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A disciplina Análise do Discurso nasce na França em fins da década de 1960, época que
coincide com o auge do estruturalismo, como paradigma de formatação do mundo, das
idéias e das coisas para toda uma geração da intelectualidade francesa. O principal
articulador, o filósofo Michel Pêcheux, tinha um objetivo bem definido quando dá
início ao desenvolvimento desse projeto. Sua intenção era intervir teórica e
cientificamente no campo das ciências sociais, mais especificamente no da psicologia
social, pois como diz Ferreira:
Assim, a proposta de um novo objeto chamado discurso surgiu com Michel Pêcheux
em sua tese Análise Automática do Discurso. Nessa época, ele trabalhava em um
Laboratório de Psicologia Social e sua idéia era a de produzir um espaço de reflexão
que colocasse em questão a prática elitista e isolada das Ciências Humanas da época,
sugerindo que as ciências se confrontassem.
Sabe-se então que essa primeira fase da AD (AD– 1) é conhecida como máquina
discursiva, mais comumente chamada de AAD (análise automática do discurso), por
estar ligada a um período muito marcado, ou seja, a uma estrutura que é responsável
pela geração de um processo discursivo a partir de um conjunto de argumentos e de
operadores responsáveis pela construção e transformação das proposições, concebidas
como princípios semânticos que definem, delimitando um discurso.
Assim, para a AD – 1, cada processo discursivo é gerado por uma máquina discursiva, o
que provoca um assujeitamento do sujeito à maquina discursiva. Esse sujeito é
submetido às regras específicas do discurso que enuncia.
Conclui-se que, nessa primeira fase, quem de fato fala é uma instituição, ou uma teoria,
ou ainda, uma ideologia.
Para AD-2, a FD tem um espaço que vem a ser atravessado por outras FDs, aquela FD
determina o que pode/deve ser dito a partir de um determinado lugar social. Ela será
invadida por elementos que vêm de outro lugar, de outras FDs. Segundo Mussalim
(2004: 119), o espaço de uma FD é atravessado pelo “pré-construído”, ou seja, por
discursos que vieram de outro lugar e que são incorporados por ela numa relação de
confronto ou aliança. Para Mussalin, o papel do analista do discurso é descrever como o
espaço de uma FD foi atravessado por outras FDs, buscando estabelecer as regras de
formação de cada uma. Assim, para a AD-2, o objeto de análise é as relações entre as
máquinas discursivas.
Como diz Mussalim (2004), o papel do sujeito nessa segunda fase da AD sofre uma
alteração. O sujeito passa a ser concebido como aquele que desempenha diferentes
papéis de acordo com as várias posições que ocupa no espaço interdiscursivo. O sujeito
do discurso ocupa um lugar de onde enuncia, e é este lugar, entendido como a
representação de traços de certo lugar social, que determina o que ele pode ou não dizer.
Esse sujeito, ocupando o lugar no interior de uma formação social, é dominado por uma
determinada formação ideológica que preestabelece as possibilidades de sentido de seu
discurso.