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XVI
São Paulo – 2007
ISSN 1413-6651
Departamento de Filosofia
Chefe: Moacyr Novaes
Vice-Chefe: Caetano Ernesto Plastino
Coordenador do Programa de Pós-Graduação: Marco Antônio de
Ávila Zingano
7. NOTÍCIAS 139
8. CONTENTS 143
A negatividade interrogada:
Espinosa entre Bayle e Hegel
MARIANA DE GAINZA*
*
Doutoranda do Departamento de Filosofia da USP e bolsista da Fapesp.
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O combate filosófico
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Espinosa clássico
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donc rien se promettre d’une dispute avec eux; car s’ils sont capables
de nier cela [o princípio clássico de contradição], ils nieront toute
autre raison qu’on voudra leur alléguer”35 ) — eis um modo de
argumentar contra Espinosa que “a polêmica é supérflua”, como diria
Lebrun. Pois não há possibilidade de sustentar um discurso onde,
arruinada a validez dos princípios de identidade e contradição, sustenta-
se, no final das contas, que não há nada que seja impossível36 .
Enfim, é possível neste caso usar a favor de Espinosa um
argumento de tipo similar àquele que Lebrun esgrime para defender
Hegel de seus críticos (supõe-se, diz Lebrun, que o fim último da
filosofia de Hegel é consagrar o triunfo do positivo, logo depois de
subsumir passo a passo todas as formas da diferença... Mas é legítimo
apresentar como unilateral à filosofia que persegue sem trégua à
unilateralidade em todas suas expressões?). Diríamos, então, em relação
a Espinosa: pode-se sustentar que uma filosofia que, por tentar
compreender os prejuízos dos homens e as “evidências” que atuam
favorecendo a perpetuação da servidão, foi persistentemente atacada
com a acusação de “heresia”, e que despertou sempre os mais
acalorados debates, pretendia, na verdade, assentar um dogma que
acabasse com toda polêmica?
Neste sentido, podemos dizer que a interpretação bayliana de
Espinosa teve o mérito de explicitar o desconcerto que sua filosofia
gerou em sua época, e que ainda continua gerando. “As ‘contradições’
e aporias do espinosismo, então, mais que produzir o nada de um
silêncio que condenasse definitivamente sua inconsistência,
produziram bem específicas e determinadas rejeições (entre as quais,
as negações externas — como a da tradição de refutações do
espinosismo que o próprio Bayle inaugura — e as negações internas
— como a de Hegel).”
35
Espinosa clássico?
36
Referências bibliográficas
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Notas
1
Macherey, P., Hegel ou Spinoza, A Découverte, París, 1990.
2
Para uma versão deste debate, ver Bibliografia 3: Contrapoder. Una
introducción, Ediciones De mano en mano, Buenos Aires, 2001.
3
Ibid., p. 112.
4
Ibid., p. 136.
5
Hegel, Lecciones sobre la historia de la filosofía III, México, Fondo
de Cultura Económica., p. 307.
6
“A negação da negação não é outra coisa que a contradição, pois ao
negar a negação como simples determinabilidade, é por um lado
afirmação e, pelo outro, negação em geral; e esta contradição, que é
precisamente o racional, é o que falta em Espinosa. Falta nele a forma
infinita, a espiritualidade, a liberdade”. Ibid., p. 308.
7
Macherey, P., Hegel ou Spinoza, op.cit., p.176.
8
Deleuze, G., Diferencia y repetición, Buenos Aires, Amorrortu, 2002,
p. 96.
9
Hegel, Ciencia de la lógica, Libro II, La Doctrina de la esencia,
Buenos Aires, Ediciones Solar, 1974, p. 372.
10
Ibid., p. 383.
11
Ver o Article Spinoza do Dictionnaire historique et critique, em
Bayle, P., Écrits sur Spinoza, Paris, Berg International Éditeurs,
1983.
