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TEXTO 7

Texto extraído de: ARANHA, M.L.de A.; MARTINS, M.H.P. Temas de Filosofia. 3. ed.
São Paulo: Moderna, 2005. (p. 82 – 88).

CAPÍTULO 6: O mundo globalizado

Nelson Leirner, Sem título, da série Assim é ... se lhe parece I (2003). Fotografia (120 x
218 cm). O artista contemporâneo critica como a globalização se dá, utilizando a
bandeira americana para cobrir o mapa-múndi. A globalização é um processo
irreversível, que traz em seu bojo aspectos positivos e negativos. Resta aos países
periféricos denunciar a assimilação passiva de valores das culturas hegemônicas e
buscar formas alternativas de intercâmbio mundial.

Primeira parte - O que é globalização

Introdução
Se olharmos a história da humanidade, veremos que as sociedades tradicionais mudam muito
lentamente, o que permite às novas gerações a adaptação segura à herança recebida.
A extrema rapidez das mudanças, porém, tem nos deixado perplexos. Na sociedade
contemporânea, as notícias não chegam como antigamente, no "lombo dos burros"; ao contrário, podem
se disseminar instantaneamente por todo o globo, pelas infovias. Do mesmo modo, as crenças solidificadas
perdem a força que dava segurança às decisões importantes, enquanto a diversidade das culturas oferece a
possibilidade de adesão a idéias mais díspares, colocando em xeque a visão de mundo com aspirações à
"verdade absoluta".
Vivemos o tempo da globalização, como se o mundo fosse uma grande aldeia.

Globalização: "A globalização pode ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que
ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas
milhas de distância e vice-versa." (Anthony Giddens)

Há quem contra-argumente que sempre existiu algum tipo de internacionalização, bastando voltar
no tempo para lembrar o imperialismo da civilização helenista ou da romana, na Antiguidade, o
descobrimento do Novo Mundo e o comércio das metrópoles européias com as colônias desde o século XVI
até o XIX, além da colonização de países africanos e orientais no século XIX.
No entanto, em época alguma se atingiu tal nível de inter-relacionamento que agora nos permite
falar em um mercado mundial que determina a produção, a distribuição e o consumo de bens e em uma
cultura da "virtualidade real", que liga todos os pontos do globo, modelando comportamentos, como
veremos na seqüência.
1. A sociedade em rede
Essa transformação radical ocorrida nas últimas décadas deve-se, principalmente, ao impacto das
novas tecnologias eletroeletrônicas, que revolucionaram os meios de comunicação de massa, tais como
rádio, televisão, vídeo, jornal, revistas de grande circulação, redes informatizadas como a Internet etc. Os
novos meios são responsáveis pela rápida e ampla difusão da informação, ao mesmo tempo que trazem o
risco de massificar e homogeneizar, podendo descaracterizar as culturas tradicionais e diluir as diferenças
individuais.
Desde o final dos anos de 1960 e meados de 1970, teve início a revolução da tecnologia da
informação, inaugurando o mundo novo da sociedade em rede. O sociólogo catalão Manuel Castells cita
alguns exemplos de redes, com seus conjuntos de nós interconectados, em que cada nó depende do tipo de
rede em que se encontram.
· Rede dos fluxos financeiros globais: mercados de bolsas de valores e suas centrais de serviços
auxiliares. 2
· Rede global da nova mídia: sistemas de TV, estúdios de entretenimento, meios de computação
gráfica, equipes para cobertura jornalística e equipamentos móveis.
· Rede política que governa a União Européia: conselhos nacionais de ministros e comissários
europeus.
· Rede de tráfico de drogas: campos de coca e de papoula, laboratórios clandestinos, pistas de
aterrissagem secretas, gangues de rua e instituições financeiras para lavagem de dinheiro.
E assim por diante, poderíamos dar uma infinidade de exemplos.
Essa forma inédita de organização global em rede tem exercido influência capital em vários setores
da atuação humana, gerando mesmo um novo tipo de sociedade.

