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Aula 7. MICOBACTÉRIAS
Mycobacterium tuberculosis.-
Microbiologia 2
Este organismo causa a tuberculose, doença que causa no mundo inteiro mais
mortes que qualquer outro agente microbiano. Aproximadamente um terço da população
mundial está infectado com esta bactéria; a cada ano estima-se que três milhões de
pessoas morram por tuberculose e que ocorram cerca de 8 milhões de casos novos.
Transmissão e epidemiologia:
O microorganismo é geralmente transmitido por gotículas de secreções (tosse)
provenientes de uma pessoa com tuberculose ativa; pode sobreviver nestas gotículas e no
escarro seco por longos períodos (até seis semanas). Quando inalada, a bactéria atinge o
pulmão onde produz pneumonite não específica.
Nos EUA, a tuberculose é quase que exclusivamente uma doença humana. Em
países desenvolvidos, M. bovis também causa tuberculose no homem, esta bactéria é
encontrada no leite de vaca, que, se não for pasteurizado, pode causar tuberculose
gastrintestinal no ser humano. A tuberculose é devida á reativação nos indivíduos idosos,
ou em pessoas malnutridas. O risco de infecção é maior nas populações carentes, com
moradia e nutrição precárias.
Patogênese:
A infecção por M. tuberculosis geralmente se inicia no parênquima dos lobos
pulmonares inferiores, passando em seguida para os nódulos linfáticos da região hilar, de
onde é levada para vários órgãos e tecidos, pela corrente sanguínea. Estes focos são
encontrados principalmente nos órgãos e tecidos onde uma tensão apropriada de O2
favorece a proliferação da bactéria, isto é, ápices pulmonares, rins, extremidades dos ossos
longos, nódulos linfáticos, etc. Embora a bactéria esteja viva nestes focos, ela se encontra
em estado de latência, uma vez que não se multiplica ou o faz de maneira irregular.
M. tuberculosis não produz toxinas e não contém endotoxina na parede celular; esta
bactéria sobrevive dentro de um vacúolo celular chamado fagossoma e consegue escapar à
ação de enzimas degradativas das células do sistema imune.
Casos Clínicos:
São variáveis, muitos órgãos podem estar envolvidos. Febre, fadiga, sudorese noturna e
perda de peso são comuns. A tuberculose pulmonar causa tosse e hemoptise; ocorre
adenite cervical micobacteriana que se apresenta com linfonodos inchados e endurecidos,
geralmente unilaterais. A tuberculose miliar se caracteriza pela presença de lesões
múltiplas disseminadas semelhantes a semente de sorgo. A meningite tuberculosa e a
osteomielite tuberculosa especialmente a vertebral (doença de Pott) são importantes formas
de disseminação.
Microbiologia 3
Diagnóstico:
O diagnóstico pode ser feito pelo exame microscópico de esfregaços corados pelo
Ziehl-Neelsen e pela cultura. O material clínico selecionado para exame depende da
localização da doença; em infecções pulmonares, colhe-se o escarro; nas urinárias, a urina.
A cultura é o método de escolha para o diagnóstico das infecções por micobactérias,
porque além de permitir o diagnóstico específico, possibilita o isolamento da bactéria para a
realização de testes de sensibilidade aos antibióticos.
A pesquisa de hipersensibilidade tardia também é um recurso de diagnóstico
bastante útil. Esta pesquisa é feita pelo teste de Mantoux, que consiste na injeção
intradérmica, na face anterior do antebraço, de 0,1 mL de tuberculina ou PPD (purified
protein derivate). Considera-se o teste positivo quando aparece, em 48 horas, no local da
injeção, uma área endurecida de pelo menos 5 mm de diâmetro. O teste de Mantoux
positivo não indica doença, mas apenas hipersensibilidade tarde que pode ser originada de
uma infecção primária (assintomática) ou de uma tuberculose curada. O teste negativo
indica que o indivíduo não deve ter tido contato com o bacilo da tuberculose, ou teve
contato e nunca desenvolveu a doença.
Tratamento:
As drogas mais usadas no tratamento da tuberculose costumam ser divididas em
drogas de primeira e segunda linha. As de primeira linha são as preferidas, por serem mais
ativas e menos tóxicas, e as de segunda linha são menos ativas e mais tóxicas. As drogas
de primeira linha são isoniazida, pirazinamida, estreptomicina e etambutol. São
consideradas de segunda linha o ácido para-amino-salicílico (PAS), etionamida (derivado
de ácido micólico) e os seguintes antibióticos: canamicina, viomicina, capreomicina e
amicacina.
Imunidade:
Microbiologia 4
Mycobacterium leprae
Este microorganismo é também conhecido como bacilo de Hansen, é agente causal
da lepra, uma doença degenerativa capaz de causar deformações nos pacientes. Calcula-
se que existam 12 milhões de leprosos no mundo.
Como as demais micobactérias, o bacilo da lepra é ácido-álcool resistente (BAAR). Ainda
não foi cultivada em laboratório, nem em meio artificial ou em culturas de células. Pode ser
cultivada na sola do pé de camundongos onde prolifera formando granulomas; os tatus
colaboram com a manutenção da bactéria in natura.
Transmissão: a infecção é adquirida pelo contato prolongado com pacientes com lepra
lepromatosa, que dissemina grandes quantidades de M. leprae nas secreções nasais e nas
lesões cutâneas onde pode permanecer latente por vários meses ou décadas. O período
de incubação é de 12 a 14 dias.
Patogenia: O organismo se replica intracelularmente, em geral no interior dos histiócitos
(macrófagos da pele), nas células endoteliais e nas células de Schwann dos nervos.
O M. leprae afeta principalmente a pele e o tecido nervoso; as formas cutâneas de lepra
resultam na produção de numerosos nódulos endurecidos. As formas neurais resultam em
paralisia e anestesia dos nervos periféricos; pacientes com esta forma de lepra são
passíveis de ferimentos nas extremidades com o desenvolvimento de infecção secundária e
danos estéticos graves. Na seguinte tabela está o resumo das características de cada tipo
de lepra.
Diagnóstico laboratorial:
• Na lepra lepromatosa, os bacilos são facilmente demonstrados pela coloração de Ziehl-
Nielsen de lesões cutâneas ou de secreções nasais. Macrófagos contendo muitos
bacilos álcool-ácido resistentes são vistos na pele. Na forma tuberculóide, poucos
organismos são observados, e a presença de granulomas é suficiente para o
diagnóstico.
• O teste de Mitsuda é realizado inoculando-se na pele do braço do paciente 0,1mL de
lepromina e verificando-se após 30 dias, a reação desenvolvida. A lepromina é uma
suspensão de bacilos da lepra, optidos do leproma (granuloma da lepra) mortos pelo
calor. Quando o teste é positivo, há a formação de um nódulo no local da injeção, com
diâmetro superior a 5 mm, apresentam também uma área de endurecimento, após 24 -
48 horas da injeção. Os indivíduos Mitsuda postivo são mais difíceis de adquirir
infecção, e caso desenvolvam será a forma mais benigna (tuberculóide); os indivíduos
Mitsuda negativos apresentam risco de desenvolver a forma mais grave (lepromatosa).
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