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DO DIABETES
Utiliza-se a clonagem molecular a fim de isolar os genes desejados através de técnicas que induzem um
ser vivo a amplificar a seqüência de DNA de interesse. Para essa finalidade são usados vetores de
clonagem (plasmídeos bacterianos ou vírus), nos quais a seqüência de DNA de interesse é inserida. Esses
genes selecionados podem ser liberados dos vetores e – como por milagre – são incorporados através de
técnicas sofisticadas ao genoma do organismo-alvo. Esse processo é capaz de produzir um organismo
geneticamente modificado (OGM), também chamado de organismo transgênico, cuja característica
adquirida passa a ser hereditária. Na espécie humana, a clonagem é utilizada na produção de insulina que é
retirada de um gene humano e introduzida em bactérias. Essas produzem grande quantidade do hormônio que é
isolado e purificado, são utilizados por diabéticos.
Assim, a engenharia genética permite a transferência do material genético de um organismo para outro.
Ao invés de promover o cruzamento entre organismos relacionados para obter uma característica
desejada, cientistas podem identificar e inserir, no genoma de um determinado organismo, um único
gene responsável pela característica em particular.
Isto permite que as alterações no genoma do organismo sejam precisas e previsíveis, ao contrário do
melhoramento genético clássico, que consiste na transferência de genes de um organismo para outro
por meio de cruzamentos sexuais (hibridação), misturando todo o conjunto de genes dos dois
organismos em combinações aleatórias. Como conseqüência, o processo de seleção do caráter
desejado demanda uma enorme quantidade de tempo e não é exatamente preciso. Além disso, os
resultados de melhoramento clássico de animais e vegetais estão limitados à variação natural dentro de
diferentes recursos genéticos. Com a biotecnologia, virtualmente qualquer gene de qualquer organismo
pode ser isolado e transferido para o genoma de qualquer outro ser vivo por mais divergente ou distante
que seja na escala evolutiva. Sendo assim, é possível transferir para plantas, por exemplo, qualquer
gene de fungos, algas, animais, bactérias ou vírus.
Para “cortar” o DNA do organismo de interesse utilizam-se as enzimas de restrição, espécies de tesouras
biológicas que permitem cortar em pedaços o DNA (código genético de todos os seres vivos), isolando trechos
ou genes dele. Isso quebrou a barreira genética entre as espécies, tornando possível, teoricamente, a
transferência de pedaços do genoma de umas para outras. Em 1974, os pesquisadores Stanley Cohen, de
Stanford, e Herbert Boyer, da Universidade da Califórnia, colocaram isso em prática pela primeira vez,
combinando o material genético de um anfíbio com o de uma bactéria (Escherichia coli). Estava criada a
chamada técnica do DNA recombinante ou "engenharia genética", que abriu caminho para os transgênicos,
organismos que têm um gene de outra espécie inserido em seu genoma.
Existem várias técnicas de DNA recombinante. Há uma dessas técnicas que usa bactérias como vetores dos
genes que serão transferidos. As bactérias produzem fragmentos de DNA chamados PLASMÍDEOS, que podem
ser inseridos no DNA de outras espécies. Os plasmídeos são moléculas circulares de DNA de cadeia dupla,
dispersas no citoplasma, contendo os elementos necessários para a sua replicação e pelos menos um gene que
confere resistência a antibiótico. Geralmente ocorrem em bactérias e por vezes também em organismos
eucarióticos. O seu tamanho varia entre 1 e 250 kbp (milhares pares de bases). Existem entre uma, para
grandes plasmídeos, até cinqüenta cópias de um mesmo plasmídeo numa única célula. Os plasmídeos contêm
geralmente um ou dois genes que conferem uma vantagem seletiva à bactéria que os abriga, por exemplo, a
capacidade de construir uma resistência aos antibióticos. Todos os plasmídeos contêm pelo menos uma
sequência de DNA que serve como uma origem de replicação ou um ponto inicial para replicação de DNA, e que
permite ao DNA do plasmídeo replicar-se independentemente do DNA cromossômico.
Os plasmídeos, portanto, são ferramentas moleculares importantes nos laboratórios de genética e bioquímica,
onde são usados rotineiramente para multiplicar ou expressar genes específicos. Os plasmídeos modificados
transformam-se em vetores do material genético e podem ser incorporados em outras células bacterianas, que
passam a constituir os chamados bancos de genes, pois cada grupo de bactérias contém um determinado gene
implantado. Outro uso importante também dos plasmídeos é a produção de grandes quantidades de proteínas.
