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jornalismo
e a esfera pública
democrática
murilo césar soares
REPRESENTAÇÕES,
JORNALISMO
E A ESFERA PÚBLICA
DEMOCRÁTICA
MURILO CÉSAR SOARES
REPRESENTAÇÕES,
JORNALISMO
E A ESFERA PÚBLICA
DEMOCRÁTICA
© 2009 Editora UNESP
Cultura Acadêmica
Praça da Sé, 108
01001-900 – São Paulo – SP
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feu@editora.unesp.br
S653r
Soares, Murilo César
Representações, jornalismo e a esfera pública democrática / Murilo
César Soares. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2009.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7983-018-1
1. Jornalismo – Brasil. 2. Jornalismo – Aspectos políticos – Brasil.
3. Imprensa e política. 4. Democracia. 5. Cidadania. I. Título.
09-6213. CDD: 079.81
CDU: 070(81)
Editora afiliada:
SUMÁRIO
Apresentação 7
PARTE I – Representações 11
1 Representações e comunicação:
uma relação em crise 13
2 A luta pelo sentido: retórica e pensamento 29
3 Formas da representação jornalística 47
Referências bibliográficas
REPRESENTAÇÕES
1
REPRESENTAÇÕES E COMUNICAÇÃO:
UMA RELAÇÃO EM CRISE1
Representação mental
Representações mediáticas
Representação distribuída
Referências bibliográficas
Introdução
A palavra mágica
Mas não é toda linguagem que possui tal poder. Só uma lin-
guagem encantada, enfeitiçada, artística, repetitiva (estruturada
ritualmente) pode comportar tais efeitos mágicos. Esta linguagem
remete à neurose narcísica dos indivíduos (e, portanto a seus desejos
de onipotência), a reforça e fornece seu campo de aplicação. Favorece
a posição maniqueísta, em que são projetadas sobre os adversários
todas as características negativas. A análise de conteúdo dos dis-
cursos políticos mostra que eles pretendem menos demonstrar e
argumentar, do que seduzir, atrair, fascinar por figuras de estilo,
por variações de vozes, intensidade expressiva e, sobretudo, por
repetições de fórmulas simples, que podem ser retomadas em coro
pelo conjunto das massas. Os discursos funcionam como indicadores
de ação e visam impedir qualquer reflexão contraditória. Neste caso,
estamos no centro do funcionamento artístico, na medida em que
este visa fascinar, transportar, fazer sonhar e fazer o sonho passar
por realidade... (Enriquez, 1990, p.57-8).
A ideia de que toda teoria científica não é mais que uma hipótese
humana (...) não sendo nem evidente nem infalível é uma concepção
moderna que Karl Popper defendeu com talento. (...) O estatuto
do conhecimento deixa de ser impessoal porque todo pensamento
científico se torna um pensamento humano, falível, situado e sujeito
a controvérsia. (idem, p.175)
A visão retórica
como Ansart (1978), ela deve ser vista como a expressão simbólica
de conflitos em curso na sociedade, o que a insere, desde logo, no
campo da linguagem. A noção de ideologia passa a englobar o con-
junto de linguagens políticas de uma sociedade, por meio das quais
os conflitos sociais se formulam no campo das posições simbólicas
e, com isso, chama a atenção para o estudo da linguagem dos mo-
vimentos políticos, constituída na ação dos grupos, em resposta a
antagonismos, linguagem condicionada por circunstâncias que cabe
analisar em cada caso.
Marx pôs em evidência as ideologias como expressões dos inte-
resses das classes e toma os conflitos ideológicos como resultante das
contradições sociais. Em Marx, as ideologias são a linguagem da exis-
tência social, diz Ansart, ou seja, o sistema de representações não é
uma ilusão ou epifenômeno, mas participa das atividades como parte
constituinte e as define como prática. Porém, as ideologias aparecem
não como simples repetição de uma situação social dada, constituin-
do, antes, um instrumento eficaz no processo de luta política, dotado
de uma especificidade que pode ser estudada em cada caso.
Assim, conclui Ansart, há uma correspondência entre as opo-
sições simbólicas e aquelas que se dão na prática social. O campo
ideológico é inerentemente concorrencial e conflitivo, a violência sim-
bólica caracteriza o campo ideológico, no qual cada locutor procura
afirmar-se em relação aos demais, pela conquista e conservação de
um status ideológico, o que suscita uma posição agressiva e defensiva.
Essa confrontação, no entanto, se dá em termos puramente simbó-
licos, como substituta de uma violência efetiva. A luta ideológica
reelabora e deforma discursivamente os conflitos sociais e políticos,
estabelecendo um esquema perceptivo e explicativo, por meio do
qual militantes se definirão e se situarão em relação aos adversários.
Ao contrário da linguagem científica, cuja característica é o dis-
tanciamento, a linguagem ideológica designa-se explicitamente.
