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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E GESTÃO AUTONOMA DA ESCOLA

Maria Helena Moura de Albuquerque


Maria da Conceição Carrilho de Aguiar

RESUMO

Este estudo visa compreender a escola como construtora da cidadania amparada


especialmente no projeto político pedagógico construído. Identificar se houve
modificações na participação da comunidade escolar no processo de reestruturação
do Projeto Político Pedagógico de 2007 em 2008 realimentado pelo projeto de
intervenção; Participação é a-tu-a-ção Fortalecendo a gestão democrática em uma
escola da rede municipal de Recife; percebendo a atuação do gestor no exercício de
suas funções e a conquista da autonomia escolar. A pesquisa de caráter qualitativo
buscou na analise documental e nas respostas ao questionário aplicado ao conselho
escolar que sinalizam avanços para escola pública atender as necessidades
educacionais da população.
Palavras-Chave: Gestão democrática; participação; Projeto Político Pedagógico;
formação de gestores, autonomia escolar.

INTRODUÇÃO

Este estudo é produto de uma pesquisa e sobre um modelo de gestão


democrática participativa na construção do Projeto Político Pedagógico de uma
escola da rede municipal do Recife. A orientação sobre a concepção e a
implantação do projeto político-pedagógico encontrava-se na Proposta Pedagogica
da Secretaria Municipal de Educação de Recife que, com base na nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei Federal nº 9394/96,
estabeleceu sua exigência e fixou diretrizes para sua elaboração pelas escolas
públicas.
Segundo Oyafuso e Maia (1998, p. 65),o projeto pedagógico trata-se do “
componente do Plano Escolar que define o que ensinar e o que aprender”, tomando-
o como “eixo central deste plano, porque tem como objetivo principal o processo
ensino-aprendizagem”. Para as autoras a identidade da escola revela-se no plano
escolar. Neste caso plano escolar tem um sentido mais amplo do que projeto político
pedagógico, que é parte do mesmo. No entanto este não é o sentido encontrado na
maior parte das referências sobre o tema, alguns autores confundem o projeto com o
próprio plano.
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Outro aspecto importante sobre o projeto político-pedagógico refere-se
Pimenta (1995): é o trabalho, a participação e reflexão coletiva. Tal concepção
permite uma leitura da escola não só como reprodutora das relações sociais, mas
também, do seu papel na produção e transformação dessa mesma sociedade.
Sendo assim pensamos que o projeto político deve estabelecer quais as
necessidades sociais que norteia a sociedade vigente, ou seja, a importância do
contexto, à que o movimento de aprendizagem se inicia na relação do homem com o
mundo e na objetivação deste com o mundo do trabalho. Este posicionamento
permitirá a construção do conhecimento como missão da escola sendo dada pela
inter-relação dos sujeitos envolvidos: diretores, equipe pedagógica, professores,
alunos, pais, funcionários e comunidade externa, em um processo sem um
determinador hierárquico e sim de acordo com as diferentes esferas de
responsabilidades.
Outro aspecto sobre o Projeto Político Pedagógico nos diz Paro (2000, p.
152), que é necessária uma gestão escolar articulada com a transformação social,
fundamentada em objetivos educacionais representativos dos interesses de amplas
camadas da população e que leve em conta a especificidade do processo este
determinado por estes mesmo objetivos. Nesse sentido, cabe ao gestor escolar
como líder, como educador da coletividade de maneira eficiente e prática envolver
todos os segmentos; professores, alunos, pais, funcionários, comunidade,
influenciando-os e ajudando-os positivamente para participarem, protagonizarem as
mudanças e transformações que se fizeram necessárias para que a escola cresça e
seja eficaz conquistado uma educação pública de qualidade para todos.
A gestão escolar dentro de um novo enfoque de organização exige também a
implantação de novos mecanismos e instrumentos que viabilizem uma atuação mais
efetiva do gestor com vistas a promover a autonomia da escola e uma gestão
participativa e democrática. A criação desses mecanismos está presente na
legislação educacional vigente que determina a instituição de: conselho escolar,
construção do projeto político pedagógico, eleição direta para dirigentes.
Como todo pesquisador, enfrentamos vários problemas nessa investigação e
indubitavelmente o maior deles se apresentou na formulação do próprio objeto de
estudo e principalmente como poderíamos contribuir a respeito da temática, bem
como na nossa prática enquanto gestora. No projeto Vivencial nos foram oferecidas
algumas opções. Na prática, com intenção de consultar a comunidade escolar,
discutindo com o conselho escolar e os professores da escola, elegemos:
reestruturar o projeto político pedagógico da escola. Nossa intenção seria resolver o
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problema de maior impacto na gestão democrática na escola – a participação de
todos os sujeitos dos segmentos existentes na escola.
Percebemos diante da nossa vivência que esta é uma realidade que cerca
muitas escolas municipais, pois muitos projetos são elaborados sem uma
significativa participação da comunidade escolar. Diante deste aspecto
questionamos: É possível reverter este quadro, ampliando a participação da
comunidade escolar? Pensamos que um Projeto Político Pedagógico deve estar
baseado numa proposta educativa que torne a aprendizagem mais significativa e
critica. O desafio de se obter esta realidade passa por criar e permitir uma nova ação
em gestão na qual toda comunidade escolar possa participar de um processo com
base no diálogo e descobertas de forma criativa, dinâmica e propulsora do
fortalecimento da gestão democrática na escola pública. Assim a realidade aplicada
numa escola da Rede Municipal do Recife nos servirá como base para desenvolver
este estudo.
Diante desta realidade, nosso objetivo nesta pesquisa é: analisar a
reestruturação do projeto político pedagógico da escola X da rede municipal
de Recife realizado para o ano letivo de 2008. Especificamente pretendemos:
identificar como foi realizado o processo de reestruturação; analisar se no
processo de reestruturação houve modificações na participação da
comunidade escolar.
A importância deste estudo ocorre a partir do momento que através dessa
análise poderão ser fornecidos dados importantes para outras gestões na
elaboração do Projeto Político Pedagógico. Entendemos que diante de um modelo
de gestão escolar, pautado na democratização das relações entre escola e
sociedade, as decisões tomadas coletivamente, é necessário pô-las em prática, o
que implica ter a escola bem estruturada, coordenada e administrada. Pensar a
escola e a construção de seu projeto de vida requer o estabelecimento dos
conceitos pelos quais se fundamentam as percepções de um projeto político
pedagógico. Sendo suas bases à visão de sociedade a qual responde a gestão
democrática participativa os novos paradigmas educacionais as definições das
especificidades da organização escolar, a visão da finalidade da escola como
construtora da cidadania e as ambigüidades da atuação do gestor/diretor, no que
estabelece a dimensão da qualidade desejada na educação.
De caráter qualitativo, esta pesquisa procurou um envolvimento mais
dinâmico entre sujeito e objeto de estudo. Por esta razão, a análise não foi feita
apenas por observações de resultados finais sobre a escola, mas privilegiando a
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interpretação do processo, buscando perceber a riqueza e a complexidade que
reside nas inter-relações entre as várias instâncias da comunidade escolar, assim
como nas reflexões e expectativas educacionais dos atores envolvidos.
Nesse sentido, o estudo optou por investigar a atuação do conselho escolar, a
participação da comunidade escolar na construção e acompanhamento do projeto
político pedagógico e o papel do gestor nesse processo na escola (legitimado pela
eleição direta c/voto universal) - devido a importância de sua liderança e
reconhecimento de suas co-liderança. A técnica de coleta de dados utilizada, além
da observação, foi o questionário aplicado aos membros do conselho.
Procurou-se verificar como todos se posicionavam quanto à elaboração do
PPP considerando principalmente os aspectos relacionados à gestão da escola,
presentes nos documentos que informam a sua produção – a democratização da
escola, e a participação da comunidade – em contradição com a manutenção da
centralização das condições do processo pedagógico da escola pelos professores e
dos entraves aos mecanismos de ação coletiva na escola.
Na pesquisa a coleta de dados privilegiou observação direta do processo e
análise documental dos projetos político pedagógico 2007 e 2008, e do projeto
intervenção participação é a-tu-a-ção fortalecendo a gestão democratica.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

