A alegoria proposta por Platão no “mito da caverna” nos demonstra fortemente
o estado de dormência que se encontram os indivíduos sem acesso ao conhecimento e a seus meios de produção. Um ponto interessante que podemos interpretar desta ilustração, é o papel da fogueira e as sombras projetadas nas paredes, que creem ser o real. Podendo comparar com este cenário, a ideologia como o ocultamento da realidade social é concernente também em relação à transmissão do conhecimento, uma vez que o detentor do conhecimento é também o produtor teórico e consequentemente tem poder sobre a prática. Há uma intenção dos detentores deste poder na ignorância de outrem, pois se houver igualdade de conhecimento expiram-se as desigualdades de poder sobre a prática. O termo “prática” neste caso, fazemos uso da teoria das 4 causas de Aristóteles, exemplificado por Marilena Chauí, onde indica a causa eficiente, a prática, o trabalho menos importante do que seu fim, os motivos pelo qual a matéria teve de ser transformada. O pensamento segundo Descartes é o fator que expressa a própria existência. A cerca dos limites do conhecimento humano, é bem aplicada na figura do observador, se este eventualmente absorveu mais conhecimento propiciado por suas condições de acesso, maiores serão as possibilidades de materializações da realidade. A ideologia acerca da produção do conhecimento poderia ser posta pela tomada das ideias independentes da realidade histórica e social, certa realidade que tornaria compreensível as ideias elaboradas. Seguindo as linhas do positivismo de Comte a produção de conhecimento deveria ser baseada da incorporação da observação dos fenômenos naturais e humanos, no caso da sociologia, para elaboração de normas e regras gerais que tornar-se-iam como teorias dominantes da realidade. Na defesa da objetividade cientifica, Durkheim relaciona que a produção do conhecimento cientifico positivista não afasta o observador ao objeto de estudo, no caso a sociedade observada, que vai das ideias aos fatos não dos fatos as ideias; Contamina com engenhosidade, buscando em sua visão de dentro da classe, a elaboração teórica parcial e subjetiva, não se atentando a diferenças histórico-sociais. (Durkheim nos textos em questão, não faz uso do antagonismo de classes, procuro aqui referenciar a concepção marxista). Nas sociedades contemporâneas, com as divisões sociais do trabalho, estes paralelos históricos da disseminação do conhecimento tornam-se mais visíveis, uma vez que, como esta se molda pelo modo de produção capitalista, obedecem ocultamente às seleções dos indivíduos que tem acesso pleno ao conhecimento e a isso se dá , como explica o positivismo, a diferenciação da detenção do poder. Com o advento da industrialização este acesso ao conhecimento, cada vez mais, torna-se complexo, pois é necessário uma certa parcela deste conhecimento ser disseminada, para promover o efetivo aproveitamento da mão-de-obra dita “qualificada”, estendendo-se o lucro. Nada que possa por em ameaça a dominação da classe dona destes meios de produção.