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Anatomia Aula 23 9 Fev.

Crânio ósseo (parte II)

Norma frontal (vista anterior)


Salienta-se a presença de duas estruturas ósseas de grandes dimensões, uma na
parte superior e outra na parte inferior, separadas por três cavidades: as duas órbitas
e a abertura piriforme, que dá acesso às fossas nasais – é uma abertura única, uma
vez que não existe nenhum septo ósseo visível à superfície do crânio, embora a
porção cartilagínea do septo separe essa abertura em duas.

É constituída por um conjunto de ossos:


 Osso frontal;
 Osso zigomático – tem três faces: externa ou lateral, orbital e temporal; duas
apófises: frontal e maxilar e cinco bordos (posteromedial vê-se na fossa temporal
e no interior da órbita).
 Osso da maxila – tem forma de pirâmide quadrangular, com quatro faces:
externa, orbital, nasal e infratemporal (limite anterior da fossa infratemporal);
quatro apófises: frontal, zigomática, palatina e alveolar e um buraco interior de
grandes dimensões, chamado seio maxilar.
 Ossos nasais – dois ossos pequenos, com o bordo superior e o mediano mais
espessos que o inferior e o lateral, com um buraquinho na face externa (anterior)
e um sulco na posterior;
 Osso etmóide – identifica-se principalmente no interior do crânio, na fossa
craniana anterior, mas também relacionado com a cavidade nasal e a órbita.

No osso frontal, destacam-se duas eminências na parte superior, muito semelhantes


às parietas – são as eminências ou bossas frontais, que variam muito na sua
dimensão ao longo da vida, sendo mais salientes na mulher. Essas eminências
encontram-se separadas de umas outras mais inferiores, que são os arcos
superciliares, mais protuberantes no homem e cuja expressão é mais notória quando
os seios frontais, que lhes são internos, estão totalmente desenvolvidos. Os arcos
superciliares unem-se na linha média por uma região, também um pouco saliente (ou
deprimida), chamada glabela, porque nessa região não há pêlos, ao contrário das
porções mais laterais. Uma pequena depressão separa os arcos superciliares do
rebordo supra-orbital, no qual se identifica uma chanfradura ou um orifício, que está na
junção dos dois terços laterais com o terço medial, chamado buraco supra-orbital.
Muitas vezes (cerca 50%), medialmente a essa incisura ou buraco, existe mais um
buraco frontal.
A porção nasal do frontal é lisa até à região onde vão articular os ossos nasais, sendo
a demarcação feita pela chanfradura nasal, inferiormente à qual se projecta a espinha
nasal. Os ossos nasais articulam com a espinha nasal e a chanfradura nasal, com a
qual vão articular também a apófise frontal da maxila e um bocadinho do osso lacrimal
(osso extremamente fino e pequeno na parede medial da órbita).
Inferiormente, situa-se a maxila, onde se destaca uma eminência, imediatamente
superficial ao alvéolo do dente canino, que se chama eminência canina, a qual separa
a fossa incisiva da canina. No limite superior da fossa canina, há um buraco infra-
orbital, alinhado com o buraco supra-orbital e o mentoniano. A maxila vai articular com
o osso zigomático na sutura zigomaticomaxilar, que é obliquada e passa
superiormente ao buraco infra-orbital. Portanto, quando estamos no buraco infra-
orbital e olhamos para a órbita, ainda vemos um bocadinho da maxila e do osso
zigomático, que aí está entreposto para formar o rebordo infra-orbital.
A abertura piriforme (parece uma pêra) é feita à conta da chanfradura nasal, mais
evidente na parte inferior, ou seja, mais marcada no corpo da maxila do que na sua
apófise frontal – as duas incisuras esquerda e direita juntam-se ao nível da espinha
nasal anterior (a posterior está perto da abertura nasal posterior).

O osso frontal, como tudo o que é impar no crânio, resulta da fusão de duas metades
simétricas – os dois centros de ossificação, normalmente, fundem-se totalmente, mas
pode permanecer a sutura metópica do frontal, como continuação da sutura sagital, a
dividir as duas metades do osso frontal.

