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Técnico de Gestão de Equipamentos

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Modulo

Azueira

Triénio de 2008/2011

Autor(es):Pedro Silva, n.º17 professor(es):

Escola Técnica e Profissional De Mafra, Dia / mês / ano


Índice
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Introdução

Azueira, freguesia situada no extremo norte do concelho de Mafra, na margem esquerda de


um afluente do rio Sizandro.

A acolhedora e abastada freguesia de Azueira, localizada a 16 quilómetros da sede concelhia


e a cerca de 40 da Capital, estende-se por "vinhedos aveludados e pomares coloridos" entre as
freguesias de Turcifal e Freiria, do vizinho município de Torres Vedras, a norte; do Gradil e Vila
Franca do Rosário a sul; a nascente, novamente Turcifal e Enxara do Bispo; e, a poente, a
freguesia de Sobral da Abelheira.

Ocupando uma área de aproximadamente 1505,761 hectares, Azueira é composta pelos


lugares de Aboboreira, Almeirinho Clemente, Antas, Azueira de Baixo, Azueira do Meio,
Bandalhoeira, Barras, Caneira Nova, Caneira Velha, Carrascal, Casas Novas, Casal da Cerca,
Casal Pão Coito, Casal Pinheiro, Casais de Santa Cristina, Fornea, Livramento, Roxa, Sevilheira,
Tourinha e Vermoeira.

Povoada desde épocas pré-romanas, documentos arqueológicos atestam a sua


ancestralidade. O topónimo Antas, por exemplo, indicia a presença de monumentos
dolménicos, actualmente inexistentes. Contudo, sabe-se que, no local, foram recolhidos
machados de pedra polida, vulgarmente denominados por "pedras de raio".

A Quinta do Castelo, por outro lado, poderá ter sido o local escolhido pelos lusitanos para
construir o seu castro, antes mesmo da chegada dos romanos à Península. Etimologicamente,
Azueira provém do vocábulo arcaico "azevo", que se refere, provavelmente, à vegetação
encontrada na região aquando da instituição da Freguesia, depois do Movimento de
Reconquista Nacional.

Azueira é também uma palavra latina, atestada pela lápide sepulcral encontrada na Albergaria
do Espírito Santo ou de Nossa Senhora da Luz, que pertenceu à tribo Galéria (importante
circunscrição administrativa do Império Romano), conforme se depreende da inscrição: "M
IVLIVS MF / CAL CALLVS / H S E / QVINTVS TONGIVS" (Quinto Júlio Tongio a mandou fazer à
memória de Marco Júlio Galo, da tribo Galéria, filho doutro).

Talvez, este Júlio Tongio fosse parente da Júlia Tongeta, cujo nome se inscreve na lápide
encontrada na Quinta de São Gião (Torres Vedras). Do espólio do Museu do Carmo, faz
também parte um cipo cupiforne (arca cinerária) de calcário, achado no lugar do Livramento,
com a seguinte inscrição romana: "C[aio] IVLIO C[aii] F[ilio] CAL[eria tribu] MAXSVMO" (A Gaio
Júlio Máximo, filho de Gaio, da tribo Galéria). Datável do século I d.C.. Pela quantidade de
vestígios romanos encontrados na região, presume-se que a via romana de Mafra a Torres
Vedras terá passado por aqui.

Outros topónimos, como Almeirinho e Sevilheira têm origem mourisca e germânica, facto que
comprova a passagem de outros povos por esta região úbere e verdadeiramente encantadora.
Dominada durante vários anos pela força mourisca, Azueira foi reconquistada definitivamente
em 1147, após a tomada de Torres Vedras, a cujo termo passou a pertencer. Ao longo dos
séculos seguintes, integrou os bens da coroa que a privilegiou de diversas maneiras.

A rainha Santa Isabel, por exemplo, dotou-a de uma Albergaria destinada a recolher os pobres
viandantes. Facto curioso relacionado com esta Freguesia ocorreu no dia 15 de Fevereiro de
1368. Nesta data, Frei Gonçalves Soutinho, celeireiro e procurador do Mosteiro de Óia, no
bispado de Lisboa, denunciava, em audiência pública realizada nos paços do concelho de
Torres Vedras e presidida por Paio Correia, almoxarife geral desta vila, os enfiteutas do Casal
da Azueira por não cumprirem as cláusulas contratuais, nomeadamente, quanto à ocupação,
cultivo e pagamento das prestações acordadas.

