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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE CEILÂNDIA
Epidemiologia Analítica
Janeiro de 2011

ANÁ LISE DA DISTRIBUIÇÃ O DA TUBERCULOSE NO DISTRITO FEDERAL


E COMPARADA COM OUTRAS TRÊ S UF BRASILEIRAS (RIO GRANDE DO SUL, RIO DE
JANEIRO E SÃ O PAULO) DE 2007 A 2009.
Profa. Dra. Patrícia Escalda
Ana Caroline de Freitas Honorato
Brenda da Cruz Leal
Daniela Aires Cardoso
Gabriela Matheus Messias Silva
Léia Lourenço

RESUMO
Introdução: A tuberculose, doença infectocontagiosa 2
causada pelo bacilo de Koch, é uma das doenças mais
prevalentes no mundo. Uma das regiõ es brasileiras mais acometidas é o Centro-Oeste, com destaque para as
regiõ es metropolitanas.
Objetivos: Analisar a distribuiçã o da tuberculose identificando no DF e em mais três UF com valores de IDH
pró ximos.
Metodologia: O tipo de estudo foi descritivo e a fonte de informaçã o utilizada foi o SINAN. Os dados foram
tabulados utilizando-se as ferramentas do TabWin e EpInfo/OMS. As variá veis analisadas foram epidemioló gicas
(tuberculose e presença do HIV), só cio demográ ficas (sexo, raça e faixa etá ria) e há bito de vida (alcoolismo). O
período estudado foi de 2007 a 2009. Foram comparadas as ocorrências da Tuberculose em quatro unidades
federadas (Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Sã o Paulo) que possuíam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
pró ximos a 8,0.
Resultados: Observou-se que em relaçã o a prevalência de Tuberculose nos grupos etá rios de 10 a 19 anos, de 5 a 9
anos, de 50 a 59 anos, menor de 1 ano e 60 e mais anos e em alcoó latras houve uma diminuiçã o percentual que
variou de 0,4 a 6,4% no DF. Já os dados referentes à variá vel HIV e faixas etá rias de 1 a 4 anos, de 20 a 49 anos, de
50 a 59 anos e 60 e mais anos apresentaram diminuiçã o percentual entre 0,1 e 5,4% no DF. A variá vel sexo
apresenta maior prevalência (358 casos) em homens do que em mulheres (100 casos) considerando os dados de
2009. As raças com mais indivíduos atingidos sã o a parda e a branca (44 e 36% dos casos, respectivamente).
Quando comparado segundo prevalência de tuberculose com Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Sã o Paulo (6, 6, 4
casos/100.000 habitantes, respectivamente), o DF se mostrou muito acima (14 casos/100.000 habitantes).
Conclusão: A diminuiçã o da ocorrência da Tuberculose está associada ao monitoramento dos programas de
controle da doença e maior informaçã o para a populaçã o. A comparaçã o com outras UFs mostra que os locais mais
desenvolvidos economicamente nã o estã o livres de ter altos índices de tuberculose.
Palavras-chave: tuberculose; epidemiologia; estudo descritivo.
INTRODUÇÃ O de apetite; palidez; emagrecimento acentuado;
rouquidã o; fraqueza; e prostraçã o.
A transmissã o é direta – de pessoa para
A tuberculose existe desde os tempos
pessoa -, por meio da fala, tosse, espirro. A
pré-histó ricos (3000 a.C.). Conhecida como
pessoa infectada expele a bactéria, que se
peste branca, disseminou-se na Europa no
propaga no ar, podendo ser expirada por outra
século XVIII e foi causa de grande mortalidade
pessoa. Pessoas com o sistema imunoló gico
na Revoluçã o Industrial. No início do século
baixo estã o mais propensas ao
XIX, a tuberculose ficou conhecida como
estabelecimento da doença no corpo.
“doença româ ntica”, pois a maioria dos
O tratamento é feito com antibió ticos e
literá rios româ nticos e poetas eram afetados
