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COMO FAZER UMA MONOGRAFIA

Este texto é ideal para quem nunca fez uma monografia antes. Linguagem fácil e conteúdo esclarecedor.Serve
como primeira leitura, para motivar, tranquilizar e mostrar os primeiros passos.
Obs: Não sei quem é o autor do texto. Este arquivo estava disponível, para auxiliar os candidatos, no site da
Souza Cruz, na ocasião do ³Concurso de Monografias Brasil Sustentável´, realizado em parceria com a revista Exame,
em 2003. (Mais informações aqui ou aqui) . Eu apenas coloquei o sumário.

Sumário:

1- O que é monografia 2
2- Condições de trabalho 3
3- Tema 4
4- Pesquisa 5
5- Planejamento 8
6- Do prazer de pensar à satisfação de escrever 11
7- Linguagem 13
8- Dissertar e argumentar 16
9- Introdução 20
10- Desenvolvimento 22
11- Conclusão 25
12- Normas técnicas 26
Citações 26
Notas 29
Apresentação da monografia 30
Referências bibliográficas 34
13- CONSIDERAÇÕES FINAIS . 38

1- O que é monografia

Desde o ensino fundamental fazemos trabalhos individuais ou em grupo, sobre assuntos ministrados em aula.
É uma das formas de fixarmos o conteúdo das matérias e demonstrarmos que o dominamos.
No início do ensino médio, começamos a ouvir falar num bicho-papão chamado vestibular. Podemos fingir
que ele não existe, mas há um momento em que se torna inevitável estudar para enfrentá-lo.
Quem passa no vestibular realmente tem motivo para comemorações: além de livre da obrigação de se mostrar
fera em todas as matérias, passa a dedicar-se ao curso de sua escolha.
Mas os trabalhos continuam: provas, seminários, fichamentos, textos individuais ou em grupo, estágios. Até
que começamos a ouvir falar numa tal de monografia...
Vemos colegas dos últimos períodos cheios de livros, comentando avanços, dificuldades, descobertas. Alguns
parecem cansados, outros receosos, muitos dizem fazer o trabalho escolar mais difícil de suas vidas.
Toda essa agitação nos faz pensar no vestibular, com o qual a monografia realmente tem dois pontos em
comum: marca a passagem de um estágio de formação para outro e requer muito empenho.
Mas, se no vestibular precisamos saber bastante sobre todas as matérias, na monografia devemos demonstrar
conhecimento acerca de um só tema. Além disso, em vez de fazer prova, escrevemos um texto com dados pesquisados.
Ora, não foi isso que fizemos cada vez que um professor nos pediu para elaborar um trabalho individual, em
casa, sobre um determinado assunto? Sim, isto é monografia, palavra que vem do grego mónos (um só) e graphein
(escrever).
Se é assim, por que não chamam de monografia todo trabalho escolar individual que fazemos por escrito?
Porque o termo monografia se reserva ao que o dicionário Aurélio define como ³estudo minucioso que se propõe
esgotar determinado tema relativamente restrito´.
Talvez o Aurélio exagere ao falar em ³esgotar´. Mas, de fato, a monografia deve aprofundar o máximo
possível a abordagem de um tema bem delimitado. Em lugar de falar superficialmente sobre muitas coisas,
concentramo-nos num só assunto, sobre o qual demonstramos bastante conhecimento.

Desafio estimulante
A monografia obedece a certas normas de redação e apresentação. Espera-se, por exemplo, que o texto se
divida em introdução, desenvolvimento e conclusão; que as indicações dos livros consultados sejam feitas de maneira
padronizada; e assim por diante.
Nossa primeira reação a tais exigências é de repulsa. Temos a impressão de nos estarem impondo uma camisa-
de-força. Todavia, se analisamos bem, cada uma dessas regras tem razão de ser. E o que é mais importante: em
conjunto, ajudam-nos a organizar nosso pensamento e facilitam a compreensão de quem nos lê.
Na verdade, a monografia nos possibilita ampliar a capacidade de pesquisar, analisar e expressar nosso
pensamento. A importância desse esforço salta aos olhos quando pensamos que, em todas as esferas da vida, nosso
sucesso depende de sabermos o que dizer e como dizer.
Em situações sociais, por exemplo, você consegue a atenção das pessoas com um papo agradável e inteligente.
Numa entrevista para emprego, é fundamental falar de maneira articulada. Nos projetos para melhorar seu bairro ou sua
faculdade, é preciso combinar consistência e clareza.
Ao escrever uma monografia, você exercita tudo isso. Portanto, em vez de vê-la como obrigação penosa,
encare-a como trabalho capaz de enriquecer sobremaneira sua formação.

2- Condições de trabalho

Para ir aos jogos olímpicos, o atleta se prepara psicológica e fisicamente. Entrega-se a uma rotina séria e
regular, acompanhada por um treinador. Estabelece metas de melhoria de desempenho e vibra com os pequenos
progressos de cada dia.
Elaborar monografia é como participar de uma maratona, pois, além de um orientador escolhido entre seus
professores, requer certos cuidados essenciais. Entre eles, falaremos rapidamente de três especialmente importantes:
concentração, espírito investigativo e organização.

Concentração
Certa vez, um carro com som excessivamente alto estacionou em frente a um edifício onde se fazia vestibular.
Pediu-se ao dono do automóvel que partisse, pois estava atrapalhando. Não adiantou, ele andava de mal com a vida e
continuou atrapalhando, agora de propósito.
Alguns candidatos pensaram em desistir da prova, muitos se irritaram, alguns chegaram a chorar. Ao final da
prova, a multidão correu na direção do importunador e, por pouco, não o agrediu.
Em meio à confusão, uma vestibulanda não entendia o que acontecia e perguntava a causa do tumulto±
estivera tão concentrada na prova que sequer ouvira o som vindo do automóvel.
Pessoas como essa garota conseguem se concentrar com tal facilidade e intensidade que nada as perturba.
Como esse não é o caso da maioria de nós, temos de nos preparar para nos mantermos isolados durante algum tempo
diário ou semanal, dedicados à monografia.
Isso não quer dizer que nossa vida deva parar. Podemos continuar tendo lazer, namorando, tudo. Mas não
convém, por exemplo, dividir o tempo reservado à monografia com a televisão. Tampouco interromper a todo momento
nossa reflexão para sair com a galera.

Espírito investigativo
Nos filmes policiais, o detetive costuma ser um xereta: mete o nariz em tudo e acaba sabendo mais que todo
mundo. Postura semelhante devemos assumir em relação à nossa monografia.
Na conversa com os amigos, fale de seu tema e ouça o que eles sabem ou pensam a respeito. Ao ler os jornais,
verifique se há dados de seu interesse. Sempre que a televisão tocar no assunto, abra bem olhos e ouvidos. Vasculhe a
internet. Vá mais vezes às bibliotecas de sua faculdade ou cidade, pois os livros costumam ser fontes privilegiadas.
Aproveite todas as oportunidades de se informar. Somente assim conseguirá conhecer a fundo seu tema.

Organização
Para elaborar sua monografia, você escolhe um tema e se lança na pesquisa. Vai coletando dados e, em
determinado momento, começa a ordená-los. Aos poucos, consegue diferenciar as informações que convêm à
apresentação daquelas que pertencem ao desenvolvimento e à conclusão.
Inicia a escrita propriamente dita, durante a qual explora ao máximo a própria criatividade. As idéias brotam, a
melhor maneira de expressá-las é encontrada. A cada nova versão, sua monografia se mostra mais agradável de ser lida.
Você arruma as referências bibliográficas, dá os últimos retoques e chega ao final do trabalho.
O roteiro de elaboração de monografia costuma ser este, mesmo que varie um pouco de pessoa para pessoa.
Pois bem: para empreendê-lo de maneira realmente produtiva, você precisa de organização, esta grande aliada da
produção.
Seguem algumas dicas para você se organizar:

‡ Reserve um horário diário para se dedicar à monografia.


‡ Liste as tarefas necessárias à sua feitura.
‡ Hierarquize as atividades, elegendo prioridades.
‡ Prepare um cronograma com o prazo de realização de cada atividade.
‡ Mantenha seu ambiente de trabalho sempre arrumado.
altimo conselho: prepare-se para combinar organização e maleabilidade. Digamos, por exemplo, que,
conforme planejado, você vá à biblioteca, mas, ao chegar lá, encontre-a fechada. Ora, a impossibilidade de pesquisar
não precisa significar a interrupção de seu trabalho. Adiante alguma outra atividade planejada para a fase seguinte.
Dessa forma, você mantém em dia o cronograma.

3- Tema

Na faculdade, escolhemos o tema de nossa monografia nos últimos períodos, com a ajuda de nosso orientador.
É possível que o orientador nos peça para fazer uma retrospectiva dos assuntos que mais nos atraíram ao longo
do curso e, em seguida, listá-los por ordem de interesse.
A respeito de cada assunto anotado, fazemos, sempre com a ajuda do orientador, algumas perguntas básicas,
como:

1. Rende uma monografia?


A resposta a esta pergunta tem de ser positiva, pois há temas que parecem excelentes quando nos vêm ao
espírito, mas, analisados com calma, não justificam uma análise de páginas e páginas.

2. Em que medida já foi estudado?


Certos temas foram focalizados tantas vezes que praticamente não há mais nada de novo a se descobrir a
respeito. Se, apesar de exaurido, ele continua nos mobilizando a ponto de decidirmos dedicar-lhe nossa monografia,
então devemos nos preparar para uma pesquisa suficientemente vasta para que, na pior das hipóteses, possamos
sintetizar tudo o que se produziu sobre ele.
Em contrapartida, há temas que receberam pouquíssimas abordagens, portanto possibilitam que fiquemos à
vontade para começar a pesquisar a respeito. Só não podemos esquecer que, nesses casos, há poucos textos aos quais
poderemos recorrer para fecundar nossa análise.

3. A pesquisa poderá ser feita na biblioteca de minha faculdade, na internet e demais fontes ao meu alcance?
É fundamental que você tenha acesso fácil ao material necessário à elaboração de sua monografia. Por isso,
durante a escolha do tema, pense nas fontes de pesquisa que usará e se tem como chegar até elas.
A internet é ampla e rica, portanto não pode ser negligenciada. Mas seus dados não bastam à elaboração de
uma monografia. Em busca do aprofundamento e da consistência, precisamos recorrer a livros, periódicos e,
eventualmente, arquivos e depoimentos.
Além dos fatores acima, vários outros são levados em consideração quando da escolha do tema. Se você já tem
em vista uma pós-graduação, por exemplo, talvez seja possível ajustar seu interesse às linhas de pesquisa desenvolvidas
no mestrado que pretende fazer.
Tudo isso é conversado com o orientador, que, experiente, pode vislumbrar com mais facilidade o resultado
final de seu esforço, portanto tem condições de indicar caminhos a serem percorridos até lá.
No sentido do aprofundamento, por exemplo, é possível que ele lhe sugira demarcar um pouco mais o tema;
ou isolar um ponto específico, sobre o qual você tenha acesso a material suficiente para empreender uma abordagem
consistente e original.

