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Professor Roberto Tálamo – Depto de Eng.

de Produção

NP6110 – Análise de Processos, Tempos,


Métodos e Movimentos

Planejamento da Demanda
Programação de Materiais

Prof. J. Roberto Tálamo

Depto de Engenharia de Produção

FEI

NP6110 – Análise de Processos, Tempos, Métodos e Movimentos


Professor Roberto Tálamo – Depto de Eng. de Produção 2

Sumário
Introdução .............................................................................................................................................................. 3
1. Estoques............................................................................................................................................................ 3
1.1 Função dos Estoques.................................................................................................................................... 3
1.2 Política de Estoques de uma Empresa....................................................................................................... 4
1.3 Princípios Básicos no Controle dos Estoques:.......................................................................................... 4
2. Conceito de Séries Temporais....................................................................................................................... 5
3. Modelos de Evolução de Consumo:.............................................................................................................. 6
4. Métodos de Previsão de Demanda em Estoques ....................................................................................... 7
4.1 Método da Média Móvel................................................................................................................................ 8
4.2 Método da Média Móvel Ponderada ........................................................................................................... 8
4.3 Método da Média com Ponderação Exponencial...................................................................................... 9
4.4 Método da Regressão Linear Simples...................................................................................................... 10
4.5 Método da Porcentagem Média................................................................................................................. 11
4.6 Método da Porcentagem da Tendência.................................................................................................... 13
5. Custos dos Estoques..................................................................................................................................... 14
5.1 Custo de Armazenagem: ............................................................................................................................ 14
5.2 Custo Total Anual do Pedido...................................................................................................................... 15
5.3 Custo da Falta de Estoques ....................................................................................................................... 15
6. Níveis de Estoque .......................................................................................................................................... 17
6.2 Tempo de Reposição ou Ressuprimento - TR ........................................................................................ 18
6.3 Estoque virtual .............................................................................................................................................. 18
6.4 Consumo Médio Mensal ............................................................................................................................. 18
7. Estoque Mínimo.............................................................................................................................................. 20
7.1 Fórmula Simples .......................................................................................................................................... 21
7.2 Método da raiz quadrada ............................................................................................................................ 21
7.3 Método da porcentagem de consumo. ..................................................................................................... 21
7.4 Cálculo do Estoque Mínimo com alteração de consumo e tempo de reposição................................ 21
7.5 Estoque Mínimo com grau de atendimento definido. ............................................................................ 21
8. Parâmetros Gerais de Controle de Estoque. ............................................................................................. 23
8.2 Rotatividade ou Giro de Estoque............................................................................................................... 23
8.3 Taxa de Cobertura ou Antigiro ................................................................................................................... 23
9. Lote Econômico.............................................................................................................................................. 25
9.1 Lote econômico de compras, sem falta de material: .............................................................................. 26
9.2 Lote econômico de produção, não admitindo faltas. .............................................................................. 27
9.3 Lote Econômico de compra, admitindo faltas.......................................................................................... 29
9.4 Lote Econômico de Fabricação, Admitindo Faltas.................................................................................. 31
9.5 Lote Econômico de Fabricação, com Restrição de Investimentos em Estoques. ............................. 33
9.6 Lote Econômico de Compra Com Desconto............................................................................................ 36
10. O sistema de classificação ABC................................................................................................................ 40
Anexo I ................................................................................................................................................................. 43
Anexo II ................................................................................................................................................................ 44

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Introdução

Quando falamos sobre administração de materiais, não há como dissociar este tema
da Logística Empresarial. Logística é um processo abrangente, que passa por todas
as etapas empresariais. Entretanto, vale lembrar que o processo logístico está
baseado em valores e quantidades, os quais devem ser adequadamente planejados
e controlados a fim de evitar-se projeções erradas, e conseqüentes prejuízos, a toda
cadeia logística.
Na primeira parte deste material, trataremos da administração dos materiais,
envolvendo planejamentos de demandas, estoque mínimos, lotes de compras e
todos os demais itens referentes à administração de estoques, fundamentais à
gestão econômica da empresa e da cadeia logística.

1. Estoques

1.1 Função dos Estoques.

Dentro da Administração de Materiais, há o planejamento e administração dos


estoques, parte fundamental dentro de uma empresa. A principal finalidade dos
estoques é funcionar como um amortecedor da demanda do mercado. Tem que ser
dimensionado para atender às oscilações da Produção e do Mercado.

Entretanto, é importante lembrar que o aumento dos níveis de estoque acarretam


crescimentos inevitáveis dos custos de armazenagem:

Investimento

em

Nivel de
Figura 1: Curva de Investimentos em estoques

Isto decorre da necessidade de maior contingente de mão de obra, maior infra-


estrutura (paletes, prateleiras, armários, etc.), maior desgaste dos equipamentos de
movimentação e transporte, maior área, maior gasto de energia, seguros, etc.

Um estoque elevado aumenta os custos diretos e indiretos de uma empresa.

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Por outro lado, um estoque reduzido pode fazer com que a mesma empresa perca
oportunidades de mercado.

Estes fatos exigem uma administração tecnicamente rigorosa sobre os estoques, o


que às vezes pode levar a conflitos de interesses interdepartamentais dentro de uma
empresa.

Tabela 1: Comparação dos diversos tipos de estoque

Estoque Elevado
Conseqüência nos Diversos Departamentos
em:
Departamento de Compras Departamento Financeiro
Matéria Prima Obtenção de melhores preços em Redução do Capital disponível
função dos volumes. para Investimentos.
Departamento de Produção Departamento Financeiro
Material em Ausência do risco de paradas de Maior risco de perdas por
Processo produção. obsolescência.
Produção de Grandes Lotes. Maior custo de armazenagem.
Departamento de Vendas Departamento Financeiro
Entregas rápidas. Maior comprometimento do
Produto Acabado
Melhor atendimento aos clientes. capital investido.
Maiores vendas. Maior custo de armazenagem.

1.2 Política de Estoques de uma Empresa.

É fundamental que a empresa defina sua política de estoques, a fim de direcionar o


trabalho de seus colaboradores de modo adequado. Para isto a empresa deve
definir:

• Objetivos quanto ao prazo de entrega dos produtos aos clientes.


• Quantidade de espaço que estará comprometido com os estoques.
• Nível de flutuação previsto, para atendimento de eventuais flutuações de
demanda.
• Política de especulação com os estoques.
• Definição da rotatividade.

Se formos analisar os estoques sob o ponto de vista do retorno de capital teremos:

Lucro
RC =
Capital Investido
Equação 1: Retorno de Capital
Quanto menor o denominador, ou seja, o capital “comprometido” , melhor o RC,
para um mesmo lucro.

1.3 Princípios Básicos no Controle dos Estoques:

• Determinar “o que” (no de itens) deve permanecer em estoque.


• Determinar “quando” reabastecer os estoques.

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• Determinar o “quanto” de estoque para um determinado item é necessário.


• Acionar o Departamento de Compras no tempo certo.
• Receber, armazenar e girar o estoque corretamente.
• Controlar o valor dos estoques e informar as áreas envolvidas.
• Executar inventários periódicos.
• Identificar e retirar do estoque, todos os itens obsoletos e danificados.

É importante também, definir-se os diversos tipos de estoque dentro de uma


empresa, tais como:

Matérias Primas.
Produtos em Processo.
Produtos Acabados.
Peças de Manutenção.

2. Conceito de Séries Temporais.


Os dados históricos referentes ao consumo de materiais constituem-se em séries
temporais. Para a análise de qualquer série temporal, é recomendável a construção
de um gráfico a fim de avaliar-se o seu comportamento geral.

A análise de uma série temporal revelará a presença de 4 movimentos


característicos, conforme segue:

• Tendência secular.
• Variações sazonais.
• Variações cíclicas.
• Variações aleatórias.

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3. Modelos de Evolução de Consumo:

• Evolução Horizontal:

C _
C

Tempo

• Evolução sujeita a tendência.

C _
C

Tempo

• Evolução Sazonal.