O projeto político-pedagógico como prática social se constitui historicamente,


naquilo que os educadores produzem nas escolas, como expressão de suas
escolhas alternativas diante das contradições, dos embates, que se apresentam.
O projeto político-pedagógico nas escolas tem dois sentidos que na práxis
podem se assemelhar ou diferenciar-se: na sua singularidade pode explicitar a
teleologia posta coletivamente pelos sujeitos no trabalho e ao mesmo tempo, como
teleologia objetivada, dever-ser, regular a práxis. Conforme Lukács (1981), a origem
do dever-ser é a essência teleológica do trabalho, fundamento ontológico do ser
social.
Lukács (1981) tomando como modelo o trabalho simples, produtor de valor de
uso, demonstra como o dever-ser orienta a causalidade posta em direção à posição
teleológica. No trabalho voltado para a produção de valor de uso as teleologias
postas transformam a própria natureza. Mas nas práticas mais complexas, nas quais
o fim é a ação sobre a consciência de outros homens que os induz a determinadas
posições teleológicas, a práxis é regulada pelo dever-ser. Este é o caso do campo
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educacional e especificamente, dentro dele, a gestão do trabalho na escola, cujo
objeto é o próprio controle do trabalho. Dever-ser e teleologia correspondem a
momentos distintos da mesma processualidade. No entanto o dever-ser não se
coloca como mera regulação externa e abstrata da prática social já que não se
separa das alternativas concretas, que tem o seu fundamento ontológico no
trabalho. Como afirma Lukács (1981) o dever-ser no processo de trabalho tem
possibilidades diversas tanto objetivas como subjetivas. Quais delas e de que modo
se tornarão realidades sociais, é uma coisa que dependerá do desenvolvimento
concreto da sociedade.
O projeto político pedagógico é o plano global da escola que leva à
construção de sua identidade, definindo {em tese}, de forma participativa, o tipo de
ação educativa que pretende realizar.
O projeto político pedagógico é um processo permanente de reflexão e
discussão sobre os problemas da escola, que possibilita a vivência democrática, já
que conta com a participação de todos os membros da comunidade escolar. Ele
busca organizar o trabalho pedagógico, superando conflitos no interior da escola e
diminuindo os efeitos da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza
os poderes de decisão.
Assim sendo, o projeto político pedagógico é fruto de uma decisão coletiva,
que leva a escola à criação de sua própria identidade e à conquista de sua
autonomia.
A construção do projeto político pedagógico exige bastante dos seus
participantes, e é necessária a articulação dos diferentes segmentos que compõem
a comunidade escolar. Na conciliação entre os diversos interesses existentes no
âmbito escolar encontramos o gestor que age enquanto mediador no processo de
interlocução entre os diferentes segmentos que compõem a escola.
De acordo com Vasconcelos {2002,p.21} “é o projeto que vai articular, no
interior da escola, a tensa vivência da descentralização e através disto permitir o
dialogo consistente e fecundo com a comunidade, e mesmo com os órgãos
dirigentes.”
Percebe-se, no entanto, que em muitas escolas o projeto político pedagógico
não é feito de forma participativa e acaba não se concretizando, ou negando-se
enquanto instrumental para a vivência democrática e ou a conquista da autonomia
da escola.

