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PONTA PORÃ
ANTES, DURANTE E DEPOIS
2005
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul
Campo Grande – Mato Grosso do Sul
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul
79002-365 – Rua Rui Barbosa, 2.624 – Centro
Campo Grande – MS
www.ihgms.com.br
end. eletr.: ihgms@ihgms.com.br
Exmo. Sr. Major José Guimard dos Santos,
MD. Governador do Acre,
Exmos. Srs. Parlamentares,
Exmo. Sr. Dr. Xavier de Oliveira, brilhante sociólogo,
Exmos. Srs. Magistrados,
Senhoras,
Senhores.
Companheiros.
Educação
A educação foi outro setor que encontrou por parte do
Governo Territorial medidas oportunas e salutares. As 53 escolas
que funcionavam ao tempo de Mato Grosso – sendo que dessas,
24 eram mantidas pelos municípios – para atender a uma popula-
ção escolar de cerca de 20.000 crianças, permitindo que apenas
10 Elpídio Reis
Saúde
O setor Saúde, até então quase que inexistente, pois que
contava apenas com um médico, um prático microscopista e
dois guardas sanitários, passou a receber a assistência de doze
médicos, um farmacêutico, um laboratorista, um prático de la-
boratório, trinta e quatro guardas sanitários, cinco atendentes,
cinco auxiliares administrativos e cinco serventes.
Com esse corpo de auxiliares a assistência médica, sanitária
e educacional se fez sentir de modo concreto e altamente salutar.
Região formada por um magnífico planalto que se estende
entre as serras de Maracaju e Amambaí e gozando de um dos
melhores climas do país, Ponta Porã recebeu por parte do Go-
verno Territorial especial atenção no que diz respeito a estradas,
veias por onde correriam todos os valores humanos e econômi-
cos, num movimento contínuo de vida e progresso. Só por meio
de estradas ao longo da fronteira se tornaria possível a fiscali-
zação, a repressão ao contrabando, além de possibilitar-se assis-
tência em todos os sentidos aos nossos patrícios que vivem nos
mais longínquos recantos, sentinelas avançadas da Pátria e que
por isso mesmo deveriam merecer dos Poderes Públicos uma
atenção mais eficiente. O Território em matéria de estrada era a
única esperança para aquelas fronteiras, esperança essa que
durante os três anos de Território chegou a concretizar-se em
centenas de quilômetros.
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Terras devolutas foram distribuídas a agricultores, prestou-
se assistência técnico-sanitária aos rebanhos da região, e uma
granja modelo e uma fazenda modelo já estariam em pleno fun-
cionamento não fosse a extinção daquele Território.
Com o fim de se fixarem os colonos provindos principal-
mente de São Paulo, Mato Grosso – e havia até os que vinham do
extremo norte do Brasil – foram organizadas colônias agrícolas.
Obras de vulto foram iniciadas, merecendo especial des-
taque a usina elétrica, serraria, carpintaria e oficina mecânica
de Dourados, conjunto orçado em mais de cinco milhões de
cruzeiros. Um correio aéreo encurtava as distâncias, transpor-
tando doentes, feridos, salvando assim numerosos casos fadados
ao perecimento não fossem as medidas de caráter urgente; um
completo serviço de rádiodifusão poria um contato permanente
todas as regiões chaves do Território com o Governo do mesmo,
e este estaria também permanentemente em ligação com o
Governo Central. Um plano de urbanização para as principais
cidades estaria já a esta data em pleno desenvolvimento. For-
taleceu-se o Poder Judiciário, e se desenvolveu uma sadia polí-
tica internacional, possibilitando, destarte, um intercâmbio mais
fraterno entre as populações da fronteira Brasil-Paraguai.
E muito longe iríamos citando grandes empreendimentos
levados a efeito ou que se realizariam no Território, não nos es-
tivesse no pensamento a fatídica idéia de que houve para os
territorianos um dia inesquecível, de luto e de tristezas: 8 de se-
tembro de 1946!
Sim, meus senhores, no dia da extinção do Território
concretizou-se a idéia que jamais poderia ocorrer aos homens
que lutam naquele pedaço de Brasil bem como a todos os que
conhecem bem os altos problemas político-sociais das nossas
fronteiras.
Mas, meus senhores, aceitemos esse fato desolador: a ex-
tinção do Território e examinemos rapidamente as mais funestas
conseqüências.
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