C _
C

Tempo

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4. Métodos de Previsão de Demanda em Estoques

É o estudo executado para a formação e o controle de estoques. A eficácia da


previsão dos estoques depende principalmente do método de previsão aplicado e
da qualidade das informações utilizadas.

As informações básicas para decisão sobre as dimensões e a distribuição no tempo,


da demanda dos produtos são classificadas em:

a) Informações Quantitativas:
• Vendas passadas,
• Variáveis associadas aos produtos (produtos infantis, eletrodomésticos, etc),
• Variáveis previsíveis, relativamente ligadas à venda (PNB, população, renda,
etc),
• Propaganda e MKT,
• Etc.
b) Informações Qualitativas:
• Gerentes,
• Vendedores,
• Compradores,
• Pesquisa de Mercado,
• Etc.

A previsão da demanda pode ser feita através de várias técnicas, tais como:

• Projeção – São utilizados dados passados, admitindo-se que haverá repetição


dos dados no futuro ou as vendas evoluirão em função do tempo.
• Explicação – Utilizam-se leis de correlação e regressão, associando-se as
vendas passadas a outras variáveis de evolução conhecida ou previsível.
• Predileção – Experiência de pessoas conhecedoras de vendas ou do
mercado.

As duas primeiras técnicas são baseadas em métodos quantitativos (cálculos)


enquanto a última técnica é baseada em informações de especialistas.

Essas mesmas técnicas podem ser classificadas em

a) Técnicas não científicas:


Conjeturas
Previsões Baseadas na intuição
Previsões baseadas na experiência
Todas são empíricas, não recomendadas.

b) Técnicas Pseudocientíficas

b.1)Intrínsecas
• Persistência. - O que ocorreu no passado ocorrerá no futuro.
• Trajetória - É o método dos mínimos quadrados.

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• Cíclico - É a técnica da trajetória, incluindo-se no futuro os ciclos


observados no passado.
• Médias - Média aritmética dos dados passados, dados recentes ou média
ponderada.
• Correlatividade - Determinação de uma função autocorrelativa.
• Aleatoriedade - Uma distribuição de probabilidades é estabelecida sobre
dados passados.
• Estudo das previsões anteriores.

b.2) Extrínsecas
• Correlativo - Utiliza as séries temporais.
• Causídico - Utiliza relação entre causa e efeito.

c) Técnicas Científicas - Desenvolvimento de um modelo matemático.

4.1 Método da Média Móvel.

Utilizam-se tantos períodos de tempo quantos forem convenientes para a previsão


da demanda.
Por exemplo, para fazer a previsão de consumo de um próximo período, uso sempre
a média móvel dos últimos tres (ou quatro, ou cinco, etc).

Exemplo:
Mês
J F M A M J J A S O N D
Ano
2001 98 100 120 150 120 140 110 120 130 100 98 110
2002 140 180 120 160 140 150 160 178 168 150 140 150

Dt = Demanda média no período em estudo, calculada por:


t −1
Di
Dt = i =t − n

n
Sendo n, o número de períodos adotados para a média móvel. Por exemplo, para o
caso de n = 3, temos:

150 + 140 + 150


D janeiro 2003= período 25 = = 146,6
3

4.2 Método da Média Móvel Ponderada


Neste caso são atribuídos pesos a cada um dos períodos passados, de modo que a
somatória dos pesos seja igual a 1 (ou 100, se estivermos trabalhando na base
porcentual), e estes sejam decrescentes ao longo dos períodos mais antigos, de
modo a termos um peso maior para os períodos mais recentes.

A expressão usual é :

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DMt = Dt+1 = ωt.Dt + ωt-1.Dt-1+ ωt-2 .Dt-2 + ωt-3 .Dt-3 +.....+ ωt- n+1.Dt-n+1

Sendo ωt-1 + ωt-2 +ωt-3 +.....+ωt- n + ωt- n+1= 1 e decrescentes.

Os valores de ω são estabelecidos arbitrariamente. Exemplo com os valores da


tabela acima:

Admitindo-se n = 3 e ωt = 0,60 ωt-1 = 0,30 e ωt-2 = 0,10 teremos:

D25 = 0,60.150 + 0,30.140 + 0,10.150 = 147

Exemplo:
Dados os consumos abaixo, associados aos respectivos períodos e pesos,
determine a previsão de consumo para Outubro, utilizando os métodos citados
anteriormente, com n = 4.

mes Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul Ago. Set.
consumo 15 15 18 22 25 28 32 35 37
Peso (%) 2 5 5 10 10 15 15 18 20

4.3 Método da Média com Ponderação Exponencial


Também denominado método do alisamento, este método combina o método da
média móvel ponderada com dados históricos trabalhados. Este método consiste em
se iniciar a previsão adicionando-se ao último dado histórico, a diferença dois a dois
dos períodos anteriores, sendo cada diferença multiplicada por uma expressão
obtida através de um fator α escolhido arbitrariamente.

Este modelo foi desenvolvido por R.G. Brown em 1959, o qual sugeriu para a
determinação de α, a seguinte expressão:
2
α=
N +1

sendo N o número de períodos utilizados para a análise.

A expressão genérica utilizada para este método é:


_
Dt = Dt+1= α.Dt + α.(1-α.).Dt-1 + α.(1-α.) .Dt-2 + α.(1-α.) .Dt-3 + .....+ α.(1-α.)N. Dt-N + (1-
2 3

_
N+1
α.) .D t-(N+1)

Sendo, DM t-(n+1) a previsão efetuada no período anterior.


_
N+1
Vale lembrar que o último termo da expressão { (1-α.) .D t-(N+1) } é muito pequeno,
próximo de zero, podendo ser desprezado.

Exemplo:

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mês Dados fator resultado


Dez 148 0,153846 22,76923
Nov 139 0,130178 18,09467
Out 197 0,110150 21,69959
Set 160 0,093204 14,91264
Ago 130 0,078865 10,25244
Jul 56 0,066732 3,736985
Jun 93 0,056465 5,251285
Mai 154 0,047778 7,35788
Abr 152 0,040428 6,145043
Mar 198 0,034208 6,77323
Fev 207 0,028945 5,991704
Jan 203 0,024492 4,971934
127,956641

a. Considerando os dados do exercício anterior, suponha que o consumo real no


mês de outubro tenha sido de 40 unidades. Utilizando o consumo obtido pelo
método da média móvel ponderada e um coeficiente de ajustamento de 30%,
determine o consumo para o mês de novembro.
b. O consumo de uma peça no mês de setembro de um determinado ano foi de 350
peças. No mês de outubro do mesmo ano o consumo foi de 420 peças. Estimar o
consumo para o mês de novembro desse mesmo ano, considerando um
ajustamento de 20%.

4.4 Método da Regressão Linear Simples


É o método onde se determina uma reta média que se corresponda ao maior
número de pontos possíveis.

Definimos o coeficiente de explicação R2, como um indicador da correlação entre os


dois conjuntos de pontos fornecidos:

Sxx = x 2

( x)
2

Sxy = x. y −
x. y
N N
Sxy b.Sxy a = y − b.x
b= R2 = .100
Sxx Syy

Exercício
O consumo de um determinado item de estoque apresentou os valores indicados no
quadro abaixo:

mes Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Consumo 20 22 25 25 27 28 27 31 31 35 35 38
Peso (%) 10 20 30 40

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a. Estimar o consumo desse item nos meses de janeiro a abril do ano seguinte,
utilizando o método dos mínimos quadrados.
b. Executar a estimativa do consumo para o mês de janeiro do ano seguinte,
utilizando o método da média com ponderação exponencial, considerando que
havia sido feita uma previsão de consumo de 36 peças no mês de dezembro,
utilizando um coeficiente de ajustamento de 45%.
c. Efetuar a previsão de consumo para o mês de janeiro utilizando o método da
média móvel ponderada, com n = 4.
d. Qual dos resultados é o mais confiável, e qual a diferença básica que você
observou entre eles?

Utilize o quadro ao lado como auxiliar Mês consumo x2 x.y


na resolução.

Σ
méd

4.5 Método da Porcentagem Média


Este método leva em consideração as variações sazonais, através da obtenção de
um índice sazonal para cada mês. Entretanto, para uma correta aplicação, é
importante haver a disponibilidade de um conjunto significativo de dados (3 anos ou
36 meses, no mínimo) a fim de identificar-se de fato o efeito sazonal.