4- Pesquisa

Quando você conhece alguém que lhe interessa, possivelmente tenta descobrir se a pessoa é legal, quantos
anos tem, onde mora etc. Ou seja, pesquisa.
Se sua família mora no interior e você precisa limitar suas despesas na cidade a uma modesta mesada, atenta
para os anúncios de aluguel, pergunta aos colegas se sabem de algum lugar barato... Isto é, pesquisa.
Esses dois exemplos já nos permitem definir pesquisa como coleta de dados.
Logicamente há uma diferença entre as pesquisas que fazemos em nosso cotidiano e aquelas que realizamos
profissionalmente.
Para informar o público sobre uma falcatrua escondida sob sete capas, por exemplo, o jornalista contata
possíveis informantes, procura a polícia, faz plantão diante da porta dos suspeitos e chega a se disfarçar para descobrir o
ocorrido.
A escrita da monografia requer disposição semelhante. Talvez não necessitemos correr perigo, mas devemos
recolher o maior número possível de dados sobre nosso tema.
Acontece que a universidade é o local por excelência da transmissão e ampliação do conhecimento: sempre
teve muita gente pesquisando.
Os acertos e erros, as grandes descobertas e os fiascos retumbantes, tudo isso foi mostrando a maneira mais
racional, econômica e eficaz de pesquisar. Assim surgiu a chamada pesquisa acadêmica ou científica.
Os adjetivos ³acadêmica´ e ³científica´ dão a entender uma atividade complicada. Mas querem dizer apenas
que a pesquisa é feita de maneira organizada, controlada e rigorosa. Na verdade, é a forma mais simples de recolher
informações para trabalhos universitários.
É o que demonstramos a seguir, ao percorrermos suas diferentes fases.

Formulação de hipóteses
Digamos que você tenha resolvido dedicar sua monografia ao seguinte tema: ³Emprego e economia no século
XXI´. Ora, recentemente os meios de comunicação veicularam que, na Grande São Paulo, o nível de desemprego
ultrapassou 20% e atingiu o índice mais alto desde 1985.
Em conversas com seu tio, que vivia na capital paulista nos anos oitenta, você fica sabendo que, naquela
época, a maioria das casas comerciais da cidade tinham placas anunciando vagas ± algo que não acontece mais.
Com esses dois dados, talvez você conclua que, neste século, haverá cada vez menos postos de trabalho. Mas
isto é apenas uma hipótese, a ser comprovada ou refutada em função do que você descobrir.
De toda forma, sua formulação ajuda você a dirigir sua pesquisa, isto é, a privilegiar, no verdadeiro oceano de
informações relativas ao tema, aquelas vinculadas à hipótese.
Mesmo que você descubra que o aumento do índice de desemprego é um fenômeno passageiro± a ser
resolvido com a melhoria das condições de vida no campo ±, a hipótese inicial terá sido importante.
Podemos dizer, portanto, que formular hipóteses é um exercício recomendável, pois, independentemente de se
comprovarem ou não, elas estimulam à pesquisa, ao mesmo tempo que ajudam a demarcar o material a ser consultado.

Levantamento das fontes


Se, dentro do tema ³As mulheres no Brasil do terceiro milênio´, você decide focalizar as mudanças ocorridas
no vestuário feminino desde o surgimento do movimento feminista até hoje, talvez precise recorrer a fontes
iconográficas, ou seja, a fotografias e outros documentos visuais.
Ainda no mesmo tema e cobrindo o mesmo período, imaginemos que você resolva assinalar a mudança da
mulher aos olhos dos compositores populares; necessariamente consultará fontes fonográficas: LPs, CDs e assim por
diante.
Em ambos os casos, você precisará também de fontes bibliográficas, ou seja, textos. A biblioteca é essencial
ao sucesso da pesquisa, pois as abordagens em livros costumam ser mais profundas.
Evidentemente, devemos navegar também na internet, em busca de ensaios, entrevistas e outros materiais. É
possível encontrarmos dados tão recentes que ainda nem constem de livros. Isto é importante sobretudo nas abordagens
de assuntos de nosso tempo.
Um cuidado relativo às fontes em geral diz respeito à sua qualidade. Pode acontecer de um livro recém-
lançado ser menos consistente do que uma obra publicada há um século. Ou de o ensaio mais conhecido sobre um
determinado tema, escrito por um cientista de renome, já estar ultrapassado.
Para utilizar fontes realmente fidedignas, densas e atualizadas, escolha-as com critério, preferencialmente com
a ajuda de seu orientador. Leve em conta também a necessidade de elas realmente terem a ver com seu objeto de estudo.
Sobre as diferentes fontes escolhidas, anote título, nome do autor, cidade onde foi publicada, editora e ano.
Esses dados lhe possibilitam localizá-las e, futuramente, serão digitados ao final de sua monografia, nas ³Referências
bibliográficas´.
O ideal é partir para a pesquisa com uma lista de fontes que contenham todo o conteúdo necessário à
monografia. Mas, se isto não for possível, comece a pesquisa com os títulos de que dispõe, pois, durante as leituras,
descobrirá outras fontes igualmente válidas. Mesmo que o livro seja essencial, abra-se às outras fontes impressas, como
jornais e revistas. Preste atenção também ao que aparece sobre seu tema na televisão e, se possível, no rádio.
Até mesmo na conversa com os amigos, tente obter dados. Puxe o assunto e veja o que eles sabem ou ouviram
a respeito. Não despreze fonte alguma. Apenas tenha o cuidado de submetê-las a uma triagem e, entre as válidas,
estabelecer uma hierarquia.

Leitura
A leitura começa ainda durante o levantamento das fontes. Você pega o livro e o aborda pelas beiradas: lê
quarta capa, orelha, sumário, prefácio, introdução. Isso lhe permite descobrir se a obra é importante ou não para seu
trabalho. Na internet, você dá uma passada de olhos nos textos, antes de copiá-los. Tendo escolhido o material
necessário à sua monografia, você organiza um programa de leitura. Uma dica: leia primeiramente obras mais gerais,
como enciclopédias, dicionários e manuais. Então parta para os textos mais específicos.
Para freqüentar bibliotecas, precisamos vestir roupas nem sempre confortáveis e passar grande parte do tempo
sentados, às vezes em cadeiras duras. A vantagem é termos todos ou quase todos os textos ao alcance da mão.
Em casa, a contrapartida do aconchego é a agitação. Você terá certa dificuldade de se concentrar com seus
irmãos menores brincando de pique à sua frente. Ou ao som do potente aspirador de pó recém-adquirido pela família.
Latidos, então...
Ler sobre um determinado tema é uma atividade que se torna prazerosa na medida em que ampliamos nosso
conhecimento a respeito; mas inicialmente pode se apresentar como tarefa penosa, cujo progresso requer boas
condições, a serem criadas em qualquer lugar.
Na biblioteca, podemos levantar periodicamente da cadeira, passear um pouco e, eventualmente, até fazer
exercícios de alongamento. Em casa, o isolamento necessário à concentração pode ser conseguido com o simples
fechamento da porta do quarto.
Em prol da própria produção, convém que você saiba exatamente o que ler em cada livro. Às vezes, um
volume de quinhentas páginas tem apenas dez que interessam a seu estudo. É tão-somente a elas que você deve ater-se.
Finalmente, estabeleça um horário mínimo de leitura diária. Não encontramos sempre tempo para nos banhar,
escovar os dentes e tomar outras medidas antes de sair de casa? Parece risível, mas convém tratarmos a pesquisa com a
mesma seriedade.
Isso não quer dizer que precisamos deixar de viver; apenas temos de acrescentar o item pesquisa em nossa
agenda.

Apontamentos, fichas e síntese


À medida que vai lendo, você identifica os dados que podem servir à sua monografia. Então os anota em
fichas, podendo optar entre:

a) transcrever ao pé-da-letra a passagem, colocando-a entre aspas e citando a obra e a página onde foi
encontrada;
b) escrever com suas palavras o que entendeu do trecho, também anotando a referência bibliográfica.

É conveniente colocar título e subtítulos em cada ficha, a fim de poder identificá-la com facilidade.
Durante a confecção das fichas, sempre surgem idéias: anote-as! Em vez de confiar na memória, pense que
certos lampejos podem não voltar...
No que concerne às anotações, é importante tomar os seguintes cuidados:

a) No resumo, mantenha-se fiel às idéias do autor.


b) Estabeleça uma estrutura capaz de mostrar a lógica do texto ± sua introdução, desenvolvimento e conclusão.
c) Na síntese, preserve os conceitos fundamentais.
d) Ao final, teça comentários pessoais, anote críticas, formule dúvidas e desenvolva idéias.

Tendo em vista que as anotações são feitas na ordem em que você as lê, é interessante que, finalizada a
confecção das fichas, você as organize segundo a ordem que quer imprimir à sua monografia.

Arquivos
Nos países ricos, é comum os pesquisadores chegarem às bibliotecas com computadores portáteis, nos quais
registram diretamente as informações coletadas.
Ainda que isto esteja longe de nossa realidade, é possível imaginar que nosso futuro será semelhante.
Mesmo que você só tenha acesso a computador de mesa, transfira para ele os dados anotados na biblioteca.
Assim, você os organiza e manuseia com muito mais facilidade.

5- Planejamento

Iniciemos este capítulo dizendo que você:

a) Chegou àquele momento em que precisa elaborar sua monografia de final de curso.
b) Criou as condições necessárias à realização do trabalho.
c) Escolheu e delimitou seu tema.
d) Fez o levantamento das fontes a serem consultadas e iniciou sua pesquisa, tendo o cuidado de anotar as
passagens ou pensamentos mais importantes dos textos lidos.

Se você percorreu todas essas etapas, já tem uma idéia geral sobre seu tema. Não leu tudo o que se escreveu
sobre ele, pois isso é impossível; mas conhece a visão de alguns especialistas. Isso lhe basta para planejar sua
monografia no tocante ao conteúdo e à forma.

Conteúdo
O conteúdo de uma monografia é constituído dos dados que recolhemos durante a pesquisa, associados às
nossas próprias idéias e conclusões.
O ideal é conciliarmos consistência com originalidade. Ou seja, apresentarmos o máximo possível de
informações e fazermos avançar a reflexão sobre o tema.
Digamos que você opte por ³Meio ambiente, ação social e erradicação da pobreza´ e resolva dedicar sua
monografia a uma experiência de horta comunitária bem-sucedida, ocorrida num bairro carente de sua cidade.
Sua pesquisa certamente engloba leituras, assim como visitas à comunidade onde o projeto se desenvolve, para
observação das atividades, análise dos resultados, entrevistas com os participantes e assim por diante.
Dessa forma, você concilia reflexões gerais com experiência localizada. Combina dados teóricos com
empíricos. Aplica conceitos desenvolvidos por especialistas a uma situação concreta, com a qual você trava contato
direto.
Isto pode fazer de sua monografia um texto passível de interessar amplamente. Mesmo quem conhece bastante
o tema vai querer saber o que se passa especificamente nessa comunidade.
Se, além disso, você desenvolve pensamentos inéditos sobre o tema, amplia as chances de sucesso. Caso a
articulação entre leitura e observação de campo lhe possibilite chegar a conclusões novas, sua monografia pode se tornar
até mesmo referência obrigatória.
Evidentemente a busca de originalidade não pode levar a ações precipitadas ou levianas. A novidade± caso
apareça ± deve resultar de uma pesquisa séria e profunda, realizada com base num planejamento cuidadoso.
Para tanto, comece com leituras e, somente quando sentir que domina o tema, passe à pesquisa de campo.
Para fazer a pesquisa de campo, observe as seguintes dicas:

Visite o local tão logo perceba a importância de incluí-lo em sua monografia, para verificar a viabilidade de
pesquisá-lo e estabelecer os primeiros contatos.
‡ Volte ao local depois das leituras, pois assim você saberá exatamente que dados empíricos recolher.
‡ Use os instrumentos de registro aplicáveis ao caso: caderno, gravador, máquina fotográfica e outros.
‡ Após cada sessão de pesquisa, analise os dados coletados, de modo a preparar a visita seguinte.
‡ Ao final, faça uma avaliação da totalidade das informações recolhidas, conectando-as aos dados anotados
durante as leituras.

