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Centro Universitário de Belo Horizonte- UNI-BH

Curso de Administração

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL - PERCEPÇÕES DOS


COLABORADORES SOBRE OS PROGRAMAS DE CONSCIENTIZAÇÃO DA
EMPRESA ALFA

Autor(a): Luciana Resende Lara Silva1


Orientador(a): Adriana Venuto2

RESUMO

Atualmente a maioria das pessoas tem se preocupado com os impactos que as


organizações têm causado ao meio ambiente. E como tais organizações exercem
grandes influências sobre o comportamento das pessoas de uma maneira em geral,
é preciso que seus programas sócio ambientais sejam estudados procurando
mensurar quais são as verdadeiras mudanças que as atitudes de uma organização
promovem na vida corporativa, e até mesmo social, de seus funcionários. Partindo
desse pressuposto, o presente trabalho busca descrever qual é a opinião dos
colaboradores da empresa Alfa em relação aos seus programas de conscientização
ambiental, e quais são os impactos de tais programas no cotidiano do colaborador.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa descritiva e quantitativa, a partir de um
questionário auto explicativo, com trinta e cinco escriturários da empresa Alfa. E a
partir dos dados coletados, mensurou-se quais as percepções desses funcionários
em relação ao programa e como estão absorvendo e implantando as práticas
sugeridas pela Gerência de Marketing Corporativo.

Palavras-Chave: Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável,


Responsabilidade Ambiental

1 - INTRODUÇÃO

As organizações procuram manter-se competitivas e ajustadas a um mercado


altamente mutável e imprevisível. Podemos notar nos últimos anos as constantes
mudanças ocorridas no cenário mundial, como transformações na economia
internacional e a globalização da produção e do consumo. Além dessas mudanças,
1
Graduanda do curso de Administração do Unicentro de Belo Horizonte UNIBH
2
Professora Mestre em Sociologia
2

os consumidores cada vez mais exigentes e bem informados, adotam uma postura
altamente seletiva e excludente, demonstrando preocupação com a qualidade e
exigindo uma constante melhora na relação custo benefício.

É preocupante a situação do meio ambiente. Freqüentemente, temos sido alertados


sobre o aquecimento global, o esgotamento de recursos naturais, o grande volume
de lixo produzido e os danos causados à biodiversidade. Tal preocupação está
intimamente ligada ao desenvolvimento e a qualidade de vida da humanidade, que
tem importante responsabilidade no equilíbrio ambiental global. Contudo, a
sociedade tem pressionado para que as empresas busquem reduzir os danos
causados ao meio ambiente.

As empresas, diante dos problemas ambientais, devem procurar adotar uma postura
que explicite a sua preocupação com a qualidade da vida. Porém, tal estratégia
requer investimentos e capacitação, que podem ser tecnológica ou organizacional,
interna ou em parceria. Algumas empresas nacionais, de diferentes setores, têm se
inserido neste contexto, buscando acompanhar e aproveitar o uso econômico da
biodiversidade, investindo no desenvolvimento de tecnologias limpas, programas de
redução ou anulação de emissões de carbono, reciclagem, coleta seletiva,
conscientização de funcionários e restrições a clientes que não respeitam o meio
ambiente.

Além de fazer a sua parte pela qualidade do meio ambiente, essas medidas podem
trazer significativo retorno financeiro às empresas. Pois, os consumidores exigem
que tais medidas sejam incorporadas aos processos das empresas e dão
preferência por aquelas que já trabalham com esse conceito. Assim, a incorporação
de modelos de responsabilidade ambiental passa a ser visto como um diferencial
capaz de gerar vantagens competitivas.

Portanto, o objetivo do estudo é identificar a percepção dos funcionários sobre os


programas de socioambientais da empresa Alfa. Assim, o presente trabalho busca
responder quais as percepções desses funcionários em relação ao programa e
3

como estão absorvendo e implantando as práticas sugeridas pela Gerência de


Marketing Corporativo.

Para tanto, serão avaliados os pontos que estão sendo trabalhados pela empresa
Alfa para incentivar atitudes ambientalmente conscientes de seus colaboradores.

2 – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 - Histórico do Desenvolvimento do Conceito de Responsabilidade Social

“Até o século XIX, as corporações buscavam apenas gerar lucros para seus
acionistas. Os monarcas autorizavam alvarás para as corporações de capital aberto
que prometessem benefícios públicos, tais como exploração e colonização do novo
mundo” (HOOD, 1998, apud ASHLEY, 2003, p. 18.).

De acordo com Ashley (2003), em 1919 nos Estados Unidos, ocorreu o julgamento
na justiça americana do caso Dogdes contra Ford, onde Henry Ford, que era
presidente e acionista majoritário, optou por não distribuir parte dos dividendos
esperados, revertendo-os para investimentos na capacidade de produção, aumento
de salários e como fundo de reserva para a redução esperada de receitas devido ao
corte nos preços dos carros. Ford agiu contrariando os interesses dos acionistas,
entre eles John e Horace Dodge. A Suprema Corte de Michigan se posicionou a
favor dos Dodges, justificando que a corporação existe para o benefício de seus
acionistas e que diretores corporativos têm livre arbítrio apenas quanto aos meios de
se alcançar tal fim, não podendo usar os lucros para outros fins.

Dessa forma, a sociedade, juntamente com o poder público, começam a refletir


sobre a responsabilidade das organizações sobre a qualidade de vida das pessoas.
E a partir daí, os estudos sobre a Responsabilidade Social vêm crescendo
infindavelmente.

