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“Workshop”

Projeto Programa de Pesquisa em Políticas Públicas

Painel 3:

Uso da água na produção de etanol

de cana-de-açúcar – fase industrial

Palestrante:
Vadson Bastos do Carmo, M.Sc.
Dedini S/A Indústrias de Base
vadson.bastos@dedini.com.br

Debatedores:
Dr. Carlos Eduardo Vaz Rossel – NIPE/UNICAMP
Dra. Sílvia Nebra – NIPE/UNICAMP

UNICAMP - Campinas, 24/11/2008

Vadson Bastos do Carmo, M.Sc. 
DEDINI S.A. – Indústrias de Base 
Painel 3: “O uso da água na produção de etanol de cana-de-açúcar”

As maiores reservas mundiais de água (97%) estão distribuídas principalmente, nos


oceanos e mares, portanto salgadas, restando cerca de 3% de água doce, sendo que
destes 3%, 2,5% são águas que se encontram em geleiras e calotas polares, restando
então, apenas 0,5% de água doce nos subterrâneos, para ser disponibilizada nos rios,
lagos e poços artesianos.

Além da reduzida quantidade de reservas mundiais de água doce disponível, a sua


distribuição não é proporcional ao seu consumo ou população. Enquanto o continente
asiático possui 36% das reservas mundiais, por outro lado, têm 60% da população do
planeta.

Dentre as demandas por água doce, a agricultura lidera o consumo, sendo utilizada
para irrigação, aproximadamente 70% de toda a água doce disponível.

Com relação ao setor industrial, segundo estimativas da ANA – Agência Nacional de


Águas, o volume de água utilizada pela indústria crescerá de 750 m3/ano em 1995 para
um valor de 1170 m3/ano em 2025.

Neste contexto o Brasil se destaca, pois possuí 12% das reservas mundiais de água
doce e 25% das águas doces frias disponíveis, tendo 112 trilhões de m3 de água doce
em seu subsolo e apenas 6% da população da Terra.

Na Tabela 1 é apresentada a distribuição do consumo de água no Brasil, tendo a


indústria, um menor consumo do que a agropecuária e o consumo urbano.

Tabela 1: Distribuição do consumo de água no Brasil

Setor Consumo de água (%)

Agropecuária 61

Urbano 21

Industrial 18

Fonte: UFPel, ALM, 22/03/2007

Porém, a preocupação com o uso de água nas indústrias tem apresentado uma
crescente demanda por melhorias de tecnologias que proporcionem uma redução no seu
consumo.

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Podemos perceber esta redução da necessidade do uso de captação de água para
reposição por meio dos números históricos apresentados pelo setor, conforme mostrado
na Tabela 1, em 1997, necessitava cerca de 5,0 m3/tonelada de cana (tc), até mais
recentemente necessitava cerca de 1,8 m3/tc e atualmente pode-se obter a necessidade
de apenas cerca de 1 m3/tc, sendo ainda com recuperação de 98%, podendo ser re-
utilizada na irrigação dos canaviais.

Tabela 2: Captação de água para indústria sucro-alcooleira

Ano Quantidade de captação de água


(m3/tc)*

1997 5,0

2007 1,8

2008 (estimativa) 1,0

*: m3 = metros cúbicos; tc = tonelada de cana-de-açúcar

Também devemos notar a redução do consumo de água nos processos para a


produção de etanol se deve a diversos fatores que aconteceram simultaneamente,
como: a curva de aprendizagem pela experiência e operação, escassez das reservas de
águas, cobrança pelo uso da água e pressões de caráter ambiental, incluindo novas leis
e requisitos para licenciamentos ambientais.

Portanto, podemos classificar as necessidades de água para a produção de etanol


em 2 tipos: água de captação, retirados mananciais, rios, lagos ou poços artesianos; e
água para consumo, que é o volume captado de água menos o volume de água
consumida para reposição do consumo interno nos processos e utilidades, conforme
destacado na Tabela 2.