Logicamente, o roteiro acima pode sofrer modificações e reviravoltas. Se, por exemplo, a pesquisa de campo
levar você a descobrir algo que requeira novas leituras, só lhe resta voltar à biblioteca.
O importante é que, ao final, a pesquisa tenha quantidade e qualidade. Isto é, que você reúna o maior número
possível de dados atualizados e consistentes sobre o tema.
Tendo conseguido isso, você pode dar o passo seguinte, que consiste em planejar a distribuição desse conteúdo
em seu texto.

Forma
Depois de muitos ensaios e tentativas, ficou comprovado que a maneira mais lógica de se fazer monografia é
dividi-la em introdução, desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas ± nesta ordem.
Dentro do que parece uma verdadeira fôrma, você tem muito a criar. Não no sentido de fantasiar situações,
como fazem os romancistas; e sim concebendo uma linha para expor os dados de sua pesquisa e as conclusões a que
chegou sobre o tema.
De volta ao exemplo da horta comunitária, você pode iniciar oferecendo uma visão panorâmica do tema ³Meio
ambiente, ação social e erradicação da pobreza´ ou entrando diretamente na experiência registrada em sua cidade. Tudo
é possível, contanto que seu roteiro tenha início, meio e fim.
Esta flexibilidade decorre da riqueza do pensamento humano, que possibilita infinitas maneiras de ordenação
dos dados. A contrapartida da maleabilidade é o risco de você especular tanto sobre os caminhos franqueados à sua
exposição que acabe sem escrever uma linha.
Para evitar isto, sugerimos que:

‡ Divida o conteúdo pesquisado.


‡ Rascunhe uma seqüência, refazendo-a sempre que convier.
‡ Anote novas questões que surgirem durante esse processo e pesquise o que se produziu a respeito das
mesmas.

Para ilustrar as sugestões acima, retomemos o exemplo da horta e imaginemos que, inicialmente, você divide
os dados coletados entre teóricos e práticos. No tocante às informações teóricas, você separa as reflexões de autores
brasileiros e estrangeiros. No que concerne ao conteúdo de sua investigação de campo, você segmenta o processo que
começa no plantio e vai até a distribuição das hortaliças. E assim sucessivamente.
Em seguida, você esboça um sumário, cuja importância impõe que o tratemos à parte.

Sumário
Nas primeiras páginas dos livros teóricos, costumamos encontrar a lista dos tópicos que o constituem.
Antigamente esse rol era indicado pela palavra índice, mas no presente generalizou-se o emprego do termo sumário.
O sumário oferece uma visão de conjunto da obra. Por isso, esboce-o assim que tiver uma idéia global de sua
monografia. Dessa maneira, você passa a dispor de uma espinha dorsal de seu trabalho ± o que ajuda bastante a
vislumbrá-lo, organizá-lo e redigi-lo.
O primeiro item do sumário evidentemente é a introdução, da mesma forma que a conclusão e as referências
bibliográficas vêm por último. Entre esses dois extremos, encontra-se o desenvolvimento, que precisa ser esmiuçado.
Ensaie títulos para os diferentes capítulos de seu desenvolvimento na ordem que lhe parece lógica. Arrisque
subtítulos para as divisões dos capítulos.
Sinta-se totalmente livre ao fazer esse exercício, pois a modificação e a reordenação são fundamentais para
que você conceba uma estrutura realmente segura para sua monografia.
Mas vá além da mera enumeração de itens. Os títulos e subtítulos não podem ser ambíguos ou obscuros.
Precisam fazer sentido e oferecer a idéia exata do que anunciam. Pense que eles são espelhos: quanto mais cristalinos,
melhor.

Título da monografia
O título da monografia funciona como o sumário: indica o conteúdo. Por isso, quanto mais cedo é concebido,
mais produtivamente pode ser utilizado.
Evidentemente, o título pode mudar; mas isto acontece como parte do processo de aperfeiçoamento do
trabalho.
Mesmo que você não se contente com as primeiras idéias de título, anote aquela que lhe parece menos
canhestra. Quando você menos espera, a versão definitiva se impõe.

6- Do prazer de pensar à satisfação de escrever

Nas primeiras décadas do século passado, Monteiro Lobato e Mário de Andrade ofereceram uma visão
desanimadora do brasileiro, encarnado respectivamente por Jeca Tatu e Macunaíma. Ambos os personagens são
adoráveis, mas parecem atestar uma inclinação crônica para o ócio.
Felizmente desmentimos o prognóstico: a despeito de todas as mazelas, progredimos bastante em vários
campos. Mantivemos o pendor para o divertimento, mas o combinamos à vontade de produzir.
Na escola, em especial, crescemos continuamente em número e buscamos uma formação cada vez mais
completa. Desenvolvemos a consciência de que precisamos estudar bastante. Quanto mais nos dedicamos a aprender,
mais essa atividade se mostra agradável e satisfatória.
Durante o ensino superior, a reflexão se intensifica de tal maneira que damos verdadeiros saltos no
entendimento da realidade. A formação que nos é oferecida certamente teria feito muito bem a Jeca Tatu e Macunaíma.
A atividade complementar à reflexão é a escrita. Da mesma maneira que exercitamos a capacidade de pensar,
precisamos cultivar o hábito de redigir. O texto arruma nossas descobertas e idéias, amplia nossos horizontes, leva nosso
pensamento a outras pessoas.
Com o advento da informática, a escrita cresceu bastante em importância. Aos poucos, enviamos mais e-mails
do que telefonamos. Nossa vida escolar e profissional depende fundamentalmente de nossa capacidade de nos
expressarmos com letras.
Só que escrever é uma atividade complicada para muitos de nós. Mas não tenhamos dúvida: se vencemos a
preguiça de raciocinar, atualmente temos todas as condições de superar a dificuldade de redigir.
É o que demonstramos a seguir, por meio de três sugestões: escrever sem censura, reescrever como se
brincasse e transformar redação em hábito.

Exponha o que der na telha


Todos nós conhecemos excelentes professores que raramente publicam. Dão aulas densas e bem articuladas,
mas não ousam sistematizar em texto a matéria que lecionam.
As explicações para esse tipo de bloqueio variam. Fala-se, por exemplo, que a escola nos traumatiza ainda na
infância, ao nos constranger a encarar a famosa folha em branco.
Mesmo que isso seja verdade, lembremos que traumas podem ser superados. No caso, facilita bastante pôr
para fora tudo o que vier à mente, sem qualquer preocupação com resultado ou forma.
É assim que procedem os chamados gênios da literatura e da ciência. Nenhum deles produz obra-prima na
primeira tacada. Colocam no papel ou na tela do computador o que lhes ocorre e, somente depois, investem em clareza,
graça e elegância.

Reescreva à vontade
Na história da humanidade, só se destacaram os escritores que se preocuparam em lapidar seus textos.
Acontece que a reescrita já foi um esforço titânico. Imagine o que era recopiar um texto em papiro.
Muito posteriormente, inventou-se a máquina de escrever, que facilitou bastante esse trabalho. Ainda assim,
datilografia era uma tarefa tensa, pois os dedos precisavam acertar sempre nas letras.
Com o surgimento da máquina elétrica, tornou-se possível corrigir-se letra datilografada erroneamente. Mas
certos problemas ± como inserção de novos capítulos ± impunham que se redatilografasse inteiramente o livro. Já
pensou que maçada?
Este breve histórico dos meios utilizados para registrar texto nos permite afirmar que atualmente dispomos de
condições ideais de reescrita.
Com os recursos da informática, a arrumação do texto se tornou uma verdadeira moleza. Com simples cliques,
refazemos frases, deslocamos blocos, mudamos capítulos de lugar.
Isto significa que, se a reescrita faz a diferença do texto, temos tudo para chegar longe no tocante à qualidade.

Incorpore a escrita ao cotidiano


Nosso aprendizado do idioma não pára de crescer. Nos primeiros anos de vida, nosso vocabulário era
reduzidíssimo, comparado ao número de palavras que dominamos agora.
Com a escrita, ocorre um processo semelhante: ao praticá-la, descobrimos maneiras interessantes de associar
vocábulos, exploramos efeitos frasais, ampliamos nosso conhecimento técnico.
Isto nos leva a pensar que, em vez de crer que alguns de nós trazem de berço a habilidade de redigir, devemos
apostar na capacidade de melhorarmos continuamente nossa relação com a escrita.
Reforço a esse pensamento encontramos em biografias de autores excelentes que, no início de suas vidas,
escreviam muito mal. Foi a prática que lhes possibilitou melhorar a relação com a língua e utilizar bem seus recursos.
Com todos nós acontece o mesmo: quanto mais redigimos, melhor nos expressamos. Aos poucos, passamos a
associar sentimentos positivos à atividade. Até descobrirmos que não podemos mais viver sem a escrita.

7- Linguagem

Ao conversar com uma pessoa que não sabe ler nem escrever, você emprega palavras simples e evita
raciocínios mirabolantes. Com os amigos, seu verbo se solta. Numa entrevista para estágio ou emprego, você concilia
polidez, fluência e serenidade.
Ao buscar a expressão adequada a cada situação, você não demonstra falta de personalidade, e sim bom senso.
Afinal, você quer se comunicar.
A monografia também requer uma linguagem própria. Mas não pense que se trata de vocabulário rebuscado,
frases pomposas e clichês acadêmicos. Decididamente isso pertence ao passado.
Hoje, mais que nunca, procura-se clareza, objetividade e coesão.