Ashley (2003) ressalta que foi a partir da década de 30, após a Grande Depressão e
a Segunda Guerra Mundial, vários estudiosos começam a combater os conceitos de
4

que a corporação deve responder apenas aos acionistas, argumentando que estes
eram passivos proprietários, ou seja, de nada contribuíam para o controle e a
responsabilidade para a direção da corporação. Num cenário de expansão
econômica, diversas Cortes Americanas foram favoráveis a ações filantrópicas das
corporações.

Os primeiros estudos que trataram da Responsabilidade Social iniciaram nos


Estados Unidos na década de 50 e, posteriormente na Europa no final de década de
60. Em 1953, nos Estados Unidos, O termo Responsabilidade Social teve como uma
de suas primeiras definições, a conceituação clássica de Howard Bowen, (ASHLEY,
2003, p.6), que em seu livro intitulado Social Responsibilities of the Businessmen
afirma que Responsabilidade Social é "a obrigação social do homem de negócios de
adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que sejam compatíveis
com os fins e valores da sociedade".

De acordo com Oliveira (1984), na década de 60, os países desenvolvidos passaram


por grandes transformações em suas economias. As transformações da economia
refletiram nos âmbitos social, tecnológico e ambiental. Bicalho et al (2003), também
afirma que neste período, o tema foi bastante discutido, alternadamente rejeitado e
defendido, e buscavam-se uma conceituação que ancorasse os principais
argumentos sobre o assunto.

Bicalho et al (2003) também afirma que o conceito de Responsabilidade Social


ganha um amadurecimento quanto à sua operacionalização nas de 70 e 80.
LOURENÇO e SCHRODER (2003) descrevem que a maioria das corporações neste
período começa a se preocupar com como e quando a empresa deveria responder
sobre suas obrigações sociais. A ética empresarial começou a se desenvolver
nestas décadas e consolidou-se no campo de estudo.

Na década de 90, passamos a observar a idéia tanto de Responsabilidade Social


Empresarial quanto de cidadania empresarial. Em 1996, o Presidente norte-
americano Bil Clinton promoveu uma conferência reunindo empresários, líderes
trabalhistas e estudantes para discutir, disseminar e incentivar práticas de cidadania
empresarial (ASHLEY, 2003)
5

Ashley (2003) cita também que na década de 90, outras entidades, ligadas ou não
ao meio empresarial, surgiram. O instituto Ethos de Responsabilidade Social
Empresarial, o GIFE - Grupo de Institutos Fundações e Empresas, o IBASE -
Instituto Brasileiro de Associação brasileira de Empresários pela Cidadania, etc.,
entre outros, passaram a ter uma importante participação no processo de
consolidação e difusão da responsabilidade social e de seus tópicos relacionados,
inserindo o Brasil no grupo dos principais países envolvidos com a questão.

Podemos perceber que a Responsabilidade Social vem sendo amplamente discutida


ao longo dos anos. Atualmente, podemos notar que os consumidores não exigem
apenas uma qualidade superior nos serviços e produtos, mas também que as
empresas se preocupem com os impactos causados ao meio ambiente pelo seu
negócio. E por isso, cobram atitudes que respeitem a sociedade e o meio ambiente.

2.2 - Conceito de Responsabilidade Social

Como existem diversos e complexos fatores envolvidos na questão da


Responsabilidade Social há uma dificuldade em propor um conceito único para o
que venha a ser Responsabilidade Social. Dessa forma, a seguir serão identificados
alguns dos conceitos e pontos de vista constituídos por diferentes autores e
pesquisadores sobre o tema.

Oliveira (1984) afirma que a Responsabilidade Social tem recebido muitas


significações e interpretações e, embora seja um tema em crescente discussão nos
ambientes acadêmicos, empresarial e governamental, a definição do que
compreende a Responsabilidade Social não é um consenso:

Para uns, é a tomada como responsabilidade legal ou obrigação social;


para outros é o comportamento socialmente responsável em que se
observa a ética, e para outros, ainda, não passa de contribuições de
caridade que a empresa deve fazer. Há também os que admitem que a
Responsabilidade Social é exclusivamente, a responsabilidade de pagar
bem seus funcionários e dar-lhes um bom tratamento. Logicamente,
Responsabilidade Social das empresas é tudo isto, muito embora não o
seja isoladamente. (ZENISEK , 1979, p. 359 apud OLIVEIRA, 1984. P.204).
6

O mesmo autor apóia também a seguinte definição para o termo, buscando


aproximar os aspectos favoráveis e não favoráveis à Responsabilidade Social:

Responsabilidade Social é a capacidade de a empresa colaborar com a


sociedade, considerando seus valores, normas e expectativas para o
alcance de seus objetivos. No entanto, o simples cumprimento das
obrigações legais, previamente determinadas pela sociedade, não será
considerado como obrigação contratual obvia, aqui também denominada
obrigação social. (OLIVEIRA, 1984, P. 205)

Para Guimarães (1984) as empresas, assim como os indivíduos, deveriam ser


responsabilizadas por todas as conseqüências decorrentes de atitudes tomadas.
Dessa forma, antes que qualquer política seja adotada, seria fundamental uma
análise profunda de todos os elementos envolvidos.

A organização socialmente responsável se comportaria de maneira a


proteger e melhorar a qualidade de vida da sociedade. O conceito de
qualidade de vida é extremamente importante, uma vez que constitui o
único critério substancial para qualquer julgamento sobre progresso e
desenvolvimento, embora seja comum o seu uso em contextos
impróprios. Nesses termos, o modelo de responsabilidade social devia
resultar de uma preocupação em se aliar o desenvolvimento da
qualidade de vida da sociedade. (GUIMARÃES, 1984, p.215).

Percebemos que tanto Oliveira quanto Guimarães reconhecem a legitimidade e


importância da Responsabilidade Social. Porém, outros estudiosos do assunto não
compartilham da mesma visão e apresentam pontos que desestimulam a prática de
ações sociais por parte das empresas. É o caso de Friedman, citado por Ashley, que
reforça a idéia de que a empresa é socialmente responsável ao gerar novos
empregos, pagar salários justos e melhorar as condições de trabalho. A empresa
que desvia seus recursos para ações sociais pode prejudicar sua competitividade.

