You are on page 1of 6

UM ESTUDO DE CASO NO DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO DE UMA

EMPRESA EXPORTADORA DE CASTANHA DE CAJU NO ESTADO DO CEARÁ

AUGUSTO, Raphaela*, CASTELO, José Sarto Freire#


*#Universidade de Fortaleza
rapha_may@yahoo.com.br

RESUMO
A Administração da Produção e Operações (APOp) trata da maneira como as empresas organizam
seus recursos e habilidades, tais como conhecimentos, equipamentos e pessoas, para produzir bens
e prestar serviços. Esta pesquisa teve como objetivo verificar o funcionamento do setor de Produção
em uma empresa de grande porte, no Estado do Ceará. Sua atividade principal é o beneficiamento da
castanha de caju, que é exportada para diversos países. Foi realizado um estudo de caso nessa
empresa, baseando-se em um outro trabalho, no qual foi realizado um diagnóstico empresarial,
abordando todos os departamentos da empresa. A pesquisa exploratória iniciou-se com a coleta de
dados secundários da empresa e por meio de pesquisa bibliográfica, bem como leitura de revistas e
de trabalhos já feitos na empresa. Em um segundo momento, houve visita a campo e a aplicação de
um questionário estruturado por Pina et. al (1980), durante os meses de Setembro e Outubro de
2005. O estudo revelou que ela utiliza o Planejamento e Controle da Produção (PCP), assim como o
Controle de Qualidade (CQ) e a Manutenção, e, também, realiza o estudo de Métodos e Tempos com
a finalidade de aumentar a produtividade empresarial. Conclui-se, que a estrutura da Produção está
bem desenvolvida e que a teoria é aplicada na prática.

INTRODUÇÃO

A Administração da Produção e Operações (APOp) é uma das áreas mais complexas de uma
empresa, que visa organizar seus recursos internos para a produção de bens e prestação de
serviços.
Usualmente, associa-se ao termo “produção” a fabricação de bens físicos, e a “operações” a
prestação de serviços. Contudo, é bom lembrar que a produção de quaisquer bens envolve,
obrigatoriamente, serviços internos e externos à empresa, os quais são compostos por diversas
operações. Devido à relevância dessa área, resolveu-se estudá-la.
O objetivo geral da pesquisa foi estudar, especificamente, a área da Produção na empresa-
alvo, que é produtora e exportadora de castanhas para EUA, o qual é responsável por 80% de suas
exportações, e para outras regiões, como Europa, Oriente Médio, América do Sul, Argentina, Japão,
Canadá e México.
Sendo assim, a motivação para a escolha da empresa, fundamentou-se na importância do
setor de castanha de caju para a economia do Ceará, bem como na aplicação do questionário
elaborado por Pina et. al (1980), pois a organização estudada atende o requisito proposto pelos
autores para o diagnóstico: setor industrial, encaixando-se perfeitamente nas questões levantadas por
eles, não necessitando de adaptações para a aplicação do mesmo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Administração da Produção e Operações (APOp)
Conforme Bulgacov (1999), a APOp trata da maneira como as empresas organizam seus
recursos e habilidades, tais como conhecimentos, equipamentos e pessoas, para produzir bens e
prestar serviços.
Ainda segundo o autor, associa-se ao termo “produção” a fabricação de bens físicos, e a
“operações” a prestação de serviços. Contudo, é bom lembrar que a produção de quaisquer bens