Clareza
Você escolhe um tema, levanta hipóteses, faz um plano de pesquisa e mergulha na coleta de dados. As
descobertas ampliam sua visão e estimulam seu cérebro.
Você acumula anotações, começa a prever o que será a monografia. Continua pesquisando, até ter certeza de
que, com as informações de que dispõe, pode escrever um texto denso.
Nesse momento, você sabe mais sobre seu tema do que a maioria das pessoas. É chegada a hora de
democratizar esse conhecimento. Portanto, para se fazer compreender, use palavras precisas e frases simples.
Ao final do dia do trabalho, reveja o que escreveu, clareando as passagens que lhe parecerem vagas ou
obscuras. Faça isto novamente quando terminar a primeira versão completa da monografia, eventualmente lendo em voz
alta.
Submeta seu texto a outras pessoas, a começar pelo orientador. Peça que marquem tudo o que estiver confuso
ou mal explicado. Ao final, faça perguntas sobre o conteúdo, para ver se entenderam tudo.
Claro, você não pode querer que todo mundo compreenda sua monografia. Mas o público a que ela se destina
ou pode interessar, sim.

Objetividade
Durante a pesquisa, você se familiariza com o tema. Desenvolve idéias acerca de seus diferentes aspectos.
Testa hipóteses.
No momento de escrever, distribui os dados pelas três partes que constituem a monografia: introdução,
desenvolvimento e conclusão.
Para ordenar tudo isso numa exposição cada vez mais profunda, você desenvolve uma linha de raciocínio.
Linha de raciocínio é como linha ferroviária: não permite bifurcações. Com metáforas e outros recursos
literários, você corre risco de descarrilar o pensamento.
Em poema, por exemplo, uma rosa pode significar muitas coisas; em monografia, é apenas uma flor.
Isto não quer dizer que a linguagem da monografia seja mais pobre. Apenas é utilizada sem ambigüidade.
Ao empregar as palavras no sentido que elas têm no dicionário, você pode transmitir dados em grande
quantidade, de maneira organizada, sem deixar dúvidas. Assim, conduz o leitor do início ao fim.

Coesão
Imagine se você está contando uma piada e, ao se aproximar do clímax, esquece um elemento fundamental à
compreensão! Ninguém ri.
Efeito semelhante é provocado por parágrafo que não traz todos os dados que deveria conter: você frustra o
leitor, que não entende.
Agora digamos que, numa monografia sobre ³Internet e educação: integração para o futuro´, você dedique um
parágrafo aos manuscritos antigos e, no parágrafo seguinte, pule diretamente para o computador. Seu leitor se perderá.
Além de fazerem sentido em si mesmos, os parágrafos precisam estar concatenados uns aos outros. Para tanto,
devem se posicionar de maneira lógica e formar um todo coerente.
Inimigos do bom texto
Muitos escritores só param de lapidar seus originais quando o editor os manda imprimir. Isto significa que, das
primeiras vezes em que aparece no papel, o texto não satisfaz nem mesmo os grandes nomes da literatura.
Freqüentemente, o que diferencia bons e maus textos é o número de vezes em que os mesmos são
retrabalhados.
Retrabalhar não significa reescrever tudo. Na verdade, consiste sobretudo numa releitura atenta, durante a qual
sanamos problemas, eliminamos vícios de linguagem e enxugamos o texto.
Nesse sentido, evite:

‡ Lugares-comuns, frases repisadas;


‡ Redundâncias;
‡ Gírias e grifos excessivos, como sentenças em itálico e palavras com letra maiúscula;
‡ A primeira pessoa do singular. Por exemplo: em vez de ³eu fiz a pesquisa com base em...´, prefira ³a
pesquisa foi baseada em...´;
‡ Adjetivos e advérbios em excesso;
‡ Artigos que podem ser dispensados.
Entre os inimigos do texto fluido e agradável, destacaremos quatro especialmente perniciosos: períodos
longos, repetição de palavras, hermetismo e verbalismo.

Períodos longos
Períodos muito longos, com várias orações, só atrapalham: você se arrisca a perder o fio da meada e, mesmo
que isso não aconteça, dá um trabalho desnecessário ao leitor. Sem falar que amplia o risco de cometer erros de
concordância, regência, pontuação etc.
Por fim, tende a empregar excessivamente a palavra ³que´. Note a diferença:

1o) ³É necessário que se entenda a pesquisa científica que foi realizada, de modo que se possa entender que
objetivos estamos querendo que sejam alcançados´.
2o ) ³É necessário que se entenda a pesquisa científica realizada. Desse modo, poderão ser entendidos os
objetivos que queremos alcançar´.

As duas construções dizem a mesma coisa. Porém, a segunda foi dividida em dois períodos, o que evitou a
repetição excessiva de ³que´.

Repetição de palavras
Repetição desnecessária de vocábulos empobrece o texto e cansa o leitor.
Para evitar isso, utilize os seguintes recursos:

a) Sinônimo. Ao perceber que uma palavra está se repetindo em seu texto, recorra ao dicionário e encontre um
equivalente. Se um dia foi chamado de ³pai dos burros´, o dicionário é visto atualmente como o melhor amigo de quem
quer escrever bem.

b) Zeugma. Algumas palavras podem ser omitidas da frase, de modo a não se repetirem. A este recurso
chamamos de zeugma. Por exemplo: ³Ele prefere sair; eu, ficar em casa´ ?omissão de ³prefiro´, que fica subentendido.

c) Pronome: ³Esta é minha idéia; aquela, a sua´ ?o pronome ³sua´ refere-se à ³sua idéia´, evitando-se a
repetição da palavra ³idéia´.

d) Perífrase: ³Castro Alves tinha poemas abolicionistas. O poeta dos escravos representou a fase do
Romantismo que...´ ?para que ³Castro Alves´ não fosse repetido, utilizou-se a expressão pela qual ele é conhecido.

Hermetismo
Quanto mais estuda, mais você se especializa. Habitua-se a usar um número crescente de termos técnicos e
conceitos específicos de sua área de estudos. Mas isso não pode levar você a se expressar de maneira obscura,
incompreensível, hermética.
Na verdade, o ideal é conciliar profundidade de pesquisa com clareza de expressão. Assim, você transmite
suas descobertas ao maior número possível de leitores.
E, cá entre nós, o hermetismo já passou por traço fino, mas atualmente é visto como disfarce para quem não
tem muito o que dizer.

Verbalismo
Durante a pesquisa, lemos muitos autores diferentes. Se fizemos uma triagem cuidadosa, certamente nos
debruçamos sobre textos densos e pertinentes. Mas isto não quer dizer que todos sejam bem escritos.
Nesse sentido, há casos até mesmo dramáticos, como o de Kant, um gênio da filosofia que, entretanto, chegava
a assumir publicamente sua dificuldade de escrever.
Histórias assim nos dão um certo alívio. Não precisamos ser exímios escritores para elaborar monografia ou
fazer carreira acadêmica. Mas devemos fazer o possível para tornar legível nosso texto.
Para tanto, precisamos evitar o pernicioso verbalismo, ou seja, o uso de palavras excessivamente livrescas,
vazias e pretensiosas.
Em monografia, a elegância da escrita costuma resultar da simplicidade ± evidentemente combinada à
consistência.

8- Dissertar e argumentar

A monografia possibilita que você transmita a outras pessoas, de maneira metódica, o que descobriu e
concluiu sobre um tema específico. Para atingir tal objetivo, você disserta e argumenta.
Expliquemos, com o máximo de clareza possível, o que significam essas duas atividades complementares.

Dissertar
Digamos que você escolha o tema ³Cultura e globalização´ e resolva dedicar sua monografia ao relato da
seguinte experiência:

Um grupo de professores vem desenvolvendo um esforço de familiarização das crianças de sua cidade com as
tradições locais. Para tanto, promove visitas a grupos folclóricos e organiza pesquisas junto aos habitantes mais antigos
sobre lendas, crenças, cantos e costumes. Também estimula a leitura de textos sobre o assunto e realiza debates nas
escolas. Assim, tem conseguido despertar os estudantes para a importância de se valorizar o patrimônio cultural do
município.

Ao descrever essa experiência, você possibilita que outras pessoas a conheçam e, eventualmente, desenvolvam
projetos semelhantes. Ao inseri-la nas tradições cultivadas no restante do estado, no Brasil e no mundo, você chama a
atenção para a riqueza do folclore e para a importância da variedade cultural no fortalecimento das comunidades
humanas.
Mas atenção: seu trabalho não se confunde com reportagem. Um jornalista pode fazer uma matéria usando o
mesmo enfoque, porém, pelas próprias características dos meios de comunicação, não tem condições de aprofundar a
abordagem. Quanto a você, deve empreender um exame minucioso e bem fundamentado.
O público da mídia e o da monografia são diferentes. Espectadores de tevê, leitores de jornal e ouvintes de
rádio absorvem notícias na correria cotidiana, portanto querem ser informados da maneira mais simples e rápida
possível. Enquanto isso, quem se debruça sobre uma monografia busca profundidade.
Ciente disso, você narra a experiência em toda a sua riqueza, enfocando implicações, causas e conseqüências.
Desenvolve raciocínios a partir de um número razoável de depoimentos e de uma bibliografia consistente. Atinge o
nível requerido em trabalhos científicos.
Você não tenta convencer o leitor de nada. É como se o relato da experiência bastasse. Para atestar a
importância das manifestações culturais, você simplesmente narra o maravilhamento das crianças, a alegria dos
participantes dos folguedos, as oportunidades de congraçamento criadas pelas danças e eventos semelhantes.
Então dizemos que sua monografia é basicamente dissertativa. Expõe, explica e interpreta, mas sem intenção
de persuadir.
Mesmo assim, você acaba argumentando. Na introdução, ao longo do desenvolvimento ou na conclusão,
inevitavelmente você defende certos pontos de vista e assume determinados posicionamentos.
Por isso, ao nos referirmos a qualquer monografia, podemos falar em predomínio do discurso dissertativo ou
do discurso argumentativo, mas jamais em exclusividade de um dos dois.

Argumentar
Digamos que você resolva dedicar sua monografia a ³Cultura e globalização´, mas não para narrar uma
experiência, e sim com o objetivo de discutir os efeitos da onda de globalização sobre a formação dos jovens, que
recebem continuamente uma grande quantidade de dados da cultura estrangeira, por meio de internet, música, cinema e
outros mecanismos.
Percebe como o mesmo tema comporta abordagens distintas? Neste último caso, você parte de um fato,
levanta hipóteses e chega a conclusões. Para obter êxito, prioriza o discurso argumentativo.
Argumentar é uma atividade bem mais complexa que dissertar. Notamos a diferença em nosso próprio
cotidiano: temos muito menos trabalho para relatar um acontecimento do que para convencer alguém de alguma coisa.
Façamos de conta que você comece sua monografia apresentando estatísticas e reflexões comprobatórias de
que, nos últimos anos, aumentou significativamente a chegada de dados de culturas estrangeiras.
Você reproduz diferentes opiniões dos especialistas acerca dos possíveis efeitos do fenômeno. Para não nos
estendermos demais na discussão, digamos que todos esses pareceres possibilitam a elaboração esquemática de duas
hipóteses:

1. nossa cultura definhará;


2. o contato com a cultura alheia ampliará a compreensão de nossa própria cultura, que sairá valorizada do
processo.