A abertura nasal, interiormente, divide-se em duas metades – as fossas nasais direita


e esquerda, que é mais evidente exteriormente à conta da cartilagem. O tecto das
fossas nasais é formado pelo osso etmóide, cuja lâmina perpendicular forma o septo
das fossas nasais, sendo que a sua parte superior – a crista galli – aparece na fossa
craniana anterior. A lâmina cribiforme ou crivada, horizontal, forma o tecto das fossas
nasais e é perfurada para os prolongamentos periféricos dos nervos olfactivos virem
para a mucosa nasal, onde temos a percepção do olfacto. Esses prolongamentos vão
depois para dentro da cavidade craniana, onde estão os corpos celulares que enviam
informação para o SNC. As massas laterais do etmóide são também chamadas
labirintos etmoidais, pois o osso é completamente arejado, sendo as massas laterais
constituídas por inúmeras pequenas cavidades, separadas entre si por finos septos
ósseos, que no seu conjunto ocupam o intervalo que fica entre a parede medial da
órbita e a parede lateral das fossas nasais. Portanto, vamos ver a lâmina orbital do
etmóide (a face lateral dos labirintos etmoidais) na parede medial da órbita e a face
medial (muito irregular) na parede lateral das fossas nasais. Possui um conjunto de
estruturas convexas para o lado medial, deixando uns espacinhos lateralmente, que
são os cornetos ou conchas nasais, antigamente chamados turbinados, pois pela sua
disposição provocam grande agitação no ar que inspiramos, retardando a sua
passagem da abertura nasal anterior para a posterior, para que seja humedecido,
aquecido e libertado de poeiras.

A órbita é uma estrutura de forma piramidal quadrangular – possui base, vértice e


quatro faces. A base é a abertura da órbita, identificando-se o rebordo orbital. O
vértice encontra-se posteriormente, num plano um pouco mais inferior, junto de um
orifício que permite a passagem do nervo óptico – o canal ou buraco óptico. O tecto é
formado pela porção orbital do osso frontal e quase transparente, pelo que
traumatismo nesta região leva com facilidade a fractura deste componente ósseo do
frontal, sendo que internamente fica a fossa craniana anterior e os lobos frontais dos
hemisférios cerebrais.
A parte anterolateral do tecto possui uma concavidade, marcadamente deprimida, logo
posterior ao rebordo orbital, chamada fossa lacrimal, onde se aloja a glândula lacrimal,
que se localiza na parte superior e lateral da órbita, anteriormente ao globo ocular.
A base da órbita tem forma quadrangular.
Limites:
 O bordo superior é feito exclusivamente pelo frontal, sendo os dois terços
laterais relativamente aguçados (mais propensos a lesões) ao contrário do terço
medial que é arredondado. A transição é marcada pela incisura ou buraco supra-
orbital.
 O bordo lateral é feito por dois ossos: a apófise zigomática do frontal e a
apófise frontal do zigomático.
 O bordo inferior é composto pelo zigomático e pelo bordo superior do corpo da
maxila, ficando na sua proximidade o buraco infra-orbital. Este bordo torna-se
particularmente marcado na sua extremidade medial, onde se continua com o
bordo medial propriamente dito, que é muito evidente na porção inferior, ao
contrário da superior, onde é contínuo com a parte medial do bordo superior, que
também é pouco evidente. A estrutura claramente evidente na parte inferior
chama-se crista lacrimal anterior, que fica na superfície lateral da apófise frontal
da maxila (existe uma crista lacrimal posterior).
O limite medial da órbita fica num plano mais anterior que o limite lateral, isto é, a
base da órbita não está rigorosamente num plano coronal, mas está orientada
anterolateralmente, tal como o eixo da órbita, para que o campo visual fique mais
amplo.

No tecto da órbita, anteriormente, observa-se a espinha ou fóvea troclear, que


funciona como um gancho, onde muda de direcção o tendão de um músculo do globo
ocular.
Na parede medial destaca-se o sulco lacrimal ou fossa para o saco lacrimal, onde se
aloja o saco lacrimal, que é o local onde ficam armazenadas as lágrimas e constitui o
início do sulco nasolacrimal, que permite a passagem desse conteúdo para as fossas
nasais. No fundo do sulco encontra-se a sutura entre o osso lacrimal e a apófise
frontal da maxila. Posteriormente, encontra-se o osso lacrimal - uma lâmina óssea que
desce rigorosamente vertical, ajudando a fechar células aéreas do etmóide do lado
medial e a formar o canal nasolacrimal na sua porção inferior. Segue-se a lâmina
orbital do etmóide, o corpo do esfenoide, que possui o buraco óptico, e a apófise
orbital do palatino.