[AHNMadrid: Clero, carpeta, 1835, n. 16] Firmada a paz com Castela e consolidada a
independência Nacional, o domínio do Mosteiro de Óia sobre os bens possuídos em Torres
Vedras e Lisboa, rapidamente encontraram o seu termo. Em 2 de Novembro de 1423, D. João I,
acedendo à súplica do Dom Abade, ordenava a Fernão Lopes que lhe passasse pública-forma
de toda a documentação relativa aos bens possuídos em Torres Vedras.

[AHNMadrid: Clero, carpeta, 1843, n. 1] Porém, estas precauções de pouco lhe valeram,
porquanto, em 19 de Novembro de 1434, se viu obrigado a ceder, a D. Duarte, todos os bens
do Mosteiro, sito em Torres Vedras, Atouguia, e outras localidades do arcebispado de Lisboa,
pela quantia de 500 coroas de ouro.

[AHNMadrid: Clero, carpeta, 1844, n. 17] Referida como aldeia em 1527, na quinta da Azueira
vivia, nesse ano, Estêvão de Castro, sogro de D. Rodrigo de Castro, comendador de Seia. Em
termos eclesiásticos, de acordo com as informações constantes nas Memórias Paroquiais de
1758, Azueira foi um curato da apresentação dos fregueses, tendo a sua paróquia (instituída
provavelmente entre os séculos XIII e XIV) sido anexa à de Santa Maria do Castelo, de Torres
Vedras. Inicialmente na Igreja de São Pedro dos Grilhões, a sede da Paróquia passou para a
Igreja de Nossa Senhora do Livramento, facto que se deveu ao desenvolvimento do culto à
Virgem, sentido desde o século XVII (centúria em que se construiu a primitiva Ermida).
Apesar de nunca lhe ter sido concedida Carta de Foral, Azueira ascendeu à categoria de Vila
em 1820, chegando mesmo a constituir Concelho. De acordo com os estudos levados a cabo
por Mário Guedes Real, o concelho de Azueira "não vem citado nos mapas da reforma de
1836, pelo que se depreende que foi então suprimido; mas, no decreto de 24 de Outubro de
1855, está mencionado como sendo então extinto, entre os da Comarca de Torres Vedras, o
que nos leva a supor que teria sido restaurado em qualquer altura do período que decorreu
entre essas duas reformas".

Alguns documentos referem que o referido Município fora instituído em 1837. Apesar da sua
vida efémera, o concelho de Azueira chegou a constituir um dos maiores da Estremadura
integrando as freguesias de Azueira, Turcifal, Sobral da Abelheira, Freiria e Enxara do Bispo. A
participação dos Azueirenses na revolta liberal da Maria da Fonte (1846), foi um dos marcos
históricos que marcaram para sempre o sentido de justiça e de independência característico
dos fidalgos moradores do antigo Concelho. "[...] 26 de Maio de 1846. Compareceu o
administrador interino de Torres Vedras, Maurício José da Silva, acompanhado de uma guarda
a cavalo e a pé.

Reuniu-se clero, nobresa e povo das freguesias do Concelho, todos fizeram público e
manifesto de aderir aos princípios do grito nacional, principiado na província do Minho, contra
o sistema governativo do Ministério Cabral, protestando não mais obedecer às suas ordens,
tendo o dito Administrador proposto ao povo se queria nomear Administrador e Junta
Governativa, o povo foi unânime em declarar que de hora em diante obedeceria à Junta
Governativa de Torres Vedras e seu Administrador onde outr’ora pertencia a maioria deste
Concelho, e em seguida, o povo nomeou para regedor da Freguesia de S. Pedro dos Grilhões
de Azueira, Boaventura Rodrigues Tornixa e, para seu escrivão, António Pedro Baptista da Silva
Avelino.

Seguiu-se a nomeação dos regedores para as outras freguesias. [...]" (extracto do auto da
Câmara lavrado em Maio de 1846) Região bastante rica e terra pródiga, a mais produtiva em
vinho, frutas e trigo, Azueira é hoje, pelo desenvolvimento que lhe é reconhecido, o exemplo
da vontade de quem quer encarar o futuro com um sorriso tranquilo e repleto de esperança.
Azueira voltou a ser elevada a Vila em Abril de 2001.

Vale sempre a pena recordar as personalidades que, tendo vivido, ou apenas nascido na
freguesia de Azueira, contribuíram para o engrandecimento da sua Terra. São disso exemplo:

Dr. Carlos de Lima Galrão

(Livramento, 21/Out./1857 — Mafra, 3/Ago./1953)

"Descendendo de ilustres famílias da nossa terra, nasceu o Doutor Carlos de Lima Galrão, no
lugar do Livramento, em vinte e um de Outubro de mil oitocentos e cinquenta e sete, onde
exerceu clínica seu pai, o Doutor Sabino José Maltez dos Anjos Galrão.