Inicialmente, verifica-se os dados acumulados para cada período anual. Com os


dados anuais, aplica-se o método da RLS (item 4) a fim de determinar-se a
estimativa para o próximo ano. Com a estimativa do próximo(s) ano(s)
determinada(s), voltamos aos dados mensais e determinamos a porcentagem de
cada um em relação ao total acumulado de seu respectivo ano. A fim de
compreender melhor, faremos um exercício.

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Uma empresa apresentou as seguintes demandas de materiais ao longo dos meses:

Ano
2001 2002 2003 2004 2006
Mês
Janeiro 200 181 207 210 222
Fevereiro 195 173 194 193 212
Março 215 207 133 227 241
Abril 259 220 251 262 272
Maio 254 243 273 274 296
Junho 272 268 280 295 312
Julho 259 259 266 261 297
Agosto 249 262 260 275 276
Setembro 234 244 242 244 259
Outubro 236 248 265 273 278
Novembro 229 241 261 271 276
Dezembro 299 307 329 348 347
Ano 2901 2853 2961 3133 3288
Média 241,75 237,75 246,75 261,08 274,00

Estabelecer uma previsão de demanda para os anos de 2007 e 2008.


1o Vamos definir a reta média através da RLS para os consumos anuais, e
estabelecer o consumo teórico para 2007 e 2008.

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4.6 Método da Porcentagem da Tendência


Neste modelo, os dados reais são expressos em termos porcentuais em relação aos
dados teóricos obtidos a partir da equação da RLS, determinada com os dados
históricos. Para efeito de compreensão, utilizaremos os mesmos dados do modelo
anterior, porem somente com tres anos (por questões de praticabilidade), e faremos
a resolução com os princípios deste modelo. Faremos a "linearização" dos dados
históricos, ou seja, os mesmos serão distribuídos linearmente, e será feita a
determinação da equação da reta com os dados mensais, como segue:
meses Dem. Hist. Dem. Teórica DH/DT
1 200 223,95 0,893 Sxy= 4026,5
2 195 224,98 0,867 Sxx= 3885
3 215 226,02 0,951 b= 1,0364
4 259 227,06 1,141 a= 222,91
5 254 228,09 1,114
6 272 229,13 1,187
7 259 230,16 1,125 Agrupamento dos indices
8 249 231,20 1,077 anos
9 234 232,24 1,008 mês 2000 2001 2002 média
10 236 233,27 1,012 jan 0,893 0,766 0,832 0,830
11 229 234,31 0,977 fev 0,867 0,729 0,776 0,791
12 299 235,35 1,270 mar 0,951 0,868 0,530 0,783
13 181 236,38 0,766 abr 1,141 0,919 0,996 1,019
14 173 237,42 0,729 mai 1,114 1,010 1,079 1,068
15 207 238,46 0,868 jun 1,187 1,109 1,102 1,133
16 220 239,49 0,919 jul 1,125 1,068 1,043 1,079
17 243 240,53 1,010 ago 1,077 1,075 1,015 1,056
18 268 241,57 1,109 set 1,008 0,997 0,941 0,982
19 259 242,60 1,068 out 1,012 1,009 1,027 1,016
20 262 243,64 1,075 nov 0,977 0,977 1,007 0,987
21 244 244,67 0,997 dez 1,270 1,239 1,264 1,258
22 248 245,71 1,009
23 241 246,75 0,977
24 307 247,78 1,239
25 207 248,82 0,832
26 194 249,86 0,776
27 133 250,89 0,530
28 251 251,93 0,996
29 273 252,97 1,079
30 280 254,00 1,102
31 266 255,04 1,043
32 260 256,08 1,015
33 242 257,11 0,941
34 265 258,15 1,027
35 261 259,18 1,007
36 329 260,22 1,264

Desse modo, a previsão para Janeiro de 2003 (mês de número 37) será a demanda
obtida através da fórmula da RLS, "corrigida" com o índice sazonal médio, como
segue:
Demanda Teórica janeiro 2003 = 222,91 + 1,0364.37 = 261,26

Demanda Corrigida ou Demanda Prevista = Demanda Teórica janeiro 2003 . Índice Médio janeiro =
261,26. 0,830 = 216,85

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5. Custos dos Estoques

Toda estocagem de material gera custos, tais como:

• Custos de capital: Juros, Depreciação.


• Custos de pessoal: Salários / Encargos.
• Custos prediais: Aluguel, Conservação, Impostos, Seguros.
• Custos de Manutenção: Equipamentos, Deterioração, Obsolescência

Estes custos totalizam uma curva exponencial, em função do tempo e quantidade


estocada, conforme a figura abaixo:

Quantidade ∇

custo de ∇

Tempo de permanência

5.1 Custo de Armazenagem:


Q
Ca = .T .P.I
2
sendo:
Q = quantidade de material armazenado, para um determinado item,
T = Tempo de armazenagem,
P = Preço do item,
I = Taxa unitária anual de armazenagem, como % do custo unitário.

Para esta expressão, consideraremos:

• O custo de armazenagem proporcional ao estoque médio (Q/2).


• O preço unitário do item (P) constante no período T utilizado na análise.

A taxa de armazenamento (I) será calculada como segue:

I = Ia + Ib + Ic + Id + Ie + If ,

sendo:
lucro
I a = Taxa de retorno = 100.
valor do ∇

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S. A
I b = Taxa de armazenagem = 100.
Consumo Anual. Pr eço Unitário

Sendo: S = área que o item em estudo ocupa no estoque.


A = custo anual do m2 de armazenamento.

Custo anual do seguro


I c = Taxa de seguro = 100.
Valor do ∇ + edifícios

Depreciação anual dos equipamentos de ∇


I d = Taxa de transporte = 100.
Valor do ∇

Perdas anuais por obsolescência


I e = Taxa de obsolescência = 100.
Valor do ∇

Despesas anuais com itens diversos


I f = Diversos = 100.
Valor do ∇

5.2 Custo Total Anual do Pedido

CTA = B.N sendo,

B = Custo Unitário do Pedido N = no de pedidos

C
Como N = , onde C é o consumo anual e Q é a quantidade solicitada a cada
Q
C
pedido, podemos reescrever a equação como: CTA = B.
Q

5.3 Custo da Falta de Estoques


• Lucro Cessante
• Custos Adicionais
• Quebras de Prazo
• Danos à Imagem da Empresa

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O custo total de armazenagem de um item , ao ano, pode ser calculado como


segue:

Custo Total = Custo Total Anual de Armazenagem + Custo Total Anual do Pedido

Sendo:
P.Q C
Custo Total Anual de Armazenagem = .I Custo Total Anual do Pedido = B.
2 Q
Resulta:
P.Q C
Custo Total = .I + B.
2 Q

Caso seja necessário representar a parcela I em termos de quantia monetária ($),


esta será representada por I’, sendo:
I’= I.P

A representação gráfica da equação acima é:

Custo de ∇

CT

CTAA

CTAP

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6. Níveis de Estoque

O estudo da administração dos níveis de estoques tem como finalidade impedir a


falta de material, do modo mais econômico possível. A representação gráfica mais
genérica da oscilação dos estoques está representada na figura abaixo.

Oscilação de estoques
12

10

8
Quantidade

0
0,01

Tempo

Figura 2: Gráfico da oscilação dos níveis de estoque de um item em função do tempo


Podemos observa que, num determinado ponto ocorre o abastecimento do item,
fazendo com que o nível de estoques suba de 0 até uma quantidade Q, iniciando-se
o consumo, fazendo com que o nível do item volte a zero. Este padrão ocorre ao
longo do tempo.
Na realidade, atingir-se o nível zero de estoques não é desejável, em função dos
problemas decorrentes, tais como parada de produção, fretes adicionais, horas
extras, etc.
O objetivo é estabelecer um ponto em que, ainda haja quantidade reserva, que
absorva atrasos, rejeições e oscilações de demanda.

