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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2010.0000007395

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Embargos de


Declaração nº 990.10.343219-3/50000, da Comarca de São Paulo, em que
é embargante COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCARIOS
DE SÃO PAULO BANCOOP sendo embargado DAVID ANTONIO
SALOMÃO.

ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal


de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Rejeitaram os
embargos. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos.


Desembargadores BERETTA DA SILVEIRA (Presidente), EGIDIO
GIACOIA E JESUS LOFRANO.

São Paulo, 14 de dezembro de 2010.

BERETTA DA SILVEIRA
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº: 22542


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 990.10.343219-3/50000
COMARCA: SÃO PAULO
EMBARGANTE: COOPERATIVA HABITACIONAL DOS
BANCARIOS DE SÃO PAULO BANCOOP
EMBARGADO: DAVID ANTONIO SALOMÃO

*Embargos de declaração – Omissão e prequestionamento –


Vício inexistente – Pretensão infringente – Embargos
rejeitados.*

Trata-se de embargos de declaração opostos para suprir omissão


supostamente havida no Acórdão de folhas, bem como para o fim de
prequestionamento.

É o relatório.

O Acórdão não porta o defeito alegado de modo a viciá-lo.

Embargos de declaração possuem natureza integrativa e não substitutiva.


Trata-se de recurso integrativo e não de substituição, motivo pelo qual não pode se
utilizado para obter novo reexame da causa, nem mesmo para fins de
prequestionamento, pois o juiz não é obrigado a responder e acompanhar pontualmente
toda a argumentação das partes, mormente se um motivo fundamental é poderoso a
apagar todos os aspectos da controvérsia e, por isso mesmo, suficiente para fundar a
decisão.

Embargos de Declaração nº 990.10.343219-3/50000 - São Paulo - Voto nº 22542 2


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O que nele se contém é suficiente para dirimir a controvérsia e


restabelecer o equilíbrio social em relação às partes.

"O Juiz não está obrigado a responder todas as alegações das


partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para fundar a
decisão, nem se obriga a ater-se aos fundamentos indicados por elas e
tampouco a responder um a um todos os seus argumentos" (RJTJESP
115/207, 104/340, 111/414).

A pretensão da parte embargante é, em verdade, rediscutir


toda a controvérsia, o que demonstra o caráter infringente dos Embargos, o
que não é possível, pois da simples leitura do Acórdão se verifica que as
questões foram apreciadas.

Também nesse ponto, a Suprema Corte já deixou assentado


que: "Os embargos de declaração tem por escopo sanar, no acórdão,
dúvida, obscuridade, contradição ou omissão (Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal, art. 337). É inadmissível desnaturá-los,
transformando-os em Embargos Infringentes" (EDcl RE n. 95.535-6- ES,
RTJ 101/1.311, RT 563/251).

Doutrina e jurisprudência têm admitido o uso de embargos


declaratórios com efeito infringente do julgado, mas apenas em caráter
excepcional, quando manifesto o equívoco e não existindo no sistema
legal outro recurso para a correção do erro cometido (STJ 4a. Turma,
REsp 1.757-SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo), o que não é o caso dos

Embargos de Declaração nº 990.10.343219-3/50000 - São Paulo - Voto nº 22542 3


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autos.

Os embargos de declaração destinam-se, precipuamente, a


desfazer obscuridades, a afastar contradições e a suprir omissões que
eventualmente se registrem no acórdão proferido pelo Tribunal. Essa
modalidade recursal só permite o reexame do acórdão embargado, quando
utilizada com o específico objetivo de viabilizar um pronunciamento
jurisdicional de caráter integrativo-retificador, vocacionado a afastar as
situações de obscuridade, omissão ou contradição, e a complementar e
esclarecer o conteúdo da decisão proferida.

Não se revelam cabíveis embargos de declaração, quando a


pretexto de esclarecer uma inexistente situação de obscuridade, omissão
ou contradição vêm a ser opostos com o inadmissível objetivo de
infringir o julgado e de, assim, viabilizar um indevido reexame da causa
(Ag. 177.313/MG (AgRg) (Edcl), rel. Min. Celso de Mello).

É por tal razão que a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal, ao versar os aspectos ora mencionados, assim se tem
pronunciado:

“Embargos declaratórios. Inexistência de omissão,


contradição, obscuridade ou dúvida, no acórdão embargado. Embargos
rejeitados. O que pretenderam os embargantes foi sustentar o desacerto
do julgado e obter sua desconstituição. A isso não se prestam, porém, os
embargos declaratórios” (RTJ 134/1296, rel. Min. Sydney Sanches).

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A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem ressaltado


que os embargos de declaração não se revelam cabíveis, quando, utilizados
com a finalidade de sustentar a incorreção do acórdão, objetivam, na
realidade, a própria desconstituição do ato decisório proferido pelo
Tribunal. Precedentes: RTJ 114/885, RTJ116/106, RTJ 118/714, RTJ
134/1296. O recurso de embargos de declaração não tem cabimento,
quando, a pretexto de esclarecer uma inocorrente situação de obscuridade,
contradição ou omissão do acórdão, vem a ser utilizado com o objetivo de
infringir o julgado (RE 177.599/DF (Edcl), rel. Min. Celso de Mello).
Embargos declaratórios só se destinam a possibilitar a eliminação de
obscuridade, contradição ou omissão do acórdão embargado, não o
reconhecimento de erro de julgamento (RTJ 134/836, rel. Min. Sydney
Sanches).

Mesmo esta relatoria, em dezenas de decisões, tem assim se


posicionado: Emb. Decl. 1064.605-0/02, 1.198.511-0/01, 1.180.436-7/02,
1.177931-2/02, 849.765-0/01, 847.904-9/01, 360.624.4/0-01, 429.015.4/1-
00, 450.639.4/0-01, 401.786.4/6-01, 434.403.4/6-01, 462.076.4/2-01,
450.476.4/5-01, 453.380.4/0-01, 432.486.4/9-01, 450.707.4/0-01,
422.645.4/7-01, 437.020.4/0-01.

O exame dos autos evidencia que os presentes embargos


declaratórios revestem-se de nítido caráter infringente, consideradas as
razões expostas pela própria parte embargante, circunstância esta que, por
si só, basta para tornar incabível a espécie recursal ora em análise,
consoante adverte o magistério jurisprudencial deste Tribunal, na linha dos

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precedentes anteriormente referidos, não tendo havido nenhuma violação


aos dispositivos constitucionais e infraconstitucionais mencionados.

Ante o exposto, rejeitam-se os embargos de declaração.

BERETTA DA SILVEIRA
Relator

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