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Daniel Neves Pinto

Língua Brasileira de Sinais - Libras


Jouberto Uchôa de Mendonça
Reitor

Amélia Maria Cerqueira Uchôa


Vice-Reitora

Jouberto Uchôa de Mendonça Junior


Pró-Reitoria Administrativa - PROAD

Ihanmark Damasceno dos Santos


Pró-Reitoria Acadêmica - PROAC

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Pró-Reitoria Adjunta de Graduação - PAGR

Temisson José dos Santos


Pró-Reitoria Adjunta de Pós-Graduação
e Pesquisa - PAPGP

Gilton Kennedy Sousa Fraga


Pró-Reitoria Adjunta de Assuntos
Comunitários e Extensão - PAACE

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Gerente do Núcleo de Educação a Distância - Nead

Andrea Karla Ferreira Nunes


Coordenadora Pedagógica de Projetos - Nead

Lucas Cerqueira do Vale


Coordenador de Tecnologias Educacionais - Nead

Equipe de Elaboração e Produção de Conteúdos


Midiáticos:
Alexandre Meneses Chagas - Supervisor
Adelson Tavares de Santana - Ilustrador
Ancéjo Santana Resende - Corretor
Claudivan da Silva Santana - Diagramador
Edivan Santos Guimarães - Diagramador
Geová da Silva Borges Junior - Ilustrador
Márcia Maria da Silva Santos - Corretora
Monique Lara Farias Alves - Webdesign
Pedro Antonio Dantas P. Nou - Webdesign
Rebecca Wanderley N. Agra Silva - Design
Rodrigo Sangiovanni Lima - Assessor
Walmir Oliveira Santos Júnior - Ilustrador

P659l Pinto, Daniel Neves.


Redação:
Língua brasileira de sinais-libras. / Daniel
Núcleo de Educação a Distância - Nead
Av. Murilo Dantas, 300 - Farolândia Neves Pinto. – Aracaju : UNIT, 2010.
Prédio da Reitoria - Sala 40
CEP: 49.032-490 - Aracaju / SE 168 p. : il.
Tel.: (79) 3218-2186
E-mail: infonead@unit.br Inclui bibliografia
Site: www.ead.unit.br 1. Linguagens de gestos dos surdos e dos surdos-
mudos. 2. Língua brasileira de sinais. 3. Língua de
Impressão: sinais. 4. Comunicação gestual. I. Universidade
Gráfica Gutemberg Tiradentes (UNIT). Pró-Reitoria Adjunta de Ensino
Telefone: (79) 3218-2154 a Distância. II. Título.
E-mail: grafica@unit.br CDU: 81’221.24
Site: www.unit.br

Copyright © Universidade Tiradentes


Apresentação

Prezado(a) estudante,

A modernidade anda cada vez mais atrelada ao tempo, e a


educação não pode ficar para trás. Prova disso são as nossas disci-
plinas on-line, que possibilitam a você estudar com o maior confor-
to e comodidade possível, sem perder a qualidade do conteúdo.

Por meio do nosso programa de disciplinas on-line você pode


ter acesso ao conhecimento de forma rápida, prática e eficiente,
como deve ser a sua forma de comunicação e interação com o
mundo na modernidade. Fóruns on-line, chats, podcasts, livespace,
vídeos, MSN, tudo é válido para o seu aprendizado.

Mesmo com tantas opções, a Universidade Tira-


dentes optou por criar a coleção de livros Série Biblio-
iblio-
gráfica Unit como mais uma opção de acesso ao conhe-
onhe-
cimento. Escrita por nossos professores, a obra contém
ntém
todo o conteúdo da disciplina que você está cursando
ando
na modalidade EAD e representa, sobretudo, a
nossa preocupação em garantir o seu acesso ao
conhecimento, onde quer que você esteja.

Desejo a você bom


aprendizado e muito sucesso!

Professor Jouberto Uchôa de Mendonça


Reitor da Universidade Tiradentes
Sumário
Parte I: História, Cultura e Linguística da Libras ................. 11

Tema 1: Aspectos Históricos, Conceituais e Sociais ........... 13


1.1 Nomenclaturas e conceitos sobre língua e
linguagem ..................................................................... 14
1.2. Fundamentos históricos e culturais da língua
brasileira de sinais ....................................................... 21
1.3 Aspectos biológicos e suas definições ....................... 31
1.4 Iniciação à língua .......................................................... 43

Tema 2: Estudos Linguísticos ................................................ 55


2.1 Léxico, vocabulários icônicos e arbitrários ................. 55
2.2 Estruturas sub-lexicais e suas expressões não
manuais. ....................................................................... 61
2.3 Morfologia e seus estudos internos ............................ 72
2.4 Diferenças Básicas em LIBRAS .................................... 78

Parte II: Surdez: Interação e Implicações ............................. 87

Tema 3: Surdez e Interação ................................................... 89


3.1 Aspectos comunicativos corporais e classificadores ......89
3.2 Interação argumentativa com estrutura da surdez e
família ............................................................................ 97
3.3 Interação através da língua de sinais ........................ 103
3.4 Surdez, sociedade em seu processo de inclusão ..... 111
Tema 4: Língua de Sinais: Saberes e Fazeres ................... 119
4.1 Aspectos pedagógicos em suas possibilidades no
contexto de ensino-aprendizagem ............................ 119
4.2 Possibilidades de trabalho ......................................... 132
4.3 Conduta e legislação .................................................. 138
4.4 Frases em expressões da libras................................. 149

Referências ............................................................................ 159


Concepção da Disciplina

Ementa

Fundamentos históricos, socioculturais e definições


referentes à Língua Brasileira de Sinais. Legislação e conceitos
sobre língua e linguagem. Entendimentos dos conhecimentos
necessários para a inclusão dos surdos quanto aos aspectos
Biológicos, Pedagógicos e Psicossociais.

Objetivos

- Compreender os fundamentos históricos, culturais e


psicossociais da Língua de Sinais, nomenclaturas e seus
conceitos, auxiliando no processo das ações inclusivas;

- Conhecer noções legislativas, utilizando-as de forma coesa;

- Conhecer os aspectos patológicos da surdez, possibilitando


uma reflexão sobre o preconceito vivido no contexto dos
surdos;

- Desenvolver noções práticas de verbalização e Sinalização


da Língua de Sinais junto a sua estrutura lexical, morfológica,
sintaxe, semântica e pragmática, colocando em prática a
Língua Brasileira de Sinais;

- Estimular embasamento cênico, teórico, prático, técnico e


pedagógico, acrescentando tais embasamentos em suas
práticas interpretativas;
- Despertar, no aluno, o interesses em trabalhar com os surdos;

- Compreender os conhecimentos básicos e domínios


necessários para a comunicação com pessoas surdas,
facilitando a inclusão social, possibilitando a relação
interpessoal através do uso da Libras;

- Utilizar Libras com coesão e coerência para que haja


entendimento.

Orientações para Estudo

A disciplina propõe orientá-lo em seus procedimentos de


estudo e na produção de trabalhos científicos, possibilitando
que você desenvolva em seus trabalhos pesquisas, o rigor
metodológico e espírito crítico necessários ao estudo.

Tendo em vista que a experiência de estudar a distância é


algo novo, é importante que você observe algumas orientações:

•Cuide do seu tempo de estudo! Defina um horário regular


para acessar todo o conteúdo da sua disciplina disponível
neste material impresso e no Ambiente Virtual de Apren-
dizagem (AVA). Organize-se de tal forma para que você
possa dedicar tempo suficiente para leitura e reflexão;

• Esforce-se para alcançar os objetivos propostos na


disciplina;

• Utilize-se dos recursos técnicos e humanos que estão ao seu


dispor para buscar esclarecimentos e para aprofundar as suas
reflexões. Estamos nos referindo ao contato permanente
com o professor e com os colegas a partir dos fóruns, chats
e encontros presencias. Além dos recursos disponíveis no
Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA.

Para que sua trajetória no curso ocorra de forma tranquila,


você deve realizar as atividades propostas e estar sempre em con-
tato com o professor, além de acessar o AVA.

Para se estudar num curso a distância deve-se ter a clareza


que a área da Educação a Distância pauta-se na autonomia, respon-
sabilidade, cooperação e colaboração por parte dos envolvidos, o
que requer uma nova postura do aluno e uma nova forma de con-
cepção de educação.

Por isso, você contará com o apoio das equipes pedagógica


e técnica envolvidas na operacionalização do curso, além dos re-
cursos tecnológicos que contribuirão na mediação entre você e o
professor.
HISTÓRIA, CULTURA E
LINGUÍSTICA DA LIBRAS
Parte I
1 Aspectos Históricos,
Conceituais e Sociais

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) surge com a perspectiva


de apoiar a implementação da Educação Especial tão enfocada na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O Poder Público
instituiu a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada
pelo Decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, que dispõem
sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Tal Decreto apoia
a educação da Língua de Sinais como disciplina, assegurando
aos Surdos o atendimento especializado. Dentro deste contexto,
alicerça-se uma proposta inovadora sempre com o objetivo de
consolidar a comunicação e a efetiva integração na vida em
sociedade.
Neste tema, iremos conhecer conceitos culturais e históricos
da língua de sinais e dos surdos com seus aspectos biológicos e
linguísticos.
14 Língua Brasileira de Sinais - Libras

1.1 NOMENCLATURAS E CONCEITOS SOBRE LÍNGUA E


LINGUAGEM

Para você, o que é Libras ou LSB?

Libras é a sigla pronunciada nacionalmente para Língua


Brasileira de Sinais difundida pela Federação Nacional de Educação
e Integração de Surdos (FENEIS).
A Língua de Sinais é a língua natural, materna, primeira língua
(L1) dos surdos e é usada pela maioria deles no Brasil.
Conforme Capovilla (2006, p.1479), “Língua de Sinais é o
verdadeiro equipamento da vida mental do Surdo; ele pensa e
se comunica apenas por este meio.” O surdo utiliza a modalidade
linguística quiroarticulatória-visual, ou seja, através das mãos e
dos olhos e não oroarticulatória-auditiva, que se dá através da
oralização (boca) e ouvido.
A Libras é também conhecida como LSB (Língua de Sinais
Brasileira), sigla que segue padrões internacionais de denominação
das línguas de sinais, assim como a American Sign Language
(LSA), ou seja, Língua de Sinais Americana, bem como a Língua
de Sinais Francesa (LSF), Língua de Sinais Mexicana (LSM), etc.
Para você entender melhor, Língua Brasileira não existe,
filosoficamente falando, o correto é “Língua de Sinais Brasileira”,
pois, o termo “língua de sinais” constitui DICA:
uma unidade vocabular, ou seja, funcio- É importante estar
na como se as três palavras (língua, de sempre anotando
e sinais) fossem uma só. Não existe uma suas reflexões.
Língua Brasileira (em sinais ou falada).
Além das formas de escrever ou pronunciar a Língua Brasileira
de Sinais, temos que atentar para seu significado.
A correta é “Libras” e não “LIBRAS”. Quando foi divulgado o
uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da seguinte forma: LI
de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “Libras”, a
Língua Brasileira de Sinais - Libras 15

sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira, assim,


deixa claro que Libras não é simplesmente gestos, é uma língua
com estruturas linguísticas que compreende e comunica e que
ainda cabe na palma das mãos.
A Língua de Sinais é a língua natural, materna, primeira língua
(L1) dos surdos e é usada pela maioria dos surdos no Brasil.
Conforme Capovilla (2006, p.1479), “Língua de Sinais é o
verdadeiro equipamento da vida mental do Surdo; ele pensa e se
comunica apenas por este meio”. O surdo utiliza a modalidade
linguística quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva.
Ao contrário do que muitos imaginam, a Língua de Sinais
não se constitui simplesmente de mímicas e gestos soltos, uti-
lizados pelos surdos para facilitar a comunicação. É uma língua
com estruturas gramaticais próprias.
Atribui-se às Línguas de Sinais o status de línguas porque
elas também são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico,
o morfológico, o sintático e o semântico.
O que é denominado palavra ou item lexical nas línguas
oral-auditivas é denominado sinal nas línguas de sinais.
O que diferencia a Língua de Sinais das demais línguas é a
sua modalidade visual-espacial.
Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua
de Sinais irá aprender outra língua, como o Inglês, Espanhol, etc.
A Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa têm
uma vasta diferença desde a língua pronunciada até a escrita.

Veja algumas diferenças entre a Língua Brasileira de


Sinais e a língua portuguesa:

- a primeira diferença você já sabe: através da Língua de


Sinais se fala com as mãos e a Língua Portuguesa fala-se
com a boca;
16 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Muitas diferenças são claras tais como as descritas acima, e


outras são percebíveis quanto a sua gramática. Vamos conferir
algumas delas apresentadas por Quadros (2003, p. 84):

- a Língua de Sinais é visual-espacial e a Língua Portuguesa


é oral-auditiva;

- a Língua de Sinais é baseada nas experiências das comuni-


dades surdas mediante as interações culturais surdas, en-
quanto a Língua Portuguesa constitui-se baseada nos sons;

- a Língua de Sinais apresenta


1 É um recurso visual da
uma sintaxe espacial incluindo
Libras que utilizamos para
os chamados classificadores1.
deixar a sinalização com mais
A Língua Portuguesa usa uma vida, ou seja, ela é feita de forma
sintaxe linear utilizando a des- que fique clara a mensagem.
crição para captar o uso de
classificadores;

- a Língua de Sinais utiliza a estrutura tópico-comentário, en-


quanto a Língua Portuguesa evita este tipo de construção;

- a Língua de Sinais utiliza a estrutura de foco através de


repetições sistemáticas. Este processo não é comum na
Língua Portuguesa;

- a Língua de Sinais utiliza referências anafóricas através de


pontos estabelecidos no espaço que exclui ambigüidades
que são possíveis na língua portuguesa;

- a Língua de Sinais não tem marcação de gênero, enquanto


que na Língua Portuguesa o gênero é marcado a ponto de
ser redundante que envolve na última letra como “a” para
feminino e “o” para masculino;
Língua Brasileira de Sinais - Libras 17

- a Língua de Sinais atribui um valor gramatical às expressões


faciais. Esse fator não é considerado como relevante na Lín-
gua Portuguesa, apesar de poder ser substituído pela pro-
sódia;

- coisas que são ditas na Língua de Sinais não são ditas


usando o mesmo tipo de construção gramatical na língua
Portuguesa. Assim, encontramos diversos contextos que
em Português consideraríamos grande enquanto que em
Libras poderá ser feito com apenas um sinal;

- a escrita da Língua de Sinais não é alfabética.

2 Língua Fonte: é a
INTÉRPRETE
língua que o Intérprete
Pessoa que interpreta de uma língua
ouve ou vê para, a partir
fonte para uma língua alvo2.
dela, fazer a interpreta-
ção para a língua alvo.
INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS Língua alvo: é a língua
Pessoa que interpreta de uma língua para a qual será feita a

qualquer para a Língua de Sinais ou Língua interpretação.

de Sinais para outra determinada língua.

LÍNGUA
É um sistema de signos compartilhado por uma comuni-
dade linguística comum. Há uma raiz, tem seus fundamentos e
pesquisas sobre ela. A fala ou os sinais são expressões de di-
ferentes línguas. A língua é um fato social, ou seja, um sistema
coletivo de uma determinada comunidade linguística. A língua
é a expressão linguística que é tecida em meio a trocas sociais,
culturais e políticas. As línguas naturais apresentam proprieda-
des específicas da espécie humana: são recursivas (a partir de
um número reduzido de regras, produz-se um número infinito
de frases possíveis, são criativas, dispõem de uma multiplicida-
18 Língua Brasileira de Sinais - Libras

de de funções (argumentativa, poética, conotativa, informativa,


persuasiva, e motiva etc.) e apresentam formas e significados.
(QUADROS, 2003, p. 7).

Portanto, o correto é “Língua de Sinais” por-


que se trata de uma língua viva e, logo, a quan-
tidade de sinais está em aberto, podendo ser
acrescentados novos sinais.

“Nome”, assim como no desenho do sinal


representado ao lado, é uma língua e não lin-
guagem.
LÍNGUA ORAL-AUDITIVA
É a língua falada com a boca, utiliza a audição e o vocal para
compreender e produzir os sons que formam as palavras.

LÍNGUA VISUAL- ESPACIAL


Refere-se à língua sinalizada, falada com as mãos, utiliza
a visão e o espaço para compreender e produzir os sinais e assim
formam a estrutura da língua.

LINGUAGEM
São diversas formas de trans-
missão como sistema de símbolos
e serve como meio de comunicação,
ideias ou sentimentos através de sig- Fonte: http://www.elapsus.it

nos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser


percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a dis-
tinguirem-se várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil,
etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo
tempo, de elementos diversos.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 19

Quadros (2003, p. 7) afirma que linguagem são gestos,


sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar
conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos.

TRADUÇÃO
É a atividade que envolve um texto de uma língua fonte trans-
plantando-a para uma língua alvo da forma mais exata possível.
Mas, o tradutor que irá fazer a ponte, terá tempo hábil para con-
cluir a tradução, assim sendo, o profissional poderá pesquisar
livros, dicionários, internet, outros profissionais etc.

INTERPRETAÇÃO
Ação que consiste em estabelecer o processo transitório
da comunicação verbal para sinalização ou da comunicação
sinalizada para verbalização simultâneamente, intermitente ou
consecutivamente:

- Interpretação Simultânea
Acontece simultaneamente, ou seja, ao mesmo tempo.
O Intérprete ouve/vê a informação da língua fonte, processa
a informação e, posteriormente, faz a passagem para a outra
língua (língua alvo).

- Interpretação Intermitente
É o processo de interpretação feita sentença por sentença,
ou seja, o enunciador passa sua ciência em trechos enquanto
o Intérprete processa a informação, faz a interpretação e, logo
após, o enunciador entra novamente com sua oração e assim
sucessivamente.

- Interpretação Consecutiva
É a forma interpretativa de uma língua para outra onde o
Intérprete ouve/vê o enunciado em uma língua fonte, processa a
20 Língua Brasileira de Sinais - Libras

informação e faz a passagem para a língua alvo após a conclusão


do enunciador, ou seja, o enunciador apresenta todos os seus
contextos e após sua conclusão o Intérprete entra com sua
interpretação.

SURDOS OU DEFICIENTES?
Profissionais ligados à educação dos surdos e médicos
especialistas ligados à área têm utilizado largamente o termo
Deficiente Auditivo (DA). O uso da expressão deficiente auditivo
já foi muito criticado refletindo uma visão. Nela, o surdo é visto
como portador de uma enfermidade localizada que precisa ser
tratada, para que seus efeitos sejam debelados.
Todas as investigações atuais têm chamado a atenção
para a adequação do emprego do termo “Surdo”. Esta expressão
é optada pelos próprios surdos e comunidades surdas do Brasil.
É muito importante considerar que o surdo difere do ouvinte,
não apenas porque não ouve, mas porque desenvolve potencia-
lidades psico - culturais próprias. Surdo-mudo, provavelmente, é
a mais antiga e incorreta designação atribuída aos surdos.
No plano pessoal, a decisão quanto a usar o termo “pessoa
com deficiência auditiva” ou os termos “pessoa surda” e ”surda”,
fica por conta de cada pessoa. Geralmente, pessoas com surdez
leve, moderada ou acentuada referem-se a si mesmas com tendo
uma deficiência auditiva. Já as que têm surdez severa, profunda ou
anacusia3 preferem ser consideradas surdas.
3 Perda auditiva
devido ao fator
SURDO OU MUDO? idade.
O fato de uma pessoa ser surda não
significa que ela seja muda. Pessoas surdas não falam porque
não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, e podem
fazer muitos sons com a garganta como rir, afinal, os surdos não
são mudos.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 21

Para Refletir

Quanto à pessoa surda:


Como a chamaremos? Como nos referiremos a ela?

• De Surdo, Deficiente auditivo ou Mudo?

• E os termos: Quais são os corretos?

• Linguagem de Sinais ou Língua de Sinais?

1.2. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS DA LÍNGUA


BRASILEIRA DE SINAIS

A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é de origem francesa.


A Língua de Sinais não é universal e cada país possui a sua pró-
pria língua, que sofre as influências da cultura nacional.
Como qualquer outra língua, ela também possui expres-
sões que diferem de região para região (os regionalismos), o que
a legitima ainda mais como língua.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
A história dos Surdos registra os acontecimentos históricos,
como grupo que possui uma língua, uma identidade e uma cultura.
Ao longo das eras, os Surdos travaram grandes batalhas
pela afirmação da sua identidade, de sua comunidade, da sua
língua e da sua cultura, até alcançarem o reconhecimento que
têm hoje, na era moderna.
22 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Até a Idade Média


4 “pai do povo”,
“deus tribo”. Teutates
No Egito
está associado às guer-
Os Surdos eram adorados, como se ras, mas aparece muitas
fossem deuses, serviam de mediadores vezes como um Deus da
entre os deuses e os Faraós, sendo temi- fertilidade e abundância.
dos e respeitados pela população. Era considerado o Rei
do Mundo.
China http://pt.wikipedia.org/wiki/

Os chineses lançavam os surdos ao Teutates.

mar para não deixar marcas ou chances


de se reproduzirem.

Gália
Os gauleses sacrificavam os surdos para o deus Teutates4
a fim de receber bens.

Esparta
Os surdos eram lançados do alto dos rochedos para não
terem como sobreviver. Historiadores dizem que, após a morte,
os surdos eram entregues às águias e aos leões.

Grécia
Os Surdos eram encarados como seres incompetentes.
Aristóteles, ensinava que os que nasciam surdos, por não
possuírem linguagem, não eram capazes de raciocinar.

Os Romanos
Influenciados pelo povo grego, tinham ideias semelhantes
acerca dos Surdos, vendo-os como seres imperfeitos, sem direito
a pertencer à sociedade. Era comum lançar as crianças surdas
(especialmente as pobres) ao rio Tibre.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 23

Turquia
Em Constantinopla (hoje Istambul), os Surdos realizavam
algumas tarefas, tais como o serviço de corte, como pajens das
mulheres, ou como bobos, de entretenimento do sultão.

Igreja Católica
Santo Agostinho defendia a ideia de que os pais de filhos
Surdos estavam a pagar por algum pecado que haviam cometido.
Acreditava que os Surdos podiam comunicar por meio de gestos,
que, em equivalência à fala, eram aceitos quanto à salvação
da alma. A Igreja cria que os Surdos, diferentemente dos ouvintes,
não possuíam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes
de proferir os sacramentos.

