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A FOGUEIRA DA CAVERNA E A IDEOLOGIA

Júlio césar M. Brito 195761


Suze Piza

A alegoria proposta por Platão no “mito da caverna” nos demonstra fortemente


o estado de dormência que se encontram os indivíduos sem acesso ao conhecimento e
a seus meios de produção. Um ponto interessante que podemos interpretar desta
ilustração, é o papel da fogueira e as sombras projetadas nas paredes, que creem ser o
real. Podendo comparar com este cenário, a ideologia como o ocultamento da
realidade social é concernente também em relação à transmissão do conhecimento,
uma vez que o detentor do conhecimento é também o produtor teórico e
consequentemente tem poder sobre a prática. Há uma intenção dos detentores deste
poder na ignorância de outrem, pois se houver igualdade de conhecimento expiram-se
as desigualdades de poder sobre a prática. O termo “prática” neste caso, fazemos uso
da teoria das 4 causas de Aristóteles, exemplificado por Marilena Chauí, onde indica a
causa eficiente, a prática, o trabalho menos importante do que seu fim, os motivos pelo
qual a matéria teve de ser transformada.
O pensamento segundo Descartes é o fator que expressa a própria existência. A
cerca dos limites do conhecimento humano, é bem aplicada na figura do observador,
se este eventualmente absorveu mais conhecimento propiciado por suas condições de
acesso, maiores serão as possibilidades de materializações da realidade.
A ideologia acerca da produção do conhecimento poderia ser posta pela
tomada das ideias independentes da realidade histórica e social, certa realidade que
tornaria compreensível as ideias elaboradas. Seguindo as linhas do positivismo de
Comte a produção de conhecimento deveria ser baseada da incorporação da
observação dos fenômenos naturais e humanos, no caso da sociologia, para elaboração
de normas e regras gerais que tornar-se-iam como teorias dominantes da realidade.
Na defesa da objetividade cientifica, Durkheim relaciona que a produção do
conhecimento cientifico positivista não afasta o observador ao objeto de estudo, no
caso a sociedade observada, que vai das ideias aos fatos não dos fatos as ideias;
Contamina com engenhosidade, buscando em sua visão de dentro da classe, a
elaboração teórica parcial e subjetiva, não se atentando a diferenças histórico-sociais.
(Durkheim nos textos em questão, não faz uso do antagonismo de classes, procuro
aqui referenciar a concepção marxista).
Nas sociedades contemporâneas, com as divisões sociais do trabalho, estes
paralelos históricos da disseminação do conhecimento tornam-se mais visíveis, uma
vez que, como esta se molda pelo modo de produção capitalista, obedecem
ocultamente às seleções dos indivíduos que tem acesso pleno ao conhecimento e a isso
se dá , como explica o positivismo, a diferenciação da detenção do poder. Com o
advento da industrialização este acesso ao conhecimento, cada vez mais, torna-se
complexo, pois é necessário uma certa parcela deste conhecimento ser disseminada,
para promover o efetivo aproveitamento da mão-de-obra dita “qualificada”,
estendendo-se o lucro. Nada que possa por em ameaça a dominação da classe dona
destes meios de produção.

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