Hipóteses são respostas provisórias, portanto têm de ser testadas. Para tanto, você focaliza os argumentos que
sustentam as duas acima, demonstrando o que eles têm de coerente ou de falho.
Aos poucos, você expõe seu próprio pensamento, levanta sua hipótese ± que não precisa necessariamente ser
uma das duas já aventadas.
Sua hipótese precisa ser defendida. Para tanto, em vez de se limitar a indícios e suposições, você recorre a
fatos, exemplos, comparações, estatísticas, testemunhos e o que mais possa justificar seu ponto de vista. Organiza essas
informações em ordem crescente de importância. Alinha seus argumentos dos mais frágeis aos mais consistentes.
Percebe como, numa monografia com essas características, você usa argumentos do início ao fim?
Inicialmente, para apoiar ou refutar hipóteses dos autores consultados. Em seguida, para demonstrar a pertinência de seu
próprio pensamento.
Acrescentemos apenas que mesmo uma monografia assim inclui passagens dissertativas. A apresentação da
questão, a descrição das hipóteses e o relato de eventos são alguns dos muitos exemplos que podemos dar nesse sentido.
Para que sua argumentação seja bem-sucedida, apresentamos a seguir algumas dicas valiosas.

Contestação
Antes de contestar uma opinião, exponha-a. Apresente-a de maneira imparcial e completa, de modo a oferecer
uma visão nítida do pensamento de quem a formulou. O leitor tem direito de saber o suficiente para formular um ponto
de vista próprio.
Ao iniciar a contestação, seja gentil. Para tanto, abra a frase com partículas de ligação que introduzam a idéia
oposta e evite generalizações. Exemplos: ³Mas, considerando certos aspectos...´; ³Contudo, a maior parte dos
estudiosos afirma...´.

Concordância parcial
Deixe clara sua posição, mesmo que ela difira de pontos de vista alheios. Mas não se esforce em negar
totalmente opiniões contrárias ao seu pensamento. Sempre que for o caso, aponte que aspectos opostos ao seu discurso
merecem ser considerados.
Faça isto por meio de frases como: ³É verdade que em determinados casos...´; ³É possível que isso também
aconteça...´; ³Em parte, talvez o autor esteja com a razão...´.

Formulação de hipóteses
Nós, seres humanos, somos naturalmente curiosos. Tentamos conhecer tudo. Queremos saber por que e como
as coisas acontecem.
Diante de algo desconhecido, que nos intriga, levantamos afirmações provisórias para explicar o que ainda não
conhecemos: são as hipóteses.
Chegamos às hipóteses por diferentes caminhos, do bom senso à experiência, passando pela intuição e mesmo
a fantasia.
Seja como for, as hipóteses precisam ter fundamento e lógica. Afinal, norteiam a pesquisa e a escrita. Até o
último momento, nós as testamos, a fim de verificar se são válidas ou não.
Seguem algumas dicas para você formular bem as hipóteses:

a) Pense em situações possíveis de acontecer.


b) Cuidado para não se contradizer em relação às teorias.
c) Evite adjetivações exageradas.
d) Busque objetividade, clareza e precisão.
e) Em vez de generalizar, caracterize.
f) Não esqueça que a hipótese deve ter relação direta com o problema.
g) Separe suas próprias hipóteses das de terceiros. Sobretudo, jamais atribua a si mesmo o que outros
desenvolveram. A desonestidade intelectual é delito grave.

Autoridade
Reforce a credibilidade de seus argumentos fundamentando-os em trabalhos de especialistas e autores
qualificados.
Os depoimentos também devem ser escolhidos segundo a autenticidade e a legitimidade de quem os profere.
Falácias
Durante a pesquisa, buscamos dados para sustentar nossa monografia do início ao fim. Mas, durante a redação,
eventualmente descobrimos que nos faltam informações igualmente importantes. Voltamos às fontes e as completamos.
Porém, pode acontecer de não termos tempo ou condições de realizar esta última busca. Neste caso,
assumimos a lacuna para o leitor, que tem direito de conhecer o nível de consistência das diferentes partes do texto.
Durante defesa de monografia (graduação), dissertação (mestrado) ou mesmo tese (doutorado), os professores
da Banca Examinadora costumam comentar as fraquezas de conteúdo ou raciocínio que detectaram. E nem por isso
reprovam o estudante.
Agora, ficam decepcionados ou enfurecidos caso percebam erro primário, ardil ou fraude.
Portanto, evite:

a) Deixar-se arrebatar, abandonando o foco da monografia para se apegar a questões marginais;


b) Cair em círculos viciosos. Por exemplo: ³Esse jogador joga mal, porque não tem um bom desempenho em
campo´;
c) Dar voltas em torno do mesmo ponto, refazendo a declaração com palavras diferentes, mas que nada
acrescentam;
d) Apresentar como evidente algo que desconhece;
e) Tomar casos particulares como regra geral;
f) Apontar como causa algo que não levou à conseqüência.

Conclusão
Sua monografia inclui uma conclusão, na qual você faz um balanço completo do caminho percorrido. Mas, nas
diferentes partes do texto, feche suas descrições e raciocínios com expressões e frases arrematadoras.
Após discorrer sobre diferentes pareceres emitidos acerca de um determinado aspecto, por exemplo, você não
precisa necessariamente sintetizá-los, mas deve chegar a alguma conclusão a respeito.
Para tanto, inicie a frase seguinte com palavras de ligação como: logo, portanto, conseqüentemente etc.
Essa espécie de fecho circunstancial ajuda a lançar o leitor para frente, no sentido de novos horizontes de
reflexão.

9- Introdução

Na faculdade, vivemos esticando o olhar até o mercado de trabalho, na tentativa de antever o espaço que um
dia ocuparemos. Nas conversas de corredor e de cantina, falamos bastante a respeito do que faremos, depois de
formados, para pagar as contas. Mesmo os colegas que contam com boa mesada sabem que, um dia, ela terá de ser
substituída por salário.
Digamos que toda essa especulação leve você a escolher ³Emprego e economia no século XXI´. Para
dispensar ao tema um tratamento profundo, imaginemos que você resolva ater-se apenas às pessoas de sua idade, que
chegam ao novo milênio como jovens em vias de profissionalização.
Na lista de tópicos a serem pesquisados, você inclui alguns passíveis de lhe proporcionar uma visão
abrangente. Lê acerca das mudanças, registradas ao longo do tempo, nas relações entre empregado e empregador. Busca
material sobre as características particulares do funcionamento econômico deste século.
Ao desafio que os jovens de hoje enfrentarão para iniciar uma carreira, você dedica mais tempo. Na internet,
descobre estatísticas sobre o nível de absorção dos universitários de vários países e se inteira dos perfis melhor
assimilados. Na biblioteca, encontra periódicos e livros que aprofundam as questões.
Durante a pesquisa, você, por assim dizer, convive com os autores dos textos consultados. Eles lhe comunicam
o que descobriram. Você absorve essas informações, privilegiando aquelas que mais ajudam a desenvolver uma análise
perspicaz.
Aos poucos, você passa a falar com segurança sobre o tema e o aspecto que resolveu enfocar. Suas próprias
descobertas e conclusões parecem abrir caminho em seu cérebro. Ao consultar novamente seus fichamentos ou
arquivos, você se surpreende com a clareza com que interpreta os dados coletados.
Até o momento em que você vislumbra o roteiro de sua exposição: onde começar, melhor encaminhamento e
modo de concluir. Que alegria! Você percebe que valeu a pena ter investido tanto tempo em pesquisa.
Pois bem: todo esse percurso mental deve ser sintetizado na introdução, com a qual você delineia o tema,
explica como se deu a pesquisa, comenta achados e oferece uma idéia das páginas que seguem.

Quando e como escrever


Muita gente se pergunta se deve redigir logo a introdução ou deixá-la para o fim, quando terá uma visão mais
clara do trabalho como um todo.
A nosso ver, ela deve ser produzida em primeiro lugar, para organizar o pensamento sobre as diferentes partes
da monografia.
Para escrevê-la, mantenha o sumário ao alcance da vista e use-o como base para alinhavar suas idéias.
Com a introdução, você inicia o desenvolvimento sabendo por onde encaminhar a exposição± o que reduz as
chances de extravio.
É claro que, até o último momento, você faz descobertas e ajusta seu foco. Portanto, volta freqüentemente à
introdução, para retocá-la ou mesmo refazê-la.
Mas não se alarme com tais mudanças, pois elas são essenciais ao aperfeiçoamento de seu trabalho. É
justamente nesse vaivém que você refina a abordagem, depura o conteúdo e aprimora a forma.
Ao concluir a primeira versão global da monografia, retrabalhe a fundo a introdução: refaça frases, corrija
deslizes, insira mais conteúdo e aprofunde reflexões.
Assim, seu leitor trava contato com um texto denso, ordenado e bem escrito, a indicar a qualidade da
monografia como um todo. Então se sente estimulado a seguir em frente.

O que escrever
Introdução é uma apresentação, uma visão panorâmica do que o leitor encontrará. Portanto, tem de ser leve e
sucinta.
Caso sua introdução se prolongue muito, pergunte-se se não é o caso de utilizá-la como rascunho do
desenvolvimento.
Ainda que breve, resumida e condensada, a introdução deve conter certos elementos que, mesmo tratados
rapidamente, são essenciais para que o leitor saiba o que o espera.
Nós os organizamos em torno de tema, pesquisa e abordagem.

Tema
‡ Defina e delimite.
‡ Situe no espaço e no tempo.
‡ Demonstre a importância.
‡ Diga por que o escolheu.
‡ Comente o que já escreveram a respeito.
‡ Informe sob que ponto de vista o focalizará.
‡ Explique a demarcação adotada.

Pesquisa
‡ Revele a diferença de sua pesquisa em relação às realizadas anteriormente.
‡ Se achar conveniente, avente possíveis críticas que poderão ser feitas à sua abordagem, desculpando-se
ou defendendo-se antecipadamente.
‡ Elucide os motivos de determinadas decisões no tocante à escolha do material consultado.
‡ No caso de pesquisa de campo, relate como foi feita a coleta de dados e sua interpretação.

Abordagem
‡ Sintetize o conteúdo da monografia.
‡ Exponha sua linha de raciocínio.
‡ Resuma a ordenação impressa ao desenvolvimento.
‡ Aponte idéias mestras e pontos principais da exposição.
‡ Explique procedimentos adotados em sua argumentação.
‡ Antecipe a conclusão.

Convite
Como vê, a introdução deve ser esclarecedora e convidativa.
Não pode se reduzir a mero resumo da monografia, pois precisa ajudar o leitor a entender o tema e oferecer
uma visão global da abordagem.
No que tange à redação em si, a introdução é uma mostra do que o leitor encontrará pela frente. Por isso,
necessita ser clara, objetiva e agradável.
A primeira impressão não é necessariamente a que fica, mas determina bastante da relação do leitor com sua
monografia como um todo. Portanto, capriche.

10- Desenvolvimento

O desenvolvimento é a parte principal da monografia. De tal forma que é chamado de corpo do trabalho.
No desenvolvimento, você demonstra que dá conta de seu tema: expõe os resultados da pesquisa, aprofunda
conceitos, defende idéias, chega a conclusões.
Por sua densidade e extensão, o desenvolvimento precisa ser dividido. Assim, você conduz com mais
facilidade o leitor.

