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INTRODUÇÃO
Platão, filósofo grego, representa o começo de partida da filosofia política do
ocidente, também grande parte do nosso pensamento ético e metafísico. Suas
investigações teóricas sobre esses assuntos foram lidas e estudadas ao longo de
mais de 2.300 anos. Platão é, portanto, um dos grandes criadores do pensamento
ocidental.

VIDA E OBRAS
Nasceu por volta de 427 a.C., em uma família ateniense de boa reputação.
Ainda jovem conheceu o importante filósofo Sócrates, que se tornou seu amigo e
professor. Em 399 a.C., Sócrates, então com setenta anos de idade, foi julgado por
uma acusação duvidosa de impiedade e corrupção de jovens de Atenas, sendo
condenado, sentenciado à morte e executado. A execução de Sócrates que Platão
denominava “o homem mais sábio, justo e o melhor entre todos que jamais
conheceu” traumatizou seu discípulo com relação ao governo democrático.
Após a morte de Sócrates, Platão deixou a cidade e passou a década
seguinte viajando pelo exterior. Por volta de 387 a.C, retornou a Atenas e fundou
uma escola, a Academia, que se manteve em funcionamento por mais de
novecentos anos. Platão ficou a maior parte dos seus restantes quarenta anos em
Atenas, ensinando e escrevendo sobre filosofia. Seu aluno mais famoso foi
Aristóteles, que veio para a Academia quando tinha dezessete anos de idade, e o
mestre Platão, sessenta; morreu em 374 a.C., com oitenta anos.
Para Platão, a terra é um mundo de sombras passageiras. Platão
considerava que o trabalho do filósofo era abrir os olhos das pessoas e ajuda-las a
procurar a perfeição, para ele, as pessoas são como prisioneiros que só veem as
sombras, e as tomam pelo que seria real deixa clara a sua ideia no Mito da Caverna.
Platão acreditava que bons lideres não nasciam prontos e tinham de receber
a educação adequada; queria garantir que seu grande mentor nunca fosse
esquecido, então registrou as ideias de Sócrates. Fez isso em forma de diálogos
entre duas pessoas, geralmente fazendo Sócrates a voz principal. Sócrates queria
encontrar verdades imutáveis sobre coisas abstratas, como deusas e justiça.
Escreveu trinta e seis livros, a maioria sobre questões políticas e éticas, mas
também sobre metafisica e teologia. As principais ideias políticas expressas em seu
livro mais famoso ”A república” que expõe seu conceito de sociedade ideal.
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A melhor forma de governo, sugere Platão, é a aristocracia. Com isso ele quer
dizer não aristocracia hereditária ou a monarquia, mas uma aristocracia por mérito,
ou seja, o governo exercido pelas pessoas melhores e mais sabias do Estado, que
deveriam ser escolhidas não pelo voto dos cidadãos, mas por um processo de
cooptação; os governantes ou membros da classe dos guardiães admitiram novos
adeptos às sua fileiras, sempre em função do seu mérito.
Acreditava ele que todas as pessoas, homens e mulheres, deveriam ter a
oportunidade de demonstrar sua aptidão enquanto membros da classe dos
guardiães. Platão foi o primeiro grande filósofo e, por longo período, o único a
sugerir igualdade básica dos sexos. A fim de assegurar igualdade de oportunidade,
defendia a criação e a educação de todas as crianças como encargo do Estado, que
lhes proporcionaria, em primeiro lugar, completo treinamento físico, sem
negligenciar, entretanto, a música, a matemática e outras disciplinas acadêmicas.
Em determinados níveis, seriam feitos exames detalhados. Quem alcançasse
resultados médios seria indicado para exercer as atividades econômicas na
comunidade; quem se destacasse continuaria recebendo mais treinamento. Essa
educação adicional incluiria não só os assuntos acadêmicos rotineiros, mas também
o estudo da filosofia, o que significava para Platão o estudo da sua doutrina
metafisica das formas ideais.
Na idade de trinta e cinco anos, os indivíduos que de fato demonstrassem
domínio dos princípios teóricos teriam direito a quinze anos de treinamento
complementar, que consistiria em experiências práticas de trabalho. Só seriam
admitidos na classe dos guardiães os que se mostrassem capazes de aplicar seu
conhecimento teórico a vida real. Além disso, só os que demonstrassem estar
basicamente interessados no bem público chegariam a se tornar guardiães.
Ser membro da classe guardiã não interessaria a todos. Os guardiães não
seriam ricos, só lhes sendo permitido um mínimo de propriedades pessoais, sem
terras ou casa particulares. Deveriam receber um salario fixo (e não muito grande) e
não poderiam possuir ouro ou prata; também não lhes seria permitido constituir
família; deveriam alimentar-se em conjunto e teriam consortes em comum. A
compensação para esses filósofos-reis não seria a riqueza material, mas a
satisfação do serviço publico. Esse é, em resumo, o conceito de Platão da república
ideal. A sociedade ideal de Platão deveria ser governada por filósofos. Soldados
corajosos deveriam ajudar a manter a ordem. Platão acreditava em uma alma
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eterna, vinda do mundo ideal, acreditava em um mundo invisível onde existiam


