
residente, tornou-se coordenador e, canteiros de obras. Seus subordinados
organizações, o
por fim, gerente de engenharia. Sua diretos são coordenadores de obras. Ele trabalho é mais
ida para a Rossi aconteceu em define um bom profissional técnico como
dezembro de 2007. alguém que gosta de trabalhar em equipe
segmentado”
Ele considera positiva a experiência de e de produzir. Fernando Câmara
ter passado por empresas menores O engenheiro acredita que o mercado da gerente de engenharia da
antes de chegar à Rossi. "Nas empresas construção civil continuará crescendo e, Rossi Residencial
médias e pequenas, você acaba fazendo nesse contexto, deve se acentuar a
um pouco de tudo. O aprendizado pode segmentação na área. Segundo Câmara, tendência é a divisão: um grupo que se
ser muito grande", diz. "Nas grandes as empresas menores que não forem dedique aos empreendimentos de baixa
organizações, o trabalho é mais compradas por outras tendem a se renda, outro que enfoque certa tecnologia
segmentado, e é preciso desenvolver especializar em algum nicho. "Como construtiva. O profissional provavelmente
algumas competências diferentes. Você dentro de empresas maiores não é terá que escolher um segmento para
trabalha em contato com várias outras possível uma pessoa cuidar de tudo, a começar a se especializar."

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Divulgação: Sinduscon-SP
de ensino. Mas a professora enxerga
uma tendência de mudança, ainda
que lenta. "Em algumas empresas, isso
começa a fazer diferença no momento
da contratação", diz. A indústria de
materiais e componentes e as empre-
sas construtoras que têm áreas de de-
senvolvimento tecnológico são as que
mais valorizam e contratam esses pro-
fissionais.

Requisitos
Embora faça sentido pensar em
uma divisão entre carreiras técnicas e
carreiras executivas na Engenharia
Civil, existem algumas habilidades ge-
renciais que são necessárias a todos os
Realizado em parceria pela FGV-SP e SindusCon-SP, MBA Executivo da Construção Civil
profissionais da área. A principal
aborda áreas de economia, administração e finanças necessárias para gerenciar uma
delas: trabalhar em equipe. "Para a
empresa do segmento. Na foto, cerimônia de formatura realizada no último mês de junho
obra, é preciso ter conhecimento téc-
nico, mas também é necessário saber
um pouco de administração. Ela é relacionar tem sido valorizada cada mas para crescer no mercado de traba-
como uma 'empresinha'. É preciso vez mais pelas empresas. Com isso, lho. Nesse contexto, os trabalhos so-
gostar de pessoas e saber lidar com profissionais que têm dificuldade de ciais voluntários podem ser "uma im-
elas", diz Fernando Câmara. De acor- lidar com pessoas, ainda que com boa portante fonte de aprendizado", se-
do com Mércia, essa habilidade de se capacidade técnica, enfrentam proble- gundo a professora. "Eles permitem

Mudança de rumo

Marcelo Scandaroli
Alexandre Melão, 40, sócio-diretor da gerência comercial da Atlântica
incorporadora Ecoesfera, graduou-se Residencial, empresa que, na época,
em Engenharia Civil em 1991, na buscava se expandir na área de
Universidade Mackenzie (São Paulo). Construção Civil.
Sua ida para a área de administração e Melão percebeu que o aquecimento
negócios aconteceu depois de passar do mercado imobiliário no País seria
pela área técnica, em empresas como apenas uma questão de tempo. Em
a construtora Pinto de Almeida. Com 2004, ele se uniu aos engenheiros Luiz
essas experiências, o engenheiro Fernando Lucho do Valle e Robert
percebeu que sua vocação era mesmo Reinbach para criar a Ecoesfera. Em
para os grandes negócios do mercado 2006, diz Melão, a incorporadora já “Fazer cursos
imobiliário. "Eu sentia certa limitação podia ser considerada uma empresa
no canteiro. Meu interesse era pelo consolidada no setor. Para o
complementares
grande negócio que estava por trás engenheiro, o profissional que deseja foi decisivo”
daquilo, pela idéia de concepção do atuar na área de negócios deve estar
Alexandre Melão
projeto, de comercialização, de disposto a ficar o tempo todo atento
sócio-diretor da Ecoesfera
contato com os clientes", conta. às variações do mercado e aberto a
Para ingressar na área administrativa, o mudanças, prestando atenção à
engenheiro se preparou com dois demanda e aos riscos. Melão, para quem os melhores
cursos de pós-graduação: uma O engenheiro afirma que a preparação engenheiros da área administrativa
especialização em Administração de acadêmica foi fundamental para a são justamente os que buscaram
Empresas, também no Mackenzie, mudança em sua trajetória profissional. formação complementar. No caso do
concluída em 2001, seguida por um "A faculdade de Engenharia Civil me MBA, conta, uma das experiências
MBA em Marketing, na ESPM (Escola ofereceu uma visão básica da área de mais importantes foi o contato com
Superior de Propaganda e Marketing). negócios. Fazer cursos pessoas de outros segmentos, como
Em 2002, Melão começou a trabalhar na complementares foi decisivo", afirma bancos e telefonia.
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CAPA

Os engenheiros da capa
Em 2001, ingressou no grupo PINI. Passou
Fotos: Marcelo Scandaroli

“Paro todo fim de ano pela Petrobras/Transpetro e teve uma


para pensar na carreira” experiência no setor público, como diretor
de obras e serviços na FDE-SP (Fundação
Cursos: Graduação em Engenharia Civil para o Desenvolvimento da Educação).
na Escola Politécnica da USP (conclusão Trabalhou no escritório de São Paulo da
em 1993). Especialização em Santa Bárbara Engenharia. Retornou à
Administração de Empresas (Fundação Schahin em junho de 2008.
Instituto de Administração); MBA Dicas: "Hoje, o mercado está bem diferente
Executivo da Construção Civil (Fundação de 15 anos atrás. Naquela época, era muito
Getúlio Vargas). difícil. Hoje, vale aproveitar o boom do setor,
Trajetória: Seu primeiro emprego foi na procurar ficar na área de Engenharia Civil.
Rodrigo Martins, 38 Schahin, onde passou pelas áreas de Acho importante se atualizar
gerente de planejamento e controle planejamento, controle, orçamento, constantemente e não permanecer por
da construtora Schahin execução de obras e gestão de contratos. muito tempo em uma única função".

Dicas: "Recomendo estudar em uma


“É fundamental faculdade de primeira linha e estagiar o mais
saber onde procurar cedo possível. No mercado atual, a pós-
graduação pode ser um fator interessante,
o conhecimento” principalmente por permitir o contato com
outras pessoas. Mas é melhor ter alguma
Cursos: Graduação em Engenharia Civil no experiência no mercado antes de partir para
Mackenzie (1980); cursos complementares. uma especialização ou um MBA. E hoje, mais
Trajetória: Graduado, trabalhou com o do que ter uma boa base técnica, é
arquiteto Ricardo Julião (1980-1987), fundamental saber onde procurar o
passou pela Omnia Engenharia (1987- conhecimento. (...) É preciso saber se
1995), foi coordenador geral da obra do relacionar bem e ter flexibilidade para lidar
Novo Espaço Natura e do Novo Centro de com problemas e estresse. Uma experiência
Fabio Villas Bôas, 50 Distribuição de Itapecerica (1996-2003). internacional, como intercâmbio, pode
diretor técnico da Tecnisa Entrou na Tecnisa em 2003. ajudar muito nesse aprendizado".

conta. Voltou ao Brasil e fez o programa de


“Os processos de Trainee da Gafisa. Chamou atenção de
trainee são ótimos” diretores da empresa pela melhora dos índices
de gestão obtidos com sua chegada em uma
Cursos: Colégio Técnico em Edificações obra. Foi convidada a participar de um projeto
pela Escola Técnica Federal de São Paulo; de redução de ciclos de obra da Gafisa. Rodou
graduação em Engenharia Civil pela o mundo para conhecer tecnologias e boas
Unicamp (Universidade Estadual de práticas aplicadas em outros países. Hoje é
Campinas) e intercâmbio em Engenharia coordenadora da Diretoria de Obras Rápidas,
Industrial no Instituto Nacional de criada neste ano pela empresa.
Ciências Aplicadas de Lyon, na França. Dicas: "Durante a graduação, fazer estágio
Trajetória: Depois de se formar Técnica em já na área em que deseja seguir carreira.
Edificações, cursou Engenharia Civil na Os processos de trainee são ótimos porque
Unicamp entre 2001 e 2006. Durante a dão ao estudante uma visão periférica das
Paula Petroni, 27 graduação estudou Engenharia Industrial no áreas da Engenharia. Apostar no marketing
engenheira coordenadora da Diretoria Insa (Instituto Nacional de Ciências pessoal e no desenvolvimento de uma rede
de Obras Rápidas da Gafisa Aplicadas) de Lyon, na França. "Queria de contatos. Muita coisa é absorvida
conhecer ferramentas de gestão de uma numa conversa rápida com um
indústria para aplicá-las na engenharia civil", engenheiro experiente".