Curiosidade

John Beverley, em 700 d.C., ensinou um Surdo a falar, pela primeira vez
(em que há registro). Por essa razão, ele foi considerado por muitos
como o primeiro educador de surdos.

Fim da Idade Média e início do Renascimento

Época em que saiu da perspectiva religiosa para a perspectiva


da razão, em que a deficiência passa a ser analisada sob a ótica
médica e científica.

Idade Moderna
Distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão
surdo-mudo deixou de ser a cognome do Surdo.
24 Língua Brasileira de Sinais - Libras

França
Em 1712, foi criada a primeira escola de Surdos do mundo:
o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris. O Surdo foi
reconhecido como ser humano e a partir deste momento viram
que ensinar ao surdo a falar seria perda de tempo, que o ensino
principal deveria ser a língua gestual.
Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do
mundo.

Idade Contemporânea até os dias de Hoje

Estados Unidos
Thomas Hopkins Gallaudet, americano, educador ouvinte,
abriu uma escola para surdos em Abril de 1817, a Escola de
Hartford. Gallaudet instituiu nessa escola a Língua Gestual
Americana. Ele usou, também, o inglês escrito e o alfabeto
manual. Em 1830, já existiam nos Estados Unidos cerca de 30
escolas para surdos.

Alemanha
Em 1880 nasce Hellen Keller, na Alemanha. Hellen ficou
cega e surda aos 19 meses de idade, por causa de uma doença.
Aos 7 anos Hellen havia criado cerca de 60 gestos (sinais) para se
comunicar com os familiares. Hellen descreveu que a surdez é o
mais infortune dos sentidos humanos.

Em 1880 nasce Hellen Keller, na


Alemanha.

Fonte: http://www. farm1.static.flickr.com


Língua Brasileira de Sinais - Libras 25

Itália
Em 1880 aconteceu o Congresso de Milão, que deixou obscura
a História dos surdos. Um grupo de ouvintes tomou a decisão de
excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo
oralismo. Em consequência disso, o oralismo foi a técnica preferida
na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte
do século XX.
Uma década depois do Congresso de Milão, acreditava-se
que o ensino da língua gestual quase tinha desaparecido das
escolas em toda a Europa, e o oralismo espalhava-se para outros
continentes.
5 Expõe a criança à
língua oral acompanha-
Brasil
da simultaneamente da
No período de 1500 a 1855, já exis-
da Língua de Sinais, da
tiam muitos surdos aqui no Brasil. Nessa escrita e de quaisquer
época, a educação era precária, até que, outros meios que se
em 1855 Hernest Huet, professor francês considerem importantes
de surdos veio ao Brasil a convite de D. para o seu desenvolvi-

Pedro II para fundar a primeira escola de mento.

meninos surdos, a Imperial Instituto de Sur-


dos – Mudos, atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos
(INES) no Rio de Janeiro.
Desde o século XIX, as escolas tradicionais existentes no
método oral mudaram de filosofia e, até hoje, boa parte delas vêm
adotando a comunicação total5.
Em 1988, realizou-se o I Encontro Nacional de Intérpretes de
Língua Brasileira de Sinais, organizado pela FENEIS. Foi a primeira
vez que houve um intercâmbio entre Intérpretes do Brasil e a
avaliação sobre ética do profissional Intérprete.
Somente em 24 de abril de 2002 foi reconhecida a Língua
Brasileira de Sinais como língua oficial das comunidades surdas no
Brasil. Este foi o primeiro e grande passo para o reconhecimento e
formação do profissional Intérprete de Libras.
26 Língua Brasileira de Sinais - Libras

APARELHOS AUDITIVOS
Em 1898, os aparelhos usados
eram cornetas ou tubos acústicos e
somente em 1948 surgiram apare-
lhos com pilhas incorporadas e em
1953 começou a ser usado o tran-
sistor em próteses.

Em 1970 aparecem as primeiras


tentativas de implantação coclear.
Esse tipo de implante sempre gerou
muita controvérsia nas comunidades surdas em todo o mundo.
Os argumentos a favor do
implante resumem-se ao aces-
so à língua oral, na idade crítica
de aquisição, que a cirurgia é
simples e segura e com a pos-
sibilidade de proporcionar à
implantação coclear criança uma vida social com
Fonte: http://www.samaritano.org.br som, e não com deficiência.

CULTURA SURDA E SUA IDENTIDADE

Ao longo dos séculos os surdos foram formando uma


cultura própria centrada principalmente em sua forma de
comunicação. Hoje, no Brasil, encontraremos em quase todos
os grandes polos associações de surdos, onde eles se reúnem e
convivem socialmente.
Os surdos têm uma cultura de característica própria,
são utilizadores de uma comunicação espaço-visual, ou seja,
comunica-se através da visão e de sinais explorados no espaço.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 27

O processo de busca por uma identidade de uma pessoa


com surdez pode ser afetado desde o seu processo de aprendi-
zagem, pois, é o período em que os pais descobrem a surdez.
Por anos, muitos têm avaliado mal o conhecimento pessoal
dos surdos. Alguns acham que os surdos não sabem praticamente
nada, porque não ouvem nada. Há pais que superprotezem seus
filhos surdos ou temem integrá-los no mundo dos ouvintes. Outros
encaram a Língua de Sinais como primitiva, ou inferior, à língua
falada. Não é de admirar que, com tal ignorância, alguns surdos
se sintam oprimidos e incompreendidos.
Todos sentem a necessidade de ser entendidos. Aparen-
tes inaptidões podem ofuscar as verdadeiras habilidades e cria-
tividades do surdo. Em contraste, muitos surdos consideram-se
“capacitados”. Comunicam-se fluentemente entre si, desenvol-
vem autoestima e têm bom desempenho acadêmico, social e es-
piritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem
levam alguns deles a suspeitar dos ouvintes.
Uma boa comunicação com uma pessoa surda é feita exclu-
sivamente por contato visual. De fato, quando duas pessoas con-
versam em Língua de Sinais é considerado rude desviar o olhar e
interromper o contato visual.
Como chamar a atenção de um surdo?
Em vez de chamar ou usar o nome da pessoa é melhor dar
um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa
estiver perto ou, se estiver distante, fazer um sinal com a mão
para outra pessoa chamar a atenção dela. Dependendo da situ-
ação, da distância e do local físico, pode-se dar umas batidinhas
no chão ou fazer piscar a luz. Esses e outros métodos apropria-
dos de captar a atenção dão reconhecimento à experiência dos
Surdos e fazem parte da cultura surda.
Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando
encontram uma pessoa surda. Isso é natural. Todos podem se
sentir desconfortável diante do “diferente”. Mas esse desconforto
diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas
oportunidades de convivência entre surdos e ouvintes
28 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Ao tratar um surdo como se ele não DICA:


tivesse uma deficiência, estaríamos igno- Quando dirigir-se ao
rando uma característica muito impor- Surdo, nunca use os
tante dele. Dessa forma, não estaríamos termos: Deficiente
nos relacionando com ele, mas com ou- Auditivo, D.A.,

tra pessoa, que não é real. Surdo-mudo, Surdinho e

As pessoas com surdez têm o di- Mudinho, estes


NÃO são termos corretos.
reito, podem e querem tomar suas pró-
prias decisões e assumir a responsabili-
dade por suas escolhas.
Por causa da surdez, é evidente que o surdo venha a ter
dificuldades para desempenhar algumas atividades. Mas por
outro lado, poderá ter uma extraordinária habilidade para fazer
outras coisas como os ouvintes. Por exemplo: os surdos conse-
guirão promover diversas prestezas que o ouvinte não conseguirá
desenvolver.
A maioria das pessoas com surdez não se importa de res-
ponder perguntas a respeito da sua característica ou sobre como
realiza algumas tarefas. Quando alguém deseja alguma informação
de uma pessoa surda, o correto seria dirigir-se diretamente a ela,
e não a seus acompanhantes ou intérpretes.
Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis
de tom de voz, que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sar-
casmo ou seriedade, as expressões faciais e corporais, são exce-
lentes indicações do que se quer dizer.
Em suma, os surdos são pessoas que têm os mesmos di-
reitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos
sonhos, assim como todos. Se ocorrer alguma situação emba-
raçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor
nunca falham.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 29

Dentro da comunidade surda, existem três tipos de surdos:


surdos sinalizadores, surdos oralizadores e surdos bimodais.

Curiosidade

Hoje, no Brasil, existem aproximadamente 5,7 milhões de


surdos. (IBGE, 2005).

SURDOS SINALIZADORES DICA:


São os surdos que utilizam seu Caso necessário,
meio de comunicação única e exclusi- comunique com o surdo
vamente através da Língua de Sinais. através de bilhetes. O
Quando da comunicação com este tipo importante é
de surdo, a pessoa deverá ficar em comunicar,
lugar iluminado, evitando também fi- independente do
car contra a luz (de uma janela, ou re- método.
fletor, por exemplo), pois isso dificulta a
visão das mãos. Quando o surdo não oralizado estiver acompa-
nhado de um intérprete, dirigir-se sempre a ele, não ao intérprete.
Segundo o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) de 2000, o país possui cerca de 5,7 milhões de defi-
cientes auditivos.

SURDOS ORALIZADOS
São os Surdos que comunicam apenas pela oralização, ou
seja, pela leitura labial e fala. Estes surdos desenvolveram sua
técnica vocal através da ajuda de profissionais que abordam a
saúde vocal. Com os surdos, devemos falar de maneira clara,
pronunciando bem as palavras, sem exageros, usando a veloci-
dade normal, a não ser que ela peça para falar mais devagar. Usar
um tom normal de voz, a não ser que peçam para falar mais alto.
Falar diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Fazer
com que a boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo
30 Língua Brasileira de Sinais - Libras

em frente à boca torna impossível a leitura labial. O uso de bigode


atrapalha a configuração dos lábios. Se a pessoa surda tiver difi-
culdade em entender, avisará. Ser expressivo ao falar.
Como as pessoas surdas não DICA:
podem ouvir mudanças sutis de tom Não necessita gritar com
de voz, que indicam sentimentos de um surdo oralizado,
alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, ele vai ler os lábios e
as expressões faciais, os gestos ou não lhe ouvir.
sinais e o movimento do corpo são
excelentes indicações do que se quer dizer. Conluíndo, no fim de
uma conversa com um surdo você terá um feedback positivo ou
negativo que é o retorno visual se ele compreendeu ou não.

SURDOS BIMODAIS
São os surdos que utilizam dos dois modos anteriores ao
mesmo tempo, ele sinaliza e oraliza no mesmo instante, ou seja,
é o uso de duas línguas distintas ao mesmo tempo. E é diferente
do Bilinguismo, que é o conhecimento e o domínio de duas
línguas distintas.

Para Refletir

• A língua de sinais teve um desenvolvimento muito gran-


de até os dias de hoje.
Como você tem discernido a Língua de Sinais para seu
crescimento pessoal?

• Em sua comunidade, trabalho ou bairro há surdos?


Tente conversar com eles, a prática é a melhor maneira
de aprender a Língua Sinalizada.

• Como os surdos têm sido vistos e, consequentemente,


tratados na sociedade brasileira?
Língua Brasileira de Sinais - Libras 31

1.3 ASPECTOS BIOLÓGICOS E SUAS DEFINIÇÕES

Antes de conhecer as verdadeiras


patologias6 da surdez, é importante buscar 6 Patologia é o

e compreender as funções básicas da estudo das doenças.

audição, sentido esse que controla a lin-


guagem e a fala.

LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO
Estabelece de onde vem a direção e a fonte sonora. Exemplo:
O chamado de uma pessoa.

ALERTA
Esta possibilita atentar os estímulos de curiosidade
e periculosidade que nos rodeia como, por exemplo, uma
moto em nossa direção.

SOCIALIZAÇÃO
Função que nos estimula a entrar em contato com outras
pessoas. Para saber melhor, revise o tema I no livro de Funda-
mentos Antropológicos e Sociológicos.

INTELECTUAL
As principais informações são transmitidas e captadas por
mídias através do meio oral.

COMUNICAÇÃO
Visto que a fala é um dos instrumentos de comunicação
mais utilizados no mundo, sua compreensão depende de um
nível de audição.
Os sons percorrem um caminho que compreende desde
o meio ambiente, passando pelo ouvido externo, médio, interno,
nervo auditivo e seguindo até o cérebro.
32 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Com base no site de medicina da USP (otorrinousp.org.br),


no livro de Sobotta (1995) e Pedroso (2006) apresenta-se a parte
biológica do ouvido humano.

- OUVIDO EXTERNO
É constituído pelo pavilhão auricular,
pelo conduto auditivo externo e pela mem-
brana timpânica. Estas estruturas são
responsáveis pela captação e condução
dos sons.

- OUVIDO MÉDIO
Nela encontramos os ossículos,
ou seja, os três menores ossos do
corpo humano: martelo, bigorna e estribo.
A orelha média é responsável pela transfor-
mação da energia sonora em energia mecâni-
ca, e pela proteção da orelha interna de sons
muito intensos, por meio da contração de um
músculo chamado estapédio.

- OUVIDO INTERNO
Possui formato de caracol e com-
preende a cóclea e os canais semicir-
culares. Nestes canais, encontram-se
as estruturas responsáveis pelo equi-
líbrio e na cóclea há o órgão de Corti,
que transforma a energia mecânica em impulso nervoso.
Do ouvido interno, o som é conduzido pelo nervo auditivo
e demais estruturas da via auditiva até chegar ao córtex cerebral.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 33

Para ter uma compreensão mais clara do funcionamento


destes três ouvidos, vamos unir estas informações.
O som(1) é captado pelo pavilhão auricular(2), passa pelo
conduto auditivo(3) e é transmitido à membrana timpânica(4), fa-
zendo-a vibrar. Essa vibração é transmitida aos ossículos (marte-
lo 5, bigorna 6, e estribo 7. O estribo provoca a movimentação da
membrana da janela oval(8), que liga o ouvido médio ao ouvido
interno. Esta movimentação provocada pelo estribo faz com que
ocorra um deslocamento nos líquidos que se encontram dentro
da cóclea(9), estimulando o órgão de Corti, ocorrendo a trans-
missão do impulso nervoso para o nervo auditivo(10). A partir
desta transmissão, o som passa por diversas estruturas, até o
cortex cerebral, onde é interpretado. (11) Canais semicirculares
(12) Trompa de Eustáquio.

Se vier a acontecer alguma lesão em algumas dessas


estruturas, poderá haver danos na sensibilidade auditiva.
A surdez consiste em um impedimento para detectar a
energia sonora e, com isso, há graus de perdas auditivas, quais
sejam:
34 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- Perda Leve ou Ligeira (26 a 40 dB)


A palavra é ouvida, mas certos elementos foné-
ticos ficam complicados de entender. Tem, por
exemplo, dificuldade em compreender uma con-
versa a uma distância superior a 3 metros. Neste
grau a surdez não provoca atraso na aquisição
da linguagem, pode é ter defeitos de articulação
CRIANÇA DISTRAÍDA

Fonte: www.sxc.hu e dificuldades em ouvir a voz em tom natural


(são pessoas tidas como muito distraídas). Ne-
cessitam de ensino de leitura da fala e de estimulação da lin-
guagem. Deve-se observar também uma posição adequada para
conversar, ou seja, frente a frente.

- Perda Moderada (41 a 70 dB)


Só consegue ouvir a palavra, quando
HEIN, O QUÊ?

esta é de intensidade forte, alta.


Verificam-se algumas dificuldades na
aquisição da linguagem e algumas perturba- Fonte: www.sxc.hu
ções da articulação da palavra, e da lingua-
gem. Neste caso, o processo compensador é a leitura labial. Há
também necessidade de treino auditivo e estimulação da lingua-
gem. Pergunta-se muito “hein, o quê”? Troca palavras fonetica-
mente semelhantes como (linha/pinha, mão/não, pão/cão).

- Perda Severa (71 a 90 dB)


BARULHO ALTO O Indivíduo não consegue perceber a
palavra normal. É necessário gritar para
que exista uma sensação auditiva verbal.
Estas pessoas têm algumas dificuldades
na aquisição da linguagem. Necessitam já
de cuidados especiais no treino auditivo,
leitura da fala e estimulação da linguagem.
Escutam somente sons fortes como: ba-
rulho da moto, do caminhão, serra elétrica,
etc.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 35

- Perda profunda (superior a 90 dB)


Nenhuma sensação auditiva verbal
ESTRONDO

pode ser captada espontaneamente. Não é


capaz de reagir de forma adequada aos sons
ambientais, pois, escuta somente sons gra-
ves que transmitam vibrações, como trovão,
aviões, foguetes, etc.
As perdas auditivas podem ter diversas origens: congêni-
tas, quando o problema ocorreu antes do nascimento ou adquiri-
das quando aconteceu no Peri (durante) ou pós-natal.
Para conhecer as causas da surdez, teremos como auxílio
os sites (abcdasaude.com.br) e (otorrinousp.org.br).

CAUSAS PRÉ - PARTO

- hereditariedade: é transmitido geneticamente de geração


em geração, particularmente quando existem casos de
surdez na família.

adquiridas pela mãe durante a gestação:

- rubéola: vírus que é transmitido por via respiratória infecta-


da por mulheres grávidas. É a principal causa congênita;

- sífilis: adquirida na relação sexual, esta bactéria pode causar


várias consequências ao bebê;

- toxoplasmose: parasita presente em animais domésticos,


como cachorro, gato etc. A gestante contamina o feto
através da placenta, provocando sérias complicações,
principalmente nos três primeiros meses de gestação e pode
acontecer de o bebê nascer com deficiência múltipla como
surdez, retardo mental e visão subnormal;
36 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- citomegalovírus: vírus herpes que predomina principal-


mente em regiões mais pobres. Dá-se por contágio prin-
cipalmente por falta de cuidados higiênicos. Sua contami-
nação pode acontecer ainda na gravidez ou durante sua
passagem através do canal do parto;

- anomalias craniofaciais: anormalidades morfológicas do


pavilhão auricular e do canal auditivo;

- medicamentos Oto tóxicos: a ingestão de drogas por


mulheres grávidas leva à lesão do ouvido do bebê. Antibi-
óticos, diuréticos e anti-hipertensivos. Além destas medi-
cações, algumas outras substâncias são perigosas e estão
presentes nas fórmulas de produtos domésticos como:
monóxido de carbono, tabaco, mercúrio, álcool, arsênio e
chumbo;
- exposição aos Raios X;
- desnutrição materna;
- incompatibilidade sanguínea: o sangue do bebê (Rh+),
sendo diferente do sangue da mãe (Rh -), pode ocasionar,
futuramente, problemas na saúde da criança.

durante e pós parto:

- herpes: doença sexualmente transmissível mais comum.


A transmissão acontece durante o nascimento e pode até
levar o bebê à morte;

- ruído ocupacional;

- hipóxia: diminuição da oferta de oxigênio para o feto


durante o momento do nascimento;
Língua Brasileira de Sinais - Libras 37

- peso no nascimento inferior a 1,5 quilos;

- medicamentos Oto tóxicos: quando utilizados em múltiplas


doses ou em combinação com diuréticos;

- distúrbios metabólicos;

- ventilação mecânica: o bebê fica exposto por cinco dias


ou mais;

- permanência em incubadora por mais de sete dias;

- infecção por vírus ou bactérias: além da meningite, que


é o maior causador da surdez em bebês, há outros como
sarampo, caxumba e a otite média recorrente ou persis-
tente por mais de três meses;

- traumas acústicos;

- lesões traumáticas: mais comum em traumatismos


crânio-encefálicos;

- presbiacusia: perda auditiva gradual devido ao fator ida-


de, ocorrência mais comum em pessoas com mais de 65
anos.

Surdez por condução:

- excesso de cera no ouvido;

- secreção na orelha média (Otite Secretora ou Otite Serosa);

- infecções agudas do ouvido (Otite Média Aguda);


38 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- infecções Crônicas do Ouvido (Otite média Crônica);

- perfuração timpânica, erosões dos ossículos;

- otosclerose ou aderências: Imobilização de um ou mais


ossos do ouvido;

- tumores na orelha média.

Northern e Downs (1996 apud PEDROSO, 2006, p. 48)


Uma em cada mil crianças nasce com surdez. Além disso,
duas em mil adquirem a surdez na infância. No caso de as
crianças possuirem fatores de risco para a surdez, essa
proporção aumenta para uma criança em cinquenta.

Como vimos, são muitas as doenças que podem induzir a


surdez em crianças e adultos. Percebe-se que a maior incidência é
através da mãe, a qual deve manter seus cuidados até mesmo
antes da gravidez.
Hoje, há vários diagnósticos e avaliações para um atendimen-
to mais eficaz, contudo, a preven-
ção e a detecção precoce são de
fundamental importância para mi-
nimizar suas consequências.
Após o nascimento de um
bebê, deve ser feito, de preferên-
cia em sua primeira semana de
vida, o Teste do Pezinho, que é um exame de prevenção reali-
zado no recém-nascido com a finalidade de prevenir o desen-
volvimento de doenças e permite identificar doenças graves
que podem causar na criança. Todas as mães e pais podem
e devem cobrar dos gestores municipais que disponibilizem
Língua Brasileira de Sinais - Libras 39

o exame grátis nos postos de saúde, mas, este teste não é um


exame que diagnóstica uma surdez. Vários municípios do Brasil
disponibilizam gratuitamente o Teste da Orelhinha (triagem
auditiva neonatal).
É um programa de avaliação da audição
em recém nascidos, indicada por institui-
ções do mundo todo para diagnóstico pre-
coce de perda auditiva.
Já as Emissões Oto acústicas Evocadas (EOAs) são indo-
lores, com a colocação de um pequeno fone na parte externa
do ouvido, com a duração médica de 3 a 5 minutos. Este sim é o
primeiro exame a ser feito que pode diagnosticar a surdez ou
um futuro problema de audição. Precocemente diagnosticado,
a criança terá maiores condições no desenvolvimento da língua
escrita e falada.