Da mesma forma que uma bactéria produz proteínas que lhe conferem resistência aos antibióticos, também pode
ser induzida a produzir grandes quantidades de proteínas a partir do gene que nelas foi introduzido. Esta é uma
maneira barata e simples de produzir um gene ou a proteína que ele codifica - por exemplo, a insulina - ou até
mesmo antibióticos.
Muitas doenças humanas estão ligadas à deficiência de certas proteínas. Uma delas é o diabetes, em que
ocorre deficiência de insulina, uma proteína com 51 aminoácidos. O gene que determina a produção de
insulina pode ser incorporado no material genético de bactérias, que passam a produzi-la. É possível, então, a
obtenção de insulina em um meio de cultura. Por ser insulina humana, embora fabricada por uma bactéria, tem
maior eficácia que a insulina suína ou a bovina, habitualmente empregadas no tratamento de diabéticos, além
de não provocar reações alérgicas.
Um dos mais importantes processos metabólicos do organismo é a conversão de alimentos em energia e calor,
dentro do corpo.
Podemos retirar energia de qualquer uma das três categorias, mas os carboidratos são c especialmente
importantes porque eles são rapidamente convertidos em glicose quando precisamos rapidamente de energia.
Entre as refeições, o fígado libera a glicose estocada para a corrente sangüínea.
Assim, mantém normais os níveis de glicose rio sangue. Para ajudar a penetração do suprimento de açúcar em
cada célula do corpo, o pâncreas envia Insulina para a corrente sanguínea, fazendo corri que o hormônio chegue
aos receptores de insulina ria superfície destas células. Só quando a insulina se liga à superfície das células é
que elas podem absorver a glicose da corrente sanguínea.
Quando o nível de glicemia (açúcar no sangue) aumenta após unia refeição, a quantidade de insulina (chamada
de insulina da hora da refeição) também aumenta para que este excesso de glicose possa ser rapidamente
absorvido pelas células. 0 fígado pára de secretar glicose e passa a estocar glicose do sangue para usá-la
posteriormente. Quando a insulina termina seu trabalho ela se degrada. 0 corpo, assim, tem que renovar
constantemente seu estoque de insulina.
O Diabetes Mellitus é uma disfunção causada pela deficiência total ou parcial de produção de insulina,
hormônio produzido pelo pâncreas. Como conseqüência a glicose não é aproveitada adequadamente pelas
células provocando sua elevação no sangue, ultrapassando as taxas normais ( 70 a 110 mg/dl ). Para entender
melhor o Diabetes, é preciso conhecer a função da glicose e da insulina em nosso organismo. A glicose é quem
gera energia para nosso organismo funcionar, mas isso só ocorre se houver insulina. Portanto a função da
insulina é garantir a entrada de glicose nas células para a produção de energia.. Quando nos alimentamos,
ingerimos vitaminas, proteínas, sais minerais e glicose ( açúcar ). Essa glicose é absorvida no intestino, entra na
corrente sanguinea e com a ajuda da insulina, penetra nas células para produzir energia e assim garantir o
funcionamento do organismo. Existem algumas formas ou tipos de Diabetes, sendo os mais conhecidos os do
tipo 1 e do tipo 2, no entanto existem ainda outros tipos como o gestacional , o provocado pelo uso de alguns
medicamentos ou provocados por doenças do pâncreas ( tumores, etc )
O Diabetes quando não diagnosticado ou se diagnosticado e não tratado adequadamente, passa a ser um grave
problema de saúde pública devido as suas complicações.
A) Diabetes tipo 1
No Diabetes Tipo 1, ou insulino-dependente, as células do pâncreas que normalmente produzem insulina, foram
destruídas. Quando pouca ou nenhuma insulina vem do pâncreas, o corpo não consegue absorver a
glicose do sangue; as células começam a "passar fome" e o nível de glicose no sangue fica
constantemente alto. A solução é injetar insulina subcutânea (embaixo da pele) para que possa ser
absorvida pelo sangue.
Ainda não é possível produzir uma forma de insulina que possa ser administrada oralmente já que a insulina é
degradada, pelo estômago, em urna forma inativa. Uma vez que o distúrbio se desenvolve, não existe maneira
de "reviver" as células produtoras de insulina do pâncreas. 0 transplante de um pâncreas sadio ou, apenas, o
transplante de células produtoras de insulina de uni pâncreas sadio já foram tentados, irias ainda são
considerados em estágio experimental.