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Sofia Mattos

Em abril de 2004, a Téchne acompanhou um dia do então engenheiro de obras da Matec, Jefferson Tagliapietra. De lá para cá, o
mercado da construção passou por algumas mudanças, mas uma mesma habilidade se mantém em alta: capacidade para gerir
pessoas e delegar tarefas

olhar as necessidades do outro e, com ressados em buscar uma experiência possível voltar para a mesma empresa,
o auxílio do conhecimento do grupo profissional no exterior, Sheila reco- para o mesmo cargo?"
envolvido, ir em busca da solução. Isso menda a constante atualização sobre
é desenvolver trabalho em equipe." as tendências da construção. "Atual- Salário e troca de emprego
Inglês e experiências internacio- mente, está pesando muito o critério Fernando Câmara, da Rossi, e Ale-
nais também têm feito diferença na da velocidade na construção, com o xandre Melão, sócio-diretor da incor-
hora da contratação. "Hoje, na gra- uso de tecnologias como os pré-fabri- poradora Ecoesfera, confirmam que
duação, o pessoal que sai para inter- cados", diz. Outras recomendações: os salários de cargos executivos ainda
câmbio é muito valorizado", afirma ter conhecimento de software de ges- são mais altos do que os da área técni-
Mércia. "Isso denota pró-atividade. Só tão de projetos, focar a experiência em ca, embora isso esteja mudando. A
sai para intercâmbio quem procura." empresas de renome e procurar vagas Método Engenharia, por exemplo,
A língua inglesa tem sido funda- que sejam compatíveis com a linha de tem buscado reduzir a diferença entre
mental nas seleções de engenheiros atuação do profissional. os salários das duas áreas, segundo
para atuar em obras no exterior. A Para quem já possui uma carreira Edna Simões. "Por um tempo, nossos
consultora Sheila Papautsky, da MRI- estabelecida no País, diz Irene Azeve- programas de estágio e trainee acaba-
Network Brasil, está trabalhando na do, a opção de deixar o emprego para ram focando a área gerencial." "Dessa
seleção de profissionais brasileiros uma experiência provisória no exte- forma, acabávamos perdendo poten-
para uma construtora em Dubai. Se- rior deve ser analisada com cuidado. ciais técnicos. Estamos mudando essa
gundo ela, ter inglês fluente é um cri- "É preciso avaliar o quanto isso agrega prática", afirma a consultora. O enge-
tério decisivo na pré-seleção dos currí- valor à carreira. A volta também deve nheiro civil Fabio Villas Bôas, diretor
culos enviados. Aos engenheiros inte- ser levada em consideração. Será que é técnico da Tecnisa, diz que, por um

Dicas
O que levar em consideração ao se traçar e experiências internacionais também vida, como família, tempo para lazer e
um plano de carreira contam muito para uma carreira interesses acadêmicos.
 Embora seja necessário estabelecer bem-sucedida.  Conversar com amigos, familiares e
objetivos profissionais, é importante que o  A satisfação no trabalho é um colegas de profissão ajuda o profissional a
plano seja flexível, adaptável a mudanças e aspecto-chave. Ao traçar seu plano de ter uma idéia mais clara da própria
ajustes. A dica vale principalmente para carreira, o jovem estudante ou imagem e do próprio estilo, de seus pontos
estudantes e profissionais em início de profissional deve analisar com atenção fortes e fracos. Colegas mais experientes
carreira, quando é mais difícil definir com os aspectos que lhe trazem satisfação podem ser ótimos conselheiros.
clareza o que se quer. ou insatisfação. Não adianta insistir em  De tempos em tempos, vale olhar para
 Uma trajetória profissional não é algo com o qual não se tem afinidade, o passado, examinar o que se fez e
constituída apenas pelos cargos esperando se adaptar no futuro. analisar os momentos de crise ou
ocupados ao longo do tempo.  Um plano de carreira não é algo a ser satisfação. Isso ajuda a perceber o que
Experiências como trabalhos traçado de forma isolada. Ele deve levar deu certo (e pode ser repetido) e o que
temporários, estudos complementares em conta outros aspectos e dimensões da deu errado (e deve ser evitado).

51
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CAPA

Perfil profissional
As perguntas abaixo têm o objetivo de traçar estratégias de ação caso ela saia d) Um desafio intelectual para
auxiliá-lo na identificação das áreas da rota planejada. conceber um edifício racional e
mais adequadas ao seu perfil no campo d) Verificar “in loco” a execução de um eficiente para o usuário final.
da Engenharia Civil. As questões foram sistema construtivo, checando a
elaboradas com base nas principais obediência às recomendações do projeto 5. Seu diretor sugere o uso de
funções exercidas pelos engenheiros e às normas técnicas. uma tecnologia importada para
civis no mercado de trabalho. a vedação de um edifício
3. Num curso de pós-graduação, comercial de alto padrão. Que
1. Sua construtora faz uma primeira que disciplinas mais o atraem? perguntas mais se adequam ao
reunião para conceber um novo a) Administração econômico-financeira, seu perfil?
empreendimento comercial na matemática financeira, governança, a) Como devo me programar para
região central de uma metrópole. análise macroeconômica. fazer a encomenda do produto?
Que função você gostaria de b) Estratégias de relacionamento com Que procedimentos devo tomar
desempenhar? clientes, e-business, gestão da para garantir seu fornecimento
a) Estudar a viabilidade econômico- capacidade e da demanda, planejamento no canteiro?
financeira e elaborar o orçamento de abastecimento, distribuição e entrega. b) Qual o melhor momento para
do produto. c) Gestão da mão-de-obra na produção, efetuar a compra? Ele atende às
b) Estudar os meios de financiamento canteiros de obras de edifícios, gestão da exigências das legislações
possíveis para a viabilização qualidade e certificação de sistemas, brasileiras? O que fazer se
do empreendimento. planejamento operacional e custo. precisarmos de assistência técnica
c) Estudar as diversas tecnologias d) Tecnologia de materiais e no futuro?
disponíveis no mercado para a execução durabilidade, projetos assistidos por c) Que tipo de treinamento as equipes
do empreendimento e definir o sistema computador: cálculo e detalhamento, de produção devem receber? Como
construtivo mais adequado estabilidade global e análise garantir a qualidade da execução?
para a situação. de peças esbeltas. d) Qual o desempenho do
d) Dar forma à nova edificação, ajudando material quanto à durabilidade,
a elaborar o projeto básico do edifício e a 4. Para você, o que representa um resistência física e química,
compatibilizar os diversos desenhos empreendimento sustentável? isolamento termoacústico?
da construção. a) Um desafio de buscar no mercado
fornecedores que ofereçam produtos Resultado:
2. A obra já está em andamento. diferenciados, eficientes e amigáveis ao Maioria de respostas a: área de
Nessa etapa, com que atividades meio ambiente. planejamento e orçamento.
você tem mais afinidade? b) Uma oportunidade de agregar valor ao Maioria de respostas b: área de
a) Negociar com fornecedores preços de produto imobiliário e à imagem administração, negócios e
serviços e materiais de construção. da construtora. incorporação.
b) Desenvolver ações de divulgação e c) Uma oportunidade de desenvolver Maioria de respostas c: área de
vendas do produto. processos que reduzam o desperdício e o execução e gerenciamento de obras.
c) Acompanhar a execução do consumo de materiais e recursos Maioria de respostas d: área de
orçamento e do cronograma da obra e no canteiro. concepção e elaboração de projetos.

Colaborou: Edna Simões, da Método Engenharia

bom tempo, "a área técnica foi o 'pati- engenheiro sênior, R$ 7.634,00. A re- Para a consultora Irene Azevedo,
nho feio' da Engenharia Civil". Hoje, muneração dos engenheiros tem cres- a troca de emprego vale a pena quan-
segundo ele, não é mais assim: o enge- cido mais do que a de profissionais de do as possibilidades de aprendiza-
nheiro civil da área técnica está sendo outras áreas, informa a consultora da gem e de carreira se esgotam na em-
muito procurado e pode ganhar salá- área de Capital Humano Ana Paula presa. Aos mais jovens na profissão,
rios altos. Henriques, da Mercer. Isso se deve à Fernando Câmara recomenda pa-
Segundo pesquisa feita em maio maior busca por profissionais espe- ciência: nada de achar que se apren-
de 2008 pela Mercer, empresa de con- cializados, que passam a ser disputa- deu tudo em dois ou três meses. "Aí,
sultoria em recursos humanos, um dos pelas organizações. Hoje, diz Ana você não pára em lugar nenhum e
engenheiro júnior recebe no Brasil, Paula, é muito comum um engenhei- corre o risco de estragar sua carrei-
em média, R$ 4.596,00 mensais; um ro civil permanecer apenas um ou ra", alerta o engenheiro.
engenheiro pleno, R$ 5.979,00; um dois anos em uma empresa. Flávia Siqueira