Além disso, a linguagem ideológica é normativa, exprime um dever
ser, a linha justa, conclamando à adesão, à ação. Ela ultrapassa a
distância entre conhecimento e moral, dando ao grupo os meios
de ação e de reconciliação consigo mesmo. Por isso, é comum que
REPRESENTAÇÕES, JORNALISMO E A ESFERA PÚBLICA DEMOCRÁTICA 41
Referências bibliográficas
Enquadramento
O estudo do enquadramento
Enquadramento e hegemonia
Paradigmas do enquadramento
Referências bibliográficas
DEMOCRACIA E JORNALISMO
4
DEMOCRACIA: A PALAVRA E OS SENTIDOS1
Introdução
Assimetrias de poder
a existência desse tipo de regime e das liberdades que lhe são simul-
tâneas, apesar das muitas deficiências persistentes em outras esferas
da vida política e social, implica uma enorme diferença em relação ao
regime autoritário. No mínimo, essas liberdades criam a possibilida-
de de usá-las como base de proteção ou de habilitação para a busca
de ampliar os direitos existentes ou obter novos. (O’Donnel, 1999)
Para Dahl (2001), além dessas, outras condições ainda são neces-
sárias para a existência da democracia, como o controle dos militares e
da política por governantes eleitos; a presença de uma cultura política e
de convicções democráticas; a ausência de controle estrangeiro hostil à
democracia. O autor alinha também o que chama de condições favorá-
REPRESENTAÇÕES, JORNALISMO E A ESFERA PÚBLICA DEMOCRÁTICA 85
Representação e democracia
Abordagens empíricas
A democracia brasileira
Depois da derrota das armas, ficou claro para muitos que um dos
modos, na verdade o mais efetivo, de se lutar contra uma ditadura
estaria em organizar a democracia pela base, na sociedade. Tornou-
se, então, possível entender que a democracia é algo mais do que uma
formalidade descartável e que as instituições civis e os movimentos
sociais devem fazer valer a sua autonomia em face do Estado e dos
partidos. (p.84)
Referências bibliográficas
Introdução
Democracia republicana
Democracia complexa
república visa conter esse desejo, sendo o regime da (força de) vonta-
de. Apesar disso, considera difícil pensar a democracia isoladamente
da república e vice-versa.
Não há política digna desse nome, hoje, que não seja republicana
e democrática. O problema é que as duas vertentes não se conciliam
facilmente. Se tendermos à democracia, o desejo de igualdade, e o
desejo em geral, poderá inviabilizar o investimento de longo prazo,
o respeito ao outro, a contenção. A própria conversão do desejo em
direito é um elemento republicano. Contudo, se enfatizarmos a
república, poderá ser que o respeito à coisa pública se torne fim em
si, e deixe de lado a igualdade: teremos uma república de juízes (ou
promotores), sem o aquecimento que está na democracia. (Ribeiro,
2001, p.77)
Visões polarizadas
Hegemonia e democracia
Referências bibliográficas
Introdução
Sentidos da cidadania
3 Esse argumento foi formulado por Renato Janine Ribeiro em palestra, na qual
se referiu às ideias da “boa política” como sendo a democracia, a república, o
liberalismo e o socialismo.
134 MURILO CÉSAR SOARES
O jornalismo cívico
Jornais e sociedade
Opinião pública
Congresso Imprensa
Referências bibliográficas
VERIFICAÇÕES E ANÁLISES
7
CENÁRIOS DE REPRESENTAÇÃO DA
POLÍTICA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
BRASILEIRAS1
Introdução
Referências bibliográficas
AGUIAR, C. B. de. Imprensa e eleições 1989: razão e sedução na opinião das
elites. São Paulo, 1993, 340p. Tese (Doutorado em Ciências da Comu-
nicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo.
BIROLI, F. M. A cobertura das eleições presidenciais de 1994 pelo Jornal
Nacional da Rede Globo. Bauru, 1995, 87p. Pesquisa de iniciação cien-
tífica financiada pelo PIBIC/CNPq. Faculdade de Arquitetura, Artes
e Comunicação, Universidade Estadual Paulista. (Mimeogr.)
190 MURILO CÉSAR SOARES
Introdução
A reeleição na imprensa
Discussão
Referências bibliográficas
II – Editoriais de jornais
Introdução
Os meios e a crise
Discussão
Referências bibliográficas
Introdução
A legitimidade
A legalidade
Enquadramentos
Os enquadramentos e a reeleição
Referências bibliográficas
Introdução
As tecnologias digitais
Referências bibliográficas
Referências bibliográficas
COOK, T. E. Governing with the news: the news media as a political ins-
titution. Chicago/Londres: The University of Chicago Press, 2005.
LIMA, V. A. Mídia, teoria e política. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,
2001.
MAIA, R. Política deliberativa e tipologia de esfera pública. In: ENCON-
TRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM COMUNICAÇÃO - COMPÓS, 15, 2006, Bauru. Anais... Bauru:
COMPÓS, 2006. 1 CD-ROM.
SCHUDSON, M. The sociology of news. Nova Iorque: Norton, 2003.
. The power of the news. Cambridge/Londres: Harvard University
Press, 2003a.
SOBRE O LIVRO
Formato: 14 x 21 cm
Mancha: 23,7 x 42,5 paicas
Tipologia: Horley Old Style 10,5/14
1ª edição: 2009
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Coordenação Geral
Marcos Keith Takahashi