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12
Como diz Marilena Chaui, “Com Bayle, nasce propriamente a
tradição interpretativa do espinosismo. São dele idéias, imagens e
sugestões que iriam alimentar, durante os séculos vindouros, as
sucessivas leituras da obra e, mais freqüentemente, as substituiriam, o
verbete [Spinoza, do Dicionário histórico e crítico] sendo mais lido
do que Espinosa (...). Com seu verbete, institui um campo de
generalidades no qual ficou esculpida em baixo-relevo a imagem do
espinosismo que seria gravada como um selo nos comentários,
interpretações e retomadas que a obra espinosana iria suscitar na fieira
dos tempos.” Chaui, M, A nervura do real, São Paulo, Companhia
das Letras, 1999, p. 281.
13
Hegel, Ciencia de la Lógica, op.cit., p. 388.
14
Bayle, P., Écrits sur Spinoza, op. cit., p. 69.
15
Bayle, P., Ibid., p. 60.
16
Ibid., p.63.
17
Ibid., p.64.
18
Ibidem.
19
Ibid., p.67.
20
Hegel, Ciencia de la Lógica, op.cit., pp. 513-515.
21
Lebrun, G, “La négation de la négation”, en La patience du Concept:
essai sur le discours hegelien, Paris, Gallimard, 1972, pp. 267-324.
22
Ibid., p.270.
23
Ibid., p. 272.
24
Ibid., p. 273.
25
Ibid., p.274.
26
Ibid., p.275.
27
Ibidem.
28
Ibid., p.277.
29
Ibid., p.283.
39
30
Ibid., p.284.
31
Ibid., p. 301.
32
Ibid., p. 281.
33
Bayle, P., Écrits sur Spinoza, op.cit., p.26.
34
O espinosismo, diz Bayle, deve ser atacado “par les défauts absolus
de son ouvrage (les défauts qui ne viennent point de ce que Spinoza
est contraire aux Maximes généralement reconnues pour véritables
par les autres philosophes), et par les défauts relatifs de ses parties
comparées les unes avec les autres”. Bayle, P., Écrits sur Spinoza,
op.cit., p.26.
35
Ibid., p.66.
36
“Selon Spinoza tous les sentiments de tous le hommes sont dans
une seule tête. Rapporter simplement de telles choses c’est les réfuter,
c’est en faire voir clairement les contradictions; car il est manifeste,
ou que rien n’est impossible, non pas même que deux et deux soient
douze, ou qu’il y a dans l’univers autant de substances que de sujets,
qui ne peuvent recevoir en même temps les mêmes dénominations”.
Ibid., p.68.
37
Macherey, P., Hegel ou Spinoza, op.cit., p. 208.
38
Ibid., p.207.
39
Ibid., p.208.
40
Ibidem.
40
Negação e objetividade
na Crítica da Razão Pura:
Uma leitura da Dialética Transcendental
SILVANA DE SOUZA RAMOS*
*
Doutoranda do Departamento de Filosofia da USP e bolsista da Fapesp.
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Orides Fontela
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A arte de Zenão
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Bibliografia
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Notas
1
Não discutiremos este aspecto, mas é importante sinalizar que,
diferentemente do “tropeço da razão” que produz “idéias
cosmológicas” sem qualquer validade empírica, “a totalidade absoluta
na síntese das condições de todas as coisas possíveis em geral produzirá,
ao contrário, um ideal da razão pura, que é totalmente distinto do
conceito cósmico, conquanto se encontre em relação com ele” (B
435, grifo nosso).
2
“Mediante uma categoria pura, na qual se abstraiu de toda a condição
da intuição sensível, única que nos é possível, não se determina nenhum
objeto, apenas se exprime o pensamento de um objeto em geral,
segundo diversos modos. Ora, para fazer uso de um conceito, é
necessária ainda uma função da faculdade de julgar pela qual um objeto
é subsumido no conceito, por conseguinte a condição pelo menos
formal, pela qual algo pode ser dado na intuição. Se faltar esta condição
da faculdade de julgar (o esquema), falta a subsunção, pois nada é
dado que possa ser subsumido ao conceito” (B 304).