Educado, primeiro, num são ambiente familiar, e depois, no Colégio Militar, cedo adquiriu uma
sólida formação moral e uma rectidão de carácter, que timbraram todos os actos da sua longa
vida. Dotado de um espírito brilhante e de uma invulgar inteligência, depois de cursar
preparatórios na Academia Politécnica do Porto, formou-se em medicina na Escola Médica-
Cirúrgica de Lisboa, apresentando uma notável tese, a que foi atribuída a mais alta
classificação.

A sua carreira profissional iniciou-se em Sintra como médico municipal, onde pouco tempo
permaneceu. Chamava-o a sua terra, à qual dedicou toda a sua vida, como médico e como
cidadão. Assim, por deliberação desta Câmara de sete de Novembro de mil oitocentos e
oitenta e oito foi nomeado Facultativo Municipal das freguesias de Mafra, Alcainça, Igreja
Nova e Cheleiros.
Em três de Dezembro do mesmo ano foi nomeado médico do Hospital de Nossa Senhora das
Dores, eleito Procurador à Junta Geral do Distrito em Novembro do ano seguinte e, em vinte e
um de Maio de mil oitocentos e noventa, nomeado inspector de saúde, cargo que exerceu
durante mais de sessenta anos. Em dezanove de Maio de mil novecentos e vinte e oito, foi
eleito sócio correspondente da Associação dos Arqueólogos Portugueses.

Prestou serviços clínicos na Escola Prática de Infantaria, no Corpo de Salvação Pública —


Bombeiros Voluntários de Mafra, no Terço de Infantaria Legionária número três, desta vila e
na Casa do Povo. Ao ser atingido pelo limite de idade que o compeliu ao abandono das suas
funções oficiais, cheio de vigor e ainda no pleno uso de toda a sua inteligência e grande saber,
não abandonou porém o cargo de Director Clínico do Hospital de Nossa Senhora das Dores,
que exerceu até trinta e um de Dezembro de mil novecentos e cinquenta e um.

A sua vida profissional exercida num tão vasto campo e que encarou como um verdadeiro
sacerdócio caracterizou-se por uma bondade sem limites e por uma inigualável dedicação. Os
pobres de que era incomparável protector e o melhor amigo mereceram o seu especial
carinho.

Por isso, Carlos Galrão não granjeou fortuna, mas adquiriu uma maior riqueza, a gratidão e as
bênçãos do povo a que deu tanto da sua vida e da sua ciência. E se na sua vida profissional e
caritativa, o Doutor Carlos Galrão deixou bem vincada a sua personalidade, não podemos
esquecer a vida política, em que a inteireza do seu carácter se evidenciou igualmente. Fiel às
suas convicções, só em mil novecentos e vinte e seis, após o advento da actual situação, voltou
à actividade política, tendo presidido à primeira Comissão Concelhia da União Nacional, cargo
que exerceu no momento em que vacilava a existência do Estado Novo, muito tendo
contribuído as campanhas doutrinárias que sustentou na imprensa para que, entre a
população deste Concelho se criasse um quase unânime ambiente de simpatia e aplauso à
política de Salazar.
A sua opinião autorizada, a auréola de prestígio que sempre o rodeou aliada a uma
excepcional integridade de carácter, muito contribuíram para a indicação dos presidentes
deste município, entre os quais me coube essa honra e ainda o da minha dupla recondução.

O apoio e os louvores que dispensou sempre à acção camarária, através da imprensa e dos
discursos em que a sua palavra experiente e cheia de interesse era para nós um imperativo,
proferidos com elegância e vivo entusiasmo, fizeram com que por vezes este Município se
abalançasse a iniciativas um tanto arrojadas, na sua ânsia de fazer sempre mais e melhor. Tão
altos foram os serviços prestados pelo Doutor Carlos Galrão no exercício da sua profissão que
o Governo do País o condecorou com a Comenda da Ordem de Benemerência e, no último ano
da sua existência, a Legião Portuguesa o distinguiu com a Medalha de Dedicação.

Considerando que, quer como cidadão, quer como político, quer como médico, a vida do
Doutor Carlos Galrão deve ser apontada como um exemplo raro de bondade, de aprumo moral
e de integridade de carácter impõe-se a esta Câmara o dever e a honra de consagrar o seu
nome". (Proposta do presidente da Câmara Municipal de Mafra, de 30 de Abril de 1954, para a
erecção de um busto, em homenagem ao Dr. Carlos Galrão).