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GESTÃO DEMOCRÁTICA

A democratização da gestão da educação vem sendo apontada como uma


das chaves para eliminação dos entraves na modernização das escolas, envolvendo
a eleição de dirigentes, a elaboração do projeto político pedagógico e dos conselhos
escolares.
A partir da década de 80, os educadores começaram a falar em
administração democrática como uma forma de ampliação dos canais de
comunicação com a comunidade, e de discussão do próprio papel do estado a ser
assumido.
Assim, a idéia de um novo modelo de gestão escolar, surge como
resultado das críticas ao modelo centralizador e clientelístico sustentado pelo regime
autoritário da época. Essa idéia foi reforçada em 1988, com a inscrição no texto
constitucional do Princípio da Gestão Democrática no ensino público. Desse modo, a
lei de diretrizes e bases de educação art. 3°, inciso VIII institui o principio da gestão
democrática do ensino, reafirmando e incentivando experiências que tenham como
base à cultura da participação na administração escolar. Os três mecanismos da
gestão democrática: conselho escolar, eleição direta para dirigentes e a elaboração
de projetos político pedagógico nas escolas foram às iniciativas de maior destaque
dessa nova política.
A proposta dos Conselhos Escolares, vinculado ao processo de gestão
democrática é mais precisa ainda no Art. 14 da LDB, quando, afirma que os
sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na
educação básica de acordo com as suas peculiaridades, conforme os seguintes
princípios: I-participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes. O artigo 14 convoca a todos para o exercício
das convicções democrático no cotidiano das escolas a partir da instituição de
normas locais para a vivência democrática nos serviços educacionais, significando,
portanto um grande avanço do ponto de vista pedagógico-social a caminho para a
construção de uma escola qualitativa e equânime que integre ao seu projeto as
necessidades a anseios da comunidade a qual ela serve. Na medida em que esse
processo de negociação de interesses e percepções integra-se à comunidade,
estabelecem-se mecanismos de discussão e análise, superam-se conflitos e
constituem-se alianças significativas. Desse modo, a comunidade e os pais podem
cobrar o trabalho dos professores e o papel da escola no sentido de se tornarem
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aliados para a exigência de melhores condições de trabalho. Ao mesmo tempo, é
preciso definir com clareza sobre o que compete aos pais e à comunidade decidir,
para que não sejam confundidas as atribuições da escola, da família e da
comunidade.
A grande questão discutida entre educadores é a competência de cada parte
envolvida na gestão democrática. Ela não é panacéia, nem apenas uma norma
organizacional da burocracia. A escola e o Conselho deverão perseguir o
estreitamento e a eliminação de distâncias entre os representantes e representados,
e evitar, por exemplo, que a pauta das discussões seja controlada pelos professores
para discutir apenas a disciplina e o desempenho dos alunos, pois assim não se
constrói a democracia, pela pura e simples existência do conselho sem significar, no
entanto um verdadeiro canal de participação. Sendo assim, a gestão no âmbito da
escola deve envolver mais pessoas no processo de tomada de decisão evitando a
forma centralizada e hierarquizada, para que os mais variados pontos de vista
possam ser considerados e debatidos num verdadeiro processo de negociação de
interesses.
Dessa forma, as decisões são tomadas coletivamente assim a Proposta
pedagógica da escola será definida a partir do debate e do confronto das posições e
interesses dos alunos dos pais da comunidade e da equipe escolar. Na elaboração
coletiva desse documento deve-se considerar: a experiência acumulada pelos
profissionais do magistério a cultura da comunidade as Diretrizes Curriculares
Nacionais bem como as Normas e Diretrizes Educacionais do Sistema de Ensino.
Esses aspectos devem manter uma estreita relação com o projeto de homem e de
sociedade que se quer construir.
O processo de gestão democrática na escola engloba também elaboração e
o acompanhamento do trabalho/organização escolar por meio de instrumento; o
projeto político pedagógico (PPP).
A organização escolar de hoje baseia-se na responsabilidade coletiva, descentralização
da educação e participação direta de todos os membros da instituição humana. Pensar e
construir uma escola são essencialmente colocar em prática uma concepção política e uma
concepção pedagógica que se realimentam e que se corporificam na sua Proposta Político
Pedagógica.

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ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este estudo possibilitou ao gestor a reflexão do processo que foi construído o


PPP/ 2007 da escola investigada. Um dos aspectos identificados foi que apesar do
CE (conselho escolar) definir e fazer o convite a comunidade escolar para
elaboração do mesmo, na pratica a participação ficou resumida as pessoas do GOM
(grupo magistério) uma vez que o processo ocorria nos dois{2} dias de planejamento
que acontece antes do 1° dia letivo, já os pais, alunos, comunidade, ate funcionários
não participavam (talvez por não terem o sentimento de pertença com o PPP).
A questão que nos propomos a responder foi: como motivar a participação de
toda comunidade escolar. Na ultima reunião do CE em 2007, debatemos a
participação da comunidade escolar e construímos o projeto intervenção
Participação é atuação. Fortalecendo a Gestão Democrática cujo objetivo geral foi
responder: como envolver mais pessoas dos diferentes segmentos da escola na
elaboração do PPP em 2008 e chegamos à realidade de assumimos que nós de
alguma forma estávamos pacíficos, convidávamos é claro mais precisávamos de
mais estratégias... Resolvemos levar a questão a base de cada segmentos
interrogando quais as mudanças/alternativas que poderia melhorar.
As respostas foram às mesmas, mais dialogo mais reuniões e participação de
todos! O detalhe foi uma mãe, ela também é aluna do EJA, que falou: porque o 1°
dia de aula já não iniciava explicando o objetivo da escola, a gestão democrática,
apresentando o conselho e convidando todos a ajudarem a escola a funcionar
direito. Pegamos essa fala e planejamentos; o CE e o GOM da escola o 1° dia de
aula/2008, que além das boas vindas, das apresentações, falamos da gestão
democrática.
Depois o CE e a gestora da escola com a presença de toda comunidade escolar
realizamos uma reunião onde falamos da importância de todos contribuíam para o
sucesso da escola pública, uma vez que é da responsabilidade de todos e só a
parceria entre as instituições Família e Escola possibilita o bom investimento para o
desenvolvimento saudável do potencial da criança e do adolescente, para sua
formação de cidadania. Foi debatido também o entendimento do projeto intervenção
Participação é a-tu-a-ção Fortalecendo a Gestão Democrática, oportunamente
reforçamos a importância da gestão democrática e os pilares da mesma, com
destaque os dois últimos: Eleição direta para dirigentes e vice-dirigente; Conselho
escolar (representatividade dos segmentos existente na escola); O projeto político
pedagógico (PPP), onde firmamos um pacto com todos que ficaram comprometidos
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de participarem dos vários momentos(reuniões por turnos e assembléia geral) para
a elaboração do mesmo .
Assim foi realizada uma análise a partir da percepção que os conselheiros têm sobre
o processo de produção e implementação do projeto político-pedagógico. Uma vez
que os sujeitos da pesquisa eram todos representantes eleitos pelos seus pares de
cada segmento existente na escola, interessou-nos, também identificar diferentes
percepções quanto a função que estes representantes se atribuem em relação ao
projeto político pedagógico. Além disso, a compreensão deste aspecto se mostrou
necessário já que, a exigência legal para a produção e implementação do projeto de
forma autônoma e com a participação de todos os membros da escola,
aparentemente imprime uma reorganização geral da escola. Há, neste ponto, a
necessidade de fazer uma pequena justificativa para a generalização procedida.
Reconhecemos que há certa heterogeneidade numa unidade escolar , entretanto, há
também elementos estruturais que se mantêm ao longo de toda escola. Afinal, as
pessoas de todos os segmentos fazem parte de uma única escola, comandada de
maneira a garantir uma gestão democrática (que na rede pública não é resultado de
uma escolha é hoje uma determinação legal pela LDB 9394/96). Assim, por maior
que sejam as diferenças entre as pessoas de uma mesma escola, de um mesmo
segmento,ou de segmento distinto, decorrem das diferenças contextuais a que cada
uma esta submetida. Importa-nos, aqui, captar aquilo que no processo de
elaboração dos projetos intervenção e o projeto politico pedagógico-2007e o de
2008 é estrutural porque é o que contém e o que revela o essencial do processo
estudado. A apreensão do que é estrutural nos fenômenos e processos sociais é o
que nos permite a extensão das constatações de uma para outras partes de um
todo, como é o caso ora em pauta.
Decorre daí, a questão que orienta o atual estudo, anunciada da seguinte
maneira: como a gestão da escola está comprometida com a construção de um
projeto politico pedagogico democrático e participativo, que vise à superação de uma
organização pedagógica excludente?.
A escola estudada possui um projeto político-pedagógico-2008 que
contempla, na concepção e execução os fundamentos essenciais para a sua
realização, isto é, o caminho percorrido mostra a preocupação constante de
instaurar uma nova forma de organização do trabalho pedagógico, possibilitando um
confronto com o instituído. Isso significa um largo passo na constituição do seu
projeto, a partir da consciência de que a atual estrutura escolar precisa ser alterada.
Uma vez que a concepção de educação, escola, homem e sociedade ganha para
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ela um novo sentido, a nova estrutura deve, então, corresponder aos novos
objetivos que a instituição tem traçado para a educação que desenvolve.
Nesse sentido, a escola pesquisada considera que o projeto seja a sua diretriz
política, mais do que isso, que ele possa gerar políticas no seu interior, causando
interferências no processo pedagógico, respaldado por uma análise contínua da
conjuntura política e educacional. Além disso,ela entende que a gestão democrática
só tem sentido com a participação efetiva de todos os atores presentes na escola.
Apesar desse visível esforço que a escola vem desprendendo na execução
do projeto, percebe-se uma fragilidade na análise da conjuntura política e
educacional, que não pretendo julgar pelo foco do certo ou do errado, mas pela
ausência de um eco maior dessa análise nos canais de participação e, por
conseguinte, na atuação dos próprios profissionais envolvidos. Isso implica avançar
teoricamente, ir além do discurso do dominado e do dominante. Significa que a
escola poderia estar questionando os avanços obtidos e não considerá-los como
conquistas acabadas.
Os principais eixos indicadores de alternativas pela ampliação da participação na
elaboração do projeto politico pedagogico foram: a escola acredita estar se
organizando diferentemente; O papel do gestor/ articulador democrático nesse
processo; a realização de projetos didáticos em 2008 com a parcerias de
instituições presente na comunidade que a escola está localizada.
Tivemos um projeto político-pedagógico na perspectiva da comunidade
escolar e enriquecido pelo envolvimento de um maior número de pessoas da
comunidade escolar. O tempo maior desprendido para elaboração e sistematização
do mesmo devido a ampiação do quatitativo de participantes ,logo um maior número
de reuniões até assembleia geral para explanação e aprovação do
PPP2008(lfervereiro à abril/2008).
Diante de um questinário aplicado sobre o projeto a maior parte das respostas
obtidas relaciona o projeto com aspectos da gestão da escola1. Assim, faz-se
referência principalmente a idéia de que com o projeto pedagógico, se estabelecem
os objetivos e metas da escola2, tem-se um instrumento de orientação das ações no
âmbito da escola e do seu planejamento3 e se facilita o envolvimento, a integração e
participação dos segmentos escolares e da comunidade4.Depreende-se das