Além destes exames, vamos conhecer outros que


poderão ser indicados:

- audiometria de tronco cerebral (BERA): avalia a audição


periférica e a condução nervosa até
o colículo inferior. É uma técnica não
invasiva e objetiva, que pode ser
aplicada em adultos e crianças de
qualquer idade. O BERA é realizado
dentro de uma cabine acústica, e utiliza
3 eletrodos de superfície, colocados
Fonte: www.otorrinos24horas.com.br
na fronte e mastóides. O resultado é
expresso em um audiograma, que é um gráfico que revela as
capacidades auditivas do paciente;
- imitanciometria: neste exame, uma pequena sonda é
posicionada, de forma indolor, na entrada do conduto audi-
tivo externo do paciente. Neste exame, consegue-se ob-
ter dois tipos de testes:
40 Língua Brasileira de Sinais - Libras

• timpanometria, que avalia a complacência da orelha


média, ou seja, a condutância sonora das estruturas
das orelhas externa e média

• reflexo estapédico, que avalia a integridade do arco


reflexo estapediano e, por consequência, de forma
indireta, as estruturas das orelhas média e interna,
nervo auditivo e tronco cerebral. É de extrema
utilidade para o diagnóstico das otites catarrais
crônicas em crianças.

As classificações da surdez dependem da lesão no ouvido


e de acordo com seu período ou época em que ocorreu a perda
da audição.

TIPOS DE SURDEZ

Surdez Pré Verbal


São os surdos que nasceram ou perderam a audição antes
de terem desenvolvimento da fala e da linguagem.
Surdez Pós Verbal
São aqueles que perderam a audição após o desenvolvimento
da linguagem.

Se você perceber alguém que troca de letras na fala e


na escrita, com dificuldade de aprendizado, desatento, sem
amizades e sempre isolados, isto pode ser um indicativo de
um problema na audição. Encaminhe-o para um especialista
em otorrinolaringologia.

Surdo Cegueira
É uma deficiência que apresenta a perda da audição e da
visão simultaneamente, impossibilitando o uso dos sentidos criando
necessidades especiais de comunicação e causa extrema dificuldade
na conquista de metas educacionais, vocacionais e sociais.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 41

Alguns portadores de surdo cegueira são retraídos e


isolados, pois, se deparam com a dificuldade de se comunicar,
não apresentam curiosidade, normalmente apresentam problemas
de saúde que acarretam sérios atrasos no desenvolvimento, não
gostam do toque das pessoas, não conseguem se relacionar
com as pessoas se encontram dificuldade na habilidade com a
alimentação e com a rotina do sono, têm problemas de discipli-
na, atrasos no desenvolvimento social, emocional e cognitivo e
o mais importante, desenvolvem estilo único de aprendizagem.
(HONORA, s/d, p. 122).

Durante este capítulo, podemos conhecer a classificação


da surdez e o tipo de surdo. Pois bem, para todo esse retrospecto,
há motivos para que essas reduções ou perdas auditivas aconteçam
e para cada uma questionamos: Quando?

HONORA (s/d, 25-35), em diversos momentos apresenta


algumas informações quanto a:

CLASSIFICAÇÃO:

• surdo cegueira total;


• surdez profunda com resíduo visual;
• surdez moderada ou leve com cegueira;
• surdez moderada com resíduo visual;
• perdas leves, tanto auditivas quanto visuais.

TIPOS:

• cegueira congênita e surdez adquirida;


• cegueira e surdez adquirida;
• surdez congênita e cegueira adquirida;
• baixa visão com surdez congênita ou adquirida;
• cegueira e surdez congênita.
42 Língua Brasileira de Sinais - Libras

CAUSAS:

Alguns problemas e doenças podem causar surdo cegueira,


como:

• icterícia;
• prematuridade;
• sífilis congênita;
• meningite;
• síndrome de West;
• anóxia;
• fator RH negativo;
• glaucoma;
• síndrome de Usher;
• toxoplasmose;
• consanguinidade.

FATORES DE RISCO:

• epidemias de doenças como rubéola, sarampo, meningite;


• doenças venéreas;
• infecções hospitalares;
• gravidez de risco;
• Falta de saneamento básico.

Para Refletir

• Discuta com seus colegas: como podemos contribuir


para a prevenção da surdez?
Língua Brasileira de Sinais - Libras 43

1.4 INICIAÇÃO À LÍNGUA

Neste conteúdo, vamos iniciar os conhecimentos da língua


propriamente dita, necessitando de sua intensa leitura e prática
sobre os conhecimentos passados.

ALFABETO MANUAL

O alfabeto manual é produzido por diferentes formatos


das mãos, que representam as letras do alfabeto escrito. Assim
também, tem uma função específica para apresentação pessoal,
“escrever” ou fazer a DATILOLOGIA no ar, o nome de pessoas e
lugares ou elementos que ainda não têm sinal. Em geral, é um
erro comparar o alfabeto manual com a Língua de Sinais.
Quando houver necessidade de fazer a datilologia de pa-
lavras compostas ou de duas ou mais palavras seguidas, entre
uma palavra e outra, dê uma pequena pausa (conte mentalmente
até dois) e faça a palavra seguinte.
Você conhecerá Intérpretes e até mesmo Surdos que usa-
rão o “empurro das palavras” (um tapinha no ar) para separar pa-
lavras, mas este método não se usa mais, hoje ele é comparado
ao braço da máquina de escrever, onde se deve dar um empur-
rão para dar início à linha de baixo.
44 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A B C D E
A B C D E

F G H I
F G H I

JK L m
J K L M

N OP Q
N O P Q

R S T U V
R S T U V

XY W Z
X Y W Z
Língua Brasileira de Sinais - Libras 45

Quem é quem?

Renan
01 – Chico
04 ( )
02 – Carlos
15 ( )patricia
05 ( ) marilene
03 – Joyce

04 – Renan
16 ( ) Marisa
17 ( ) Jose
05 – Marilene

11 ( ) juninho
06 – Maria

14 ( )priscila
07 – Joyene

3 ( ) joyce
08 – Carol

9 ( ) reg is
09 – Regis

7 ( ) joyene
10 – Denis

11 – Juninho 2 ( ) carlos
12 – Juliano 13 ( ) marcio

13 – Marcio 6 ( ) maria

14 – Priscila 8 ( ) carol

15 – Patricia 12 ( ) julian o

16 – Marisa 10 ( ) Denis

17 – José 1 ( )Ch ico

18 – Lourdes 18 ( ) lourd es
46 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Praticando a datilologia (alfabeto manual)

Escreva o nome das palavras que se encontram no alfabeto manual.

Prato:
Prata:
Pato:
Mata:
Carro:
Amiga:
Viajar:
Longe:
Homem:
Sa boroso:
Língua Brasileira de Sinais - Libras 47

Puxar:
Caçar:
Tele fonar:
DICA:

Para desenvolver com mais agilidade o alfabeto manual, pegue um livro


e acompanhe o texto com as mãos. Você deverá fazer a datilologia de
todas as palavras. Faça de forma clara e sem pressa. Rapidez nas mãos
não é prova de conhecimento. As configurações bem feitas em suas
mãos valem mais que a velocidade.

NÚMEROS

Em números, há uma especificidade entre as formas de fazer.


Fique atento às duas formas, elas são importantes e farão diferenças
em seu aprendizado.
Temos os números cardinais DICA:
representativos de códigos, ou seja, Para fazer os números
serão descritos em contextos como: com mais de uma casa
número de casa, horas, idade, dinheiro, decimal, você faz os
número de roupas e calçados, número números na ordem
da sala de aula, explicativos, classifica- repedindo-os em sinais.
dores, ordem de chegada, etc.
48 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Veja como são eles:

1 2 31 2 3

4 5 64 5 6

7 8 97 8 9

0 0
Agora vamos trabalhar com os números:

Sem pesquisar a folha anterior, efetue as operações.

1 2 + 35 =
987 + 1 248 =
Língua Brasileira de Sinais - Libras 49

1000 + 6547=
9987 - 5421 =
14257 - 254 =
65 X 31 =
9x7=
585 x 641=
8 975146 : 2 =
465164 : 7 =
2196 : 2196=
Acrescente o antecessor e sucessor dos números.

4 51
66574
21 21524
50 Língua Brasileira de Sinais - Libras

37
219
654
999
6477 87
11 247 8
531841
3000
6187708
Outra forma de expressar os números é através dos
numerais que usamos exclusivamente em contextos relacionados
a quantidades como, por exemplo: 2 lápis, 5 livros, 1 casa, 3
amigos, etc..
Língua Brasileira de Sinais - Libras 51

Veja a seguir com é feita a datilologia dos números:

ABAIXO DAS MÃOS, ESCREVER OS NÚMEROS


CORRESPONDENTES.

Após conhecer os números e suas estruturas, escreva (V)


verdadeira ou (F) falsa nas estruturas com números cardinais e
numerais.

( ) Moro na rua 21 de Abril número 118 .


( ) Tenho 2 celulares.
( ) Brinquei com crianças de 1 2 anos.
( ) Tenho 7 anos e 2 meses.
( ) Comprei 32 livros.
DICA:

Assistir aos vídeos relacionados aos conteúdos é de grande importância


para o aprendizado diário, portanto, não deixe de fazer suas observações
quantas forem necessárias. Não fique em dúvida, você tem várias
ferramentas que possam lhe auxiliar.
52 Língua Brasileira de Sinais - Libras

( ) Nas bibliotecas da UNIT há mais de 290 mil exemplares


de livros.

( ) Estaremos de 8 h. às 22 h. para lhe atender.


( ) Este carro custou R$ 65 mil.
( ) Encontrei com 2 amigas e 1 amigo da faculdade UNIT.
( ) Compre 10 quilos de carne para o churrasco.

Para Refletir

• Você acha que com apenas o alfabeto manual nas mãos


é o suficiente para atingirmos a comunicação ideal para
com os surdos?

• Reflita, opine e discuta no Fórum do AVA suas ponderações


sobre a reflexão.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 53

Resumo

Diante das tantas informações e curiosidades buscadas


para atender o processo de aquisição de conhecimento, comuni-
cação e atendimento às pessoas com surdez, podemos perceber
que a Língua Brasileira de Sinais vem, historicamente, ganhando
seu espaço junto à comunidade brasileira, assim, já obtendo suas
nomenclaturas atualizadas a favor de conceitos e de uma nova
ideologia voltada aos surdos. A anatomia do ouvido e suas pato-
logias é algo inegavelmente necessário para nosso conhecimen-
to, pois, trazem respostas importantes para o desenvolvimento e
aprendizado das pessoas com surdez. Observa-se que estamos
iniciando a prática para nos comunicar com os surdos, e é atra-
vés do alfabeto manual e os números que se pode inicialmente
estimular um contato inicial. É importante que esta iniciação seja
plena para podermos prosseguir nos estudos linguísticos da
Língua Brasileira de Sinais.
2 Estudos Linguísticos

O objetivo temático presente é conhecer as estruturas


gramaticais da língua de sinais dando embasamento para a criação
do contexto, além de auxiliá-lo no encaixe dos parâmetros com
os devidos movimentos dos sinais que encontraremos.

2.1 LÉXICO, VOCABULÁRIOS ICÔNICOS E ARBITRÁRIOS

Segundo Brito (1995), a Língua Brasileira de Sinais é


constituída a partir de elementos de uma gramática formada
das palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam
a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos
que apresentam características próprias e elementos básicos
gerais. Essas estruturas, nos permitem fazer ironias, ditados
populares e sentidos metafóricos.
56 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Léxico
Muitos pensam que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é
apenas a comunicação através do alfabeto manual.
Várias pessoas falam que sabem se comunicar através
da Libras, mas, na verdade, sabem apenas o alfabeto manual e
acham que soletrar letra por letra (datilologia) em Libras já é a
própria língua. Como por exemplo:

M-E-U N-O-M-E É ...


E faz toda esta frase através do alfabeto. Isso
não é Libras.

Podemos ser mais claros.


AMIGO
A – M – I – G – O (não é Libras)

(em Libras) AMIGO


TELEVISÃO
T–E–L–E–V–I–S–ÖO
Soletrar em alfabeto manual não é Libras

FRANGO, este é o sinal em libras.


No entanto, Libras não é a escrita através
do alfabeto manual de uma palavra em Portu-
guês. Em escolas infantis virou moda e brinca-
Sinal de televisão
(isto é Libras) deira falar com as mãos e Libras é muito mais
do que isso. Podemos compa-
rar a soletração manual com as palavras que
pegamos emprestadas do inglês como, por
exemplo, “e-mail”.

Frango (isto é Libras)


Língua Brasileira de Sinais - Libras 57

Acima podemos perceber que o empréstimo da palavra


em Português está soletrado. Os sinais em si, são o léxico ou
itens lexicais.
O alfabeto manual é um recurso usual e é oportunizado
nos momentos de expressar nomes próprios, lugares, palavras
desconhecidas ou, então, um meio de conferir a ortografia em
Português.

Sinais Icônicos e Arbitrários

Icônicos:
Qualquer leigo conseguiria entender este tipo de sinal. São
sinais visualmente característicos com o que estamos acostumados
a ver pela rua. Eles não são universais, mas transmitem o real.
Posso falar com toda certeza que ao menos 100 palavras
em sinais você já conhece, mesmo antes de terminar este livro.

Quero que você imagine e reflita qual sinal que poderia


ser encaixado neste desenho:
58 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Nas palavras abaixo, reflita como poderiam ser os sinais:

Tchau Mais ou menos


Quantas horas Telefone
Correr Fotografar
Depois To nem aí
Louco Chorar
Macaco Dormir
Mau cheiro Dinheiro
Andar Beijar
Coceira Corpão
Escovar dente Bebê
Forte Calor
Carona Varrer
Ladrão Revólver
Pescar Cigarro
Tonto Noivo
Chapéu Não

Como você já viu as palavras e fez os sinais, agora verá


alguns sinais para você pensar qual é a palavra.

Garfo

Beber

Sorvete
Língua Brasileira de Sinais - Libras 59

Acredito que não encontrou dificuldade para idealizar os sinais


e nem para acertar as palavras dos sinais acima. Além destas, há
muitas outras que certamente você saberia fazer, mas nunca
pararam para pensar como são.

Arbitrários:
Os Sinais Arbitrários não parecem com a realidade, neces-
sitará um pouco mais de conhecimento da Língua de Sinais para
conhecê-los e desenvolvê-los. São sinais sem regras e não
possuem formas convencionais. Na verdade, um leigo verá o
sinal e não entenderá nada do que está sendo dito.
Tente imaginar como seriam os sinais das palavras: água,
tio, idade, queijo, amante, solteiro e conhecer. Você pode ter ima-
ginado vários movimentos, sinais estranhos e cômicos, mas, não
conseguirá se aproximar do correto, suas tentativas serão mais
difíceis do que ganhar na loteria porque estes sinais não se parecem
em nada com sua realidade.

Para você entender melhor o que são Sinais arbitrários,


verá alguns sinais e, assim, tente descobrir qual é a palavra:

Professor

Ônibus

Barata
60 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Conseguiu decifrar os sinais?

Vamos lá, vou lhe ajudar...

Na primeira figura, vou dar uma dica: é um inseto. Os dedos


estão relacionados às antenas do inseto.

Ficou fácil não é? “barata”.

Na segunda e terceira imagens relacionam-se os sinais de


“professor” e “ônibus”. Você pode observar que estes sinais não
são semelhantes com o real, portanto, são sinais arbitrários.

Leão Coco Juros

Para Refletir

• De forma simples, léxico é comparado a que na língua de


sinais?

• Reflita de forma ampla sinais icônico presentes em sua


vida.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 61

2.2 ESTRUTURAS SUB-LEXICAIS E SUAS EXPRESSÕES NÃO


MANUAIS.

Segundo Felipe (apud QUITES, s/d, p.1), “o sinal é formado


a partir da combinação do movimento das mãos com um deter-
minado formato em um determinado lugar, podendo este lugar
ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo”.
Podemos comparar os fonemas e, às vezes, os morfemas as
articulações das mãos as quais são chamadas de PARÂMETROS.
As estruturas sub-lexicais, fazem parte da gramática da Lín-
gua de Sinais. Esta estrutura compõe-se de 5 parâmetros.

CONFIGURAÇÃO DAS MÃOS (CM)


São as formas, as configurações, os desenhos que as mãos
tomam na realização do sinal. Podem ser oriundas7 do alfabeto
manual e dos números ou em outras con-
figurações não oriundas feitas pela mão 7 Configuração
predominante do emissor. originada do alfabeto

Iremos identificar a mão predomi- manual.

nante como sendo aquela com a qual que


temos mais facilidade de movimentação: mão direita para os
destros e mão esquerda para os canhotos.

O sinal de “TV” tem a configuração de


mão em “L”.

No quadro a seguir você verá diversas


configurações apresentadas em Libras.

Sinal de televisão
62 Língua Brasileira de Sinais - Libras
Língua Brasileira de Sinais - Libras 63

PONTOS DE ARTICULAÇÃO (PA)


São os lugares de onde a mão predominante configurada
se aproxima ou incide.

Podemos incidir a mão configurada nos seguintes pontos:

- Cabeça: queixo, boca, nariz, olhos, testa,


bochechas, orelhas, maçã da face.

- Tronco: cintura, barriga, busto, pescoço,


ombro.
Admirar

- Braço: pulso, antebraço, cotovelo,


braço.
Ter
- Mão: palma da mão, dorso da
mão, dedos (polegar, indicador, mé-
dio, anelar e mínimo).

(Acostumar)

- Espaço Neutro: A frente do tronco ou acima


da cabeça.

(Roubar)
(Trabalhar)

Os Pontos de Articulação são cabeça,


tronco, braço, mão e espaço neutro, as es-
pecificações seguintes aos pontos são
apenas uma referência para você se
localizar mais precisamente.

Exemplo: Eu não posso falar que o Ponto


de Articulação de uma tal palavra é testa e sim cabeça, pois, a
mão configurada em “4” está no ponto de articulação “cabeça”.
64 Língua Brasileira de Sinais - Libras

MOVIMENTO (MV):
Na Língua de Sinais, as mãos do sinalizador representam o
objeto, enquanto o espaço é a área onde se realiza o movimento.
Portanto, para a realização do movimento, é preciso haver um
Objeto e um Espaço.
Analisa-se o movimento por: tipo, direção, maneira e fre-
quência das mãos configuradas.

- Tipos:
Busca o contato, interação, contorno e movimento das
mãos.

Contato
Exemplos
Deslizamento Quente
Tocar Experiência
Agarrar Músculo
Riscar Coitado
Pincelar Varrer
Escovar Lavar roupa
Ligação Unir

Interação
Exemplos
Alternado Discutir
Cruzado Fugir
Inserção Dentro
Aproximação Combinar (acordo)
Separação Longe
Língua Brasileira de Sinais - Libras 65

Contorno
Exemplos

Circular Solteiro

Semicircular Antes

Helicoidal Todo dia

Sinuoso Sempre

Movimentos das mãos


Exemplos

Desdobramento simultâneo dos dedos Demitir


Dobramento simultâneo dos dedos Saber
Abertura simultânea dos dedos Bruto
Fechamento simultâneo dos dedos Cheirar
Abertura gradativa dos dedos Madrugada
Fechamento gradativo dos dedos Roubar

- Direção:
Os movimentos podem ser analisados de quatro formas
quanto aos seus direcionais.
O direcionamento auxilia a quem estamos apontando, por
exemplo, EU TE AJUDO faz o sinal direcionando a quem irá aju-
dar enquanto VOCÊ ME AJUDA a direção do sinal é de quem vai
ajudar para quem está fazendo o sinal.

• Não direcionais é sem movimento, são paralisados junto


ao corpo, como:
66 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Sentimento
Admirar
• Culpado
Rei

• Unidirecionais, movimentam apenas para uma direção.

Para direita Morrer

Para esquerda Camarão

Para baixo Deficiente

Para cima Deus

Para frente Ir

Para trás Por favor, com licença

Para o centro Pequeno

Para as laterais Amplo

• Bidirecionais, movimentam em direções diferentes e


simetricamente com uma ou duas mãos.

Para frente e para trás Comparar

Para cima e para baixo Nunca, político

Para direita e para esquerda Sanfona, não


Língua Brasileira de Sinais - Libras 67

• Multidirecionais, sinais que se utilizam em várias direções


e exploram vários itens lexicais, como os sinais a seguir:

Incomodar
Chato
Amolar

DICA:
Acesse o dicionário virtual:
http://www.acessobrasil.org.br/libras
e veja os sinais das palavras em exemplo.
Este site será seu grande amigo.

- Maneira:
Refere-se à velocidade e tensão do movimento.

• Velocidade e tensão positiva – Um sinal feito com uma


velocidade mais intensa e tensão do início ao fim.

Ex.: Rápido

• Velocidade e tensão negativa – Sinal mais vagaroso e


frouxo.

Ex.: Calmo

- Frequência:
Destaca a repetição do movimento.

• Simples – Sinais com apenas um movimento ou que não


necessita de várias movimentações com a mesma mão
configurada para originar o sinal.

Ex.: Sentar, responder.


68 Língua Brasileira de Sinais - Libras

• Repetido – Necessita de uma série de repetições para


que o sinal tenha originalidade.

Ex.: Combinar (programar), namorar.

ORIENTAÇÃO (OR)
Tende a nos facilitar para melhor compreender. Quando um
sinal tem sua direção e há uma inversão, significa a oposição,
contrário ou concordância.
EXPRESSÃO FACIAL E /OU CORPORAL (EFC)
As expressões facio/corporais são componentes extre-
mamente importantes para qualquer transmissão em Língua de
Sinais.
Os quatro parâmetros, com auxílio deste quinto, formam-se
os sinais.
No conjunto destes elementos, conseguimos chegar à
totalidade das informações desejadas com as mãos, ou seja, é
possível falar, rir, discutir, chorar com as mãos.