Portanto, a dieta correta e o tratamento com a insulina ainda são necessários por toda a vida de um diabético.
Não se sabe o quê causa a destruição das células produtoras de insulina do pâncreas ou o porquê do diabetes
aparecer em certas pessoas e não em outras. Fatores hereditários parecem ter o seu papel, mas o distúrbio,
praticamente, nunca é diretamente herdado. Os diabéticos, ou as pessoas com diabetes na família, não devem
ter restrições quanto a ter filhos.
B) Diabetes tipo 2
Embora não se saiba o que causa o Diabetes Tipo II, sabe-se que neste caso o fator hereditário tem uma
importância bem maior do que no Diabetes Tipo I.
Também existe uma conexão entre a obesidade e o Diabetes Tipo II; embora a obesidade não leve,
necessariamente ao diabetes. 0 Diabetes Tipo II é um distúrbio comum, afetando 2-10% da população. Todos os
diabéticos tipo II produzem insulina quando diagnosticados e, a maioria, continuará produzindo insulina pelo
resto de suas vidas.
O principal motivo que faz com que os níveis de glicose no sangue permaneçam altos está na incapacidade das
células musculares e adiposas de usar toda a insulina secretada pelo pâncreas. Assim, muito pouco da glicose
presente no sangue é aproveitado por estas células.
Esta ação reduzida de insulina é chamada de "resistência insulínica". Os sintomas do Diabetes Tipo II são
menos pronunciados e esta é a razão para considerar este tipo de diabetes mais "brando" que o Tipo I. 0
Diabetes Tipo II deve ser levado a sério; embora seus sintomas possam permanecer desapercebidos por muito
tempo, pondo em sério risco a saúde do indivíduo
C) O Diabetes Gestacional
Geralmente surge em mulheres grávidas que não eram diabéticas, onde ocorreu alteração da tolerância a
glicose em graus diversos diagnosticado durante a gestação. Geralmente, desaparece quando esta termina.
Futuramente elas podem vir a desenvolver o Diabetes tipo 2.
Outros tipos específicos de diabetes podem vir a ocorrer, mas constituem situações raras e são causadas por:
Doenças do Pâncreas;
Endocrinopatias;
Infecções;
Com o advento da biologia molecular, via DNA recombinante, iniciou-se a era das insulinas biossintéticas
humanas, utilizadas por muitos pacientes até os dias atuais. Por meio de injeções subcutâneas em comparação
com a insulina animal, a insulina humana sintética apresenta farmacodinâmica e farmacocinética diferentes. A
insulina humana tende a ser de absorção mais rápida e de período de ação mais curto, mas com picos de ações
que ocorrem de maneira totalmente imprevisíveis. É importante citar que na prática diária, estas diferenças não
são tão significantes quando a insulina humana é usada com estratégias terapêuticas adequadas.
4. 1 Estrutura e funções
A insulina é uma pequena hormona polipeptídica constituída por duas cadeias α e β ( 51 aminoácidos)
unidas por duas pontes dissulfureto que permitem a conexão dos aminoácidos α 7 e β 7, α 20 e β 19. Uma
terceira ponte de dissulfureto na cadeia α liga os resíduos α 6 e α 11.
Esta hormona é fundamental para manter o nível de glucose no sangue, de forma que o cérebro,
músculos, coração e outros tecidos tenham a quantidade de "combustível" necessária para o metabolismo
celular normal. A insulina também desempenha um papel muito importante no metabolismo das gorduras e das
proteínas na circulação sanguínea. Promove, por exemplo, o transporte de aminoácidos do sangue para os
músculos e outras células. Dentro destas, a insulina não só é responsável pela promoção da absorção
intracelular de aminoácidos da circulação, aumentando a síntese proteica, como também reduz o catabolismo
(processo de quebra de proteínas dos músculos).
4.2. História
A doença que é provocada pela anormal actividade da insulina é a diabetes que embora já fosse
conhecida há dois mil anos, só nos últimos cem foram descobertas formas de a tratar e controlar. Em 1921 na
Universidade de Toronto no Canadá, Dr. Frederick Banting (cirurgião) e Charles Best (estudante de Fisiologia)
descobriram a insulina. Esta importantíssima descoberta levou a que Banting e McLeod (porque as experiências
foram realizadas no laboratório J. J.R.Macleod) recebessem o premio Nobel da medicina em 1923.