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ELEVADORES – PINI 60 ANOS

Subida rápida
Uso de microchips para comandar elevadores foi um dos principais saltos
tecnológicos no segmento

s sistemas de elevadores estão en- informática. O principal salto se falhas reduziram-se drasticamen-
O colhendo e ficando mais inteli-
gentes. Se há três décadas esses equipa-
deu em meados da década de 1980,
com o advento do controle lógico
te", afirma Fabio Mezzarano, dire-
tor de novas instalações e moderni-
mentos só funcionavam com enormes do sistema feito por microchips. As zações da Atlas Schindler.
painéis de controle, motores, engrena- pequenas placas eletrônicas verdes Os níveis de conforto, porém, só
gens e geradores – que eram abrigados passaram a substituir os espaçosos melhoraram alguns anos depois.
em ambientes exclusivos nos edifícios quadros de comando compostos Até o início da década de 1990, a
residenciais e comerciais –, hoje todos por vários relés – um por pavimen- maior parte dos elevadores utilizava
esses componentes já podem ser en- to, além de peças exclusivas para as motores de duas velocidades – ao
contrados em dimensões bem meno- ações de abrir e fechar portas, ace- receber a ordem de partida, os car-
res, instalados no poço ou acoplados leração e desaceleração – que con- ros saíam em velocidade reduzida,
ao próprio elevador. trolavam eletromecanicamente as mudavam para a velocidade de cru-
O desenvolvimento tecnológico viagens. "Com a mudança, o consu- zeiro e, ao se aproximar do andar de
nesse segmento acompanhou o da mo de energia elétrica e o índice de destino, reduziam mais uma vez a

Evolução em imagens
Em vez de relés, microchips passaram a
controlar os movimentos de subida,
descida, aceleração, desaceleração, abrir e
fechar de portas, etc. Substituição reduziu
o índice de falhas, já que se eliminou
desgastes mecânicos dos dispositivos
Fotos: ThyssenKrupp Elevadores

Motores mais compactos, com polias de


menor diâmetro, permitiram eliminar a
Quadro de comandos controlava os necessidade de casas de máquinas.
movimentos do elevador Fabricantes afirmam que altura pode ser
eletromecanicamente, por meio de "aproveitada" para construção de mais
diversos relés um pavimento

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2008
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velocidade. A parada era feita com vos de energia elétrica para os eleva- meiros elevadores sem casa de má-
auxílio dos freios. Cada mudança dores de maior velocidade (acima quinas. O desenvolvimento tecnoló-
de velocidade era sentida como um de 2,5 m/s). A lógica é a seguinte: as gico permitiu desenvolver motores
"tranco" pelos usuários. A situação cabines estão presas por cabos de mais compactos, com polias de
mudou com a introdução dos dri- aço a um motor e a um contrapeso menor diâmetro. Com isso, a máqui-
ves VVVF (Variador de Voltagem e (cuja massa equivale a cerca de 50% na pôde ser instalada no próprio pas-
Variador de Freqüência) nos circui- daquela de um elevador cheio). sadiço, num espaço mais confinado.
tos de comando. Controlando a Quando ela desce lotada ou sobe Atualmente, alguns elevadores são
voltagem e a corrente elétrica que vazia, o motor praticamente não suspensos por cintas de aço revesti-
alimenta o motor, essa peça é capaz precisa funcionar. O movimento das em poliuretano. Com a mesma
de fazê-lo obedecer a uma curva de ocorre naturalmente, dada a força capacidade de carga dos tradicionais
velocidades programada por com- resultante dos pesos da cabine e do cabos de aço, as cintas são, segundo a
putador. Na prática, o drive tornou contrapeso. Os drives regenerativos fabricante, mais flexíveis e dispensam
mais suave a aceleração e a desace- aproveitam esse movimento natural o uso de óleos lubrificantes.
leração dos elevadores e mais preci- e mecânico para produzir uma pe- As administrações de alguns
so o seu nivelamento com o piso do quena quantidade de energia elétri- centros urbanos limitam a altura de
pavimento. Melhor para os freios, ca, que pode ser reaproveitada na construção de novos edifícios em
que também passaram a sofrer própria edificação. Hoje, elevadores certas áreas da cidade. Geralmente,
menos desgastes. de menor porte com essa tecnologia considera-se como cota máxima das
De acordo com Daniel Luz, da já estão disponíveis no mercado. torres a cobertura da sala de máqui-
Elevadores Otis, foi nessa década Mais tarde, por volta do ano de nas. Os fabricantes argumentam
que surgiram os drives regenerati- 2001, chegaram ao mercado os pri- que, utilizando elevadores com um
Atlas Schindler

Voltado para o segmento de edifícios


corporativos com alto tráfego de
passageiros, sistema de Antecipação
de Chamadas otimiza
aproveitamento dos elevadores,
agrupando usuários que se dirigem a
andares próximos
Atlas Schindler

Cadastro de impressões digitais


restringe acesso de usuário apenas a
andares previamente autorizados. Comandos e máquinas modernizados
Produto foca mercado de prédios ocupam espaço menor na sala
residenciais de alto padrão de máquinas

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ELEVADORES – PINI 60 ANOS

motor mais compacto e quadro de proporciona entre 20% e 30% de


comandos acoplado à cabine, é pos- economia no consumo de energia
sível eliminar esse anexo no projeto elétrica", afirma o diretor comercial
arquitetônico. Assim, os construto- da ThyssenKrupp Elevadores, Paulo
res "ganham" a altura de um pavi- Henrique Estefan.
mento para a construção de aparta- Os fabricantes apostam também
mentos ou espaços de escritórios, em dispositivos de segurança que
metros quadrados mais rentáveis. restringem as viagens dos passageiros
As tecnologias mais recentes a andares previamente autorizados. E
estão relacionadas com a otimiza- não apenas em edifícios comerciais,
ção das viagens e com a tentativa de mas já em diversas torres residenciais
aumentar a segurança dos condo- de alto padrão. A liberação do acesso
mínios. Quanto à otimização do pode ser feita por senha, por cartão
tráfego, começam a se disseminar magnético ou por biometria (leitura
em edifícios corporativos com vá- das impressões digitais).
rios elevadores os antecipadores de Se o condomínio desejar, pode-
chamadas. Oferecidos por todos os rá instalar o sistema de monitora-
fabricantes, são sistemas que agru- mento e diagnóstico remoto dos
pam, numa mesma cabine, os pas- elevadores. Nesse serviço, os equi-
sageiros que estão se dirigindo a an- pamentos ficam conectados 24
dares próximos entre si. O usuário horas por dia, via internet, à cen-
digita o número do andar de desti- tral de monitoramento do fabri-
no em painéis localizados fora das cante. Qualquer anomalia é ime-
cabines, que lhes mostram imedia- diatamente detectada e, se necessá-
Cabines sem botoeiras: chamada é tamente que elevador tomar. "Em rio, uma equipe de manutenção é
programada no hall do edifício e sistema comparação com o sistema tradi- enviada ao local para averiguação.
orienta qual elevador o usuário deve tomar cional, a antecipação de chamada Renato Faria
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INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

Pressão reduzida
Para o bom funcionamento dos equipamentos hidráulicos e evitar
quebras, deve-se reduzir a pressão da água na entrada do edifício

s redutores de pressão são utili-


O zados para limitar e regular a en-
trada de água nos vários pavimentos
do edifício, a fim de que cada aparta-
mento receba a água com a pressão
adequada, normalmente 3 bar. Cada
bar de pressão (14.5 PSI) equivale a
cerca de 1 kgf/cm2 (14.2 Ib/in2) ou 10
mca (metros de coluna d'água). Os
redutores devem ser usados em altu-
ras acima de 30 m de coluna d'água.
Para medir a pressão, utiliza-se um
manômetro acoplado ao redutor.
Além de diminuir a pressão, os redu-
tores otimizam o consumo de água e
evitam o desgaste prematuro de
equipamentos hidráulicos, tais como
Fotos: Marcelo Scandaroli

tubulações, torneiras e registros.


Em geral, os redutores funcio-
nam com um pistão interno e com
dupla câmara de compensação.
Muitos deles possuem conectores
para acoplamento em tubos elimi- pressões da instalação. Nesse exem- Antes de iniciar a instalação é ne-
nando uniões de montagem. O cor- plo, a pressão de entrada da válvula cessário desligar o registro geral da
po pode ser de latão, bronze ou ou- deve variar entre 2 bar e 7 bar (rede água e abrir a pressão da válvula do re-
tro material resistente, e a mola deve da fornecedora local de água). dutor, deixando a mola totalmente
ser de preferência de aço inoxidável, Assim, utilizou-se um manômetro solta. Nesse exemplo está sendo usado
com vedações em borracha atóxica. com escala de 0 bar a 4 bar. Se a es- um redutor de pressão de ½" (com fil-
O ideal é que tenha ponto para co- cala for maior, por exemplo, de 0 tro embutido) e tubulação de polieti-
nectar manômetro com rosca. São bar a 14 bar, pode haver imprecisão leno reticulado com alma de alumí-
oferecidos com diversas regulagens na leitura. A pressão de saída da nio. Em geral, os edifícios possuem
de pressão 0,5 bar a 6 bar, suportam válvula redutora, a que de fato che- uma estação central de redutores de
temperatura máxima da água de gará à torneira ou chuveiro do pressão, com dois equipamentos de
80ºC, com pressão máxima de entra- apartamento, deve ser de no máxi- grande porte instalados (de 2" a 3").
da de até 25 bar. mo 3 bar, suficiente para conforto Aqui, o redutor, de menor porte, é in-
Recomenda-se inserir um filtro no fornecimento de água em uni- dicado para prédios que adotam a
Y antes da entrada da válvula redu- dades residenciais e para ser com- medição individualizada de água,
tora de pressão, para evitar entrada patível com a pressão admitida em com instalação em cada medidor.
de impurezas. Os manômetros aquecedores de passagem e veda- Heloísa Medeiros
devem ter escala compatível com as ções de torneiras. Apoio técnico: Emmeti