tem eficá cia de 100%. Porém, é um tratamento
pela doença.
demorado, em média seis meses para se
No ano de 1882, Robert Koch descobriu
chegar à cura. Muitos pacientes abandonam o
o agente causador da infecçã o. O bacilo mais
tratamento quando já se sentem melhor, e isso
tarde ficou conhecido pelo nome de seu
torna a infecçã o mais difícil de curar.
descobridor, bacilo de Koch, cujo nome
A prevençã o é feita por meio de vacina,
científico é Mycobacterium tuberculosis.
a BCG. É aplicado quando ainda somos
No final do século XIX, a doença passou
crianças, porém soropositivos ou suspeitos
a ser tratada como um “mal social”, associada a
nã o podem se vacinar.
há bitos de higiene, má qualidade de vida e má
A tuberculose é considerada uma
alimentaçã o. O tratamento de doença era por
doença socialmente determinada, pois sua
meio de isolaçã o do paciente, que quase
ocorrência está diretamente associada à forma
sempre morria. No começo do século XX,
como se organizam os processos de produçã o
avanços científicos proporcionaram a 2 e de reproduçã o social, assim como à
descoberta da medicaçã o, o que diminuiu
implementaçã o de políticas de controle da
significativamente o nú mero de mortos por
doença. Os processos de produçã o e
tuberculose.
reproduçã o estã o diretamente relacionados ao
Hoje, os maiores problemas para o
modo de viver e trabalhar do indivíduo. A
tratamento da doença sã o a AIDS, a pobreza, a
tuberculose pulmonar é a forma mais
urbanizaçã o desgovernada e a ausência de
freqü ente e generalizada da doença. (KUSANO,
controle social por parte do Estado.
2005)
A tuberculose é um doença
Consideramos importante elucidar
infectocontagiosa causada por uma bactéria
através de nosso trabalho a prevalência da
que afeta principalmente o pulmã o. Além do
tuberculose no Distrito Federal considerando
bacilo de Koch, outros três bacilos também
que é uma das doenças mais prevalentes no
podem provocar a infecçã o: Mycobacterium
mundo e pode acometer todos os ó rgã os e
bovis, africanum e microti.
sistemas do organismo.
Um dos maiores problemas para
Consequentemente tem grande
detectar a infecçã o sã o os sintomas. Enquanto
importâ ncia clínica, particularmente nos
alguns pacientes nã o sentem nenhum, outros
países em desenvolvimento, onde atinge uma
sentem, mas demoram meses, ou até anos para
parcela significativa da populaçã o com menor
procurar um especialista. A maioria se queixa
acesso ao saneamento ambiental, serviços de
de tosse seca passando para uma tosse com
saú de e com baixo nível socioeconô mico.
secreçã o, e logo apó s, tosse com presença de
Segundo o Ministério da Saú de (MS),
pus ou sangue; cansaço; febre baixa
em 2002, uma das regiõ es com maior taxa de
(geralmente à tarde); sudorese noturna; falta
incidência por 100.000 habitantes é o Centro-
Oeste. As maiores taxas estã o concentradas contraçã o da tuberculose. Nã o foi possível
nas regiõ es metropolitanas onde as condiçõ es analisar os dados de faixa etá ria no TabWin,
de transmissã o da doença sã o mais favorá veis por isso utilizamos o Epi Info no momento de
pela grande quantidade de moradias adquirir esse dado.
multifamiliares, acesso inadequado aos Foram considerados os dados do ano de
serviços de saú de, baixa adesã o ao tratamento, 2009, e utilizados ainda com funçã o
facilitando a disseminaçã o ambiental e comparativa os referentes aos anos 2007 e
finalmente a epidemia HIV/AIDS. 2008.
O objetivo primordial do trabalho é