Palavra CM PA MV OR EFC

Ter L Tronco Peito -

Triste Y Cabeça • Queixo Tristeza

Dorso da
Cinza C Mão -
mão

Aeroporto Y Braço Braço Soprar

Espaço A frente do
Avião Y Soprar
neutro tronco
Língua Brasileira de Sinais - Libras 69

EXPRESSÕES NÃO MANUAIS


Também chamadas de Expressão Corporal e Facial, funciona
como meio visual de reforçar uma ideia que está sendo transmitida
e, em outras ocasiões, chega até mesmo a confundir-se com o
próprio argumento, caso não seja feito similar a palavra desejada.
Assim, a expressão não manual tem como finalidade não só de
incluir aos meios gramaticais, mas primordialmente melhorar a
comunicação com o receptor.
Para sinalizar com eficiência, é preciso saber adequar as
expressões ao contexto, ao ambiente e ao tom da voz transmitida,
e este é um dos pontos que merecem uma atenção constante,
pois você, caro aluno, terá que transmitir através das mãos, do
corpo e da face na mesma tonalidade do orador.
Dentre todas as partes do corpo, a face é a que melhor
detalha a expressão em um contexto, uma vez que é a região
do corpo mais observada pelos surdos. É nela que há diversas
modificações que permitem conduzir uma comunicação eficaz.
Assim, de nada valeria uma sinalização bem feita com as
mãos se acompanhada por uma expressão facial e/ou corporal
inconveniente ou apática.
Vamos lembrar algumas situações que possivelmente você
já percebeu ou passou por elas:
- uma criança vem correndo para os seus braços, a um metro
de chegar ela tropeça. Pense a cara que você fez ou faria.
- Na rua, você olha para o alto e vê que o tempo fechou e
que em poucos minutos vai ‘descer água’ e você está sem guar-
da-chuva. Que cara heim!
- Quando na TV a repórter retrata um assassinato cruel e
ainda mostra as imagens. Qual seria sua reação?
A reação e a ação é um modo de expressão.
70 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para as expressões não


manuais, não apenas a cabeça Quando seus amigos
é fundamental, ela emana tam- estão chateados, tristes
bém a movimentação dos bra- ou alegres, você repara e
ços, pernas e tronco simultane- mesmo sem falarem algo
amente, devendo procurar uma você já capta e comenta:
sincronização do corpo por in- Nossa... “Como você está
teiro. alegre hoje!” ou “Por que
Com o corpo e a face você você está triste?”
consegue transmitir: inseguran- É com a mesma
ça, paz, alegria, arrogância, in- produção que você deve
veja, dor, tristeza, frio, timidez e utilizar na comunicação
vários outros sentimentos. com o Surdo
A expressão facial deve
sempre guardar relação com a
mensagem que se deseja transmitir, e isto se dá pelo fato de que
o semblante funciona como um indicador da sinceridade daquilo
que é falado. Deve atuar como um reforço daquilo que está sen-
do dito, e a melhor maneira de se conseguir falar com convic-
ção e segurança consiste em conhecer tais expressões e saber
utilizá-las adequadamente, algo que somente torna-se possível
através do exercício e da prática, pois, como já disse, a única
maneira de absorver o conhecimento da Libras é treinando-a
frequentemente.

Vamos conhecer alguns métodos:

- inconformidade, abaixa a cabeça e salienta a expressão


negativa (não);

- agressividade, fecha as mãos, fecha um pouco os olhos,


treme a cabeça, ringe os dentes;

- impaciência, caminha ‘de lá pra cá’, soprando.


Língua Brasileira de Sinais - Libras 71

Qual é a expressão?
- postura rígida, tronco bem ereto;
- balançando para um lado e outro com os braços colados
ao corpo;
- sobrancelhas levantadas e boca aberta;
- sobrancelhas abaixadas e dentes cerrados;
- sobrancelhas levantadas, olhos arregalados e lábios cerrados;
- olhos cerrados, boca aberta;
- testa franzida e boca torta para o lado;
- puxar o tronco para trás ou para frente;
- boca em O, olhar de espanto.

Sua face e seu corpo em uma ação ou reação ocasiona uma


expressão não manual espontânea e é nela que você deve espelhar.
72 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para Refletir

• Perceba as expressões que faz parte de nosso cotidiano e


veja qual a que mais se encaixa ao seu perfil.

2.3 MORFOLOGIA E SEUS ESTUDOS INTERNOS

Segundo Quadros (2004, p. 65), Morfologia é o estudo da


estrutura interna das palavras ou dos sinais, assim como das regras
que determinam a formação das palavras. A palavra morfema
significa morfhé, que significa forma. Os morfemas são as unidades
mínimas de significado.
A Língua de Sinais possui também um sistema de estrutura
e formação de palavras como nas línguas orais, caracterizando
quanto ao:

Gênero:
Em sinais, Independente de serem pessoas ou
animais, indicamos o sexo a partir do sinal de
homem e mulher. Uma particularidade en-
volve quando referimos ao modo masculino,
sempre que você sinalizar no gênero mas-
culino, não há necessidade de serem
seguidos pelo sinal de homem. Mulher

Tempo:
Homem O tempo, não correlaciona com o estado do
tempo como chuva, calor, frio e sim com passado e futuro. O
passado é feito com movimento sobre o ombro atingindo atrás
da orelha e quanto mais distante for este passado, mais distancia
e intensidade você coloca no sinal. Já no presente, na maioria
das vezes terá o sinal próprio, mas a intensidade e a expressão
são necessárias para distinguir a proximidade do presente.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 73

Grau:
Diferencia-se pela intensidade, movimento e velocidade
como: (cheio, curto). E outros pela intensidade da expressão
como: (bonito, lindo, bonitinho).

Negação:
Você aluno, está acostumado em seu dia-a-dia de fazer
“NÃO” de várias maneiras, seja, com o dedo ou com a cabeça.
Na Língua de Sinais, além destes dois recursos, temos mais um
que é com o sinal próprio e cada um deles usará em situações
específicas, veja exemplos:

- Com a cabeça: sinal “não precisa” PRECISA, ACREDITAR mais


o movimento negativo com a cabeça.

- Com o dedo: “não pode” (definitivamente) PODE mais o


sinal o não com o dedo.

- Sinal próprio: “não pode” (por enquanto) NÃO PODE,


sinal próprio.

MORFEMAS LEXICAIS E GRAMATICAIS


Os morfemas lexicais ou gramaticais nem sempre formam
palavras equivalentes ao Português.
A partir de suas unidades mínimas de significação, terá os
morfemas em LIBRAS.

LEXICAL GRAMATICAL
Amigo (s) plural
Possibilidade (im) negação
Chorar aos prantos
Fofocar fofocar sem parar

Você utiliza os sinais várias vezes para impor a gramática


fazendo a diferença entre o normal e o aumentativo ou negativo.
74 Língua Brasileira de Sinais - Libras

ASPECTO VERBAL PONTUAL E ASPECTO VERBAL CON-


TINUATIVO
O Aspecto Verbal Pontual distingue-se por se trazer a uma
ação ou evento ocorrido e finalizado em algum ponto bem defi-
nido, enquanto o Aspecto Verbal Continuativo dá a continuidade
e se dá uma outra palavra.
ELE TENTAR FALAR AMIGO ONTEM (Ele tentou falar com
o amigo ontem), concluiu o “tentar”, utilizou apenas uma vez. Se
você utilizar o sinal “tentar até conseguir” ou “tentar sem parar”
EU TENTAR, TENTAR VÁRIAS VEZES FALAR AMIGO (Eu tentei
por diversas vezes falar com meu amigo) refere a
uma ação que tem uma continuidade o “TENTAR”
sofreu alteração.

ITENS LEXICAIS PARA TEMPO E MARCA


DE TEMPO
Na Língua Brasileira de Sinais, não tem os
tempos verbais (conjugação dos verbos)
Tentar como no Português, as palavras vem to-
das no verbo infinitivo (EU BRINCAR, ELE CHORAR, etc). Quando
necessitar marcar o tempo, os itens lexicais ou os advérbios que
irão referir-se o passado, presente e futuro com os sinais de “on-
tem”, “ano passado”, “hoje”, “agora”, “semana que vem”, assim,
não haverá perigo de ambiguidade.
A utilização da expressão corporal neste momento é im-
portante para expressar o passado e futuro, jogando levemente
o corpo para trás quando passado e para frente quando futuro
(ANO PASSADO, ANO QUE VEM). Quanto mais você joga o cor-
po, mais distante é o tempo (MUITOS ANO ATRÁS).
Isso nos faz considerar que realmente a Libras é uma língua
que depende do visual-espacial, é nesta modalidade que explo-
ramos o que está em volta do corpo.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 75

INTENSIDADE E QUANTIFICAÇÃO
A intensidade ocorre quando o sinal conduz movimentos
longos em ritmo ligeiro, ou seja, os sinais são feitos de forma
mais acelerada e força.

Exemplo: CHUVA (feito de forma branda), TEMPESTADE


(feito com intensidade, rápido)

• Usará o mesmo sinal, porém, com mais intensidade e


expressão.

• Já a quantificação é obtida com o uso de quantificadores


como MUITO, repetições sucessivas, várias vezes.

• BATER ATÉ QUEBRAR (sinal de bater, bater, bater,bater


até que quebre).

INCORPORAÇÃO DE ARGUMENTO
O método de incorporação de argumento é muito frequen-
te e visível na Língua Brasileira de Sinais devido às características
espaciais, seria mais obvio ir direto ao real do que interpretar a
palavra e depois explicar o significado dela. Em nossa Língua
Portuguesa, utilizaríamos a mesma entonação, a mesma escrita
mas logo já sabemos a qual sentido e como seria na prática.
Exemplo: em Português, podemos escrever ou falar a
palavra “CAIU”, em uma apreciação poderemos falar “a moto
caiu no asfalto”, “o papel caiu do chão”, “a criança caiu em casa”.
O complemento da frase do verbo “cair”, trás informação da ação
de alguém ou alguma coisa. O “caiu”, torna-se muito variável na
Língua de Sinais, pois, necessita haver transformação em suas
frases de acordo com cada contexto, isso porque o cair de uma
moto, de um papel e de uma pessoa são totalmente diferentes
na realidade, e na LIBRAS corresponderá a um sinal diferenciado.
76 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Vamos ver como ficaria em outro exemplo:

Usando a palavra “CORTAR”, vem em nossa mente várias


frases que poderia encaixar esta palavra. “vou cortar um papel”,
“vou cortar uma árvore” ou “vou cortar o dedo”, estas frases
contêm variantes de incorporação e argumentos.
Vou lhe ajudar a ir mais longe, mas, preciso que você após
esta leitura vá aos recursos do vídeo.

- Como você cortaria um papel? Com tesoura ou com um


estilete?

- Vamos cortar uma árvore juntos? Com que você


gostaria de cortar?

Certamente você não cortaria da mesma forma


que o papel, mas se você pensou em cortar um
tronco desta espessura com um estilete ou uma
tesoura, precisará de bons anos para conseguir derrubá-la.
E o dedo, como seria uma ação do corte? Poderia ser com
caco de vidro, gilete de barbear, uma faca e
até mesmo com uma folha de papel, mas a
ação não será da mesma forma dos cortes
acima e para cada corte há uma série de feitio
diferenciada e isso terá que ser passado ao
surdo de forma clara e eficaz.

FORMAÇÕES DE PALAVRAS POR DERIVAÇÃO E POR


COMPOSIÇÃO
Lembrando que estamos falando da Língua de Sinais, suas
palavras por derivação são formadas através dos sinais e não pela
escrita, e iremos observar que as primeiras palavras são constituídas
Língua Brasileira de Sinais - Libras 77

a partir de seus radicais aos quais se ligam aos afixos ou morfemas


gramaticais. Por este método, vejamos como ficaria a ilustração.
“NÃO QUERER” é derivado do “QUERER” pelo meio de afixo
negativo, “FEIOSO” é derivado do “FEIO” através da expressão
facial, assim como “FEINHO” grau diminutivo utilizado pela
adjunção da expressão facial.
“TENTAR ATÉ CONSEGUIR” explora o aspecto continuativo
e é derivação de “TENTAR”.
O processo de composição pode ser também a união de
dois sinais simples para formar um sinal composto.

O sinal de:
“ESCOLA” necessita de uma adjunção
(CASA + ESTUDAR).

“PAPEL HIGIÊNICO”
(PAPEL + BANHEIRO)

“ALUNO”:
(PESSOA + ESTUDAR)
Para Refletir

• Revendo a Incorporação de Argumento, traga para dentro


da Libras situações que provocariam diversas formas de
expressar com as mãos.

• Sem usar palavras verbais no diminutivo ou aumentativo,


transforme sinais que você já conhece de forma que a
derivação e composição se altere.
78 Língua Brasileira de Sinais - Libras

2.4 DIFERENÇAS BÁSICAS EM LIBRAS

PALAVRAS
Sinais que utilizam a configuração das mãos oriundos do
alfabeto ou números, ou seja, sinais com configuração em “B”,
“P”, “Y”, “2”, “5”etc.

Exemplo: configuração em “D” – TODO DIA, DOMINGO,


EU, DEUS, SILÊNCIOetc.

Configuração de mão em “5”


(QUINTA-FEIRA)

Configuração de mão em “L”


(ONTEM)

As “palavras” deverão ser feitos com a sua mão predomi-


nante e que não tenha o Ponto de Articulação braço e mão.

PALAVRAS SIMPLES
Para as Palavras Simples, não há necessidade da Configu-
ração da Mão ser oriundo do alfabeto ou dos números, mas, de-
verão ser feitos também com a sua mão predominante e não ter
Ponto de Articulação braço e mão.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 79

As configurações poderão ser as seguintes:

Exemplos: Perceba que a mão não tem uma configuração


igual às letras do alfabeto ou dos números.

CAVALO PESSOA PINGA SAL


CACHAÇA
80 Língua Brasileira de Sinais - Libras

PALAVRAS COMPOSTAS
Como já vimos anteriormente no processo de formação de
palavras por composição, as Palavras Compostas são combina-
ções de dois ou mais sinais onde irão formar a palavra.
Não podemos esquecer que a palavra composta na Língua
Portuguesa não interfere a Palavra composta da Língua de Sinais,
uma palavra simples em Português pode formar uma palavra
composta em Língua de Sinais, assim como, uma palavra com-
posta no Português é uma palavra simples na Língua de Sinais,
então não há uma regra que relacione a Língua de Sinais com a
Língua Portuguesa, temos que levar em conta a movimentação
dos sinais, havendo mais de um sinal para uma palavra ela é uma
Palavra Composta.

Vejamos os exemplos:

COMER + NOITE (jantar) CASA + REMÉDIO (Farmácia)

VENDER + CARNE (Açougueiro) TENDA + PALHAÇO (Circo)


Língua Brasileira de Sinais - Libras 81

CAIXA + GUARDAR + GARFO + COISAS (Faqueiro)

PALAVRAS DE DUAS CONFIGURAÇÔES DIFERENTES


São palavras realizadas com dois movimentos diferentes,
ou seja, uma mão configurada não pode ter a mesma configura-
ção da outra mão. Utilizaremos movimentos com as duas mãos
e configurações diferentes ou a mão predominante configurada
sobre o braço como ponto de articulação.

Para você entender melhor, veja os exemplos:

Mão predominante em “F” sobre a outra mão com


outra configuração.
(Férias)

A mão predominante se movimenta de cima para


baixo tendo como base o ante-braço.
(banheiro)

PALAVRAS DE MOVIMENTOS IGUAIS


Palavras com movimentos iguais são as palavras a quais
podem ter dois ou mais movimentos iguais, ou seja, será feito
com as duas mãos simultaneamente e com a mesma Configuração
de Mão independente do movimento ou da orientação. Podemos
falar que são sinais fáceis de sinalizar e de visualizar, temos que
lembrar que a mão predominante deverá estar igual a outra mão
82 Língua Brasileira de Sinais - Libras

que fará o Ponto de Articulação. Então se sua Mão pre-


dominante está configurada em “B”, o Ponto de apoio
deverá também estar em “B”, “B” mão direita e
“B” mão esquerda podemos formar o sinal de
(CASA).

Temos outros exemplos que poderão ser úteis para o seu


aprendizado.

NASCER QUERER PROIBIR

PALAVRAS DE SENTIDOS E SINAIS DISTINTOS


Estas palavras mantêm a mesma escrita no Português, são
Homônimos Homógrafos, isto é, palavras que têm grafia igual e
significado diferente e haverá também sinais díspares, como por
exemplo: MANGA (fruta) e MANGA (camisa); CANTAR (música) e
CANTAR (paquerar); CAIR do skate (verbo) e CAIR na gandaia (festa).

Diante dos exemplos abaixo


Podemos ver a Diferença:

COVA (dente)
ESCOVA

ESCOVA (cabelo)
ESCO
Língua Brasileira de Sinais - Libras 83

BANCO
BANCO (assento) (agência bancária)

PALAVRAS DESSEMELHANTES NA GRAFIA E COM O


MESMO SINAL
Estas palavras poderão conter o mesmo sentido, mas
sua escrita no Português será diferente e terá o mesmo sinal
na Língua de Sinais. Resumindo, teremos o mesmo sinal para
as palavras sinônimas.
Para o sinal de TRISTE conforme o sinal na
figura ao lado pode-se expressar também como:
INFELIZ, ABATIDO, DEPRIMIDO, JURURU,
MAGOADO, DESGOSTOetc.
Além de apenas visualizar o sinal, faça
você mesmo o sinal, repita seus sinônimos junta-
mente com sinal por diversas vezes.

DICA:
Sempre que você encontrar dificuldade em
achar o sinal de uma palavra, procure o
sinônimo dela, em Libras terá o mesmo efeito.

Vejamos mais alguns exemplos:

CALMO, PLÁCIDO, SERENO,

TRANQUILO, SOSSEGADO.

MEDO, RECEIO, TEMOR,

AMENDRONTADO, ASCO.
84 Língua Brasileira de Sinais - Libras

FRASES COM APENAS UM SINAL


São frases que poderemos fazer com apenas um sinal. Este
sinal será relevante ao que o contexto condiz e será acompanhada
da expressão facial e ou corporal.

Temos como exemplo várias frases interrogativas:

- Quantos anos você tem?


Sinal de IDADE + expressão interrogativa [?] (levante as
sobrancelhas e o queixo)

- Onde você mora?


Sinal de CASA + expressão [?]

- Qual é o seu nome?


Sinal de NOME + expressão [?]

- Qual é o seu sinal?


Sinal de SINAL + expressão [?]

DICA:

Não deixe de assistir os vídeos e reveja quantas vezes for


necessário, lá você verá diversos exemplos que poderá lhe
ajudar a aprender melhor. As anotações de suas dúvidas
poderão ser úteis em sua monografia.

Para Refletir

• Juntando todas estas diferenças em palavras, monte uma


frase sua contendo pelo menos 3 tipos de palavras e destina
ao AVA para discutirmos com os demais colegas.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 85

Resumo

Os estudos lingüísticos da Língua Brasileira de Sinais proje-


tam o conhecimento para diferenciar a Língua de Sinais do Por-
tuguês, e compreendemos as estruturas dos sinais “populares”
como os sinais icônicos e dos sinais arbitrários que deverão ter
seus fundamentos estudados. As estruturas sub-lexicais e suas
expressões trata a primeira parte teórica da Língua de Sinais
obtendo 5 parâmetros importantes na compreensão dos sinais,
tendo como quinto elemento, a expressão corpo facial, um au-
xílio a toda estrutura contextual da Libras. A morfologia e seus
estudos internos determinam a estruturação das palavras quanto
ao seu gênero, tempo, grau e negação determinando suas in-
corporações que conduz aos movimentos ideais. Observado as
diferenças básicas em Libras, conhecemos os diversos tipos de
palavras dentro da Língua Brasileira de Sinais, facilitando assim a
compreensão da língua.
SURDEZ: INTERAÇÃO E
IMPLICAÇÕES
Parte II
3 Surdez e Interação

Na unidade anterior, tivemos o embasamento da língua de


sinais, seus auxílios, dicas de como superá-la e aprendê-la. A
partir de agora, iremos interagir conectando estas duas partes,
pois uma não se faz sem a outra.
Esta modalidade espaço-visual é, além de gratificante, gostosa
de aprender e comunicar.

3.1 ASPECTOS COMUNICATIVOS CORPORAIS E CLASSIFICADORES

A Comunicação Corporal é um artifício de interação com


o qual compartilhamos mensagens, sentimentos, emoções e
ideias, podendo influenciar o comportamento das pessoas que,
por sua vez, reagirão a partir de suas crenças, valores, história
de vida e cultura.
90 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A comunicação servirá para seu dia-a-dia desempenhando


diversas atividades. Dentre elas, a sua função como educador,
colaborador ou intermediador, exigindo uma habilidade que ten-
de a facilitar o alcance dos objetivos que é passar a informação.
Por considerarmos afirmativas essenciais para o aprimo-
ramento profissional, a linguagem não-verbal será um meio de
interação que possibilitará ao surdo compreender seus efeitos e
suas inúmeras mensagens manifestadas corporalmente.

ASPECTOS COMUNICATIVOS CORPORAIS


A linguagem corporal, através da Língua de Sinais, tem um
grande valor para a comunicação espaço-visual e sempre deverá
ser inserida aos sinais destacando realidades e expressões diver-
sas a fim de potencializar e auxiliar na clareza da contextualiza-
ção dos sinais.
A voz do corpo (linguagem corporal) proporciona um su-
primento eficaz, objetivo, assertivo e contribui para a clareza da
mensagem, tornando-a real. O anseio positivo e o impacto facial
e corporal são fundamentais em um contexto e poderão ser uti-
lizados a todo momento em uma interpretação, porém, deverão
ser adequados ao ambiente, ao momento e à mensagem.
Este tipo de linguagem aproxima o comunicador da Libras
ao surdo, repassando qualquer sentimento e emoção positiva
ou negativa. Ao recebermos um feedback
8 FEEDBACK: É o
positivo do surdo, conseguimos nos auto-
retorno visual positivo
analisar, com isso, ganhamos indiretamen-
ou negativo do espec-
te um incentivo para continuarmos nos co- tador sobre o desem-
municando com as mãos e com o corpo. penho da pessoa que
Para você manter um padrão de exce- passou a informação.
lência em linguagem ou expressão corpo-
ral, terá que entender e valorizar a forma de interação dos surdos.
Falar com o corpo é expressar sentimentos, emoções e
transmitir mensagens, cujos significados são influenciados pelo
Língua Brasileira de Sinais - Libras 91

contexto. O conhecimento deste recurso é um meio de ampliar


a percepção de quem realmente precisa e é mais um instrumento
para melhorar a qualidade da conversação da Língua de Sinais.

IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM CORPORAL


Você já deve estar cansado(a) de saber da importância da
expressão facio/corporal. Além disso, é importante que você
também tenha conhecimento da sua influência e da maneira
como empregá-la corretamente.

“É preciso valorizá-la, observá-la e utilizá-la.”

Como profissionais que estarão em constante interação


com outras pessoas, vocês deverão se lembrar das diferentes
crenças, valores e culturas que permeiam estas relações e estar
conscientes da influência que sofremos e exercemos, mutua-
mente, através da linguagem corporal.
A trajetória da expressão corporal pode transformar as
interações em situações de “troca”, que venham a ser enri-
quecedoras para os envolvidos no processo de comunicação.
A busca de uma solução reflexiva é que resgata e valoriza
a Interpretação e a construção de seu conhecimento. Assim,
a comunicação visual é o instrumento mais importante do ser
surdo. Somente com este tipo de comunicação ele pode perceber
as mensagens implícitas. ou explícitas.