modelos perfeitos de todas as coisas da terra.
“A República” tem sido amplamente lida há muitos séculos. Deve-se notar,
entretanto, que o sistema político ali proposto nunca foi adotado como modelo por
qualquer governo civil. No intervalo entre a época de Platão e a nossa, a maioria dos
Estados europeus foi governada por monarquias hereditárias e, em séculos mais
recentes, várias nações adotaram formas democráticas de governo; também houve
vários casos de governo militar e de tiranias demagógicas, como as de Hitler e de
Mussolini. Nenhuma dessas formas de governo se assemelha à república ideal de
Platão, e suas teorias nunca foram adotadas por qualquer partido político nem
formaram a base de algum movimento político, como ocorreu, por exemplo, com as
teorias de Karl Marx. Devemos, então, concluir, que os trabalhos de Platão, apesar
de mencionados com respeito, foram quase totalmente ignorados na prática.
É verdade que nenhum governo civil na Europa foi moldado diretamente pela
teoria de Platão. Existe, entretanto, considerável semelhança entre a posição da
igreja católica na Europa medieval e a classe guardiã de Platão. A igreja medieval
consistia em elite autoperpetuadora e cujos membros tinham sido rigorosamente
treinados numa filosofia oficial. Em principio, todos os homens, independente da
origem familiar, eram passiveis de ingressar no clero (embora as mulheres fossem
excluídas). Em princípio, também os religiosos não tinham famílias e se supunha
que fossem motivados basicamente pelo cuidado de seu rebanho e não pelo desejo
de autopromoção.
As ideias de Platão também influenciaram a estrutura do governo dos Estados
Unidos. Muitos membros da convenção constitucional americana conheciam as
ideias políticas de Platão. Pretendia-se, naturalmente, que a constituição dos
Estados Unidos criasse meios de descobrir e efetivar a vontade popular, mas
também se desejava que fosse instrumento de seleção dos mais sábios e melhores
para governar a nação.

CONCLUSÃO
A dificuldade em avaliar a importância de Platão está no fato de sua influência
ao longo dos tempos, apesar de grande e presente, ter sido sutil e indireta. Além das
teorias políticas, suas discussões sobre ética e metafisica influenciaram muitos
filósofos posteriores. Se Platão obteve classificação bem inferior à de Aristóteles
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nesta lista, foi principalmente porque este último, além de filosofo, foi relevante
cientista. Por outro lado, Platão foi colocado em posição superior à de pensadores
como Thomas Jefferson e Voltaire, porque os trabalhos políticos desses dois vêm
afetando o mundo há apenas dois ou três séculos, enquanto a influencia de Platão
vem sendo exercida há mais de vinte e três séculos.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

HART, Michael H. As 100 maiores personalidades da História: uma


classificação das pessoas que mais influenciaram a História. 11 ed. RJ: DIFEL,
2008. p.262-265.

WEATE, Jeremy. Filosofia para jovens: “penso, logo existo”. SP: Callis,
2006. p.14-15.

MAGEE, Bryan. História da Filosofia. 3 ed. SP: Loyola, 2001. p .24-33.

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