Segundo Friedman (1970) a única Responsabilidade Social da empresa é a de


utilizar os recursos (para produção) e colocá-los em atividades a fim de maximizar
os lucros. De acordo com esse ponto de vista a Responsabilidade Social é um
comportamento de antimaximização de lucros, assumido para beneficiar outros que
não são acionistas da empresa.
7

Tomei (1984) compartilha da visão de Friedman (1970) afirmando que existem, além
da questão da maximização dos lucros, inúmeros outros itens que desaconselham
qualquer implementação de programas de Responsabilidade Social. É o caso dos
custos do envolvimento social, pois, os objetivos sociais não se pagam por si só,
gerando uma situação antieconômica na medida em que alguém deve arcar com
essas despesas.

Magalhães (1984) também mostra-se desfavorável a qualquer tipo de envolvimento


com programas sociais e acredita que a Responsabilidade Social não passa de uma
nova onda, uma falácia a ser desmascarada. A autora afirma que ser Socialmente
Responsável é fazer com que outros se apropriem dos frutos provenientes apenas
do esforço da organização e que a sociedade é apenas uma mera fornecedora de
trabalho e consumo.

Porém, sabemos que a Responsabilidade Social não se trata de nenhum tipo de


modismo. E que cada vez mais as organizações que utilizam modelos que prezam
pelo bem estar da sociedade e tratam os seus lucros como uma conseqüência pelo
trabalho ético e cidadão oferecido, têm ganhado mais espaço no mercado atual. “A
empresa deve ter consciência e visão de que, a cada dia que passa, é maior a
expectativa dos indivíduos e sua demanda quanto ao papel social a ser
desempenhado por executivos e empresários.” (ASHLEY, 2003, p. 11).

Outro ponto de vista que apóia e reconhece como positiva a Responsabilidade


Social foi formulada pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Tal
instituto esforça-se para mobilizar as empresas a gerir seus negócios de forma
socialmente responsável. E sua definição de Responsabilidade Social elaborada por
ele, mostra-se bastante apropriada às necessidades atuais de acordo com as
percepções e objetivos desta pesquisa.

Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da


empresa de tal maneira que a torna co-responsável pelo
desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela
que possui a capacidade de ouvir os interesse das diferentes partes
(acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores,
consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente) e conseguir
incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às
8

demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários


(Disponível em www.ethos.org.br).

Contudo, é possível observar que as definições, de uma forma geral, são bastante
nebulosas, deixando um grande espaço para dúvidas e críticas.

Assim, o conceito ou definição de Responsabilidade Social não está pronto e


acabado. Conforme já foi dito além das empresas a própria sociedade está
aprendendo a lidar com um tema tão complexo e que não pode ser revestido de
ações caridosas ou fraternas. Com as evoluções e transformações das sociedades
civis e corporativas, outras visões e definições irão surgir.

2.3 - A Responsabilidade Social Empresarial

Muitos críticos, na época das discussões mais intensas, eram céticos em relação ao
comprometimento empresarial com o equilíbrio entre as necessidades sociais e
econômicas, principalmente pelas interpretações diversas sobre o conceito de
responsabilidade social (Ashley, 2003).

Porém, é fato que tal pensamento está fora do contexto empresarial atual. Pois é
praticamente impossível que um empresário que só pensa nos lucros e ignora o
poder da opinião pública sobreviva em um mercado cada vez mais competitivo, com
um público cada vez mais exigente e consciente de seus direitos. Portanto, as
empresas não podem mais se dar ao luxo de não se preocuparem com a opinião
pública.

Na visão de Ashley (2003, p. 23):

A empresa moderna, que sobrevive em um ambiente de constantes


mudanças, é hoje uma das instituições mais adaptáveis, se comparada a
outras como as igrejas e os governos, o que lhe confere um papel de
liderança nas transformações necessárias.

Entretanto, o conceito de responsabilidade social não pode ser usado como


instrumento de manipulação da comunidade. O interesse público, que é soberano, é
9

quem, hoje, efetivamente delimita o campo de atuação da empresa, só legitimando-a


se esta atender às expectativas reais da sociedade.

A maioria das empresas, ainda, tem uma visão assistencialista e poucas


são as que realmente adotam a ‘responsabilidade social’ como um
instrumento para condução dos seus negócios, em busca da
sustentabilidade amparada no tripé comercial, ambiental e social.(‘Carta
Capital’, em 2004. p. 52)

Ainda de acordo com Ashley (2003), a mudança de atitudes de visão de


Responsabilidade da Empresa para com o “Ser vivo” é que a possibilitará a
aplicação de ações dentro da Responsabilidade Social na comunidade externa e
não apenas na interna.

Segundo Oliveira (1984) existem cinco categorias que podem ser beneficiárias da
Responsabilidade Social da Empresas. São elas: os empregados; os proprietários e
acionistas; os consumidores; o público ou a comunidade onde a empresa opera e os
fornecedores/credores. Ou seja, todos os stakeholders da organização podem se
beneficiar da postura Socialmente responsável da mesma.

Para Ashley (2003), uma empresa socialmente responsável é aquela que está
atenta para lidar com as expectativas de seus stakeholders atuais e futuros, na visão
mais radical de sociedade sustentável (Ashley,2003, p. 20).

De acordo com Vieira (2007), a empresa deve buscar co-participar do processo de


desenvolvimento do meio ambiente em que se encontra.