Dividir para guiar


Ao preparar um currículo para se candidatar a estágio ou emprego, você agrupa as informações em blocos:
dados pessoais, formação, experiência profissional e assim por diante.
Dessa forma, a pessoa encarregada da seleção passa os olhos e já tem uma visão global a seu respeito. E, se
precisar rever certas informações, vai diretamente aonde as mesmas se encontram.
No desenvolvimento da monografia, a divisão é ainda mais necessária. Afinal, por mais simples que seja sua
linguagem, trata-se de um texto bem mais complexo que um currículo.
O leitor precisa ser conduzido por você, do contrário perde-se. Impulsione-o no sentido da profundidade, mas
transmita os dados gradualmente, repartindo-os por capítulos, que, por sua vez, podem ser subdivididos.
Essa divisão já consta do sumário, mas agora, no momento de ater-se especificamente ao desenvolvimento,
você pode aprimorá-la.
Ao fazer isto, leve em conta a necessidade de hierarquizar o conteúdo, ou seja, de diferenciar idéias principais
e secundárias.
Para que isso fique claro, pense no próprio menu do programa Word, que usamos para escrever nossos textos:
ele se reparte em tópicos, sobre os quais clicamos para chegar às suas divisões internas.

A necessidade de critérios
A divisão do desenvolvimento organiza o raciocínio e imprime fluência ao texto. Mas apenas se é feita com
critério.
Numa abordagem histórica de ³As mulheres no Brasil do terceiro milênio´, por exemplo, não convém que
você fale primeiro da situação da mulher no século XIX, passe aos dias atuais e, finalmente, volte à Antigüidade
Clássica.
Esse ziguezague temporal pode confundir o leitor. Portanto, é aconselhável respeitar a cronologia. Outro
aspecto importante é o espaço.
Imaginemos que você trate das mulheres em geral, mas se atenha sobretudo às suas conterrâneas. Certamente a
abordagem mais simples tem início no mundo, enfoca nosso país e finalmente sua cidade.
Para dividir o desenvolvimento, coloque-se no lugar do leitor e tente imaginar a maneira mais fácil e fluida de
ele tomar conhecimento daquilo que você está apresentando.
Leve em conta a necessidade de as diferentes partes do desenvolvimento estarem concatenadas entre si e
perfazerem um movimento lógico ± sempre no sentido da profundidade.

Reorganização do conteúdo por capítulos


Ao final da pesquisa, você dispõe de uma grande massa de dados. Se é uma pessoa organizada, os separou por
autor, obra ou assunto.
Caso as informações coletadas estejam digitadas, você pode separá-las de acordo com a estrutura de seu
desenvolvimento.
Pense nos capítulos e subcapítulos como recipientes a serem preenchidos. Abra um arquivo para cada um
deles e o ocupe com os dados que lhe dizem respeito.
Essa reorganização do conteúdo ajuda a refinar a divisão do desenvolvimento e facilita o manuseio dos dados.

Seleção de trechos
Recapitulemos: você escolheu e delimitou seu tema, esboçou um plano de pesquisa, recorreu às fontes, coletou
dados, concebeu um sumário, colocou um título provisório em sua monografia, redigiu a primeira versão da introdução
e aprimorou a divisão em capítulos de seu desenvolvimento.
Agora, precisa criar um texto que conjugue pontos de vista dos autores consultados à sua própria visão. Um
escrito que contenha excertos e referências, conectadas por formulações suas. Assim, você utiliza o pensamento alheio
para fundamentar sua abordagem e fecundar seus próprios raciocínios.
Para obter êxito na empreitada, comece relendo o material reservado a cada capítulo, de modo a escolher os
trechos realmente essenciais. Esta seleção deve ser feita com muita consciência, pois indicará seu conhecimento do tema
e sua argúcia como leitor/a.

Leve em conta as seguintes sugestões:

‡Privilegie passagens densas, concisas e bem formuladas.


‡Procure dispor de fragmentos do maior número possível de autores e obras.
‡Se uma determinada obra lhe parece especialmente importante, mencione o fato, mas evite que a mesma se
sobreponha às demais.
‡Mesmo que sua escolha se dê no conteúdo específico de cada capítulo, tenha em mente uma visão global da
monografia, de modo a não repetir idéias.
‡Diferencie os trechos com potencial para desencadear reflexões daqueles a serem utilizados em meio a
raciocínios seus.

Escrita
Imaginemos que você olhe para o título de sua monografia e a vislumbre inteiramente. O sumário traz tópicos
pertinentes, ordenados com lógica. A introdução oferece uma idéia global do trabalho, com início, meio e fim. A divisão
em capítulos do desenvolvimento é minuciosa. Os trechos selecionados de cada autor têm qualidade.
Você já fez bastante no que diz respeito ao tratamento do material pesquisado. Cada uma das medidas tomadas
contribuiu para ajustar o foco da abordagem, que se desenrolará sobretudo agora, no desenvolvimento.
Em princípio, você mostrará ao leitor aquilo que há de mais importante e atualizado sobre o tema. Reproduzirá
o pensamento dos autores consultados de duas maneiras: sintetizado no interior de seu próprio texto e na forma de
citações.
Em ambos os casos, os pontos de vista aproveitados perfarão uma linha cujas conexões você criará com suas
palavras. Estas constituirão uma espécie de argamassa a unir diferentes visões num escrito único. Para cumprir tal
missão, têm de combinar eficácia, finura e sobriedade.
Portanto, sugerimos o seguinte:

‡Demonstre respeito por todos os autores, sem resvalar para o elogio descabido.
‡Lance luzes sobre os pontos de vista: contextualize-os, compare-os entre si, aponte concordâncias e
entrechoques.
‡Exponha seus próprios raciocínios, posicionando-se de forma clara e direta. Os autores podem ser famosos e
conceituados, mas você também pesquisou o assunto e formou idéias a respeito. Sua monografia é o espaço ideal para
expressá-las.
‡Inicie o desenvolvimento com uma apresentação. Algumas linhas que sintetizem o percurso proposto ao
leitor. Escreva-as em primeiro lugar, pois elas também ajudarão a manter a exposição no rumo certo.
‡Para facilitar a redação, concentre-se num capítulo do desenvolvimento de cada vez. Bole um pequeno roteiro
para ele. Imagine onde começar, passar e terminar. Produza uma primeira versão e a deixe de molho.
‡Redija os capítulos na ordem em que aparecem no sumário. Todavia, se um deles parecer complicado, inicie
outro. Mais tarde, quando se sentir mais à vontade, retorne àquele deixado temporariamente de lado.
‡Mantenha à vista o foco principal de sua monografia. Ao longo de todo o desenvolvimento, evidencie os
limites que estabeleceu para seu tema, sua opção de abordagem e o rumo que está dando à exposição. Dessa maneira, o
leitor entende suas tomadas de decisão e não cria expectativas que você não tem como atender.

Reescrita
Depois de redigir inteiramente o desenvolvimento, releia-o e melhore o que lhe parecer necessário. Preencha
lacunas e elimine obscuridades. Desbaste os capítulos que exorbitaram dos dados que comportam.
Reveja os títulos dos capítulos, conformando-os aos conteúdos definitivos. Corrija-os também no sumário.
É possível que, durante a escrita, a estrutura do desenvolvimento tenha mudado bastante. De toda forma,
aquele plano inicial foi importantíssimo para que você chegasse até aqui.
Saboreie o orgulho de ter produzido o desenvolvimento. Celebre a vitória sobre a tarefa mais árdua da
elaboração da monografia. Ainda há trabalho a ser feito, mas o principal já veio à tona.

11- Conclusão

O ser humano cria grande expectativa em torno dos finais. Basta pensar na produção de adrenalina dos últimos
instantes de qualquer jogo ou na esperança de desfecho feliz que nutrimos em relação a filmes e romances.
Por mais que a monografia constitua um texto científico, o leitor espera que você a encerre com chave de ouro.
De tal forma que sua conclusão influenciará a lembrança que ele guardará de sua exposição como um todo.
Mas elaborar uma boa conclusão é fácil, pois você se limita a rematar o que expôs na introdução e no
desenvolvimento. Com densidade, clareza e concisão, você dá conta disso.
A conclusão deve ser breve, mas precisa se configurar:

‡ Balanço do percurso que se iniciou na introdução e atravessou o desenvolvimento;


‡ Espécie de resposta definitiva às questões levantadas;
‡ Síntese de suas próprias idéias;
‡ Indicação de possíveis desdobramentos de sua pesquisa.

Antes de redigir a conclusão, esboce um pequeno roteiro, no qual as idéias se encadeiem entre si e rumem para
uma despedida que deixe entrever novos horizontes de pesquisa.
Afinal, a busca de conhecimento se assemelha à corrida que os atletas empreendem antes das olimpíadas: o
fogo passa de mão em mão e se mantém aceso.
No mundo do conhecimento, as descobertas e idéias impulsionam novas buscas, com vistas a compreendermos
mais a realidade e, assim, podermos melhorá-la.

12- Normas técnicas


As normas técnicas são o que se pode chamar de verdadeiro mal necessário. Quase todos os estudantes e
professores as consideram muito chatas, mas admitem que, sem elas, os textos acadêmicos gerariam muita confusão.
Elas nos possibilitam separar o pensamento alheio do nosso, inserir notas, colocar em seqüência as diferentes
partes da monografia, fornecer dados sobre as fontes consultadas e muito mais ± sempre de maneira ordenada.
Entre os vários modelos de padronização, um dos mais adotados é o estabelecido pela ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), que utilizamos como base principal do que apresentamos a seguir.

Citações
Durante a pesquisa, você lê muitos textos, nos quais encontra farto material a ser aproveitado em sua
monografia.
Os fatos e idéias que constam das obras consultadas podem reforçar seus argumentos ou despertar comentários
que os contradigam.
Em ambos os casos, seu leitor precisa conhecê-los da maneira mais nítida possível e saber a quem atribuí-los.
Ao citar ou referir-se à produção de terceiros, você prova que sua monografia tem fundamento. Ao indicar
diferentes fontes, demonstra consistência.
Apenas evite transformar seu trabalho em simples colagem de informações e raciocínios alheios. Limite o
número e o tamanho das citações, tendo o cuidado de ligá-las com suas idéias ± que o leitor também precisa conhecer.
Às vezes, em lugar de reproduzir o trecho, você o resume com suas próprias palavras. Faz o que se chama de
paráfrase. Nesse caso, evidentemente não precisa usar aspas. Mas deve retratar fielmente o pensamento do autor
referido.
Caso você decida reproduzir citações, apresente-as em função do número de linhas.

Até três linhas


A citação deve vir no próprio corpo de seu texto, entre aspas, com referência da fonte.
Exemplo: Othon M. Garcia (Comunicação em prosa moderna, p. 371) defende que ³a legítima argumentação,
tal como deve ser entendida, não se confunde com o µbate-boca¶ estéril ou carregado de animosidade´.