O pavimento da órbita é formado basicamente pela superfície orbital do corpo da


maxila e no seu limite medial fica o início do canal nasolacrimal e o gancho lacrimal
forma uma sutura com a superfície orbital do corpo da maxila. Na transição para a
parede lateral observam-se duas fissuras – a fissura orbital superior e a inferior.
No bordo posterior do pavimento da órbita, observa-se uma depressão, que em alguns
casos se continua por um sulco e noutros por um canal infra-orbital, que comunica
com o buraco infra-orbital, por onde passam os vasos e nervos infra-orbitais.

A parede lateral da órbita junta-se com a superior e é limitada posteriormente pela


fissura orbital superior e anteriormente pela inferior. É formada basicamente pela
superfície orbital da grande asa do esfenoide, cujas superfícies temporal e
infratemporal se observam na norma lateral do crânio e a cerebral na fossa craniana
anterior. A superfície orbital da grande asa do esfenoide articula-se anteriormente com
a superfície orbital do zigomático, através de uma sutura.
A fissura orbital superior fica apenas entre peças do esfenoide, sendo limitada
inferolateralmente pela superfície lateral grande asa, superiormente pela pequena asa
e medialmente o corpo do esfenoide. Dá passagem a um conjunto de nervos
cranianos responsáveis pela enervação dos músculos extrínsecos do globo ocular.
A fissura orbital inferior é limitada superiormente pela superfície orbital da grande asa
do esfenoide, medialmente pela superfície orbital da maxila, posteriormente pela
apófise orbital do palatino (que fica no vértice do pavimento da órbita) e anteiormente
pela superfície orbital do zigomático. Enquanto a fissura superior põe em comunicação
a órbita com a fissura craniana anterior, a inferior estabelece a comunicação entre a
órbita e a fossa infratemporal (sulco na superfície infratemporal do corpo da maxila) e
a fossa pterigopalatina, através da sua parede anterior. Permite também a passagem
de nervos e dos vasos infra-orbitais e do nervo mandibular.

Norma basal
Estrutura contínua anteroposteriormente, que é limitada
 Anteriormente pela arcada alveolar;
 Lateralmente pelo arco zigomático;
 Posteriormente pela porção mastóide e linha nucal superior.
É considerada em três regiões:
 Anterior – palato ósseo;
 Média – irregular;
 Posterior – buraco magno e occipital.

Região anterior
O palato ósseo é formado por dois ossos: a maxila e o palatino.
O palatino é um osso em forma de L, com uma lâmina perpendicular e outra
horizontal, que se vê no palato ósseo ou no pavimento das fossas nasais, formando
como que um septo entre essas e a cavidade oral.
A apófise alveolar da maxila contém os alvéolos onde se fixam os dentes. Há uma
saliência que se projecta horizontal e medialmente chamada apófise palatina da
maxila, a qual articula posteriormente com a lâmina perpendicular do palatino,
formando uma sutura cruciforme, formada pelas suturas interpalatina, intermaxilar e
palatomaxilar.
A lâmina perpendicular do palatino, que está na parede lateral das fossas nasais (ou
na parede medial da fossa pterigopalatina), vai-se articular com a face medial da
maxila. Portanto, na parte posterior das fossas nasais, se caminharmos a partir do
interior, temos de furar a lâmina perpendicular do palatino e depois a face medial do
corpo da maxila para entrarmos no seio maxilar. Entre essas duas estruturas passa
um canal que emerge no tecto da boca, ao nível do palato ósseo, através do buraco
palatino maior (anterior ao menor). O buraco palatino menor, embora esteja no palato
ósseo, não fica na transição entre a lâmina horizontal do palatino e a maxila, mas está
na face inferior da apófise piramidal do palatino. Há ainda um outro buraco maior,
chamado fossa incisiva, onde abrem os canais incisivos que estabelecem a
comunicação entre as cavidades oral e nasal e se abrem em buracos incisivos laterais
ou laterais e um posterior e um anterior (variáveis). Por esses canais descem nervos
para a cavidade oral e ascendem vasos para a cavidade nasal, que vêm do buraco
palatino maior e seguem um sulco até à fossa incisiva. Há ainda numerosos orifícios
para pequenos vasos ou para alojarem glândulas salivares palatinas, que ficam entre
a mucosa e o osso.
O palato ósseo é concavo quer anteroposteriormente quer transversalmente, havendo
em algumas pessoas uma saliência na linha média, ao nível da sutura longitudinal,
que por ser mais espessada se designa torus palatino (torus – espessamento ósseo
sem explicação conhecida) podendo haver ainda um torus maxilar que surge junto dos
dentes molares.
No bordo posterior do palatino, observa-se a espinha nasal posterior, por oposição
anterior que fica na abertura piriforme.