observar a freqü ência (Prevalência) de
Tuberculose no Distrito Federal nos anos RESULTADOS E DISCUSSÃ O
2007, 2008 e 2009; buscando também
verificar o aumento e/ou a diminuiçã o de
Frequência de Tuberculose em pacientes HIV
casos acometidos nessa populaçã o durante
no DF em 2007, 2008 e 2009.
este período de três anos. Nessa mesma linha
procura-se também entender quais sã o os
2007 2008 2009
fatores de risco para a tuberculose. D.A. D.R. D.A. D.R. D.A. D.R.
13, 12, 11,
Positivo 62 48 39
3 1 0
METODOLOGIA Negativo 210 45 188
47,
163
45,
5 6
Foi realizado um estudo ecoló gico, no Em
andament 10 2,1 15 3,8 35 9,8
qual a unidade de observaçã o é o grupo 2 o
populacional do Distrito Federal. Os dados Nã o 39, 36, 33,
foram coletados do Sistema de Informaçã o de 185 145 120
realizado 6 6 6
Agravos de Notificaçã o (SINAN). Este sistema 46 39 35
de informaçã o é alimentado, principalmente, Total 100 100 100
7 6 7
pela notificaçã o e investigaçã o de casos de
doenças e agravos que constam da lista
nacional de doenças de notificaçã o Frequência de Tuberculose em pacientes HIV no
DF em 2009
compulsó ria (Portaria GM/MS Nº 2325 de 08
de dezembro de 2003). 11% Positivo
34%
Os dados do SINAN foram acessados Negativo
através do TabWin e do Epi Info. O TabWin é Em andamento
um programa que facilita a tabulaçã o e o Não realizado
46%
tratamento dos dados coletados, e o Epi Info
reú ne aplicaçõ es de banco de dados (criaçã o, 10%
entrada e processamento), aná lise estatística,
geraçã o de tabelas e grá ficos e possibilita
ainda algumas tarefas de programaçã o.
Inicialmente, combinamos vá rios dados
disponíveis através do TabWin para
estabelecer relaçõ es entre eles. Escolhemos os
dados com base em fundamentaçõ es teó ricas a
respeito do que teria maior peso para a
Frequência deTuberculose em pacientes HIV no
DF ao longo do tempo Frequência de Tuberculose por sexo no DF ao
70 longo do tempo
60 62 350
50 48 300 296
40 39 250 258 Masculino
30 225
200 Feminino
20 171
150 138
10 132
100
0
2007 2008 2009 50
Os dados apresentados nos mostram 0
2007 2008 2009
que a frequência de tuberculose (TB) em
pacientes com HIV no Distrito Federal está de
forma decrescente. No ano de 2007, 13,3% dos Observamos que o sexo masculino é o
casos foram confirmados e já no ano de 2009 mais atingido pela tuberculose no DF desde o
este valor foi de 11%. Entretanto, 10% das ano de 2007. Os dados mostram que em ambos
notificaçõ es ainda estavam em andamento e os sexos se diminuiu a frequência da doença
33% nã o tinham realizado o exame no ano de considerando os anos de 2007 a 2009,
2009. Isso deixa claro que o numero absoluto percebendo-se que essa porcentagem de
de casos é mais elevado, pois a detecçã o diminuiçã o é equivalente no sexo feminino e
precoce de TB é essencial para evitar a masculino.
disseminaçã o e obter a cura.
2 Frequência de Tuberculose em alcoó latras no
Frequência de Tuberculose por sexo no DF em DF em 2009.
2009.
2007 2008 2009
D.A D.R. D.A D.R. D.A D.R.
2007 2008 2009
Alcoolism 29 6,2 28 7,1 45 12,6
D.A. D.R. D.A. D.R. D.A. D.R.
o
Masculino 296 63, 258 65, 225 63,
Nã o 251 53,7 271 68,4 229 64,1
4 1 0
alcoolismo
Feminino 171 36, 138 34, 132 37,
Ignorado 187 40,1 97 24,5 83 23,3
6 9 0
Total 467 100 396 100 357 100
Total 35 100 39 100 35 100
8 6 7
Frequência de Tuberculose em alcoólatras no DF
em 2009
Frequência de Tuberculose por sexo no DF em
2009 23% 13%
Alcoolismo
Não alcoolismo
37%
Masculino Ignorado
Feminino 64%