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Passo-a-passo da instalação
1 Instale a conexão de prensar com
rosca, que servirá para o acoplamento
do redutor

2 Utilize um alicate de prensar, para fazer


a vedação deixando a junção estanque

3 Coloque fita veda-rosca no registro de


abertura da água e rosqueie

4 No redutor, use também a fita veda-


rosca antes de rosqueá-lo no registro
1 2
5 Verifique se a seta indicadora na
lateral do redutor aponta para fora,
no sentido da saída da água antes
de rosqueá-lo

6 Acople depois o medidor de água


rosqueando-o

7 Retire o tampão de plástico ABS e


acople o manômetro para medir a
pressão da água

8 Acerte a pressão da entrada de água


fechando a válvula até chegar a 3 bar
3

4 5 6

7 8

59
artigo.qxd 6/10/2008 18:06 Page 60

Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Racionalização do
transporte de materiais
em edificações
iferentes estratégias vêm sendo im- materiais, a boa integração dos elemen-
D plementadas na busca de maior efi-
ciência na atividade de produção de em-
Fritz Gehbauer
Engenheiro civil, Universidade de
tos que compõem a cadeia produtiva no
canteiro de obra, a minimização das
Karlsruhe/Universidade Federal do
preendimentos. Dentre essas estratégias distâncias e o uso adequado dos espaços
Paraná. Departamento de Construção
podemos citar a racionalização, que é como alguns dos princípios básicos do
Civil: Centro Politécnico.
vista como um elemento de vital impor- arranjo do canteiro de obras.Conforme
e-mail: gehbauer@tmb.uni-karlsruhe.de
tância em todos os processos da constru- Gehbauer (2004), na construção civil
ção civil (Franco, 1996). Os resultados freqüentemente é evidenciada a opi-
Alexandre Gutierrez
que a racionalização pode trazer em nião de que cada obra é diferente e,por-
Engenheiro civil, Universidade
uma obra são vários,e podem contribuir tanto, não é acessível a métodos formais
Federal do Paraná
de maneira direta e indireta em todos os de racionalização, prevalecendo ainda a
e-mail: alexandre@biogral.com.br
processos ao longo do ciclo de vida de improvisação. No entanto, segundo o
uma obra. Nesse contexto, define-se ra- mesmo autor, não é considerado que o
Cláudio Aguiar
cionalização como o estudo desse siste- processo de construção também é
Engenheiro civil, Universidade
ma de produção formado com base na composto de muitos processos parciais
Federal do Paraná
realidade e tendo como meta a definição repetitivos e cíclicos, sendo assim aces-
e-mail: cruenge@terra.com.br
de melhorias (Gehbauer, 2004). Con- síveis a métodos de racionalização,
forme Gehbauer os próprios processos mesmo sendo cada obra diferente uma
Fabíola Azuma
de planejamento, administração, execu- da outra.
Engenheira civil, Universidade
ção do trabalho e manutenção de edifi-
Federal do Paraná
cações escondem algumas oportunida- Transporte de materiais
e-mail: fabiolaazuma@yahoo.com.br
des de racionalização. Ao planejar a exe- O transporte de materiais é uma ati-
cução de uma obra deve-se optar por al- vidade que, embora não agregue valor
Michelle Beber
gumas possibilidades quanto à realiza- na construção civil, corresponde a, se-
Arquiteta, Universidade Federal do Paraná
ção de um serviço: uso de diferentes gundo Gehbauer (2004), aproximada-
e-mail: mi_arq@yahoo.com.br
equipamentos, materiais ou técnicas mente 80% das atividades de constru-
(Souza e Franco, 1997). ção. O primeiro passo para o entendi-
Nadine Bertele
mento e estudo de um sistema de trans-
Engenheira civil, Universidade de Karlsruhe
Racionalização portes é a percepção de que se pode sub-
e-mail: nadine@bertele.de
A racionalização é um processo con- dividi-lo em "ciclos" que, embora inte-
tínuo de otimização dos recursos e pro- rajam entre si, podem ser avaliados in-
cessos disponíveis para a execução de dos processos da empresa e R3 a racio- dividualmente (Souza e Franco, 1997).
um empreendimento,seja ele a execução nalização de toda a cadeia produtiva. O Quanto mais contínuo for um sistema
de uma parede ou de um edifício. Geh- presente estudo teve como foco a R1,ou de transportes, tanto maior a sua pro-
bauer (2004) divide a racionalização em seja, a racionalização no canteiro de dutividade. Entretanto, o tamanho e a
R1, R2 e R3, sendo R1 a racionalização obra. Limmer (1997) apresenta a busca forma do que será transportado in-
no canteiro de obra, R2 a racionalização pela melhor disposição possível dos fluem na escolha do sistema – Limmer

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segundo andar (do elevador ao local de


aplicação da argamassa) e 8,70 m é o

Imagens elaboradoas pelos autores


percurso vertical realizado pelo eleva-
dor de obras. As distâncias horizontais
podem ser observadas nas figuras 1 e 2.
Para cada ciclo, são transportados dez
sacos de argamassa, exigindo o esforço
de três homens.
Na tabela 1 é possível observar o es-
1o andar 2o andar forço em homens-metro e máquina-
metro em cada fase do transporte da
Figuras 1 e 2 – Transporte de argamassa (antes e depois)
argamassa e o respectivo tempo gasto
em segundos.As unidades selecionadas
(1997).Conforme Barros (1998),o estu- concreto usinado em central de dosa- para esse ciclo, em segundos, foram:
do dos sistemas de transporte pode aju- gem terceirizada e bombeado na hora homens-metro e máquina-metro.
dar na sua otimização, no desenvolvi- de seu uso na obra. Considerando dados do Sindus-
mento de novas soluções ou,finalmente, Estrutura da pesquisa: observando con-PR (2006), foi elaborada a estima-
na quantificação de vantagens associa- o cenário da pesquisa, o estudo de caso tiva de custos da mão-de-obra necessá-
das à adoção de um novo equipamento foi escolhido como método de pesqui- ria para um ciclo do transporte de arga-
frente a uma solução tradicional. sa. Assim, foram utilizadas as seguintes massa. Portanto, considerando o custo
estratégias: observar; medir; registrar; do Sinduscon-PR homem-hora para
Método de pesquisa pensar; e corrigir focados em R1. Ini- operário de R$ 6,56 (faixa salarial de R$
Apresentação da obra estudada: o cialmente foi realizada uma entrevista 2,36/h acrescido de 178,05% de encar-
cenário de estudo de caso em uma cons- não-estruturada, seguida de consulta gos), chega-se a um valor de R$ 1,38 de
trução de edificação multifamiliar,loca- aos documentos da obra (projeto da custo total de mão-de-obra, referente a
lizada na cidade de Curitiba. O edifício obra). Na seqüência foram realizadas um ciclo para o transporte de argamas-
analisado prevê 11 apartamentos, dis- observações diretas no local com a veri- sa (0,07 h x 3 homens x R$ 6,56/hora).
tribuídos em garagem, térreo, aparta- ficação dos fluxos e medições de distân- Análise da situação atual – Trans-
mento-tipo, apartamento dúplex e co- cias e tempos gastos. Ao mesmo tempo porte de blocos de concreto: o segundo
bertura. O apartamento-tipo possui foram fotografadas as operações reali- ciclo observado foi o transporte de blo-
um total de 178 m2 de área. A edificação zadas e o local de trabalho.A partir des- cos de concreto. Os blocos de concreto
estava em processo de construção, sas informações foi gerada a proposta chegam à obra em paletes, contendo
sendo a estrutura dos pilares e vigas em de racionalização. 180 unidades cada.No entanto,como o
concreto armado moldado “in loco”, as elevador de obras não suporta o peso
lajes em concreto armado protendido Análise do estudo de caso de um palete completo, optou-se em
moldadas “in loco”, a vedação externa Análise da situação atual – Trans- transportar os blocos, por partes, em
em alvenaria de blocos de concreto não- porte de argamassa: o primeiro ciclo giricas contendo 50 unidades por vez.
estrutural e as divisórias internas utili- observado foi o transporte de arga- Nessa atividade,um operário transpor-
zando drywall. Quanto à organização massa ensacada. Para transportar a ar- ta o palete até próximo ao elevador,
do canteiro de obras, o escritório e o al- gamassa até o local de utilização são pois já existem paredes que impedem
moxarifado estavam localizados no percorridos no total 42,00 m, assim aproximação direta. Enquanto isso
subsolo, assim como o depósito de ma- subdivididos: 8,80 m a distância per- dois outros operários carregam duas
teriais, à exceção dos blocos de concreto corrida no primeiro andar (lugar de giricas com 50 blocos de concreto cada
e da ferragem que se encontravam no estocagem da argamassa até o eleva- e fazem o transporte até o local de apli-
primeiro piso. Estava sendo utilizado dor), 24,50 m a distância percorrida no cação. Nas figuras 3 e 4 observa-se o
percurso realizado para o transporte do
palete do estoque até o elevador e do
Tabela 1 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE TRANSPORTE DE ARGAMASSA
elevador até o local de aplicação. O
Atividade Metros de Homens-metro/ Segundos
transporte vertical por meio do eleva-
transporte Máquina-metro
dor tem percurso de 8,70 m. As unida-
Transporte de argamassa 8,80 m 1 x 8,80 x 10 = 88,00 hm 80
des selecionadas para esse ciclo, em se-
até o elevador
gundos, foram: homens-metro e
Subida do elevador 8,70 m 1 x 8,70 x 10 = 87,00 mm 60
máquina-metro. O trajeto é pratica-
Transporte da argamassa 24,50 m 1 x 24,50 x 10 = 245,0 hm 120
mente o mesmo que foi realizado para
até o local de uso
transportar a argamassa, no entanto, é
Total transporte 42,00 m 1 x 42,00 x 10 = 420,0 hm 260
um pouco mais longo porque os blocos
Fonte: elaborado pelos autores.