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Encontramos apenas 3,5% de respostas que não faziam referências à relação do projeto pedagógico com a
da aprendizagem e da qualidade de ensino.
participação da comunidade escolar para a melhoria
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23% das respostas.
3
27% das referências.
4
34% das respostas.
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repostas uma finalidade orientadora da prática dos educadores nas escolas,
mediada pelo projeto político pedagógico.
Outro aspecto observado é a relação do projeto pedagógico com a
possibilidade de a unidade escolar voltar-se para os mesmos objetivos, que
passariam a orientar, de forma integrada e harmoniosa, as ações, o planejamento
das disciplinas, promovendo a participação, o comprometimento dos educadores e o
envolvimento da comunidade. O conjunto de respostas revelou uma concepção que
abarque todas as dimensões de um projeto político pedagógico tomado como
construção concreta da escola, a partir dos interesses e necessidades dos diversos
segmentos e com a participação deles. As respostas incorporaram preocupações
com a definição de valores fundamentais que embasam a escolha de fins para a
escola, ou seja, que extrapolassem o âmbito das práticas e introduzissem as
dimensões filosófica e sócio-política da educação.
Esta perspectiva se torna mais evidente nas respostas em que a equipe
expressa a importância do projeto pedagógico para escola. Para 31% dos
respondentes ele é guia para as ações, isto é, crêem que o papel do projeto
pedagógico é o de garantir objetivos comuns que levariam à integração das
disciplinas curriculares o que serviria para orientar as ações dos agentes escolares.
Com perspectiva próxima 40% dos respondentes, vêem o projeto pedagógico
como elemento capaz de promover a participação, facilitar a integração e criar o
comprometimento dos membros da comunidade com os objetivos da escola. Ou
seja, atribuem ao projeto pedagógico a função de catalisar a participação da
comunidade na escola.
No conjunto 71% dos respondentes, membros da comunidade escolar,
atribuem ao projeto pedagógico a propriedade mágica de resolver alguns dos
maiores e mais complexos desafios que têm as escolas públicas para cumprir sua
função político-pedagógica.
Evidenciam-se os dois sentidos do projeto pedagógico na práxis dos
educadores. Em primeiro lugar, na sua singularidade o projeto pedagógico expressa
as escolhas alternativas, constituídas pelos educadores diante dos embates e
contradições no seu trabalho cotidiano. Mediada pelo projeto pedagógico a equipe
do GOM indica uma escola idealmente constituída cuja base é a integração e
harmonização entre os sujeitos que nela atuam. Nesse sentido o projeto pedagógico
é positividade, já que se caracteriza como instrumento capaz de eliminar a
fragmentação do trabalho e do conhecimento, a hierarquização de funções e a
burocratização da escola, processos diretamente relacionados à divisão do trabalho
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e à centralização do poder numa sociedade de classes. Com o projeto político
pedagógico seria possível romper com o individualismo e o isolamento que muitas
vezes caracteriza o trabalho dos educadores. Em segundo lugar, o projeto político
pedagógico – teleologia objetivada – é dever-ser que regula a práxis dos educadores
na escola, mediado pelos objetivos e metas. No entanto para se compreender o real
significado deste segundo aspecto é necessário que se estabeleçam todas as
relações que permitam ir além da forma como se manifesta.
Vale ressaltar que na elaboração do projeto político-pedagógico anterior 2007
só participaram de fato de sua elaboração as pessoas do GOM da escola ,alias o
projeto só era do domínio desse grupo , contradizendo a participação de toda
comunidade escolar,fato amplamente refletido e superado na elaboração do projeto
político pedagógico em 2008 (conseqüência do projeto intervenção :participação é a-
tu-a-ção na gestão democrática).
Por outro lado nas respostas ao questionário os conselheiros e seus
suplentes referiu-se a necessidade de uma maior participação de todos na
elaboração do projeto político-pedagógico condição em tese de qualquer projeto
político-pedagógico referindo-se à importância dos objetivos, ao diagnóstico e
caracterização da unidade escolar, como instrumentos de participação da
comunidade; do ponto de vista da gestão, fundamenta-se nos mesmos pressupostos
que orientaram a pedagogia sócio-construtivista .
O projeto político pedagógico apresenta-se como elemento catalisador da
visão de homem/mulher,mundo,educação, possibilitando o planejamento para a
cada unidade escolar organizar-se de forma racional e eficaz. As respostas ao
questionário sugerem que a posição predominante dos respondentes é de que a
gestora deve se colocar como liderança, coordenação e animação deste processo,
ou seja, de estimular os profissionais da escola a que atinjam os objetivos da
educação com a contribuição de toda comunidade escolar. 69% das respostas
fazem referência ao papel da gestora como o de liderar/coordenar/gerenciar ações
entre os envolvidos.
As respostas ao questionário sugerem que o conselho escolar toma o projeto
pedagógico não como processo, mas como resultado privilegiando-o como
instrumento de melhoria dos indicadores de eficiência e eficácia da unidade escolar,
do cumprimento da legislação e dos prazos exigidos ao invés de valorizar o
processo, ou seja, o projeto pedagógico como elemento facilitador da reflexão
contínua e sistematizada sobre a escola.