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Tabela 3: Necessidades de Captação e Consumo de água nas usinas

Necessidade de água nas usinas Descrição

Captação Volume de água bruta, retirada


diretamente dos rios e do subsolo

Consumo interno Volume de água captada subtraído o


volume de água devolvida

Para contribuir com esta redução, a indústria de equipamentos tem desenvolvido


novas tecnologias para este fim, por meio da otimização dos processos e novas
tecnologias que permitem o re-aproveitamento da água, além da menor necessidade de
água para reposição nos processos de produção, sendo atualmente necessários 21 m3
de água por tonelada de cana, para produzir aproximadamente 42 litros de etanol por
tonelada de cana-de-açúcar.

Estas novas tecnologias para o setor sucro-alcooleiro têm como premissa, o


aproveitamento da própria água contida na cana-de-açúcar, conforme mostrada na
Figura 1, que é 70%, ou seja, em cada tonelada de cana-de-açúcar temos 700Kg de
água na sua composição.

Figura 1: A água contida na cana-de-açúcar

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Questões:

(i) Quais são os pontos críticos da utilização da água na produção industrial do


etanol?

Resposta:

Podemos considerar principalmente os seguintes pontos críticos da utilização


da água na produção industrial do etanol: a etapa de lavagem da cana-de-
açúcar; nas etapas de evaporação/condensação nos processos de produção de
açúcar e etanol; na destilação (águas residuais, água aquecedora, lavagens de
pisos e tanques e descartes); nos lavadores dos gases; no resfriamento de
mancais e nas caldeiras.

Na figura 1 é mostrado o fluxo de necessidade de captação de água e as


principais etapas demandadoras do consumo de água.

Figura 1 – Necessidade e consumo de água na produção de Etanol

Fonte: DEDINI, 2008

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(ii) Como o setor industrial vem desenvolvendo tecnologias para minimizar o uso da
água?

Resposta:

O setor industrial vem desenvolvendo tecnologias para minimizar o uso de


água, principalmente nas etapas em que ocorrem as maiores necessidades de
consumo, como nas descritas anteriormente, seguindo as premissas da máxima
utilização da água contida na própria cana-de-açúcar e na redução do consumo
de água nos processos de produção de etanol e suas utilidades, conforme é
mostrado na Figura 2.

Figura 2: Uso mínimo de água na produção de Etanol

Para o máximo aproveitamento da água disponível na cana-de-açúcar


devemos substituir, por exemplo, o sistema de lavagem da cana-de-açúcar por
sistema de lavagem à seco.

No caso de mínimo consumo interno de água nos processos da Usina, pode-


se otimizar a etapa de evaporação, utilizando a sangria do vapor em seus
múltiplos efeitos e aproveitar a condensação para produção de água.

Também com relação à destilação e desidratação, o uso de novas


tecnologias com a utilização de membranas reduz a necessidade de consumo de
água.
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Também no sentido de minimizar o consumo interno de água, a concentração
da vinhaça integrada à destilação poderá contribuir sensivelmente para a
redução da necessidade de água.

Esta vinhaça concentrada é rica em nutrientes químicos utilizados como


fertilizante para o cultivo da cana-de-açúcar, podendo se tornar um bio-
fertilizante, tecnologia em desenvolvimento pela Dedini S.A. – indústrias de Base.

Em uma próxima etapa de desenvolvimento, com uma otimização mais


avançada, o processo de produção de etanol poderá precisar de uma quantidade
de água inferior à quantidade de água contida na própria cana-de-açúcar
processada, ou seja, 0,7 m3/tc, o que permitirá a geração de excedente de água,
podendo ser utilizada internamente na própria área agrícola, para irrigação, ou
como água de utilidades para a usina, além da possibilidade do excedente de
água ser exportado.

Referências:
DEDINI S.A. – Indústrias de Base; material utilizado para divulgação à imprensa;

OLIVÉRIO, J. L.; Apresentação no SIMTEC 2008

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