1
envolve, obrigatoriamente, serviços internos e externos à empresa, os quais são compostos por
diversas operações.
É uma das áreas mais complexas de uma empresa, que visa organizar seus recursos internos
para a produção de bens e prestação de serviços.
Para Rocha (2002), suas unidades de apoio, ou seja, aquelas que dão o suporte necessário
para o funcionamento do departamento em estudo, são diversas, dentre elas: Planejamento e
Controle da Produção, Controle da Qualidade, Manutenção e Métodos e Processos.
Planejamento e Controle da Produção (PCP)
De acordo com Rocha (2002), é responsável pela mobilização dos recursos necessários à
fabricação de bens, estando nele centralizado todo o processo decisório de planejamento e controle
da produção. Funciona como órgão de assessoria à gerência da fábrica, exercendo influência
funcional sobre a produção. No entanto, nada impede que o PCP pertença à linha na estrutura
organizacional. Neste caso, exerce um comando direto sobre os setores produtivos, deixando assim
de funcionar como assessoria.
Controle da Qualidade (CQ)
Dentre os órgãos auxiliares, o Controle de Qualidade é um dos mais importantes. Sua função é
impedir a fabricação de produtos defeituosos, por meio da ajuda constante às linhas de produção. Em
caso de falhas, não deve permitir que estas cheguem ao consumidor (ROCHA; 2002).
O trabalho do CQ tem início no recebimento da matéria-prima, e apóia-se no argumento de que
material de qualidade inferior também origina produto de baixa qualidade, ou seja, é nessa premissa
que se estabelece o cuidado na recepção do material que entra na empresa, selecionando-o de forma
a assegurar a qualidade do bem que vai originar.
Um controle eficaz previne a ocorrência de defeitos, justificando atenção antes, durante e após
o processo. Ao final, a qualidade deve estar garantida, assegurando a saída de produtos nas
especificações corretas. Assim, a empresa sobrevive em seu mercado, garantindo a continuidade de
suas atividades.
Manutenção
Para Bulgacov (1999), a manutenção de um sistema de produção e de operações representa
as atividades para conservar equipamentos, máquinas, edifícios e instalações em condições de
apoiar as metas da organização.
O objetivo principal dela é o uso eficiente das instalações, equipamentos etc., considerando o
curto, o médio e longo prazos, devendo adotar a manutenção preventiva, que é a mais correta.
Os principais tipos de manutenção são:
Corretiva: consiste no reparo de uma instalação que quebrou ou passou a funcionar de maneira
inadequada;
Preventiva: tem a finalidade de prevenir a quebra ou o mau funcionamento de instalações. Em geral,
é a mais importante quando as conseqüências da falta de manutenção são graves;
Sistemática: é realizada em intervalos regulares, mesmo se não houver grandes conseqüências com
a quebra ou o mau funcionamento da instalação;
Preditiva: somente é acionada quando há indícios de necessidade. Em geral, existe um sistema de
monitoramento da instalação que indica esta necessidade;

2
Combinada: considera todos os tipos supracitados, como participantes de uma estratégia de
manutenção.

Métodos e Processos
Segundo Rocha (2002), métodos e processos, atualmente, têm seu uso restrito às
organizações pouco mecanizadas e com trabalho dependente do esforço humano, bem como
buscam na melhoria de produtividade seu objetivo maior.
Os métodos de trabalho (associados aos movimentos das pessoas ao realizar uma tarefa)
são responsáveis pelo lado qualitativo da racionalização; já o tempo gasto na realização do trabalho,
pelo quantitativo.
A simplificação é a racionalização desejada, podendo ser conseguida fazendo o operador se
movimentar o mínimo necessário ou corrigindo seu posicionamento operacional, dando-lhe conforto
na medida aceita pelo trabalho.
O estudo dos métodos de trabalho visa a eliminar algum esforço adicional, enquanto que o do
tempo permite quantificar o trabalho, como foi supracitado. A importância da medição do tempo é
significativa para as operações que se repetem com freqüência, tornando-se assim, necessária à
definição de tempo padrão.
Tempo Padrão pode ser definido como o tempo necessário à execução de uma operação,
realizada, racionalmente, por um operador treinado, que disponha de habilidade média e trabalhe
com esforço uniforme durante todas as horas de trabalho.

METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa de natureza exploratória, na qual foram utilizados dados secundários
internos e externos à empresa.
O caráter qualitativo deste estudo está presente por meio de como esses dados foram
colhidos e analisados.
Foi realizada, para um maior levantamento de dados, além de pesquisa bibliográfica, visita a
campo (observação), na qual foram entrevistados os gerentes de Produção e de Manutenção, bem
como mecânicos, os quais mostraram e explicaram as máquinas e equipamentos componentes do
setor.
E, também, houve pesquisa direta, por meio de questionário estruturado, o qual abordou à
área da Produção. Foi aplicado, durante os meses de Setembro e Outubro de 2005, para os
colaboradores supracitados.

RESULTADOS
Por meio da análise dos dados coletados, em questionário estruturado, foram obtidos os
seguintes resultados:
A empresa possui um Departamento de Produção, com a seguinte estrutura: Gerência de
Produção, Controle de Qualidade, Corte Mecânico e encarregados deste; encarregados da torragem
e do despeliculamento; bem como os da seleção das amêndoas/castanhas.
Pelo que foi observado, seu fluxo de produção é o melhor possível, não ocorrendo voltas ou
descontinuidade no processo produtivo. O layout atual funciona de maneira a atender a produção

3
estipulada de 1.200 caixas por dia, com o máximo de eficiência. Esse layout é flexível no que
concerne a futuros processos de expansão.
As áreas gravitacionais e de circulação são adequadas para todas as atividades de produção e
serviços auxiliares, havendo facilidade no abastecimento de matérias-primas e na retirada de
produtos acabados dos postos de trabalho. Também, há boas dimensões e localizações de
lavatórios, refeitórios, sanitários, escritórios, serviços médico e de manutenção, controle da qualidade
e almoxarifado.
Observou-se, também, que os corredores de circulação são de tamanho adequado e estão
sempre desobstruídos, assim como há portas e pisos com dimensionamento adequado, favorecendo
à manutenção da maquinaria e demais equipamentos, bem como às boas condições de ambiente e
segurança do trabalho.
O processo utilizado pelo Planejamento e Controle da Produção (PCP), desde a emissão da
ordem de fabricação até ao produto entregue à expedição, é constituído pelas seguintes fases de
fluxo do processo de industrialização: (1) Recepção/Pesagem; (2) Amostragem; (3) Controle de
Qualidade; (4) Secagem; (5) Armazenagem e Ensacamento; (6) Limpeza e Calibragem; (7)
Umidificação e Repouso; (8) Centrifugação e Separação de LCC; (9) Descascamento e Remoção da
Casca; (10) Seleção; (11) Classificação; (12) Controle de Qualidade; (13) Embalagem; e (14)
Estocagem e Expedição.
O trabalho do Controle da Qualidade (CQ) tem início no recebimento da matéria-prima, e apóia-
se no argumento de que material de qualidade inferior também origina produto de baixa qualidade.
Daí o cuidado na recepção do material que entra na empresa, selecionando-o de forma a assegurar a
qualidade do bem que vai originar.
Quanto à localização, o CQ, em relação ao fluxo de produção, funciona diluído entre as
diversas fases da fabricação (processamento da castanha). O controle é executado por técnicos de
grau médio, operários especializados e pelo Gerente Industrial. Estes utilizam um olhar clínico, sendo
necessária uma última inspeção antes que o produto seja pesado e embalado, pois grande parte da
produção é exportada para o mercado americano, tratando-se de um cliente muito exigente e
observador.
O CQ entrosa-se, freqüentemente, por meio de reuniões informais, comunicação escrita e
contatos diários, com o serviço de Manutenção, a fim de corrigir os defeitos da maquinaria que
estejam influindo na maquinaria dos produtos; com os supervisores de cada seção da Produção, a fim
de localizar os responsáveis por esta queda de qualidade; com o Departamento de Compras, a fim de
assegurar a qualidade dos materiais e componentes; e com a Engenharia Industrial, a fim de
pesquisar novos métodos de fabricação que redundem em melhorias no nível de qualidade dos
produtos.
Relacionada à Manutenção, sua estrutura de serviço é composta pelas gerência e oficina de
manutenção, sendo esta última composta pelos mecânicos, eletricistas, bombeiros, pedreiros,
pintores e carpinteiros.
As atribuições deste serviço são “manutenir” (manter consertadas), conservar as máquinas e
demais equipamentos mecânicos. Estas atribuições têm sido bem desempenhadas.

