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Tudo isso foi demais para o espírito de Frederico que numa revolta
contra o poder de qualquer autoridade para julgá-lo e acabou dizendo aos
amigos que o apoiavam “Ao diabo com eles!” recusando-se a responder
ao Tribunal ou relacionar-se com as autoridades. Com uma torrente de
palavras contra tal injustiça, seguiu-se a doação de todos os seus bens
pessoais a sua esposa; sua drogaria ao Estado e um súbito
desaparecimento. Crescera testemunhando as perseguições contra seu
pai, tornando-se altamente suspicaz em relação a contendas com o
“status quo”. Seguiu-se uma ordem de prisão contra o filho do grande
Hahnemann, o qual fugiu, primeiro para a Holanda, retornou a
Hamburgo, logo deixando a Alemanha rumo a Inglaterra e Escócia sem
voltar.
FREDERICO NA AMÉRICA
A carta citada foi a última vez que Hahnemann teve notícia do filho.
Frederico desapareceu da Europa sem deixar pistas, cruzando o Atlântico
para a América. Há registros de que ele apareceu na cidade de
Ludlowville, Nova York.
Richard Haehl, M.D. registra a seguinte estória: “O sotaque evidenciava
que esse médico era alemão. Às vezes ele dizia às pessoas que era filho
do fundador da homeopatia e que havia deixado seu país nativo pelas
constantes perseguições contra ele” e “O médio de Ludlowville, na
maioria das vezes, era descrito como um homem muito excitável, com
sua vestimenta e comportamento incomuns, involuntariamente levantava
a suspeita de ter um distúrbio mental e, em conseqüência, muitas pessoas
o temiam. A despeito disso ele logo adquiriu uma grande clientela e suas
curas bordejavam o milagre. Subitamente desapareceu do distrito e
ninguém soube para onde ele foi”.
Nos anos 1832/1833 havia uma grande epidemia de cólera em St. Louis,
Missouri e que se estendia ao vale do Mississipi. Ela devastava as
cidades e minerações e muitos morriam. Durante o caos e as mortes da
epidemia apareceu um legendário curador maluco e que conduziu uma
campanha contra a doença mortal. William Wesselhoeft continua:
“Doutra vez, li algures, que enquanto a cólera devastava no Vale do
Mississipi, um homem vestido com roupa de turco, tal como se sabe que
Frederico costumava usar, apareceu de uma mina de chumbo, colocava
na língua das pessoas uns poucos e minúsculos glóbulos retirados de um
pequeno frasco, curando muitos coléricos. Pedia àqueles que queriam
pagá-lo a não lhe dar dinheiro mas segui-lo e ajudá-lo a cuidar dos
doentes. Era relatado como sendo pequeno e corcunda, com um hábito de
cuspir quase continuamente; além disso, era desagradável por ser um
baixinho e tendo que olhar para cima ao falar e encarar as pessoas”.
No “Pioneiros...” de Bradford, Humphreys confirma essa história de
Frederico Hahnemann: “Uma vez, em 1832-3, quando uma epidemia de
cólera grassava no Meio-Oeste, um estranho indivíduo veio das minas de
chumbo de Galena; compleição morena, corcunda e vestido com um
roupão longo e esvoaçante. Curou várias centenas de pessoas com
remédios que fornecia de um pequeno frasco. Esses foram os últimos que
o viram. Seu destino é desconhecido.
Quando Humphreys descreveu essa pessoa a Hering este lhe disse que
esse era o filho de Hahnemann, há muito desaparecido”
A partir de 1828 Samuel Hahnemann temia que seu único filho tornara-
se completamente insano ou morrera prematuramente, guardando para si
suas mágoas. Como Samuel teria ficado feliz se soubesse que, enquanto
ele lutava contra a cólera na Europa, seu filho estava salvando vidas nas
comunidades do Vale do Mississipi e nas regiões de fronteira da
América.
Apesar de Frederico ser fraco no corpo, e por vezes, conturbado no
espírito, ele era um homeopata que curava com maestria. A data e o lugar
de sua morte são desconhecidos, já que não se tem notícia dele desde
1833. Talvez, em algum lugar do Velho Oeste, os ossos tortos desse
primevo gênio homeopático tenham encontrado o lugar do seu descanso
final. A lenda desse excêntrico que curava com arte viveu naqueles que
ele ajudou e naqueles que tomaram conhecimento dos seus fantásticos
feitos.
Talvez a Nova Fronteira fosse o único lugar onde um espírito rebelde
como Frederico tivesse suficiente liberdade para ser ele mesmo e servir a
humanidade como só ele soube.
Referências bibliográficas:-
1. “Life of Hering” – C. Knerr – B.Jaim Publishers Pvt.Ltd. 1992 – pg
83,120.
2. “Samuel Hahnemann. His Life and Work” – Richard Haehl. B. Jaim
1995 vol.1 pg 161 e vol. 2 pg.188
3. Citação de “Pioneiros da Homeopatia” de Bradford, cortesia do
homeopata-historiador, Julian Winston.