2. Uma nova sociedade


As grandes descobertas tecnológicas no campo da automação, da robótica e da microeletrônica
transformaram radicalmente não só as fábricas, como o setor de serviços, a cidade e o campo, as
residências, os transportes e a comunicação. A influência esmagadora da mídia e da informática no
cotidiano das pessoas faz mudar a maneira de sentir e de pensar, devido ao predomínio da imagem e da
informação abundante e fragmentada, fatores que provocam inclusive alterações na percepção de tempo e
de espaço.
Vejamos o que de fato mudou na produção, na política, nas relações interpessoais e na cultura,
entre tantos outros campos que passaram por alterações significativas.
Comecemos pelas formas de produção. No mundo do trabalho muitos conceitos se alteraram. A
ampliação significativa do setor de serviços, acelerada pelo refinamento da sociedade informatizada,
deslocou cada vez mais o núcleo das atividades para a região urbana.
Nas fábricas, a produção em massa, típica da rigidez do fordismo, tem sido substituída pela
exigência de maior flexibilidade, que não só evita a padronização dos produtos, como também requer um
trabalhador com formação abrangente, capaz de se readaptar com rapidez a condições sempre diferentes.
Para tanto, será preciso uma educação que estimule a iniciativa, a capacidade de decisão, a criatividade e a
disponibilidade para o novo.
Do ponto de vista econômico, na maior parte do globo predomina o modo de produção capitalista.
Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a adesão de muitos países socialistas à economia de mercado,
viu-se fortalecido o neoliberalismo, bem como os mecanismos do capital transnacionalizado. Por isso, a
globalização, ao lado dos seus benefícios, preocupa sobretudo os países periféricos, que, por serem
economicamente dependentes, perdem a autonomia e se curvam às decisões externas, que nem sempre
vêm ao encontro de seus interesses.
Os desequilíbrios do sistema transparecem no desemprego estrutural resultante da automação e
nas ondas migratórias dentro de um mesmo país, ou entre nações, recrudescendo as manifestações de
xenofobia, de rejeição ao estrangeiro.
Também na produção do saber ocorre intercâmbio entre as nações, por meio de fluxos de
informações entre as universidades, nos congressos internacionais e pela publicação de ampla literatura
dos diversos campos do saber. Não mais solitário, o cientista trabalha em equipe, em laboratórios bem
montados - inclusive com computadores de alta precisão - e sob investimentos altíssimos, que só as
grandes corporações e os governos são capazes de bancar.
É bem verdade, na sociedade capitalista baseada no lucro, a guerra das patentes não dá trégua,
chegando ao patético de empresas tentarem registrar a propriedade de material genético - que é
patrimônio da humanidade...