Região média
A estrutura mais central corresponde à porção basilar do occipital, que se estende
anterior e superiormente e articula com o corpo do esfenoide (do qual apenas é visível
a parte mais posterior da sua superfície inferior) através da sutura esfeno-occipital,
que pode persistir em vez de formar uma sinostose. O resto da superfície inferior fica
escondido sob um conjunto de estruturas que se lhe dispõem inferiormente.
As aberturas nasais posteriores, ou seja, as extremidades posteriores das cavidades
nasais que se iniciam na abertura piriforme, são limitadas:
 Lateralmente pela lâmina pterigoideia medial;
 No pavimento pela lâmina horizontal do palatino;
 No tecto pelo corpo do esfenoide;
 Na linha média pelo vómer (lâmina óssea que se abre formando duas asas).

O que é que recobre a superfície inferior do corpo do esfenoide?


O vómer, ao abrir na parte superior, recobre grande parte da superfície inferior do
corpo do esfenoide. A lâmina medial da apófise pterigoideia superiormente não
termina de uma forma rigorosamente perpendicular, mas a sua face medial encurva-se
para recobrir também a superfície inferior do corpo do esfenoide – esse
prolongamento chama-se apófise vaginal.
Vêem-se também dois orifícios, um mais anterior e outro mais posterior:
 Orifício vomerovaginal – entre as apófises vaginais e o vómer;
 Orifício palatovaginal – entre a apófise esfenoidal do palatino e as apófises
vaginais.
Estes dois canais juntam-se anteriormente e abrem-se como um só na parede
posterior da fossa pterigopalatina.

A lâmina pterigoideia medial está rigorosamente num plano sagital, enquanto as


pterigoideias laterais se afastam lateralmente, deixando um espaço entre elas que é a
fossa pterigoideia. A pterigoideia medial abre-se na sua parte superior para formar a
fossa escafoide, onde se aloja o músculo tensor do véu do paladar, que depois desce
lateralmente à lâmina pterigoideia medial, terminando num tendão que se curva
medialmente no hamulus (gancho) pterigoideu. Na parte superior o bordo posterior é
côncavo, para alojar a porção cartilagínea da trompa auditiva, existindo uma espinha
óssea sem nome.
A lâmina pterigoideia lateral é mais larga e menos comprida, juntando-se à lâmina
medial, para se articularem com a apófise piramidal do palatino.

O rostrum esfenoidal adapta-se às asas do vómer formando a única sutura


esquindilesa do crânio.

O vómer forma a parte posterior e inferior do septo nasal, enquanto a lâmina


perpendicular do etmóide forma a parte superior, sobreposto à lâmina do vómer,
sendo a parte anterior formada por cartilagem.

Na região lateral identifica-se a superfície infratemporal da grande asa do esfenoide,


um bocadinho da escama do temporal, as porções petrosa e timpânica do temporal, a
porção basilar do occipital e a superfície anterior do esfenoide, entre as quais se
encontram numerosos orifícios e sulcos.

Na superfície infratemporal da grande asa do esfenoide observam-se o buraco oval e


o buraco espinhoso, que estabelecem comunicação entre a fossa infratemporal e a
fossa craniana média e se encontram perto do bordo posteromedial da grande asa do
esfenoide, o qual se une com o rochedo do temporal, ao nível da sutura petro-
esfenoidal. Esta sutura está no fundo de um sulco que se dirige antero-medialmente,
onde está alojada a porção cartilagínea da trompa auditiva, cuja porção óssea fica no
interior do temporal, na transição entre a escama e a porção petrosa. Essa parte
cartilagínea estende-se anteriormente até se fixar na parte superior do bordo posterior
da lâmina pterigoideia medial e terminar na parede lateral da rinofaringe, para que haja
comunicação entre o exterior e o ouvido médio.
Medialmente em relação a esse conjunto, fica o buraco lácero (rasgado), feito de
empréstimo por diversas peças ósseas: corpo do esfenoide, porção basilar do
occipital, ápice da parte petrosa e a origem das lâminas pterigoideias na grande asa
do esfenoide. É fechado por uma lâmina de cartilagem muito fina e não é atravessado
por nenhuma estrutura de grandes dimensões (atravessam-no apenas pequenos
vasos), sendo cruzado superior e inferiormente por diversas estruturas.