D. João da Soledade Moraes

(Azueira — Mafra, 16 de Novembro de 1870)

Cónego regrante de Santo Agostinho, cuja regra professou dispensado de pagar o "piso",
quantia em dinheiro indispensável para fazer parte da comunidade. Com a extinção das ordens
religiosas, veio como primeiro prior para a freguesia de Mafra, em 1835. Para além de músico
e poeta, participou em publicações impressas, nomeadamente sobre Medicina.

Na torre da Igreja do Livramento, existe um sino com a seguinte inscrição: "Dom João da
Soledade / Aqui primeiro prior / Ordenou o eu vos chamasse / Para louvar ao Senhor / Feito
por António Fernandes / Paulo Amadeu em S. Domingos de Carmões em 1864".

Da sua obra poética, destaca-se, a título de exemplo, esta bonita novena em honra de Nossa
Senhora do Livramento: "Sois mãe amorosa, Que a todos nos ama E afável nos chama Com
plácida voz Da divina graça Sois dispensadora, Soberana Senhora, Virgem singular! Vinde vós
Anjos do Ceo A louvar a Mãe de Deus, Empregai as vossas vozes Em cantar os louvores seus".

A tradição oral cumpre uma função fundamental no processo de aculturação, a que todo o ser
humano se sujeita, desde o dia em que nasceu. Porque na História de uma comunidade são
muitos os acontecimentos que deixam marcas para a posteridade, não admira que, ao longo
dos anos, se tenham discorrido numerosas lendas e contos populares acerca dos mesmos,
como forma criativa de transmitir os costumes, as tradições e as crenças comuns às gerações
vindouras.

Topo
O orago desta freguesia é São Pedro dos Grilhões.

Com base em estudos e nos censos, Azueira tem registado ligeiros progressos na densidade
populacional. Em 1930, o número de habitantes era de 2473 e existiam 603 fogos. Em 1991,
registavam-se 2476 habitantes, 863 famílias, 992 edifícios e 1065 alojamentos.

Em 2001, o número de famílias subiu para 1042, o de edifícios para 1188 e o de alojamentos
para 1310. Divisão Etária (2002): Crianças: 8 % Adolescentes: 13 % Adultos: 60 % Idosos: 19 %
Número de Residentes: Cerca de 2.878 habitantes. Número de Eleitores Recenseados: Cerca
de 2.257 eleitores. Área: 1505,761 ha. Situação: Entre as Freguesias do Turcifal e Freiria (Torres
Vedras), a Norte; Gradil e Vila Franca do Rosário a Sul; Turcifal e Enxara do Bispo a nascente e
Sobral da Abelheira a poente.
Em busca de melhores condições de vida, parte da população activa emigrou para diferentes
países europeus. Porém, como não esquecem a sua terra natal, visitam-na todos os anos e,
quando regressam definitivamente, investem em diversificadas áreas da Freguesia.

A manifestação artesanal dá continuidade aos costumes de um povo, projectando-o num


conjunto de tradições que nos permitem ter um conhecimento mais vasto da região.

Outrora, a Cestaria era uma arte desenvolvida, na freguesia de Azueira, no entanto, acabou
por desaparecer. Actualmente, podem-se apreciar trabalhos em madeira, produzidos nas
Marcenarias e nas Carpintarias.

As peças de artesanato, cada vez mais apreciadas por naturais e estrangeiros, funcionam
como um bom cartão de visita de cada região, uma marca presente de um passado que tende
a ser esquecido.
Neste sentido, em Azueira, permanece ainda viva a antiga arte de marcenaria.

Orago - São Pedro dos Grilhões


Área - 15,05 Km2

Armas - Escudo de vermelho, duas correntes passadas em aspa, tendo nas quatro
extremidades grilhetas partidas, tudo de ouro, entre uma águia em voo abatido, de prata e
três cachos de uvas de púrpura, folhados de prata. Coroa mural de prata de quatro torres.
Listel branco com a legenda a negro: "AZUEIRA".

 
 

Símbologia

As correntes com grilhetas partidas - Simbolo do orago da freguesia - São Pedro dos Grilhões,
as grilhetas estão partidas por este santo libertar os condenados e os prisioneiros.

A águia - Evoca a origem romana da freguesia e os vestígios arqueológicos existente na


mesma, atestam essa mesma origem.

Os cachos de uvas - A evocar a produção de vinho que constitui uma das principais fontes de
riqueza da freguesia.

Bandeira - Esquartelada de branco e vermelho, cordões e borlas de prata e vermelho. Haste e


lança de ouro.

 
 

Bandeira para astear em edifícios (2x3) 

 
Estandarte para cerimónias e cortejos (1x1)

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