6.1 Ponto de Pedido ou Ponto de Ressuprimento.

Corresponde a um nível de estoque disponível no qual deve-se efetuar a colocação


de um novo pedido de reposição, de modo que, na taxa de consumo observada, o
ressuprimento ocorrerá no momento em que o estoque chegar a zero. O intervalo de
tempo que decorre entre dois Pontos de Pedido é denominado Intervalo de
Ressuprimento.
O estoque disponível deve incluir:
• O estoque existente.
• Os fornecimentos em atraso.
• Os fornecimentos em aberto, dentro do prazo
Saldo de Fornecimento (SF) engloba os fornecimentos em atraso e em aberto.

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6.2 Tempo de Reposição ou Ressuprimento - TR

É o tempo gasto entre a verificação da necessidade de reposição e a efetiva entrada


do material no estoque. O Tempo de Ressuprimento é formado por três estágios:

1. Emissão do Pedido (até chegar ao fornecedor)


2. Preparação do Pedido (fabricação do item)
3. Transporte (da saída do fornecedor até o estoque)

Oscilação de estoques
12

10

8 PP
Quantidade

6
C.TR
4
∇Virtual
2

0
0,01

Tempo
TR

Figura 3: Indicação do Ponto de Pedido e Tempo de Ressuprimento

6.3 Estoque virtual


É a denominação dada ao estoque como um todo, englobando e estoque físico
dentro da empresa e o estoque existente na forma de pedido, correspondente ao
saldo de fornecedor.

Estoque virtual: ∇virtual = ∇físico + SF

Também podemos considerar: ∇virtual = ∇físico + SF + ∇em análise

Fica evidente que, quando o ∇virtual iguala-se ao PP deve-se efetuar o ressuprimento;


entretanto deve-se manter atenção ao Saldo de Fornecimento, a fim de não se
elevar os níveis de estoque desnecessariamente.

6.4 Consumo Médio Mensal

É a média aritmética das retiradas mensais do estoque, tomando-se como base, no


mínimo, os últimos 6 meses.

Exemplos:

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1. Uma peça é consumida à razão de 3.800 un./mês. O tempo de reposição é de 15


dias. Qual o PP, sendo o estoque mínimo correspondente a uma semana de
consumo?
PP = 3.800 peças/mês . 15/30 mês + 950 = 2850 unidades

2. O consumo de um item é de 20 unidades/mês. O TR é de 3 meses e o ∇minimo é


de 20 unidades. O estoque físico é de 81 unidades. Qual deve ser o PP?
PP = 20 unid/mês. 3 meses + 20 unidades = 80 unidades
Entretanto, neste caso, se houver um SF de 90 unidades, o estoque virtual será de
171 unidades, o que é desnecessário.

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7. Estoque Mínimo

Conforme observamos na figura 2 do item anterior, o padrão de consumo de um item


é representado por uma curva do tipo “serra”. Ainda de acordo com a figura, o saldo
de estoque é “zerado” antes de cada nova remessa, o que não é satisfatório pois
nestas condições, a empresa estará sujeita a perdas de produção com muita
freqüência.
A fim de evitarem-se estes contratempos é estabelecido o “Estoque Mínimo”.

O Estoque Mínimo ( ∇ Mínimo ) é a quantidade mínima que deve permanecer em


estoque para efeito de segurança contra eventuais atrasos de fornecimento,
divergências, saldos de demanda ou rejeição de lotes.
Desse modo, o gráfico de consumo de material é representado conforme a figura
abaixo:

Perfil de Consumo e Estoque Mínimo

12

10

8
Quantidade

0
∇Mínimo
0,01

Tempo

O ∇mínimo é fundamental para o estabelecimento do PP, pois PP = C.TR + ∇Mínimo.

Existem métodos de cálculo do estoque mínimo, todos executados com base em:

• Fixação de determinação da projeção mínima.


• Cálculos com base estatística.

Sempre se parte do princípio no qual o objetivo é se atingir “grau de atendimento


adequado”, sendo “Grau de Atendimento”, a relação entre a quantidade necessária e
a quantidade atendida.
Ex.: Quant. Necessária: 5.000 peças
Quant. Atendida: 4.700 peças portanto: G.A. = 4700/5000 . 100 = 94%

A determinação do estoque mínimo é feita fixando-se o G.A. desejado pela empresa,


conforme veremos a seguir.

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7.1 Fórmula Simples


Este método não contém precisão matemática: ∇ Mínimo = C. A
sendo: A = fator arbitrário
C = Consumo médio

7.2 Método da raiz quadrada


Utiliza o conceito de tempo de reposição:
∇ Mínimo = C.TR

entretanto é importante lembrar que só posso usar este método se:


• O consumo durante o tempo de reposição for mínimo, menor que 20 unidades
• O consumo de material for irregular
• A quantidade requisitada ao almoxarifado for igual a 1.

7.3 Método da porcentagem de consumo.

∇min = (Cmáx – Cméd) . TR

7.4 Cálculo do Estoque Mínimo com alteração de consumo e tempo de reposição.

∇min = T1 . (C2 – C1) + C2.T4 sendo:

T1 = Tempo de consumo Q1 a uma velocidade C1.


T4 = Atraso no tempo de reposição, em relação ao próprio tempo de reposição.
C1 = Consumo mensal normal.
C2 = Consumo mensal maior.

7.5 Estoque Mínimo com grau de atendimento definido.

É a diferença entre o consumo máximo e o consumo médio.

∇ Mínimo = Cmáximo − C ou ∇ Mínimo = (C máximo − C ).TR (caso o consumo máximo


ocorra durante o TR)

Neste método, utiliza-se a relação entre o conceito de distribuição normal e o


conceito de ∇min, onde o risco de desabastecimento será a área residual sob a curva
normal, fora do percentual de abrangência (ou atendimento).

Área de
atendimento
Área de
desabastecimento

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Inicialmente, é feito o estabelecimento do grau de atendimento. Com o grau de


atendimento, é determinado o risco (de não estar recebendo o material no momento
adequado), em %.
Com risco estabelecido, determina-se o valor correspondente de z, na Tabela de
Distribuição Normal Reduzida (Anexo I).

Com o valor de z determinado, calcula-se o estoque mínimo como segue:

∇ mínimo = z.σ
Sendo,

x 2

( x) 2

σ= n
n −1

Exercícios Propostos:

1.O levantamento de consumo de um determinado item no ∇ está indicado abaixo:

mês Jan. Fev Mar Abr. Mai Jun. Jul. Ago Set. Out. Nov Dez
consumo 320 310 360 290 330 350 380 420 430 410 370 350

a. Determinar o estoque mínimo necessário para um grau de atendimento de 90%.


b. Idem para um grau de atendimento de 95%.
c. Analise os resultados e comente.

2. Uma empresa definiu que os itens pertencentes à categoria B700 devem ter um
fator de segurança de 0,4. Uma determinada peça tem um consumo mensal de
2.100 unidades. Qual deve ser seu estoque mínimo se ela pertencer a esta
categoria?

3. Um produto tem uma previsão de consumo médio de 60 unidades/mês. Espera-se


que em determinada época do ano este consumo atinja 90 unidades/mês.
Considerando-se um TR de 15 dias, determinar seu estoque mínimo.

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8. Parâmetros Gerais de Controle de Estoque.

8.1 Estoque Médio


É o nível médio de estoque, sendo representado por Q/2, onde Q é a quantidade a
ser comprada para consumo. Se levarmos em consideração o ∇mínimo, teremos:

Q
∇ = ∇ Mínimo +
2

8.2 Rotatividade ou Giro de Estoque

É a relação existente entre o consumo anual e o estoque médio do produto.

ConsumoMédioAnual ConsumoMédioAnual
Rotatividade = =
EstoqueMédio ∇

Este fator indica o número de vezes que o estoque girou, ao longo do ano.

Exemplo: O consumo anual de um determinado item foi de 1.200 unidades. O


estoque médio utilizado é de 150 unidades. Qual a Rotatividade ou giro de estoque
desse item?