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A tentativa de identificar diferenças nas visões de diretores, assistentes de
direção e coordenadores pedagógicos, professores,alunos,pais,funcionários através
das respostas dadas no questionário, se mostrou infrutífera. Há uma grande
semelhança entre as respostas dadas pelos membros desses segmentos escolares.
Ainda que diferentes na sua formulação e no vernáculo não se consegue identificar
a incidência de categorias que possam revelar um viés específico de um dado
segmento.
Os resultados do sucesso escolar ainda são considerados responsabilidade
da direção escolar, e da equipe que nela atua. A responsabilidade maior esta
concentrada na autoridade do diretor escolar, já que a organização formal da
Secretaria Municipal de Educação (SME), mantém o “caráter hierárquico da
distribuição da autoridade” (PARO, 1997), apesar da democratização sugerida que
orienta a formulação do projeto político pedagógico.
No caso da SME, a orientação sobre a concepção e a implantação do projeto
pedagógico é divulgada à rede sem que se tenham alterado as condições objetivas
em que se realiza o trabalho nas escolas.Como já evidenciou PARO,
contraditoriamente,
[...] o diretor aparece, diante do Estado, como responsável último pelo
funcionamento da escola e, diante dos usuários e do pessoal escolar como
autoridade máxima. Seu provimento apenas a partir de requisitos ´técnicos`,
aferidos em concurso público, encobre o caráter político de sua função,
dando foro de ´neutralidade´. Assim, tendo de fato que prestar contas apenas
ao Estado, acaba independentemente de sua vontade, servindo de preposto
deste diante da escola e da comunidade (PARO 1997, p. 45).

Assim como o diretor, os demais membros da equipe técnica das escolas


também se encontram diante da mesma contradição. Quanto ao assistente de
direção e o coordenador pedagógico, suas funções correspondem a partes da
função administrativa, mais geral. Ou seja, tomada a administração em seu sentido
clássico ela compreende aspectos que podem vir a ser fonte de ações
especializadas e que são desenvolvidas por setores ou indivíduos dentro da
organização5.
Contraditoriamente, um ponto crucial atribuído ao projeto político pedagógico
pelos órgãos centrais das redes de ensino é a concepção de gestão da escola que
acompanha os processos de implantação e implementação dos mesmos. Ou seja,
para que o projeto político pedagógico se constitua num instrumento de
democratização da escola é necessário que se supere o modelo burocrático