4
Com relação à organização, os programas de Manutenção Preventiva são feitos de acordo com
as características do equipamento para o qual é elaborada a periodicidade de parada do
equipamento, bem como sua lubrificação.
Relacionada aos Recursos Materiais, a oficina do serviço de Manutenção está equipada
adequadamente para atender a quase todas as necessidades da produção desse serviço. Já os
problemas que a manutenção não pode resolver são terceirizados, tais como, serviços em
equipamentos eletrônicos, estufas e em outras áreas, por não haver mão-de-obra qualificada e
redução dos custos empresariais.
As atribuições deste Departamento, quanto à aplicação de Métodos e Processos, são: executar
estudos visando a diminuir e eliminar as movimentações de homens e materiais; bem como executar
estudos objetivando melhorar as condições ambientes de trabalho, ou seja, há a aplicação de
métodos e processos, já que há trabalho dependente do esforço humano, especialmente, na seleção
das amêndoas da castanha, pois a empresa deseja a máxima racionalização para que haja maior
“conforto” por parte de seus funcionários, ocasionando assim, maior produtividade empresarial.
Os instrumentos utilizados nos estudos dessa racionalização do trabalho e na determinação de
tempo-padrão para cada operação são: gráficos (mão esquerda x mão direita, homem-máquina,
folhas para desenhos e croquis, folha para cronometragem, folhas para observações instantâneas,
etc.), tabelas (de micromovimentos, MTM etc.) e cronômetro.
Já os métodos utilizados na medida dos tempos de execução de cada operação são
observação, cronometragem e tabela de tempos predeterminados.

CONCLUSÃO
As organizações de grande porte dispõem de departamentos específicos voltados ao
desenvolvimento de técnicas que buscam aprimorar o produto e o método de trabalho usados,
procurando, essencialmente, baixar custo e tornar o bem mais atrativo ao consumidor. O
melhoramento estará voltado para dois segmentos importantes: o produto e os métodos de trabalho
(processo).
Conclui-se, que a teoria é aplicada na prática pela organização estudada, pois a área de
Produção atua de modo a aumentar a produtividade empresarial.
Por meio do estudo realizado, pode-se afirmar que a estrutura do Departamento da Produção,
na empresa, está bem desenvolvida, e vem utilizando suas unidades de apoio, como o PCP, o CQ, a
Manutenção de forma coerente, assim como está realizando o estudo de Métodos e Tempos
(racionalização do trabalho), unidade que visa a diminuição e eliminação das movimentações dos
homens e materiais, executar estudos objetivando melhorar as condições ambientes de trabalho e a
determinação de tempo-padrão entre outros, com a finalidade de aumentar seus ganhos em
produtividade.
A empresa deve continuar fazendo previsão sobre a possibilidade de futuras alterações e
adições estruturais, visando aumentar a produção, pois seu layout é flexível no que concerne a
futuros processos de expansão.
O estudo proporcionou uma visão ampla sobre a área de Produção, sendo assim, sugere-se
outros trabalhos que abordem essa área, também, em organizações de porte menor, devido à sua
complexidade e relevância empresariais.

5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BULGACOV, Sergio. Manual de Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, 1999

PINA, Vitor Manuel Dias de Castro; et.al. Manual para diagnóstico de Administração de Empresas. 2°
ed. São Paulo: Atlas.

ROCHA, Duílio Reis da. Fundamentos da Administração da Produção. Fortaleza: Ed. Gráfica LCR,
2002.

VIEIRA, Marcelo Milano Falcão ; ZOUAIN, Deborah Moraes. Pesquisa Qualitativa em Administração.
Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2004.

You might also like