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*
Doutorando do Departamento de Filosofia da USP.
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II
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III
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IV
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P1: Toda nudez não deve ser vista/ P1´: Toda nudez é prazerosa/
P1’’: “Toda nudez será castigada”
P2: Essa mulher está nua
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sobre o que fazer ou não fazer. Sua cura depende do quanto esse
conhecimento o afeta e o leva a desejar, antes de tudo, aquilo que,
por desejar, ele julgará como bom.
Talvez um dos erros da posição socrático-platônica seja o de
depositar a força do conhecimento verdadeiro apenas no que ele tem
de lógico e racional, desconsiderando a sua carga afetiva. Assim, se
ele é fraco e não vence um desejo, é porque não é verdadeiro, tratando-
se apenas de mera crença. Os elementos da teoria dos afetos da Ética
de Espinosa que evocamos acima nos ajudam a compreender, porém,
que não importa tanto se o conhecimento é verdadeiro (racional) ou
se é mera crença (imaginação, paixão); o que de fato importa é o grau
de afetividade com que conhecimentos certos ou crenças corretas nos
afetam. É assim que, muitas vezes, somos “acráticos” porque os
conhecimentos expressos em mandamentos morais não têm certo grau
de afetividade capaz de nos fazer evitar o “mau”, e não o têm justamente
quando nossa relação com eles é uma relação extrínseca, isto é, quando
eles nos vêm de fora, às vezes como imposições, e muitas vezes
acompanhados de abstratas noções de bem e mal18 . Se Aristóteles
pôde problematizar a acrasia e avançar sua análise, foi justamente
porque introduziu, nos raciocínios práticos, o próprio desejo,
aproximando-se, nesse sentido, da visão espinosana do problema.
Na análise aristotélica, contudo, permanece ainda uma certa
separação entre o desejo, ou vontade, o afeto e o próprio conhecimento.
É isso que levava Aristóteles a conceber a liberdade como escolha
entre possíveis contrários. Entre dois conhecimentos, isto é, entre duas
ações possíveis e contrárias, viria se situar a faculdade da vontade,
para escolher livremente entre os possíveis19 . E é essa separação entre
vontade, afeto e intelecto que já não existe em Espinosa20 , cuja “teoria
do conhecimento” e dos afetos permite, por isso mesmo, considerar
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Bibliografia:
84
Notas
1
PLATON. Protagoras. In: Œuvres Completes – Tome Deuxième.
Paris: Librairie Garnier Frères, 1948, p. 68-69.
2
Usaremos, aqui, incontinência. Mas a tradução de acrasia por
“fraqueza da vontade” ou “fraqueza moral” não deixa de fazer sentido;
tudo se passa como se o acrático não fosse forte o suficiente para se
conter e se comportasse como aquele sujeito da frase de Oscar Wilde:
“Eu resisto a tudo, menos a uma tentação”...
3
As obras de Aristóteles serão citadas no corpo do texto, obedecendo
às seguintes abreviações: EN: Ética a Nicômaco; MA: O Movimento
dos animais; DA: De Anima. A edição da Ética nicomaquéia que
utilizaremos aqui é a de Gama Kury: ARISTÓTELES. Ética a
Nicômacos. Tradução, introdução e notas de Mário da Gama Kury.
Brasília: Editora UnB, 2001. A numeração Becker é apenas aproximada
(isso vale para as outras obras aristotélicas).
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4
WOODS, Michael. Aristotle on akrasia. In: Four Prague Lectures
and Other Texts. Rezek, 2001, p. 65.
5
Woods, op. cit., p. 72.
6
Woods, op. cit., p. 67-68.
7
Ibid., p. 71
8
Woods, op. cit., p.69-70.