Política e globalização
As questões anteriores nos remetem ao tema da política, ou seja, ao jogo de poder diante do
confronto de forças no espaço mundializado. Voltando no tempo, lembramos que a modernidade - que
começou a se configurar no século XVII -, entre outras características, foi marcada pelo surgimento das
monarquias nacionais, baseadas no conceito de Estado-nação, como espaço unificado e soberano que
concentra o poder e detém "o monopólio da força legítima".
Hoje, porém, não se pode mais falar exclusivamente nesse tipo de centralidade. Ainda que as
nações mantenham sua soberania e não desapareçam no mundo que se globaliza, cada vez mais existem
instituições intergovernamentais interessadas em restabelecer o equilíbrio de forças, posto em perigo 3
pelos países mais poderosos. Esse "fórum" mundial não se restringe aos poderes governamentais
constituídos, mas está aberto também aos representantes dos variados grupos representativos da
sociedade civil, que lutam por bandeiras as mais diversas - ecologia, direitos humanos e emancipação dos
excluídos do poder, como mulheres, negros e gays - e extravasam as fronteiras nacionais com
reivindicações em termos mundiais.
Como exemplos, lembramos a conhecida atuação da Anistia Internacional na luta pelos direitos
humanos e do Greenpeace na defesa do equilíbrio ecológico. Do mesmo modo a Organização das Nações
Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan), a União Européia, o Mercosul e eventos como Rio 92, Rio + 10, sejam esses organismos de natureza
política ou econômica, refletem a necessidade de assembléias com representantes de vários países, para
pressionar governos ou mobilizar pessoas, a fim de resolver problemas que interessam ao planeta. No que
se refere estritamente à questão da globalização, são inúmeros os movimentos de oposição, ou pelo menos
de reivindicação, de uma globalização alternativa, mais democrática e menos excludente, como veremos
adiante.
Ainda quanto aos poderes, mas na contramão dos interesses solidários, não podemos nos esquecer
da influência política das já citadas redes mundiais de narcotráfico, de lavagem de dinheiro da corrupção,
bem como das organizações terroristas. E também de uma "ordem militar mundial" que estimula a
industrialização da guerra, com a produção de armas e a promoção de alianças e ameaças entre Estados.
Outro setor em que notamos mudanças fantásticas é o das relações interpessoais. O
comportamento dos indivíduos, suas expectativas e os padrões de socialização também foram
profundamente alterados com a globalização em curso. Não só devido às transformações já referidas, que
interferem na vida de cada um de nós, mas, segundo o jurista e filósofo italiano Norberto Bobbio, graças à
maior das revoluções silenciosas de nossos tempos, que foi a transformação das relações entre os sexos,
isto é, da relação de gêneros.
É também essa a opinião do historiador Eric Hobsbawm, quando diz que no século XX ocorreu uma
profunda "revolução moral e cultural, uma dramática transformação das convenções de comportamento
social e pessoal. As mulheres foram cruciais nessa revolução cultural que girou em torno das mudanças na
família tradicional e nas atividades domésticas de que as mulheres sempre tinham sido o elemento
central".
Ao criticar o mundo androcêntrico centrado no poder masculino -, a emancipação feminina criou
outras expectativas sobre os papéis que o homem e a mulher desempenhavam até então na sociedade e
no núcleo familiar. Assim" entra em crise o patriarcalismo ao se dissolverem as fronteiras entre o homem
"chefe de família", "provedor", e a mulher apenas "mãe" e "dona de casa".
Mas atenção: isso não significa o desaparecimento da instituição familiar, e sim a sua
transformação profunda, em direção a outros modelos de relações familiares. Muitos deles ainda causam
escândalos e temores, devido aos divórcios e casamentos sucessivos, famílias sem casamento oficial,
adoção de filhos fora do casamento, a "produção independente" da opção monoparental (a criança
vivendo só com pai ou só com a mãe), casamento gay e tantas outras formas de constituição familiar.
A esse propósito, a historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco, baseando-se em
pesquisas sociológicas, acrescenta: "Finalmente, para os pessimistas que pensam que a civilização corre o
risco de ser engolida por clones, bárbaros bissexuais ou delinqüentes da periferia, concebidos por pais
desvairados e mães errantes, observamos que essas desordens não são novas - mesmo que se manifestem
de forma inédita - e sobretudo que não impedem que a família seja atualmente reivindicada como o único
valor seguro ao qual ninguém quer renunciar. Ela é amada, sonhada e desejada por homens, mulheres e
crianças de todas as idades, de todas as orientações sexuais e de todas as condições". E acrescenta: "A
família do futuro deve ser mais umas vez reinventada".

"Vejo sinais de uma recomposição da família, à medida que milhões de homens parecem estar prontos para desistir
de seus privilégios e trabalhar ao lado das mulheres, para encontrar novas formas de amar, compartilhar e ter filhos.
Na verdade, acredito que a reconstrução das famílias sob formas igualitárias seja o alicerce necessário para a
reconstrução da sociedade pela base. (...) A mudança mais fundamental das relações de experiência na Era da
Informação é sua passagem para um padrão de interação social construí do sobretudo pela experiência real da
relação. Hoje em dia, as pessoas mais produzem formas de sociabilidade que seguem modelos de comportamento."
(Manuel Castells)
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3. A cultura diante dos processos de globalização