FUNÇÃO DA LINGUAGEM CORPORAL


Como já disse no início do capítulo, a função da linguagem
corporal é expressar, através do corpo, emoções, sentimentos,
reações de forma que os surdos consigam assimilar o sinal com
a expressão, desempenhando um papel de suma importância no
contexto da comunicação.
Ao observarmos o simples modo de se vestir das pessoas,
de andar, de falar e promover atitudes diferenciadas saberemos
se estão ou são alegres, tristes, cansadas ou oprimidas.
92 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Muitas vezes, a comunicação não-verbal modifica o significado


da fala, ou seja, a mensagem verbal é contrária ao que é ex-
presso pela comunicação corporal, mas se bem utilizada será
muito mais fácil o entendimento de seu aluno, paciente, cliente,
amigo.

EXPRESSÃO E MOVIMENTO
As expressões e movimentos do corpo são formas com-
plexas de comunicação, interação e de manifesta sentimentos,
vontades, emoções e exterioriza conteúdos.
Leitor, as expressões no quadro a seguir são apenas indícios,
e a linguagem corporal deve ser sempre interpretada dentro do
contexto comunicativo.

Expressões não verbais Possíveis Interpretações


Roer unhas, esfregar as unhas Ansiedade, insegurança
Parar com as mãos na cintura Incompreensão, agressividade
Levantar o nariz e virar o rosto Superioridade, Orgulhoso
Coçar sobrancelhas, curvar o
Cansaço, aborrecimento
tronco
Braços cruzados no peito Defensiva
Dedo indicador na fronte ou
Avaliação, pensamento.
coçar o queixo
Andar com as mãos nos bolsos, Falta de entusiasmo,
olhando para baixo desmotivado.
Mãos fechadas, rugir os dentes Frustração, ódio.
Coçar a testa, olhos fechados Avaliação negativa
Andar de um lado para o outro Impaciência.
Desviar o olhar Desconfiança

“O movimento corporal se faz palavras para aqueles que estão


atentos e envolvidos na comunicação.” (CORRAZE, 1982, p. 37).
Língua Brasileira de Sinais - Libras 93

A literatura em geral não conceitua especificamente a lin-


guagem corporal, mas Corraze (1982, p. 37) adverte que “quan-
do se mostra a existência de formas universais nas mensagens
não-verbais, não se pode deixar de pensar que a cinésica9 só
estuda uma parte delas.” Isto é, no processo de comunicação
não-verbal, é necessário muito mais do que apenas a linguagem
do corpo. Há que se considerar o tom da voz, o espaço utilizado,
o toque e os fatores do ambiente inseridos
9 Cinésica: falar
em um determinado contexto. O signifi- sem ser exclusivamente
cado atribuído vai depender de todos estes pela palavra oral.
elementos interrelacionados.

COMUNICAÇÃO E SURDEZ
A pessoa com surdez adquire sua linguagem corporal
naturalmente. É uma característica própria dos surdos, além
de adquiri-la também se ao relacionar com outras pessoas.
Para Piaget, a linguagem é um sistema para representar a
realidade. É ela que torna possível a comunicação entre as pessoas,
a transmissão de informação e a troca de experiência.
Situações espontâneas de relacionamento entre pais,
amigos, professores podem realizar estimulação e interação
através da linguagem corporal, mantendo, assim, sua atenção
e ajudando-os a se expressar por atitudes corporais e, sequen-
cialmente, transforma-las em auxílio para os próprios sinais.
A partir do momento em que uma pessoa com surdez
percebe que suas expressões tomam um progresso e se tor-
na necessidade para a comunicação diária, passa a espelhar
involuntariamente todo seu estigma através de sua face, seus
gestos e seu corpo, passando a explorar cada vez mais estes
recursos.
94 Língua Brasileira de Sinais - Libras

PANTOMIMA
Muitos confundem expressões corporais, expressões faciais,
sinais, gestos e pantomima, dizendo que tudo faz parte da Língua
de Sinais.
A pantomima na verdade é um teatro gestual que utiliza o
mínimo possível de palavras oralizadas e faz um maior uso de
gestos. É uma artifício de narrar com o corpo em modalidade
cênica, excelente para comediantes, cômicos, atores, etc. É uma
representação praticamente universal entendida facilmente por
todos.
Esta modalidade não está ligada à Língua de Sinais, pois,
costuma ser exagerada e chama muito a atenção de quem vê,
mas, pode ser um bom suporte para ajudar o surdo a se desprender
da timidez e começar a fazer expressões de forma mais natural,
uma vez que as expressões faciais e corporais são recursos mais
difíceis na comunicação da Libras

CLASSIFICADORES
Com este recurso sim podemos falar que conseguiremos
atingir a língua de forma que os surdos de qualquer lugar do
mundo compreendam a língua.
O classificador é um feitio que estabelece um tipo de
concordância em que suas configurações de mãos se referem
à pessoa, animal e objetos e funcionam como marcadores de
concordância.
Você, aluno(a), já sabe que para a Língua de Sinais a
reprodução, a forma, a descrição, o movimento e sua relação
espacial são essenciais, tornando mais intensos e perceptíveis
os significados do emitir.
BRITO (1995, p. 103) diz que os classificadores funcionam
como parte dos verbos em uma sentença, sendo chamados verbos
de movimento ou de localização, indicando o objeto que se move
ou é localizado.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 95

Os classificadores são representados por configurações


específicos de mãos ligadas às expressões corpo/faciais, logo,
nada têm em comum com mímicas.
Os classificadores tornam mais vivo e compreensível o sig-
nificado do que se quer proferir representando por uma adjeti-
vação descritiva, a qual atribui quanto ao seu tamanho, forma e
espessura.

Para classificadores de animal e pessoa poderá haver singular


sinalizando com apenas uma mão ou um dedo fazendo o movimento
(UMA PESSOA CAMINHANDO) e no plural, marcado por duas ou
mais pessoas ou animais simultaneamente com as duas mãos
ou com dois dedos (DOIS LEÕES ANDANDO), sequencialmente
relacionando a forma de andar do animal.
Os classificadores, na maioria das vezes, representam
características físicas do referente como o nosso próprio
comportamento ou movimento, o que confere grande flexibi-
lidade denotativa e conotativa aos sinais.

Veja algumas frases que devem ser feitas de forma


diferenciada devido a sua ação:

- MARIA EDUARDA passou por PEDRO (representação de


um dedo passando pelo outro dedo da outra mão).

- PEGUEI UM PEQUENO DADO (você terá que lembrar que


o DADO é pequeno e que você pegaria com apenas dois
dedos. Imagine você pegando um dado. Esta forma é o
classificador de PEGAR DADO PEQUENO).
96 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Agora imagine que você irá pegar uma


CAIXA GRANDE E PESADA. Como seria isso no real?

Não se deve confundir os classificadores com movimentos


que representam iconicamente qualidades de objetos.

Por exemplo, na frase:

“O casaco da minha mãe ‘Lisa’ é de bolinhas ou listrado”?

Estas expressões serão desenhadas no peito do sinaliza-


dor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo
que, embora classifique, constitui apenas uma relação de quali-
dade do objeto e não relação de concordância de gênero.

Para Refletir

• Cada animal tem seu jeito de andar, de chamar a atenção.


Imagine o andar em uma onça e o andar de um elefante.
São animais de estilos diferentes, portanto, o classificador
do andar destes animais deverá ter suas características e
isso você terá que passar ao surdo de forma visual.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 97

3.2 INTERAÇÃO ARGUMENTATIVA COM ESTRUTURA DA SURDEZ


E FAMÍLIA

Este tema possui duas palavras-chave: interação e famí-


lia. A família é o principal núcleo social, é nela que a primeira
educação acontece.
A família desempenha a responsabilidade de cuidar, promover
a saúde, o bem estar e dar proteção. Em família com membro
surdo, acrescenta-se a isto a função da aprendizagem de outra
língua, a Libras. É por meio da interação que o ser humano se
integra, participa, convive e se socializa. Nesse processo, a família
aparece como grande responsável, pois é nela que se inicia a
formação social de um ser humano. Para isso acontecer, é neces-
sário o estabelecimento de um canal de linguagem comum.
Por outro lado, interação é um elemento constituinte no
processo de desenvolvimento cognitivo e aprendizagem, e surge
interesse em torno da interação social que é a “descoberta.”
Com isso, tem-se uma renovação em torno da interação
social considerando o surdo não só como mero receptor passivo,
mas também como alguém com um papel mais ativo com sua
língua, sendo agente construtivo independente de seus mediadores.
A partir daí, começa a se expandir a visão de que o surdo é capaz.
O maior problema da interação entre a família e o surdo é
a comunicação, pois é através dela que conseguimos nos adapta
ao meio em que vivemos.
É necessário que os pais saibam como lidar com esse fato
e compartilhem suas inquietações com outras famílias ou até
mesmo que busquem uma associação de surdos, pois lá encon-
trarão outras pessoas que passam pela mesma situação.
Conscienciosos ou inconscientemente, há pais que tendem a
negar a existência da surdez de seu filho. Pensam que se trata de uma
situação transitória, que a criança vai acabar superando. Recorrem,
por isso, a novos diagnósticos e a diferentes especialistas, com a
98 Língua Brasileira de Sinais - Libras

finalidade de conseguirem uma informação positiva ou garantias


de cura para um futuro próximo. Este posicionamento evita também
ter que adotar um estilo comunicativo e interativo diferente. Já
que a criança não vai ser surda, não é necessário pensar que sua
linguagem ou educação vão ser diferentes das de seus irmãos ou
das outras de crianças de sua idade.
Quando uma criança surda nasce, seus pais ou res-
ponsáveis sentem-se impossibilitados de agir nor-
malmente com ela. Apresentam-se fragilizados nos
primeiros tempos, encontram inúmeras dificuldades
à sua frente e, quase sempre, alteram seus planos
de vida em função desta nova situação. Os encar-
gos e as responsabilidades normais de uma família
ficam modificados e exagerados com a chegada
de uma criança diferente. (STELLING, 1996, p. 34).

O INÍCIO DA ESCOLARIZAÇÃO E O PAPEL DA FAMÍLIA


Após a família passar por este processo de impacto, começa
a questionar o que a escola pode oferecer ao filho. A criança e
a família terão que se adaptar novanebte. Esta nova adptação se
dará agora, no mundo da escolarização. Lá ela busca a segunda
educação, formulada através de regras imposta para que possa ser
incluída na sociedade. Nesta etapa, compete aos pais possibilitar
segurança, carinho e comunicação com a criança surda.
A inclusão da criança surda na escola visa favorecer
oportunidades para que ela possa se desenvolver, adquirindo
meios culturais e entrosamento na sociedade construindo sua
própria subjetividade, terá recursos para sua inserção no processo
linguístico, trocando ideias, sentimentos, compreendendo o que
se passa em seu meio e adquirindo, então, novas concepções de
mundo, dando início à aquisição de uma língua.
A família deverá saber que precisará também desenvolver
a língua de seu filho pelo meio corporal, gestual e até por meio
das palavras. Simultaneamente, deverá agir normalmente com a
criança comunicando o tempo todo como se fosse um filho ouvinte
antes de aprender a falar, fazendo suas perguntas e respondendo o
que for solicitado e também cantando e contando historinhas infantis.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 99

Como início ao atendimento educacional e a integração


da família, a criança certamente será incluída em todos os as-
pectos tendo o direito comum de participar de todos os processos
educacionais.
A continuidade da escolarização visa a oferecer à
criança surda as mesmas chances que são ofereci-
das às outras crianças no que diz respeito ao exer-
cício efetivo de sua cidadania, para que possa se
desenvolver como pessoa, adquirir meios culturais
para se posicionar na comunidade e para adqui-
rir habilidades para o seu entrosamento eficiente
e produtivo na sociedade. (BRASIL, 1994, p. 134).

PERSPECTIVAS DA FAMÍLIA
As famílias vêm compreendendo mudanças que acarretam
na exigência de serviços de qualidade na educação para seus fi-
lhos surdos, pois, por vários anos essas famílias se viram sem voz
aguardando que outros determinassem sobre o futuro educacio-
nal de seus filhos sem saber qual seriam a melhoria e a qualidade.
Os pais que descobrem a surdez de seu filho tardiamente
não conseguem oferecer ou não sabem onde procurar auxílios
benéficos. Assim, estimam “soluções” de desenvolvimento inte-
lectual e social ao filho através de terapias fonológicas, psicoló-
gicas, cursos de apoio, escolas e tarefas, tudo simultaneamente.
Ao perceberem resultados insatisfatórios, reconhecem que tudo
não passou de um ‘tiro no escuro’, seu filho não conseguiu apri-
morar nenhum dos objetivos traçados e, a partir deste momento,
passa a buscar apoio com profissionais capacitados e associações.
Os pais devem se render e optar por apenas uma direção, a di-
reção que deverá ser tomada desde o princípio escolar que é
mantê-los em escola regular e na alfabetização em Libras, assim,
o resultado se consegue em menos tempo.
Os pais devem dar liberdade de autoescolha, o surdo deve
ter uma vida social como a dos ouvintes.
“Quanto mais confortáveis todos os membros da família
estejam com a surdez, melhor” (LUALDI apud HOFFMEISTER,
1999, p. 128).
100 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A construção no ambiente escolar permeia perspectivas


boas às famílias dos surdos de tal modo que geral as decisões
estão sendo cada vez mais cedo e acabam contribuindo direta-
mente em bons frutos a seus filhos.
Um dos direitos adquiridos pelas pessoas surdas é o direito
a inclusão e não há mais força de lei que obrigue a família a optar
pelo que não deseje é apenas isso: “um direito”. O prazer a ser
incluído em todos os espaços sociais.

METODOLOGIA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL AO


SURDO
Como já visto, a família deve participar do processo
educacional do seu filho surdo, desde a fase inicial, e, para um
bom desenvolvimento e atendimento, a escola deve deixar a par
seus professores e todo corpo institucional para que possam ter
um atendimento especializado. E este atendimento especializado
não mais pode ser visto como um sistema paralelo à educação
geral mas que dela faça parte como um conjunto de recursos pe-
dagógicos e de serviço de apoio, que facilitem a aprendizagem
de todos esses alunos.
O atendimento educacional deverá seguir alguns programas
para incentivar e capacitar o aluno surdo para a obtenção melhores
resultados.

ENVOLVIMENTO PRECOCE
O envolvimento precoce10 deve 10 Estimulação
acontecer inicialmente em casa com os precoce: é um conjun-
pais e, posteriormente, na escola, onde to de atividades vol-

irá realizar atividades com objetivos tadas para capacitar


crianças de 0 a 3 anos
de alcançar a ludicidade, a afetividade, a
de idade. REZENDE
naturalidade e o cotidiano.
(2007)
Língua Brasileira de Sinais - Libras 101

Atuar com benevolência e naturalidade por meio de


brincadeiras que possam levar à interação, que é fundamental
para o êxito do trabalho construindo vínculo e tomando estratégias
que motivem a realizar tarefas.

ESTIMULAÇÃO ESPECÍFICA
Visa ao desenvolvimento da língua, com atividades que levam
à ampliação dos campos da surdez afetando e constituindo uma
prática para evitar que ela acarrete outros problemas.
Em conjectura, acarreta:
Estimulação para aquisição da Língua de Sinais;
Estimulação e treinamento auditivos e vocacionais;
Estimulação da leitura orofacial.

DISPOSIÇÃO PSICOMOTORA
Este acondicionamento proporciona a capacidade motriz,
expressiva e criativa de um surdo a partir do movimento corpo-
ral, obtendo percepções motoras e capacidades de atuar e agir
consigo mesmo toda informação que explora o ambiente físico e
humano e passa assim a conhecer e explorar o caminho que visa
equilíbrio e controle motor.

ENVOLTURA LINGUÍSTICA
Consiste em aplicar métodos e técnicas para a aquisição e
o uso da Língua de Sinais como elemento principal para a comu-
nicação, fazendo com que o surdo participe do social com uma
linguagem formal e oficial pressupondo atitudes de reciprocidade
e evolução no processo de inclusão dando-lhes condições de
uma vida diária com argumentos, decisões e respeito.
102 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Não podendo “consertar” a surdez, desligam-se,


acomodam-se e transferem suas responsabilidades
para terceiros, principalmente par aos profissionais,
pois se consideram incapazes para o grande desa-
fio de educar um filho diferente, de uma maneira
diferente, numa língua também diferente. É comum
constatarmos pais que fingem ver a surdez do filho,
até porque a surdez não é visível fisicamente. Des-
te modo, não cumprem o seu papel, não definem
sua função, e depositam suas expectativas de
sucesso na escola e/ou na clínica, delegando po-
deres a outras pessoas. (STELLING, 1996, p. 67).

Na aquisição da leitura e da escrita, as crianças surdas


passam por diferentes níveis de aprendizado, escrevendo e
arquitetando hipóteses de significação que parecem ser reais.
Entretanto, os surdos estabelecem primeiramente noções visuais,
que dão sentido à escrita.
A Língua de Sinais diferencia-se das outras línguas por
utilizar a modalidade visual-espacial, que propicia a descoberta
da textualidade em produções com os sinais e não com a escrita.
Reconhecemos que a participação da família ouvinte/surda
na educação dos sujeitos surdos é fundamental para o cresci-
mento cognitivo e psicossocial da criança surda.
Em uma família que recebe uma pessoa surda, a comunicação
não pode ser diferente. Deve haver discussões e diálogos para
que os envolvidos possam crescer e compreender o mundo.
Desta forma, a comunicação entre a família ouvinte e o surdo
deve se processar levando-se em consideração a Libras e, além
de mergulhar nessa linguagem, também devem fazer das suas
casas um ponto de encontro e aprendizagem da Libras.
Atualmente, existem diversas possibilidades de crescimento e
informações para as famílias tratarem a situação da surdez com
mais naturalidade e um dos ganhos é a regulamentação da lei
10436. Com essa lei, os profissionais que estão entrando nas
universidades terão maiores capacidades no atendimento e
educação dos surdos.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 103

Para Refletir

• Que estratégicas devem ser usadas para estimular um


surdo precocemente nas atividades sociais?

• Você está preparado(a) para receber um aluno, cliente,


paciente e até mesmo um(a) filho(a) surdo(a)?

3.3 INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS

As Línguas de Sinais têm sido pesquisadas e abrigadas na


maioria dos países. O seu uso está espalhado pela nossa nação,
seja na educação, serviços ou interação social.
Todos tem a oportunidade para o desenvolvi-
mento lingüístico natural, educação de boa quali-
dade e educação contínua durante a vida toda. Os
países que antes ignoravam a língua de sinais estão
avançando rapidamente na sua pesquisa e docu-
mentação e na criação de legislação que garante
o uso desta língua nativa. (MOURA, 2008, p. 115).

Interagir ou comunicar é importante e indispensável para


qualquer ser humano. Tanto os homens quanto, os animais usam
a comunicação para interagirem.
O surdo adquire sua linguagem ao ligar a experiência que
está vivendo com a verbalização e ou sinais que ela observa em
outra pessoa (pai, mãe, colega, professores, etc.), bem como ao
relacionar o que está sendo falado pelo outro com suas próprias
experiências e também ao comunicar seus pensamentos de
forma oral, escrita ou com sinais.
A difusão de informações e a troca de experiências tornam
possível a comunicação entre duas ou mais pessoas.
104 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Quando alguém como você tem alguma experiência de


vida e até mesmo as crianças, há sempre excelentes ocasiões
para conversar das coisas que estão acontecendo, do que estão
vendo, ouvindo e de outros momentos que nos leva ao prazer de
conversar, bater papo, fofocar, brincar e contar piadas, mas, não
é pela falta de uma língua oralizada, do som da voz que deve-
mos excluir, omitir ou deixar de repassar ou receber estes tipos
de informações. Com a Língua de Sinais, podemos realizar essas
comunicações com os mesmo detalhes de uma língua oralizada.
A interação junto à Língua de Sinais se faz indispensável à
criança ou a qualquer outra pessoa surda e devemos de alguma
forma motivar sempre a aprendizagem e a interação com essa
língua.
Em diversas circunstâncias, pessoa que convivem com sur-
dos têm algumas atitudes impróprias em DICA:
relação a como interagir com eles. Isso
Lembre-se, na hora
acontece naturalmente sem ao menos
que estiver interagindo
percebermos, mas, devemos tratar estes
com um surdo, não
desconfortos para desenvolvermos uma
mencione surdo-mudo.
satisfatória interação. E para que isso não
aconteça, deve-se tomar os seguintes cuidados:

- acredite e nunca desconfie das condições de plena com-


preensão da mensagem;

- deposite sua própria confiança que irá conseguir interagir


com o surdo;

- aja com naturalidade em todos os aspectos de interação


e informação;
Língua Brasileira de Sinais - Libras 105

- ao interagir com os surdos, não vire o rosto, eles também


se comunicam olhando para os olhos ou utilizam a leitura
labial;

- não deixe passar ‘batido’ frases que você não entendeu,


muita gente acaba fazendo a expressão de sim com a cabeça
como se estivesse entendendo e, na verdade, não com-
preendeu nada. Se houve dúvida ou não entendeu diga
para repetir até entender o contexto;

- não superproteja os surdos. Elas são pessoas capazes e


sabem “se virar” para interagir;

- não se utilize de frases “Pergunta pra ele se...”, dirigindo-se


ao Intérprete. Sempre que estiver interagindo com o surdo
fale diretamente para ele, mesmo que ele tenha intérprete;

- quando estiver conversando com um surdo oralizado,


pronuncie bem as palavras sem exageros.

SEUGNDO AS PESQIUASS, NÃO IPMOTRA A ODREM DAS


LERTAS DE UMA PALARVA DSEDE QUE A PIRMIERA E A
ÚTLIMA LERTA ESTAJEM NO LGUAR COERRTO.

ITSO SE DVEE AO FTAO DE QUE A MNETE HUAMNA NÃO


LÊ CDAA LERTA SEPRADAMEANTE E SIM A PAVALRA
CMOO UM TDOO.