61
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ARTIGO

estão estocados na laje do primeiro piso carregamento de blocos na girica, mão-de-obra de um ciclo para trans-
de forma desordenada, além de existir transportavam e descarregavam os blo- porte de blocos de concreto com utiliza-
uma área já com paredes nesse piso, cos até o local de uso, o operário que ção de giricas, com capacidade de carga
sendo necessário fazer um desvio para transportava o palete até o elevador de 50 unidades de blocos, até concluir o
contornar esse local, conforme se ob- permanecia esperando até que se esva- esvaziamento de um palete de 180 uni-
serva nas figuras 3 e 4. ziasse completamente o palete e ele pu- dades. Dessa maneira, o custo estimado
Na tabela 2 observam-se as distân- desse buscar outro.Esse tempo de espe- foi de R$ 5,69 (0,289 h x 3 x 6,56).
cias percorridas em cada etapa do ra representou 95% do tempo total da
transporte e o respectivo esforço hu- atividade e indica uma grande oportu- Proposta
mano em homens-metro e o tempo nidade de racionalização. Situação racionalizada – Transporte
gasto em segundos. Durante a observa- Considerando o mesmo custo do de argamassa: a proposta de racionaliza-
ção e registro dos tempos gastos, verifi- operário por hora, conforme o Sindus- ção baseou-se no que poderia ser ime-
cou-se um excesso de tempo de espera. con-PR (2006), de R$ 6,56/h, foi elabo- diatamente implementado na obra.
Enquanto os dois operários faziam o rada uma estimativa para o custo de Embora existam vários fatores que
podem ser racionalizados, para esse es-
tudo foi escolhido somente o fator
transporte, para aplicação do método
de racionalização. Para o transporte de
argamassa, sugere-se a retirada de uma
Imagens elaboradoas pelos autores

mesa e alguns outros materiais que esta-


vam obstruindo a passagem. Dessa ma-
neira, consegue-se uma redução da dis-
tância percorrida e de esforço humano.
A figura 5 apresenta esquematicamente
essa alteração.
1o andar 2o andar A tabela 3 expõe os ganhos, evi-
denciando as melhorias em relação
Figuras 3 e 4 – Transporte do material (antes e depois)
ao tempo.
A redução da distância reflete nos
Tabela 2 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE TRANSPORTE DE BLOCOS DE CONCRETO custos da mão-de-obra. Usando o
Atividade Metros de Homens-metro/ Segundos mesmo modelo de cálculo anterior, so-
transporte Máquina-metro mente alterando a distância conforme
Transporte dos blocos 32,63 m 1 x 32,63 x 1 = 32,63 hm 60 proposta de racionalização que alterou o
de concreto com palete tempo de ciclo para 0,06 h. Assim, o
Carregar carrinho (50 blocos) – – 440 novo custo ficou (0,06 h x 3 homens x
Transporte de carrinho com 1,60 m 3 x 1 x 1,60 x 2 = 9,60 hm 30 6,56/hora) R$ 1,18. Em relação ao custo
blocos até o elevador anterior obteve-se um ganho de 14,49%.
Subida do elevador 5,70 m 3 x 1 x 5,70 x 2 = 34,20 mm 150 Situação racionalizada – Transporte
Transporte de carrinho com 24,50 m 3 x 1 x 24,50 x 2 = 147,00 hm 60 de blocos de concreto: de forma similar
blocos até local de uso à argamassa,para essa atividade foi utili-
Descarregar blocos – – 270 zado o método de racionalização so-
até local de uso mente para o fator transporte. Para a ra-
Total transporte 64,43 m 223,43 hm 1.010 s cionalização do transporte dos blocos
Fonte: autores. de concreto, sugere-se também redução
de distância, conseguida com a desobs-
Tabela 3 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE TRANSPORTE RACIONALIZADO trução da passagem, além da retirada do
DA ARGAMASSA operário ocioso.Outra medida de racio-
Atividade Metros de Homens-metro/ Segundos nalização adotada seria a desobstrução
transporte Máquina-metro do caminho com a desconexão do tubo
Transporte de argamassa 8,80 m 1 x 8,80 x 10 = 88,00 hm 80 usado para bombeamento do concreto
até o elevador e o deslocamento das cordoalhas. Dessa
Subida do elevador 8,70 m 1 x 8,70 x 10 = 87,00 mm 60 maneira, o operário não precisaria con-
Transporte da argamassa 19,00 m 1 x 19,00 x 10 = 190,00 hm 90 tornar pelos fundos da construção, mas
até o local de uso fazia um percurso direto até o elevador.
Total transporte 36,50 m 365,00 hm 230 s A figura 6 apresenta esquematicamente
Fonte: autores. essa alteração.

62 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008


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Imagens elaboradoas pelos autores


grandezas são diretamente proporcio-
nais, portanto considerando que o valor
da grandeza homem-hora é fixa o obje-
tivo é pesquisar para que o incremento
da distância tenda para zero. Adequan-
do-se o posicionamento dos estoques
dos materiais e retirando-se obstáculos,
de modo a reduzir a distância entre esses
e sua aplicação, isso num processo dinâ-
Figura 5 – Racionalização no transporte Figura 6 – Racionalização no transporte
mico ao longo de todo desenrolar da
da argamassa de blocos de concreto
execução da obra. Verificam-se possibi-
lidades de redução de custo referente ao
A tabela 4 demonstra os ganhos to depende das quantidades que serão produto: "homem-hora vezes distân-
dessas alterações em relação à redução utilizadas na obra. No caso da argamas- cia". Diante do demonstrado sugere-se
da distância, esforço humano e tempo. sa não existe um serviço de apropriação que cada atividade de uma obra seja
Seguindo essas alterações, o na obra de modo que aponte a quanti- bastante analisada e estudada de forma
tempo de ciclo foi reduzido para dade de argamassa usada por serviço. temporal na busca de encontrar a dis-
0,275 h, sendo necessários dois operá- Dessa forma não foi possível apurar o tância ótima para cada caso.
rios em vez de três operários. Assim, o valor absoluto desse ciclo. Em relação
novo custo de mão-de-obra ficou aos blocos de concreto, como somente
(0,275 x 2 homens x 6,56) R$ 3,61. Em se usará esse produto para as paredes
relação ao custo anterior obteve-se externas, se tornou mais fácil identificar
LEIA MAIS
um ganho de 36,56%. Em relação aos a quantidade utilizada para esse serviço,
tubos de concreto que estavam obs- que é relativamente pequena, em torno O Processo de Produção das
truindo a passagem, foi proposta sua de 36 mil unidades ou 200 paletes. Com Alvenarias Racionalizadas. Mércia
desmontagem e montagem apenas a quantidade reduzida de blocos, apesar Maria Bottura de Barros. Brasil, São
nos dias programados para concreta- de um ganho relativo muito alto, o Paulo, SP. 1998. p. 21-48. In: Seminário
gem. Quanto às cordoalhas que tam- ganho absoluto será de (5,69-3,61) 200 Tecnologia e Gestão na Produção de
bém estavam obstruindo a passagem, = R$ 416,00. O valor absoluto é baixo, Edifícios: Vedações Verticais, 1998, São
foi proposto o seu deslocamento, de em função da pequena quantidade de Paulo. Artigo técnico.
modo a permitir a passagem dos ope- blocos a ser usada, no entanto o que se Racionalização Construtiva,
rários pela frente da obra. quis demonstrar é que sempre existe Inovação Tecnológica e Pesquisas.
oportunidade de se eliminar perdas. O Escola Politécnica da USP. Luiz Sérgio
Conclusão efeito resultante de uma distância além Franco. Departamento de Engenharia
Para ambos os casos os ganhos rela- da ideal é bastante significativo, pois o de Construção Civil, 1996.
tivos são significantes; transporte de custo é oriundo do produto entre a dis- Racionalização na Construção Civil
sacos de argamassa pronta 14,49% e tância morta e o custo unitário da mão- – Como Melhorar Processos de
transporte de blocos de concreto de-obra. A dimensão da perda é em Produção e de Gestão. P. F. Gehbauer.
36,56%.Por outro lado o ganho absolu- "homem-hora vezes distância". Essas Projeto Competir, Recife 2004.
Planejamento, Orçamento e
Tabela 4 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE TRANSPORTE RACIONALIZADO DOS Controle de Projetos e Obras. C.V.
BLOCOS DE CONCRETO Limmer. C.V. Limmer. Rio de Janeiro:
Atividade Metros de Homens-metro/ Segundos LTC. 1997.
transporte Máquina-metro Sinduscon-PR (Sindicado da
Transporte dos blocos 19,50 m 1 x 19,50 x 1 = 19,50 hm 40 Indústria da Construção Civil).
de concreto com palete Disponível: www.sinduscon-
Carregar carrinho (50 blocos) – – 440 pr.com.br/. Acesso 11/11/2006.
Transporte de carrinho com 1,60 m 3 x 1 x 1,60 x 2 = 9,60 hm 30 Subsídios para a opção entre:
blocos até o elevador elevador ou grua, andaime
Subida do elevador 5,70 m 3 x 1 x 5,70 x 2 = 34,20 mm 150 fachadeiro ou balancim, argamassa
Transporte de carrinho com 19,00 m 3 x 1 x 19,00 x 2 = 114,00 hm 60 industrializada ou produzida em
blocos até local de uso obra. Boletim Técnico da Escola
Descarregar blocos – – 270 Politécnica da USP, Departamento de
até local de uso Engenharia de Construção Civil. Ubiraci
Total transporte 45,80 m 177,30 hm 990 s Espinelli Lemes de Souza; Luiz Sérgio
Fonte: autores. Franco. São Paulo. 1997.