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O assistente de diretor é o substituto do diretor, nas suas ausências eventuais e nos seus afastamentos, e realiza
parte das tarefas daquele, por delegação.
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dominante e se implante uma gestão democrática que realize a autonomia da
escola, que estimule e facilite a participação da comunidade nos processos de
tomada de decisão, única alternativa para a construção coletiva do projeto político-
pedagógico na escola.
No entanto, como se constata, as políticas governamentais na prática não
alteraram as disposições legais e as condições concretas nas quais se desenvolvem
a administração dos sistemas e unidades públicas de ensino. Assim, o que se
produz é uma situação contraditória, isto é, propõe-se uma tarefa para cuja
realização a escola não está preparada e, na maioria dos casos, se utiliza um
processo onde apenas o GOM da escola sentem que são responsáveis pela
elaboração, implantação e implementação do projeto político pedagógico, enquanto
os demais segmentos existentes da
escola(funcionários,alunos,pais,comunidade)não sentem que tal é pertence de sua
atuação,esta visão comungada até certo ponto por todos é restritivo, senão
impeditivo da participação de toda comunidade na elaboração do projeto político
pedagógico e da sua apropriação como instrumento de democratização na escola.
Desta forma, as respostas oferecidas pelos sujeitos da pesquisa indicam uma
visão de projeto político pedagógico com alterações entre os projetos político
pedagógico de 2007 e 2008 da mesma escola. Estes são instrumentais e
operacionalizam as finalidades concebidas para a educação e para a escola com
uma etapa precedente de elaboração do projeto político pedagógico nos seus
processos diferencial, quando se discutem os valores a serem adotados necessário
a formação do sujeito que se quer forma como cidadão e cidadã.
Na medida em que o projeto pedagógico é processo, movimento, contempla
uma reflexão e uma opção da escola sobre os valores que serão adotados no
estabelecimento das finalidades da educação a ser oferecida aos alunos;
inicialmente a determinação de que todas as escolas elaborem o seu projeto-
pedagógico (LDB) e ação estática entre meios e fins, sugerem o aprofundamento do
estranhamento pela instituição de novas formas de garantir a participação e exercer
o controle e a direção sobre o trabalho dos educadores, mantendo-se os valores
orientadores elegidos.
A alternativa indicada pela comunidade escolar emerge, como vimos
imediatamente dos limites impostos e das contradições com as quais os educadores
deparam-se no cotidiano. a forma ao contrário de o projeto político pedagógico
mediar um trabalho significativo do ponto de vista dos sujeitos, é esquisitivo. Ou
seja, é “[...]momento da ação do objetivado sobre o sujeito que, ao invés de
14
15
impulsionar o devir-humano dos homens, se consubstancia como obstáculo ao
avanço do processo de sociabilização.” (LESSA, 1997:116)
É dentro destes limites que o podemos compreender as respostas à questão
sobre a participação de todos no projeto pedagógico na respectiva escola. A grande
maioria declara concordar com a participação de todos os segmentos6. O fato de
que em 60 % da escola, a comunidade escolar afirma que dar contribuição ao
projeto pedagógico é a otimização para gestão democrática , indica por um lado, que
a comunidade escolar considera importante o projeto pedagógico para a escola. No
entanto, a concepção de projeto pedagógico que se expressou nas respostas
anteriores, indica que o concebem dentro de uma racionalidade formalista e
burocrática e de domínio dos professores. Quando se constata, que a concepção de
projeto pedagógico da maioria dos membros do conselho escolar é parcial,
incompleta ou equivocada parece lícito supor que essa avaliação esteja carregada
pelo mesmo viés. Então há que se tomar com reservas aquele resultado até porque
as demais categorias, que traduzem situações específicas da escola, no seu
conjunto representam respostas negativas à questão do preparo/competencia na
participação do PPP pelos segmentos existentes na escola.
Como prática social, ainda que a exigência para que as escolas produzam e
implementem o projeto pedagógico potencialmente possa representar um avanço,
esta avaliação só pode ser feita, com base nas condições objetivas nas quais estão
inseridos os educadores, alunos e comunidade. Como afirma Lukács (apud
Mészáros) “apenas a concepção dialética da totalidade pode nos capacitar a
compreender a realidade como um processo social”(2002, p.380).
Nas escolas, a gestão escolar encontra-se diante do desafio de gerenciar os
recursos com o objetivo de construir, com base na autonomia delegada formalmente,
uma escola de qualidade, num contexto de mudança em que a forma escolar
emerge como forma dominante de educação, como apontam Saviani (1994) e
Mészáros (1993). A importância da escola historicamente hipertrofia-se, pois os
processos educativos são estratégicos para a recomposição do poder de controle do
capital sobre o trabalho, retransferido para o corpo social como um todo a medida da
expansão e concentração do capital.
O desafio que se coloca aos sistemas educacionais é o de modificar sua
estrutura, deixando a rotina e a rígida hierarquia em favor de um maior dinamismo
que permita preparar os indivíduos para que possam acessar os códigos culturais da
modernidade, como indica o documento da CEPAL/UNESCO (1992). Para que se
6
No outro extremo, houve unanimidade nas 3 pessoas que declararam não saber do projeto pedagógico.
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16
tenha uma escola de qualidade é preciso a sua transformação e a estratégia para
isso“[...] materializa-se num projeto educativo, próprio de cada estabelecimento de
ensino”7. Na última década do século XX, as políticas educacionais recolocaram em
pauta questões como a autonomia da escola8, associando-a a necessidade de
mudança constante e rápida.
Atribui-se à própria unidade escolar, aos profissionais que nela atuam, aos
alunos e a comunidade à qual a escola faz parte, via implementação do projeto
politíco pedagógico, o poder e a responsabilidade pela mudança.
O dispositivo legal que incumbe a escola da elaboração de seu projeto pedagógico
tem sido tomado como um avanço em relação ao quadro de centralização
administrativa e pedagógica que se observa na quase totalidade das redes de
ensino públicas, mantidas pelas três esferas de governo. A idéia que induz esse
pensamento é a de que aquela incumbência realiza a descentralização no âmbito da
educação.
Na aparência, e no discurso das autoridades, essas decisões contribuem para
a democratização da educação na medida em que descentralizam as decisões e
transferem para as escolas a responsabilidade pela definição de sua proposta
educacional, ainda que dentro dos estreitos limites impostos à educação pelos
condicionantes legais, estruturais e conjunturais.
É necessário analisar cuidadosamente a questão da autonomia das escolas
considerando a forma com que vem sendo pretendida e quanto a sua possibilidade
real de sucesso, ou seja, de as escolas assumirem, conscientemente, as
conseqüências decorrentes da autonomia utilizando-a para a construção de um
projeto político pedagógico(PPP) singular, que refletia as condições concretas do
seu contexto mediato e imediato, e que consiga dar à educação o sentido de uma
prática social que beneficie as camadas populares da sociedade.Concedendo
autonomia às escolas para a construção de projetos educativos democráticos que
representassem a vontade do seu coletivo seria necessário criar as condições
objetivas e acompanhamento para isso ( a exemplo nossos PPP de 2007 e o
diferencial do PPP2008).
Na atual fase de acumulação capitalista a escola é fundamental para que se
processe “uma transformação cultural, uma universalização consensual de

7
CANÁRIO 1995, p.185
8
Para uma análise da histórica relação entre descentralização, gestão democrática e a autonomia escolar ver por
exemplo KRAWCZYK (1999). ROMÃO (2000), GIRARDI (1994) e SILVA (1994).
16
17
9
determinados valores e instituições humanas” capazes de tornar mais tolerável a
crescente violência que caracteriza o cotidiano, num mundo marcado pelo
desemprego estrutural e pelo abandono do cidadão por parte do Estado, o que
amplia as possibilidades de desagregação social.
Este cenário nos remete à análise já feita por Gramsci (1991) quando, no
início do século passado, identificava as mudanças nas condições de vida sob o
taylorismo/fordismo. Mészáros (1981) afirma que a crise da escola se refere à crise
estrutural de todo o sistema da interiorização capitalista. A medida em que ocorrem
as crises econômicas, e se complexfica o sistema de produção da vida material,
reajusta-se os mecanismos de interiorização atualmente reorientados sob o domínio
da mundialização financeira do capital10.
Como expressão das políticas neoliberais, o projeto político pedagógico
expressa esta racionalidade com o plano de desenvolvimento escolar (PDE) e
adquire centralidade como instrumento de regulação de subjetividades via gestão do
trabalho na escola.
Nesse sentido, como prática social mediada por este horizonte indicado pelas
relações sociais sob a égide do capital financeiro mundializado, a propalada
autonomia da escola, a participação da comunidade e o trabalho coletivo,
pressupostos para elaboração do projeto político pedagógico da escola de
qualidade, são aquelas de caráter funcionalista, na qual se espera que a
comunidade supra as carências da escola em substituição ao dever não cumprido do
Estado.
Inicialmente, é preciso lembrar que uma das marcas do pensamento político
liberal é sua ilimitada capacidade adaptativa para garantir a sobrevivência da ordem
capitalista. Dentre as estratégias de que se utiliza para isso está a incorporação, ao
seu ideário e aos seus programas, das idéias formuladas pelas correntes políticas
progressistas e, com isto, a neutralização de movimentos que inspiram
transformações sociais de maior extensão e profundidade.
No campo da educação, as políticas de municipalização do ensino e de autonomia
da escola são exemplos onde se opera aquela inversão. Ambas são reivindicações
históricas dos educadores que vislumbravam nelas formas de facilitar a aproximação
da escola com a sociedade e, com isso, a possibilidade de colocar a educação a
serviço dos interesses e necessidades das camadas trabalhadoras. Como afirma
Paro:

9
CORAGGIO.1993:21.
10
CHESNAIS (1996)
17
18
Por sua vez, a existência de mecanismos de ação coletiva como a
Associação de Pais e Mestres (APM) e o conselho de escola, que
deveriam propiciar a participação mais efetiva da população nas
atividades da escola, parece não estar servindo satisfatoriamente a
essa função, em parte devido ao seu caráter formalista e
burocratizado.” (1997, pp.45-46)