Neste exemplo, podemos verifi-


11 Imagem Mne-
car que é possível ler sem problemas o
mônica: é uma imagem
texto, pois estamos associando a ima- contida na memória
gem da palavra (imagem mnemônica 11) por uma recordação.
e não a associação da fonética. Esta é
106 Língua Brasileira de Sinais - Libras

uma pequena demonstração de que a interação às vezes não


depende sempre de processos cheios de regras. Você poderá
interagir na hora e no momento que desejar com qualquer
surdo. Seu nervosismo de achar que não irá conseguir deverá
ser deixado de lado e partir ‘pro abraço’.
Moura (2008) apresenta uma visão cujo desejo é que seja
alcançada até 2020, quais sejam:

- direitos humanos completos [...];


- acesso pleno à comunicação, língua e informação;
- educação de qualidade, com educadores surdos fluentes
na língua de sinais, acesso ao ensino superior e programas
de educação para adultos ao longo da vida;
- respeito total e amplo uso da língua de sinais por pessoas
não-surdas;
- diversidade nos atendimentos públicos [...];
- interação livre graças à disponibilidade de intérpretes e
tecnologias da informática;
- “Nada sobre nós sem nós” será a norma;
- reconhecimento da língua de sinais e dos direitos linguís-
ticos em pleno vigor;
- os surdos em países em desenvolvimento, as mulheres
e os jovens, bem como outros grupos vulneráveis terão
avançado significativamente, atingido a igualdade e a
qualidade de vida.

Até que a visão de Moura seja alcançada, temos que inte-


ragir com qualquer pessoa independente da forma de comuni-
cação. Comunicar e interagir faz parte da natureza humana e é
sucessível ao passar dos anos.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 107

Para uma criança obter uma interação, (LENNEBERG apud


HONORA, s/d, p. 37-38) descreve um gradual desenvolvimento
onde as crianças alcançam funções sociais importantes tendo uma
sequência fixa e em idades cronológicas relativamente constantes.

Veja a evolução da interação de uma criança quanto às


funções básicas da linguagem.

Idade
Funções sociais e linguísticas básicas
aproximada
Conforto pelo som da voz humana; as expressões
Nascimento comuns representam choro por desconforto e
fome.
Resposta à voz humana, emissão de sons de
6 semanas
prazer e choro para conseguir ajuda.
2 meses Começa a distinguir diferentes sons de fala.
Direciona o olhar para o local de onde desponta
o som, emite respostas vocais à fala de outros
3 meses
e começa a balbuciar ou controlar sons silábicos
com ritmo.
Começa a variar o tom das vocalizações e imita
4 meses
sons.
6 meses Começa a imitar sons feitos por outras pessoas.
Começa a transmitir significado pela entonação,
9 meses usando padrões que se assemelham às
entonações dos adultos.
Começa a desenvolver um vocabulário. Um bebê
12 meses com 12 meses de idade possui vocabulário de 5 a
10 palavras que irá dobrar nos próximos 6 meses.
O vocabulário pode chegar entre 900 e 1000
36 meses
palavras; faz sentenças simples.
Possui um vocabulário de mais de 1500 palavras,
4 anos faz muitas perguntas e suas sentenças ficam
complexas.
6 anos Compreende de 20 mil a 24 mil palavras.
108 Língua Brasileira de Sinais - Libras

As situações vistas no quadro se referem a uma criança


ouvinte num ambiente familiar. Mas, com a falta de audição, é con-
veniente impor precocemente situações lúdicas que produzam
ruídos e vibrações com cores e movimentos. Deve-se lembrar
sempre que a utilização de métodos visuais como fotos, figuras de
jornais, palavras com sinais e o incentivo são essenciais ao surdo
para assegurar sua atenção.
Envolver a interação da pessoa surda no mundo da comu-
nicação e da tecnologia não é impossível, há diversos instru-
mentos de entretenimento no mundo visual, perceptível e vibra-
tório, conheçam:

Telefone Celular
Muita gente pensa: O que um surdo vai fazer com um celular?
Hoje, os celulares são de baterias com vibra call, ou seja, o
celular vibra e com isso o portador sabe o momento que o
telefone está em chamada. Os surdos utilizam o celular
para enviar e receber mensagens, usam como desper-
tador, agenda, entre outros.

Internet
A internet tem sido um dos meios mais
utilizados não só pelos ouvintes. Os surdos têm
se especializado cada vez mais para buscar seu
aprimoramento e assim se utilizam todas as ferramentas nela
existentes para a comunicação como: e-mail, msn, chats, sites
de relacionamento, pesquisa e estudos.

TDD (telecommunications device for the


deaf)
Telefone para surdos, denominado como
TTS (Terminal Telefônico para Surdos), é um
equipamento de comunicação telefônica
Língua Brasileira de Sinais - Libras 109

através do qual os surdos se comunicam com outras pessoas


escrevendo suas mensagens em um teclado e visualizando em
um display as mensagens que lhes são enviadas. O produto usa
tecnologia brasileira com o objetivo de quebrar as barreiras de
comunicação. Quando um surdo quer falar com algum ouvinte
que não possui o TTD, ele liga para a central da operadora e
a atendente faz a intermediação entre o surdo e o ouvinte e vice-
versa. É um método simples e funcional.
Na vídeo-aula, você verá como funciona o TDD e onde
encontrá-los.

Closed Caption ou legenda oculta


É um sistema de transmissão de le-
gendas via sinal de televisão. Essas legen-
das podem ser reproduzidas por um te-
levisor que possua função para tal, e tem
como objetivo permitir que os surdos possam acompanhar os
programas transmitidos. As legendas ficam ocultas até que o
usuário do aparelho acione a função na televisão através de um
menu ou de uma tecla específica.
A legenda oculta descreve além das falas dos atores ou
apresentadores qualquer outro som presente na cena: palmas,
passos, trovões, música, risos, etc.

Janela de Intérprete
A janela não acontece em to-
dos os programas e nem em
todas as emissoras. A janela
de Intérprete é uma janela que
fica ao canto inferior do televi-
sor em que um profissional faz
toda a interpretação do progra-
ma ou parte dele.
110 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Escrita
A escrita é considerada um eficiente
recurso, utilizada na interação entre um sur-
do e um ouvinte tendo aproveitamento ma-
nuscrito e visual. Podemos dizer que a escrita envolve também
o desenho. Muitos surdos que não são alfabetizados e não são
sinalizadores, utilizam-se de desenhos e formas para se comuni-
car e entender a pessoa com quem gostaria de manter o acesso
e a informação.

Dispositivo luminoso
É um dispositivo utilizado em residências de pessoas surdas.
São usados nos telefones e campainha. Sua instalação depende
de um profissional qualificado e experiente, pois, os fios da cam-
painha e do telefone são ligados diretos nas lâmpadas de todos
os cômodos da casa, inclusive no banheiro. Quando o dispositivo
da campainha é acionado, ele faz com que as luzes pisquem e
apaguem; já as luzes do telefone ficam piscando até que ele seja
atendido. Outro método se dá pelo uso das cores das luzes. Geral-
mente a campainha pisca uma luz branca e o telefone pisca uma
luz amarela por um determinado tempo.

Sinal Próprio
Quando conhecemos alguém, logo falamos seu nome ou
se não conhecemos, perguntamos como se chama. O sinal pró-
prio serve para que, todas as vezes que quisermos nos referir
àquela pessoa, tenhamos um signo, um batismo que nos repre-
senta. O nome que estamos falando é o que na Língua Brasileira
de Sinais denominamos de sinal pessoal. Assim, após obter o
sinal próprio, dá-se início à participação na comunidade surda.
O sinal do “nome” se trata de uma marca, um traço ou persona-
lidade da pessoa.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 111

Dia do Surdo
Em 26 de setembro é comemorado o Dia Nacional do Surdo,
data em que são relembradas as lutas históricas por melhores
condições de vida, trabalho, educação, saúde, dignidade e cidadania
e também pela inauguração da primeira escola para Surdos no
país em 1857. Enquanto isso, a Federação Mundial dos Surdos
celebra o “Dia do Surdo” no dia 30 de setembro.

Para Refletir

• São diversas as formas de comunicação e interação com


o surdo. Com a inclusão estampada por todos os lugares
e obrigatória em todas as empresas de atendimento ao
público, será que estamos preparados para receber e
interagir com os surdos?

3.4 SURDEZ, SOCIEDADE EM SEU PROCESSO DE INCLUSÃO

Os processos psicossociais enfatizando a inclusão de surdos


é um assunto muito complexo, sua situação depende da reali-
dade de cada centro, estado ou região. Para analisar cada fato é
preciso conhecer o surdo e sua vida cotidiana dentro das práticas
de uma questão sociocultural.
A inclusão social tem oferecido aos surdos oportunidades
de participarem de todos os sistemas governamentais, e estas
oportunidades possibilitam a descoberta de situações fascinantes
e geram também a desconfiança e incertezas de normas constantes.
Há uma distinção de fatores e conhecimentos quando se
fala de inclusão de surdos, além de sua diversidade (língua, cul-
tura, tradições etc.). Na inclusão, alguns fatores primordiais favo-
recem o surdo e um deles é a valorização de sua cultura e comu-
nicação espaço/visual que os elevam no sentido de compreender
o universo em seu entorno, construindo uma experiência visual.
112 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A Língua de Sinais não deve ser encarada como instrumento


de inclusão, mas sim de valorização da cultura surda, aceitando
sua língua oficial.
Favorecer o aprendizado do indivíduo surdo utilizando a
Língua de Sinais é ter certeza de que ele adquirirá o conhecimento.
Com isso pode-se citar o livro “O vôo da gaivota” da autora
surda Emmanuelle Laborit (1996, p. 61):
Utilizo a língua dos ouvintes, minha segunda língua,
para expressar minha certeza absoluta de que a
Língua de Sinais é nossa primeira Língua, aquela
que nos permite ser seres humanos comuni-
cadores. Para dizer, também, que nada deve ser
recusado aos Surdos, que todas as linguagens
podem ser utilizadas, a fim de se ter acesso à vida.

A sociedade não é composta somente de pessoas que ou-


vem e, assim, a inclusão é um tremendo benefício para inverter
papéis e trocar experiências aprendendo e cultivando novas lín-
guas. Essa troca pode levar a uma maior integração e inclusão
social. O surdo, ao se ver valorizado e respeitado em sua ca-
racterística, pode ampliar o interesse pelo aprendizado da língua
oral portuguesa, a qual, hoje, não é uma obrigação legal para
pessoas surdas. ”As frases nas mãos” não apenas substituem
a forma gráfica da língua portuguesa, elas também repassam
sentimentos.
Há tempos, os surdos eram obrigados a aprender a oralização
para se incluirem na sociedade. Talvez fosse mesmo o melhor
meio para enriquecer as relações entre os pais e família.

INCLUSÃO DOS SURDOS NA ESCOLA


Atualmente, no Brasil, a inclusão dos surdos nas escolas,
está sendo um desafio. Temos vistos, em diversas escolas regulares
surdos que chegam até a escola e até mesmo às séries finais sem
saber ao menos sua língua materna enquadrando-se aos verda-
deiros excluídos, pois, não entendem a oralização dos professores
Língua Brasileira de Sinais - Libras 113

e pouco também entendem sua própria língua. Daí surge muitas


aflições e questionamentos. Em cursos de capacitação em Libras
oferecidos pelos governos, fala-se em interpretação e expressão
dentro da sala de aula independente de os surdos saberem ou
não Língua de Sinais. Tudo bem, realidade de grandes centros
referenciais em Libras estão adaptados e acostumados em a
receberem alunos de níveis elevados de entendimento inter-
pretativo. Mas, o que fazer com os alunos de interior, indepen-
dente do estado, e que não têm apoio desde a infância?
Inclusão escolar dos surdos requer uma boa elaboração
tanto para o aluno quanto para a escola. Assim, ambos se sentirão
aptos a participarem deste processo.
As Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educa-
ção Básica (BRASIL, 2001 apud GLAT, 2007, p. 31):
Todos alunos, em determinado momento de sua
vida escolar, podem apresentar necessidades edu-
cacionais, e seus professores, em geral, conhecem
diferentes estratégias para dar respostas a elas. No
entanto, existem necessidades educacionais que
requerem da escola uma série de cursos e apoios
de caráter mais especializado, que proporcionem
ao aluno meio para acesso ao currículo. Essas são
as chamadas necessidades educacionais especiais.
[...], trata-se de um conceito amplo: em vez de fo-
calizar a deficiência da pessoa, enfatiza o ensino e
a escola, bem como as formas e as condições de
aprendizagem; em vez de procurar, no aluno, a ori-
gem de um problema, definiu-se pelo tipo de res-
posta educativa e de recursos e apoios que a escola
deve proporcionar-lhe para que obtenha sucesso
escolar; por fim, em vez de pressupor que o alu-
no deva ajustar-se a padrões de ‘normalidade’ para
aprender, aponta para a escola o desafio de ajus-
tar-se para atender à diversidade de seus alunos.

Muitos acham que incluir é apenas colocar o aluno surdo


na sala de aula. O trabalho é longo, constante e necessita da
participação de todos do ambiente para garantir a inclusão.
114 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Ouve-se muito: “Nem eu e nem a escola estamos preparados


para receber os surdos aqui.” “Não tenho obrigação de traba-
lhar com os surdos porque o governo não dispõe de meios para
atendimento”. Estes comentários não são isolados, acontecem
e acontecerão em vários lugares e com diversos profissionais e,
quem fala, esquece que a escola tem o Intérprete e que a ela dis-
ponibilizou sim de “um meio” para intermediar os professores.
É preciso apaziguar esta amargura, este desconforto e esta
insegurança, pois, a inclusão depende dos professores e, que-
rendo ou não, vem também testar o potencial dos profissionais,
aonde eles podem chegar, atropelando algumas etapas. É preciso
que os professores se incluam no ensino aprendizado da Libras
e incluam os surdos em suas salas de aula.
O primeiro passo está dado, e agora?
Qual a capacidade de aprendizado dos surdos?
Estas crianças têm entrado na escola achando que sabem
Libras porque já conhecem o alfabeto e pensam que sabem ora-
lização porque sabem se comunicar em casa. A realidade é essa
e não sei falar se está havendo a inclusão ou se estão querendo
fazer a inclusão.
Ensinar a alfabetização de Libras e Português ao mesmo
tempo é uma prática confusa e desastrosa, assim como, tentar
ensinar para diversos surdos com níveis diferentes. O apoio que
deveria ser inclusivo e eficiente passa a ser uma tentativa de
aquisição lenta.
Alunos surdos com idades mais avançadas têm um
aprendizado inferior tanto na Libras quanto no português, mas
têm maior interesse em aprender. Os mais novos aprendem,
mostram interesse em adquirir conhecimento e preferem a sua
língua natural como referencial. Já os que intercalam as idades
estão na fase mais confusa, pois, já adquiriram anteriormente o
ensino através da oralização sem conhecer o português ou a Língua
de sinais e acabam utilizando o bimodalismo.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 115

Laborrit (2006, p. 23) deixa claro o que é uma inclusão de


surdo. A frase dele foi muito feliz:
Quando eu aceito a língua de outra pessoa eu
aceitei a pessoa [...] Quando eu rejeito a língua,
eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós
mesmos [...] Quando eu aceito a Língua de Sinais,
eu aceito o Surdo, e é importante ter sempre em
mente que o Surdo tem o direito de ser Surdo.

Diversas são as dificuldades e problemas encontrados por


todos no processo de inclusão, mas, tentar facilitar a inclusão
dos surdos no social é dever de todos nós.
Grande parcela da população de pessoas surdas vive ainda
no contexto limitado. As barreiras sociais lhes impõem restrições
ao exercício da cidadania plena, de uma vida digna, participativa.
A realidade social necessita dos esforços da família, dos governos,
da sociedade em geral, no sentido de promover a melhoria de
vida de toda a coletividade de forma igualitária e democrática.
A garantia do conhecimento da Libras na formação de
profissionais aprova a construção de uma sociedade para todos,
ajustada no princípio da inclusão, sugerindo preparação e apren-
dizagem, atentas às diversidades linguísticas que encontraremos.
As discussões hoje existentes sobre pessoas com necessi-
dades educacionais especiais pautam-se no desenvolvimento de
ações educativas assentadas nos pressupostos de uma educação
inclusiva, sugerindo a formação de um profissional cujo perfil de
atuação seja compatível com a necessidade apontada.
A inclusão representa, portanto, um grande desafio para
as escolas adotando um modelo com ênfase na aprendizagem e
não apenas no ensino. O princípio fundamental da escola inclusiva é
o de que os alunos, sempre que possível, devem aprender juntos
independentemente de suas dificuldades ou diferenças. A ideia
é que as escolas devem adequar-se ao social, ao emocional
e ao linguística.
116 Língua Brasileira de Sinais - Libras

As dificuldades se darão em função do despreparo dos


educadores atuantes no ensino inicial. Por isso, hoje, você está se
capacitando para que no futuro não tenhamos mais surdos com
dificuldade de aprendizado e comunicação. Você irá incluí-lo e
estará se incluindo ao mundo do silêncio.

Inclusão e o Papel do Profissional


Este termo “inclusão”, tanto lido aqui como escutado no
dia-a-dia, irá permutar por, vários autores e até mesmo por várias
outras vezes neste livro. Mas esta palavra e sua ação estarão
ligadas diretamente a você, compartilhando com diversos segui-
mentos da sociedade nos inúmeros serviços na área da saúde e
educação.
Apesar de toda discriminação, o surdo está incluído em
uma sociedade cheio de pesares, mas, está em meio a uma
nação alegre, que dará auxílio para sobrevivência e desenvol-
vimento dos surdos. Muitas das vezes os próprios surdos são
preconceituosos, e o papel do profissional é também fazer com
que o surdo se inclua, ou seja, passe a aceitar seus familiares,
seus professores, seus amigos, alguém que lhe oriente como lidar
com um ser tão “excludente”.
Os profissionais comprometidos com a proposta da inclu-
são devem acreditar no potencial, no desempenho e no que os
surdos são capazes de fazer.
Uma pessoa quando abarcada no programa de inclusão
não deve ser classificado como “coitado”, deve ser tratado com
a visão de garantir acesso e a participação ativa, cobrando
normalmente suas tarefas e deveres em cima das possibilidades
de empenho e produtividade.
Os colaboradores surdos deverão ser percebidos como
sujeitos que têm diferença e não deficiência. O fato de não ouvir
não significa que não pode ou não consegue. É preciso considerar
sua cultura, suas possibilidades e suas capacidades.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 117

Para este processo seguir conforme esperamos, você deve


refletir acerca da importância do papel do profissional como
agente intercessor na inclusão do surdo no mercado de trabalho,
aprendendo e proporcionando diversidade, experiência e motivação.
De acordo com as concepções do “Projeto Incluir”, busco
sugerir possibilidades de acesso e permanência dos surdos em
ambientes distintos, sem que sejam exclusas adotando como fator
importante o papel do profissional.
Conheça o que pode inserir os surdos na sociedade com a
colaboração de um profissional:

- planejar os passos do surdo através de reforços negati-


vos ou positivos, desenvolvendo do mais simples para o
mais difícil com métodos repetitivos criando experiência e
baseando-se em resultados apresentados;

- facilitar o aprendizado fundamentando na imaturidade;

- possibilitar diálogos nas duas línguas (português e Libras),


envolvendo a compreensão e aceitação, assim, inovando
diálogos e tolerando erros;

- compartilhar conhecimentos específicos para desenvolver


processos distintos e interdependentes. O processo de
inclusão consiste em crescer envolvendo quem inclui e
quem é incluído.

Diante destas concepções, permita o avanço na perspectiva do


acolhimento e da diferença, propiciando o alargamento nas trocas
de conhecimentos e na formação humana.
118 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para Refletir

• Na prática cotidiana, todas as características da inclusão


aqui expostas são levadas em consideração?

• É possível desenvolver potencialidades das pessoas com


surdez no contexto social?

Resumo

A surdez em seus aspectos comunicativos e interação, prepara


artifícios para comunicação corporal. Esta comunicação é uma
das mais importantes dentro da Libras, pois, facilita a compreen-
são e assessora os sinais em um contexto, assim como os classi-
ficadores, que são marcadores de concordância, nos trás o real.
A estrutura e apoio familiares são essenciais à vida de qualquer
pessoa, principalmente no lar que acaba de receber um surdo. A
barreira existente na comunicação pode atrasar todo o processo
de escolarização e desenvolvimento linguístico neste novo mem-
bro e, nesse sentido, novas perspectivas vêm sendo criadas para
combater o paradigma da exclusão até atingir a aceitação e inte-
ração perfeitas. A inclusão é um fato muito comentado nos dias
de hoje e vem favorecer os surdos dentro da sociedade, pois,
possibilita facilidades para entrar no mundo do aprendizado de
forma total e incondicional.
4 Língua de Sinais: Saberes e
Fazeres

Neste tema você verá de forma prática como se comunicar


e trabalhar com um surdo. Portanto, prepare sua criatividade e
faça parte destes saberes e fazeres.