ConsumoMédioAnual 1200unidades / ano


Rotatividade = = = 8vezes / ano
∇ 150unidades

É possível estabelecer-se também um índice de giro de estoque para o caso de


Custos de Estoques ou Receitas de Vendas, como segue:

• Para produtos acabados

Receita de Vendas ($/ano)


Giro de P, A. =
∇ PA ($)

• Para Matérias Primas:


Custo de MP utilizadas ($)
Giro de M.P. =
∇ MP ($)

8.3 Taxa de Cobertura ou Antigiro


Taxa de cobertura =
Condumo

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Exemplo: Um determinado item apresenta um ∇ de 3.000 unidades. O consumo


desse item é de 2.000 unidades por mês. Determinar a Taxa de Cobertura.

∇ 3000unidades
Taxa de cobertura = = = 1,5meses
Condumo 2000unidades / mês

Existem alguns aspectos importantes na análise do Giro de Estoque ou da Taxa de


Cobertura:

1. A disponibilidade de capital é que vai determinar o Giro de Estoque – padrão.


2. Não se deve usar Giros de Estoque iguais para materiais de preços muito
diferenciados. Deve-se usar a classificação ABC.
3. O Giro de Estoque deve ser determinado com base na política da empresa, nos
programas de produção e na previsão de vendas.
4. Periodicamente deve-se comparar o Giro de Estoque-padrão e o Giro de
Estoque-real.

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9. Lote Econômico

Nunca é econômico estocar um item. Deve-se estudar criteriosamente o tamanho do


lote a ser mantido em estoque, a fim de balancear adequadamente as necessidades
do cliente e os níveis de estoque.

Neste estudo, abordaremos 4 tipos básicos de administração de lote econômico:

1. Lote econômico de compras, sem falta de material.


2. Lote econômico de produção, sem falta de material.
3. Lote econômico de compras, admitindo falta de material.
4. Lote econômico de produção, admitindo falta de material.

Na abordagem dos custos de estoque, devemos considerar dois tipos diferentes de


custos:
• Custos que aumentam à medida que a quantidade de material consumido
aumenta, isto porque, em média, metade do material consumido estará em
estoque.
• Custos que diminuem à medida que a quantidade de material aumenta, através
da distribuição dos custos fixos por maiores quantidades de materiais.

Poderíamos colocar estes dois tipos de custo num gráfico como segue:

Custo

Custo total

Custo de armazenagem

Custo do pedido

Quantidade
Lote Econômico de Compra

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9.1 Lote econômico de compras, sem falta de material:

Q = ∇Max

t = tempo entre pedidos.


T = período de planejamento.

C Q
Custo Total do Período: CT = P.C + B. + I.P.
Q 2

sendo I’ o custo unitário de armazenagem, ou seja: I’= I.P sendo I expresso em


termos de % do custo unitário. Caso o custo acima seja expresso com I em termos
porcentuais, teremos:

C Q
Custo Total do Período: CT = P.C + B. + I.P.
Q 2

2.B.C
Lote mínimo (em peças) : Q = (quando I tem valor monetário)
I'

2.B.C
Ou Q= (quando I é expresso em termos de % do custo).
I.P
C
Número de pedidos efetuados: n ºde pedidos =
Q
Q
Intervalo entre pedidos: t=
C

Sendo:
• P = Preço Unitário de Compra
• C = Consumo do Item

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• B = Custo do Pedido.
• Q = Quantidade do Lote.
• I = Taxa unitária anual de Armazenagem em termos de % sobre o custo unitário.
• I’= Custo unitário anula de Armazenagem em termos de valor monetário.

Ex.
O Consumo de determinada peça é de 20.000 un. por ano. O custo de
armazenagem por peça e por ano é de R$ 1,90 e o custo do pedido é de R$ 500,00.
O preço unitário de compra é de R$2,00. Determine:

a. O lote econômico.
b. O custo total anual.
c. O número de pedidos por ano.
d. A duração dos pedidos.

Solução:
2.B.C 2.500.20000
a. Q= = = 3245 peças / pedido
I.P 1,90
b. O custo total anual: CT = 2 x 20.000 + 500 x (20.000/3.245) + 3.245/2 = R$
46.464,00

c. O número de pedidos: Pedidos = C/Q = 20.000/3.245 = 6,2 pedidos por ano

d. O intervalo entre pedidos: t = Q/C = 3.245/20.000 = 0,162 anos ( se eu


multiplicar por 300 dias, obtenho ~ 48 dias)

9.2 Lote econômico de produção, não admitindo faltas.

Neste caso, utilizam-se as mesmas hipóteses do caso anterior, com a ressalva de


que o lote produzido é finito, e maior que o consumo.

∇Máx. W.C Consumo = C

t T

C Q C
Custo Total do Período: CT = P.C + A. + I.P. . 1 −
Q 2 W

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2.A.C
Lote mínimo (em peças) : Q=
C
I.P. 1 −
W

sendo:
• P : Custo Unitário
• C : Quantidade Necessária por ano
• A : Custo de Preparação
• Q : Quantidade de lote Produzido
• I : Taxa Unitária anual de armazenagem (%)
• I’ : Custo unitário de ∇ por ano
• W : Capacidade Produtiva anual

Exemplo Numérico:
Uma empresa utiliza 9.000 unidades de um tipo de peça por ano. Sua capacidade
de produção é de 1.500 peças por mês. O custo de preparação para a produção
desta peça é de R$200,00, e o custo de armazenagem deste item é de R$ 2,00 por
mês.
Calcule o lote econômico de produção e o custo total anual, considerando-se que o
custo unitário de produção é de R$ 4,00.
2.A.C 2.R $200,00.9000un / ano 3600000
Q= = = = 548unidades
C 9000un / ano 12
. 1−
I' R $2,00.12. 1 −
W 12.1500un / ano

C Q C
CT = P.C + A. + I'
. . 1−
Q 2 W

9000 un / ano 548 un 9000 un / ano


CT = R $ 4,00 . 9000 un / ano + R $ 200 ,00 . + R $ 2,00 . 12 . 1−
548 un 2 12 . 1500 un / mês

Portanto, CT = R$42572,67

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9.3 Lote Econômico de compra, admitindo faltas.

Neste caso, trabalharemos com os mesmos princípios utilizados no estudo de “lote


econômico de compra, sem faltas” , porém admitindo a ocorrência de faltas.

O sistema poderia ser representado graficamente como segue:

Q ∇max

F
T

TX TY

Sendo, CF = Custo da Falta, no período


F = Quantidade Faltante.
TY = Tempo decorrido com a falta
TX = Tempo de consumo normal

I.P
Neste caso, determinamos o número de faltas como sendo: F = .Q
I.P + C F

C (Q − F ) CF .F 2
2

O custo total de armazenagem será: CT = P.C + B. + I '


. +
Q 2.Q 2.Q

+CF
2.B.C I '
Finalmente, o lote econômico, prevendo-se faltas será: Q= .
I' CF

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Exercício:
O consumo de determinada peça é de 20.000 unidades por ano. O custo de
armazenagem por peça e por ano é de R$1,90 e o custo de cada pedido é de
R$500,00. O preço unitário de compra é de R$2,00 e o custo anual da falta é de
R$15,00 por unidade (e por ano conforme citado). Nestas condições, determinar o
lote econômico de compras.

+CF
2.B.C I ' 2.500,00.20000 1,9 + 15,00
Q= . = . = 3443unidades
I' CF 1,9 15,00

Para o cálculo do Custo Total de Armazenagem, devemos calcular inicialmente o


número de faltas previsto:
I' 1,90
F= .Q = .3443 = 387faltas
+CF
I' 1,90 + 15

Portanto o custo total será:


C
CT = P.C + B. + I '
.
(Q − F ) + CF .F 2
2

Q 2.Q 2.Q

CT = 2,00.20000 + 500,00.
20000
+ 1,90.
(3443 − 387) + 15,00.3872 = 45807,00 / ano
2

3443 2.3443 2.3443

Podemos também determinar o número de pedidos como sendo:

Pedidos = C/Q = 20000/3443 = 5,81 ou 6 pedidos por ano.

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9.4 Lote Econômico de Fabricação, Admitindo Faltas.

