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FOLHA DE TULASI

folhas de conhecimento transcendental


Número 1

A ORIGEM, A FONTE E A FUNÇÃO DA ALMA ( segundo os Vedas)


(Kirttan Lilamoye das)

O EQUÍVOCO ORIGINAL...

As Almas Espirituais* (Jivas), confinadas agora à identificação equivocada


de serem os corpos físicos materiais, delimitados nas fronteiras do tempo e
espaço, SÃO por constituição original e natural, partes e emanações do Todo
Absoluto (ISVARA, KRISHNA, ALÁ , JEOVÁ, DEUS, TUPÃ, etc.) e do
Mundo transcendental, denominado ANTARANGA-SHAKTI- ( Energia
Superior) . Foram constituídas para viver e participar dAquele plano superior
de existência e não deste mundo cósmico material. Tampouco do
Brahmajyotir, de onde se desenvolveram.
O confinamento na energia material se dá pelo mau uso do livre arbítrio como
se explica a seguir.
A Energia Superior (ANTARANGA SHAKTI) é a causa original de tudo o
que existe, ou seja, da Vida e do Cosmos Material.
O Cosmos onde vivemos, constituído por Mahabhutas*: Éter, Ar, Fogo,
Água, Terra, Elementos sutís e Energias metafísicas (como Tempo e Tri-
gunas= tendências primárias= sattva, raja, tama) é uma manifestação situada
separadamente, à parte, do Plano Transcendental (a Energia Antaranga),
apesar dEle ter se originado.
Este Universo Material é então denominado, para efeitos de compreensão,
Energia Externa (BAHIRANGA-SHAKTI).

Entre estas duas "Energias": ANTARANGA-SHAKTI e BAHIRANGA-


SHAKTI, existe um nível abcissa, denominado "TATHASTHA-SHAKTI",
que significa Energia Marginal ou intermediária. É uma "Massa"Energética
manifesta em forma de uma LUZ UNIFICADA, a qual constitui-se de
INFINITESIMAIS PARTÍCULAS ATÔMICAS, que são as ALMAS em seu
mais primitivo estado de existência, chamadas então JIVA-SHAKTI
(Energia-Consciente).
Este terceiro plano de Energia Luz, é também conhecido como
Brahmajyotir (Luz Espiritual).
A Energia Superior - Antaranga, tanto quanto a Energia Intermediária
Tathasta, estão além e acima do plano astral sutil, onde vagueiam os assim
chamados " Mestres Ascencionados " dentre outras entidades.

A CONSTRUÇÃO DO FALSO EGO...

As partículas infinitesimais de Energia viva, as Almas, são compostas em seu


estado maduro por três características principais denominadas: SAT, CIT e
ANANDA -Sat-existência, eternidade (além do fator tempo), Cit-
compreensão, conhecimento e Ananda -satisfação, felicidade.
Sat-Cit-Ananda, estas três características juntas representam a consciência
em seu estado maduro e completo.
Enquanto no Brahmajyotir as Jivas (Almas) estão em estado "crú"
manifestando apenas seu aspecto SAT (equilíbrio, existência, eternidade),
porém existência sem consciência individual.
O Brahmajyotir é análogo a terra onde as sementes são plantadas para
germinar: A forma de semente é o aspecto SAT. Quando a necessidade natural
dos aspectos mais profundos, CIT e ANANDA da Jivatma (Alma), começam
a germinar, o Brahmajyotir revela-se carente dos elementos necessários à
nutrição destes dois aspectos superiores e isto quebra o equilíbrio artificial
que a Jivatma mantinha dentro da Energia Marginal (Tathasta), o
Brahmajyotir.
A quebra deste falso equilíbrio gera movimento no íntimo da Jivatma, que
agora busca seus complementos CIT e ANANDA, (compreensão de sí mesma
e satisfação). É oportuno dizer aqui que é esta, ainda mesma busca da Alma,
que movimenta todos os seres neste mundo material à procura, ainda que
inconsciente, de sua natureza original : Sat-Cit-Ananda.

* - Alma se refere ao ser real, a consciência individual


- Espírito é o antônimo de Matéria.
* Mahabhutas, referem-se a todos os elementos químicos, gasosos, metálicos e
geológicos existentes .

Por natureza a Jivatma(Alma pura)"alimenta-se" de Sat-Cit-Anandam e apesar


de identificada com o corpo material sente sempre esta necessidade profunda.
Daí, surge o ímpeto para todos os tipos de ações neste mundo, tentando obter
Sat(-eternidade-) na forma de estabilidade social, emocional e física. Cit-
(compreensão)-por meio de divagações especulativas, filosóficas, etc, e
Ananda-(prazer) através de relações sexuais, e diversões variadas, além dos
prazeres do orgulho, como erudição, beleza, poder, ascetismo,vibhutis
(poderes místicos), todos pela fama e prestígio ( prathistha) , que são , muitas
vezes , derivações da “libido” .

Entretanto, neste mundo material, tal estado pleno de existência é


inviabilizado e tal intento é frustrado pelas limitações aquí existentes: Tempo
(Morte física), espaço, pensamento, sendo que tal realidade deveria ser, por si
só, suficiente para que as Jivatmas (Almas) buscassem por sua Real e
Verdadeira existência : SAT-CIT-ANANDAM- plenas de eternidade,
conhecimento, prazer, encanto e beleza.

FUNDAMENTOS DO LIVRE-ARBÍTRIO

Consciência indica um ser individual com sua existência particular, em


outras palavras, com livre-arbítrio.
Ainda que possua um elo permanente em relação à Fonte Superior, sua Causa
de origem, que é anterior à sua situação no Brahmajyotir, a Jiva é dotada de
livre-arbítrio, liberdade, que significa: individualidade, particularidade,
preferências.