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PRODUTOS & TÉCNICAS


ACABAMENTOS COBERTURA,
IMPERMEABILIZAÇÃO
E ISOLAMENTO

PISOS
Os produtos da linha Monolith,
da NS Brazil, são sistemas de HIDRORREPELENTE
RAD (Revestimento de Alto No segmento de hidrorrepelentes
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de acordo com a norma NBR impermeabilização de superfícies,
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66
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COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO COBERTURA, CONCRETO


IMPERMEABILIZAÇÃO E COMPONENTES
E ISOLAMENTO PARA ESTRUTURA

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MEMBRANA PROTETORA
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monocomponente e pronta para Ecológico, uma emulsão asfáltica
estruturas de concreto em madeira compensada de alto
o uso. Formulada à base de à base de água que forma uma
contato com o solo. O produto desempenho, muitas vezes
polímeros acrílicos dispersos em película de proteção impermeável
constitui uma barreira eficaz, importadas da Finlândia e dos
meio aquoso, é indicada para aos diversos materiais
segundo o fabricante, e protetora Estados Unidos. Segundo o
impermeabilização exposta empregados nas edificações e
da membrana fabricante, o filme plástico é
de lajes de cobertura, lajes resistente a agentes agressivos.
impermeabilizante. dimensionado com a gramatura
abobadadas, marquises Segundo a fabricante, o produto é
TC Shingle adequada para o máximo
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CONCRETO FUNDAÇÕES
E COMPONENTES E INFRA-ESTRUTURA
PARA ESTRUTURA

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o Fibrex – fibra de aço corrugado em PEAD utilizado como meio
da Ramec Comercial – atua drenante ou proteção para
como armadura tridimensional. impermeabilização e isolamento
Segundo o fabricante, substitui de paredes, cortinas ou
as telas metálicas, fundações. O MaxDren 320R,
redistribuindo as tensões ao geocomposto drenante, é
longo da peça de concreto. utilizado em drenagens verticais
Ramec e horizontais.
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67
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PRODUTOS & TÉCNICAS


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COMPLEMENTARES ELÉTRICAS E DE
E EXTERIORES TELECOMUNICAÇÕES

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68
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MADEIRAS, VEDAÇÕES, PAREDES


PLÁSTICOS E E DIVISÓRIAS
MELAMÍNICOS

FIXAÇÃO
ANTIPICHAÇÃO A Plásticos Vipal desenvolveu
O Sistema Antipichação Denver o Vinilfix para fixação e
Impermeabilizantes é composto sustentação de forros em PVC.
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Acqua, uma resina com em madeira e metal, agora pode
propriedades seladoras, e o ser encontrado também em PVC
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ser aplicados em concreto, oxidação e não condutor de
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69
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OBRA ABERTA
Livros

Edifícios de Múltiplos Avaliação de Terrenos Alternativas Tecnológicas Manual de Construção em


Andares em Aço Urbanos por Fórmulas para Edificações – Vol. 1 Aço:Viabilidade Econômica
560 páginas Matemáticas 240 páginas 84 páginas
Ildony H. Bellei, Fernando 240 páginas Editora PINI (organização e Fernando Ottoboni Pinho e
Ottoboni Pinho e Mauro Ragnar Thofehrn edição) Fernando Penna
Ottoboni Pinho Editora PINI Vendas pelo portal Centro Brasileiro da
Editora PINI Vendas pelo portal www.lojapini.com.br Construção em Aço
Vendas pelo portal www.lojapini.com.br O livro contempla os principais Vendas pelo portal
www.lojapini.com.br O conteúdo do livro é dividido subsistemas de vedações www.lojapini.com.br
O trabalho procura apresentar em duas partes. A primeira verticais de edifícios, sejam A pergunta "quando construir
os aspectos mais relevantes tem início com o estudo dos integrantes de sua estrutura ou em aço?" é freqüentemente
de projeto e execução de fatores que afetam a somente com a função de repetida. E as respostas estão
estruturas de edifícios de valorização ou desvalorização vedação, tanto para fachadas quase sempre apoiadas em
múltiplos andares de pequeno dos terrenos urbanos e como para paredes ou divisões uma extensa lista de vantagens
e médio porte para fins termina com o internas. Fornece aos do uso de estruturas de aço e
comerciais e residenciais. desenvolvimento das arquitetos, engenheiros civis, em estudos comparativos de
O objetivo dos autores foi fórmulas. A segunda parte técnicos e demais profissionais custos. Em alguns casos, a
produzir um livro apresenta exemplos de do setor uma ferramenta simples afirmação de que a
essencialmente prático – cálculos de valor, de preço prática de trabalho para a estrutura em aço ficaria mais
ilustrado com mais de 200 médio unitário e de preço especificação de materiais e cara encerra uma análise sem
figuras – partindo do unitário, abrangendo a serviços, aquisição de materiais maior aprofundamento. Em
pressuposto de que o leitor maioria dos casos que podem de construção e assistência outras situações, a opção por
tenha conhecimentos básicos se apresentar ao avaliador. técnica para a manutenção do sistemas ditos convencionais,
de resistência dos materiais, O livro traz um modelo de imóvel. O primeiro volume pelo simples desconhecimento
estática das estruturas e de laudo de avaliação de acordo inaugura uma série a ser de outros sistemas, não
normas de cálculo em aço. com o roteiro básico editada pela PINI. garante que a decisão tenha
Na parte de orientação de apresentado no item 10.1 da Consolidando os conteúdos sido a mais adequada, mesmo
cálculo, os autores se NBR 14.653-1 da ABNT publicados mensalmente no que o resultado seja uma
basearam na especificação do (Associação Brasileira de Guia da Construção – Custos, estrutura mais barata. Para que
AISC-LFRD (13a edição) e na Normas Técnicas), no qual são Suprimentos e Soluções o leitor não cometa esses
atual NBR 8800:2008. especificados os requisitos Técnicas. Trata-se de um livro erros, os autores organizaram
mínimos para caracterizar o de referência, no qual são uma seqüência de capítulos
terreno avaliado, culminando citados os materiais ou que irá orientá-lo na escolha da
com o resultado da avaliação e produtos qualificados estrutura segundo uma análise
sua data de referência. ou certificados. da qualidade/viabilidade
do investimento.

70 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008


obra aberta-modelo.qxd 6/10/2008 18:11 Page 71

Softwares

Custo e Programação de Planejamento e Controle Manual de Tecnologia da Autopower


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Vendas pelo portal Vendas pelo portal Editora Blücher Permite elaborar projetos
www.lojapini.com.br www.lojapini.com.br Vendas pelo portal elétricos, telefônicos, de TV e
A adoção de uma metodologia Voltado a engenheiros e www.lojapini.com.br interfone. Gera desenhos em
para um determinado projeto técnicos envolvidos com o A publicação é a tradução da padrão DWG e trabalha com
de ponte apresenta uma planejamento e controle de 4a edição alemã do manual. média e baixa tensão, linhas
grande quantidade de obras, essa publicação Foi desenvolvido para mono, bi e trifásicas e com as
variáveis envolvidas, que apresenta os principais aplicação prática e, portanto, tabelas das concessionárias de
poderão trazer surpresas no recursos do programa que se suas páginas estão repletas de todo o País. A versão 5.0 está
prazo de execução, no custo mostra, atualmente, como a tabelas, dados, desenhos e adequada à NBR 5410, de 2005,
da obra e no desfecho do ferramenta mais adequada diagramas. As instruções do e é compatível com as versões
processo construtivo. Os para atingir os níveis de Manual são divididas em oito 2004, 2005 e 2006 do AutoCAD.
profissionais envolvidos no eficiência demandados pelo capítulos, sendo Fundamentos Dentre os novos recursos estão
desenvolvimento do mercado. O livro está dividido de Matemática e das Ciências o sistema de ajuda com
empreendimento devem em quatro partes, mais um Naturais, Madeiras e Materiais, visualização pela internet e a
conhecer as diversas apêndice. Na primeira parte, Desenho Técnico, Projetos e possibilidade de inserir
metodologias possíveis de são apresentados conceitos Construções, Física das dispositivos DR separados ou
serem adotadas. O objetivo do gerais de gerenciamento de Construções, Recursos para acoplados ao disjuntor.
livro é apresentar diversos projetos, assim como a Acabamentos e Organização O módulo Security traz recursos
métodos de construção de definição de termos e Empresarial. Obedece aos de desenho – com extensa
pontes, de forma a oferecer ao ferramentas utilizados ao longo planos didáticos básicos dos biblioteca de símbolos,
leitor ferramentas para a do texto. Na segunda parte, o Estados alemães para as numeração automática,
escolha da solução mais programa, em si, é profissões no segmento da indicação de fios e cabos – e
ajustada para sua obra. apresentado. O trabalho com o tecnologia da madeira. recursos de cálculo – com
Project 2007 é tema da terceira dimensionamento automático
parte, que traz comandos e de tubulações, cabos e caixas,
funções. A última parte dedica- além de outras possibilidades.
se ao desenvolvimento de um * Vendas PINI
roteiro para um projeto fictício. Fone: 4001-6400 (nas principais cidades)
No apêndice, uma visão da ou 0800-5966400 (nas demais cidades)
estrutura analítica do projeto. www.Lojapini.com.br