9
MUÑOZ, A. Alonso. Liberdade e causalidade: ação,
responsabilidade e metafísica em Aristóteles. São Paulo: Discurso
editorial/Fapesp, 2002, p. 198-9.
10
Talvez seja mesmo devido à centralidade do desejo no problema da
acrasia que Aristóteles ofereça dois tratados do prazer na Ética
nicomaquéia, um ao final do Livro VII e outro no Livro X.
11
VERGNIÈRES, Solange. Ética e Política em Aristóteles: physis,
ethos, nomos. São Paulo: Paulus, 1998, p.121.
12
Cf. HUTCHINSON, D. S. “Ethics”. In: BARNES, Jonathan.
Aristotle. New York: Cambridge University Press, 1995, (col. The
Cambridge Companion to), p. 217. Vale lembrar que, para este autor,
o problema talvez se resolva em termos de “desajustes emocionais”:
nossas emoções, no caso da incontinência, estariam desajustadas, o
que nos levaria a fazer a coisa errada; e isso porque, mesmo conscientes
do erro que estamos praticando, “...nosso lado racional e moral é mais
fraco do que o emocional” (ibidem, p. 215). Soluções desse tipo,
contudo, parecem privilegiar o lado psicológico do problema, em
detrimento dos aspectos cognitivos, lógicos e filosóficos do problema.
13
ESPINOSA, B. de. Ética demonstrada à maneira dos geômetras.
Tradução não concluída, realizada pelo Grupo de Estudos Espinosanos
da FFLCH-USP. Cf. escólio da proposição 9 da Parte III.
14
Cf. Espinosa, op. cit., Parte III, definição 3: “Por Afeto entendo as
afecções do Corpo pelas quais a potência de agir do próprio Corpo é
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Resumo: Este artigo é parte de um estudo mais amplo que tem como
eixo a formação das noções comuns e a definição da razão na Ética de
Espinosa. Neste artigo, examino a questão a partir da leitura de Gilles
Deleuze em Espinosa e o problema da expressão.
Palavras-chave: alegria, paixão, ação, noções comuns, razão.
Abstract: This article is part of a larger study that has it’s central
point in the formation of the common notions and the definition of
reason present in Spinoza’s Ethics. In the article, I shall exam the
subject regarding Deleuze’s Spinoza et le problème de l´expression.
Key-words: joy, passion, action, common notions, reason.
***
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Doutorando do Departamento de Filosofia da FFLCH – USP.
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Bibliografia
Notas
1
Deleuze, Gilles. Spinoza et le problème de l´expression. Les Editions
de Minuit, Paris: 1968. Página 253.
2
Deleuze, Gilles. Idem. Página: 259.
3
Sobre esta divisão das noções comuns. Deleuze, Gilles. Idem, p.254
e 255.
4
Deleuze, Gilles. Idem P. 260.
5
Deleuze, Gilles. Idem P.261.
6
Deleuze, Gilles. Idem. P.259.
7
Deleuze, Gilles. Idem. P.267
8
Para a crítica dos universais abstratos. Deleuze, Gilles. Idem. p.256
e 257.
99
9
Idem. P.282.
10
Vide páginas 214 e 215.
11
Para aprofundar o estudo da diferença entre a participação
imaginativa, a participação racional e a participação intuitiva. Chaui,
Marilena de Souza. Ser parte e Ter parte: Servidão e Liberdade na
Ética IV (Prefácio, definições, axioma). Apud: Discurso, n 22, p. 63-
122. São Paulo, 1993. Entretanto, o leitor deve saber que a leitura de
Marilena Chaui supera a leitura de Deleuze e que a diferença se
estabelece já na interpretação das definições do primeiro livro da Ética.
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Doutorando do Departamento de Filosofia da USP e bolsista do CNPq.
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Considerações Finais
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Bibliografia
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Notas
1
“Ser é ser percebido” – BERKELEY. Principles, § 3, in: The Works of
George Berkeley Bishop of Cloyne. Edited by A. A. Luce and T. E.