A humanização da empresa e o reconhecimento de um papel social por


parte da mesma, traduzem uma nova situação organizacional – a
iniciativa privada, antes de ser uma realidade econômica, cujas ações
giram em torno da possibilidade de lucros, é um aglomerado humano em
interação constante com outros tipos de organização. (VIEIRA, 2007, p.
61)

Ainda segundo Vieira (2007), além da importância da comunidade externa, a


comunidade interna destaca-se, pois além de constituir um dos mais importantes
fatores de produção, os colaboradores são um dos melhores portadores de
‘mensagens preferenciais’ da empresa, e acabam por se transformar em um dos
10

elementos-chave para o sucesso dos empreendimentos da iniciativa privada.


Reconhecer a importância deste público faz com que a empresa se conscientize da
necessidade de fornecer boas condições e ambiente agradável de trabalho, salários
justos, bem como mecanismos de incentivo e desenvolvimento de pessoal.

2.4 – Responsabilidade Socioambiental

As tendências de preocupação ambiental vêem aumentando substancialmente em


todo o mundo. E empresas estatais no setor produtivo, têm englobado diversas
preocupações com a esfera pública, como ações ambientais e sociais, que até
pouco tempo não eram encaradas como responsabilidades das empresas. Se anos
atrás as empresas mostravam-se contrárias às manifestações de iniciativas
ambientais, hoje em dia elas próprias têm se preocupado com a melhoria ambiental
e com sua imagem de ambientalmente responsável.

Muitas empresas adotaram, no decorrer do tempo, procedimentos pouco adequados


à utilização racional do meio ambiente, causando grandes danos ao ecossistema.
Os problemas ambientais gerados pela poluição são atribuídos, em sua grande
maioria, a atividade industrial, e afetam muitas vezes não só a comunidade local,
mas, também, toda a sociedade em geral.

A responsabilidade empresarial frente ao meio ambiente é centrada na


análise de como as empresas interagem com o meio ambiente em que
habitam e praticam suas atividades, dessa forma, uma empresa que
possua um modelo de Gestão Ambiental já está correlacionada à
responsabilidade social. Tais eventos irão, de certa forma, interagir com as
tomadas de decisões da empresa, tendo total importância na estratégia
empresarial. (GARNIER, 2008, p.1)

Ainda segundo Garnier (2008), todos os processos da organização devem estar


aplicados à responsabilidade sócio-ambiental. As empresas são responsáveis pelos
fornecedores e seus códigos de ética devem ser aplicados nos produtos e serviços
usados ao longo de seus processos produtivos. E para Vieira (2007), é necessário
que as organizações incorporem uma metodologia de produção socialmente
responsável que não comprometa o equilíbrio do meio ambiente, no qual ela mesma
está inserida.
11

Uma organização que não atente para os possíveis impactos ambientais


que sua atividade possa causar, não se importando com os danos ao
meio ambiente e à saúde de seus funcionários, bem como da
comunidade, não terá da opinião pública o respaldo necessário para o
bom funcionamento de suas operações. Pois, se a comunidade
considerar que a empresa vem adotando práticas que vão de encontro
ao interesse público, não medirá esforços para obrigá-la a rever seu
posicionamento enquanto unidade social. (VIEIRA, 2007, p. 53)

Existem, para as empresas, muitas situações de “ganha-ganha”, onde há melhoria


socioambiental com a não escassez de recursos, ganhos econômico-financeiros
com retornos trazidos para as empresas de curto médio e longo prazo além do
fortalecimento de parcerias com os diversos stakeholders. Todos esses fatores
juntos acabam por promover a imagem da empresa como um todo e finalmente
levando ao crescimento. De acordo com Oliveira (2008), investimentos para mitigar
ou diminuir os impactos externos das atividades da empresa ou investimentos em
ação social podem reduzir os riscos de acusação de crimes ambientais, multas,
indenizações ou pressão por compensação por danos.

Sendo assim, é necessário que as organizações adquiram uma postura sócio-


ambientalmente responsável que para Garnier (2008) é considerada como:

A empresa é sócio-ambientalmente responsável quando vai além da


obrigação de respeitar as leis, pagar impostos e observar as condições
adequadas de segurança e saúde para os trabalhadores, e faz isso por
acreditar que assim será uma empresa melhor e estará contribuindo para
a construção de uma sociedade mais justa, agregando valor à imagem
da empresa. (GARNIER, 2008, p.1)

Segundo Oliveira (2008), as organizações podem ser reguladas de diversas formas.


Existem regulações sobre os aspectos econômicos, sociais, trabalhistas e
ambientais. Tais regulações podem ser feitas através de leis, pelo mercado, por
pressão social e política, ou por auto regulação ética (OLIVEIRA, 2008, p.43)

Com a globalização as empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua


performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas
tomadas para prevenção ou compensação de acidentes. Muitas empresas já adotam
essa postura em caráter voluntário, mas muitos prevêem que relatórios sócio-
ambientais serão compulsórios num futuro próximo (GARNIER, 2008, p.2)
12

No Brasil, como é apontado por Oliveira (2008), temos acompanhado algumas


tendências na política ambiental. Cada vez mais o governo se utiliza de instrumentos
econômicos (IEs) na implementação de suas políticas ambientais. E as experiências
com IEs em âmbitos nacional e estadual estão crescendo.

E Garnier (2008) acrescenta que a obtenção de certificados de padrão de qualidade


e de adequação ambiental, como as normas ISO, por centenas de empresas
brasileiras, também é outro símbolo dos avanços que têm sido obtidos em alguns
aspectos importantes da responsabilidade sócio-ambiental.

Contudo, é fundamental uma conscientização de mudança cultural nos ambientes


corporativos e sociais para que possamos cada vez mais buscar uma transformação
cultural para obter uma melhor qualidade de vida.