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AGENDA
Seminários e formas de energias renováveis, sua A maior e mais importante
inserção no sistema energético e a plataforma da indústria do mundo
Conferências interação com o meio ambiente e vai ser aberta pela quarta vez para
sustentabilidade. O fórum será a visitação de especialistas em
29/10/2008 a 1o/11/2008 dividido em painéis temáticos, materiais, equipamentos, veículos
14o Congresso Brasileiro de realizados simultaneamente. e máquinas de construção.
Engenheiros Civis Fone: (48) 3224-0224 www.bauma-china.com
Blumenau (SC) info@ecopowerbrasil.com.br
O evento tem por objetivo reunir, http://www.ecopowerbrasil.com.br 24 a 27/3/2009
prover fóruns de debates e a Revestir
interação entre professores, 2 a 6/12/2008 São Paulo
pesquisadores, alunos, empresários e WEC 2008 – World Engineers' A feira reúne os maiores fabricantes
profissionais da área de Engenharia Convention de revestimentos e fornecedores e
Civil. O encontro tem como tema "As Brasília tornou-se uma das maiores vitrines
Inovações Tecnológicas e o A terceira edição do Congresso Mundial do País de lançamentos em
Desenvolvimento Sustentável". de Engenheiros será realizada pela revestimentos cerâmicos, granitos,
Fone: (047) 3221-6011 primeira vez no continente americano, mármores, laminados, mosaicos
cordero@furb.br com o objetivo de reunir engenheiros e e outros.
www.furb.br/cbenc estudantes do mundo todo para (11) 4613-2000
debates, fóruns, palestras, visitas www.exporevestir.com.br
3 a 5/11/2008 técnicas e atividades culturais.
VI Seminário de Engenharia de www.wec2008.org.br 24 a 28/3/2009
Fundações Especiais e Geotecnia Feicon Batimat 2009
São Paulo 3/12/2008 São Paulo
O evento, promovido pela Abef Encontro de Diretores Técnicos e A Semana Internacional da
(Associação Brasileira de Empresas de Gestores da Construção Indústria da Construção em São
Engenharia de Fundações Especiais e São Paulo Paulo, direcionada a engenheiros,
Geotecnia) e pelo Sinabef (Sindicato O encontro tem por objetivo discutir os arquitetos, incorporadores,
da Indústria de Engenharia de desafios enfrentados por diretores decoradores e lojistas de materiais
Fundações e Geotecnia do Estado de técnicos e gestores de construção de construção reúne novidades em
São Paulo) reúne profissionais do referentes a custos, ciclos de alvenaria e cobertura, esquadrias,
segmento para discutir produção, qualidade, segurança, meio instalações elétricas, hidráulicas,
responsabilidades em fundações e ambiente e tecnologia. O evento deve sanitárias, equipamentos elétricos,
geotecnia, fundações profundas, promover também a apresentação de dispositivos, fios, cabos e outras
grandes escavações urbanas e cases de logística, planejamento e tendências do mercado.
riscos ambientais. controle, gestão da cadeia de (11) 3060-5000
Fone: (11) 3871-3626 suprimentos, tecnologia da informação www.feicon.com.br
sefevi@acquacon.com.br e tecnologia da construção.
www.acquacon.com.br/sefevi Fone: (11) 2149-0300 19 a 21/5/2009
amanda@cte.com.br ExpoAlumínio
18 a 21/11/2008 www.cte.com.br/eventos/eventos2008 São Paulo
Fórum Internacional de Energia A Exposição Internacional do
Renovável e Sustentabilidade Alumínio vai apresentar as
Florianópolis
Feiras e Exposições novidades tecnológicas relativas ao
O evento pretende reunir 25 a 28/11/2008 uso do material em diversos
profissionais de diferentes áreas do Bauma China 2008 setores, incluindo o da construção
conhecimento para debater novas Shangai civil. Em paralelo, ocorrerá o IV

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Congresso Internacional do Tecnológica), Interpontes


Alumínio, com a participação de (competição entre estudantes de
estudantes, pesquisadores e os engenharia e arquitetura para a
principais profissionais da indústria construção de pontes com palitos)
que apresentam as novidades e as e workshop dos expositores.
tendências sobre a tecnologia de Fone: (47) 3451-3000
produção do alumínio, bem como http://feiras.messebrasil.com.br/intercon
suas aplicações.
Fone: (11) 5904-6450
congresso@abal.org.br
Cursos e Treinamentos
www.abal.org.br/expoaluminio Workshop: Gestão do Processo de
Projetos na Construção de Edifícios
3 a 4/11/2008
2 a 6/6/2009 São Paulo
M&T Expo Trata-se de um fórum de publicação
São Paulo de trabalhos e discussões sobre
A M&T Expo, 7a Feira Internacional de gestão de projetos de arquitetura,
Equipamentos para Construção e 5a engenharia civil e desenvolvimento
Feira Internacional de Equipamentos de empreendimentos de edifícios.
para Mineração, é um evento de O workshop traz ainda o intercâmbio
negócios que oferece oportunidades com a comunidade internacional de
de investimento em equipamentos, pesquisadores na área por meio do
peças, componentes, novas evento paralelo internacional
tecnologias e serviços. Os "Design Management in the
organizadores esperam reunir cerca Architectural Engineering and
de 350 expositores e 500 marcas Construction Sector", organizado
de mais de 25 países numa área pelos grupos de trabalho CIB W096
de 85 mil m². Architectural Management –
www.mtexpo.com.br International Council for Research
and Innovation in Building and
2 a 6/6/2009 Construction (CIB).
Batimat Expovivienda projetar@sc.usp.br
Buenos Aires www.arquitetura.eesc.usp.br/workshop08/
A exposição de negócios argentina
reúne novidades em revestimentos e Alvenaria Estrutural com Blocos
acabamentos, instalações, serviços e de Concreto
produtos para a construção em geral. 10 e 11/11/2008
www.batev.com.ar Porto Alegre
O curso explicará de forma detalhada
2 a 5/9/2009 como projetar e executar a alvenaria
Intercon estrutural com blocos de concreto.
Joinville (SC) Na primeira parte serão mostrados
A Feira e Congresso Internacional todos os componentes do sistema,
de Tecnologia, Equipamentos, seu desempenho, materiais
Materiais de Construção e necessários, entre outras
Acabamentos deve reunir informações. Já na segunda parte,
engenheiros, arquitetos e lojistas mais prática do que teórica, o
de materiais de construção. Em palestrante indicará técnicas de
paralelo à exposição, o visitante racionalização, elevação da
ainda poderá participar dos eventos alvenaria, índices de produtividade,
Ecomac (Encontro dos controle tecnológico e exemplos
Comerciantes de Materiais de de obras com esse sistema. As
Construção da região Sul), Feira inscrições vão até o dia 4 de
Illumina (de Iluminação e novembro de 2008.
Componentes Elétricos), Cintec Fone: (51) 3021-3440
(Congresso de Inovação www.sinduscon-rs.com.br

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Antonio Wanderley Terni


terni@feg.unesp.br

Alexandre Kokke Santiago


alexandrekokke@gmail.com

COMO CONSTRUIR José Pianheri


jose.pianheri@pienge.com.br

Steel frame – fechamento parte 3

Hotel Villa Rossa, fechamento em steel frame

o segundo artigo desta série so- colocados entre as placas e entre os de um sistema de fechamento, além, é
N bre steel frame, abordamos a es-
trutura da edificação. Nela são aplica-
montantes e, por último, os fecha-
mentos internos, instalados nas áreas
claro, da durabilidade e economia.
Para os fechamentos externos, que
das as placas e os isolantes, formando secas ou úmidas, mas não molháveis. estão sujeitos às ações das intempéries,
as vedações verticais. Chamamos de Alguns critérios devem ser levados sem dúvida, uma das maiores preocu-
fechamento os componentes posicio- em conta na escolha dos componentes pações é quanto às propriedades em
nados externa e internamente à estru- que farão parte do sistema de fecha- relação à estaqueidade e à durabilida-
tura para a formação da vedação. mento, entre eles, a compatibilidade de, seguida da condição de ser estética.
Podemos dividir o sistema de ve- com o sistema steel frame, seu peso, di- Como componentes dos fecha-
dação vertical em três partes: a pri- mensões e facilidade de aplicação. mentos externos, podemos citar as
meira corresponde aos fechamentos A segurança estrutural, a segurança placas cimentícias e a placa OSB
externos que delimitam as áreas mo- ao fogo,a estanqueidade,o conforto ter- (Oriented Strand Board). Esta última
lháveis; a segunda refere-se aos iso- moacústico, tátil e visual também são é um tipo de painel de madeira fabri-
lantes térmicos e acústicos, que são importantes condições para a aplicação cado com três a cinco camadas de