Posterolateralmente a esse conjunto, observa-se o rochedo e a porção timpânica do


temporal e a sutura escamotimpanica. Esta é dividida por uma pequena lamela óssea
em duas suturas de menores dimensões, uma anterior e outra posterior. Essa lamela
óssea é o tégmen timpânico, que forma a parte mais lateral da face antero-superior do
rochedo, e divide a sutura escamotimpanica em petrotimpanica e petro-escamosa –
portanto, o tégmen timpânico termina anteriormente de forma livre, no meio de uma
fissura.

Na superfície inferior do rochedo temporal, observa-se o orifício inferior do canal


carotídeo, que dá entrada para o canal carotídeo, o qual se dirige anterior e
superiormente, para abrir no orifício carotídeo anterior na fossa craniana média.
Posterolateralmente, situa-se o buraco jugular, que resulta da associação de dois
ossos – a fossa jugular do rochedo temporal e a incisura jugular da apófise jugular da
porção condilar do occipital, e é atravessado pela veia jugular.

A porção lateral do occipital possui o condilo e uma apófise jugular, que se projecta
lateralmente em relação à metade posterior do condilo e que é recortada
anteriormente pela incisura jugular (existe ainda um tubérculo jugular do lado interno).
Na face posterior do condilo existe uma depressão – fossa condilar, que às vezes é
transformada num canal, que faz um trajecto superior ao condilo para abrir na fossa
craniana posterior, concedendo passagem a uma veia emissária com origem no seio
sigmoide.

Todos os canais e buracos constantes permitem, em regra, a passagem de estruturas


vasculares e/ou nervosas de grandes dimensões, enquanto os que podem ou não
existir transmitem veias emissárias, que põem em comunicação a circulação venosa
do interior do crânio com toda a rede venosa exterior (quando não existem as veias
encontram outras vias).

Calva (vista pela face interna)


A parte frontal e a parte occipital são fáceis de distinguir, devido às bossas parietais
que são mais posteriores, fazendo com que a porção occipital seja mais larga do que a
frontal. Na linha média, fica a sutura sagital e o sulco para o seio sagital superior.
Observam-se também as fóveas granulares, para as granulações aracnoideias, que
são umas formações em forma de cogomelo que vêm das meninges e que ali se
fixam, e diversos sulcos, para artérias meningeas médias que fazem aí o seu trajecto.

Base do crânio (vista pela face interna)


A base do crânio organiza-se em três patamares descendentes: as fossas cranianas
anterior, média e posterior, que correspondem a diferentes lobos dos hemisférios
cerebrais.
A fossa craniana anterior prolonga-se até ao bordo posterior das pequenas asas do
esfenoide (“asas de morcego”), a média vai dai até ao bordo superior do rochedo
temporal e a posterior contém no centro o buraco magno.
Na fossa anterior, observa-se a incisura etmoidal do frontal, que é preenchida pela
lâmina crivada do etmóide e a sua crista galli. Lateralmente, ficam as porções orbitais
do frontal e posteriormente a face superior das pequenas asas do esfenoide. As
projecções posteriores das pequenas asas do esfenoide chamam-se apófises
clinoides anteriores (ficam posteriores às médias, mas pertencem à fossa craniana
anterior), que são as extremidades mediais das pequenas asas do esfenoide. As
apófises clinoides anteriores podem articular com as médias, formando o buraco
caroticoclinoide. A porção do corpo do esfenoide que faz parte da fossa craniana
anterior designa-se jugo esfenoidal.

