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Filosofar e informar-se são duas coisas bem distintas. Filosofar significa sempre
chegar a resultado, tomar decisões. Por isso seria muito pouco simplesmente descrever
aqui o cristianismo como um fator determinante na história ocidental. Com isso, o
cristianismo e a Igreja sempre equivaleriam. Sendo assim, a aspiração e o conteúdo do
cristianismo podem ser adequadamente compreendidos?
A pesquisa histórico-crítica deixa de fora dos relatos sobre sua vida o Evangelho de
João, já que este surgiu cronologicamente por último, por volta do ano 100, e em grande
parte constituído de reflexões teológicas. Dos três primeiros relatos, o Evangelho de
Marcos é o mais antigo, por volta do ano 70, enquanto o de Mateus e o de Lucas devem
ter sido escritos entre 75 e 95. Entre outras tradições, Mateus e Lucas recorrem ao
Evangelho de Marcos. A dependência desses evangelistas e a transformação por ele
operada são facilmente reconhecíveis quando colocamos os três evangelhos um ao lado
do outro e obtemos uma visão de conjunto, ou seja, um resumo. Por isso, Mateus, Marcos
e Lucas são chamados de “sinópticos”. O uso de uma sinopse do evangelho é bastante
recomendável para todos aqueles que queiram analisar mais de perto a história da
tradição.
Mateus 24.34-36
Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que estas coisas
aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Porém a
respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem mesmo os anjos do céu, nem o filho, mas
unicamente o Pai.
Marcos 13.30-32
Em verdade vos digo que não passará esta geração até que todas estas coisas
aconteçam. Passarão o céu e a terra, mas as minhas não palavras não passarão. Mas a
respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão o Pai.
Lucas 21.32-33
Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.
Marcos 8.38
“Pois qualquer um que se envergonhar dele, quando vier na glória de seu Pai com
os santos anjos”. Essa linha de revalorização prossegue pelo Evangelho de João até os
dogmas cristológicos da primeira Igreja imperial. No problema da parúsia ausente reside,
em minha opinião, uma chave para a compreensão de muitas afirmações contraditórias
do cristianismo sobre sua relação com o mundo (Talvez alguém sarcástico possa definir o
cristianismo como história de um anjo com expectativas frustrada de parúsia).