63%
Frequência de Tuberculose em alcoólatras no DF
ao longo do tempo Frequência de Tuberculose por raça no DF ao
50 longo do tempo
250
45 Ignorad
40 200 o
Branca
30 29 28 150 Preta
Amarel
20 100 a
Parda
10
50 Indígen
a
0
2007 2008 2009 0
2007 2008 2009

De acordo com os valores percentuais


dos alcoó licos que contraíram a tuberculose Nos três anos estudados, pode-se
percebe-se que esse nú mero aumentou observar que a frequência de tuberculose foi
durante os anos analisados. Em 2007, 6,2% maior nos indivíduos de raça parda. O segundo
dos casos foram em pessoas alcoó latras, em maior percentual foi o referente à raça branca,
2008 esse nú mero aumentou para 7,1%, e em e o menor foi o registrado em indígenas. Na
2009 mais uma vez se elevou para 12,6%. Isso raça parda, registrou-se uma diminuiçã o de
demonstra que cada vez mais o alcoolismo casos ao longo do tempo, enquanto que nas
pode resultar no aparecimento de Tuberculose raças branca e preta houve diminuiçã o em
no indivíduo. 2008 e aumento em 2009. Nas outras
categorias, houve aumento em 2008 e reduçã o
Frequência de Tuberculose por raça no DF em 2 de casos em 2009.
2009.
Frequência de Tuberculose por faixa etá ria no
2007 2008 2009 DF em 2009.
D.A. D.R. D.A. D.R. D.A. D.R.
Ignorado 40 8,6 33 8,4 20 5,7 2008 2009
Branca 169 36,1 126 31,8 130 36,4 D.A. D.R. D.A. D.R.
Preta 53 11,3 41 10,4 43 12 < 1 ano 1 0,3 2 0,7
Amarela 6 1,3 10 2,5 5 1,4 1 – 4 anos 5 1,4 4 1,3
Parda 196 42 182 45,9 157 44 5 – 9 anos 1 0,3 3 0,9
Indígena 3 0,7 4 1,0 2 0,5 10 – 19 anos 11 3,0 15 5,0
Total 467 100 396 100 357 100 20 – 49 anos 238 67,0 188 61,6
50 – 59 anos 40 12,0 38 12,5
60 e + anos 58 16,0 55 18
Frequência de Tuberculose por raça no DF em 2009 Total 356 100 305 100
1% 6% Ignorado
Branca
44% 36% Preta
Amarela
Parda
12%
Indígena

1%
Frequência de Tuberculose por faixa etária no DF Frequência de Tuberculose no DF nos anos 2007,
em 2009 2008 e 2009

< 1 ano 1 – 4 anos 467


1% 1%1% 396
18% 5 – 9 anos 10 – 19 anos 357
5%
12% 62% 20 – 49 anos 50 – 59 anos
60 e + anos

2007 2008 2009

Frequência de Tuberculose por faixa etária no DF Em geral, a aná lise dos dados nos
ao longo do tempo permite registrar uma diminuiçã o gradual dos
casos de tuberculose. A diminuiçã o registrada
60 e + ... do ano de 2007 para o de 2008 (15,2%) foi
50 – 59 ... maior do que a referente aos anos de 2008 e
20 – 49 ... 2009 (9,8%). A reduçã o total foi de 23,55%.
200
10 – 19 ... 9
5 – 9 anos
1 – 4 anos Dados comparativos entre quatro Unidades da
<1 Federaçã o
0 50 100 150 200 250
Casos de Tuberculose por 100.000 habitantes em 4
Em 2008 e 2009, a maior prevalência 2 UFs brasileiras
de tuberculose foi na faixa etá ria de 20 a 49
anos, no segundo ano com um índice menor
(de 67% para 61,6%). A prevalência na faixa
etá ria de 1 a 4 anos também diminuiu, tendo 14
uma diferença de 0,1%. A mesma relaçã o entre 6 6 4
os resultados foram encontrados também por
Menezes em 1998 em uma pesquisa em Distrito Rio Grande do Rio de Janeiro São Paulo
Pelotas, uma cidade do Sul do Brasil. As outras Federal Sul
faixas etá rias nã o seguiram a mesma regra:
todo o restante obteve maiores índices no ano Em relaçã o aos dados de outras
de 2009 em relaçã o ao ano anterior. Unidades da Federaçã o, vemos que o Distrito
Federal se encontra muito acima a respeito
Frequência de Tuberculose no DF nos anos dos dados de Tuberculose (13,9
2007, 2008 e 2009. casos/100.000 habitantes). As quatro UFs
foram selecionadas por se assemelharem ao
2007 467 DF quanto a dados demográ ficos (BRASIL,
2008 396 2005).
2009 357