4.1 ASPECTOS PEDAGÓGICOS EM SUAS POSSIBILIDADES NO


CONTEXTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

O surdo se utiliza principalmente da visão em sua interação


com o meio comunicativo e de aprendizagem. Para o surdo, a
Língua de Sinais é primordial, por isso encontrará em algumas
bibliografias a referência de L1 (primeira língua) que é a LS (Lín-
gua de Sinais) que é totalmente visual-espacial e L2 que é a Lín-
gua oral-auditiva.
Para o aprendiz surdo o processo é o mesmo da alfabeti-
zação em português, o que se alteram são as ênfases dadas aos
modelos e figuras.
120 Língua Brasileira de Sinais - Libras

O indivíduo surdo possui algumas características que podem


afetar ou dificultar a aprendizagem, mas, na falta da audição, a
vibração e a visão acabam suprindo as informações recebidas.
Uma rica imagem permanece mais tempo viva na memória
do que uma extensa explicação. A comunicação visual específica
mantém por mais tempo a atenção do surdo.
Imagens ilustradas ou reais são de grande importância para
o aprendizado e no desenvolvimento de práticas tendo a função
de instrumentar o crescimento dos alunos surdos. O visual, tanto
na representação abstrata quanto na figurativa tem o potencial de
ser aplicado como recurso na transmissão de conhecimento e no
desenvolvimento do raciocínio.
Para o aprendizado de uma criança surda, além da parte
visual, é de grande importância que eles participem de associa-
ções, grupos ou espaços onde se permite a socialização entre
pessoas de diferentes níveis educacionais e idades. Assim, po-
derá ter um ambiente diversificado que de tal modo irá desen-
volver suas diversas práticas de aprendizado, frisando que a
Libras é a primeira língua dos surdos e a L1 deverá fazer parte da
vida do surdo antes mesmo da L2 (português).
O surdo possui determinadas características que podem
comprometer ou inibir o aprendizado, fazendo que a visão e
a percepção vibratória supram e organizem as informações
recebidas na falta da audição. Um “prejuízo” dos surdos, devido
a seu déficit auditivo, envolve a perda de informações existentes
no meio ambiente em que vivemos, pois, há elementos sonoros
que nos permitem sonhar, conhecer e proteger.
Conforme o site da 3ª Policlínica do CBMERJ (www.3apoliclinica.
cbmerj.rj.gov.br), a função auditiva está sempre em desenvolvi-
mento. As habilidades auditivas vão se aprimorando conforme
o desenvolvimento da criança, conforme os estímulos que
esta criança recebe.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 121

Você poderá conhecer algumas das habilidades


auditivas abaixo:

- atenção auditiva: capacidade da criança de apresentar


uma resposta voluntária a um estímulo sonoro;

- consciência auditiva: capacidade da criança de perceber


a presença e a ausência do som;

- localização sonora: capacidade da criança em reconhe-


cer de onde a fonte sonora partiu;

- discriminação de sons: capacidade de detectar diferen-


ças e semelhanças dos sons;

- seleção figura/fundo: habilidade de selecionar um estímulo


sonoro significativo dentro de outros sons apresentados
simultaneamente;

- detecção sonora: capacidade de perceber se existiu ou


não o som;

- sensação sonora: habilidade de saber como era o som;

- reconhecimento auditivo: capacidade de saber qual foi o


evento que causou o som;

- compreensão auditiva: compreender por que razão o


evento sonoro ocorreu;

- memória auditiva: capacidade de perceber o que ficou


retido e que pode ser evocado do som apresentado.
122 Língua Brasileira de Sinais - Libras

As habilidades auditivas fazem parte do processamento au-


ditivo e envolvem uma análise complexa do sinal acústico, inte-
grando a informação em modelos auditivos. E isso é um proces-
so adaptável e influenciado pelas experiências e aprendizagem
de cada criança.
Portanto, conhecer a função auditiva pode levar ao sucesso
da informação, ensino e aprendizado.
Não se inclua totalmente no mundo das figuras e das ima-
gens. Se você insistir exclusivamente neste contexto poderá
causar defasagem no aprendizado de um surdo, seja criança ou
adulto, pois as ilustrações trazem também distrações, ocasionando
dificuldades em absorver a atenção de forma mais ininterrupta.
O início de um trabalho de ensino-aprendizado da escrita
e da leitura é de grande importância. A escrita, sendo uma das pri-
meiras atividades, iniciará um meio de identificação e os fazem
sentir atração por livros e, sequencialmente, pela leitura. Recorte,
colagem, montagem de frases através de figuras correspon-
derão à memorização dos objetos relacionando às palavras com
a realidade. Somente assim eles (os surdos) saberão o que estão
lendo e o que estão sinalizando.
Para você, aluno(a), entender melhor como funciona o contex-
to de aprendizado dos surdos, dividirei em sub-tópicos explican-
do passo a passo.
A utilização de figuras com o manuseio do lápis chegando
à escrita é uma ótima estratégia de aprendizagem, pois, busca o
caminho necessário, que é o visual e somente com o recurso do
visual possibilita a compreensão e ansiedade de aprender mais.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 123

Veja a seguir algumas dicas e aproveite essa ideia.

Com um lápis, faça o caminho que o pato deverá fazer até


chegar a lagoa.

Desenvolve a coordenação Motora fina

Matemática: Pinte os cachos que tem 8 uvas.

Faça conforme o modelo. (Golfinhos pulando no mar)

Coordenação Motora
124 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Pinte os cactos que tem 4 folhas.

Desenvolve a matemática

Faça um X onde estão as figuras separadas e depois pinte.

Desenvolve a noção de espaço

Pinte somente os patinhos que estão em direção a sua mãe:

(Desenvolve discriminação visual e lateralidade)


Língua Brasileira de Sinais - Libras 125

Separe as borboletas de 5 em 5. (Desenvolve a noção de


números através da contagem e quantidade).

Ligue os pontos em ordem alfabética (Trabalha a alfabetização


em Libras).

Caça-palavras em Libras (Trabalha a atenção e concentração)

P C 0 s A p a t o j C
A O L s K r t u Ç F A
T N O V E l A E s F I
o V P Q E s T U d A R
2 I U Ta K G H o C S W
H T 7 4 X i Y P B B 8
Y E R J O v e M V O Ç
w z ç 5 a 6 8 9 u i 2
126 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Circule as mãos que correspondem a números. (trabalha a


descoberta dos números, atenção e concentração).

n a e f g 7 c l y m
F 5 9 l l h 1 m h 5
V S 8 h 2 Q 2 z c y
8 F x l 3 Z t l 6 m
A T n 6 h J 1 m y 5
4 6 Ç j l K h y 9 h
s G P 1 S b 0 z c c
i 7 L m w m h 9 l 3
Faça um X nas mãos que representam números pares.

n a e f g 7 c l y m
F 5 9 l l h 1 m h 5
V S 8 h 2 Q 2 z c y
8 F x l 3 Z t l 6 m
A T n 6 h J 1 m y 5
4 6 Ç j l K h y 9 h
s G P 1 S b 0 z c c
i 7 L m w m h 9 l 3
Você, universitário e futuro profissional, ao receber ou
atender uma pessoa com surdez, seja homem ou mulher, deverá
estar atento, pois assumirá a responsabilidade de desvelar meios
que assegurem a construção do conhecimento, favorecendo a
Língua Brasileira de Sinais - Libras 127

comunicação, o entendimento e o atendimento aos surdos. Será


necessário que você procure adaptações e estratégias a fim de
facilitar a participação, o desenvolvimento e a aprendizagem do
seu cliente, seja ele aluno, paciente ou freguês.
Glat (2007) propõe didáticas importantes a profissionais que
trabalham no processo de ensino para surdos:

- utilizar sempre a Língua de Sinais, independente se o surdo


sabe ou não LIBRAS.

- utilizar sempre a escrita no quadro de giz, slides, desenhos


para os surdos escreverem a palavra chave.

- empregar palavras que não estão incluídas no vocabulário


diário e anexá-los em um mural.

- proferir frases completas não exagerando nas articulações


e nem na velocidade.

- organizar espaços que permitem ao surdo desenvolver e


estimular a criatividade, autonomia, ludicidade, memori-
zação, raciocínio lógico e sociabilização.

Fazendo um breve apanhado do que foi apresentado, é


sempre necessário que a Libras seja oferecida como meio de
comunicação e expressão no desenvolvimento do processo de
aprendizado. É preciso, por parte dos profissionais, da escola,
dos pais, uma mudança de posição, pois sabemos que o pre-
conceito e a falta de informação contribuem para o fracasso dos
surdos nos seus processos de socialização e aprendizagem.
A comunicação visual é fundamental, tanto para o aprendizado
da língua portuguesa oral quanto para a aquisição da língua de
sinais.
128 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Espero que você, discente, reflita e se auto-avalie sobre as


questões apresentadas, o seu propósito e sua estimulação de
despertar será o ensejo de aprendizagem e construção de
auto-estima de uma criança ou de um adulto surdo.

SURDEZ E AS DIFICULDADES NO CONTEXTO DE ENSINO


APRENDIZADO
A dificuldade escolar traz índices de evasão e reprovação
não só em ouvintes, embora a natureza das disfunções na apren-
dizagem leva a uma relação direta entre dificuldade de aprendi-
zagem e fracasso escolar. De fato, dificuldades, transtornos, dis-
túrbios e problemas, todos estão sujeitos a obter. Qualquer aluno
que não aprende, não realiza nenhuma das funções sociais da
Educação e ficam visíveis as dificuldades no ensino e aprendizado.
[...]é necessário enfatizar que as condições de
aprendizagem no processo de escolarização
do aluno surdo dependem, por via de regra, do
modo pelo qual são encaradas suas dificuldades
e as diferenças ocorridas no processo educacio-
nal [...]. (SILVA, 2001 apud GLAT, 2007, p.107).

Problemas como falta de atenção, dificuldade de memori-


zação, compreensão e desinteresse pode manifestar como pri-
meiro obstáculo, mas tenho certeza de que você, caro aluno
passará por cima destas dificuldades.
De acordo com vários autores, existe um numeroso grupo
de crianças brasileiras de diferentes camadas sociais que aban-
donam precocemente a escola por ser surdo, mas eles não citam
se é por falta da verdadeira inclusão, a qual o aluno se desmotiva
a ir à escola, ou se é por abandono sugerido ou apoiado pelos
pais.
Para compensar esta falha na carência cultural, foram
organizados, no Brasil, projetos de educação compensatória
com surdos e ouvintes na mesma sala de aula e este tipo de
educação tem servido para avançar e somar com a inclusão.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 129

É preciso, inicialmente, reconhecer que a grande dificuldade


enfrentada pelos surdos e professores de alunos surdos é a cicatriz
quase que alheia à comunicação: a dúvida entre falar oralmente ou
usar Língua de Sinais.
Aí está uma dica para você que se interessou por Língua
de Sinais. Quem sabe não é o tema-chave para seu estudo de
conclusão de curso.
Independente do que vier a nós, devemos sempre permitir
ao surdo o direito de acesso à sua Língua Natural, que é a língua
de sinais.
Esta língua ostenta outro conjunto de estruturação gramatical
altamente complexa que permite ao seu usuário um tipo diferente
de pensamento, baseado nas possibilidades inteiramente visuais.
Você faz a diferença e o futuro do ensino e aprendizado do
surdo dependerá exclusivamente de você.

ATIVIDADES PEDAGÓGICAS
Para alcançar a aquisição da linguagem, os educadores
deverão seguir alguns objetivos considerados específicos e
importantes na organização da Libras.

QUADROS (2004) propõe sugestões de algumas atividades:


- atividades de rotina em sinais;
- brincadeiras e jogos em sinais;
- realização de experiências em sinais;
- hora do conto em sinais;
- passeios;
- atividades diversas com surdos locais;
- mini cursos ou aulas ministradas por outras pessoas surdas.

Junto às aparências formais da Libras, devem ser exploradas


funções da língua que auxilie a forma prática e educativa nos
seguintes aspectos:
130 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- configuração das mãos;


- alfabeto manual;
- uso de uma mão;
- uso de ambas as mãos com configurações iguais e diferentes;
- exploração dos pontos de articulação dentro do espaço
de sinalização;
- intensidade, modo, tempo, forma e tamanho;
- incorporação de negação;
- emprego das relações de significado lexical;
- sentenças;
- figuras de linguagem.

As funções diversas e o uso da linguagem:


- conversação com diferentes pessoas da comunidade com
níveis diferenciados de formação;
- exploração de jogos dramáticos;
- acesso a aulas em vídeo e jornais televisivos;
- exploração de relato de estórias;
- poesias;
- momentos de conversa sobre fatos históricos da comuni-
dade surda e da sociedade brasileira.

Explorando a arte da língua de sinais:


- produzir estórias usando o alfabeto manual;
- produzir estórias usando os números;
- produzir estórias usando configurações de mãos específicas;
- produzir estórias sobre pessoas surdas;
- produzir estórias sobre pessoas ouvintes;
- produzir estórias com pessoas surdas no mundo dos
ouvintes;
Língua Brasileira de Sinais - Libras 131

- relatar estórias, contos e fábulas explorando os jogos


de posições do corpo e direção dos olhos para estabe-
lecimento de personagens.

As sugestões de atividades propostas por Ronice tende a


desenvolver interação com a escrita e a língua de sinais.

Pensar em diferentes formas de ensinar e aprender, con-


siderando diferentes formas de pensar, de expressar, de ver o
outro, nos redimensiona e nos provoca no sentido de busca e
de encontro. Os efeitos da modalidade provocam novos olhares
sobre a pedagogia. As línguas de sinais, nos contextos em que
são usadas pelas pessoas surdas, apresentam diferentes faces
de uma possível pedagogia, a pedagogia visual. Podemos
brincar, ler, sentir, perceber o mundo, aprender, ensinar através
do visual que organiza todos os olhares de forma não auditiva.
(QUADROS, 2004, p. 63).

Para Refletir

• Por que muitos surdos atrasam ou não concluem o ensi-


no regular?
• Será que é por falta de estímulos auditivos?
• Por que não dominam uma língua oral?
• Por não conseguirem desenvolver uma língua?
• Por apresentarem atrasos na comunicação?
• Desestímulo para iniciar a estudar?
• Por falta de auxílio no desenvolvimento do pensamento?
• Por que têm dificuldades na escrita e má compreensão do
que está lendo?
• Pelo isolamento social da comunidade ouvinte?
• Por acharem que seu atraso escolar irá atrapalhá-los?
• Ou será é pelas dificuldades de aprendizagem?
132 Língua Brasileira de Sinais - Libras

4.2 POSSIBILIDADES DE TRABALHO

Todos nós sabemos que a dificuldade em conseguir


emprego é realidade no Brasil e até mesmo no mundo. Os países
têm enfrentado, hoje, uma grande crise social e econômica em
que, infelizmente, uma parte considerável da população se
destaca pela falta de oportunidades. Normalmente, esta parte
da população não tem acesso, sequer, aos meios de informação,
para que estejam preparadas a disputar dentro do mercado de
trabalho. Paralelamente, encontramos pessoas que não dispõem de
meios para conseguir uma boa colocação em termos de emprego.
Em algumas atividades, que englobam percepção, concen-
tração e avaliação visual, os surdos se destacam dos ouvintes, tal
fato deve-se, principalmente, à falta de conhecimento da popu-
lação, de uma forma geral, de que o surdo, tanto quanto qualquer
outra pessoa tem capacidade de estar exercendo atividades
profissionais variadas, desde que não envolvam a necessidade
de ouvir.
Como vimos, existe um número bem significativo de pessoas
surdas no Brasil. É importante lembrar que surdez não é sinônimo
de inaptidão, pois existem pessoas que apesar de sua limitação
sensorial têm capacidade para ingressar no concorrido mercado
de trabalho.
A própria Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º,
inciso XXXI, explicita a proibição de qualquer discriminação no
tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador
de deficiência, deixando bem claro que as pessoas portadoras de
deficiência não podem ser vítimas de preconceitos e discriminações
nas oportunidades de trabalho.
Este tema é de suma importância, pois o trabalho forne-
ce auto-estima e confiança, além de proporcionar aos surdos
aprendizagem, aprimoramento e principalmente recebimento
de salário decorrente da prestação dos serviços que, para muitos,
constitui melhoria das condições de vida.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 133

IMPORTÂNCIA DO TRABALHO AOS SURDOS


O trabalho na vida do surdo é tão importante quanto na vida
dos ouvintes, assim, a diferença entre pessoas com surdez implica,
basicamente, num caráter de sentido “diferente”. A impostura dos
que não enxergam e titulam a surdez como incapacidade se dá
por que eles não conhecem as potencialidades dos surdos. Isto é
claro: são pessoas com potencial produtivo dentro das limitações
que são intrínsecas à sua condição.
Um componente que poucos assimilam é que não apenas a
falha ou a falta sensorial marca como deficiência. Será que a falta
de produtividade é uma deficiência?
A importância do trabalho não pode ou, pelo menos, não
deve ser encarada exclusivamente como a satisfação de uma
necessidade de sobrevivência. O trabalho, muitas das vezes na
condição particular do surdo, não tem unicamente como meta
riquezas ou bens. Embora, inegavelmente, seja o meio mais
comum de conseguir tranquilidade, serve também como meio
de construção de amizades e relações interpessoais.
No recinto de trabalho desenvolvem-se os anseios profis-
sionais do indivíduo surdo e é o campo perfeito para a aplicação
daquilo que foi aprendido na vida e na instituição de ensino pela
qual passou. O trabalho, ainda que intelectual, implica criação,
produção e ocupação.

A lei federal que institui cotas para contratação de pessoas


com deficiência tem levado empresas brasileiras a buscarem
profissionais qualificados para suprir as vagas oferecidas.
O Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(IBDD), referência nacional em qualificação e encaminha-
mento ao emprego nesta área, montou um banco de cur-
rículos para promover a articulação entre a demanda das
empresas e a oferta de mão-de-obra.
134 Língua Brasileira de Sinais - Libras

POSSIBILIDADES DE TRABALHO DOS SURDOS


A capacitação profissional de uma pessoa surda deve ser
refletida a partir de uma contextualização do mundo do traba-
lho, da realidade político-econômico-social em que o país vive.
Atualmente, o brasileiro está cercado de empresas que valori-
zam a excelência, a produtividade e a qualidade total dos serviços
prestados. Tanto ouvintes quanto os surdos necessitam correr
atrás disso ou melhorar sua qualidade profissional a fim de se
inserirem no mercado de trabalho.
O surdo adulto ainda encontra dificuldades em ser aceito
no mercado de trabalho, uma vez que suas reais potencialidades
ainda não são reconhecidas pela classe empresarial por falta de
informações e pelo preconceito relativo aos portadores de neces-
sidades especiais em geral. Lutar pela extinção das listas de profis-
são para surdos que acabam atribuindo incapacidade para certos
cargos e limitando oportunidades de emprego.
Nos concursos públicos os surdos tem a garantia da Lei
de Reserva de Mercado (10%) em todas as instâncias, procurando
respeitar proporcionalidade entre as deficiências.
É de extrema importância que os pais participam efetiva-
mente no processo de inclusão de seu filho surdo no mercado
de trabalho desde criança.
Temos enxergado grandes capacitações dos surdos
desempenhado funções relacionadas a serviços gráficos, à
digitação (na informática), a serviços bancários e administrativos,
às funções docentes (Instrutores), entre outras.

Na função de Instrutores, atuam em:

- cursos de Língua Brasileira de Sinais;


- atividades de Estimulação Precoce (para possibilitar a
aquisição de LIBRAS pelas crianças surdas);
Língua Brasileira de Sinais - Libras 135

- auxílios da Pré-Escola, do Ensino Fundamental, do Médio


e até do Superior (para viabilizar a aquisição/aprendizado
de Libras pelos alunos surdos, para inclusão de conteú-
dos curriculares, em classes ou escolas especiais e em
salas de recursos).

A maioria dos surdos que conseguem atingir os níveis mais


elevados de ensino, hoje, são professores. Assim, atuam em
Programas de Estimulação Precoce, em Escolas Especiais, em
Salas de Recursos para apoiarem as atividades curriculares dos
alunos surdos que se encontram em processo de integração em
classe comum do Ensino Regular, ministrando aulas de Língua
Brasileira de Sinais.

CURIOSIDADE

- 90% dos funcionários de uma empresa de cosméticos de


Fortaleza-CE são surdos.

- O Nordeste é o campeão de empregadores de deficientes


no Brasil, fazendo a colocação de 1.543 trabalhadores, o
que ajudou o Brasil a ter recorde mundial. Fonte: idt (2007).

QUALIFICAÇÃO
A inclusão dos surdos no mercado de trabalho está relacionada
à lei federal 8.213/90, que garante vaga de emprego para porta-
dores de necessidades especiais em empresas com mais de cem
funcionários. Porém, analistas de recursos humanos de diversas
empresas brasileiras, dizem que enfrentam grandes dificuldades
para encontrar portadores de necessidades especiais com quali-
ficação para certos tipos de trabalho e mesmo assim considera
alto o número de contratações.
136 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Uma coordenadora de recrutamento e seleção de uma grande


empresa brasileira diz que tem a cumprir uma cota estipulada por
lei, o equivalente a 60 funcionários de sua empresa, e ela fala que
já fizeram diversas campanhas, inclusive ofereceram cursos de
qualificação, mas que ninguém apareceu.
Na mesma oportunidade, a coordenadora aponta duas
barreiras difíceis de superar a inserção dos deficientes no
mercado de trabalho. A primeira delas é a ignorância e o pre-
conceito, pois muitos empresários ainda não sabem lidar com
a deficiência e acreditam que o convívio social destas pessoas
é difícil, mas o que acontece, na prática, é exatamente o contrá-
rio. O segundo problema é a falta de interesse profissional dos
próprios surdos.

SURDOS: EXEMPLOS DE SUPERAÇÃO


- Thomaz Alva Edson, grande inventor da lâmpada elétrica;
- Marlee Martlin, primeira atriz surda que ganhou Oscar de
melhor atriz;
- Helen Keller, professora surda e cega que revolucionou o
ensino dos surdos e cegos;
- Vanessa Vidal, Miss Ceará e 2ª colocada do Miss Brasil
2008;
- Ludwig Van Beethoven, grande músico, elemento da
transição entre o Classismo Romantismo com formas
clássicas herdadas de Mozart.

POSSIBILIDADES DE TRABALHO DOS INTÉRPRETES


A profissão de Intérprete de Libras é reconhecida por lei,
mas ainda não é regulamentada. Independente disso, o mercado
vem crescendo e dando sinal de que a sociedade desperta para
a inclusão.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 137

A Língua Brasileira de Sinais está se expandindo, fazendo


seu mercado como campo promissor.
Para atuar como intérprete não basta ter o domínio da Língua
de Sinais, é de extrema importância que a cultura surda faça
parte de sua vida.
É a área educacional que vem necessitando de mais profis-
sionais para atuar como Intérprete de Libras.
Há Leis que asseguram a acessibilidade e direitos de
comunicação dos surdos na sociedade em relação à educação
inclusiva, prevendo que cada vez mais, pessoas com surdez
frequentam o ambiente escolar. Fazendo que cada vez mais
aumente os números de vagas para Intérpretes, pois, onde
estiver um aluno surdo dentro de uma sala de aula, deverá ter
um Intérprete acompanhando o aluno.
Além de Intérpretes educacionais, todos ambientes públicos
ou privados com grande circulação de pessoas, deverá haver um
Intérprete como em rodoviárias, aeroportos, shoppings entre outros.
As possibilidades de trabalho estão abertas, embora não
existam vagas do ponto de vista formal. Mas elas serão criadas.
Tornar-se um intérprete de Libras já pode ser garantia de um futuro
promissor.

PRECONCEITO
O preconceito é um dos grandes obstáculos que dificultam
a inclusão social e profissional dos surdos no Brasil.
A inclusão de surdos no mercado de trabalho passa por
algumas dificuldades que ultrapassam os próprios limites
impostos pela condição física.
O preconceito para com os surdos é um problema grave,
pois, traz fortes reflexos para sua vida, dificultando não só o
acesso ao mercado de trabalho, mas também a sua vida social.
É necessário haver adequação. Uma pessoa surda é tão capaz
ou mais que uma pessoa ouvinte em determinados afazeres, desde
que possua condições ideais de trabalho.
138 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Não tenha preconceito, aceite-o e serás surpreendido.