W-C C
∇max

F
Ti Tx Ty Tv

Definimos:
I.P C
Número de Faltas: F = .Q. 1 −
I.P + CF W

Lote Econômico:
2 . A .C I .P + C F
Q = .
C CF
I .P . 1 −
W

Custo total do Item:

C
CT = P.C + A. + I.P.
(Q − F)
. 1−
C
+
CF .F 2
2

Q 2.Q W 2.Q

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Exemplo Numérico:

Uma empresa utiliza 9.000 unidades de um tipo de peça por ano. Sua capacidade
de produção é de 1.500 peças por mês. O custo de preparação para a produção
desta peça é de R$200,00, e o custo de armazenagem deste item é de R$ 2,00 por
mês. Calcule o lote econômico de produção e o custo total anual, considerando-se
que o custo unitário de produção é de R$ 4,00 e considerando-se a possibilidade de
ocorrência de falta a um custo de falta por unidade de R$ 30,00 por ano.

Determina-se o lote econômico:

2. A.C I '+ C F 2.200.9000 2.12 + 30


Q= . = .
C CF 9000 30
I '. 1 − 2.12 1 −
W 1500.12

Q = 740 unidades

Para se determinar o custo total anual de armazenagem, devemos determinar o


número de faltas (em termos de peças), como segue:

F = 165 peças

CT = R$ 41215,00

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9.5 Lote Econômico de Fabricação, com Restrição de Investimentos em Estoques.

Os modelos que vimos anteriormente, imaginavam disponibilidade de recursos, sem


restrição. Entretanto, a realidade das empresas, na grande maioria dos casos exige
controle orçamentário no investimento em estoques.

Vamos supor que o recurso em dinheiro disponível para a compra da mercadoria de


estoque seja x.

Desse modo, com a restrição de estoques temos:


n
Qi .Pi
≤x
i = −1 2
Sendo: Qi = quantidade da peça i a ser comprada.
Pi = preço unitário de i

Vamos então estabelecer a função restrição como segue:

n
Qi .Pi
θ (Qi ) = −x≤0
i = −1 2
Nosso problema será determinar a quantidade a ser comprada de cada uma das i
peças utilizadas pela empresa. Esse cálculo, m função da quantidade de peças
envolvidas, pode não ser tão simples.

Para se resolver esta forma de problema, faremos uma passagem matemática,


utilizando os coeficientes denominados multiplicadores de Lagrange.

O multiplicador de Lagrange é um parâmetro representado por λ, que será


multiplicado pela função restrição, procurando-se o resultado indicado abaixo:

λ.θ (Qi ) = 0
A característica do multiplicador de Lagrange é que:

• λ = 0 , se θ(Qi) < 0 , ou seja, o investimento em estoque será menor que o


capital disponível.
• λ > 0 , se θ(Qi) = 0 , ou seja, o investimento em estoque será igual ao
capital disponível.

A equação do custo total de estoques, que já vimos anteriormente é:

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C Q
CT = P.C + B. + I '.
Q 2

Lembrando-se que I'


= I.P e adicionando-se a função restrição ao Custo Total, temos:

n n
C Q .P Qi .Pi
CT = Pi .Ci + B. i + I . i i + − x .λ
1=1 Qi 2 i =1 2

Aplicando-se o conceito da função derivada à equação acima, chegamos à equação


indicada abaixo:

2B C
Qi = . i
( I + λ ) Pi

Substituindo-se a expressão de Qi vista acima na equação

n
Qi .Pi
θ (Qi) = −x≤0
i = −1 2
teremos o seguinte:

n
Pi 2.B C
. . i −x=0
i =1 2 ( I + λ ) Pi

ou, alterando-se a equação, teremos:

1 2.B n
. . Ci .Pi − x = 0
2 ( I + λ ) i =1
Fatorando-se adequadamente esta equação, podemos isolar o fator λ, como segue:

2
n
2.B . Ci .Pi
λ= i =1
−I
2.x

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Com esta expressão podemos calcular o valor de λ, substituindo-o na equação

2. B C
Qi = . i
( I + λ ) Pi
determinando-se desse modo, cada uma das quantidades Qi.

Exercício:

Determinar os lotes econômicos de compra das peças x, y e z , com a restrição de


investimento de R$ 100.000,00 em estoque, levando-se em conta um custo de
pedido de R$ 500,00, um custo de armazenagem correspondente a 20% dos valores
estocados, preços unitários e consumos de acordo com o indicado abaixo:

peça C $ unitário
(unidades)
X 125.000 50,00
Y 64.000 40,00
z 27.000 20,00

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9.6 Lote Econômico de Compra Com Desconto

Uma empresa pode ter a opção de compra de materiais de seu fornecedor, com
descontos, desde que o volume comprado seja em quantidade maior, ou seja, em
escala de produção maior e mais adequada, de custo mais reduzido para o
fornecedor.
Nestas situações a empresa deve saber decidir entre a compra de um lote
econômico, a um determinado preço e com um investimento em estoque menor, ou
a compra de um lote maior, com um desembolso maior, porém a um custo unitário
mais baixo, mas com os conseqüentes aumentos de custo de armazenagem.

Vamos denominar Q a quantidade comprada no lote econômico, e K o fator de


acréscimo na quantidade comprada em lote econômico, de modo que o lote com
desconto tenha uma quantidade de material K.Q .

Vamos denominar P o preço unitário do produto comprado em lote econômico e D o


desconto a ser dado no caso de compras maiores, de modo que o preço unitário do
produto comprado em lote promocional seja P(1-D).

Nosso objetivo será determinar o Custo Total do item comprado em volume maior a
fim de compará-lo ao Custo Total correspondente ao Lote Econômico. Caso o CT
do lote maior (com desconto) seja menor que o CT do lote econômico, o desconto
será vantajoso. O ideal é CTDesconto ≤ CTLote Econômico.

Conforme já vimos, a fórmula do CT é :

C Q
CT = P.C + B. + I '.
Q 2
ou

C Q
CT = P.C + B. + I .P.
Q 2
visto que I'é o custo anual unitário de armazenagem, enquanto I é a porcentagem
do preço unitário correspondente ao custo unitário anual de armazenagem, de modo
que: I'= I.P

Substituindo-se Q por K.Q e P por P.(1-D), teremos o CT do lote com desconto:

C K .Q
CT = P(1 − D ).C + B. + I. .P(1 − D )
K .Q 2
K

Como o objetivo é CTK ≤ CT, teremos:

C K .Q C Q
P(1 − D ).C + B. + I. .P(1 − D ) ≤ P.C + B. + I .P.
K .Q 2 Q 2
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Substituindo-se a expressão do lote econômico na


2.B.C
expressão acima temos: Q=
I .P

C I .P K 2.B.C I .P I .P 2.B.C
P(1 − D ).C + B. . + I. . .P(1 − D ) ≤ P.C + B.C. + .
K 2.B.C 2 I .P 2.B.C 2 I .P

Simplificando-se a equação, chegamos em:

1 C.B.I .P C.B.I .P
+ K (1 − D ) . ≤ 2. + C.P.D
K 2 2

Dividindo-se a equação acima por


C.B.I .P
2
obtemos:

1 2.C.P
+ K (1 − D ) ≤ 2 + D.
K I .B

Denominando-se por L a parte da expressão indicada,


2.C.P
I .B
teremos

1 + K 2 (1 − D ) − 2.K − K .D.L ≤ 0

ou,
K 2 (1 − D ) − K (2 + D.L ) + 1 ≤ 0

que é uma típica equação de 2o .

aplicando-se a expressão das raízes de uma equação de 2o grau e desprezando-se


a raiz negativa, obtemos:

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K=
2 + D.L + (2 + D.L )2
− 4(1 − D )
2.(1 − D )

que é o fator multiplicador do lote econômico, que usaremos em nossas análises.


A avaliação a ser feita é a seguinte: Se o lote oferecido com desconto tiver uma
quantidade de peças menor ou igual a K. Q (Q é o lote econômico) então a compra
da quantidade acima do lote econômico, com desconto, será vantajosa.