3 - Metodologia

Ao considerarmos que as empresas estão vivendo uma fase em que não basta
apenas ter serviços e atendimentos diferenciados, e que os clientes cada vez mais
cobram o papel social das empresas privadas, esse trabalho visa apresentar, uma
descrição do grau de conhecimento e comprometimento dos funcionários da
empresa Alfa diante das campanhas socioambientais efetuadas pela empresa.

Segundo Gil (2002), um estudo científico se classifica, segundo seus objetivos, em


três grandes grupos: exploratórios, descritivos e explicativos. O presente trabalho
utilizará uma pesquisa descritiva.

O tipo de pesquisa que se classifica como "descritiva", tem por premissa


buscar a resolução de problemas melhorando as práticas por meio da
observação, análise e descrições objetivas, através de entrevistas com
peritos para a padronização de técnicas e validação de conteúdo
(THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).

A pesquisa será feita através de um levantamento de dados, que é caracterizada


pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer (Gil,
2002).
13

De acordo com Duarte e Furtado (2002), a coleta de dados consiste em um


procedimento específico para a busca da informação, é a forma de aplicação do
método. Para coletar os dados necessários para a pesquisa, uma amostra de 53
funcionários da empresa Alfa, serão pesquisados por meio de um questionário
fechado e estruturado. Tal amostra foi definida pelo processo de acessibilidade (Gil,
2002). Os 53 funcionários representam x% do universo de x pessoas que trabalham
na empresa Alfa. O questionário a ser utilizado está planejado de forma a identificar
as percepções dos funcionários em relação aos programas e como estão
absorvendo e implantando as práticas sugeridas pela Gerência de Marketing
Corporativo.

A partir das respostas dos 53 entrevistados, os dados coletados receberam


tratamento quantitativo utilizando-se ferramentas de estatística para que fossem
analisados e avaliados.

4- Análise de Dados
4.1 - Perfil Geral da Amostra

Gênero

Masculino
; 39%

Feminino;
61%
Mascul
ino
Femini
no

Gráfico 1 - Gênero
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Segundo dados obtidos através do gráfico 61% dos 61 funcionários entrevistados


são do sexo feminino, e 39% são do sexo masculino.
14

Idade dos Pesquisados

15% 3%

44%
20%
menos de 20
21a 25
18%
26 a 30
31a 35
acima de 35

Gráfico 2 - Idade
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Quase metade dos 61 funcionários entrevistados 44% possuem idade entre 21 a 25


anos, apenas 3% possui menos de 20 anos e 15% tem mais de 35 anos.

Tempo de Serviço

7% 3%

51%
39%
< 1 ano
>1 e < 5
>6 e < 10
> 10

Gráfico 3 - Tempo que trabalha no Mercantil


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Os resultados do Gráfico acima demonstram que 51% dos funcionários pesquisados


trabalham na empresa Alfa entre 1 a 5 anos, e apenas 3% estão ligados à empresa
a menos de 1 ano. Uma parte bastante significativa, 39% estão na empresa entre 6
e 10 anos.
15

4.2 - Conhecimento e participação no projetos de Responsabilidade Social

Sabe o que é Responsabilidade


Sócioambiental
70% 62%
60%
50%
40%
30% 25%
13%
20%
10%
0%
Sim Não Parcialmente

Gráfico 4 - Conhecimento sobre Responsabilidade Social


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Conforme resultados demonstrados através do Gráfico 4, 62% dos 61 funcionários


entrevistados da empresa Alfa afirmam saber o que é Responsabilidade
Sócioambiental, e 13% afirmam não ter algum conhecimento sobre o tema, o que
nos mostra que as campanhas de conscientização atingiram uma grande parte dos
colaboradores. Porém, uma parcela significativa ainda precisa de mais
esclarecimentos sobre o assunto.

Conhecimento sobre os Projetos da


Empresa Alfa
70% 66%
60%
50%
40%
30% 26%
20% 8%
10%
0%
sim não Parcialmente

Gráfico 5 - Conhecimento de projetos e ações desenvolvidos pelo Mercantil


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Através do Gráfico acima, verifica-se que dos 61 funcionários pesquisados , 66%


disseram têm conhecimento das ações e projetos de Responsabilidade
Sócioambiental desenvolvidas pela empresa Alfa contra apenas 8% que disseram
16

não conhecer nenhuma ação desenvolvida. Assim, podemos concluir que os canais
de comunicação têm atingido o objetivo de informar sobre as ações quês estão
sendo desenvolvidas pela empresa em relação às campanhas de conscientização
ambiental.

Conheceram os Projetos

30% 27%
25% 21%
18%
20% 15%
15% 12%
10% 5%
5% 2%
0%
0%
jornal mural notes conexão mb diário mb internet informações Outras Nenhum
de publicações
superiores do MB
ou colegas

Gráfico 6 – Forma de conhecimento desses projetos


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Segundo o gráfico acima, os colaboradores não recebem muitas informações sobre


os projetos e ações desenvolvidas pela empresa de seus superiores ou colegas. A
maioria toma conhecimento dessas ações através do Jornal Mural que é um
periódico renovado quinzenalmente e fica próximo a máquina de café e Conexão
MB, que é um e-mail com informativos encaminhados aos funcionários da empresa.