O processo de globalização cultural é fortemente marcado pela divulgação dos valores da indústria
cultural ocidental, principalmente da norte-americana. Ou seja: como na economia e na política, os
processos de globalização não são simétricos, não são abertos para todos, de modo igualitário. Pelo
contrário, dão oportunidades para que o poder dos países centrais se exerça, alargando mercados,
trazendo novos valores, modos de vida, sonhos de consumo.
Para melhor compreender esses processos, vamos examinar dois modos complementares pelos
quais se produz a globalização.
O primeiro deles é o que o sociólogo Boaventura de Sousa Santos chama de localismo globalizado:
quando determinado fenômeno cultural local é globalizado com sucesso. É o caso da expansão da língua
inglesa como língua mundial, especialmente na Internet; da difusão do fast food como modo de
alimentação, não só em metrópoles, mas também nas pequenas cidades; dos padrões do cinema comercial
de Hollywood, que também promove o "modo americano de viver" desde o final da Segunda Guerra
Mundial; dos padrões de música popular; dos parques temáticos etc.
O que se globaliza, nesse caso, é a cultura dos vencedores, que valorizam as manifestações
culturais dos países centrais em detrimento da cultura dos lugares periféricos. A vitória traz a possibilidade
de ditar os termos da integração, da competição e da exclusão, e aquilo que era próprio de um local é
universalizado, permitindo-se até a inclusão de culturas diferentes, mas somente como subalternas e
alternativas. Na verdade, esses processos de aculturação tanto podem ser de assimilação, quanto de
incorporação. Veja-se como exemplo os filmes brasileiros candidatos ao Oscar, nos primeiros anos do
século XXI, que são aceitos na competição como produção subalterna, alternativa, mostrando a pobreza, a
criminalidade, as favelas, os desvalidos sociais e correspondendo à visão que os países centrais têm do
Brasil.
O segundo modo de produzir a globalização, ainda de acordo com o mesmo autor, denominado de
globalismo localizado, é a contrapartida e o complemento do anterior, agora visto a partir da ótica das
culturas periféricas. É o impacto produzido pelas práticas e pelos imperativos transnacionais decorrentes
dos localismos globalizados sobre as condições locais.
As culturas locais são desintegradas, porque a tradição é desestruturada e, eventualmente,
reestruturada sob a forma de inclusão subalterna. Como exemplo desse processo, podemos citar o uso
turístico de sítios históricos, cerimônias religiosas, do artesanato, da natureza e da vida selvagem que
devem ser restaurados, equipados e estruturados segundo os padrões e as expectativas dos turistas
internacionais. História, religião, artesanato, festas folclóricas ou típicas, culinária, natureza e vida selvagem
deixam de responder simplesmente às necessidades locais, para atender às necessidades da indústria
turística global.
As conseqüências da globalização da cultura - algumas positivas e outras negativas - são bastante
variadas.
Do lado positivo, há hoje uma facilidade de se conhecer outras culturas, seja por meio do turismo;
dos restaurantes que oferecem culinária de diversos países; dos filmes de diferentes origens - como os
indianos, iranianos, argentinos, suecos, espanhóis, irlandeses e outros, que fogem do padrão do cinema
comercial norte-americano -; da televisão por assinatura, que oferece programas de e sobre vários países,
etnias, usos e costumes de locais e comunidades remotas; sem esquecer que também se editam livros de
autores do mundo todo em todo o mundo.
Do lado negativo, a conseqüência mais discutida é a possibilidade de que a cultura mundial seja
homogeneizada, isto é, que haja o nivelamento de todos os produtos culturais, uma vez que seriam
produzidos por um mesmo sistema técnico, para atender ao mercado planetário.
Segundo o sociólogo Renato Ortiz, o processo de homogeneização também pode ser visto sob duas
óticas: a otimista e a pessimista. Na visão otimista, o isolamento entre os seres humanos de diversas partes
do mundo seria rompido, levando ao reconhecimento mútuo e à comunhão. Na visão pessimista, traria a
padronização da conduta e a sociedade apresentaria uma face unidimensional, consumindo os mesmos
objetos simbólicos (moda, cinema, literatura, culinária, música etc.) para suprir suas necessidades e seus
desejos. 5
Para resolver o conflito entre esses pontos de vista, Ortiz propõe que a globalização seja vista como
transversal idade: algo que atravessa a cultura local, regional e nacional. A cultura mundializada não existe
apenas como ideologia, mas se materializa no cotidiano dos indivíduos que compartilham os mesmos
interesses, as mesmas necessidades, o mesmo imaginário. Nesse sentido, não se cria a
unidimensionalidade, mas se dá espaço para a manifestação da multiplicidade cultural, em que as
reivindicações locais específicas convivem com a produção global, que não pertence àquele território
geográfico. O particular continua existindo, porém envolto por uma trama que conecta as partes em um
todo mais amplo.
É necessário destacar que a transversalidade não elimina o fato de que a cultura global aspira a um
lugar de dominação e pressupõe acomodações e conflitos peculiares a cada caso. Não sendo um processo
homogêneo, a sua influência pode ser maior ou menor, dependendo da força da cultura local para
responder às necessidades da comunidade, do acesso à informação de outras partes do mundo e do acesso
aos meios de comunicação.