Mais de três linhas


A citação aparece destacada do texto, com espaço simples, sem aspas e com recuo da margem esquerda.
Pule uma linha do texto para a citação e outra da citação para o parágrafo que retoma o texto.
Exemplo:

Perdidamente, pois é assim que se define a ação de quem não sabe aonde vai, nem o que faz, Márcia olhava a
fotografia daquele rapaz. Que não era o Jim Morrison, nem Pedro ou alguém que eu conhecesse. Acompanhei seu olhar.
Pela primeira vez naquela tarde, ela desviou os olhos de onde estavam para olhar meus olhos, que acompanhavam os
olhos dela, interceptados no meio do olhar. Entardecia no quarto quase escuro.[1]

Observe que, como a citação já vem destacada, não precisa ser colocada em itálico ou negrito. Ao final,
indica-se a fonte.

Outras orientações
O uso de citações envolve uma série de outros cuidados, dos quais enumeramos os principais:

1. Ao copiar um trecho, transcreva-o como o encontrou. Se descobrir alguma palavra ou expressão escrita
erroneamente, basta colocar a seu lado, entre parênteses, a palavra latina sic, que significa algo como ³escrito assim
mesmo, por incrível que pareça´.

Exemplo fictício: Jairo das Cumbucas (Jovem em apuros, p. 45) atribuiu o problema ao ³revoltado sidadão
(sic) que chegou à cidade em meio às festas juninas´.
Assim, você possibilita a seu leitor ter acesso ao texto do autor, sem se comprometer por conta do erro que o
mesmo cometeu com a palavra ³cidadão´.

2. Citação inserida em outra citação deve vir com aspas simples.


Exemplo: ³[...] é Vespúcio escrevendo a Lorenzo dei Medici que os indígenas µtomam tantas mulheres quantas
querem e o filho se junta com a mãe, e o irmão com a irmã, e o primo com a prima, e o caminhante com a que
encontra¶´.[2]

3. Indique qualquer supressão de trecho com três pontos entre colchetes ou parênteses. Assim: [...] ou (...).
Exemplo: ³Como se sabe, a vinda de D. João, [...], levou à criação de uma série de instituições que sacudiram
a vida até então modorrenta da capital da colônia´.[3]
Na citação, omitiu-se uma frase do texto original.
4. Se alterar alguma coisa na citação, avise o leitor, por meio de nota ou advertência em seu próprio texto.

5. Coloque entre colchetes acréscimos ou correções que fizer na citação, para demonstrar que não fazem parte
do texto original.

6. Ao destacar trecho ou palavra da citação por sua conta, faça o leitor perceber isso escrevendo (grifo meu) ou
(grifo nosso). Recomendamos o último.

7. A referência a autor e obra pode vir em nota ou entre parênteses, logo depois da citação.
É aconselhável fazer a primeira referência em nota, onde você pode fornecer todos os dados bibliográficos da
obra.
A partir da segunda referência à mesma obra, você pode usar parênteses, que possibilitam ao leitor encontrar
tais dados imediatamente após a citação.
Como falaremos adiante sobre nota, limitemo-nos aqui às indicações entre parênteses. Estas precisam conter
necessariamente o sobrenome do autor e a página de onde a citação foi extraída, mas podem trazer o título da obra ou o
ano da edição utilizada.
Parágrafos atrás, por exemplo, reproduzimos um trecho do romance Onde andará Dulce Veiga?, de Caio
Fernando Abreu, retirado de sua primeira edição, publicada em 1990. Na nota 1, fornecemos todos os seus dados
bibliográficos. Agora, ao nos referirmos à mesma obra, podemos recorrer a parênteses.
Digamos que o novo fragmento seja extraído da página 156.
A referência pode ser feita de duas maneiras:

a) (Abreu, 1990:156);
b) (Abreu, Onde andará Dulce Veiga?, p. 156).

Como vê, o sobrenome do autor e o número da página de onde se retirou a citação aparecem nos dois modelos,
que variam ao indicarem a obra pelo ano da edição utilizada ou pelo título.
Atente também para o uso de dois-pontos, sem espaço, entre a data e o número da página.
Caso você opte pela reprodução do título da obra, separe os dados com vírgula e, para indicar que os últimos
números correspondem à página, escreva ³p.´.

Notas
Ao folhearmos um livro com muitas notas, logo pensamos que sua leitura só poderá ser feita lentamente, com
freqüentes deslocamentos dos olhos na direção do rodapé, do final do capítulo ou mesmo das últimas páginas do
volume.
Quanto ao autor, acreditamos que ele não controle todas as informações que detém. Estas excederiam as
frases, para se esparramar na forma de comentários paralelos.
É possível que isso aconteça. Mas, em si mesmas, as notas são recursos capazes de imprimir fluência ao texto.
Usadas com bom senso, facilitam a transmissão da grande quantidade de dados de todo texto científico.
Para perceber a importância das notas, imagine sua monografia sem elas: um texto corrido e consistente, mas
sem indicação das fontes. Você omitiria de seu leitor dados essenciais à compreensão de sua pesquisa.
As notas contribuem para manter a coesão do texto. Às vezes, por exemplo, elegemos alguns autores aos quais
nos referir, mas, em algum momento, percebemos a importância de listá-los integralmente para o leitor. Se fazemos isto
no corpo do texto, criamos um atalho que desvirtua a linha de pensamento e reduz o ritmo da leitura. Ao abrirmos uma
nota, colocamos o dado à disposição, mas nem por isso impomos sua leitura.
As notas servem também para:

a) Reproduzir, no original, citações que aparecem traduzidas no corpo do texto;


b) Indicar outras fontes bibliográficas. Exemplo: ³Ver também Ribeiro...´;
c) Fazer remissão a outras obras. Exemplo: ³Cf. Vieira...´ (confrontar ou conferir tal autor);
d) Ampliar informações;
e) Trazer à tona possíveis oposições à sua idéia.

Com as notas, você amplia o número de conexões entre sua monografia e outros textos, enriquece a
abordagem e exerce mais amplamente o senso crítico.
Mas limite suas notas às realmente necessárias. Sobre cada uma delas, pergunte-se se não é o caso de cortar ou
de integrar seu conteúdo ao texto. Se a resposta for duplamente negativa, mantenha-a.
Ao redigir nota, busque a síntese. Só se satisfaça com a extensão depois de ter feito tudo para reduzi-la.
Insira as notas ao pé da página ou no fim do trabalho, sabendo que a primeira opção facilita a leitura.
Atenção agora para alguns procedimentos em relação a uso de notas:

‡ No Word, o caminho para pôr notas é: Inserir ± Notas... ± ok.


‡ A numeração deve ser feita em algarismo arábico (1, 2, 3,...).
‡ O espaço entre linhas é o simples.
‡ Se houver muitas referências à mesma obra, recorra à abreviação. Exemplo: Ibidem, p. 54 (³Ibidem´ quer
dizer no mesmo lugar).
‡ Se a(s) outra(s) referência(s) da mesma obra não são imediatamente anteriores, abrevie dessa forma: Abreu,
op. cit., p. 62.
‡ Referência indireta. Se o trecho citado está na obra de determinado autor, mas não é de sua autoria, indique
com uma dessas formas: ³apud´, ³em´, ³citado por´, ³referido por´ etc.

Apresentação da monografia
Sempre esperamos que os textos que nos cabe ler tenham boa apresentação. Em livro, por exemplo, gostamos
de capa bonita, diagramação cuidadosa, letra agradável. Esperamos também poder nos situar facilmente em relação às
partes que o constituem.
Nas monografias que analisamos durante a pesquisa para elaborar a nossa, também esperamos contar com
esses cuidados. Mesmo em relação a apostilas, somos exigentes. Por que não satisfazer nosso leitor no tocante a esse
aspecto?
Para tanto, basta incorporar as recomendações que apresentamos a seguir.

Ordem das partes da monografia


Em capítulos anteriores deste livro, demonstramos a pertinência de dividir a monografia em partes organizadas
em seqüência, com início, meio e fim.
O mesmo princípio é respeitado na ordenação das páginas, que se acrescem de folhas dedicadas a funções
específicas.
A ordem é a seguinte:

Capa
Folha de rosto
Folha de exame (se a monografia for avaliada por banca examinadora)
Sumário (não listar os elementos que o antecedem, como: capa, folha de rosto e folha de exame)
Lista de quadros, tabelas ou abreviaturas (se houver)
Introdução
Desenvolvimento (que não vem com esse nome, mas com os títulos de seus diferentes capítulos e
subcapítulos)
Conclusão
Referências bibliográficas
Anexos e apêndices (se houver)

Margens / espaços / fonte / páginas

Use folha tamanho A4, com as seguintes margens:


‡ superior: 2,5 centímetros
‡ inferior: 2,5 centímetros
‡ direita: 3,0 centímetros
‡ esquerda: 3,0 centímetros

Como todos nós gostamos de texto arejado, seu leitor certamente apreciará que você use espaço 1,5 entre as
linhas.

A fonte Times New Roman, tamanho 12, na cor preta, possibilita uma leitura agradável e objetiva.

Coloque os títulos em letras maiúsculas e negrito. Os subtítulos, em minúsculas (com exceção da primeira
letra e dos nomes próprios), também em negrito.

Em páginas com títulos (introdução, capítulos do desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas),


pule cinco linhas da margem superior para o título, e uma do título para o corpo do texto.

Para que o leitor visualize com facilidade os números das páginas, insira-os no canto superior à direita da
página ou centralizados na parte inferior. A numeração só deve aparecer a partir da introdução (inclusive), mas é
contada desde a folha de rosto.

Capa / folha de rosto


Veja o modelo:
TÍTULO DA MONOGRAFIA

Por

NOME COMPLETO

INSTITUIÇÃO DE ENSINO
cidade ± mês ? ano
Figura 1 ± Modelo de capa e de folha de rosto.

Folha de exame

TÍTULO DA MONOGRAFIA

Trabalho elaborado sob a orientação do Professor..., do Departamento de..., pelo aluno..., do curso..., ....
período.

cidade ? mês ? ano


Figura 2 ± Modelo de folha de exame.

Sumário

As principais divisões, capítulos e subcapítulos da monografia devem ser listados na ordem em que aparecem,
com indicação da página na qual começam.

SUMÁRIO

Introdução..................................................................... 5
1 ± Estrutura sintática da frase ..................................... 7
1.1 ± Tipos de frases ............................................ 12
1.2 ± Exemplos comentados ................................ 20
2 ± O período ............................................................... 24
2.1 ± A organização interna ................................... 25
2.2 ± Simples e composto ................................... 28
3 ± Conclusão .............................................................. 30
4 ± Referências bibliográficas ..................................... 31

Figura 3 ± Modelo de sumário.

Referências bibliográficas
No final de tudo, é fundamental que você liste as fontes consultadas. Vale o lembrete: relacione apenas as
obras efetivamente usadas, em ordem alfabética.
Os elementos fundamentais na referência são: autor, título da obra, número da edição, local de publicação
(cidade), editora e data (ano).
E há ainda os dados complementares, que são opcionais: sobre obra traduzida, você pode fornecer o título
original e o nome do tradutor; acerca de qualquer livro, você decide se quer informar número total de páginas, volume e
nome de coleção ou série.
Vamos às normas:

Autor
1) Autoria individual: quando a obra tem só um autor, a entrada é feita pelo último sobrenome, todo em
maiúsculas, com vírgula, e o restante do nome em ordem direta.
ALENCAR, José de. O guarani. São Paulo: Martins, 1948.