Outro aspecto da gestão escolar que precisa ser alterado para permitir que o
projeto pedagógico se realize como instrumento propulsor de uma escola
democrática e de um ensino de qualidade para as camadas trabalhadoras é a
substituição da ótica empresarial capitalista, que inspira os modelos dominantes, por
uma administração que leve em conta a natureza do processo de produção
pedagógico escolar (PARO 1986). Em outras palavras, é preciso substituir a Teoria
Geral da Administração, como paradigma da Administração Escolar, por uma teoria
produzida a partir da especificidade da escola enquanto instituição social e das
características do processo pedagógico.
Há vestígios, nas respostas de que a descentralização como vem sendo
proposta e executada contribua para o aumento da autonomia, da democracia, da
cidadania. O uso de idéias progressistas com uma lógica democrática da
participação de todos na gestão escolar tem nos mecanismos; conselho escolar,
eleição direta para dirigentes e o projeto político pedagógico( PPP) o fortalecimento
da democratização na escola,contudo o papel do gestor é fundamental para tal
conquista;sua atuação como líder articulador e propulsor da gestão democrática. Ele
o gestor é o facilitador na forma de legitimação do pensamento único e de, mas este
estudo possibilitou ao gestor {minha pessoa} a reflexão do processo que foi
construído o PPP/ 2007 da escola na qual trabalha. E apesar de assumimos a
gestão democrática na pratica a participação ficou resumida as pessoas do GOM
{grupo magistério} uma vez que o processo ocorria nos dois{2} dias de planejamento
que ocorre antes do 1° dia letivo, e pais, alunos, comunidade, ate funcionários não
participavam {talvez por não terem o sentimento de pertence com o PPP.
Diante das exigências burocráticas e os problemas do cotidiano escolar, prevalece uma forte e
dominante tendência de não se identificar a origem político - ideológica das concepções que
fundamentam as propostas em jogo e que são, muitas vezes, conflitantes. Mas concordamos
com Paulo Freire (1987) “Tudo que a gente puder fazer no sentido de convocar os que vivem
em torno da escola, no sentido de participarem um pouco do destino da escola (...).Tudo o que
a gente puder fazer neste sentido é pouco ainda,considerando o trabalho imenso que se põe
diante de nós , que é o de assumir esse país democraticamente.”

18
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado procurou, na medida do possível, estabelecer uma relação