O Instituto Ethos (2006) menciona que um dos maiores veículos de publicação das
ações de Responsabilidade Social de uma organização são seus instrumentos
impressos. Através desses instrumentos é possível comunicar tais ações para
ambos os públicos (interno e externo). Nesse caso, pode-se dizer que a empresa
Alfa faz com que o seu público interno tenha conhecimento das ações praticadas
pela empresa. Porém, como foi mostrado no Gráfico 5, 26% dos entrevistados
possuem um conhecimento parcial sobre tais ações, o que nos leva a concluir que
essas parcelas dos entrevistados não lêem com atenção as informações divulgadas.
17

Participação em Ações
desenvolvidas pela Empresa Alfa
62%
70%
60%
50%
40% 33%
30%
20%
10% 5%
0%
Sim Não Parcialmente

Gráfico 7 – Participação nas Ações desenvolvidas pela Empresa Alfa


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Segundo os funcionários pesquisados que conhecem ao menos parcialmente as


ações de Responsabilidade Socioambientais desenvolvidas pela empresa Alfa, 62%
dos funcionários pesquisados disseram não participar das ações e projetos de
responsabilidade socioambiental 5% disseram ter participação nas ações e projetos
de responsabilidade social da empresa Alfa e 33% dos funcionários pesquisados,
participaram parcialmente das ações desenvolvidas.

Percebe-se então que a maioria dos funcionários pesquisados não têm nenhum tipo
de participação nas ações desenvolvidas.

Importância das ações


70%
59%
60%
50%
40%
36%
30%
20% 5%
10%
0%
sim não Parcialmente

Gráfico 9 – Importância das ações


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.
18

Apesar de terem apenas um conhecimento parcial das ações e do conceito de


Responsabilidade socioambiental e afirmarem participar parcialmente das ações
realizadas pela empresa a grande maioria dos pesquisados julgam que os projetos
apresentados têm grande importância. O que nos leva a verificar que esses
funcionários têm consciência da importância da responsabilidade socioambiental
mesmo sem possuir grandes conhecimentos sobre o assunto.

Sentiram-se Obrigados a participar

56%
60%
50%
39%
40%
30%
20%
10% 5%

0%
Sim Não Parcialmente

Gráfico 10 – Participa obrigatoriamente das ações e projetos


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

O gráfico 10 demonstra que dos 61 funcionários pesquisados da empresa Alfa que


participaram das ações de Responsabilidade Social 56% declararam não se
sentirem obrigados a participar das ações e projetos desenvolvidos, 5% sentiram-se
obrigados e 39% sentiram-se parcialmente obrigados. O que significa que uma
parcela significativa vêm as ações como imposições para o seu cotidiano. O que é
um resultado negativo, pois se um funcionário não possui conhecimento sólido sobre
um assunto, não demonstra interesse sobre esse assunto e ainda afirma se sentir
obrigado a participar das ações desenvolvidas, demonstra que a divulgação das
ações não estão sendo feitas de maneira correta.
19

Envolvimento com as ações

70,00%
59%
60,00%
50,00%
40,00%
28%
30,00%
20,00%
8% 5%
10,00% 0%
0%
0,00%
Direto Operacional Marketing Contato Indireto Nenhum
direto

Gráfico 11 - Envolvimento dos funcionários do Mercantil com ações


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Cerca de 59% dos 61 funcionários entrevistados declararam ter envolvimento


indireto com as ações, e apenas 5% declararam ter envolvimento direto. O que nos
sugere que esse pode ser um dos maiores problemas das campanhas pois, o
contato direto com as ações é uma grande oportunidade de ampliar o conhecimento
do colaborador com o assunto e motivá-lo a participar cada vez mais ativamente das
ações.

Os Funcionários são motivados a participar


das ações?
80%
59%
60% 39%
40%
20%
2%
0%
Sim Não Não respondeu

Gráfico 12 - Motivação dos funcionários do Mercantil nas ações de RS


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Porém, os resultados do gráfico 13 demonstram que dos 59% funcionários se


sentem motivados em participar das ações desenvolvidas relacionadas à
Responsabilidade Socioambiental. Para os funcionários entrevistados que afirmaram
não se sentirem motivados, e que se justificaram, alegaram que não se motivam por
falta de conhecimento, por não terem tempo, ou mesmo porque onde trabalham não
há incentivos diretos sobre essa questão. Tais dados nos levam a concluir que para
que os funcionários demonstrem mais interesse sobre o assunto e participem das
20

ações realizadas pela empresa, esta deve intensificar a familiarização entre o tema e
seus funcionários. Pois ao afirmarem que não existem incentivos diretos para que
participem demonstram desconhecer os princípios da responsabilidade
socioambiental e que o simples fato de estar contribuindo já é um benefício direto.

Principal Motivação
74%
80%
60%
40%
7% 13% 7%
20%
0%
Caridade Cidadania Ética Espírito
comunitário

Gráfico 13 - Principal motivação para participação em uma ação ou projeto social


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Porém, no gráfico 13, percebemos que para 74% dos funcionários entrevistados, a
principal motivação para participar voluntariamente de uma ação ou projeto de
responsabilidade socioambiental seria por cidadania, para 7% por caridade e espírito
comunitário e para os demais 13% a ética é a principal motivação. Ou seja, eles
demonstram ter consciência de que os valores morais positivos têm envolvimento
com as ações desenvolvidas.

Fischer e Falconer (2002), afirmam que a maior parte das pessoas que se engajam
em trabalhos voluntários são por espírito de caridade e cidadania. Nesse caso,
percebe-se que o resultado da pesquisa aplicada aos funcionários do da empresa
Alfa vai de acordo com o que determinam os autores e as estatísticas por eles
analisadas.
21

Por que não participam?

70% 59%
60%
50%
40%
30% 15% 23%
20%
10% 3%
0%
Falta de tempo Desinteresse Não acredita nos Não apóia quem
resultados recebe (os
beneficiários dos
projetos)

Gráfico 14 - Principal motivação para não participar de uma ação ou projeto social
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Para 59% dos 21 funcionários pesquisados, a principal justificativa para não


participarem de ações ou projetos de responsabilidade social seria pela falta de
tempo, 29% dos funcionários alegaram não acreditar nos resultados das ações, 14%
e 3% não apóiam os beneficiados das ações. Sendo que os beneficiados das ações
são a sociedade e os próprios funcionários. Portanto, podemos concluir que a falta
de tempo implica na falta de conhecimento sobre o tema o que acarreta o
desinteresse e desmotivação a participar ativamente das ações.