2) Se tiver algum indicativo de parentesco, a entrada é feita pelo nome anterior ao mesmo.
MELO NETO, João Cabral de. Duas águas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.

3) Autoria dupla ou tripla: a ordem de entrada dos nomes é a da folha de rosto do livro, sendo cada um
tratado como no tópico acima, separando os autores pela conjunção ³e´.
BASTOS, Cleverson L. e KELLER, V. Introdução à metodologia científica. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

4) Autoria múltipla (quatro ou mais autores): a entrada se dá também pela ordem da folha de rosto da obra.
A partir de três autores, coloca-se o nome do primeiro autor, seguido da expressão ³et al.´ (que significa ³e outros´).
GUINBURG, J. et al. Semiologia do teatro. São Paulo: Perspectiva, 1978.

5) Outro tipo de autoria: o autor é entidade ou instituição. Utiliza-se o nome da entidade ou instituição, sem
inversões, todo em maiúsculas.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO. Normas para apresentação de teses
e dissertações. Rio de Janeiro: 1976.

6) Sem autoria específica ou identificada: a entrada se dá pelo título da obra, pelo nome do jornal ou da
coleção, com o primeiro verbo ou nome (e as palavras que o precederem, se houver) em maiúsculas.
UMA SÍNTESE de Paulo da Portela e Miles Davis feita pelo carpinteiro Paulinho da Viola. O Globo, Rio de
Janeiro, 12 mai. 1972.

7) Repetição de autoria: se você indica mais de uma obra do mesmo autor, basta escrever uma vez o nome
dele, que passa a ser identificado por seis hífens.
RIBEIRO, João. História do Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1935.
------. Floresta de exemplos. Rio de Janeiro: São José, 1959.

8) Organizador: se a obra tem organizador, a indicação é feita ao lado do nome, com a indicação (org.) ou,
se for mais de um, (orgs.).
ARIÈS, Philippe e BEJIN, André (orgs.). Sexualidades ocidentais. São Paulo: Brasiliense, 1987.

9) Tradutor: se a obra for estrangeira, coloca-se o nome do tradutor após o título, sem inversões.
ISER, Wolfgang. O fictício e o imaginário: perspectivas de uma antropologia literária. Trad. de Johannes
Kretschmer. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1996.

Título
1) O título vem depois do nome do autor.

2) O destaque deve ser feito somente em itálico. Com exceção do primeiro nome, as palavras devem vir em
letras minúsculas.
Atenção: as iniciais maiúsculas devem ser mantidas em nomes próprios, de lugares e outros, mesmo se
aparecerem no meio ou final do título.

3) Em títulos de periódicos, todos os nomes devem iniciar em letra maiúscula. Aqui, é obrigatória a menção
de quais páginas correspondem ao texto. Indique também ano, mês e dia de publicação.
FERNANDES, José. ³Progresso e desenvolvimento´. Revista Brasil. Belo Horizonte: Mentes, 24, 4 jan.
1999, p. 45-6.
MANACEL, Ester. ³Os caminhos da educação´. Notícias da Hora, São Paulo: 22 ago. 1998. Caderno D, p.
3.

4) Se não utilizar a obra inteira, mas apenas um texto do livro, indique o título do capítulo, artigo ou seção
entre aspas, em minúsculas, sem marcação de itálico ou negrito, depois do nome do autor. Em seguida, escreva a
expressão ³In:´, mencionando o título da obra geral, em itálico.
HENRIQUES, Claudio Cezar. ³A estrutura dos advérbios: uma visão sincrônica´. In: Língua portuguesa
em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis: Vozes, 2000.

5) O subtítulo aparece depois do título e de dois-pontos, igualmente em itálico.

Publicação
A cidade de publicação da obra vem depois do título, seguida de dois-pontos e nome da editora. Insere-se
uma vírgula e, finalmente, o ano. Atenção: não há necessidade de se escrever a palavra ³editora´.
Se o livro tiver sido publicado em co-edição, escreva os nomes dos lugares e das editoras, separando-os por
vírgula.
Se há desconhecimento do lugar, a indicação é feita por [s. l.], que significa: sine loco.
Se não há editora, a forma é [s. n.], que significa: sine nomine.
Ausência de data: s.d.

Outras observações
O volume é abreviado como ³v.´ (indica-se o número em algarismos romanos), o número como ³n.´ e a
página como ³p.´.
É recomendável que se inclua o número de edição a partir da segunda.

Consultas eletrônicas
CD-ROM
Nome do autor. Título. Versão, CD-ROM. Cidade: editora (se houver), ano.

Internet
Nome do autor. Online: disponível na Internet via http://endereço eletrônico. Data da consulta.

Jornal ou revista
Mesma disposição já explicada nas referências bibliográficas. No final acrescenta-se o endereço eletrônico,
como descrito anteriormente.

[1] ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

[2] FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 34 ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

[3] LOPEZ, Luiz Roberto. Cultura brasileira: de 1808 ao pré-modernismo. 2 ed. Porto Alegre: Ed. da
Universidade/UFRGS, 1995

13- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para elaborar o texto deste pequeno livro, partimos do conteúdo e da experiência que havíamos acumulado na
universidade, acrescidos de novos dados essenciais. Elaboramos um sumário baseado na estrutura mais comum de um
volume com a proposta de ensinar a elaborar monografias, no qual incluímos capítulos sobre aspectos que nos parecem
igualmente importantes.
A escrita se configurou uma verdadeira criação coletiva. Cada um de nós três desenvolveu a primeira versão
de alguns capítulos e reescreveu a produção dos demais. Livres para expressar exatamente o que achávamos, fomos
integralmente ouvidos uns pelos outros.
Uma vez fechado, o original passou por várias revisões. Após a diagramação, voltou a ser lido integralmente.
Apesar desse meticuloso processo, não sabemos se eliminamos todas as falhas. Temos certeza apenas de que, dentro de
algum tempo, estaremos distanciados o suficiente para enxergar as passagens que poderiam ser melhor redigidas.
Confessamos isto sem constrangimento, cientes de que ocorre à maioria das pessoas que fazem o percurso
entre a pesquisa e a publicação. Uma desculpa muito comum é de que, em outras circunstâncias, com mais tempo,
faríamos melhor. Acontece que não existem condições ideais de trabalho. Basta pensar em seu caso.

Entre a faculdade e o mercado


Ao final do curso superior, você quer conseguir um emprego, precisa ganhar dinheiro, quem sabe alugar um
espaço exclusivo para morar. Está com a cabeça cheia de perguntas. No entanto, tem de fechar o processo iniciado
alguns anos antes, no começo da faculdade, elaborando uma monografia.
Se a monografia é tão importante, por que não ser praticada desde os primeiros períodos? A pergunta vem
mobilizando muitos professores de graduação, que logo cedo passam trabalhos monográficos. Assim, os alunos têm
bastante tempo para exercitar a capacidade de recolher informações e transformá-las em texto legível. Ampliam as
chances de desenvolver essa habilidade preponderante na maioria das carreiras.
Mesmo que só tenha contato com a monografia nos últimos semestres de curso, tente vê-la como remate da
preparação para a vida que se inicia depois da faculdade. Com esse objetivo em mente, você enfrenta com muito mais
disposição os desafios e percalços inerentes ao trabalho.

Preciosos leitores
Uma das formas de facilitar a elaboração da monografia é partilhá-la com as pessoas que torcem por você.
Submeta seu texto à leitura dos próximos. Quanto mais gente opina, mais você esmera. O orientador é o mais
capacitado a emitir pareceres, entretanto parentes, amigos e demais interessados podem indicar mudanças necessárias.
Imagine a alegria de acompanharem a evolução de seu trabalho e verem o texto ganhando consistência e
forma!

Zelo do início ao fim


Seu pequeno círculo de leitores também aponta deslizes gramaticais, possibilitando que você amplie seu
conhecimento das regras que regem nossa língua. Elas somam muitas, mas podemos dominá-las paulatinamente, até
conseguirmos escrever sem erro.
Essa exigência ganha ainda mais sentido ao final do ensino superior, quando se espera que as pessoas
dominem o idioma pátrio. Para atestar o sucesso do processo de formação como um todo, a monografia precisa ser
zelada também no que concerne à gramática.
O Word nos auxilia nesse sentido: nem sempre acerta, mas sublinha todas as palavras suspeitas. Podemos
também instalar dicionários eletrônicos, para rapidamente tirarmos dúvidas e ampliarmos o vocabulário. Use todos os
recursos que ajudem a demonstrar que você se preparou para assumir o que muitos chamam de postura profissional.

Leitura de despedida
Raramente um plano de trabalho é executado conforme previsto. Por mais organizados que sejamos, o
cronograma acaba escapando ao nosso controle. Mesmo reservando uma margem de tempo para eventuais imprevistos,
quase sempre precisamos correr até o último momento. Mas não podemos deixar de fazer uma última leitura completa
da monografia.
O ideal é lê-la impressa. Assim, você tem uma visão mais objetiva do todo: dos títulos às notas de rodapé.
Eventualmente descobre furos terríveis, que repara sem pestanejar. O mais provável é fazer ajustes e emendas que, por
mínimos que sejam, contribuem para transmitir seriedade e desvelo.
Mas nossa insistência para que faça essa última leitura se fundamenta sobretudo na certeza de que, se você
pesquisou a fundo e redigiu com afinco, atingiu um resultado digno de celebração.
Referências bibliográficas

CERVO, Amado Luiz e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes
universitários. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre: McGraw-Hill, 1975.
DUARTE, Sérgio Nogueira. Língua viva. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1998.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. Trad. Gilson Cesar Cardoso de Souza. 14 ed. São Paulo: Perspectiva,
1998.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 17 ed. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. 5 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
HÜHNE, Leda Miranda (org.). Metodologia científica: caderno de textos e técnicas. Rio de Janeiro: Agir,
1987.
KURY, Adriano da Gama. Elaboração e editoração de trabalhos de nível universitário: especialmente na área
humanística. Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 1980.
LUFT, Celso Pedro. O escrito científico: sua estrutura e apresentação. 4 ed. Porto Alegre: Lima, 1974.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 21 ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
SALVADOR, Ângelo Domingos. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica: elaboração de trabalhos
científicos. 11 ed. Porto Alegre: Sulina, 1986.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 12 ed. São Paulo: Cortez e Autores
Associados, 1985. (Educação Contemporânea).
SILVA, Mário Camarinha da e BRAYNER, Sonia. Normas técnicas de editoração: teses, monografias, artigos
e papers. 2 ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 1993.
THOMPSON, Augusto. Manual de orientação para preparo de monografia: destinado, especialmente, a
bacharelandos e iniciantes. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1991.
TRALDI, Maria Cristina e DIAS, Reinaldo. Monografia passo a passo. Campinas: Alínea, 1998.
VERA, Armando Asti. Metodologia da pesquisa científica. Trad. Maria Helena Guedes Crespo e Beatriz
Marques Magalhães. Porto Alegre: Globo, 1974.

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