Jessop. Nendeln / Liechtenstein: Kraus Reprint, 1979.
2
GRAYLING. A. C. The Central Arguments. Illinois: Open Court, 1986.
3
“Nada há no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos” —
axioma dos escolásticos (São Tomás), endossado por Berkeley em
Philosophical Commentaries – PC, 539, 779.
4
Cf. TIPTON, I. C. Berkeley: the philosophy of imaterialism, VI, iv, p.
201. New York & London: Garland, 1988.
5
BERKELEY, Principles, § 6.
6
LOCKE, J. An Essay Concerning Human Understanding, II, viii, 8,
p.169, ed. A. C. Fraser, Oxford, 1894.
7
BERKELEY. Principles, § 1.
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8
O problema de saber se estamos acordados ou sonhando pode ser
discutido a partir dessa distinção entre realidade (idéias impressas em
nossos sentidos por Deus) e imaginação (idéias formadas por nossa
vontade a partir das idéias que temos na memória).
9
WINKLER, K. Berkeley: An interpretation. Oxford: Clarendon Press,
1994, p.10.
10
BERKELEY, Principles, § 33.
11
Cf. SMITH, A. D. “Berkeley´s central argument against material
substance”, p.56, in: FOSTER and ROBINSON (ed.). Essays on Berkeley.
Oxford: Clarendon Press, 1985.
12
BERKELEY. First draft of the Introdution to the Principles, § 10, in:
Works.
13
BERKELEY, Principles, § 17.
14
Na Introdução dos Principles, Berkeley dirige profundas objeções
à concepção lockeana das idéias gerais abstratas.
15
Cf. BOYLE. The origin of forms and qualities, in: STEWART, M. A.
(ed.). Selected Philosophical Papers of Robert Boyle. Manchester,
1979, pp.18-53.
16
Locke. Essay, II, viii, 9-10.
17
Ibidem, II, viii, 12.
18
Apesar das controvérsias — que não vamos discutir aqui — adotamos
a interpretação mais aceita, isto é, que Locke sustentava uma teoria
representativa da percepção. Com base no Essay, IV, iv, 3 e IV, xi, 2,
Grayling confirma esse ponto.
19
Cf. LOCKE. Essay, IV, iv, 3.
20
Ibidem, II, viii, 15.
21
ZATERKA, L. “Robert Boyle e John Locke: Hipótese corpuscular e
filosofia experimental”, in: Circumscribere, Volume 1, 2006, pp. 58-
66.
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22
BERKELEY, Principles, § 25.
23
Ibidem, § 65.
24
Ibidem, §§ 8 e 25.
25
Ibidem, § 10.
26
Sobre esse problema, ver BERKELEY. An essay towards a new theory
of vision, in: Works. Ver ainda ZUNINO, P. Distância e movimento
em Berkeley: a metafísica da percepção. Dissertação de mestrado:
FFLCH-USP, 2006.
27
Cf. BERKELEY. Dialogues 1, pp.179-186, in: Works.
28
Cf. GRICE, H. P. “The causal theory of perception”, in: WARNOCK
(ed.). The philosophy of perception. Oxford: Oxford University Press,
1967.
29
TIPTON, p.183.
30
ARISTÓTELES. On the soul, II, vi, in: The works of Aristotle (translated
into English under the editorship of W. D. Ross). Chicago:
Encyclopædia Britannica, 1952. Nessa obra, Aristóteles distingue três
classes de “objetos dos sentidos”: (a) o objeto que pode ser percebido
apenas por um único sentido; (b) o objeto que pode ser percebido por
qualquer sentido ou por todos eles; (c) o objeto que pode ser percebido
incidentalmente. Aristóteles chama de “sensível próprio” (special
object) aquele objeto que não pode ser percebido por qualquer outro
sentido, tal como a cor, que é o “sensível próprio” da vista; o som do
ouvido; o sabor do gosto e assim por diante. Os “sensíveis comuns”,
por sua vez, podem ser percebidos por dois ou mais sentidos, de sorte
que o movimento, o número, a figura e a magnitude não são próprios
de nenhum sentido, mas comuns ao tato e à visão. Por último, o objeto
incidental é definido a partir do seguinte exemplo: dizemos que vemos
“o filho de Diares” ao perceber a parte branca, diretamente vísivel, da
sua roupa. Nesse caso, percebemos incidentalmente o filho de Diares.