Exemplo numérico:

Uma empresa compra de seu fornecedor, uma peça denominada x a um preço


unitário de R$ 3,00. O consumo anual dessa peça é de 1.200 unidades, o custo do
pedido é de R$ 200,00 e a porcentagem do preço unitário correspondente ao custo
anual unitário de armazenamento é de 20%. O fornecedor está tentando otimizar
sua embalagem, produção e expedição, e para isto está oferecendo descontos de
5% no preço final de lotes iguais ou superiores a 1.000 unidades. O desconto é
vantajoso?

Inicialmente, calculamos o lote econômico deste item:

2.B.C 2.200.1200
Q= = = 895unidades
I .P 0,20.3

Que é o lote recomendável para compra. Entretanto, vamos analisar a compra de


1000 unidades. Para isto calcularemos primeiro a parcela L substituída nas
equações acima:
2.C.P 2.1200.3
L= = = 13,4
I .B 0,20.200
Substituindo-se esse valor a expressão da raiz de K, obtemos:

2 + D.L + (2 + D.L )2 − 4(1 − D ) 2 + 0,05.13,4 + (2 + 0,05.13,4)2 − 4(1 − 0,05)


K= = = 2,368
2.(1 − D ) 2.(1 − 0,05)

Sendo K.Q = 2,368.895 = 2.120 unidades, maior que o lote com desconto, de 1000
unidades, a compra é vantajosa. Este resultado nos indica que é vantajosa a compra
de até 2.120 peças, a um preço unitário com desconto de 5% (ou mais, se possível).
Acima dessa quantidade, a compra deixa de ser vantajosa.

Confirmação através do CT

Custo Total com o Lote Econômico:

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C Q 1200 895
CT = P.C + B. + I .P. = 3.1200 + 200. + 0,05.3. = 4.136,70
Q 2 895 2

Custo Total com o Lote com Desconto:

C K.Q 1200 1000


CTK = P(1 − D).C + B. + I. .P(1 − D) = 3,00.(1 − 0,05).1200 + 200. + 0,20.2,85. = 3.945
K .Q 2 1000 2

Observe que na expressão acima utilizei o tamanho do lote promocional, e não o


valor K.Q. Este é usado apenas na avaliação preliminar.
Exemplo:
Uma empresa compra um item a um preço unitário de R$ 7,50. O consumo anual
dessa peça é de 16.000 unidades. O custo de pedido apurado pela empresa é de
R$ 230,00 e o custo unitário anual de armazenagem corresponde a 60% do preço
unitário. O fornecedor da peça ofereceu para a empresa um desconto de 2% sobre
o preço unitário, no caso de compras de lotes com mais de 3.000 unidades, em
embalagens de 50 unidades cada. Esse desconto é vantajoso? Em caso afirmativo,
qual o tamanho recomendado para o lote? Quantas compras serão feitas por ano?
Como voce distribuiria estas compras?

Inicialmente, calculamos o lote econômico deste item:


2.B.C 2.230.16000
Q= = = 1278,89 unidades
I .P 0,60.7,50

Ou simplesmente, 1279 unidades.

2.C.P 2.16000.7,5
L= = = 41,70
I .B 0,60.230

Determinação de K,

2 + D.L + (2 + D.L )2 − 4(1 − D ) 2 + 0,02.41,70 + (2 + 0,02.41,70)2 − 4(1 − 0,02)


K = = = 2,48
2.(1 − D ) 2.(1 − 0,02)

Portanto, K.Q =2,48 . 1279 = 3172,5 unidades

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10. O sistema de classificação ABC.

A classificação ABC de estoque baseia-se no conceito de V. Pareto, estabelecido


em 1896, onde afirma que "Em qualquer série de elementos a serem controlados,
uma pequena parcela destes elementos será responsável por uma grande
porcentagem em termos de efeitos".
Ou seja, poucos elementos de estoque serão responsáveis por grandes volumes de
capital investido e custos de armazenagem. Para esta classificação dos elementos
mais importantes, foi estabelecida a classificação ABC, que procura identificar ao
redor de 20% dos elementos (em termos de itens) responsáveis por
aproximadamente 80% do investimento efetuado. Os demais 80% dos itens serão
responsáveis por 20% dos investimentos em estoque.

Para a definição dos grupos A, B e C, existem vários critérios, que variam de autor
para autor. Estes dados porcentuais definidos para a classificação de um item em A,
B ou C são médios e escolhidos arbitrariamente. Cada empresa ou administrador
deve estabelecer seus próprios valores porcentuais, em função de suas prioridades
e oscilações de mercado.

O critério geral para agrupamento dos itens é o seguinte:

Itens A: Correspondem a uma quantidade de itens entre 7 e 10% do total de itens


armazenados, correspondendo a um volume em dinheiro de 60% do volume
monetário total (Demanda mensal x preço unitário). Para estes itens deve ser dada
atenção especial, avaliando-se eventuais oscilações de demanda, determinação
mensal dos custos de estocagem e determinação de lotes econômico para compras.
Existem autores que estabelecem entre 10 e 20% do total de itens, correspondendo
entre 67 e 75% do total monetário do estoque.

Itens B: Este grupo acumula entre 10 e 20% do total de itens de estoque,


responsáveis por aproximadamente 24% do volume monetário do estoque. Para
este grupo é recomendável a avaliação semestral das previsões de estoque, para
reavaliarem-se as previsões de demanda. Alguns autores recomendam entre 20 e
35% para a quantidade de itens e 15 a 30% do total de volume monetário.

Itens C: São representados por 80% dos itens, envolvendo 16% do total de recursos
monetários. Para estes itens é suficiente uma verificação anual da demanda e uma
estocagem também anual, desde que esta não comprometa a área física. Alguns
autores recomendam entre 50 e 70% do total de itens, correspondentes entre 5 e
10% do total monetário do estoque.

A fim de ilustrar o nosso estudo, faremos a análise de um caso, como segue:

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Material Preço Unitário (R$) Consumo Anual (un.) Valor do consumo (R$/ano) Grau
A 1,00 10.000 10.000,00 8o
B 12,00 10.200 122.400,00 2o
C 3,00 90.000 270.000,00 1o
D 6,00 4.500 27.000,00 4o
E 10,10 7.000 70.000,00 3o
F 1.200,00 20 24.000,00 6o
G 0,60 42.000 25.200,00 5o
H 2,80 8.000 22.400,00 7o
I 4,00 1.800 7.200,00 10o
J 60,00 130 7.800,00 9o

Neste estudo, nosso critério de classificação será o valor do estoque. Entretanto,


poderíamos usar o volume, o peso, etc., conforme a conveniência.

Grau Material Valor do Valor do Consumo % do consumo % do consumo


Consumo Acumulado individual acumulado
1o C 270.000,00 270.000,00 46,0 46,0
2o B 122.400,00 392.400,00 21,0 67,0 A
3o E 70.000,00 462.000,00 12,0 79,0
4o D 27.000,00 489.400,00 5,0 83,0 B
5o G 25.200,00 514.600,00 5,0 88,0
6o F 24.000,00 538.600,00 4,0 92,0
7o H 22.400,00 561.000,00 3,0 95,0
8o A 10.000,00 571.000,00 2,0 97,0
9o J 7.800,00 578.800,00 1,5 98,5 C
10o I 7.200,00 586.000,00 1,5 100,0

C urva ABC

600000
8 9 10
7
6
500000 5
4
3
valor acumulado

400000 2

300000
1
200000

100000

0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
núm ero do item

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Exemplo:

Uma loja de material de construção dispõe das seguintes mercadorias, nos


seguintes valores:
Material Valor (R$)
Metais Sanitários 8.000,00
Cimento 12.000,00
Lajotas 1.000,00
Azulejos 2.000,00
Interruptores 42.000,00
Vidros 5.000,00
Material Elétrico 1.000,00
Jardinagem 98.000,00
Pintura 1.000,00
Portas 3.000,00
Janelas 20.000,00
Telhas 4.000,00
Tubulações 2.000,00
Grades 1.000,00
200.000,00

Estabeleça a classificação ABC dos itens de estoque.