Deve-se mencionar ainda que de acordo com Fischer e Falconer (2002), o trabalho
voluntário no Brasil, principalmente aqueles voltados para o desenvolvimento de
ações e projetos de Responsabilidade Social ainda é um assunto novo e nesse caso
é importante que as empresas ampliem formas de divulgar para seus funcionários a
importância de participar desses trabalhos de maneira voluntária, principalmente
para que os funcionários tenham um espírito voltado para a cidadania e a
consciência de que fazem a sua parte para minimizar os problemas da comunidade
onde estão inseridos.
22

Os projetos Sócio Ambientais são Eficazes?


80%
61%
60%
34%
40%
20% 5%

0%
Sim Não Parcialmente

Gráfico 15 - Eficácia das ações e projetos desenvolvidos pela empresa Alfa


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Entretanto, mesmo alegando falta de tempo para tomar conhecimento das


campanhas e desconhecerem seus resultados, 61% dos entrevistado afirmam que
as campanhas são eficazes e apenas 5% acredita que tais ações não possuem
eficácia. O que confere uma contradição nas respostas dos entrevistados.

4.3 Incentivos por parte da empresa e chefia para participação nos projetos

Incentivo da Chefia Imediata na Participação


dos Funcionários

56%
60%
50%
40%
30%
30%
20% 15%

10%
0%
Sim Não Parcialmente

Gráfico 16 - Incentivo da chefia imediata na participação e conhecimento das ações


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Para 56% dos 61 funcionários pesquisados, não há incentivos de sua chefia


imediata a participarem e conhecerem melhor as ações e projetos desenvolvidos,
30% dos funcionários declararam ter apenas incentivo parcial com relação a essa
questão e 15% declararam ter incentivos de sua chefia direta. Portanto, a chefia
também deve ser conscientizada da importância em se dedicar tempo à tais ações,
pois tal camada da organização tem papel fundamental na disseminação das
informações relevantes para seus colaboradores.
23

Maior divulgação de
resultados
10%
18% 41% Em presa disponibilizar
algum tem po para os
funcionários
Convites aos funcionários
31%

Não respondeu

Gráfico 17 - Ações para o envolvimento dos funcionários do Mercantil nos projetos


Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Para 41% dos 61 funcionários entrevistados, uma maior divulgação dos resultados
das ações e projetos desenvolvidos empresa é um incentivo para que se
envolvessem mais. Uma outra opção levantada por 31% dos entrevistados serai a
disponibilização de tempo pela empresa para que os funcionários pudessem
conhecer os projetos e se dedicarem a eles. Cerca de 28% dos funcionários
entrevistados sugeriram que fossem convidados pela empresa a participar
diretamente dos projetos.

Galuchi e Tadeucci (2003) afirmam que para uma empresa obter maior envolvimento
de seus funcionários nas ações e projetos de Responsabilidade Social é importante
o alinhamento dos objetivos e estratégias desenvolvidas de Responsabilidade Social
com o potencial dos funcionários. Dessa forma, é importante que a empresa Alfa,
adote em seu planejamento estratégico a participação efetiva dos funcionários
dando sugestões de projetos e ações de Responsabilidade Socioambiental a serem
desenvolvidas. Dessa forma, pode-se obter um maior envolvimento dos funcionários.
24

Influencias no Comportamento

30%
26% 26% 26%
25%

20%

15%
10% 11%
10%

5% 3%

0%
Apagar a luz Desligar o monitor Evitar o Evitar o consumo Ref letir sobre o Evitar impressões
desperdício de de copos consumo desnecessárias.
água. plásticos. indiscriminado

Gráfico 18 – Influências no comportamento dos funcionários dentro e fora das


empresas
Fonte: Pesquisa realizada com funcionários, 2009.

Cerca de 26% dos funcionários afirmam que a partir das campanhas efetuadas pela
empresa Alfa passaram a desligar as luzes dos locais onde não estão sendo
utilizados, assim como banheiros e salas de reunião, também 26% afirmaram evitar
o desperdício de água e evitar o consumo de copos plásticos. As impressões
desnecessárias já são evitadas por 11% dos colaboradores e 10% afirmaram
desligar seus monitores quando não estão utilizando.

Dessa forma, podemos perceber uma mudança de comportamento dos


colaboradores em relação a esses recursos disponibilizados. Tal mudança de
comportamento confere uma diminuição nos gastos da empresa com papel, copos,
água e energia. E essa mudança traz benefícios para a sociedade como um todo,
com a diminuição de resíduos e desperdícios.

5 – Considerações Finais

A reflexão expressa nesse estudo reafirmamos, a empresa – enquanto unidade humana e social –,
deve funcionar como um sistema aberto, procurando atender ao interesse público e estabelecendo
com a sociedade um diálogo autêntico. Ao influenciar e sofrer influências do macroambiente em
que se insere, a organização percebe a necessidade de um redimensionamento ontológico de seu
papel, de sua responsabilidade social. Esta é uma questão que envolve não só o aspecto moral e
ético das empresas, como, também, as transformações próprias do momento pós-industrial em que
25

se encontram. Pois, diante da soberaneidade da opinião pública – única a conferir legitimidade à