CONCLUSÕ ES
A infecçã o pelo HIV modificou a significantemente. Pesquisas revelam que os
epidemiologia da tuberculose no mundo e homens nã o se cuidam como as mulheres em
dificultou ainda mais o seu controle. Esse relaçã o à s doenças e saú de ou simplesmente
agravo é hoje um importante fator de risco dã o pouca atençã o aos sintomas, porque sã o
para o desenvolvimento da tuberculose, e, se mais desatentos. Outra questã o é o
nã o o mais grave, o mais característico em preconceito das pessoas contra a doença,
termos de morbidade. A tuberculose aumenta entã o muitas vezes surge o medo disso.
a quantidade de HIV circulante, que por sua Como já foi visto anteriormente, a
vez aumenta a imunodeficiência, provocando freqü ência de tuberculose em alcoó licos vem
um ciclo vicioso, com desfecho desfavorá vel aumentando durante os anos, mas por que isso
para o paciente. A coexistência da infecçã o HIV acontece? O alcoolismo por si só já exerce
constitui-se no mais potente ativador da influência sobre o prognó stico e tratamento da
tuberculose até hoje conhecido. A TB é uma Tuberculose, ainda mais quando está
das doenças mais oportunistas e frequentes no associado a questõ es como baixa qualidade de
paciente infectado pelo HIV (Gonçalves et al., vida, renda, má nutriçã o, etc. Há estudos que
2009). Enquanto a possibilidade de um demonstram que até o tipo de bebida interfere
indivíduo imunocompetente infectado pelo no avanço da Tuberculose no indivíduo. Por
bacilo da TB desenvolver a doença é de cerca tanto, é notó rio que o alcoolismo exerce
de 10% ao longo da vida, o indivíduo infectado influência, por vezes direta e indiretamente, no
pelo HIV e sem intervençã o terapêutica essa surgimento, avanço e tratamento da
probabilidade é de cerca de 10% ao ano. tuberculose.
(Moherdaui et al., 2007). Juntando a raça parda com a negra,
O Sistema de informaçõ es de Agravos temos 200 casos de tuberculose no ano de
de Notificaçõ es é uma importante fonte de
2 2009. Nú mero bem maior que a raça branca,
dados epidemioló gicos que permite de forma 130 casos. A justificativa é que pessoas com
dinâ mica um diagnó stico de um determinado descendência negra sã o mais suscetíveis à
evento na populaçã o. Nesse caso, usufruímos infecçã o do bacilo da tuberculose. Na Europa
das estatísticas do período que vai do ano de antiga, a tuberculose acometia mais a
2007 a 2009 sobre a freqü ência de tuberculose populaçã o branca. Os que sobreviviam à
em pacientes acometidos com HIV/AIDS no doença, se reproduziam e passavam a
Distrito Federal. Felizmente os resultados sã o resistência à seus descendentes. Quando os
positivos, pois a prevalência de TB nã o só em negros chegaram à América, entraram em
pacientes com HIV (mas em diversas outras contato com a doença, e nã o tiveram tanto
variá veis) sã o decrescentes. O DF tem um dos tempo igual os europeus para desenvolverem
menores nú meros de casos e de mortes por genes de resistência à tuberculose, o que se
tuberculose entre as 27 unidades da reflete até hoje nos nú meros (LANÇA, 2008).
Federaçã o. Apesar dos bons resultados, a Os indígenas sã o suscetíveis à doença, porém,
situaçã o ainda nã o está sob o controle como quase nã o há essa populaçã o aqui no DF,
totalmente. A secretaria de saú de desenvolve os nú meros de casos foram baixíssimos.
vá rias iniciativas para manter a doença sob Duas das variá veis presentes neste
controle. Isso porque cerca de 400 novos casos estudo corroboram para outra também
surgem por ano no DF. Os nú meros do existente: faixa etá ria. É na faixa de 20 a 49
Ministério da Saú de mostram que o trabalho anos que as pessoas estã o mais expostas ao
está de fato sendo bem feito. alcoolismo e ao HIV, fazendo desta a faixa
A tuberculose, como mostram os dados, etá ria mais afetadas em todos os anos
predomina no sexo masculino analisados (2007, 2008 e 2009).
Quando comparado com outras 3 UFs investidas do governo com maiores recursos, à
de valores de IDH semelhantes, o Distrito melhora dos programas de controle da doença
Federal se mostrou muito acima. Isso mostra e a conscientizaçã o das pessoas em relaçã o à
que a tuberculose está sim relacionada a gravidade da doença e de como é simples o
fatores ambientais (como saneamento bá sico), tratamento, acabando aos poucos com o
mas também mostra que os locais com maior preconceito existente. Quanto mais
desenvolvimento econô mico nã o estã o livres informaçõ es a populaçã o tem sobre a
de ter altos índices de tuberculose. tuberculose, mais se diminui o nú mero de
A diminuiçã o da freqü ência da pessoas infectadas.
tuberculose em relaçã o à maioria das variá veis
estudadas (exceto alcoolismo) se deve à s

REFERÊ NCIAS
Ministério da Saú de (BR). Portaria Técnica Ministerial SILVA, O.H; GONÇALVEZ, C.L.M; Coinfecção
nº 2.325/GM, de 8 de dezembro de 2003. tuberculose e HIV nas capitais brasileiras:
Diá rio Oficial Repú blica 2003 dez. observações a partir dos dados do Sistema
KUSANO, Maria do Socorro Evangelista et al. Risco de Informações de Agravos de Notificação.
anual da infecção tuberculosa no Distrito Revista brasileira em promoçã o da Saú de, vol.
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