A palavra INDIVIDUALIDADE sugere significados paradoxais interagindo:


INDIVISO (que não se divide) e DUAL (certo/errado, sim/não, bom/mau,
etc). Ou seja, o indiviso, o ser, a alma, frente à dúvida, à dualidade .

Uma vez que agora, a natureza de nossa Jivatma (alma atômica) em questão,
tornou-se dinâmica, ativa, quando esta característica de movimento (ação)
manifesta a função do indivíduo diante da dualidade, a mesma deverá ser
expressa por necessidade constitucional na forma de ESCOLHA, opção.
Assim, consciência, que é o sintoma da Alma, implica em liberdade de
escolha. Isto é o livre-arbítrio.
Contudo, escolhas, nem sempre ocorrem em serem adequadas. As
Jivas(almas) que encontram-se dentro desta Energia inferior (BAHIRANGA),
o mundo material,são aquelas que, ao utilizarem pela primeira vez sua
potencialidade livre de escolha, equivocaram-se.

É descrito indiretamente nos textos Védicos que a primeira oportunidade na


qual as Jivas (Almas) têm de exercer sua faculdade de escolha, gira em torno
apenas e tão somente de 3 atitudes , explicadas pela sabedoria iluminada como
sendo 3 sentimentos: o desejo de DEDICAÇÃO, o desejo de EXPLORAÇÃO
e o terceiro que seria a neutralidade, a RENÚNCIA dos outros dois,
experiência que contudo, já era a condição da Jivatma em seu estado imaturo,
Sat.

O equívoco (MAYA) é tanto o sentimento de EXPLORAÇÃO, o humor de


tomar para sí e para sua egocêntrica satisfação quanto a expressão de
RENÚNCIA da ação e dos objetos deste mundo.
Devido à sua compreensão (CIT), quando ainda no Brahmajyotir, ser
limitada e imatura, a consciência da Jiva não comporta a percepção de que sua
liberdade e existência derivam-se da Fonte Energética, a Causa original de
tudo, o Absoluto, e de sua Energia Superior (Antaranga-Shakti). Tal limitação
lhes causa a impressão equivocada de ser o senhor, a causa, não o efeito, como
de fato o é.
Uma vez que a Jiva é um ser "creado" e não Creador será óbvio que sua
função natural (Dharma) é a de DEDICAÇÃO, entrega e nunca a de
EXPLORAÇÃO ou RENÚNCIA de sua natureza constitucional. (Pois o
ABSOLUTO não seria Absoluto se tivesse que ser explorado pelo Relativo
que dEle emanou).

A INVOLUÇÃO....

O Ego-puro, a Jiva, envolvida então por um falso conceito sobre sí mesma


(MAYA) torna-se um Ahamkara (ego falso). AHAMKARA literalmente
significa AHAM: Eu KARYA: Causa). A energia produzida por tal
impressão auto-projeta este Ahamkara de sua posição no Brahmajyotir em
direção a Energia Externa-Bahiranga- o Universo composto de elementos
materiais onde este Ahamkara (falso-Eu) é envolto com esses elementos alí
pré-existentes.
Desta maneira em um processo de Evolução Subjetiva do Sutíl para o
Denso a Jiva (a Alma) agora como um Ahamkara com sua específica
concepção (Buddhi, ou Intelecto) "contaminada" pelo referido equívoco, é
envolvida a um Corpo Mental (Manas ou Sistema psíquico) de onde, por sua
vez, desenvolvem-se os Sentidos de Percepção (Indriyas)-audição, visão,
paladar, olfato e tato-, momento que possibilita a encarnação em um corpo
físico dentre as milhões de espécies de vida e em algum dos incontáveis
Universos Materiais que constituem a Energia Inferior-Bahiranga Shakti-onde
o Ahamkara poderá agora tentar ser o "Senhor do Universo", até que obtenha,
a inspiração e os ensinamentos para acordar do pesadelo de morrer e renascer
repetidamente, que só ocorre ao se obter o conhecimento de sua identidade
original, a consciência espiritual pura, que é o sentimento e as ações de
DEDICAÇÃO ao Absoluto.

ERRAR É HUMANO...CORRIGIR O ERRO É DIVINO!

A forma Humana de vida é alcançada após a Alma ter transmigrado através de


espécies variadas, sendo que a qualidade singular da espécie humana é a
capacidade de refletir sobre o sentido de seu existir e tomar as devidas
precauções para não cair novamente no samsara - a roda dos repetidos
nascimentos e mortes, correndo o risco de tomar nascimentos inclusive em
espécies animais inferiores (regredir) caso não utilize adequadamente sua vida
humana.

Uma vez que estamos confinados na esfera material, nossa percepção da


realidade é limitada, imperfeita e sujeita a novos erros. De outro lado existem
grande almas que já trilharam o caminho libertário e estão dispostos a nos
revelar os segredos de acordo e na mesma intensidade de nossa busca por este
caminho. O primeiro passo, então, para a realização espiritual é encontrar um
Mestre Espiritual AUTÊNTICO E GENUÍNO dentre estas grandes almas,
tomar abrigo em seus ensinamentos, PRATICAR A FUNÇÃO natural da alma
sob tal orientação para capacitar-se na transcendência, conviver com pessoas
que cultivam o mesmo ideal e buscar associação daqueles que têm realizações
mais avançadas neste caminho. Do contrário, será novamente a vitória de
Maya (a ilusão).

Jaya – Shanti- Prema

Kirttan Lilamoy

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