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Tradução de Homero Santiago.
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Texto e tradução
Friedrich Nietzsche
An Franz Overbeck in Basel (Postkarte).
[Sils-Maria, 30. Juli 1881]
Ich bin ganz erstaunt, ganz entzückt! Ich habe einen Vorgänger
und was für einen! Ich kannte Spinoza fast nicht: daß mich jetzt nach
ihm verlangte, war eine „Instinkthandlung”. Nicht nur, daß seine
Gesamttendez gleich der meinen ist — die Erkenntniß zum
mächtigsten Affekt zu machen — in fünf Hauptpunkten seiner Lehre
finde ich mich wieder, dieser abnormste und einsamste Denker ist mir
gerade in diesen Dingen am nächsten: er leugnet die Willensfreiheit
—; die Zwecke —; die sittliche Weltordnung —; das Unegoistische
—; das Böse —; wenn freilich auch die Verschiedenheiten ungeheuer
sind, so liegen diese mehr in dem Unterschiede der Zeit, der Cultur,
der Wissenschaft. In summa: meine Einsamkeit, die mir, wie auf ganz
hohen Bergen, oft, oft Athemnoth machte und das Blut hervorströmen
ließ, ist wenigstens jetzt eine Zweisamkeit. — Wunderlich! Übrigens
ist mein Befinden gar nicht meinen Hoffnungen entsprechend.
Ausnahmewetter auch hier! Ewiges Wechseln der atmosphärischen
Bedingungen! — das treibt mich noch aus Europa! Ich muß reinen
Himmel monatelang haben, sonst komme ich nicht von der Stelle. Schon
6 schwere, zwei- bis dreitägige Anfälle!! — In herzlicher Liebe
Euer Freund.
136
Nietzsche
A Franz Overbeck na Basiléia (cartão-postal).
[Sils-Maria, 30 de julho de 1881]
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Notas
1
Ressentimento, São Paulo, Casa do psicólogo, 2004, p. 99.
2
Entrevista concedida ao Magazine littéraire, no 257, setembro de
1988; apud Pierre Zaoui, “La ‘grande identité’ Nietzsche-Spinoza,
quelle identité?”, Philosophie, no 47, setembro de 1995, p. 65.
3
Cf. Ecce homo, São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p. 82.
4
Curt Paul Janz, Nietzsche, biographie, Paris, Gallimard, 1984, tomo
II, p. 361.
5
Para uma consideração do conjunto dos textos de Nietzsche sobre
Espinosa, ver Giuseppe Turco Liveri, Nietzsche e Spinoza.
Ricostruzione filosofico-storica di um incontro impossibile, Roma,
Armando, 2003. O nosso texto, em particular, é analisado a partir da
p. 57.
6
Rüdiger Safranski, Nietzsche, biografia de uma tragédia, São Paulo,
Geração Editorial, 2005, p. 114.
7
Apud Safranski, ob. cit., p. 167.
138
DEFESAS
Mestrado
Título
Fortuna e superstição: um estudo destes temas no Tratado Teológico-
Político de Espinosa.
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EVENTOS
Jornadas Bacon
Em 29 e 30 de maio, foram realizadas as Jornadas Bacon, evento
organizado pelo Grupo de Estudos Espinosanos, no Departamento de
Filosofia da USP.
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6. A LETTER ON ESPINOSA
Friedrich Nietzsche 131
(Trad. Homero Santiago)
7. NEWS 139
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