A fossa craniana média, na parte central, é feita pela face cerebral do corpo do
esfenoide e começa anteriormente com o sulco quiasmático, sob o qual assenta o
quiasma dos nervos ópticos, que é a zona de junção dos dois nervos ópticos, os quais
a partir daí se afastam para entrarem na órbita através dos canais ópticos. Estes
canais são delimitados pelas raízes anterior e posterior da pequena asa do esfenoide,
que também se observam no interior da órbita.
Logo posterior ao quiasma, fica o tubérculo da sela e o dorso da sela, pois no meio
fica a sela turca, que é uma depressão na face superior do corpo do esfenoide. No
pavimento da sela turca existe uma depressão – a fossa hipofisária, onde se aloja a
hipófise. Nos ângulos superiores do dorso da sela, observam-se as apófises clinoides
posteriores.
Lateralmente a esse conjunto, observa-se o sulco carotídeo, onde caminha a artéria
carótida interna, que aí termina, dando os seus ramos terminais. Vê-se também uma
estrutura chamada língula, que ajuda a formar o canal e o orifício anterior do canal
carotídeo, por onde emerge a artéria do interior do osso. Ainda mais lateralmente, a
fossa craniana média é profundamente deprimida e concava, observando-se a
superfície cerebral da grande asa do esfenoide.
Paralelamente à linha mediana, existe um conjunto de orifícios: o buraco oval, o
buraco redondo e o buraco espinhoso (na direcção antero-posterior). O buraco
redondo transmite o nervo maxilar e o oval transmite o nervo mandibular, a artéria
meningea acessória e o nervo petroso menor. O buraco oval permite estabelecer a
comunicação entre a fossa craniana média e a fossa pterigopalatina, abrindo na sua
parede posterior, enquanto os outros dois abrem na fossa infratemporal.
Na face antero-superior do rochedo, identificam-se o orifício anterior do canal
carotídeo, os sulcos para os nervos petrosos maior e menor, o buraco lácero, a
impressão trigeminal para o gânglio trigeminal e mais lateralmente uma saliência
chamada eminência arqueada. Esta é formada pelo canal semicircular anterior e
marca o limite medial do tégmen timpânico, que é a parte mais lateral da face anterior
do rochedo, que penetra na sutura petro-escamosa, para aparecer na fissura
escamotimpanica, dividindo-a em petrotimpanica e petro-escamosa.

A fossa craniana posterior é uma grande depressão a um nível bastante mais inferior
que as restantes fossas cranianas, dominada pelo buraco magno. Posteriormente fica
a escama do occipital, que pelo seu lado interno possui um sulco para o seio sagital
superior, uma protuberância occipital interna, que continua inferiormente como crista
occipital interna (esta abre-se na extremidade inferior, na fossa vermiana, para o
vermis do cerebelo) e um sulco para os seios transversos. Este conjunto de estruturas
forma quatro fossas – duas superiores triangulares cerebrais (alojam lobos cerebrais)
e duas inferiores quadrangulares cerebelosas (alojam hemisférios cerebelosos).
A face posterior do rochedo é delimitada superiormente pelo bordo superior, que é
cruzado pelo sulco para o seio petroso superior, enquanto o seio petroso inferior fica
num sulco junto da sincondrose entre a porção petrosa do temporal e a basilar do
occipital. Os seios petrosos permitem a saída do sangue que se encontra nos seios
cavernosos ao lado do corpo do esfenoide. Na parte central da face posterior, fica o
meato acústico interno, que permite estabelecer contacto entre a fossa craniana
posterior e o ouvido interno, lateralmente ao qual se encontra a fissura com a abertura
para o aqueduto do vestíbulo. Entre essas duas aberturas, superiormente, localiza-se
a fossa subarqueada, que é uma depressão inferior à eminência arqueada e numa
fase precoce do desenvolvimento é uma autêntica fossa profunda, que só o
crescimento e a deposição óssea permitem que se torne uma suave depressão.
Inferiormente, observa-se o buraco jugular pela face interna, o tubérculo jugular e o
orifício interno do canal do hipoglosso.
O seio transverso, antes de se transformar no seio sigmoide, cruza o ângulo
mastoideu do parietal, ou seja, o ângulo postero-inferior do parietal possui na sua face
interna a junção dos seios transverso e sigmoide, o qual começa aí e descreve o seu
trajecto na superfície medial do elemento mastóide do temporal (posteriormente ao
rochedo). Cruza depois a fissura entre a escama do temporal e a porção jugular do
occipital, para voltar a entrar no occipital, desta vez na sua apófise jugular, para
terminar no buraco jugular, formado pelo bordo anterior da apófise jugular e pela fossa
jugular do rochedo temporal. Aí termina também o sulco para o seio petroso inferior,
depois de comunicar com o sulco para o seio petroso superior, juntando-se ao seio
sigmoide.

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