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COMO CONSTRUIR

tiras de madeira reflorestada, cruza- Interação com o sistema estrutural bilidade modular, resistência aos im-
das perpendicularmente, prensadas e O fechamento com placa cimentí- pactos, baixa condutividade térmica,
unidas com resinas. cia possui grande compatibilidade resistem a cupins e microorganismos,
Pode-se utilizar também o siding com o sistema, pois as placas são leves, elevada durabilidade e permitem inú-
cimentício, que são tiras de placas ci- de pequena espessura, mas adequadas meros acabamentos.
mentícias sobrepostas, conforme a esse sistema, impermeáveis, incom- No Brasil, há vários fabricantes de
mostra a figura 1. bustíveis e, ainda, possuem compati- placas cimentícias que se diferenciam
em sua composição e acabamento.Al-
gumas placas têm fios sintéticos in-
corporados a uma matriz de cimento
e outras são compostas de microcon-
creto e reforçadas com telas.
A escolha da placa pode ser feita
com base na NBR 15498 - Placa Ci-
mentícia sem Amianto: Requisitos e
Métodos de Ensaio.
A ISO 8336 é outra norma utili-
zada para balizar as aplicações das
placas cimentícias.
Na utilização das placas cimentí-
cias deve-se seguir algumas reco-
mendações, como armazená-las na
obra em locais secos, evitar coincidir
as juntas das placas internas com as
Figura 1 – Siding cimentício juntas externas (figura 2), evitar a
ocorrência de quatro vértices no
Placa mesmo ponto nas juntas verticais das
cimentícia chapas (figura 3) e, no vão de porta e
janelas, as juntas verticais junto aos
batentes não devem seguir até o teto
(figura 4) sendo ideal também que as
juntas de placas não coincidam com
as juntas dos painéis (figura 5).
É importante utilizar o trata-
mento de juntas materiais reco-
mendado pelos fabricantes da placa
Juntas a ser instalada.
A fixação das placas cimentícias é
feita com parafusos ponta-broca, ca-
Figura 2 – As juntas Figura 3 – Deve-se evitar a beça auto-escariante e aletas de ex-
internas e externas não ocorrência de todos os vértices no pansão que evitam que o parafuso
devem ser coincidentes mesmo ponto das juntas verticais faça rosca na placa, facilitando a ins-
talação (figura 6).
O siding cimentício também ofe-
rece as mesmas características da
placa e é uma ótima opção de acaba-
mento, dispensando o uso de uma
placa inferior.
Com aspecto visual interessante, o
siding vinílico é outra opção de aca-
bamento e pode ser aplicado sobre as
placas cimentícias.
Pode-se aplicar, também, o painel
de OSB, já mencionado anteriormen-
te, cuja maior vantagem é ser estrutu-
Figura 4 – As juntas verticais nos batentes e portas não devem seguir até o teto ral e, assim, auxilia no contraventa-

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mento das paredes, resistindo por até Encontro Painel 1 Painel 2


dez anos contra cupins. de placas
Esse tipo de painel é instalado dire-
tamente na estrutura e sobre ele deve-se Pai
colocar uma manta ou membrana para nel 1
formar uma barreira contra umidade e
vapor. A fixação da manta ao painel é Pai
Encontro n el 2
feita por grampos e, no caso de revesti- de painéis
mento com siding vinílico, pode ser
aplicado diretamente sobre a manta. O encontro de placas
Para revestimento com arga- não deve coincidir com
Figura 6 –
massa, deve-se grampear uma tela o encontro de painéis
Parafuso de
sobre a manta para projeção da ar-
ponta-broca
gamassa, permitindo também inú-
Figura 5 – Juntas de placas e de painéis para fixação das
meros acabamentos.
não devem ser coincidentes chapas cimentícias
A desvantagem desse tipo de pai-
nel são suas dimensões (1,22 m x 2,44
m), pois são incompatíveis com as ou-
tras placas quando utilizadas interna-
mente como as de gesso acartonado,
por exemplo.
O uso de argamassa na obra vai
contra o princípio da construção
seca, porém, não deixa de ser uma so-
lução viável.
Para proporcionar o isolamento
termoacústico desejado entre os fe-
chamentos externo e interno da pare-
de, pode-se utilizar lã de rocha, lã de
vidro ou painéis de EPS (figura 7).
A espessura do isolante bem como
sua densidade dependerão do nível de
isolamento desejado.
A própria concepção do sistema,
formado por duas placas, internamen-
te preenchidas com lã mineral (siste-
ma massa-mola-massa), proporciona
redução acústica pela descontinuida-
de do meio.
Nos fechamentos internos, podem-
se utilizar as mesmas placas usadas nos
fechamentos externos e, ainda, as pla-
cas de gesso acartonado.
As placas de gesso Standard ST são
recomendadas para áreas secas. Nas
áreas molháveis é recomendado o uso
de placa cimentícia.
Quando o local estiver sujeito so-
mente à umidade por tempo limitado
de forma intermitente, podem-se uti-
lizar as placas de gesso tipo RU resis-
tente à umidade.
Para a instalação das placas de gesso
acartonado no sistema steel frame deve-
se seguir as mesmas recomendações de
instalação das placas no sistema dry- Figura 7 – Colocação das mantas isolantes no interior das paredes

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COMO CONSTRUIR

Figura 8 – Para evitar umidade, as


placas não podem ficar em contato com
o solo ou fundação Figura 9 – Detalhe de colocação da janela para facear a placa

da parede, deve ser colocado antes des-


sas placas, para que na colagem das
placas se possa fazer o perfeito ajuste e
vedação (figuras 9 e 10).
As paredes que receberão os dutos
das instalações elétricas, tubulações
hidráulicas, de telefonia etc. são mon-
tadas inicialmente colocando-se a
placa em uma de suas faces (se for na
parede externa, coloca-se a placa ex-
terna em primeiro lugar) e, após exe-
cutadas as instalações e colocação dos
Figura 10 – Fixação da janela com Figura 11 – Manta de não-tecido para
isolantes, monta-se a placa na outra
espuma de poliuretano formar barreira contra umidade e vapor
face da parede.
As perfurações para pontos de hi-
wall, levando-se em consideração a di- dição necessária de absorver tais mo- dráulica e elétrica são facilmente exe-
ferença dos elementos da estrutura. vimentos ou impactos. O projeto de cutadas com o uso de serra-copo.
Independente do tipo de placa paginação das placas ainda deve pre- É importante lembrar que, inde-
para os fechamentos externos ou in- ver juntas de movimentação, sendo pendente do componente utilizado, as
ternos, as placas ou painéis não que as distâncias dessas juntas tam- vedações devem atender aos requisitos
devem ficar em contato com o solo ou bém dependem do tipo de placa e do da NBR 15575-4 – Edifícios Habita-
fundação (figura 8). tipo de revestimento a ser aplicado. cionais de até Cinco Pavimentos – De-
Os projetos devem prever juntas Hoje, já possuímos vários compo- sempenho - Parte 4: Sistemas de Veda-
entre as placas devido à variação di- nentes de fechamento no mercado e ções Verticais Externas e Internas.
mensional ocasionada por variação outros certamente irão surgir.
de umidade e, portanto, convém Antonio Wanderley Terni
obter informações com os fabricantes Caixilhos e outros sistemas Professor-doutor do Departamento de
quanto às dimensões da juntas. É muito importante que, antes da Engenharia Civil da Unesp do Campus de
Deve-se dar atenção especial à co- aplicação das placas de fechamento, Guaratingüetá-SP
locação das placas externas e suas res- definam-se as fixações e acabamentos
Alexandre Kokke Santiago
pectivas juntas. Se a execução for de caixilhos. Dependendo dessas defi-
Arquiteto, mestre em Engenharia Civil,
concomitantemente com as instala- nições, as placas são colocadas antes
Construção Metálica Ufop (Universidade
ções das placas internas, invariavel- ou depois. As portas e janelas, depen-
Federal de Ouro Preto)
mente, ocorrem movimentações du- dendo da fixação, podem ser aparafu-
rante a fixação. Esses efeitos das pla- sadas diretamente na estrutura, por José Pianheri
cas internas podem prejudicar as jun- grapas, ou fixadas com espuma de po- Engenheiro civil, consultor, sócio-diretor
tas nas placas externas já executadas, liuretano. Por exemplo, um caixilho da Pienge Engenharia e Construção Ltda.
mas que ainda não atingiram a con- que será instalado rente à face externa pienge.engenheria@uol.com.br

80 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008

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