Para Refletir

• Se você tivesse ou administrasse uma empresa, você


empregaria um surdo ou um Intérprete?

• O que você acha da admissão de profissionais surdos


pelas empresas ter sido imposta por lei?

• Em sua opinião, existe preconceito no mercado de trabalho


com relação aos profissionais surdos?

4.3 CONDUTA E LEGISLAÇÃO

Toda profissão necessita haver uma conduta acercada de


responsabilidades e deveres, exercida de forma honrosa. Em seu
dia-a-dia, deverá ser consciente do trabalho prestado e agir
adequadamente sob princípios e valores.
A conduta, quando diz respeito à Língua de Sinais, tem
como objetivo proteger vocês profissionais ou futuros profissionais
que utilizam ou utilizarão essa língua, alunos surdos, clientes surdos,
pacientes surdos e a quem mais utilizar esta língua a fim de pa-
dronizar seu comportamento e sua comunicação de forma dig-
na e correta.
Você, aluno (a), independente da sua área e profissão, deverá
ter com a Língua de Sinais uma qualidade constante para que o
surdo tenha condições de lhe entender, criando atitudes comuns
como dedicação, humildade, honestidade, respeito, responsa-
bilidade e cooperação.
O profissional que utiliza a Língua de Sinais tem como função
primordial estabelecer a intermediação comunicativa entre os
Língua Brasileira de Sinais - Libras 139

usuários da Língua de Sinais e os de Língua Oral, estimulando a


relação direta entre o surdo e o ouvinte ou entre você e o surdo.
Quando você for intermediar uma conversa, um estudo ou
um negócio entre o surdo e o ouvinte, você não poderá assumir
nenhuma responsabilidade de interferir, de ensinar, de negociar
ou outra atividade que não seja de sua delegação, tendo consciên-
cia que estará levando apenas a acessibilidade à informação.
Deverá ser fiel à interpretação, não omitindo e nem acres-
centando nenhuma informação do diálogo estabelecido entre o
usuário da Língua de Sinais e o de Língua Oral. Ser confidencial,
não podendo em nenhuma hipótese, nem mesmo sobre pressão
ou ameaça, revelar os diálogos particulares envolvidos.
Você, como comunicador ou Intérprete de Libras, não
interferirá com conselhos, considera-
ções ou opiniões pessoais, zelando por 12 LAG TIME: tem-
po aguardado entre
imparcialidade e neutralidade, não pergun-
a captação da língua
tando e nem respondendo em lugar do
fonte e a transmissão
intermediado.
para a língua fonte. É
Antes de você interpretar, deverá utilizado para não co-
ouvir e compreender a mensagem, deve meter erros e leva de 4
manter um lag-time12 para evitar erros e, a 30 segundos.

posteriormente é só transmitir os dados


recebidos.

É fundamental que se considere, também, que o


profissional intermediador ou Intérprete de Libras
é apenas um elemento para que se garanta a aces-
sibilidade. Sempre deverão lembrar que os sur-
dos precisam de tempo para olhar no ouvinte e
Intérprete, para as anotações e materiais, caso
houver. Outro aspecto importante é a garantia da
participação do surdo através de perguntas e res-
postas que exigem tempo para pensar, para que a
interação se dê efetivamente. (CAS, 2007, p. 03).
140 Língua Brasileira de Sinais - Libras

LEGISLAÇÃO
A legislação garante uma sociedade segura e pacífica, na
qual os direitos coletivos e individuais são respeitados. Sem ela,
não haveria o respeito às particularidades, cada pessoa agiria de
forma preconceituosa e com seus próprios conceitos e idéias.
Mesmo em uma sociedade organizada há desentendimentos e
conflitos, e as leis devem proporcionar uma maneira de resolver,
propor e punir. Com isso, levando-se em conta a Língua de Sinais
aos surdos, as leis nos propõem:

- oficialização e a regulamentação da Língua Brasileira de


Sinais – Libras, nos municípios, estados e federação;
- reconhecimento da língua de sinais como língua da educação
do Surdo, ou seja, a “língua do povo surdo”, em todas as
escolas e classes especiais de surdos;
- assegurar a toda criança surda o direito de aprender prio-
ritariamente línguas de sinais e após, também, português e
outras línguas;
- assegurar às crianças, adolescentes, adultos e idosos sur-
dos, educação em todos os níveis, como pressuposto a
uma capacitação profissional;
- levar ao conhecimento das escolas os direitos dos surdos;
- promover a conscientização sobre questões referentes
aos surdos;
- recomendar que programas da mídia (TV, rádio, jornal)
não veiculem posturas que gerem atitudes discriminatórias
contra o uso da língua de sinais e direitos dos surdos
defendendo posturas ouvicêntricas;
Língua Brasileira de Sinais - Libras 141

- levar em conta o conhecimento da língua de sinais para


a escolha dos professores de surdos. Entende-se como
prova de conhecimento em língua de sinais: certificado
específico de curso reconhecido pelas Associações e
Federações de Surdos, com aprovação posterior em
banca constituída pela comunidade surda e intérpretes;
- iniciativas legais visando impedir preconceitos contra surdos;
- regularizar ou implementar o ensino para os surdos
onde quer que eles ex.: escolas, associações, cursos,
universidades
- formular políticas públicas para levantamento e atendimento
educacional de crianças de rua surdas, conselho tutelar,
FEBEM, respeitando sua cultura.

Em concursos públicos, nos quais o surdo concorre com


outros deficientes, sua prova de português também precisa ser
analisada com critérios específicos e inclusive na presença de
intérpretes.
Além das propostas já constituídas em leis, a comunidade
surda luta por outros direitos como:
- direcionar os patrimônios dos surdos, assim como o
patrimônio das escolas de surdos quando deixar de
existir e que o patrimônio da cultura surda, adquirida
ao longo dos anos, seja entregue à comunidade surda;
- liberação do trabalho para os pais que têm filhos surdos
para fazerem cursos de língua de sinais;
142 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- criar programas de apoio aos surdos idosos, meninos


surdos de rua, internos em instituições e/ou casas de
detenção, mulheres surdas, portadores de HIV, drogados,
como também aos vendedores de panfletos, excluídos
do mercado formal de trabalho.

Os surdos têm direito a:


- Intérprete de Libras no ambiente de júri, sem ônus;
- Intérprete em momentos do interrogatório e prisões.

Para que você possa se basear de forma mais extensa, no


fim deste capítulo verá algumas indicações de sites que possam
lhe apoiar nas pesquisas.
Em 2002, sob a lei nº 10.436, de 24 de Abril, foi homologada
a lei federal que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio
de comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas
no Brasil. Este foi o primeiro e largo passo da comunidade surda.
O decreto federal 5296, de dezembro de 2004, que regula-
mentou as leis de acessibilidade (10.098) e de atendimento prioritá-
rio (10.048), forneceu elementos técnicos que estipulou prazos para
que vias públicas, estacionamentos, construções, prédios públicos
e edifícios de uso coletivo mantidos pela iniciativa privada. Apesar
disso, muitas agências bancárias ainda não estão acessíveis.
Reforçando a necessidade de fazer valer os diretos da
pessoa com deficiência, o Ministério Público Federal e a Federação
Brasileira dos Bancos (FEBRABAN) assinaram um Termo de Ajus-
tamento de Conduta (TAC), que prevê a acessibilidade nas insti-
tuições financeiras de todo país.
De acordo com o TAC, todas as agências bancárias terão
que seguir os padrões do Desenho Universal. Oferecer condições
de acessibilidade e de atendimento prioritário às pessoas com
deficiência física, visual, auditiva e mental.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 143

Entre as mudanças previstas pelo acordo, as agências


bancárias de todo o país terão que disponibilizar pessoal e equipa-
mentos capazes de manter comunicação com pessoas com surdez.
De acordo com o TAC as instituições financeiras - distri-
buídas em agências bancárias, caixas eletrônicos e postos de
atendimentos terão prazos específicos para se adequarem ao
Desenho Universal. O termo também prevê aplicação de multas
para os bancos que não cumprirem a legislação.
Em 2005 foi promulgado o decreto 5.626, de 22 de dezembro,
que tornou obrigatória a inserção da inclusão da Língua Brasileira
de Sinais como disciplina curricular nos cursos de formação
de professores para o exercício do magistério em nível médio e
superior.
Também através deste decreto (5626), os surdos irão ter
melhor atendimento dentro de empresas públicas de todo país.
A partir de agora, todas as empresas públicas federais, estaduais
e municipais são obrigadas a capacitar, pelo menos, 5% dos
empregados para o uso e interpretação da Língua Brasileira de
Sinais (Libras).
O decreto já está valendo e os órgãos da administração
pública deverão incluir em seus orçamentos anuais e
plurianuais os recursos para formação, capacitação e quali-
ficação de professores, servidores e empregados para o uso e
interpretação de Libras.
Nos aeroportos, rodoviárias, em delegacias de polícia, ou
seja, todos os órgãos precisam ter uma pessoa de plantão que
utilize Libras para atender o surdo e quem irá avaliar se as insti-
tuições se adequaram corretamente ao decreto e aplicar possíveis
penalidades que devem ser decididas de acordo com cada
reclamação é o Ministério Público.
A inclusão e o aprendizado também estão assegurados por
lei pelos documentos legais: Lei federal 7.853/89; Decreto Federal
3.298/99; Parecer CEE 424/03; Resolução CEE 451/03; Orientação
144 Língua Brasileira de Sinais - Libras

SEE/SD 01/2005. Além destes destaques, DICA:


há outras leis que facilitam o acesso e a É importante você
comunicação dos surdos dando também estar por dentro das
apoios aos Intérpretes de Libras. Leis, elas sempre
caem em concursos e
Em seguida, você terá uma lei e sempre há alguém
um decreto através da qual você deverá que irá lhe perguntar
adquirir conhecimento. sobre leis afins.

LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá


outras providências.
[...]

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e


expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos
de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Si-
nais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que [...],
constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fa-
tos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em


geral e empresas concessionárias de serviços públicos, [...] meio
de comunicação objetivo e de utilização corrente das comunida-
des surdas do Brasil.

Art. 3o [...], garantir atendimento e tratamento adequado


aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas
legais em vigor.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 145

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educa-


cionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem
garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial,
de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior,
do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte inte-
grante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme
legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não
poderá substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa.
[...]
Brasília, 24 de abril de 2002;
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.


Regulamenta a Lei 10.436/02, que dispõe sobre a Língua
Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098/00.

DECRETA:

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril
de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa


surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage
com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando
sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Si-
nais - Libras.
[...]
146 Língua Brasileira de Sinais - Libras

CAPÍTULO II
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR
Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curri-
cular obrigatória nos cursos de formação de professores para o
exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos
de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas,
do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.
§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas
do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal
superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial
são considerados cursos de formação de professores e profissionais
da educação para o exercício do magistério.
§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular
optativa nos demais cursos de educação superior e na educação
profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

CAPÍTULO III
[...]
Art. 5º § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos
de formação previstos no caput.
[...]

Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições


de ensino médio que oferecem cursos de formação para o magis-
tério na modalidade normal e as instituições de educação superior
que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de profes-
sores devem incluir Libras como disciplina curricular[...]
Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como
disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação
Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se
progressivamente para as demais licenciaturas.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 147

Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir


a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos
de formação de professores para a educação básica, nos cursos
de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de
Libras - Língua Portuguesa.
[...]

Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio


e superior, preferencialmente os de formação de professores, na
modalidade de educação a distância, deve dispor de sistemas de
acesso à informação como janela com tradutor e intérprete de
Libras - Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de
legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas
às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 de
dezembro de 2004.
[...]

CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
[...]
Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 22 de dezembro de 2005;
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

O QUE DIZ A LEI


A empresa com cem ou mais empregados está obrigada
a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiências, habilitadas,
na seguinte proporção:
• de 100 a 200 empregados: 2%
• de 201 a 500 empregados: 3%
• de 501 a 1.000 empregados: 4%
• de 1.001 em diante: 5%
148 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Apesar de ter espaço no mercado de trabalho, eles precisam


se expressar. Mostrar que têm direito de levar uma vida “normal”.
É preciso oportunizar aos surdos o seu verdadeiro “poder”.
Incentivar pessoas com surdez é algo muito rico no processo de
inclusão.

DICA:

Existem diversos outros materiais e informações nos


sites: www.educacao.mg.gov.br e www.mec.gov.br

Hoje, não basta só contratar, é preciso sensibilizar toda


sociedade e conhecer as capacidades e habilidades de cada uma
dessas pessoas dando oportunidade de crescimento e convo-
cando-os para vagas em aberto.

Para Refletir

• Os Surdos, quando se propõem a buscar seus objetivos,


conseguem. Mas quanto a nós, que ficamos ao seu re-
dor, estamos dispostos a ajudá-los nessa busca?

• Crie um projeto que beneficia as pessoas com surdez e o


proponha no fórum do AVA.
Língua Brasileira de Sinais - Libras 149

4.4 FRASES EM EXPRESSÕES DA LIBRAS

Em Libras, muitos acharão que nas frases as palavras estarão


fora do lugar, mas isso já é uma natureza e uma estrutura que
deixa de lado o português. Os surdos aprendem palavra por
palavra, e raramente um texto completo recheado de palavras.
Sua escrita em português não há artigos A, O, AS, OS e
verbos são escritos no infinitivo.
Para leigos, os surdos são falhos na escrita, mas, para eles
passa a ser natural. Com isso, a Língua de Sinais não pode ser es-
tudada tendo como base a Língua Portuguesa, pois ela tem gra-
mática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos
sinais na construção de um enunciado corresponde a normas
próprias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias,
na percepção visual-espacial.

Veja alguns exemplos que demonstram exatamente essa


independência sintática do português:

EU IR IGREJA! (verbo direcional).


Em Português “Eu irei à igreja!”

EU VER CAMELO BLUSA BARATO.


“Eu vi no camelô uma blusa barata.”

AMIG@ FAZENDA PRECISAR MÉDICO CACHORRO CUIDAR


ANIMAIS.
“Um amigo da fazenda precisa de um veterinário para cuidar
dos animais.”

ADVOGAD@ LEI CONHECER TUDO.


“O advogado conhece todas as leis.”
150 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- Sempre que encontrar uma frase com “@” significa que


pode estar no masculino ou feminino.

DICA:

Na estruturação em Libras observa-se que há regras


próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções,
porque esses conectivos estão incorporados ao sinal.

Expressões Interrogativas e Exclamativas

Para as frases exclamativas e interrogativas, em Libras, é


preciso ficar muito atento às expressões faciais e corporais, pois
nessas situações se utilizam sinais e expressões simultaneamente.

• Interrogativa, esta expressão necessita que você levante as


sobrancelhas e faça uma ligeira inclinação com o queixo [?].

• Exclamativa, sobrancelhas levantadas e um movimento


da cabeça inclinando-a para cima e para baixo.

NOME? (direcional com expressão interrogativa).


“Qual é o seu nome?”

NOME! (direcional com expressão exclamativa).


“Meu nome é João Victor!”

IDADE? (direcional com expressão interrogativa).


“Quantos anos você tem?”
IDADE 28! (direcional com expressão exclamativa).
“Tenho 28 anos!”
Língua Brasileira de Sinais - Libras 151

TRISTE PORQUE? (é uma pergunta)


“Por que você está triste hoje?

VOCÊ TRISTE!
“Hoje você está triste!” (afirmação que você está triste)

LIBRAS APRENDER FÁCIL? (quer saber se aprender


Libras é fácil?)
“Aprender Língua Brasileira de Sinais é fácil?”

LIBRAS APRENDER FÁCIL! (afirmou que é fácil)


“Aprender Língua Brasileira de Sinais é fácil!

MACEIÓ LONGE^MUITO? (dúvida se Maceió é


longe, pergunta)
Maceió é muito longe?
MACEIÓ LONGE^MUITO! (expressão afirmando que é longe)

BOM^MUITO VIAJAR ARACAJU?


É muito bom viajar para Aracaju?
(Pergunta-se se viajar para Aracaju é bom)

VOCÊ GOSTAR IR FESTA?


Você gosta de ir a festas?

Expressões positivas e negativas

Nas frases positivas e negativas nem sempre terá que fazer


o sinal e a expressão simultaneamente, pois há sinais próprios
que já implicarão no contexto.
152 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Afirmativa: Expressão facial é indiferente.

CORAJOSO BONDOSO

Negativa: Pode ser feita através de três artifícios:


a) Sinal de negação diferente do afirmativo:

OUVIR NÃO OUVIR

Devemos relacionar o sinal negativo em seu contexto e ver


se o correto para o momento é o antônimo da palavra mais o
sinal de negação ou o sinal próprio em negação.
b) Movimento negativo com a cabeça, simultaneamente à
ação que está sendo negada.

NÃO PERDOO /

NÃO DESCULPO
Língua Brasileira de Sinais - Libras 153

Neste caso acima, são feitas duas expressões ao mesmo


tempo, “cara fechada + expressão de NÃO” além do sinal de
“DESCULPAR”.

c) Sinal NÃO (com o dedo indicador) à frase afirmativa.

Após o sinal de “QUEBRAR”, utiliza-se o sinal


de “NÃO” com o dedo indicador, aquele sinal
popularmente conhecido em nossa sociedade.

Expressões Imperativas QUEBRAR

Nestas frases, você já implicará a tonalidade da palavra na


expressão, se o tom for mais agressivo, o sinal com a expressão
deverá ter a mesma intensidade da palavra como, por exemplo:
Cale a boca!
Ou então:

SEU IDIOTA VOCÊ É UM GROSSO / BRUTO

Vamos ver se você entendeu este capítulo:


Passe a frase para o Português e descreva qual o tipo de
frase das orações em Libras conforme sua expressão.

FAZENDA DONO ESTÚPIDO E IGNORANTE

BARATA MEDO
154 Língua Brasileira de Sinais - Libras

QUEM ALI ESTÁ

CARRO 15 MIL DINHEIRO

AMIGO TRABALHAR FACULDADE

Expressões temporais
Nas noções temporais, adicionamos sinais que informam o
tempo presente, passado ou futuro.

Presente (já / hoje / agora)


JÁ PESQUISAR ACABAR
“Você já acabou a pesquisa?”

HOJE ESCOLA EU^IR PRIMO.


“Hoje vou à escola com meu primo”

AGORA EMBORA
“Estou indo embora agora.”

Passado (Ontem / Há muito tempo / Passou)


ONTEM EU^IR ESCOLA JUNTO PRIMO
“Ontem, eu fui à escola com meu primo.”
SEMANA PASSADO EU VIAJAR
“Semana passada eu viajei.”

ANOS^PASSADO EU BICICLETA^CAIR
“Anos atrás cai de bicicleta.”

Futuro (amanhã / futuro / depois / próximo)


EU BRINCAR AMANHÃ REPETIR
“Amanhã irei brincar de novo”
Língua Brasileira de Sinais - Libras 155

FUTURO EU COMPRAR APARTAMENTO AQUELE


BONITO^MUITO
“Um dia comprarei aquele apartamento lindo”

DEPOIS EU^IR PESCAR


“Depois irei pescar”

PRÓXIMO SÁBADO EU FUTEBOL


“Jogarei futebol no sábado.”

DICA:

Procure estar sempre buscando estas palavras no dicionário


digital do site já indicado e tente fazer todas as frases para
você entender melhor sua estrutura. É importante que você
tenha um contato com surdos para obter um melhor
aproveitamento. Caso isso não seja possível, tire suas
dúvidas conosco, pois elas poderão ser úteis para você e
demais colegas e por que não também para nós?

Para Refletir

• Com a interação direta com um surdo, você conseguirá


assimilar melhor estas informações com mais facilidade.

• Você já parou para pensar como um surdo e não como


ouvinte?
156 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Resumo

Conhecer a melhor forma de ensino aprendizado é um as-


pecto importante na alfabetização de uma criança surda, assim,
faremos que estas crianças iniciam-se suas atividades educacio-
nais precocemente sem comprometer seu desenvolvimento
pedagógico. Em possibilidades de trabalho, a importância, a
qualificação e a vontade devem superar o medo e o preconceito
tanto para o surdo quanto para os intérpretes, tornando real a
inserção no mercado de trabalho. As condutas ligadas aos sur-
dos e aos Intérpretes garantem uma sociedade mais inclusiva e
os textos abordam todas estas particularidades. Em 2002, atra-
vés da lei 10436, foi reconhecida da língua materna dos surdos.
Apesar de tardia, é a principal lei voltada aos surdos e a partir
desta lei foram criados outros decretos regulamentares. Além de
aprofundar e assimilar a independência do Português com a Libras,
todo este conjunto se fecha nas expressões (frases), determinantes
para a comunicação entre o surdo e o ouvinte.

Indicação de filmes e sites

FILMES

A cor do paraíso Adorável professor


Além do silêncio Depois do silêncio
Filhos do silêncio Gestos de amor
Lágrimas do silêncio Minha amada imortal
Nell No silêncio do amor
O milagre de Anne Sullivan O piano
Seu nome é Jonas Som e fúria
Testemunha muda Tiro na escuridão
Tortura perigosa Tudo em família
Língua Brasileira de Sinais - Libras 157

SITES

www.acessobrasil.org.br/libras
www.atividadeseducativas.com.br
www.dicionariolibras.com.br
www.feneis.com.br
www.ines.gov.br
www.libras.net.com
www.libras.org.br
www.libraselegal.com.br
www.vezdavoz.com.br

GABARITO

Página 45 Página 46 Página 48 Página 49 Página 51 Página 58


04 Prato 12 + 35 451 V Beber
15 Prata 987 + 1248 66574 F Sorvete
05 Pato 1000 + 6547 2121524 V Garfo
16 Mato 9987 - 5421 37 V
17 Carro 14257 - 254 219 F
11 Amiga 65 x 31 654 F
14 Viajar 9x7 999 V
03 Longe 585 x 641 647787 V
09 Homem 8975146 : 2 112478 F
07 Saboroso 465164 : 7 531841 F
02 Puxar 2196 : 2196 3000
13 Caçar 6187708
06 Telefonar
08
12
10
01
18
158 Língua Brasileira de Sinais - Libras

PÁGINA 125

P C 0 s A p a t o j C
A O L s K r t u Ç F A
T N O V E l A E s F I
o V P Q E s T U d A R
2 I U T K G H o C S W
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Y E R J O v e M V O Ç
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Língua Brasileira de Sinais - Libras 161

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A notações
Língua Brasileira de Sinais - Libras 167

A notações
168 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A notações

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