Bonecos do carnaval de Olinda (PE). Ao contrário


do carnaval do Rio e de São Paulo, o de Recife,
Olinda e algumas cidades do interior, como São
Luís do Paraitinga (SP), preservam as tradições e
mantém a participação da população local.

4. Por uma globalização alternativa

Vivemos hoje um tipo de globalização comandado pelas forças do capitalismo neoliberal, que,
apesar de ser um sistema econômico capaz de produzir riqueza e acelerar o progresso, com significativo
poder político, mostrou-se incapaz de distribuí-Ia de maneira justa. O mundo sofre com problemas como
fome, mortalidade infantil, falta de saneamento básico devido à concentração de renda e de terras nas
mãos de poucos. A pobreza dos inúmeros países periféricos contrasta com a situação das nações
poderosas, as quais não chegam a uma dezena: basta ler nos jornais quando os G7 ou G8 – grupo dos sete
países mais ricos mais a Rússia reúnem-se para decidir nossos destinos.
Além disso, em nome das forças econômicas, os países se mantêm insensíveis - ou reagem muito
lentamente - aos apelos dos movimentos ecológicos que denunciam as agressões ao equilíbrio da natureza.
Não por acaso, também a poluição é um fenômeno global: as chuvas ácidas que ocorriam na Suécia e na
Noruega na década de 1960, prejudicando a criação de salmões e trutas, resultavam da emissão de gases
de indústrias da Inglaterra e da Alemanha. Outro exemplo é o da formação do buraco na camada de ozônio
da estratosfera, provocado por certos gases usados na fabricação de refrigeradores e que muitas indústrias
resistiam a substituir.
O descontentamento com o descompasso entre meios e fins, em que o mercado é mais importante 6
que o ser humano, estimula a criação de grupos ecológicos desde há algum tempo. Em 1996, no México,
um movimento antiglobalização ocorreu no Primeiro Encontro Internacional pela Humanidade e contra a
Neoliberalismo.
Outras reações se seguiram, nem sempre contra a globalização em si, considerada por muitos um
acontecimento irreversível, mas pela defesa de uma globalização alternativa e democrática, que levasse
em conta as reivindicações dos mais diversos segmentos sociais que se consideram prejudicados. Encontros
como os de Seattle (EUA), Davos (Suíça), Gênova (Itália), e muitos outros, foram palcos de protestos de que
participaram - do lado de fora - representantes de ONGs, centrais sindicais, partidos políticos, grupos de
esquerda, estudantes etc.
Nessa polêmica, mereceu notícia o Fórum Econômico Mundial que se reuniu em Davos, na Suíça,
em 2000, e cujo ideário neoliberal se contrapunha ao do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, no Brasil,
instalado na mesma época para priorizar o social, e não o econômico.

Conclusão
Como vimos no início deste capítulo, o fenômeno da globalização trouxe transformações e
impactos tanto positivos quanto negativos, que podemos ver com otimismo ou pessimismo. Tudo
dependerá de como as forças com interesses antagônicos se confrontem, para que possamos garantir a
esperança de que um outro mundo melhor seja possível.

Abertura do Fórum Social Mundial (2005), em


Porto Alegre (RS). O primeiro encontro do
Fórum Social Mundial deu-se em 2000, na
defesa da globalização democrática contra o
ideário neoliberal e elitista do Fórum
Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

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