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Introdução
O Período Interbíblico
Foi nesse Período que se formou diversos conceitos religiosos da época de Jesus.
Vamos ver também como a cultura foi alterada, além da moeda, economia e forma de
governo.
O “Período interbíblico”
Situação Política
Império Grego
Alexandre, o grande
A helenização do oriente médio
Ptolomeus (Egito)
Selêucidas (Síria)
Império Romano
Organizado
Coeso
Táticas de guerra
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Acordos políticos
Malaquias 1:8-12
Malaquias 2:1,2
Malaquias 2:11-14
Malaquias 3:8-12
Lucas 3:1,2
“veio a palavra de Deus a João... no deserto”
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RELIGIOSIDADE
A Revolta dos Macabeus
As Sinagogas
As Seitas
Fariseus
Saduceus
Essênios
Nesse tipo de religiosidade cheia de artificialismo é que encontramos a raiz das críticas
que o próprio Senhor, tantas vezes, fez aos fariseus (veja, por exemplo, Mt 23:4).
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Os saduceus eram um partido elitista, e conseqüentemente pouco numeroso; após a
destruição de Jerusalém e do Templo, em 70 d.C., foram exterminados, enquanto os
fariseus sobreviveram e se tornaram a espinha dorsal do judaísmo até nossos dias.
Sua origem, como a dos fariseus, está entre os hasidim do período intertestamentário.
Viviam em comunidades monásticas, como aquela cujas ruínas ainda existem
próximas a Cumrã, nas imediações do Mar Morto, onde foram encontrados os famosos
Rolos.
A admissão a essa seita seguia-se a um período aproximado de três anos, em que o
noviço era posto à prova após doar todos os seus bens à comunidade.
Os Partidos Políticos
Zelotes
Herodianos
O Sinédrio (o “senado” judaico)
Os Escribas
Um ramo extremista dos zelotes era o dos chamados sicários (“assassinos”), que
costumavam levar consigo adagas escondidas.
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Os herodianos: uma pequena minoria de judeus influentes, pertencentes em geral à
aristocracia sacerdotal, que apoiavam a dinastia dos Herodes e, conseqüentemente, os
romanos que colocaram Herodes no poder.
O Sinédrio era uma espécie de “senado” judaico, sem poder executório capital (ao
julgarem Jesus, dependeram do poder romano para executá-lO), mas que tinha a
permissão romana para lidar com assuntos religiosos e algumas questões domésticas.
Composto por setenta juizes, representantes dos fariseus e dos saduceus, era presidido
pelo sumo sacerdote e reunia-se diariamente, exceto sábados e outros dias
santificados.
Chegava a comandar uma força policial (foi essa milícia que foi ao Getsêmani a fim de
prender a Jesus, veja Mt 26:47; Mc 14:43;Lc 22:52; Jo 18:3).
Os escribas
Não eram nem uma seita, nem um partido, mas na realidade um grupo de
“profissionais” treinados na interpretação da lei e das tradições rabínicas.
Expressões como
“doutor”,
“mestre da lei”
“rabi” (palavra hebraica que significa “meu grande”, com o sentido de “meu
mestre”) são sinônimos para indicar a mesma classe de pessoas.
Cada escriba tinha seus discípulos, que o seguiam por toda parte, aprendendo de
memória os preceitos e explicações, à medida que iam sendo ensinados. A fim de
obter seu treinamento teológico, os aspirantes a escriba deviam vincular-se a um rabi,
e o fazê-lo a um rabi proeminente poderia determinar a carreira futura do novo escriba
(Paulo, por exemplo, menciona como algo “digno de nota”, nas circunstâncias do seu
discurso, o fato de ter aprendido “aos pés” de Gamaliel, veja At 22:3).
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Como os escribas não eram remunerados pelo seu trabalho, geralmente aprendiam e
desenvolviam, paralelamente, alguma profissão (foi assim que Paulo, por exemplo,
alcançou experiência como fabricante de tendas; veja At 18:3).
Jesus foi chamado de “rabi”, ainda que não tenha recebido a educação teológica
formal que os escribas recebiam; seu ensino, contudo, era muitas vezes vazado numa
forma mnemônica (ou seja, fácil de memorizar), servindo-se de estruturas rítmicas,
declarações concisas e parábolas vívidas. Em contraste com os escribas, todavia, o
ensino de Jesus era cheio de autoridade, enquanto o daqueles consistia na mera
citação de outras autoridades já falecidas.
Nos dias de Jesus, a maior parte dos escribas pertencia à seita dos fariseus.
O “povo da terra”
É curioso perceber que, entre os judeus palestinos, as massas populares ficavam
geralmente desvinculadas das seitas e dos partidos políticos.
