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Introdução
Justificativa
O termo “livre improvisação” gera algumas dúvidas, pois, o que seria o ato
de improvisar livremente? Seria livre de quê? Segundo Costa (2003), “a
improvisação livre é o avesso de um sistema ou um anti-idioma, uma a-gramática”. A
liberdade diz respeito à ausência de regras, ou ausência de códigos, escalas,
métrica, tonalismo, deixando o intérprete livre para improvisar sem se preocupar
com nada mais que o próprio fazer musical. Porém, toda a “bagagem” que ele
carrega, o seu gosto musical e preparação técnica, obviamente, será influente no
resultado. Não há como se libertar totalmente, porém, algumas propostas, como a
de Pierre Schaeffer, de um desligamento do mundo exterior, ou seja um époché,
instiga o aluno a pensar numa escuta reduzida, fragmentada ao objeto sonoro
trabalhado no contexto do diálogo musical.
A livre improvisação não é só para músicos profissionais ou em nível técnico
avançado, mas para quaisquer grupos, até mesmo heterogêneos em relação à
idade, nível e vivência musical, seja no âmbito do popular ou do erudito. Mas
infelizmente ainda existem escolas tradicionais que separam rigorosamente esses
dois estilos (popular e erudito), excluindo a improvisação por acharem que faz parte
apenas do primeiro grupo. Mas todos sabem que, por exemplo, as peças barrocas
foram compostas com a liberdade de se improvisar com ornamentos, as cadências
de concertos eram naquela época improvisadas pelos compositores/intérpretes, e
muitas outras obras nasceram da improvisação, mesmo que “não livres”, mas
mostrando que a criatividade também nasce na espontaneidade. Assim, com a
inserção da livre-improvisação nas aulas, poderá, aos poucos, diminuir essa barreira
que separa muitas linguagens, até mesmo dentro da música erudita, onde ainda há
uma certa dificuldade em se trabalhar o repertório do século XX e XXI. O ato de
improvisar livremente pode despertar o aluno para a possibilidade de criar sem se
preocupar com regras preestabelecidas, gerando na maioria das vezes, criações
(improvisos) que se inserem no contexto atonal. Outro benefício é a necessidade de
se aprofundar no estudo técnico do instrumento, pois a improvisação requer um
domínio, ou seja, o aluno deve se preparar para que o corpo responda à mente com
exatidão, e isso é também um incentivo ao estudo diário, aperfeiçoando também a
sua percepção musical, que segundo Costa,
Objetivo
Hipótese
Fundamentos teóricos
John Cage
Em suas obras há uma espécie de “jogo”, onde ele propõe algumas “regras”
na partitura, e o músico tem a liberdade de interpretar, sendo incentivando a criar,
estabelecer conexões, sem se preocupar especialmente com o resultado sonoro, ou
seja, na proposta de Cage, o jogo, ou o processo de execução e interpretação da
partitura é mais importante. Na livre improvisação o processo também é importante,
porém ele acontece sem uma regra preestabelecida.
Pode-se dizer que não há uma correspondência óbvia entre a obra escrita e
o resultado sonoro, pois há inúmeras possibilidades de interpretação, porém o fato
de o intérprete jogar mediante essas regras difere do ambiente da livre
improvisação, onde o processo não tem uma interferência simbólica, abstrata ou
idiomática. “Cage propõe um envolvimento com o conceito, com a imagem, com a
analogia e não com o sonoro, com o temporal” (COSTA, 2009, p. 88). Na livre
improvisação tudo ocorre em tempo real, um constante diálogo com um resultado
sonoro “irrepetível”.
Pierre Schaeffer
Brian Ferneyhough
Ele classificou o pensamento musical em três categorias: gestual, figural e
textural, e através delas pode-se elaborar “estratégias pedagógicas que possam ser
utilizadas com grupos de músicos que querem aprender a improvisar, sem
restrições, limites ou regras implícitas presentes nas expressões musicais, estilos ou
gêneros.” (COSTA, 2003, p.134)
1. Pensamento gestual:
Ele está associado à algum idioma, época, estilo ou até mesmo à forma em
que o intérprete trabalha com o corpo em determinadas situações. Está associado à
memória à longo prazo, à cultura e vivência do instrumentista. Tanto na
improvisação quanto na composição, o gesto equivale à uma resposta consciente e
premeditada do intérprete/compositor.
2. Pensamento figural
3. Pensamento textural
Hans-Joachin Koellreutter
John Paynter
pode ser considerado matéria-prima da música. Lembrando que, nesse amplo leque
de escolhas, “o que se busca é a liberdade, e não a anarquia”. (Paynter, 1972, p.17
apud Fonterrada, 2005, p.171).
Rogério Costa
Conclusão
Referências bibliográficas