A insulina foi a primeira proteína em que foi comprovada actividade hormonal, a primeira proteína a ser
cristalizada (Abel, 1926), a primeira proteína a ser sequenciada ( Sanguer et al, 1955 ), a primeira proteína a ser
sintetizada por técnicas químicas ( Duetal;Zahn;Katsoyanis; ≈ 1964 ), a primeira proteína foi demonstrada como
sendo sintetizada na forma de uma molécula grande precursora ( Steiner et al, 1967 ) e a primeira a ser
preparada para o uso comercial com a metodologia do DNA recombinante.
Em 1958 o cientista Frederick Sanger ( Reino Unido ) foi laureado com o prémio Nobel de Química por
ter contribuído no trabalho sobre a estrutura da insulina.
Em 1978 fez-se a clonagem do gene da insulina humana e em 1982 a insulina humana era produzida
por Engenharia Genética.
4.3.Biossíntese e extração
A insulina humana pode ser extraída do pâncreas na medida em que esta é produzida nas células β
dos ilhéus de Langerhans do pâncreas.
No processo de síntese proteica, os aminoácidos entram na ordem exacta para a formação de cada
proteína .
Como existe uma grande semelhança entre os tipos de insulina humana, suína e bovina também pode
ser extraído destes dois últimos mamíferos. A insulina suína difere num único aminoácido, substituição da
alanina ou treonina na porção β 30. A bovina tem esta modificação mais as substituições de alanina por treonina
em α 8 e valina por isoleucina em α 10. Estas modificações não alteram a actividade biológica dos vários tipos
insulina.
Assim, através destas extracções (suína e bovina ) é possível haver terapia padrão para a diabetes
mellitus. Para o caso de indivíduos com antecedências alérgicas é produzida insulina humana .
A insulina pode ser produzida sinteticamente através de uma técnica que consiste em modificar geneticamente a
bactéria Escherichia coli para a tornar capaz de sintetizar a hormona ausente. Deste modo a hormona é
produzida em trinta dias o que equivale a um terço do tempo necessário para a obter pelo método tradicional.
Depois é introduzido o gene da pró-insulina humana da bactéria fazendo com que o gene, precursor da insulina
activa, passe a produzir a hormona em grandes quantidades.
As bactérias também têm DNA como material genético e produzem RNA para sintetizar proteínas. A Escherichia
coli tem um segmento de DNA que possui aproximadamente 4 a 5 mil genes. Além desse segmento possui
também porções de DNA que se denominam por plasmideos. Estes podem-se reproduzir, duplicando o seu
DNA. Deste modo quando a célula de uma bactéria se multiplica, a célula filha recebe um cromossoma e
plasmideos iguais aos da célula mãe. Os genes contidos nos plasmideos não são essenciais para a vida da
bactéria mas podem ser responsáveis pela síntese de proteínas que aumentam a resistência dessas bactérias
aos antibióticos. Estas bactérias, como já foi referido anteriormente, reproduzem-se de modo muito rápido.
Para a bactéria produzir insulina humana, ela precisa de ter o RNA específico para sintetizar essa proteína.
Nenhuma bactéria possuí DNA com informações para a síntese da insulina mas, actualmente, é possível alterar
o DNA da bactéria introduzindo segmentos de DNA humano no DNA das bactérias, através de técnica de cortar
o DNA com enzimas especificas e de refazer o DNA com outras enzimas.
A produção artificial da insulina só se concretizou em 1922, pelo pesquisador canadense Frederick Banting e seu
assistente Charles Best. Isto representou um marco no tratamento da doença. Segundo o endocrinologista Leão
Zagury, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, ela foi usada pela primeira vez por um menino
americano chamado Leonardo Thompson, que sofria de diabetes do tipo 1, e estava condenado à morte. "Ele foi
levado pelo pai ao laboratório, bastante desnutrido, e recebeu a insulina de forma experimental.
Bibliografia Consultada
CARNEIRO, J. ; JUNQUEIRA, L. C. Biologia celular e molecular. 6. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 1997.
p.189-193.
MERCADANTE, C. et ali. Biologia – volume único. São Paulo: Moderna, 1999. p.145-146.
Campo Grande/MS
2010
UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP
O PAPEL DA ENGENHARIA GENÉTICA NO TRATAMENTO
DO DIABETES
Campo Grande/MS
2010
O PAPEL DA ENGENHARIA GENÉTICA NO TRATAMENTO
DO DIABETES