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Anexo I

Tabela 1: Distribuição Normal Reduzida para área Residual

z 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09


0 0,5000 0,4960 0,4920 0,4880 0,4840 0,4801 0,4761 0,4721 0,4681 0,4641
0,1 0,4602 0,4562 0,4522 0,4483 0,4443 0,4404 0,4364 0,4325 0,4286 0,4247
0,2 0,4207 0,4168 0,4129 0,4090 0,4052 0,4013 0,3974 0,3936 0,3897 0,3859
0,3 0,3821 0,3783 0,3745 0,3707 0,3669 0,3632 0,3594 0,3557 0,352 0,3483
0,4 0,3446 0,3409 0,3372 0,3336 0,3300 0,3264 0,3228 0,3192 0,3156 0,3121
0,5 0,3085 0,3050 0,3015 0,2981 0,2946 0,2912 0,2877 0,2843 0,2810 0,2776
0,6 0,2743 0,2709 0,2676 0,2643 0,2611 0,2578 0,2546 0,2514 0,2483 0,2451
0,7 0,2420 0,2389 0,2358 0,2327 0,2296 0,2266 0,2236 0,2206 0,2177 0,2148
0,8 0,2119 0,2090 0,2061 0,2033 0,2005 0,1977 0,1949 0,1922 0,1894 0,1867
0,9 0,1841 0,1814 0,1788 0,1762 0,1736 0,1711 0,1685 0,1660 0,1635 0,1611
1,0 0,1587 0,1562 0,1539 0,1515 0,1492 0,1469 0,1446 0,1423 0,1401 0,1379
1,1 0,1357 0,1335 0,1314 0,1292 0,1271 0,1251 0,1230 0,1210 0,1190 0,1170
1,2 0,1151 0,1131 0,1112 0,1093 0,1075 0,1056 0,1038 0,1020 0,1003 0,0985
1,3 0,0968 0,0951 0,0934 0,0918 0,0901 0,0885 0,0869 0,0853 0,0838 0,0823
1,4 0,0808 0,0793 0,0778 0,0764 0,0749 0,0735 0,0721 0,0708 0,0694 0,0681
1,5 0,0668 0,0655 0,0643 0,0630 0,0618 0,0618 0,0606 0,0594 0,0571 0,0559
1,6 0,0548 0,0537 0,0526 0,0516 0,0505 0,0495 0,0485 0,0475 0,0465 0,0455
1,7 0,0446 0,0436 0,0427 0,0418 0,0409 0,0401 0,0392 0,0384 0,0375 0,0367
1,8 0,0359 0,0351 0,0344 0,0336 0,0329 0,0322 0,0314 0,0307 0,0301 0,0294
1,9 0,0287 0,0281 0,0274 0,0268 0,0262 0,0256 0,0250 0,0244 0,0239 0,0233
2,0 0,0228 0,0222 0,0217 0,0212 0,0207 0,0202 0,0197 0,0192 0,0188 0,0183
2,1 0,0179 0,0174 0,0170 0,0166 0,0162 0,0158 0,0154 0,0150 0,0146 0,0143
2,2 0,0139 0,0136 0,0132 0,0129 0,0125 0,0122 0,0119 0,0116 0,0113 0,0110
2,3 0,0107 0,0104 0,0102 0,0099 0,0096 0,0094 0,0091 0,0089 0,0087 0,0084
2,4 0,0082 0,0080 0,0078 0,0075 0,0073 0,0071 0,0069 0,0068 0,0066 0,0064
2,5 0,0062 0,0060 0,0059 0,0057 0,0055 0,0054 0,0052 0,0051 0,0049 0,0048
2,6 0,0047 0,0045 0,0044 0,0043 0,0041 0,0040 0,0039 0,0038 0,0037 0,0036
2,7 0,0035 0,0034 0,0033 0,0032 0,0031 0,0030 0,0029 0,0028 0,0027 0,0026
2,8 0,0026 0,0025 0,0024 0,0023 0,0023 0,0022 0,0021 0,0021 0,0020 0,0019
2,9 0,0019 0,0018 0,0018 0,0017 0,0016 0,0016 0,0015 0,0015 0,0014 0,0014
3,0 0,00135 0,001306 0,001264 0,001223 0,001183 0,001144 0,001107 0,00107 0,001035 0,001001
3,1 0,000968 0,000936 0,000904 0,000874 0,000845 0,000816 0,000789 0,000762 0,000736 0,000711
3,2 0,000687 0,000664 0,000641 0,000619 0,000598 0,000577 0,000557 0,000538 0,000519 0,000501
3,3 0,000483 0,000467 0,000450 0,000434 0,000419 0,000404 0,000390 0,000376 0,000362 0,000350
3,4 0,000337 0,000325 0,000313 0,000302 0,000291 0,000280 0,000270 0,000260 0,000251 0,000242
3,5 0,000233 0,000224 0,000216 0,000208 0,000200 0,000193 0,000185 0,000179 0,000172 0,000165
3,6 0,000159 0,000153 0,000147 0,000142 0,000136 0,000131 0,000126 0,000121 0,000117 0,000112
3,7 0,000108 0,000104 0,0001 0,000096 0,000092 0,000088 0,000085 0,000082 0,000078 0,000075
3,8 0,000072 0,000069 0,000067 0,000064 0,000062 0,000059 0,000057 0,000054 0,000052 0,00005
3,9 0,000048 0,000046 0,000044 0,000042 0,000041 0,000039 0,000037 0,000036 0,000034 0,000033
z 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
4 4 4 5 5 5 5 5 6 6
4,0 0,0 317 0,0 207 0,0 133 0,0 854 0,0 541 0,0 340 0,0 211 0,0 130 0,0 793 0,0 479
6 6 7 7 7 7 7 8 8 8
5,0 0,0 287 0,0 170 0,0 996 0,0 579 0,0 333 0,0 190 0,0 107 0,0 599 0,0 332 0,0 182
9 9 9 9 10 10 10 11 11 11
6,0 0,0 987 0,0 530 0,0 282 0,0 149 0,0 777 0,0 402 0,0 206 0,0 104 0,0 523 0,0 260

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Anexo II

Tabela 2: Distribuição Normal Reduzida para área Central

z 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,0 0,0000 0,0040 0,0080 0,0120 0,0160 0,0199 0,0239 0,0279 0,0319 0,0359
0,1 0,0398 0,0438 0,0478 0,0517 0,0557 0,0596 0,0636 0,0675 0,0714 0,0753
0,2 0,0793 0,0832 0,0871 0,0910 0,0948 0,0987 0,1026 0,1064 0,1103 0,1141
0,3 0,1179 0,1217 0,1255 0,1293 0,1331 0,1368 0,1406 0,1443 0,1480 0,1517
0,4 0,1554 0,1591 0,1628 0,1664 0,1700 0,1736 0,1772 0,1808 0,1844 0,1879
0,5 0,1915 0,1950 0,1985 0,2019 0,2054 0,2088 0,2123 0,2157 0,2190 0,2224
0,6 0,2257 0,2291 0,2324 0,2357 0,2389 0,2422 0,2454 0,2486 0,2517 0,2549
0,7 0,2580 0,2611 0,2642 0,2673 0,2704 0,2734 0,2764 0,2794 0,2823 0,2852
0,8 0,2881 0,2910 0,2939 0,2967 0,2995 0,3023 0,3051 0,3078 0,3106 0,3133
0,9 0,3159 0,3186 0,3212 0,3238 0,3264 0,3289 0,3315 0,3340 0,3365 0,3389
1,0 0,3413 0,3438 0,3461 0,3485 0,3508 0,3531 0,3554 0,3577 0,3599 0,3621
1,1 0,3643 0,3665 0,3686 0,3708 0,3729 0,3749 0,3770 0,3790 0,3810 0,3830
1,2 0,3849 0,3869 0,3888 0,3907 0,3925 0,3944 0,3962 0,3980 0,3997 0,4015
1,3 0,4032 0,4049 0,4066 0,4082 0,4099 0,4115 0,4131 0,4147 0,4162 0,4177
1,4 0,4192 0,4207 0,4222 0,4236 0,4251 0,4265 0,4279 0,4292 0,4306 0,4319
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NPB14 – Estudo de Tempos e Métodos

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