Por caracterizarem-se pela ignorância da lei e por uma certa indiferença para com ela
e para com as disposições rabínicas, eram desprezadas pelos fariseus (veja Jo 7:49).
Os
O s livros apócrifos do Velho Testamento
Como observamos acima, a ausência da palavra profética nesse tempo foi a causa da
aridez e religiosidade que passaram a caracterizar a vida do povo de Deus. Nesse
contexto foi que surgiram os chamados livros apócrifos (palavra grega que significa
“aquilo que está oculto”, e que passou, na história, a designar escritos falsos e de
procedência dúbia). Existem muitos escritos apócrifos, relacionados tanto ao Velho
como ao Novo Testamento; uma parte deles, todavia, foi aceita pela Igreja Católica
Romana, que os conhece como “deuterocanônicos” (ou “que foram considerados
canônicos posteriormente”, livros cuja autenticidade foi em algum momento discutida
pela igreja; na realidade, livros do Novo Testamento já foram conhecidos como tais,
como é o caso de Tiago, Hebreus e Apocalipse), distinguindo-os dos “protocanônicos”
(ou “canônicos desde o início”, livros cuja autenticidade sempre foi unanimemente
aceita pela igreja).
Podemos classificar os apócrifos aceitos na versão católica romana da Bíblia, pelo seu
gênero literário:
a) história: alguns desses livros possuem caráter histórico, podendo inclusive ser
consultados como fontes de referência para o período que abordam. É o caso de
1 Macabeus, que narra os acontecimentos principais da história de Judá entre 175
e 135 a.C., com uma ênfase especial na luta pela libertação do domínio sírio,
encabeçada por Matatias e seus filhos Judas, Jônatas e Simão. Escrito, talvez, entre
135 e 106 a.C., foi composto originalmente em hebraico e traduzido quase que
imediatamente para o grego. Já 2 Macabeus, escrito bem depois, tem um estilo
bastante inferior do ponto de vista histórico, além de sustentar ensinos
desconhecidos do restante do Velho Testamento, como a validade da oração pelos
mortos (veja 2 Mb 12:42-46) e a prática da intercessão dos santos já mortos em
favor dos vivos (veja 2 Mb 15:12-14);
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2 Macabeus 12: 42-46
42 Pusera-se em oração para pedir que o pecado cometido fosse completamente
cancelado.
E o nobre Judas exortou a multidão a se conservar isenta de pecado, tendo com os
propósitos olhos visto o que acontecera por causa do pecado dos que haviam
tombado.
43 Depois, tendo organizado uma coleta individual, enviou a Jerusalém cerca de duas
mil dracmas de prata, a fim de que se oferecesse um sacrifício pelo pecado:
agiu assim absolutamente bem e nobremente, com o pensamento na ressurreição.
44 De fato, se ele não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria
supérfluo e tolo rezar pelos mortos.
45 Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que
adormecem na piedade, então era santo e piedoso seu modo de pensar.
Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a
fim de que fossem absolvidos do seu pecado
b) narrativa: Tobias, ambientado no cativeiro assírio das dez tribos do norte, mas que
apresenta um ambiente místico totalmente desconhecido da época; Judite, também
ambientado nessa época, mas que revela uma clara influência do farisaísmo;
acréscimos a Ester, que vão de Ester 10:4 a 16:24 e foram incluídos por volta de
114 a.C.; acréscimos a Daniel, que foram introduzidos por Jerônimo em sua
tradução (Vulgata), tomados não do hebraico mas da edição feita por Teodócio.
Esses acréscimos estão em Daniel 3:24-90 e 13:1-14:42.
c) profecia: há apenas um livro nesta categoria, o de Baruque, que pretende ter sido
escrito após a queda de Jerusalém mas que, segundo alguns estudiosos, pode ter
surgido somente entre 75 e 80 d.C. Neste caso, sua referência à destruição de
Jerusalém por Nabucodonosor seria apenas uma referência velada à destruição
praticada pelos romanos no ano 70 de nossa era. Seu estilo procura imitar o do
profeta Jeremias, mas o faz de modo pálido.
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penetração de filosofias estranhas (principalmente o epicurismo) no ambiente
judaico.
Além disso, o consenso dos rabinos judeus sempre foi contrário à sua canonicidade,
sendo seguidos nisso por parte expressiva dos chamados “pais da Igreja” (autoridades
dos primeiros séculos) e também pela totalidade dos reformadores a partir do século
XVI.
Se alguém questiona esse posicionamento, basta uma leitura desses textos para
verificar como se distanciam da clareza e simplicidade das Escrituras canônicas.
Eles podem ser considerados como livros auxiliares, como literatura da época.