com o cotidiano da escola, envolvendo-se com suas reuniões, planejamentos e
festas, além de estabelecer conversas informais na sala dos professores e participar
de suas atividades rotineiras. O tratamento e a análise dos dados encontram-se em
andamento uma vez que o projeto político pedagógico 2008 está em plena vivencia
sendo possível antecipar alguns resultados obtidos até o momento e com a analise
do processo de elaboração do mesmo.
Para a escola aprender a ser democrática é preciso ser flexível, ter a
premissa do trabalho coletivo e saber que a mudança é um processo...Trhurler
(2003)afirma que a mudança é a arte de ‘conciliar liberdade e restrição,continuidade
e ruptura,diversidade e coerência.”
O curso de gestor proporcionou nas suas salas ambientes uma riqueza
singular; contribuir para o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico e administrativo
dos dirigentes que atuam na perspectiva democrática, favorecendo a
reflexão/prática/reflexão...,o dialogo na escola.
A literatura pedagógica revela que a idéia de que cada escola tem que
construir seu projeto político-pedagógico decorre da crítica ao modelo burocrático
que produziu, especialmente nas últimas décadas, um progressivo esvaziamento da
escola como local de reflexão e produção de idéias.
O projeto político-pedagógico aparece, assim, como o instrumento capaz de
catalisar um movimento que, ao mesmo tempo em que se opõe ao centralismo e a
visão tecnocrática na educação, é capaz de criar condições de motivação para a
participação dos professores e demais sujeitos da escola na construção coletiva de
uma proposta singular para sua escola concreta, que lhes é próxima e conhecida.
A força dessa idéia esta naquilo que ela representa enquanto exercício legítimo da
autonomia pela escola e pelos educadores, responsáveis últimos pela condução do
processo educacional.
Na dimensão operacional sua riqueza está no processo de reflexão que
institui no seio da escola e que propicia a oportunidade de uma revisão de todos os
valores e princípios, hoje cristalizados através da prática burocratizada, e pela
possibilidade que cria para que os educadores sejam os protagonistas da educação.
O trabalho dos sujeitos, na escola, ainda que mediado pelo conteúdo
ideológico destas proposições é potencialmente transformador. Essa possibilidade
não se traduz em resultados individuais nem na soma dos valores subjetivos
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singulares ou numa autonomia em que a escola e a comunidade constituem-se
em sistemas fechados em si mesmos, mas sim na práxis orientada por outros
valores que nascem do trabalho concreto nas escolas, como alternativas que se
apresentam objetivamente postas no interior das escolas, mediada pela totalidade.
No entanto a análise das respostas ao questionário indica que há uma
equivocada idéia de que a elaboração do projeto pedagógico da escola é a
concepção de um objeto ideal (escola ideal) que, após concebido, irá substituir a
escola existente, isto é, quando se discute a elaboração do projeto pedagógico
comete-se a ingenuidade de imaginar que a "nova" escola irá substituir a escola
atual, que ela será uma escola ideal porque, surgindo do nada, superará as
deficiências e as carências existentes. Isto significa atribuir ao projeto um poder
extraordinário para a solução dos problemas atuais. Bastará ter o projeto para que
todas as deficiências desapareçam, porque o novo projeto conterá a solução para
elas.
O projeto politico pedagogico tem o que comumente se vê nas demais
instituições escolares. Possui, como principais eixos, os seguintes elementos criados
para atender as suas necessidades: a) plano dialético de ensino - planejamento que
envolve alunos, disciplinas e os professores de cada ciclo. Parte-se de uma
pedagogia socio-construtivista,Em seguida busca-se a realizações de projetos
didáticos , elege-se os eixos temáticos, objetivos e atos didático-metodológicos, ou
seja, planejam-se as disciplinas; b) a avaliação - considerada processual e
diagnóstica, avalia o aluno por conceitos e não por notas; c) conselho de ciclos são
realizados 3 a 4 vezes durante o ano; d) gestão democratica,onde o conselho
escolar - espaço de maior importância para a escola, acreditando ser o lugar onde
se enraíza a sua prática de gestão. Percebe-se que a escola está investindo em
uma nova organização politico pedagógica, garantindo uma relação mais orgânica
com o fazer escolar, preocupada em contrapor-se ao modelo de sociedade atual,
fragmentada, descontínua, desarticulada e excludente. Contudo, evidencia-se que
todos os principais eixos de articulação do projeto, com exceção do conselho
escolar, estão voltados para a comunidade interna (alunos e professores). No
entanto, nota-se que no próprio conselho escolar tem-se pouca participação efetiva
dos demais profissionais da escola e dos pais, apesar de serem partes integrantes
do processo. Nesse sentido, é visível que a escola possui um desafio a vencer, isto
é, buscar a participação de todos no desenvolvimento de suas ações, ou então,
investir em outros espaços onde a comunidade possa se sentir mais a participante, a
elaboração e implementação do projeto politico pedagogico.
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No atual estágio, consegue despertar atenção a atuação do gestor escolar como
articulador entre e dos segmentos existentes na escola e propulsor da gestão
democratica . Faz algum tempo que o gestor vem sendo "simbolicamente" impedido
de implantar e de implementar as decisões na escola. Isto deve-se ao fato de a
escola possuir no seu interior pessoas que acreditar na hieraquiar como antagonica
a democracia, como por exemplo, a atitude autoritária de suspensão de um aluno .
Parece haver uma confusão por parte de alguns profissionais que atuam na escola
em relação aos aspectos de poder que o gestor deve exercer, inclusive, os pais não
conseguem superar a visão de poder na mão do diretor.Cabe a postura do gestor
como facilitador da distribuição do poder/delegar poder e não de centralizá-lo.
Acreditamos que o projeto político-pedagógico não participar desse tipo de
confronto, mas que a participação da comunidade escolar na sua
elaboração,implantação e implementação se dê na direção de uma conquista
educacional,garantir a gestão democrática, somando o(s)poder(s) político dos
demais segmentos da escola.
A preocupação com a melhoria da qualidade da Educação levantou a necessidade
de descentralizar e democratizar a gestão escolar e,conseqüentemente, participação
tornou-se um conceito nuclear.Como afirma Luck et al.(1998),”o entendimento do
conceito de gestão já pressupõe,em si , a idéia de participação,isto é, do trabalho
associado de pessoas analisando situações,decidindo sobre seu encaminhamento e
agir sobre elas em conjunto”(p.15).
A palavra participação etimologicamente origina-se do latim”
participatio”(pars+ in+ actio) que significater parte na ação. Para ter parte na ação é
necessário ter acesso ao agir e ás decisões que orientam o agir.”Exercutar uma
ação não significa ter parte,ou seja,responsabilidade sobre a ação.E só será sujeito
da ação quem puder decidir sobre ela(BENINCÁ,1995,p.14).
Finalizando, cabe perguntar:como estamos trabalhando ,no sentido do
desenvolvimento de grupos operativos,onde cada sujeito,com sua
subjetividade,possa contribuir na reconstrução de uma escola de que precisamos?
O desafio nosso é saber que somos responsaveis pelo resultado da escola, todos
são responsáveis pela garantia de valorizar a diversidade,as diferencias,a
interação,a formação de cidadães e cidadã na escola.
O reconhecimento da importância do trabalho em grupo,que oportunizar a
troca de saberes,valorizar as diferenças,promove a interação e exercitar a
responsabilidade de todos no resultado da educação.Caminhar nessa perspectiva é
desenvolver na escola um local propício ao dialogo e a experimentação,incentivando
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a reflexão continua da pratica profissional.E isto nos remete á necessidade da
gestão democrática.
A visão de uma educação de qualidade exige varios fatores a serem
vistos,mas em destaque temos o seu gerir, o seu gestor,ou seja a direção da escola.
Ser gestor é ser lider e para uma grande liderança é preciso está disposto a servir.O
gestor é essencialmente uma liderança que deve focalizar as pessoas e como lider
educacional influenciar o comportamento dos educadores, motivando,
confrontando,corrigindo ,estabelecendo padrões e valorizando o desempenho dos
professores ,alunos ,pais,funcionários,comunidade local.
É um sonhador que sonha o sonho que todos abraçam para a escola,o
sucesso da aprendizagem dos alunos,a materialização da escola pública de boa
qualidade.Ele o gestor transforma a escola num espaço de cooperação,onde todos
tem espaço nas decisões.Está sempre presente,acompanhando e
atualizando/servindo aonde for necessário.Resolvendo conflitos,fazendo
parcerias,utilizando da calma e do bom senso,do dialogo nas resoluções de
problemas.O gestor acreditar no seu trabalho ,na sua equipe,ou seja ,nos outros,por
isso compartilha as decisões/o poder.
O gestor líder é um propulsor das potencialidades de seu grupo.Ele dar o seu
melhor e busca o melhor de cada um da comunidade escolar, motivando e sendo
motivado por todos que se apropriam do pertence na escola pública .
E concordando com o que PRADEM-programa de apoio ao desenvolvimento da
educação municipal(2003,p.97) aponta:, São muitos os desafios enfrentados pela
gestão escolar, Alguns difícies,outros nem tanto. Mas , com certeza,todos são
fascinantes,pelas possibilidades de serem vencidos em um contexto de autonomia
de gestão.
Uma escola sem autonomia não consegue desempenhar o seu papel .Uma escola
com autonomia ,mas que exerce de modo pouco competente ,também não
desempenha o seu papel.A conquista da autonomia,portanto , não é uma questão
apenas de ampliar graus de liberdade da gestão. Mas de ,ao fazê-lo,ampliar também
a competência da equipe gestora da escola, por extensão,de toda a comunidade
escolar.
A autonomia competente é a autonomia crítica. E ela só pode ser crítica se estiver
fundamentada no conhecimento.Que ,por sinal,é a base de sustentação da própria
educação escolar.

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REFERÊNCIAS

CEPAL/UNESCO (1992). Educación y conocimiento: eje de la transformación


productiva con equidad. Santiago:Chile.
GRAMSCI, Antonio (1991). Maquiavel, a política e o estado moderno. 8ª edição. Rio
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LUKÁCS, György (1981). Per l´ontologia dell´essere sociale. Trad. de Alberto
Scarponi. Roma: Editori Riuniti.
MÉSZÁROS, István (1981). Marx: a teoria da alienação. Trad. Waltensir Dutra. Rio
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_________(1993). Filosofia, ideologia e ciência social. Ensaios de negação e
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São Paulo: CTE.
PARO. Vitor Henrique (1997).Gestão democrática da escola pública. São Paulo:
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PIMENTA, Selma Garrido (1995). Questões sobre a organização do trabalho na
escola. In: BORGES, Abel S. (org). et. al. A autonomia e a qualidade do ensino na
escola pública. Série Idéias, 16. Edição especial. São Paulo. FDE.
LUCK,Heloísa;SIQUEIRA,Katia;GIRLING,Robert e KEITH,Sherry.Aescola
participativa;o gestor escolar.Petrópolis:Vozes,2005.
PRADEM –Salvador:UFBA,FCM,Fundação FORD,outubro de 2003 ,98p.Série

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