livre iniciativa –, a empresa reavalia seu compromisso social e estabelece efetivos canais de
comunicação com seus diversos públicos, a fim de apreender continuamente os interesses da
coletividade.
Integrando o ambiente comunitário, a empresa privada tem sua quota de responsabilidade para
com o desenvolvimento do meio em que está inserida. Sua filosofia de atuação deve pautar-se
pelo principio de utilidade e de abertura empresarial, a fim de que possa atender ao interesse
público e, assim, cumprir sua função social.
Mostramos que esse entendimento se faz necessário entre empresa e comunidade, e que só se
tornará viável quando ocorrer uma autêntica comunicação entre tais partes – incorporando e
consagrando as ações Relações Públicas como processo possibilitador do diálogo administrando o
conflito e a controvérsia.
E se bem dissemos a credibilidade e a opinião pública favorável constitui fatores imprescindíveis
a sobrevivência da organização, tornando-se, portanto, fundamental um redimensionamento
conceitual da iniciativa privada, bem como da relação entre esta e o contexto comunitário de que
faz parte.
No contexto, consagramos e reafirmamos que as Relações Públicas, como instrumento instaurador
de uma atitude dialogal conscientiza a empresa a respeito da importância de seu funcionamento
como um sistema eminentemente aberto, caracteriza-se como instância reconhecedora da natureza
humana e social da organização, estabelecendo a ‘compreensão mútua’, mediante verdadeira
‘sintonia de interesses’.
Nessa sintonia de interesses a empresa deve, definitivamente, buscar co-participar do processo de
desenvolvimento do meio-ambiente em que se encontra, bem como deve se inserir mais
ativamente na vida da comunidade. Isso porque, as mudanças efetivadas no contexto social
significarão o resgate da condição de sobrevivência da livre iniciativa, uma vez que a
contemporaneidade e a situação de pós-industrialísmo que a caracteriza, trouxeram modificações
irreversíveis no relacionamento entre os homens e as organizações.
A humanização da empresa e o reconhecimento de um papel social por parte da mesma, traduzem
uma nova situação organizacional – a iniciativa privada, antes de ser uma realidade econômica,
cujas ações giram em torno da possibilidade de lucros, é um aglomerado humano em interação
constante com outros tipos de organização. E as Relações Públicas, afirmamos, muito
contribuíram para essa passagem do ‘hermeticamente fechado’ para a ‘bilateralidade’ verificada
hoje nas empresas modernas.
Considerando-se os problemas de base que são da competência do Estado – tais como a educação
e o progresso científico, que estabelecem o grau de desenvolvimento de uma Nação –, pode-se
dizer que, mesmo sendo o Estado atual uma realidade democrática, seu grau de eficiência não
vem correspondendo às expectativas do interesse público. Como o ingresso nessa nova era é o que
toda instância social deseja para si, as empresas que integram o corpo social percebem que
precisam contribuir para melhorar as condições de vida da coletividade. Em virtude de todos
terem uma parcela de compromisso para com a sociedade. A iniciativa privada surge, portanto,
como uma das possíveis fontes para um melhor atendimento das necessidades sociais, associada
às ações de Relações Públicas.
Portanto, entre tudo que dimensionamos ao longo desse trabalho, destacamos e reafirmamos que
as Relações Públicas, instaurando uma política de ‘portas abertas’, e procurando conscientizar a
empresa da importância de uma participação mais ativa na vida comunitária, estabelecem uma
nova postura empresarial, dialógico-transformadora, no contexto da sociedade. E que o
redimensionamento ontológico da organização é um processo que imerge da própria necessidade
integrativa verificada nas relações entre os homens. É, portanto, um produto ‘hermenêutico –
dialético’ que provém da natureza política e social dos indivíduos em todas as formas
organizacionais de que faz parte.
26

É o que se espera das organizações, sobretudo da iniciativa privada, diante de sua


responsabilidade social, se assim não for, ficamos com uma a afirmação contundente de Roberto
de Castro Neves, que diz: “a imagem das instituições, em geral, é um lixo”. (77)..

O Quadro 1 a seguir apresenta alguns resultados da pesquisa "Estratégias de


empresas no Brasil: atuação social e voluntariado", do CEATS-USP, que analisou as
opiniões de 273 empresas sobre os benefícios do voluntariado em relação aos funcionários:

Quadro 1 - Opiniões das empresas a respeito dos benefícios do voluntariado em relação


aos funcionários

EM RELAÇÃO AOS FUNCIONÁRIOS, O CONCORDA


CONCORDA DISCORDA
VOLUNTARIADO EMPRESARIAL: PARCIALMENTE
 CONTRIBUI PARA O DESENVOLVIMENTO DE
52% 30% 5%
CONHECIMENTOS, TÉCNICAS E HABILIDADES
 MELHORA O ENVOLVIMETO DO FUNCIONÁRIO
40% 41% 5%
COM A EMPRESA
 AUMENTA A MOTIVAÇÃO E PRODUTIVIDADE
34% 43% 9%
DOS FUNCIONÁRIOS
Fonte: FISCHER e FALCONER, 1999, p.39.

Com base neste quadro, pode-se observar que como instrumento de gestão de
pessoas, o voluntariado é apontado como benéfico.
Em suma, nota-se que o voluntariado empresarial, como instrumento de
responsabilidade social, apresenta fortes benefícios tanto para a empresa como para o
desempenho profissional e motivação dos funcionários.

Ao analisar os dados, baseando-se nas teorias existentes sobre o assunto,


concluímos que os programas de conscientização ambiental da empresa Alfa ainda
necessitam de muitas adequações e correções. Para que os colaboradores possam
se engajar nos projetos, primeiramente é preciso que conheçam o assunto, tão
importante nos dias atuais. Sendo assim, muitos colaboradores devem ser
diretamente convidados a participar de uma palestra explicativa que aborde o tema
Responsabilidade Socioambiental de forma didática.

Após estarem familiarizados com o tema, que possam contar com a participação
direta dos colaboradores devem ser colocados em prática
27

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Parte II publicada em Março/2007. ANO 5 – Nº 21.

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